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Era uma vez uma senhora já entrada em anos que vivia num casebre, caindo aos pedaços, na mais profunda miséria. O marido morrera anos atrás lhe deixando apenas aquele casebre.

Apesar dessa vida miserável, Margarida, assim chamava-se a senhora,

era pessoa de regular cultura e alguma religiosidade.

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Cansada de tanto sofrimento, procurou certo dia uma organização filosófica, onde segundo ouviu dizer, davam orientações para melhorar a vida das pessoas; dizia-se mesmo que faziam verdadeiros milagres.

Ao chegar à dita organização mandaram-lhe conversar com um senhor, jovem ainda, que cumprimentou-a carinhosamente e convidou-a a entrar e sentar-se.

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_Muito bem D. Margarida, o que é que lhe aflige?_ Ah, meu senhor, minha vida é um tormento; desde que meu

Sebastião morreu tenho vivido miseravelmente. Às vezes passo dias e dias só a pão e água. _ Oh, meu Deus! e com uma inflexão carinhosa na voz o orientador, extremamente compadecido daquela situação, continuou.

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_Oh , desculpe lhe falar assim, mas a senhora foi muito ingrata durante toda sua vida. Nunca soube retribuir as graças que recebia e assim está colhendo os frutos do que plantou. Como nunca soube agradecer também nunca deu nada a ninguém, foi sempre uma mão fechada, não foi?

_ Mas Sr. Paulo, eu nunca tive nada para dar, sempre fomos pobres.

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_ Não se dá apenas dinheiro ou bens... Uma palavra amiga, uma flor, uma visita a uma pessoa doente; prestar pequenos favores a alguém são formas de doação às vezes até mais valiosas do que dinheiro.

_ Hum! O orientador continuou a admoestar a paciente, embora com palavras carinhosas.

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_ A senhora nunca soube agradecer devidamente ao seu marido, sempre foi um tanto grosseira com ele.

_ E precisava agradecer a ele? Eu é que trabalhei a vida inteira para ele quase como escrava!

_ A senhora não me disse logo no início, que depois que o seu Sebastião morreu sua vida tornou-se uma miséria?

_ Lá isso foi.

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_ Pois é, precisaria ter sido mais agradecida ao seu marido.

_ Bem, o que é que eu posso fazer?_ A senhora precisa mudar o seu modo de pensar

e de agir. Precisa ser mais cordata, aprender a se dar mais aos outros e, sobretudo a agradecer a tudo e a todos. Passe a falar a todos os instantes: muito obrigada, muito obrigada; o dia todo fique repetindo isto. Procure também sorrir, ser mais jovial.

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_ Só isso Sr. Paulo? _ Vamos rezar um pouco. Ponha as

mãos em posição de oração e repita comigo: MUITO OBRIGADA DEUS, MUITO OBRIGADA PELA VIDA, PELA SAÚDE, PELA PAZ,

PELOS AMIGOS; MUITO OBRIGADA PELAS FLORES, PELAS FRUTAS, PELAS MATAS, PELOS RIOS, PELA CHUVA, PELA TERRA,

OBRIGADA POR TUDO O QUE TENHO,

OBRIGADA, MUITO OBRIGADA, MUITO OBRIGADA!

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D.Margarida ostensivamente fazia a oração com visível constrangimento.

_ Faça essa oração a todo instante e sua vida vai melhorar. A velhota saiu dali “vendendo azeite às canadas”.

_Desaforado, como é que aquele fedelho podia lhe chamar de mão de vaca? Idiota!

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Chegou a casa e passou a rememorar as palavras do Prof. Paulo e depois de muito falar mal e falar palavrões, muito penosamente, começou a ver que o professor em alguns aspectos tinha razão. Passou então a chorar, chorou bastante e por fim decidiu mudar.

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Próximo à casa de D. Margarida havia uma mansão, que segundo sabia era habitada apenas por uma senhora muito idosa e doente, tendo por companhia apenas uma criada.

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Margarida, vez por outra passava pela frente da mansão e via a senhora sentada numa cadeira de balanço, tomando banho de sol, mas nunca lhe cumprimentara, apenas resmungava com inveja da vizinha. O orientador estava cheio de razão, D. Margarida nem ao menos dava bom dia.

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No dia seguinte levantou-se cedo e começou a fazer a oração que o orientador ensinou,

agradecendo a tudo, enquanto agradecia notou a casa suja, as janelas empoeiradas

e a aparência de abandono do casebre. Encheu-se de coragem e passou a limpar

e arrumar tudo, em seguida foi para o jardim. Estava também abandonado há muito tempo.

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Arrancou as ervas daninhas, podou as plantas, amarrou os galhos de uma trepadeira e viu encostada à cerca, encoberta por folhagens uma rosa totalmente aberta, lindíssima e exalando um extraordinário aroma.

Lembrou-se das palavras do Sr. Paulo e passou a agradecer, lembrou-se da vizinha e a duras penas, tirou a rosa e mesmo suada e suja como estava levou-a à vizinha.

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D. Hortência, assim se chamava a vizinha, recebeu aquela flor com tanta alegria que parecia ter recebido um tesouro. Abraçou-se à Margarida sem se incomodar com sua sujeira e beijou-a carinhosamente demonstrando a gratidão que sentia por seu presente.

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Aquela recepção tão calorosa por parte da senhora tão rica e tão bem vestida em contraste com seus trapos sujos e mal cheirosos, deixou-a sem fala, ela que julgava a vizinha uma velha rabugenta... por fim criou ânimo e falou:

_ Senhora eu sempre passo por aqui e vejo-a solitária, mas tinha vergonha de vir lhe falar, hoje ao tratar do meu jardim, vi esta rosa tão bonita e achei que a senhora iria gostar.

_ Não me contive e assim mesmo suja e desgrenhada vim trazê-la.

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_Oh, querida, você foi muito gentil, muito obrigada, esta rosa é muito bonita, muito obrigada! Margarida ao se ver tratada com tanto carinho, quase desmaiou de felicidade. Conversa vai, conversa vem, chegou a hora do almoço. D. Hortência convidou a visitante para almoçar.

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_ Eu aceito o seu convite D. Hortência, mas me dê uma tempinho para eu ir em casa tomar um banho e trocar de roupa, num instantinho eu volto!

_ Está bem, eu espero! Margarida correu para casa tomou um banho, deu um jeito melhor nos cabelos, pôs um vestido velho, mas muito bonito, dos tempos em que saía aos domingos para passear com o finado Sebastião e voltou à casa da vizinha.

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_ Oh, vizinha como você está bonita! – exclamou D. Hortência. Margarida vibrou de tanta alegria, nunca lhe haviam dito tal coisa.

Almoçaram, conversaram ainda toda a tarde e por fim D. Hortência

convidou a vizinha a vir morar com ela, pois gostara muito de sua companhia.

Com alguma relutância, Margarida aceitou o oferecimento e no dia seguinte

mudou-se para a casa da nova amiga.

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Após algum tempo de convivência juntas passaram a se dedicar a importante trabalho de assistência social, levando conforto e alegria às crianças de um orfanato e a um abrigo de idosos.

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A transformação da vida de D. Margarida veio comprovar os ensinamentos de conhecido filósofo oriental:

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“A GRATIDÃO É UM ESPELHO QUE REFLETE E MULTIPLICA AS GRAÇAS RECEBIDAS”

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Formatação:Mariza V. Rodriguesmariza_v. [email protected]

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