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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Dr. MIGUEL RIET CORREA Jr. SETOR DE EDUCAÇÃO PERMANENTE HU FURG PROF. Dr. EDAIANE BARROS CUIDADO INTEGRAL AO PACIENTE COM AS PRINCIPAIS AFECÇÕES CLÍNICAS: PANCREATITE, CA DE ESÔFAGO/PULMONAR/INTESTINAL, PNM, HEPATOESPLENOMEGALIA, AVC, DPOC, DM, IRC-IRA (aula 7) A integralidade, como um dos princípios do SUS que exige novos padrões de relacionamento entre serviços, profissionais e usuários, se efetiva através da relação entre os diversos atores com suas diferentes perspectivas e interesses, no interior das instituições, nos vários níveis de atenção do sistema de saúde. Do ponto de vista da relação usuário-profissional de saúde, a atenção integral supõe tanto o oferecimento de todo recurso técnico disponível para o restabelecimento e preservação da saúde quanto o oferecimento de qualidade nos vínculos usuário-profissional. Qualidade nos vínculos é aqui entendida como atenção à maneira pela qual as relações se estabelecem, pelo respeito às singularidades e pela boa comunicação interpessoal. A realização de qualquer ação técnica acontece sempre a partir de uma relação intersubjetiva e provoca repercussões em todos os envolvidos. O reconhecimento destas repercussões é um importante fator para conhecimento e atendimento das necessidades ali expressas. O que geralmente acontece é a priorização de aspectos biológicos e relativos à doença em detrimento de aspectos subjetivos, sociais e culturais. Esta priorização, comum à lógica médica, tem implicações tanto para o usuário quanto para o profissional de saúde. Para o atendimento do usuário, traz uma dificuldade de compreensão da amplitude e da singularidade de seu sofrimento e do alto grau de imprevisibilidade que caracteriza os acontecimentos nos processos de saúde-doença, de cura e de morte. Para o profissional de saúde, a quase ausência de consideração de aspectos de sua subjetividade traz implicações tanto para a qualidade da oferta de cuidado ao usuário quanto para o reconhecimento das suas próprias demandas no exercício de seu trabalho. Como um princípio, a integralidade deve ser entendida como um direcionamento, uma meta. É, na verdade, um exercício de aceitação dos limites frente à convivência de um ideal norteador e o reconhecimento da impossibilidade, na prática, de atingir sua realização. Este exercício no cotidiano das ações em saúde exige aceitar que diferenças e conflitos nunca serão totalmente superados sem, contudo, se desistir da tarefa de criar novas formas de intervir na realidade, especialmente em suas áreas de tensão. Nossa primeira tarefa, quando nos ocupamos de pensar o tema da integralidade da atenção no hospital, é tentar construir uma definição de integralidade que sirva de guia para a condução de nossas reflexões. Partindo do senso comum e correndo o risco de uma tautologia, poderíamos dizer que a atenção integral de um paciente no hospital seria o esforço de uma abordagem completa, holística, portanto integral, de cada pessoa portadora de necessidades de saúde que, por um certo período de sua vida, precisasse de cuidados hospitalares. Tal abordagem implicaria em garantir desde o consumo de todas as tecnologias de saúde disponíveis para melhorar e prolongar a vida, até a criação de um ambiente que resultasse em conforto e segurança para a pessoa hospitalizada. Cuidado integral em saúde ocorreria a partir de uma combinação generosa e flexível de tecnologias duras, leve-duras e leves. Tecnologiae Humanizaçãocombinadas, no desafio de adotar o lugardo paciente e suas necessidades singulares como ponto de partida para qualquer intervenção hospitalar. PANCREATITE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Dr. MIGUEL RIET CORREA Jr.

SETOR DE EDUCAÇÃO PERMANENTE HU FURG PROF. Dr. EDAIANE BARROS

CUIDADO INTEGRAL AO PACIENTE COM AS PRINCIPAIS AFECÇÕES CLÍNICAS: PANCREATITE, CA DE ESÔFAGO/PULMONAR/INTESTINAL, PNM, HEPATOESPLENOMEGALIA, AVC, DPOC, DM, IRC-IRA

(aula 7)

A integralidade, como um dos princípios do SUS que exige novos padrões de relacionamento entre

serviços, profissionais e usuários, se efetiva através da relação entre os diversos atores com suas diferentes

perspectivas e interesses, no interior das instituições, nos vários níveis de atenção do sistema de saúde.

Do ponto de vista da relação usuário-profissional de saúde, a atenção integral supõe tanto o

oferecimento de todo recurso técnico disponível para o restabelecimento e preservação da saúde quanto o

oferecimento de qualidade nos vínculos usuário-profissional. Qualidade nos vínculos é aqui entendida como

atenção à maneira pela qual as relações se estabelecem, pelo respeito às singularidades e pela boa

comunicação interpessoal.

A realização de qualquer ação técnica acontece sempre a partir de uma relação intersubjetiva e provoca

repercussões em todos os envolvidos. O reconhecimento destas repercussões é um importante fator para

conhecimento e atendimento das necessidades ali expressas.

O que geralmente acontece é a priorização de aspectos biológicos e relativos à doença em detrimento

de aspectos subjetivos, sociais e culturais. Esta priorização, comum à lógica médica, tem implicações tanto

para o usuário quanto para o profissional de saúde. Para o atendimento do usuário, traz uma dificuldade de

compreensão da amplitude e da singularidade de seu sofrimento e do alto grau de imprevisibilidade que

caracteriza os acontecimentos nos processos de saúde-doença, de cura e de morte. Para o profissional de

saúde, a quase ausência de consideração de aspectos de sua subjetividade traz implicações tanto para a

qualidade da oferta de cuidado ao usuário quanto para o reconhecimento das suas próprias demandas no

exercício de seu trabalho.

Como um princípio, a integralidade deve ser entendida como um direcionamento, uma meta. É, na

verdade, um exercício de aceitação dos limites frente à convivência de um ideal norteador e o reconhecimento

da impossibilidade, na prática, de atingir sua realização. Este exercício no cotidiano das ações em saúde exige

aceitar que diferenças e conflitos nunca serão totalmente superados sem, contudo, se desistir da tarefa de criar

novas formas de intervir na realidade, especialmente em suas áreas de tensão.

Nossa primeira tarefa, quando nos ocupamos de pensar o tema da integralidade da atenção no hospital,

é tentar construir uma definição de integralidade que sirva de guia para a condução de nossas reflexões.

Partindo do senso comum e correndo o risco de uma tautologia, poderíamos dizer que a atenção integral de

um paciente no hospital seria o esforço de uma abordagem completa, holística, portanto integral, de cada

pessoa portadora de necessidades de saúde que, por um certo período de sua vida, precisasse de cuidados

hospitalares.

Tal abordagem implicaria em garantir desde o consumo de todas as tecnologias de saúde disponíveis

para melhorar e prolongar a vida, até a criação de um ambiente que resultasse em conforto e segurança para a

pessoa hospitalizada. Cuidado integral em saúde ocorreria a partir de uma combinação generosa e flexível de

tecnologias duras, leve-duras e leves. “Tecnologia” e “Humanização” combinadas, no desafio de adotar o

“lugar” do paciente e suas necessidades singulares como ponto de partida para qualquer intervenção

hospitalar.

PANCREATITE

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É uma inflamação difusa do pâncreas, que pode ser aguda ou crônica. O consumo de álcool está diretamente

associado à maioria dos casos da doença.

O pâncreas é uma glândula de aproximadamente 15 cm de extensão do sistema digestivo e endócrino dos

seres humanos que se localiza atrás do estômago e entre o duodeno e o baço. Ele é tanto exócrino

(secretando suco pancreático, que contém enzimas digestivas) quanto endócrino (produzindo muitos

hormônios importantes, como insulina, glucagon e somatostatina). Divide-se em cabeça, corpo e cauda.

Pancreatite aguda: pode ser causada pela migração deformação de pequenos cálculos biliares que obstruem a

porção terminal do colédoco, interrompendo o fluxo das secreções pancreáticas. Essa obstrução provoca

processo inflamatório intenso e aumento da glândula por causa do edema, ou seja, do acúmulo de líquido em

seu interior. O álcool é causa frequente de pancreatites agudas.

Sintomas: dor abdominal intensa, quase sempre de início abrupto, na região superior do abdômen, que se

irradia em faixa para as costas. Parece que é a segunda dor mais forte que alguém pode sentir. Náuseas,

vômitos e icterícia são outros sintomas possíveis;

Pancreatite crônica: o álcool ingerido em grandes quantidades e por tempo prolongado determina alterações no

parênquima pancreático, caracterizadas por fibrose e endurecimento, com consequente atrofia do pâncreas.

Além disso, o principal duto pancreático (canal de Wirsung), que mede menos de meio centímetro de diâmetro,

fica muito dilatado por causa do depósito de cálculos formados principalmente por cálcio em seu interior.

Doente com pancreatite crônica pode ter surtos de pancreatite aguda.

Fibrose é a formação de excesso tecido conjuntivo fibroso em um órgão ou tecido em um processo reativo ou

reparadora. Isto está em oposição a formação de tecido fibroso como um constituinte normal de um órgão ou

tecido. Cicatriz é confluente fibrose que oblitera a arquitetura do órgão ou tecido subjacente.

Sintomas: dor, diarreia e diabetes, porque o pâncreas vai perdendo suas funções exócrinas e endócrinas. A dor

aparece nas fases de agudização da doença e tem as mesmas características daquela provocada pela

pancreatite aguda.

Manifestações Clínicas:

- dor abdominal intensa no quadrante superior esquerdo, irradiando-se para o meio das costas. Pode tornar-se

difusa após as refeições mais pesadas ou ingestão de álcool. Náuseas, vômitos e anorexia acompanhada de

dor. Ocorre perda significativa de peso devido a anorexia. Distensão abdominal, icterícia e febre. Há presença

de esteatorréia devido a má absorção de gorduras, quando a função da glândula está em torno de 10%. A

hiperglicemia acontece quando a glândula deixa de produzir insulina. Peritonite, choque e insuficiência renal

aguda são sinais de complicação.

Tratamento

a) Pancreatite aguda: o tratamento é clínico, mas requer internação hospitalar, porque o doente deve ficar em

jejum e receber hidratação por soro na veia. Como não existe nenhum medicamento capaz de desinflamar o

pâncreas, é preciso deixá-lo em repouso até que a inflamação regrida, o que acontece em 80% dos casos. Os

outros 20% evoluem para uma forma grave da doença, com lesão de órgãos, como pulmões e fígado, além do

pâncreas. Esses doentes podem entrar em choque e têm de ser transferidos para a unidade de terapia

intensiva. Nos casos mais graves em que ocorre infecção e necrose da glândula, o tratamento cirúrgico é

indicado para a retirada do material necrótico.

b) Pancreatite crônica: inicialmente o tratamento também é clínico. Além do controle da dor, é preciso deixar o

pâncreas em repouso, evitar alimentos gordurosos e adotar uma dieta à base de hidratos de carbono. Os

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analgésicos devem ser prescritos com cuidado. Sempre que possível, deve-se fugir do uso crônico de opioides,

para afastar a possibilidade de eventual dependência da droga. Pacientes com diarreia que apresentam

insuficiência exócrina devem receber, por via oral, as enzimas pancreáticas (amilase, lípase, etc.) que não

produzem. Para os diabéticos, é fundamental o controle do metabolismo da glicose com dieta e,

frequentemente, com a administração de medicamentos.

Casos mais graves podem necessitar de cirurgia para retirada da parte do pâncreas e/ou pedras na vesícula.

Recomendações

* Não exagere na bebida. Qualquer que seja o volume ingerido, álcool é sempre uma substância tóxica,

especialmente prejudicial para o pâncreas;

* Não beba nem uma gota de álcool para não agravar o quadro e evitar a progressão da doença, se você é

portador de pancreatite crônica;

* Procure assistência médica se sentir uma dor forte na parte superior do abdômen que se espalha para as

costas. Diagnóstico e início precoce do tratamento são fundamentais para a cura ou controle das pancreatites.

Assistência de enfermagem:

Anamnese (uso de álcool) + HGT

Aferir sinais vitais

Administrar analgésicos prescritos

Manter medidas para alivio da dor – exercícios de relaxamento, etc.

Reforçar a necessidade de manter o jejum - NPO

Manter acesso venoso com solução parenteral prescrita,

Manter higiene oral, princ. no NPO, uso de SNG.

Manter cuidados com SNG (não tracionar sonda, higiene das narinas, lubrificação dos lábios, identificar/comunicar obstrução)

Manter paciente em posição semi-fowler para promover a melhora da capacidade respiratória,

Monitorar e comunicar sinais de peritonite (dor constante, aumento da sensibilidade abdominal, hipermotilidade intestinal com íleo paralítico)

Monitorar e comunicar sinais de insuficiência renal aguda (medir e registrar diurese, verificar sinais de oligúria ou anúria)

Monitorar e comunicar sinais de choque ( taquicardia, hipotensão, dispnéia, taquipnéia, pele úmida e fria)

HEPATOESPLENOMEGALIA Hepato= fígado Espleno= baço Megalia= aumento Hepatoesplenomegalia é o aumento do tamanho do fígado e do baço, provocado geralmente por uma grande atividade de defesa imunológica do organismo. A esplenomegalia é o nome que se dá à condição do baço quando este aumenta de tamanho, que pode ser causada por algum tipo de câncer do sangue ou alguma infecção crônica. A função do baço é regular, produzir, armazenar, e destruir células sanguíneas anormais, porém devido à maior capacidade de armazenar células sanguíneas, na esplenomegalia, o funcionamento deste órgão é afetado e o número de células sanguíneas circulantes diminui provocando anemia, infecções frequentes, distúrbios hemorrágicos. O tratamento ideal da esplenomegalia deverá focar na doença que promove esta condição. A remoção cirúrgica do baço pode ser uma estratégia de tratamento, mas pode causar outros problemas como a suscetibilidade a infecções graves. Hepatomegalia - hipertrofia do figado - É o inchaço do fígado além do tamanho normal.

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O fígado está envolvido em muitas funções corporais e é afetado por uma variedade de condições, muitas das quais resultam em hepatomegalia. Causas de hepatomegalia podem incluir: Álcool; insuficiência cardíaca congestiva; Doença do armazenamento do glicogênio; síndrome hemolítico-urêmica (SHU); Hepatite A; Hepatite B; carcinoma hepatocelular; intolerância hereditária à frutose; mononucleose infecciosa; Leucemia; Neuroblastoma; doença de Niemann-Pick; cirrose biliar primária; Síndrome de Reye; Sarcoidose; Colangite esclerosante; Esteatose hepática (gordura no fígado a partir de problemas metabólicos como obesidade, diabetes e triglicérides elevados); Tumor metástase.

O cuidado da equipe de enfermagem com o paciente cirrótico é mantê-lo em repouso e acamado para que o fígado possa restabelecer sua capacidade funcional. Se o paciente estiver hospitalizado, o peso e a ingestão de líquido, bem como as eliminações, são medidos e registrados diariamente. O repouso reduz as demandas do fígado e aumenta o suprimento de sangue para o mesmo, explicar a necessidade de repouso adequado evita atividades extenuantes a medida que o fígado se recompõe, a atividade física exaure do corpo a energia necessária para a cicatrização.

O repouso adequado é necessário para prevenir o relapso. Como o paciente é susceptível aos problemas da imobilidade, devem ser iniciados os procedimentos para evitar as perturbações respiratórias, circulatórias e vasculares. Isto pode evitar pneumonia, tromboflebite e úlceras de pressão. Quando a nutrição melhora e a força aumenta, o paciente é encorajado a aumentar a atividade gradualmente.

A equipe de Enfermagem deve monitorar a hemorragia investigando os sinais vitais, hematócrito, hemoglobina, fezes (quanto ao sangue oculto) e o tempo de protrombina, pois o fígado tem um papel central na hemostasia. Orientar o paciente a comunicar o sangramento incomum (na boca após escovar os dentes) (CARPENITO, 2011). Deve-se monitorar as varizes esofágicas (presença de hematêmese e melena) pois, um terço dos pacientes com cirrose alcoólica e varizes esofágicas apresentam sangramento. As varizes são veias tortuosas dilatadas na parte inferior do esôfago.

A Enfermagem deve monitorar os sinais e sintomas de hipoglicemia, pois, a hipoglicemia é causada pela perda de reserva de glicogênio no fígado pelas células danificadas e a diminuição da concentração sérica de glicose, insulina e hormônios de crescimento. As células lesadas armazenariam glicogênio que seriam quebrados, transformado em glicose e jogados na corrente sanguínea. Com a diminuição destas células, diminui a reserva de glicogênio e, consequentemente, diminui a quantidade de glicose que seria produzida.

A glicose é armazenada no fígado e transportada para o cérebro e células do SNC. No entanto, para conseguir chegar às outras células, é necessário um mediador para permitir a "entrada" da glicose: a insulina.

A insulina é libertada pela sua glândula após a ingestão de alimentos ricos em hidratos de carbono(açúcares). Assim, o pâncreas entrega a insulina necessária às células através do sangue. Porque pode falhar o transporte da glicose?

1) O pâncreas não produz insulina suficiente. 2) As células não "reconhecem" o medidor (insulina), e não permitem a entrada de glicose.

O que fazer quando este processo falha? Em certos tipos de diabetes (ausência de insulina) é administrada insulina simulando a secreção

natural, substituindo assim a hormona em falha. Outras formas de diabetes podem ser tratadas com medicamentos administrados oralmente (comprimidos, cápsulas) que promovem a entrada da glicose nas células ou aumentam a secreção de insulina. No entanto, se a administração de insulina injectável for prescrita pelo médico, esta deverá ser aceite uma vez que é a única forma de substituir a insulina natural neste tipo de diabetes (tipo 1). No tipo 2, em certos casos, também pode ser necessário administrar insulina. Existe dois tipos de DIABETES Tipo 1

Surge geralmente antes dos 30 anos de idade, especialmente em homens e crianças. Não há nenhuma ou pouca reserva de insulina pancreática, sendo esta a razão pela qual é uma diabetes dependente de insulina.

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Surge geralmente depois dos 30 anos de idade. A progressão é gradual e lenta. O pâncreas produz

quantidades normais ou aumentadas de insulina, no entanto as células não respondem a esta hormona. Os sintomas clássicos de diabetes são:

• poliúria, ao aumento do volume urinário (acima de 2.500 ml por dia) • polidipsia, excessiva sensação de sede • polifagia, fome excessiva • perda involuntária de peso, irritabilidade, dores musculares, distúrbios visuais (retinopatia diabética), problemas de pele e vasculares (vasculopatias).

Assistência de Enfermagem:

Monitorar e comunicar sinais de cetoacidose diabética (glicose > 200mg/dl, hálito cetônico, cefaléia, anorexia, poliúria e polidipsia),

Monitorar sinais de hipoglicemia (glicemia < 70mg/dl, pele pálida, úmida e fria, taquicardia, diaforese = transpiração em excesso, sonolência, descoordenação;

Monitorar e comunicar sinais e sintomas de infecção (furúnculos, infecções do TR, e/ou urinário, pele vermelha, dolorosa e quente)

Monitorar e comunicar sinais e sintomas de retinopatia (visão turva, perda súbita da visão); Monitorar e comunicar sinais e sintomas de neuropatia periférica (diabete descontrolado, diagnóstico de

DM por mais de 10 anos, hipertensão, resposta diminuída dos tendões – calcâneo/patela, perda ou diminuição da sensibilidade, parestesias, úlcera neuropática – úlcera de charcot- no pé);

Monitorar e comunicar sinais e sintomas de neuropatia no SNA (DM descomp, diagn de DM por mais de 10 anos, impotência, diarreia noturna, sudorese anormal, hipotensão ortostática)

Realizar rodízio na aplicação da insulina; Manter cuidados rigorosos com a dieta; Orientar pacientes e familiares qto à importância da dieta; Evitar procedimentos invasivos; Manter técnica asséptica frente procedimentos invasivos; Realizar mudança de decúbito SN.

CÂNCER: doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Como ocorre:

Surgimento de uma célula de câncer de mutações de uma célula normal, através do processo conhecido como evolução clonal. Primeiro, uma célula-filha (rosa) ou herda ou adquire uma mutação câncer de promoção, o defeito é transmitido às gerações posteriores. Mais tarde, um descendente adquire uma segunda mutação (vermelho), e mais tarde, adquire um descendente de um terço (verde). Uma vez que uma célula acumula mutações suficientes (roxo), a célula pode se tornar maligno e câncer pode ocorrer.

Fonte: http://chemcases.com/cisplat/cisplat19.htm

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por exemplo, existem

diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou mucosas ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma. Outras características que diferenciam os diversos

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tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes (metástases).

Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida. Causas: são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais.

De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais. Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns vírus podem causar leucemia. Outros estão em estudo, como alguns componentes dos alimentos que ingerimos, e muitos são ainda completamente desconhecidos.

O envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam a sua suscetibilidade à transformação maligna. Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica em parte o porquê de o câncer ser mais freqüente nesses indivíduos.Os fatores de risco ambientais de câncer são denominados cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores atuam alterando a estrutura genética (DNA) das células.

O surgimento do câncer depende da intensidade e duração da exposição das células aos agentes causadores de câncer. Por exemplo, o risco de uma pessoa desenvolver câncer de pulmão é diretamente proporcional ao número de cigarros fumados por dia e ao número de anos que ela vem fumando. Fatores de risco de natureza ambiental

Os fatores de risco de câncer podem ser encontrados no meio ambiente ou podem ser herdados. A maioria dos casos de câncer (80%) está relacionada ao meio ambiente, no qual encontramos um grande número de fatores de risco. Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (indústrias químicas e afins) o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida). Dicas para se proteger do câncer 1. Pare de fumar! Esta é a regra mais importante para prevenir o câncer. 2. Uma alimentação saudável pode reduzir as chances de câncer em pelo menos 40%. Coma mais frutas, legumes, verduras, cereais e menos alimentos gordurosos, salgados e enlatados. Sua dieta deveria conter diariamente, pelo menos, cinco porções de frutas, verduras e legumes. Dê preferência às gorduras de origem vegetal como o azeite extra-virgem, óleo de soja e de girassol, entre outros, lembrando sempre que não devem ser expostas a altas temperaturas. Evite gorduras de origem animal (leite e derivados, carne de porco, carne vermelha, pele de frango etc) e algumas gorduras vegetais como margarinas e gordura vegetal hidrogenada. 3. Evite ou limite a ingestão de bebidas alcoólicas. Os homens não devem tomar mais do que dois drinques por dia. As mulheres devem se limitar a um drinque. 4. É aconselhável que homens, entre 50 e 70 anos, na oportunidade de uma consulta médica, orientem-se sobre a necessidade de investigação do câncer da próstata. Os homens com histórico familiar de pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos devem realizar consulta médica para investigação da doença a partir dos 45 anos. 5. Pratique atividades físicas moderadamente durante pelo menos 30 minutos, cinco vezes por semana. 6. As mulheres, com 40 anos ou mais, devem realizar o exame clínico das mamas anualmente. Além disto, toda mulher, entre 50 e 69 anos, deve fazer uma mamografia a cada dois anos. As mulheres com caso de câncer de mama na família (mãe, irmã, filha etc, diagnosticados antes dos 50 anos), ou aquelas que tiverem

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câncer de ovário ou câncer em uma das mamas, em qualquer idade, devem realizar o exame clínico e mamografia, a partir dos 35 anos de idade, anualmente. 7. As mulheres com idade entre 25 e 64 anos devem realizar o preventivo ginecológico periodicamente. Após dois exames com resultado normal com intervalo de um ano, o preventivo pode ser feito a cada três anos. Para os exames alterados, deve-se seguir as orientações médicas. 8. Evite exposição prolongada ao sol, entre 10h e 16h, e use sempre proteção adequada, como chapéu, barraca e protetor solar. Se você se expõe ao sol durante a jornada de trabalho, procure usar chapéu de aba larga, camisa de manga longa e calça comprida. 9. Realize diariamente a higiene oral (escovação) e consulte o dentista regularmente. CÂNCER DE ESÔFAGO

O esôfago é um tubo músculo-membranoso, longo e delgado, que comunica a garganta ao estômago. Ele permite a passagem do alimento ou líquido ingerido até o interior do sistema digestivo, através de contrações musculares. O câncer de esôfago mais frequente é o carcinoma epidermóide escamoso, responsável por 96% dos casos.

O câncer de esôfago está associado ao alto consumo de bebidas alcoólicas e de produtos derivados do tabaco (tabagismo). Para prevenir o câncer de esôfago é importante adotar uma dieta rica em frutas e legumes, e evitar o consumo frequente de bebidas quentes, alimentos defumados, bebidas alcóolicas e produtos derivados do tabaco. Sintomas

O câncer de esôfago na sua fase inicial não apresenta sintomas. Porém, alguns sintomas são característicos como a dificuldade ou dor ao engolir, dor retroesternal, dor torácica, sensação de obstrução à passagem do alimento, náuseas, vômitos e perda do apetite. Na maioria das vezes, a dificuldade de engolir (disfagia) já demonstra a doença em estado avançado. A disfagia progride geralmente de alimentos sólidos até alimentos pastosos e líquidos. A perda de peso pode chegar até 10% do peso corporal. CÂNCER DE PULMÃO

Câncer de pulmão é o desenvolvimento de células anormais no pulmão. Estas células crescem substituindo o tecido saudável do pulmão. O câncer de pulmão, se for descoberto precocemente, pode ser tratado.

Muitas vezes, o câncer de pulmão cresce lentamente, sem sintomas. Outras vezes, cresce muito rápido, podendo comprometer a saúde do paciente em um curto período de tempo. Quando o câncer já está bastante avançado, ele pode se distribuir para outros órgãos do corpo, como a mama, intestino, próstata, rim, tiróide, estômago, testículos e ossos.

Os sintomas dependem do tipo, da localização e do modo de disseminação do câncer. Geralmente, o principal sintoma é uma tosse persistente. Os indivíduos com bronquite crônica e que apresentam câncer de pulmão frequentemente observam uma piora da tosse. Se o escarro puder ser expectorado, ele pode apresentar estrias de sangue. Se o câncer invadir os vasos subjacentes, pode causar hemorragias graves. O câncer pode causar sibilos devido ao estreitamento da via aérea na qual ou em torno da qual ele está se desenvolvendo.

A obstrução de um brônquio pode acarretar o colapso da parte do pulmão suprida por esse brônquio, uma condição denominada atelectasia. Outra consequência pode ser a pneumonia com tosse, febre, dor torácica e dificuldade respiratória. Se o tumor invadir a parede torácica, ele pode produzir uma dor torácica persistente. Os sintomas posteriores são a perda de apetite, a perda de peso e a fraqueza. Os cânceres de pulmão frequentemente causam acúmulos de líquido em torno do pulmão (derrame pleural), que produzem dificuldade respiratória.

Se o câncer disseminar-se no interior dos pulmões, o indivíduo pode apresentar dificuldade respiratória grave, concentração baixa de oxigênio no sangue e insuficiência cardíaca. O câncer pode invadir certos nervos do pescoço, provocando queda da pálpebra (ptose palpebral), diminuição do diâmetro da pupila (miose), afundamento do globo ocular e redução da transpiração em um lado do rosto. Este conjunto de sintomas é conhecido como síndrome de Horner. Os cânceres localizados na parte mais alta do pulmão podem invadir os

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nervos que inervam o membro superior, tornando-o dolorido, insensível e fraco. Os nervos da laringe também podem ser lesados, provocando rouquidão.

O câncer pode invadir diretamente o esôfago, ou proliferar ao seu redor e pressionar esse órgão, acarretando dificuldade de deglutição. Ocasionalmente, ocorre a formação de um canal anormal (fístula) entre o esôfago e os brônquios, provocando tosse intensa durante a deglutição porque os alimentos e os líquidos entram nos pulmões. O câncer de pulmão pode atingir o coração, produzindo arritmias cardíacas (ritmos cardíacos anormais), aumento de volume do coração ou o acúmulo de líquido no interior do pericárdio (que envolve o coração). O câncer pode invadir a veia cava superior (uma das grandes veias torácicas) ou ao seu redor. A obstrução dessa veia faz com que o retorno sanguíneo ocorra através de outras veias da porção superior do corpo.

A oxigenoterapia e medicamentos que promovem a dilatação das vias aéreas podem aliviar a dificuldade respiratória. Muitos indivíduos com câncer de pulmão avançado apresentam dor e dificuldade respiratória importante a ponto de necessitarem de altas doses de narcóticos nas semanas ou meses que antecedem a sua morte. Felizmente, os narcóticos podem ajudar consideravelmente quando utilizados em doses adequadas. CÂNCER DE INTESTINO O intestino compreende duas grandes regiões. Uma parte mais fina chamada intestino delgado que está relacionada com a digestão e a absorção dos alimentos, e uma mais grossa, o intestino grosso, responsável pela absorção da água, armazenamento e eliminação dos resíduos da digestão. A doença começa sempre como uma lesão benigna que vai evoluindo lentamente até transformar-se num tumor maligno. Sintomas: na fase inicial, costuma ser assintomático. Quando se manifesta, o tumor já é razoavelmente grande. Dependendo da localização, os sintomas são diferentes. Se estiver situado do lado direito do intestino, os principais serão enfraquecimento, anemia e alteração da frequência da defecação. Se estiver do lado esquerdo, há alteração do ritmo intestinal com predominância de constipação intestinal, ou seja, prisão de ventre. No reto, o principal sintoma é o sangramento. Sangue e puxo, ou tenesmo, caracterizado pela vontade periódica de ir ao banheiro e insatisfação provocada pela sensação de evacuação incompleta são sinais de câncer ou de doença inflamatória no reto. Fatores predisponentes: Idade superior a 60 anos; Parentes de primeiro grau com câncer do intestino; Síndromes genéticas (PAF e HNPCC); Doença inflamatória crônica do intestino (colite ulcerativa ou doença de Crohn); Consumo excessivo de bebidas alcoólicas e gordura animal; Tabagismo; Obesidade.

Estima-se que, em até 75% dos casos, o câncer de intestino possa ser classificado como esporádico, isto é, de caráter não familiar e resultante da ação cumulativa de agentes carcinógenos mais ou menos conhecidos sobre a mucosa intestinal. Entre os fatores relacionados ao seu desenvolvimento, encontram-se, principalmente, a idade (sendo a maioria dos casos diagnosticada após os 60 anos) e dietas pobres em frutas, verduras e legumes e ricas em gordura animal (o que pode ser responsável por 66 a 75% dos casos de câncer de cólon e reto. Além destes, indivíduos com história de parentes de primeiro grau com adenomas diagnosticados antes dos 60 anos de idade; história pessoal pregressa de adenomas ou câncer de mama, ovário ou endométrio; e portadores de colite ulcerativa crônica ou Doença de Crohn também apresentam risco aumentado de desenvolverem câncer do intestino.

O baixo nível de atividade física é um dos fatores mais reconhecidos como associado ao incremento no risco de desenvolvimento do câncer do intestino. Sua prática regular pode diminuir o risco de doença em até 50%. O mecanismo responsável por este efeito parece estar relacionado à diminuição do tempo de trânsito intestinal, minimizando assim o contato de carcinógenos com as células do intestino. Estudos por sua vez, têm proposto que altas concentrações de ferro na carne vermelha poderiam ser a causa do maior risco para o desenvolvimento deste câncer, uma vez que este mineral está envolvido na síntese de radicais hidroxila, que podem causar danos às células do intestino.

Ao contrário, o alto consumo de frutas, verduras e fibras pode ter um papel protetor no desenvolvimento do câncer de intestino. Esse efeito pode ser justificado pelo alto teor de nutrientes e outras substâncias que podem inibir a formação de carcinógenos, agir como substratos para a produção de anticarcinógenos, reduzir a capacidade de proliferação de células e agir como antioxidantes. O alto consumo desses alimentos pode ainda aumentar o bolo fecal e diminuir o tempo de trânsito intestinal e assim, minimizar o contato entre a mucosa e substâncias potencialmente carcinogênicas.

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Estudos mostram que o risco no desenvolvimento do câncer do intestino pode ser duas vezes maior em indivíduos que consomem bebidas alcoólicas em excesso. A exposição ao cigarro também pode aumentar o risco de desenvolver a doença, principalmente em caso de consumo por longos períodos de tempo.

É recomendada a realização anual do exame de sangue oculto nas fezes para pessoas acima de 50 anos. Trata-se de exame laboratorial relativamente simples e que pode ser solicitado pelo médico clínico.

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Fonte: American Cancer Society (2006) – manual INCA - http://www1.inca.gov.br/enfermagem/docs/cap5.pdf

Assistência de Enfermagem Proporcionar apoio e estimular a verbalização; Administrar fármacos prescritos; Monitorar SSVV, complicações, controle da dor, estado renal/hepático/cardíaco, resposta ao tratamento,

verificar peso diário. AVC – ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

O AVC (acidente vascular cerebral) possui vários nomes, o mais correto é AVE (acidente vascular encefálico), mas também pode ser chamado de infarto cerebral, isquemia cerebral, trombose cerebral ou o popular derrame cerebral. Para entender o AVC é preciso conhecer 4 conceitos básicos:

Trombo = é um coágulo de sangue que se localiza dentro dos vasos sanguíneos, aderido à parede do mesmo, obstruindo a passagem de sangue. A obstrução pode ser parcial ou total. Quando o vaso é obstruído por um trombo, damos o nome de trombose.

- Êmbolo = é quando um trombo se solta e viaja pela corrente sanguínea até encontrar um vaso com calibre menor do que o próprio êmbolo, ficando preso e obstruindo a circulação do sangue. Quando um vaso é obstruído por um êmbolo, estamos diante de uma embolia. Um exemplo comum é a embolia pulmonar.

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Isquemia = é a falta de suprimento de sangue para algum tecido ou órgão. Toda vez que a circulação de sangue não é suficiente para o funcionamento das células, ocorre a isquemia. É um processo reversível se tratado a tempo.

Infarto = É a morte das células por uma isquemia prolongada. Ocorre em geral por obstrução da artéria por um trombo ou por um êmbolo. O infarto mais conhecido é o do miocárdio (músculo do coração), mas ele pode ocorrer em qualquer tecido ou órgão.

O AVC, portanto, nada mais é que um infarto de uma região do cérebro causado por um trombo que se forma em uma artéria cerebral ou por um êmbolo formado em algum lugar do corpo, que viaja na corrente sanguínea até se alojar em uma artéria do cérebro. Há também o AVC hemorrágico que será explicado mais abaixo.

AVC por trombose

O mecanismo da trombose cerebral é o mesmo do infarto do coração. A diferença é que o primeiro ocorre em artéria do cérebro e o outro em uma artéria coronária. Pessoas com colesterol elevado apresentam deposição do mesmo nas suas artérias em forma de placas de gordura. É em cima dessas placas que os trombos se desenvolvem. O trombo cresce silenciosamente em cima das placas de colesterol e só causa sintomas quando se torna grande o suficiente para obstruir a passagem do sangue.

AVC por embolia

O AVC causado por um êmbolo normalmente tem origem no coração, mais especificamente no átrio esquerdo. Uma arritmia cardíaca chamada fibrilação atrial é a principal causa de embolia cerebral. O átrio quando está fibrilando não pulsa corretamente, com isso, o sangue dentro dele fica parado, o que favorece a coagulação e a formação de coágulos.

AVC por choque circulatório

Além da trombose e da embolia, existe um terceiro tipo de infarto cerebral; é o causado por uma parada cardíaca ou um estado de choque circulatório prolongado. Este tipo de acidente vascular cerebral é o mais grave, pois a falta de circulação sanguínea apropriada faz com que todo o cérebro sofra isquemia, e não apenas uma região como nos AVCs causados por trombo ou êmbolo.

Pacientes com parada cardíaca prolongada costumam sofrer danos irreversíveis no cérebro. Três minutos de parada cardíaca, sem atendimento médico, já provocam lesões cerebrais graves. A partir do quinto minuto a chance de morte cerebral é próxima de 100%. Mesmo quando se iniciam rapidamente as manobras de ressuscitação (massagem cardíaca) existe um limite de tempo para sobrevivência do cérebro. Poucos são os casos que evoluem bem após mais de 10 minutos de manobras de ressuscitação sem resposta. Estes 3 tipos de infarto cerebral são chamados de AVC isquêmico, pois o mecanismo que leva ao infarto é uma isquemia (perfusão do sangue insuficiente), seja por trombo, êmbolo ou choque circulatório.

Os principais fatores de risco para o acidente vascular isquêmico (AVC) são: - Idade avançada - Diabetes - Cigarro - Hipertensão - Colesterol alto - Obesidade - Fibrilação atrial O AVC é um quadro que ocorre tipicamente de pessoas acima dos 50 anos com os fatores de risco listados acima, mas pode ocorrer em jovens que tenham alterações na coagulação sanguínea ou doenças inflamatórias dos vasos, como, por exemplo lúpus ou vasculites. AVC hemorrágico

Além do AVC isquêmico, responsável por até 85% dos casos, existe ainda o AVC hemorrágico, causado pela ruptura de um vaso do cérebro, que leva ao sangramento intracraniano. Em geral, o AVC

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hemorrágico ocorre por uma fraqueza da parede de uma artéria cerebral. As principais causas de AVC hemorrágico são:

- Hipertensão - Tabagismo - Uso de medicamentos que inibem a coagulação como heparina e varfarina - Traumas. - Aneurismas no cérebro - Malformações dos vasos cerebrais - Vasculites O AVC hemorrágico costuma ser um quadro mais dramático que o AVC isquêmico por atingir quase sempre uma área cerebral maior. O crânio é uma caixa fechada que não tem capacidade de se expandir. Quando há hemorragias grandes, o sangue vaza para o cérebro forma hematomas que começam a comprimi-lo em direção à calota craniana. Esta compressão do cérebro contribui ainda mais para lesão dos neurônios e para o risco de morte. Existem dois tipos de AVC hemorrágico: hemorragia intracerebral e hemorragia subaracnóide. A primeira ocorre quando o sangramento se localiza dentro do cérebro. Já a hemorragia subaracnóide ocorre quando o sangramento se dá entre o cérebro e a meninge (membrana que cobre o cérebro).

O AVC hemorrágico, principalmente o intraparenquimatoso (intracerebral), costuma ter prognóstico ruim. A mortalidade chega a ser superior a 50% e apenas cerca de 10% ficam sem sequelas. Quando há hemorragias grandes e perda de consciência, a taxa de mortalidade chega a 90%.

Consequências, sinais e sintomas do AVC

Os sintomas do AVC dependem da área do cérebro atingida. Quanto maior a área, em geral, mais

grave é o quadro. Infartos pequenos em áreas nobres também são graves. Os sintomas mais comuns do AVC são: - Paralisias motoras, normalmente em apenas um lado do corpo.

- Diminuição a força em um membro ou em todo um lado do corpo. - Perda de equilíbrio com incapacidade de se manter em pé e dificuldade para realizar tarefas simples, como apertar um botão, ligar a luz ou levar um copo ou garfo a boca.

- Alterações na marcha. - Dificuldades na fala e boca torta. - Alterações na musculatura da face ou desvio dos olhos. - Alterações visuais como visão dupla, cegueira parcial ou total. - Desorientação, comportamento estranho ou discurso incoerente de início súbito. - Diminuição do estado de consciência. - Crise convulsiva. - Coma - Morte.

A diminuição da sensibilidade e/ou formigamento isolado em um dos membros, ou apenas em parte deles, não costuma ser sinal de AVC, mas sim de lesões nos nervos periféricos ou na coluna. Acidente vascular cerebral costuma causar paralisias e diminuição de força. Quadros de ansiedade e histeria podem simular um AVC, porém, na maioria absoluta das vezes são facilmente distinguidos pelo médico pelo fato dos sintomas não seguirem um lógica do ponto de vista neurológico. O que para o paciente e sua família pode ser um evento com com sinais de AVC, para o médico é claramente um quadro de histeria. O acidente vascular cerebral não causa dor, exceto por uma cefaleia que pode ocorrer nos casos de AVC hemorrágico. Até 1/3 dos derrames ocorrem durante o sono e o paciente só nota alteração ao acordar.

Nos AVCs hemorrágicos o quadro pode evoluir muito rapidamente dependendo da sua extensão e da área do cérebro acometida. O paciente se queixa de mal-estar e rapidamente pode evoluir para perda de consciência e parada cardiorrespiratória.

É muito comum o AVC cursar com pico hipertensivo. A falta de sangue em regiões do cérebro leva o corpo a aumentar a pressão arterial em uma desesperada tentativa de aumentar a perfusão de sangue para o

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cérebro. Não se deve tentar controlar a pressão nestes casos (principalmente se ela estiver abaixo de 200/110 mmHg), pois há um perigo de piorar a isquemia cerebral se a pressão baixar rapidamente.

Ataque isquêmico transitório

O ataque isquêmico transitório, conhecido como AIT, ocorre quando os sintomas do AVC desaparecem com menos de 24 horas após o seu início. O AIT é um derrame incompleto, que ocorre quando a isquemia consegue ser revertida espontaneamente antes que ocorra o infarto da região acometida. Quem teve um AIT apresenta elevado risco de apresentar um AVC futuramente e deve ser seguido de perto por um neurologista. Existe uma classe de medicamento chamada de trombolítico, que dissolve trombos e êmbolos e restaura a circulação cerebral, acabando com a isquemia e impedindo a ocorrência do infarto. Porém, ele só tem efeito nas primeiras 3 horas do AVC, sendo ainda mais efetivo se administrado na primeira hora e meia.

Obs: os últimos trabalhos científicos têm demonstrado benefícios dos trombolíticos até 4,5 horas após o início dos sintomas.

Ao primeiro sinal de AVC o paciente deve ser levado imediatamente a uma emergência para que se tenha tempo de salvar a área cerebral isquemiada.

Portanto, a pior coisa que se pode fazer quando surgem sintomas de AVC é esperar para ver se o quadro vai melhorar sozinho. Se há suspeita de AVC durante durante a madrugada não se deve esperar amanhecer para levar o paciente ao hospital. Se não houver carro disponível, é necessário chamar uma ambulância.

É importante nunca deixar o paciente com suspeita de AVC conduzir o carro. O quadro pode evoluir e um grave acidente pode ocorrer. Os trombolíticos só estão indicados no AVC isquêmico. NÃO SE USA TROMBOLÍTICOS NO AVC HEMORRÁGICO. O diagnóstico diferencial entre esses dois tipos de AVC é feito através da tomografia computadorizada do cérebro.

No AVC hemorrágico pode ser necessária uma cirurgia de urgência caso o cérebro esteja sendo comprimido pelo sangramento. O tratamento consiste na remoção cirúrgica do coágulo/hematoma e de parte da calota craniana para que o cérebro possa se expandir sem ficar comprimido.

Sintomas do AVC 1. Fraqueza nos membros

Um sinal típico do AVC é a súbita fraqueza assimétrica dos membros. Geralmente a falta de força acomete um braço, uma perna ou um braço e uma perna em apenas um lado do corpo. A perda de força motora pode variar desde uma fraqueza muito suave até a paralisia total. Uma fraqueza motora súbita e unilateral é típica. Não é comum no AVC ambas as pernas ou ambos os braços serem acometidos ao mesmo tempo, com a mesma intensidade. Dormência, formigamento ou uma sensação de leves picadas de agulhas podem também estar presentes.

A paralisia, ou uma quase paralisia, são facilmente identificáveis pelo paciente e seus familiares. A dificuldade surge quando a perda de força é discreta. Neste caso, um teste simples pode ser feito. Levante os braços e mantenha-os por alguns segundos alinhados aos ombros (posição de múmia ou sonâmbulo). Se um dos braços começar a cair involuntariamente há um forte indício de fraqueza motora. O mesmo teste pode ser feito com as pernas, basta sentar-se e levantar as pernas, deixando os joelhos esticados. A paralisia dos membros costuma surgir rapidamente, todavia, pode se iniciar apenas com formigamento e leve fraqueza, evoluindo para franca perda de força somente após algumas horas.

2. Assimetria facial A paralisia facial unilateral é outro sinal típico do AVC. O desvio da boca em direção contrária ao lado

paralisado é o sinal mais comum e perceptível. Repare na figura ao lado. Este paciente apresenta uma paralisia facial do lado esquerdo. Note que a boca desvia-se para o lado direito e a comissura labial (vulgo bigode chinês) desaparece à esquerda, ficando mais proeminente à direita.

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No AVC, a paralisia costuma preservar a metade superior da face, sendo o paciente capaz de franzir a testa e levantar as sobrancelhas. Esse sinal é importante porque na paralisia de Bell, quadro causado pela inflamação do nervo facial, toda hemiface do paciente fica paralisada. Outros sinais e sintomas que falam a favor de um AVC, e não da paralisia de Bell, são a perda de força em outras áreas do corpo, como membros, alterações na fala, perda de visão, desequilíbrios ou qualquer outro sintoma típico de AVC associado. A paralisia de Bell acomete única e exclusivamente a face. Em alguns casos a paralisia facial é mais discreta e pode passar despercebida pelos familiares. Uma dica para ver se a boca está desviada é pedir para o paciente sorrir ou assobiar. Se houver paralisia, esta será facilmente notada com essas manobras. 3. Alterações da fala

Outro sinal típico do AVC é a alteração da fala e do discurso. O paciente com AVC pode apresentar uma gama de distúrbios que no final se caracterizam por uma dificuldade em falar. As duas alterações mais comuns são a afasia e a disartria.

A afasia é a incapacidade do paciente em nomear objetos e coisas. O paciente não consegue falar normalmente, pois não consegue dizer nomes simples como cores, números e objetos. Em alguns casos o paciente nem sequer é capaz de repetir uma palavra dita por um familiar. Dependendo da afasia, o paciente pode conseguir pensar no objeto, entender seu significado, mas simplesmente não saber como dizer o seu nome. É uma perda da linguagem verbal. O discurso pode ficar confuso, pois o paciente só consegue dizer algumas palavras, sendo incapaz de dizer outras.

Muitas vezes o paciente também não consegue escrever o nome desses objetos. Há tipos de afasia em que o paciente deixa de compreender o que algumas palavras significam, não consegue falar, não entende os outros e não consegue mais entender o que está escrito. Neste caso o paciente perde a habilidade da linguagem globalmente.

A disartria é outro distúrbio da fala e se apresenta como uma dificuldade em articular as palavras. O paciente entende tudo, mas falta-lhe habilidade motora para mover os músculos da fala de modo a articular corretamente as palavras. O paciente até consegue nomear coisas, mas o faz de modo enrolado, às vezes incompreensíveis para quem está ouvindo.

4. Confusão mental

Uma alteração do discurso também pode ocorrer por desorientação e confusão mental. O paciente pode perder a noção do tempo, não sabendo dizer o ano nem o mês que estamos. Pode também ficar desorientado espacialmente, não reconhecendo o local onde está. Estas alterações são comuns em pequenos AVCs em idosos. Múltiplos pequenos AVCs podem levar à demência. 5. Alterações na marcha

O paciente com AVC pode ter dificuldade em andar. Esta alteração da marcha pode ser causada por desequilíbrios, por diminuição da força em uma das pernas ou mesmo por alterações na coordenação motora responsáveis pelo ato de andar. Neste último caso o paciente mantém a força preservada nos membros inferiores, porém anda de modo descoordenado; tem dificuldade em dar passos.

Há casos em que o AVC pode causar tonturas, fazendo com que o paciente não consiga andar por estar tonto. Porém, o mais comum é paciente não sentir-se tonto, mas ainda assim não ter equilíbrio ao andar. Na verdade o paciente pode não conseguir nem se manter em pé parado, caindo para os lados se não tiver apoio.

6. Crise convulsiva

Alguns casos de AVC se manifestam como crise convulsiva, que são abalos motores generalizados associados à perda da consciência. A crise convulsiva pode ser um dos sintomas do AVC, mas pode também ser uma sequela. Alguns pacientes tornam-se epiléticos após um terem tido um AVC.

7. Coma

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Um sinal de gravidade do AVC é a redução do nível de consciência, às vezes ao ponto de se entrar em coma. A perda da consciência costuma ser um sintoma de um AVC extenso ou AVC hemorrágico. É um sinal de mau prognóstico.

Assistência de Enfermagem: - Garantir a viabilidade de vias aéreas e oxigenação adequada, incluindo entubação orotraqueal, suporte ventilatório ou oxigenoterapia nos casos de depressão respiratória. - Atentar para a maioria dos pacientes com infarto cerebral que não deve receber tratamento para hipertensão arterial. OBS: os bloqueadores de canal de cálcio por via SL não devem ser usados no AVC I ou H, pela rápida absorção e queda brusca da PA. - Realizar os cuidados em caso de hipo e hiperglicemia, atentar às alterações; - Verificar sinais vitais, HGT e observar sinais e sintomas; - Monitorizar o ritmo cardíaco - Atentar = AVC é uma experiência terrível para o paciente principalmente quando este apresenta dificuldade em se comunicar - Passar para o paciente que você está entendendo toda sua ansiedade e seu medo - Transportar o paciente com conforto e segurança - Manter diálogo amistoso com o paciente explicando todos os procedimentos a serem realizados. - Preservar a visão – proteger a córnea - Preparar material para sondagem nasogástrica - Repouso no leito - Manter pele limpa e isenta de pressão - Aspirar naso e orofaringe - Manter o paciente em posição lateral de segurança em caso de vômitos - Colocar a cânula orofaríngea se o paciente estiver inconsciente e dificuldade respiratória - Administrar oxigênio úmido de acordo com a necessidade do paciente - Preparar material e testar para intubação endotraqueal - Instalar ventilador mecânico em caso de ventilação inadequada ou parada respiratória - Colocar o colar cervical (se história de queda) - Avaliar a frequência e ritmo respiratórios em pacientes comatosos ou com grandes lesões cerebrais - Obter acesso venoso

PNEUMONIA Pneumonias são infecções que se instalam nos pulmões, órgãos duplos localizados um de cada lado da

caixa torácica. Podem acometer a região dos alvéolos pulmonares onde desembocam as ramificações terminais dos brônquios e, às vezes, os interstícios (espaço entre um alvéolo e outro).

Basicamente, pneumonias são provocadas pela penetração de um agente infeccioso ou irritante (bactérias, vírus, fungos e por reações alérgicas) no espaço alveolar, onde ocorre a troca gasosa. Esse local deve estar sempre muito limpo, livre de substâncias que possam impedir o contato do ar com o sangue.

Sintomas: Febre alta; Tosse; Dor no tórax; Alterações da pressão arterial; Confusão mental; Mal-estar generalizado; Falta de ar; Secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada; Toxemia; Prostração.

Assistência de enfermagem: É preciso melhorar o estado nutricional durante a manifestação da doença evidenciando melhor

aceitação alimentar e ganho ponderal uma vez que o paciente, inicialmente, tende a não querer se alimentar e com isso perde peso, deve-se orientar uma alimentação rica em proteínas e calorias para suprir o déficit inicial;

É importante restaurar a temperatura corporal, pois a pessoa acometida por pneumonia apresenta febre e às vezes pode chegar a ter convulsões devido ao próprio aumento da temperatura, nestes casos é necessária a administração de antitérmicos, banho morno, compressas frias, pois a alta temperatura diminui a defesa do organismo.

É preciso restabelecer frequência vesical satisfatória, pois com a febre e dispnéia a pessoa perde grande quantidade de água do organismo, podendo chegar à desidratação. Por esse motivo é necessário à ingestão de líquidos.

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Pessoas que apresentam muita secreção é preciso melhorar a eliminação traqueobrônquica, para isto é preciso restabelecer a hidratação, fazendo com que as secreções fluidifiquem.

Uma das assistências mais importantes à pessoa hospitalizada ou até mesmo no domicílio é sempre manter a mesma em decúbito elevado pois o quadro de dispneia tende a piorar quando ela mantém-se deitada horizontalmente, este procedimento é necessário para restabelecer a melhora da respiração.

Oxigenoterapia, o vapor frio umidifica vias aéreas superiores, e propicia uma atmosfera fria que contribui na redução da temperatura.

DPOC

É uma doença respiratória progressiva, que resulta da obstrução das vias aéreas, e que pode manifestar-se através de tosse, expectoração, poeira, falta de ar, sensação de “aperto” torácico e outros sintomas. O fumo de cigarro é a causa principal desta doença. Por esse motivo, a maioria das pessoas que sofrem de DPOC são fumantes, ou foram tabagistas no passado.

A sigla DPOC refere-se, de forma genérica, a duas doenças respiratórias habitualmente designadas por bronquite crônica e enfisema pulmonar. A DPOC abrange num só termo estas duas situações, uma vez que apresentam causas comuns e coexistem habitualmente no mesmo doente.

Na DPOC ocorre uma obstrução ao fluxo normal de ar através dos brônquios. Esta limitação à passagem do ar não é completamente reversível e, geralmente, vai progredindo com o passar dos anos. Por esse motivo se afirma que a DPOC é uma doença progressiva. No geral, a DPOC desenvolve-se após vários anos de tabagismo, durante os quais o fumo de cigarro, que contém irritantes que inflamam as vias respiratórias, causa alterações que podem conduzir ao aparecimento de danos nas vias aéreas. Estes danos podem ser permanentes.

A DPOC é uma doença insidiosa que se instala no decorrer de anos. Geralmente, começa com discreta falta de ar associada a esforços como subir escadas, andar depressa ou praticar atividades esportivas. Como os sintomas são discretos, costumam ser atribuídos ao cansaço ou à falta de preparo físico. Com o passar do tempo, porém, a dispneia se torna mais intensa e surge depois de esforços cada vez menores. Nas fases mais avançadas, a falta de ar está presente mesmo com o doente em repouso e agrava-se muito diante das atividades mais corriqueiras. Tomar banho em pé, por exemplo, fica impossível; andar até a sala, um esforço insuportável.

Como referido anteriormente, os sintomas principais da DPOC são: tosse, pieira, produção de expectoração e sensação de falta de ar. Em muitos pacientes, com a progressão da doença, desenvolve-se uma limitação gradual em relação ao exercício, que pode levar a importantes limitações nas atividades diárias. Os doentes com DPOC apresentam uma tendência acrescida para o desenvolvimento de infecções respiratórias e, geralmente, quando isto acontece, a expectoração torna-se esverdeada ou amarelada e a falta de ar tem tendência a piorar.

Para prevenir o aparecimento da DPOC, a primeira coisa a fazer é parar de fumar. Nas pessoas a quem é feito o diagnóstico da DPOC pode estar indicada a realização de tratamento, o que poderá traduzir-se numa grande melhoria dos sintomas relacionados com a doença.

A bronquite crônica está presente quando um doente apresenta tosse produtiva (com expectoração) na

maioria dos dias, pelo menos durante três meses por ano, em dois anos consecutivos. No entanto, têm de ser excluídas outras causas para o aparecimento de tosse crônica (como, por exemplo, a asma, algumas infecções respiratórias e tumores pulmonares) para que o diagnóstico de bronquite crônica seja firmado. As doenças que constituem esse grupo são: bronquite crônica, asma brônquica e enfisema pulmonar.

Sinais e sintomas: tosse persistente, com expectoração espessa e purulenta, sibilos, dispnéia de intensidade variada e cianose de extremidades.

Ao longo do tempo, pode causar 'baqueteamento' digital ou 'dedos em baqueta de tambor' (hipocratismo digital). É classificado em cinco estágios:

Grau I - aumento e flutuação do leito ungueal; Grau II - perda do ângulo natural de 15° entre a unha e a cutícula; Grau III - acentuação da convexidade do leito ungueal; Grau IV - aparência de baqueta da extremidade digital; Grau V - aumento da extremidade com espessamento da falange distal e estriações longitudinais na

unha.

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Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipocratismo_digital

A asma brônquica = Caracterizada pela função pulmonar diminuída devido a broncoespasmos, edema

da mucosa e produção excessiva de muco, sinais causados por hiper-reação das vias aéreas a alguns estímulos. A 'crise asmática' é o estado agudo, severo, que não responde ao tratamento convencional e coloca o indivíduo em uma situação de risco de vida, exigindo ação imediata. A asma pode ser consequência de infecções respiratórias e fatores alérgicos. O estresse também é um fator comumente associado às crises.

Sinais e sintomas: dispnéia é o sinal característico da doença, podendo ocorrer tosse. Nas crises, a dispnéia é acompanhada de tiragens, batimento de asa de nariz e cianose, assim como ansiedade e agitação.

O enfisema pulmonar (tórax em barril) está presente quando parte dos alvéolos pulmonares (diminutos

sacos de ar, onde terminam os brônquios e onde ocorre a absorção de oxigênio) são destruídos, ficando muitos dos restantes com o seu funcionamento alterado e o aparecimento de ICC, cianose.

Assistência de Enfermagem:

Tratar as infecções respiratórias de forma adequada, Orientar quanto à importância da fisioterapia respiratória, Estimular a ingestão hídrica, Manter o ambiente aquecido, arejado e umidificado, Manter o paciente em ambiente calmo e tranquilo, e orientá-lo quanto à continuidade do tratamento, Manter cuidados quanto à oxigenoterapia (volume de O2 conforme prescrição, troca de cateter conf

rotina, manutenção de narinas limpas), Medicar, conforme prescrição, com broncodilatadores, corticosteroides e antibióticos (infundir

lentamente, quando por EV; monitorar FR/FC). Orientar o paciente para que reconheça e evite fatores desencadeantes das crises (fumo, mudanças

bruscas de temperatura, locais muito frios, inalação de produtos químicos e situação de estresse), Orientar para o uso correto dos medicamentos e o reconhecimento de contra efeitos (palpitação e

taquicardia, hipotensão, insônia, náuseas e vômitos, urticária). INSUFICIÊNCIA RENAL

Caracteriza-se pela redução ou perda da capacidade dos rins de executarem sua função, ou seja, eles

tornam-se incapazes de remover os resíduos do metabolismo corporal. Acumulam-se nos líquidos corporais comprometendo o organismo de forma sistêmica. As causas são as mais diversas, como redução do fluxo renal devido a desidratação ou choque hipovolêmico, necrose tubular por causas tóxicas, obstruções mecânicas por litíase ou tumores, infecções renais ou outras doenças como diabete, lúpus ou HAS. I.R.C. (Insuficiência Renal Crônica)

Os rins são dois órgãos em forma de feijão, cada um deles com o tamanho do pulso. Eles estão localizados próximos ao meio das costas, abaixo da caixa torácica. Os rins constituem um sistema de filtragem. Cada rim é constituído de aproximadamente um milhão de minúsculas unidades denominadas nefros. Os rins filtram aproximadamente 190 litros de sangue por dia. Eles eliminam aproximadamente dois litros de resíduos e excesso de líquido na forma de urina.

A urina é armazenada até que o paciente a elimine no banheiro. Os resíduos são produzidos na degradação da comida ingerida e na atividade muscular normal.

Insuficiência renal crônica significa que os rins foram prejudicados por diabetes, pressão sanguínea alta ou distúrbios. Rins com insuficiência não conseguem manter a pessoa saudável.

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Se a insuficiência renal piorar, os resíduos podem se acumular em níveis altos no sangue e o paciente adoecer. O paciente pode desenvolver complicações como a pressão sanguínea alta, anemia (baixa quantidade de células no sangue), ossos fracos, nutrição prejudicada e afecções nervosas. Se a insuficiência renal piorar, pode levar à falência renal, que exige diálise ou transplante de rim para o paciente manter-se vivo.

As duas principais causas da insuficiência renal crônica são a diabetes e a pressão sanguínea alta. A diabetes ocorre quando o açúcar atinge altos níveis no sangue, prejudicando diversos órgãos e músculos do corpo, incluindo os rins e o coração, além de vasos sanguíneos, nervos e olhos. A pressão sanguínea alta, ou hipertensão, ocorre quando aumenta a pressão do sangue contra as paredes dos vasos sanguíneos. Se não for bem controlada, a pressão sanguínea alta pode ser uma causa importante de ataques cardíacos, derrames e insuficiência renal crônica. Além disso, a insuficiência renal crônica pode provocar a pressão sanguínea alta.

Assistência de Enfermagem:

Manter o equilíbrio hidroeletrolítico (controlar peso, verificar sinais vitais, realizar controle hídrico, comunicar presença de edema e ingurgitamento de veias e respiração barulhenta);

Registrar alterações nos SSVV;

Observar quanto a seguir dieta conforme prescrição, quanto a quant/qual;

Promover ambiente tranquilo;

Estimular autocuidado e autoestima;

Esclarecer duvidas quanto a diálise. IRA (Insuficiência Renal Aguda) É a perda súbita e quase completa da função renal devido a fatores desencadeantes como redução no volume sanguíneo, traumatismos, septicemias, desidratação, hipersensibilidade, cálculos renais, embolia, trombose, choque anafilático e transfusões de sangue incompatível. Geralmente é reversível. Existem três fases: # Fase oligúrica = volume urinário de 400 a 600ml/24h, com elevação dos níveis de uréia, creatinina, ácido úrico, potássio e magnésio no sangue. Dura em torno de 10 dias. # Fase diurética = volume urinário ultrapassa 500ml/24h, não significa recuperação total do rim; # Fase de recuperação = lenta, pode durar de 3 a 12 meses. Permanece uma redução na capacidade de filtração e de concentração de urina. Sinais e sintomas: o paciente sente-se doente, letárgico e sonolento, podendo convulsionar. Tem abalos musculares, náuseas e vômitos, pele seca pela desidratação. Aparecem arritmias cardíacas por hipercalemia; anemia é inevitável, em função de perdas sanguíneas e pela diminuição da vida das hemácias. EM AMBIENTE HOSPITALAR – prevenção é prioridade da equipe de Enfermagem – atentar aos sinais!!! Assistência de Enfermagem:

Preparar o paciente para diálise e exames complementares,

Manter cuidados rigorosos com assepsia,

Pesar paciente diariamente,

Manter controle hídrico rigoroso, conforme prescrição e comunicar: edema, ganho de peso, aumento de PA/FC e alterações respiratórias e distensão de veias do pescoço,

Controle rigoroso de gotejo de infusões venosas;

Diluir drogas endovenosas na menor quantidade de líquido possível,

Distribuir a quantidade de líquidos da forma mais regular possível durante o dia,

Dar medicações orais junto com as refeições; as administradas nos intervalos requerem pouca quantidade de água;

Comunicar alterações musculoesqueléticas;

Observar para que a dieta seja seguida conforme prescrição tanto em quant/qual;

Manter repouso no leito, com mudanças de decúbito;

Promover ambiente calmo e tranquilo;

Orientar familiares quanto a colaborar no tratamento;

Esclarecer dúvidas quanto à diálise.

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Fonte: http://www.google.com/imgres?start=528&hl=pt-PT&sa=X&biw=1024&bih=624&tbm=isch&tbnid=dJrzie_vMNdZKM:&imgrefurl=http://www.facebook.com/ONCOBR%3Frf%3D375077255863537&docid=8QsPw9xT95TUDM&imgurl=http://sphotos-a.xx.fbcdn.net/hphotos-ash3/c71.0.403.403/p403x403/529904_350225658424004_2093027794_n.jpg&w=403&h=403&ei=BiZiUbmCF4SJ0QHmu4GgBw&zoom=1&ved=1t:3588,r:37,s:500,i:115&iact=rc&dur=166&page=34&tbnh=192&tbnw=192&ndsp=13&tx=95&ty=81

Referências

ATKINSON, L. D. e MURRAY, M. E. Fundamentos de Enfermagem: introdução ao processo de enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.

CARPENITO, LJM. Diagnósticos de Enfermagem. 13ª ed. Editora: Artmed, 2011.

MOZACHI, N. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 9ed. Curitiba: Os autores, 2007.

SMELTZER, S. C; BARE, B. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem Médico Cirúrgica. Porto Alegre: Guanabara Koogan, 2005.

SOARES, MAM. Enfermagem: cuidados básicos ao indivíduo hospitalizado. Porto Alegre: 2010.

Bom estudo queridos colegas!!! Prof Edaiane