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    INTRODUO (incompleto)

    A proposta desta pesquisa mostrar o papel do Comrcio do Amazonas no discurso deReolu!"o Acreana# $ueremos mostrar como o acontecimento criado pela m%dia e issoai ser tomado como erdade& inclusie serindo de 'ase para liros didticos eestratias pol%tica em rios outros momentos#

    O primeiro cap%tulo uma conte*tualiza!"o te+rico,metodol+ica#O seundo cap%tulo -ala da estratia discursia de .alez e do /ornal Comrcio doAmazonas#O terceiro -ala so're o que n"o -oi dito pelos /ornais para apresentar a estratiadiscursia dos /ornais por uma recorte di-erenciado#

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    1. A inveno do sculo XIX

    1Johann Gutenberg de Maniz criou em aproximadamente 1450 uma prensa grfica. 50 anosdepois, as muinas de impress!o grfica esta"am espa#hadas por mais de 250 regi$es da %uropa ecerca de 1& mi#h$es de #i"ros ha"iam sido impressos, segundo 'sa (rigs e )eter (ur*e +200-. sautores destacam ue ao #ado da p/#"ora e da busso#a, a imprensa pro"ocou grandes mudanas noestado e na face das coisas pe#o mundo.

    Mesmo n!o sendo unnimes, os panf#etos, os #i"ros, os ornais e outras formas de impress!ogrfica esti"eram presentes em, como citou (rigs e (ur*e +200-, acontecimentos rotu#ados como a3eforma, as guerras re#igiosas, a Guerra i"i# ng#esa, a 3e"o#u!o G#oriosa de 166 e a 3e"o#u!o7rancesa de 1869. ' grande contribui!o da imprensa nesses e"entos refere:se ; conuista da opini!opsticas da pa#a"ra impressa e a seu modo de produ!o, difus!o e apropria!o@+ABM)CD, 1999, ). 115-. %ssa no"a pub#icidade atingiria um nsico.

    % mesmo com uma parce#a muito grande da popu#a!o ainda ana#fabeta, era poss>"e# a

    transmiss!o rpida e extensi"a de informa$es para um grande nnio e exp#ora!o de outroshomens, eu acredito ue e#e E =natura#@, ue eus e a natureza criam homens paramandar e outros para ser"ir. +7FB, 2000, p. 11-

    fi#osofo franc?s Miche# 7oucau#t +1989- fa#a ue os reformadores do sEcu#o Kignora"am o dom>nio da opini!o. ' crena era de ue poderia existir uma opini!o autLnoma,independente, uase natura#, baseada numa po#>tica do o#har. =%#es acredita"am ue as pessoas iriamtornar:se "irtuosas pe#o simp#es fato de serem o#hadas@ +7H'HFA, 1989, p. 224-.

    1 ome aui o texto ue foi escrito para o onnepi. 'tE o momento n!o hou"e pub#ica!o.

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    D!o existia, portanto, o conhecimento sobre as condi$es =reais da opini!o, o media, umamateria#idade ue obedece aos mecanismos da economia e do poder em forma de imprensa@+7H'HFA, 1989, p. 224-.

    %ram desconhecidas atE ent!o as estratEgias de manipu#a!o, de dom>nio, a partir de interessepo#>tico:econLmico. esde as primeiras pub#ica$es, os impressos foram usados por grupos uedetinham o poder ou por grupos de oposi!o para defenderem seus pontos de "istas, ou di"u#garinforma!o ue #hes interessa"a. Ceria, portanto, o impu#so de uma guerra de enunciados escritosI uma

    bata#ha de pa#a"ras nos espaos ppio da #iberdade deimprensa, antecipado na ng#aterra, "ai se encontrando, ent!o, tanto na 3e"o#u!o7rancesa uanto no pensamento de Jefferson, ue correspondia aos anseios da3e"o#u!o 'mericana, sintonizando com a press!o burguesa para transferir aimprensa ; iniciati"a pri"ada, o ue significa"a, e"identemente, a sua entrega aocapita#ismo em ascens!o. +C3N, 1999, p. 2-

    essa forma, a #uta pe#o contro#e da impressa era tambEm a bata#ha para disseminar

    ="erdades@ produzidas, est/rias, narrati"as. ito de outra forma, a rea#idade socia# n!o E transmitidape#os orna#istas. ue se transmite, e E imposto, ao receptorO#eitor E uma constru!o dentro do espaopdia n!o pode ser a democracia. Mas usando as pa#a"ras de haraudeau +200-, E o =shoR dademocracia@. ue, por mais incr>"e# ue posso parecer, E necessrio pois,

    S...T o espao prica E comp/sitoI desdobrando:se, a>,prticas di"ersas, umas de #inguagem, outras de a!o, outras de trocas e deorganiza!o em grupos de inf#u?ncia. sso ocorre no mbito de cada uma das tr?sesferas ue constituem as sociedades democrticasI a do po#>tico, a do ci"i# e a dasm>dias. Aais esferas interferem umas nas outras sem ue se possa dizer ua# de#asdomina. 'ssim, os atores de cada uma de#as constroem para si sua pr/pria "is!o do

    espao p

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    S...T nitidamente um mecanismo de poder, intimamente #igado ; produ!o dedeterminados saberes. sso "ai aparecer na pr/pria an#ise de 7oucau#t,uando e#e situa o nascimento do orna#ismo no ambiente da po#>tica doo#har e na sua "erifica!o de como as pginas po#iciais e narrati"as de crimesforam essenciais para a defini!o de uma mora# do po"o e de um conunto desaberes sobre a crimina#idade e a de#inu?ncia. +KGH%F, 2009, p. 4-

    %sse conunto de saberes sobre a crimina#idade E o ue 7oucau#t +2010- chamou de=dispositi"o de saberes@, ue seriam, em princ>pio, operadores materiais do poder, ou sea, tEcnicas,estratEgias e as formas de assueitamento ue o poder uti#iza. Mas esses dispositi"os de poder est!opresentes no discurso e tambEm na prtica. essa forma, pode:se dizer, em resumo, ue o orna#ismo Eum dispositi"o de saber, ue traba#ha com o maneo das informa$es. sso faz "a#er a necessidade deentender o ue E informa!o.

    0#1 In-orma!"o

    e uma forma simp#es, =pode:se dizer ue a informa!o imp#ica processo de produ!o dediscurso em situa!o de comunica!o@ +B'3'H%'H, 200, p.&4-. Do entanto, e#a n!o existe fora

    dos indi">duos, como a#guns obetos da rea#idade materia#, como uma casa, um carro, dos uais suassignifica$es dependem do o#har das pessoas, mas ue suas exist?ncias n!o est!o #igadas ; a!ohumana. nc#usi"e, essa rea#idade materia# E imposs>"e# de ser traduzida pe#as informa$es.

    ' informa!o E uma anuncia!o, portanto, E capaz de produzir saberes, os uais s!odependentes =ao mesmo tempo do campo de conhecimento ue o circunscre"e, da situa!o deenuncia!o na ua# se insere e do dispositi"o no ua# E posta em funcionamento@ +B'3'%'H,200, p. &-.

    'ssim como o orna#ismo, a informa!o E tambEm um mecanismo de "igi#ncia, deadestramento,

    S...T e resta sempre #embrar o u!o o adestramento foi e E sa#utar no mbitoda cu#tura, e ue e#e n!o E id?ntico, por princ>pio, ; doma ou ; domestica!o. adestramento seria como uma fase seguinte, de forma!o do domesticado.

    adestramento permite formar opini$es, contrapL:#as, apreci:#as. % assimcomo tende ; estabi#iza!o, acordo hegemLnico, permite, como demonstrouDietzsche, ue se edifiuem os edif>cios da cu#tura. )ermite o parti#hamentoco#eti"o dos #ugares:comuns, ue indicam uma forma de organiza!o socia#do discurso. +KG%F, 2009, p.1-

    %sse adestramento seria nutrido pe#as "erdades produzidas pe#o orna#ismo dentro de umaconstru!o discursi"a. %m outras pa#a"ras, por meio de uma se#e!o do ue de"e ser mostrado, osmediaprop$em comportamento e apresentam padr$es. sso poder inf#uenciar diretamente na opini!op

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    %nt!o E preciso esuecer a teoria da =ba#a mgica@ ue diz existir uma formu#a perfeita demensagem:meio:receptor. nde se pensa"a ue era poss>"e# fazer com ue a mensagem chegasse aodestinatrio sempre como ha"ia sido pensado pe#os meios de comunica!o, como se os receptoresti"essem uma forma padr!o de decodifica!o, independente de fatores como cu#tura, contexto, etc.

    %ntendido o ue E informa!o, passamos para a necessidade de apresentar uma conceitua!orpida sobre o ue E not>cia. Hm autor interessante para fazer esse esc#arecimento E Aeun '. Kan i*+1990-.

    Para Dijk, a noo de notcia pode ter duas verses. A primeira seria uma conceituao maisgeral na qual notcia seria nova informao. Assim como nas conversas di!rias, em que as pessoasperguntam informaes umas so"re as outras. #$.% &en'o m!s notcias para voc( )D*+, -/, p.-01.

    2 segundo conceito seria uma informao jornalstica, como os te$tos de impressos oudiscursos de programas de r!dio3televiso, que apresentam novas informaes so"re determinadosassuntos, fatos ou acontecimentos. Portanto, a informao 4 uma parte importante do jornalismo, dacomunicao, e se inicia de uma relao dial4tica entre enunciador e enunciat!rio.

    Agora, precisamos entender em que conte$to o jornal Comrcio do Amazonasestava inseridoem -5, so"retudo, no Ama6onas, em pleno auge da e$plorao da "orrac'a no 7orte do 8rasil. #como as informaes foram repassadas com o prop9sito de di6er que os "olivianos, mesmo com aanu(ncia do governo "rasileiro, no poderiam ocupar terras que pelo &ratado de A:acuc'o pertenciam

    a eles.

    0#2 3ronteira em con-lito

    Aratado de 'Vacucho, firmado entre o (rasi# e a (o#>"ia, em 168, aceita"a forma#menteue as terras onde atua#mente E o %stado do 'cre eram bo#i"ianas. documento foi assinado nocontexto da Guerra do )araguai e garantia a neutra#idade dos bo#i"ianos diante do conf#ito.

    )orEm, as terras passam a ser ocupadas por brasi#eiros em busca de no"as regi$es deexp#ora!o de borracha. % com o a"ano do processo de industria#iza!o dos pa>ses da %uropa e os%stados Hnidos e o aumento da demanda da goma e#stica, faz aumentar a ocupa!o da regi!o.

    Do entanto, como ressa#ta Maria JosE (ezerra +200-, a corrida migrat/ria para a 'mazLniafoi mais intensa a partir de 1688. om a =grande seca@ no ear e a escacez de traba#ho, E preciso

    migrar para o extremo Dorte do (rasi#, onde h possibi#idade de traba#har e embarcam no sonho deacumu#ar riuezas nos seringais.

    3iueza mesmo gozaram os grandes empresrios de (e#Em e do 'mazonas. Aone#adas deborracha eram exportadas, na mesma propor!o, "u#tosos #ucros abasteciam as e#ites po#>tico:econLmicas dos dois estados.

    Manaus, capita# do 'mazonas, no auge da produ!o #tex, foi ape#idada de =)aris dosAr/picos@ por causa de sua "ida urbana #uxuosa, baseada nos costumes europeus, sobretudo, franc?s.

    Wuerendo ter participa!o nos #ucros, principa#mente depois da ueda do preo do minErio deprata, principa# produto de exporta!o da (o#>"ia, o pa>s andino, em 1695, rec#ama ao (rasi# umacomiss!o mista para demarcar os #imites entre os dois pa>ses. Comente ap/s essa defini!o, o go"ernobo#i"iano poderia traar suas po#>ticas para a regi!o.

    Cem poder continuar por "rios moti"os, a demarca!o E para#isada. iante do prob#ema,mantEm:se o entendimento firmado em 168. N ent!o uando, encabeado pe#o ministrop#enipotencirio da (o#>"ia, JosE )ara"icini, prop$e a insta#a!o de uma a#fndega no territ/riobanhado pe#o rio 'cre.

    ' proposta E aceita pe#o go"erno bo#i"iano. %nt!o, a primeira ocupa!o E rea#izada no dia 2 deJaneiro de 1699 e "ai permanecer atE &0 de abri# do mesmo ano. urante a perman?ncia da casaa#fandegria, o Go"erno do 'mazonas perde uma grande parte de sua arrecada!o de impostoscobrados na exporta!o da borracha.

    iante da ameaa de preu>zos maiores e sem a possibi#idade de agir ue a ocupa!o dasterras do 'cre tinha a anu?ncia do Go"erno do (rasi#, o go"ernador do 'mazonas, 3ama#ho J

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    ocupa!o bo#i"iana E i#ega# porue as terras em uest!o pertenciam ao (rasi#, com base no princ>piode uti possidetis3.

    %ssa propaganda miditica te"e participa!o de uma figura cua origem E confusa. FuizGa#"ez de 'rias, ta#"ez esse sea o nome de batismo de#e, ser o orna#istas respons"e# por tecer acampanha na imprensa do 'mazonas, do )ar e do 3io de Janeiro, com o patroc>nio do Go"erno do'mazonas.

    personagem traa"a "rias narrati"as sobre e#e nos ornais cariocas, pau#istas e do Dorte do

    (rasi#. 'ntes de chegar em a#gum #ugar, Ga#"ez produzia primeiro sua reputa!o nos ornais. sso fezcom ue, em "rios textos, hou"esse informa$es diferentes sobre e#e.Do entanto, mesmo sendo um indi">duo contro"erso, ser o chefe da =Junta 3e"o#ucionria@

    ue "ai tomar de assa#to a regi!o do 'cre e expu#sar de # os bo#i"ianos. Do #oca# ser proc#amada a3eps. %st iniciado um per>odo defortes campanhas produzidas nas oficinas de tipografia.

    Do mesmo per>odo, a m!o de obra passa a ser especia#izada com tip/grafos portugueses e opoder po#>tico:econLmico entra nas pginas dos dirios,

    =momento em ue comea a emergir na imprensa amazonense tend?nciasuestionadoras de senso po#>tico, impressos de ordem mais panf#etrios,como o Gutembertgde 1691 em uma #inha anaruista, e o Operrio de 1692de cunho pro#etrio@ +CHX', 2010, p. 111-.

    Do fina# do sEcu#o , aumenta mais uma "ez o n

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    Manaus, antes mesmo do fim dos oitocentos, unto a um conturbadoprocesso de reurbaniza!o, presenciaria uma =reauecimento@principa#mente da c#asse baixa e mEdia #oca# +funcionrios pticos, crimes, mortes, densticos em 7oucau#t, a partir de um mEtodo arueo#/gico, buscamosna fi#osofia c#ssica a no!o de escrita #igada ; morte. sso para dizer ue a narrati"a dos gregos ouepopeia, ser"ia para imorta#izar um heroiQ

    S...T era destinada a perpetuar a imorta#idade do her/i, e se o her/i aceita"amorrer o"em, era porue sua "ida, assim consagrada e magnificada pe#amorte, passa"a ; imorta#idadeQ a narrati"a recupera"a essa morte aceita+2001, p. 26-.

    Do #ado contrrio est a narrati"a rabe resumida ao exemp#o dado por 7oucau#t ; c#assica #ile um noites. )ara o autor, a personagem Chehrazade, narra n!o para para sobre"i"er a cada noite.Dumterceiro contexto, o fi#/sofo diz ueI

    S...T nossa cu#tura metamorfoseouQ a escrita est atua#mente #igada aosacrif>cio, ao pr/prio sacrif>cio da "idaQ apagamento "o#untrio ue n!o Epara ser representado nos #i"ros, pois e#e E consumado na pr/pria exist?nciado escritor. ' obra ue tinha o de"er de trazer a imorta#idade recebeu agora odireito de matar, de ser assassina de seu autor +7H'HFA, 2001, p. 29-.

    % ainda, o re#acionamento entre escrita e morte tem outra conseu?nciaI o apagamento dascaracter>sticas indi"iduais do sueito ue escre"e. sso porue o nome do autor deixar de ser #igado aoindi">duo e passa a ser uma categoria uase independente. nome autor assume uma fun!o emre#a!o ao discurso, fun!o de c#assifica!o ue possibi#ita agrupar certo n

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    nome do autor, enuanto categoria, n!o precisa remeter exatamente a a#guEm ue existiu nomundo concreto, na rea#idade natura#, como n!o existiram autores como Bermes Arismegisto eBip/crates.

    %nfim, o nome do autor funciona para caracterizar um certo modo de ser dodiscursoI para um discurso, o fato de ha"er um nome de autor, o fato ue sepossa dizer possa dizer =isso foi escrito por ta# pessoa, ou =ta# pessoa E o

    autor disso@, indica ue esse discurso n!o E pa#a"ra cotidiana, indiferente,uma pa#a"ra ue se afasta, ue f#utua e passa, uma pa#a"ra ue de"e serrecebida de uma certa maneira e ue de"e, em uma dada cu#tura, receber umcerto status. +7H'HFA, 2001,p. 284-

    )orEm n!o E ua#uer um ue pode ocupar a fun!o de autor. D!o pode ser ua#uer indi">duoue escre"e uma carta, redige um antu#o ser poss>"e# perceber como E usado o poder daimprensa para construir imagem p#ia 3odrigues de 'rias, uma das principais da sociedade madri#ena@ +J3D'F MN3, O9O1699-.

    %uropeu, Ga#"ez "em do continente onde a imprensa nasce e toma foras. N a 3e"o#u!o7rancesa, de acordo com iro Marcondes 7i#ho +2000-, a m!e do orna#ismo. %m meio ; =#uta pe#osdireitos humanos@ +2000, p.10- ue essa prtica "ai crescer, disso#"endo e destituindo a aristocracia, asmonaruias e de todo sistema abso#utista da dade MEdia.

    )ossi"e#mente, sea com essa "is!o de orna#ismo ue Ga#"ez cresceu e em seguida "ai ap#ic:#a em suas empreitadas. ue ta#"ez possa somar nessa hip/tese E a data esco#hida para aproc#ama!o da 3ep

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    % tem mais, a m>dia traba#ha no sentido de construir padr$es, e no fina# do sEcu#o ohomem europeu E o padr!o de inte#ectua#idade, E considerado o =moderno@. idea# das e#ites po#>ticasno (rasi#, assim como na 'rgentina, era construir uma na!o baseada na ci"i#iza!o europeia, graasao aporte do imigrante europeu, segundo pesuisa de Mrcio #i"eira +2011-.

    Hm espanho# no (rasi# traria consigo ent!o toda essa carga discursi"a ue o tornaria mode#o aser copiado, o ue, na hip/tese desta pesuisa, faci#itaria sua entrada nas e#ites po#>tico:econLmicas e,sobretudo, na sua constru!o de si mesmo como pessoa pduo@ +%7FH%3 % ('FF:3Z%'B, 199&, p. 299-, como a cu#tura, a estrutura dogo"erno e o pr/prio exerc>cio de poder. comportamento pode ser contro#ado a partir de expectati"associais, da intera!o socia#I

    Aodo grupo a ue pertencemos fam>#ia, esco#a, grupos de traba#ho, umc#ube, ou apenas uma patota informa# de amigos exerce um conunto"igoroso de contro#es sobre n/s. %m a#guns grupos, podemos desgostar cadaminuto da experi?ncia, mas se uisermos permanecer participando teremosde aderir ;s normas do grupo, desempenhar o pape# a n/s atribu>dos,submeter:nos ao sistema hierruico, e concordar com o sistema de contro#e

    socia#. C!o esses fatores externos ue mode#am nosso comportamento asexpectati"as e exig?ncias sociais dos outros e n!o apenas sentimentos,prefer?ncias ou atitudes >ntimas. +%7FH%3 % ('FF:3Z%'B, 199&,p. 299-

    iferente da "ers!o apresentada por Feandro Aocantins +2001- ue diz ue Fuiz Ga#"ez eradip#omata, segundo o re#ato do $ornal do Comrcio, e#e teria estudado no nstituto de Madrid, e aindasem forma!o superior, foi nomeado de#egado do (anco de %spanha, em %er&illa e depois %an%ebastian")ara a sociedade carioca e por onde mais passou, o re#ato sobre a sa>da de#e da %spanha Eespetacu#ar, digno de um roteiro de fi#me ou uma obra #iterriaI

    izia ue tendo tido uma uest!o ue deu #ugar a um conf#ito, no cassino deCan Cebastian, com um sobrinho do sr. 3omero 3ob#edo, ministro da

    gobernacion, foi demitido do cargo, embarcando #ogo ap/s para (uenos'ires. Cabemos, porEm, ue muito gra"es foram os moti"os de sua apressada"iagem... +J3D'F MN3, O9O1699-

    Do entanto, #e"antamos outra hip/tese. )ara arina 7rid de Ci#berstein, no #i"ro Fazer aAmrica' a imigrao em massa para a Amrica (atina, entre 1660 e o comeo da crise econLmica de19&0 na 'rgentina, o pa>s recebeu cerca de dois mi#h$es de imigrantes espanh/is, do uais 0[fizeram assentamento definiti"o.

    's "iagens atE 1695 foram subsidiadas pe#o go"erno argentino ue precisa"a de uma amp#am!o de obra. )ro"a"e#mente, esse foi um fator preponderante para ida de Ga#"ez ; 'rgentina. ssomostra ue o espanho# ta#"ez tenha criado uma no"a narrati"a para si, na ua# n!o E s/ um imigranteue apro"eitou as "antagens de uma po#>tica argentina, mas sim uma fantstica personagem digna dosromances do sEcu#o , pub#icado nas partes inferiores das pginas dos ornais.

    ' primeira "iagem de Ga#"ez para o (rasi# foi em 1691, coincidindo tambEm com a po#>ticade imigra!o, como acontecera na 'rgentina, forta#ecida, de acordo com #i"eira +2011-, com oecreto:Fei n\ 526 +2O09O1690-, o ua# "o#ta"a a afirmar a po#>tica de =atra!o@ aos imigrantesI

    decreto organiza ent!o o ser"io de introdu!o e de #oca#iza!o dosimigrantes na 3ep

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    de terras, o reembo#so, ;s companhias de na"ega!o, dos custos de "iagemdos imigrantes, entre outros. +FK%3', 2011, p. 20:21-

    'ssim como foi para 'rgentina, a imigra!o para o (rasi# era atrati"a e pouco onerosa, ueo custeio da "iagem era pago pe#os go"ernos. Do mais, no so#o brasi#eiro, a po#>tica de "antagens paraos imigrantes ainda inc#u>a terras e outros benef>cios. %ncontrar emprego tambEm n!o seria muitodif>ci# se for #e"ado em conta o "a#or dado ao europeu como o =ci"i#izado@ imigrante.

    om pouco tempo da chegada de#e ao 3io de Janeiro, conseguiu emprego como guarda:#i"rosna oficina dos aruitetos Mora#es de Fos 3ios e 'ntoV. %mprego tota#mente diferente do ue e#e disseter exercido no (anco da %spanha. 7oi dispensado porue teria assinado um contrato em 19 de agostode 1692 para construir um hospita# no 3io de Janeiro, contrato ue n!o foi cumprido.

    %ssa E a primeira not>cia nos ornais brasi#eiros sobre o espanho#. D!o podemos afirmar ue E uma tentati"a de se fazer sueito pcu#o, E contada pe#o $ornal do Comrcioda seguinte formaI

    ado a conuistas amorosas, af"e# no trato S...T e perspicaz foi:#he fci#contrair grande n

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    7ig. 02I J3D'F (3'CF.3ront"o 9rasileiro#DY 490. 14O0O169&. 7onteI

    Bemeroteca igita# da (ib#iotecaDaciona#.

    e acordo com o $ornal doComrcio, comoadministrador da casa de ogos fezuma rede de grandes e poderososamigos,

    aos uais presentea"a a muido, gabando:se sempre de ser generoso emrepartir o seu dinheiro com e#es. )or ocasi!o da re"o#ta foi preso ; ordem dosr. dr. Guido de Couza, ent!o de#egado de po#>cia, de uem se considera"aintimo amigo. 3ompendo uma seis!o na administra!o da ompanhia7ront!o Dacionais, o seu presidente fez acusa$es a Ga#"ez sobre o destino

    dos dinheiros sociais. Ga#"ez procurou defender:se pe#as co#unas da Gazetade Dot>cias, isto em 169&. eixando o cargo ue ocupa"a na ompania,constituio ad"ogado o sr. dr. 7renando Mendes de '#meida para defender:sede uma a!o ue #he mo"eram os seus co#egas de diretoria. +J3D'F MN3, O9O1699 grifo nosso-

    estacamos a frase =Ga#"ez procurou defender:se pe#as co#unas da Gazeta de D/ticias@ paramostrar um exemp#o de como a imprensa era usada pe#o personagem em uest!o. orna#ismotambEm era um espao onde e#e tinha fci# acesso. %mbora a reportagem diga ue Ga#"ez usou aspginas da Gazeta de Notciaspara se defender de acusa$es em 169&, o ano em ue consta esseregistro E 1694, na edi!o de 9 de agostoI

    7ig.0&I G'X%A' % DA]'C. O erdadeiro motio da reuni"o#9O06O1694. 7onteI Bemeroteca igita# da (ib#ioteca Daciona#.

    N interessante ressa#tar o nome de (ernardino Cancifrian, empresrio espanho#, de uemGa#"ez diz receber prote!o como consta no trecho seguinteI

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    7ig.04I G'X%A' % DA]'C. O erdadeiro motio da reuni"o II#9O06O1694. 7onteI Bemeroteca igita# da (ib#ioteca Daciona#.

    %ssa defesa pub#icada na imprensa recebeu destaue aui porue comea a mostrar comoGa#"ez usa"a as pginas de ornais em pro"eito pr/pria. %#e sabia ue os ornais eram e s!odeterminantes na opini!o p

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    Cempre fazendo pub#icidade de seus emprendimentos na imprensa carioca, Ga#"ez ia semo#dando para o pnio de determinados grupos, principa#mente po#>ticos e

    ser"idores p

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    ando pro"as de um atre"imento e de uma fe#icidade sem nome conseguiuue funcionassem os 7ront$es nos dias de semana a portas fechadas porespao de muitos meses, com ci?ncia dos agentes da )refeitura e da pr/priapo#>cia.%ncheu:se, na express!o "u#garQ mas sua ambi!o n!o tendo #imites #e"ou:oa arrendar o 7ront!o do atete e depois o Jardim Xoo#/gico fazendo

    contratos oneros>ssimos e comprometendo grandes somas de dinheiro uee#e merecia faci#mente dos amigos. +J3D'F MN3, O9O1699-

    Hma outra prtica de Ga#"ez era a de fazer os resgistros das suas ati"idades empresariassempre nos ornais, mantendo a ordem indireta nos textos como mostra a nota pub#icada no orna#Cidade do io'

    7ig.08I '% 3. &1O06O1695.DY &01. 7onteI Bemeroteca igita# da (ib#ioteca Daciona#.

    )orEm, pouca coisa ue contrariasse a =fama@ do espanho# tinha espao para pub#ica!o. % oexcesso de informa$es =positi"as@ sobre Ga#"ez fazia eco na opini!o p

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    7ig.06I J3D'F M%3. 5ardim ?ooloico.9O01O169.DY &01. 7onteI Bemeroteca igita# da (ib#ioteca Daciona#.

    Mesmo com a habi#idade de Ga#"ez em manter sua imagem ptico:econLmico, o ue possibi#ita grupos diferentes apresentarem suas fa#asp

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    Dorte da 3ep#iode modo ue Ga#"ez prosperou em "rios neg/cios. rriuieto sempre esempre ambicioso fundou um c#ube, onde se oga"a t!o escanda#osamenteue hou"e mxima neccessidade de fecha:#o. Datura#izou:se brasi#eiro e hpouco tempo escre"endo para esta capita# dizia ue esta"a sofrendo de beri:beri, mas ue apesar disso esta"a disposto a ir atE o fim do mundo se souberue acharia a#i, dinheiro, muito dinheiro_ +J3D'F MN3,O9O1699-

    orna# em ue Ga#"ez "ai se empregar E o Comrcio do Amazonas e n!o AmazonasCommercial. % no seu traeto na imprensa do Dorte, e#e "ai receber um grande apoio de um

    compatriota espanho# chamado Gui#herme Hhtoff.

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    Cegundo o $ornal do Comrcio, Gui#herme Hhtoff nasceu em adiz, formou:se em direito etraba#hou na #ega!o espanho#a, fora da %spanha. )erdeu o cargo depois de uma briga com um oficia#do exErcito austr>aco.

    emitido desse cargo e tambEm pertencendo a fam>#ia respeit"e# na cidadedo seu nascimento, para e"itar escnda#o ou ua#uer outro moti"oparticu#ar, reso#"eu procurar na 'mErica do Cu# meios ue garantissem a sua

    subisist?ncia com mais faci#idade, menos traba#ho com maiores e maisa"u#tados resu#tados. +J3D'F MN3, O9O1699-

    'inda conforme o re#ato do $ornal do Comrcio, a cidade esco#hida por Hhtoff ao sair da%uropa foi (uenos 'ires, capita# da 'rgentina. 7oi onde casou e conseguiu fazer parte da e#itepo#>tico:economica #oca#.

    D!o t!o diferente de Ga#"ez, Hhtoff tambEm pode ter apro"eitado o incenti"o ; imigra!oespanho#a para 'rgentina e (rasi#. +ornal do Comrcioprega:#he adeti"os como =perdu#rio@,=esbanador@ e acrescenta ue fugiu para o 3io de Janeiro, fungindo da fam>#ia de sua esposa.

    Do 3io de Janeiro, foi morar em )etr/po#is, onde conheceu o cLnsu# da 'rgentina, uem oaudaria a acessar os indi">duos das c#asses com maior poder econLmico do #oca#. =3esidindo em

    )etr/po#is, ai fez conhecimento com o sr. dr. JosE )ara"icini, Ministro da (o#>"ia e fci# #he foiinspirar a sua confiana e sua estima@ +J3D'F MN3, O9O1699-. encontro entre osdois foi num assino da cidade.

    Hhtoff, como Ga#"ez, freuenta"a as co#unas sociais da imprensa carioca, como mostra a notaabaixo sobre uma festa no =asino de )etr/po#is@.

    7ig.09I G'X%A' % )%A3)FC. Casino de =etropolis#22O0&O1696. 7onteI Bemeroteca igita# da (ib#ioteca Daciona#.

    )ara"icini, representante do Go"erno da (o#>"ia, nomeou Gui#herme Hhtoff, tenente:corone#do exErcito bo#i"iano, comandante de fronteira e capit!o do )orto de )uerto '#onso.

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    iz Butoff ue na 3ep

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    Butoff 4em poucos dias comeou a #ogo a ma#uistar:se com os empregadose com os pr/prios comandantes de "apores.'trozmente insu#tado por um funcionrio da de#ega!o na presena degrande parte do pessoa#, entendeu desafi#o para bater:se. 'ceito o due#o ;ba#a, marcado e combinado o #oca#, prontos os padrinhos, em "!o apareceuButoff, ue entendeu ue a sua "ida precisa"a di#atar:se mais para gozar omundo e enriuecer faci#mente.

    Butoff conseguiu #e"ar do )ar ou do 'mazonas para o 'cre cerca de 50pessoas de naciona#idade espanho#a entre homens, mu#heres e crianas.Montada a '#fandega desceu )ara"icini do 'cre com Butoff e a#gunsempregados da de#ega!o. +J3D'F MN3, O9O1699-

    %ssa de#ega!o espanho#a pro"a"e#mente E a citada anteriormente, formada por artistas. %ssedado pode pLr em xeue o t!o propagado =patriotismo@ de Ga#"ez e deixa d

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    %ste pape# inspirou:#he e a Ga#"ez a ideia de um no"o p#ano e ent!o Butoffcom a sua pr/pria #etra e ditado por Ga#"ez redigio o ta# acordo ue amprensa do )ar, do 'mazonas e a do 3io, discutiram e de ue o Jorna# doomErcio muito usta e acertadamente mostrou a fantastica "eracidade epro"ou uanto infundados e pueiris eram as apreens$es e os receios uea#guns ornais desta capita# se possu>ram estabe#ecendo desconfianas contraum pa>s amigo, a pesar dos desmentidos formais dos representantes das duas

    na$es postas em ogo. +J3D'F MN3, O9O1699-

    %m suma, ao #ongo deste cap>tu#o foi transcorrida uma narrati"a sobre Fuiz Ga#"ez eGui#herme Butoff. ' proposta, contudo, n!o foi afirmar a "eracidade de tudo ue foi dito, numa formade confrontar a historiografia oficia#izada. ' ideia foi mostrar como o cotidano orna#>stico "ai criando=pessoas p"e# sim, mas o ue E preciso n!o E buscar origens, mas sim entender os processos de #utas, asestratEgias, as tticas.

    %ssa narrati"a produzida por Ga#"ez e Butoff #e"ou a historiografia oficia# a acreditar ue este

    seria o contrato pensado pe#o ministro bo#i"iano 7e#ix 'ramaVo e apresentado ao Go"erno da (o#>"iaem 1901, ou sea, dois anos depois do =documento@ apresentado pe#os espanhois ; imprensa do'mazonas e do )ar.

    %m 1699, o documento do ua# (rasi# e (o#>"ia se detinham era =Commision )oli&ianademarcadora de (imites com el )razil@, como consta na edi!o de &1 de outubro de 1699, do $ornaldo Comrcio" artigo cuo t>tu#o E =' uest!o do 'cre@ dizI

    7oi hontem assignado pe#os srs. Ministros das 3e#a$es %xteriores e o da(o#i"ia o seguinte proecto de protoco##oI='os &0 dias do mez de utubro de 1699, reunir!o:se na cidade do 3io deJaneiro, no )a#acio de tamaratV, Ministros de 3e#a$es %xteriores, orespecti"o Ministro de %stado, Cr. r. #Vnto Maximo de Maga#h!es e o Cr.

    r. Fuiz Ca#inas Kega, %n"iado %xtraordinrio e Ministro )#enipotencirioda 3ep"ia, e, considerando ue, segundo uma exp#ora!orecente, o protoco##o de 19 de 7e"ereiro de 1695, re#ati"o ; fronteira entre osrios Madeira e Ja"arV, n!o se conforma com o Aratado de 2 de Maro de168, de"idamente autorisado pe#os seus respecti"os Go"ernos, con"?m noseguinteI1Y. protoco##o de 19 de 7e"ereiro de 1695 E substituido pe#o presente, e deconformidade com este ser feita a demarca!o da *referida fronteiraIentro de 0 dias contados da presente data cada um dos dous Go"ernosnomear um ommissrio e dous audantes, um dos uaes substituir oomissrio nos seus impedimentos.' commiss!o mixta constituida pe#as duas assim nomeadas "erificar a"erdadeira posi!o da nascente ou da principa# nascente do rio Ja"arV, tendopresentes as opera$es feitas em 1684 na demarca!o entre (razi# e o )er< ea feita em 1698 pe#o apit!o:Aenente 'ugusto da unha Gomes. S...T+J3D'F MN3, &1O06O1699-

    mesmo assunto aparece em duas edi$es do orna# carioca O *aiz, no ano de 1699. 'primeira "ez na edi!o do dia 26 de maro e diz ue o (rasi# ter preu>zo caso n!o haa no"ademarca!o da fronteira com a (o#>"ia e na edi!o do dia 18 de outubro, cuo conte

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    % esse era um assunto muito em "oga na imprensa brasi#eira, na Epoca. )ortanto, seriapro""e# ue um re#at/rio de demarca!o esti"esse na 'duana da (o#>"ia, diferente de um acordo dearrendamento ue s/ "ai comear a ser debatido pe#o ongresso bo#i"iano um ano mais tarde.

    Ce as narrati"as n!o fossem baseadas em informa$es de conhecimento p"e# na Epoca,

    tomando como parmetro o grande n

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    de ogos, moti"o tambEm ue "ai des#ocar o espanho# para os #ugares onde h grande circu#a!o dedinheiro e onde h possibi#idade de montar no"as casas de ogos.

    epois, a situa!o "ai se in"erter, a proposta E descontruir imagens p

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    ue "ai se desenro#ando aos poucos, amiduos armados financiados por umae#ite po#>tico:econLmica do 'mazonas e do )ar. om o t>tu#o =' nossa borracha batizada bo#i"iana@,o artigo foi pub#icado na co#una =%chos do dia@, um espao destinado ; opini!o do redator doimpresso, uma espEcie de editoria#5.

    Cegundo o orna#, dois "apores chegaram a Manaus, no 'mazonas, "indo do rio 'cre, comcarregamento de borracha cua origem n!o era mais brasi#eira, mas bo#i"iana " grande prob#emasobre a mudana no nome de origem da borracha, passando de uma produ!o naciona# parainternaciona#, est na arrecada!o de impostos.

    om a mudana, o go"erno do 'mazonas perderia o direito ; tributa!o do produto exportado.%m apenas dois carregamentos, o %stado do 'mazonas, de acordo como o #e"antamento do peri/dico,perderia cerca de 100I000^000 +cem contos de rEis-. iante da ameaa de perder as riuezasproduzidas pe#a exp#ora!o dos seringais, o Comrcio do Amazonas comea uma campanha dedifama!o dos bo#i"ianos e de ocupa!o da regi!o ue depois "ai ser tornar o %stado do 'cre.

    'tE ent!o, sem ameaas pre"istas, n!o era necessrio preocupar:se com uma rea em #it>gio,mas ue era ocupada por, entre outros, brasi#eiros. artigo diz o seguinteI

    :cos do diaDossa borracha baptisada de bo#i"iana

    s dois

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    mais brazi#eira, se pro"idencias muito enErgicas n!o forem tomadasimmediatamente. Ce assim n!o acontecer, o ue n!o esperamos de"em asdespezas "otadas no oramento de"em ser modificadas no "a#or de6.000Q000^000 tanto uanto deixa o %stado de arrecadar de direitos daborracha do rio 'cre, a#em do a#to )urus. +MN3 'M'XD'C &22O01O1699-

    =sr. ministro bo#i"iano@ ao ua# o artigo do dia 22 de aneiro de 1699 se refere E o ministroJosE )ara"icini. 'ntes da insta#a!o da aduana, e#e era retradado no mesmo orna# como =simpticoministro@, digno de honrarias oficiais, pomposa recep!o. %m no"o contexto, a ocu#ta!o de seu nomen!o E obra do acaso, do descuido, E uma estratEgia de apagamento.

    ' imagem ue antes se tentou construir baseado em a#gum interesse dif>ci# de remontar nestemomento, agora E preciso apagar, fun!o do discurso inuietante para Miche# 7oucau#t +2008-,

    S...T inuieta!o diante do ue E discurso em sua rea#idade materia# de coisapronunciada ou escritaQ inuieta!o diante dessa exist?ncia transit/riadestinada a se apagar sem dtica. % E promo"ida por institui$es ue contro#am,se#ecionam, organizam e redistribuem =certo nsio erueira, como #embra a professora Maria JosE (ezerra +200- consentira aimp#anta!o da institui!o bo#i"iana no territ/rio do 'cre.

    Da mesma edi!o, E pub#icado outro artigo intitu#ado = a#to Juru@. essa "ez, a den

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    s factos criminosos u#timamente praticados no a#to Jur, merecem seriaspro"idencias para porr termo a anarchias ue h muito se nota nesteimportante rio, onde impera o punha# e o assa#to ; soberania (razi#eira, porbando de a"entureiros e contrabandistas peruanos. %ntregamos hoe ;criteriosa atten!o do exc. mo sr. go"erndor do %stado, importantesinforma$es pub#icadas na conceituada =7o#ha do Dorte@, e ue demonstrama necessidade urgente de impedir essa seria de attentados, ue tanto

    preudicam os bons creditos do 'mazonas, restabe#ecendo:se a paz egarantias aos nosso habitantes e o nosso omErcio do interior. %is o ue diza =7o#ha do Dorte@I=)essoa "inda do a#to Juru, referen:nos ue muitos conf#ictos se tem dadonaue##a regi!o desde 26 de no"embro, entre brazi#eiros e peruanos a#idomici#iados. %is como se originaram taes factosI Do dia 2 ou 28 daue##emez certo commerciante brazi#eiro passando por uma barraca, "iu umperuano a espancar barbaramente um mu#her. nter"eio ent!o aue##e nosentido de obstar a deshumanidade, porEm o peruano a nada attendeu. %deixando a mu#her, atirou:se para o brazi#eiro, #anando:o por terra eesbordoando:o crue#mente. Do dia seguinte, dois ou tr?s habitantesbrazi#eiros, scientes do facto, indignaram:se e foram a casa do peruano, ao

    ua# tambEm espancaram tomando assim um desforo pe#o ue soffrera na"Espera o seu compatriota. sto deu:se abaixo da bocca do (reu. ahi ostr?s brazi#eiros dirigiram:se para um #oca# em ue acham:se domici#iadosmais de mi# peruanos, #oca# a ue estes d!o o nome de Ki##a do (reu e ondehasteiam a bandeira do )er< e t?m um go"ernador. %ste, ao ue consta, fezatE distribuir circu#ares, aconse#hando aos seus compatriotas e aosbrazi#eiros, poruanto aue##e territ/rio pertence ao )er"ia

    em 168, s!o in"asores s!o os ="i#$es@Q no outro artigo, cuo t>tu#o E =Do a#to Juru@, a situa!o E

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    opostaI os brasi#eiros in"adem territ/rio peruano e mesmo assim, os peruanos s!o tratados como=errados@, os ue precisam respeitar a =autoridade brasi#eira@.

    essa forma, os textos orna#>sticos do Comrcio do Amazonas"!o mo#dando:se de acordocom os interesses dos empresrios do 'mazonas. '#Em disso, o tratamento dispensado ao go"ernadordo 'mazonas apresenta o #ado para o ua# o peri/dico pendeQ mais uma "ez, o das e#ites po#>tico:econLmicas.

    %nt!o, o pseudoentorno "ai ser mo#dado de acordo com o discurso dominante e as

    genera#iza$es como =brasi#eiros@, =po"o@ fazem apenas parte de uma estratEgia discursi"a. om baseno pensamento de Miche# 7oucau#t +1998- usar termos como =bo#i"ianos@, =brasi#eiros@, =peruanos@, Euma forma de e"ocar um conceito de popu#a!o, =d "az!o a inter"en$es articu#adas@ +7H'HFA,1998, p. 65- por intermEdios do ue e#e chamou de =campanha@, criando estere/tipos ue "!odeterminar, na opini!o ptimas, peruanos e bo#i"ianos sempre como agressores, usurpadores, bandidos.

    's propagandas nazistas mantinham essa prtica para ustificar atrocidades contra os udeus,segundo Banah 'rendt +1969-. orna#ismo faz parte de um conunto de contro#e, uma ferramentacapaz de mode#ar os indi">duos a partir do seu exterior, apontando padr$es =aceit"eis@ decomportamento baseado nos mode#os estabe#ecido por grupo de poder.

    )ara i* +2006-, no orna#ismo =as hist/rias baseiam:se na experi?ncia pessoa# de a#guEm e,#ogo, s!o ="erdadeira@ e oferecem =pro"as@ c#aras para as conc#us$es negati"as@ +J'Z, 2006, p.45-.

    ' maior parte dessas hist/rias re#ata e"entos e a$es de grupos minoritrios. Do entanto, gera#mente,s!o apresentadas como ="io#adora de normas, das metas, dos "a#ores@ 8dos grupo ue est!o inseridosna ordem do discurso como os .ue podem !alar"

    ' proposta E parecer ue a narrati"a de um acontecimento sea um constructo natura# e n!oartificia#. )ara tanto, h sempre a recapitu#a!o de informa$es, um ogo de persuas!o, umamanipu#a!o da opini!o pzesQ o outro seria baseado no marxismo e submetido ;economiaQ os dois t?m em comum a repress!o.

    sso confirma o ue foi dito anteriormente sobre o orna#ismo obedecer a um poder po#>tico:econLmico. )ortanto, n!o h nada de #eg>timo e nobre, como afirma o orna# amazonense, nacampanha de ocupa!o territoria# conhecida a posteriori como =3e"o#u!o 'creana@, mas sim o receiode preu>zos econLmicos. )ara a a#egoria, nas pginas dos ornais, h textos com tona#idade patri/tica,com estere/tipos e todas as estratEgias de constru!o de saberes pertinentes ; pratica orna#>sticacomo "isto no exemp#o anterior.

    texto seguinte, pub#icado no dia 24 de aneiro de 1699, E outra parte da constru!odiscursi"a. )ercebemos ne#e a tentati"a de criar uma crise, uma tens!o, o medo, o receio. ito de outraformaI se cria primeiro uma demanda, depois uma so#u!o. omo ser apresentado neste no"o artigoda se!o =%chos do dia@ o Comrcio do Amazonas"ai no"amente apresentar a possibi#idade de umconf#ito internaciona#. 's pa#a"ras ue abrem o artigo trazem o tom a#armante da reportagemI

    :cos do dia(razi# (o#i"iaGra"e, muito gra"e se nos apresenta a uest!o (razi#:(o#>"ia, ue a encarempe#os #ados da diminui!o enorme ue soffrer!o as rendas deste %stado uerpe#o conf#ictos ue pro"ir!o duma cedencia uase arbitrria de uma"ast>ssima regi!o prodigiosamente rica de S...T futuro, o ue de fato e dedireito E parte ina#ien"e# do territ/rio naciona#.

    %ste pargrafo e o seguinte fazem parte de um texto apresentado na uarta Cemana de omunica!o daHni"ersidade 7edera# do 'cre. 'tE momento da escrita desta disserta!o, o artigo ainda n!o ha"ia sendopub#icado e n!o ha"ia nenhuma resposta sobre uma poss>"e# pub#ica!o, por isso foi usado na >ntegra, como uma

    forma de n!o perder ta# conte

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    a"a#heiros de mxima respeitabi#idade e dos uaes n!o E i#>cito du"idarchegados ha pouco ainda dessa zona, onde s!o proprietrios garantem:nosser muito tensa a situa!o dos nimos dos habitantes da#i ue n!o podemassistir, indiferente e tranui#os ; proeta cedenciaQ accrescendo tambEm ueacham inoportuno e extempornea a funda!o duma a#fndega bo#i"iana,sem estar definiti"amente reso#"ido este assumpto.Ce o go"erno da 3epticosI =na "ers!o deesuerda, os media noticiosos s!o "istos como instrumentos ue audam a manter o sistema capita#istaQna "ers!o de direita, ser"em como instrumentos ue p$em em causa o capita#ismo@ +A3'WHD',2005, 1&-.

    Hma pesuisa sobre os media norte:americanos rea#izada por Berman e homs*V +apudA3'WHD' 2005- fa#a ue os media 1reforam os pontos de "ista do stablis2iment +o poderinstitu>do- de"ido ao poder dos donos dos grandes meios de comunica!o socia# e dos anunciantes@+B%3M'D e homs*V apudA3'WHD', 2005, p. 15-. )ara os autores, isso acontece pe#osseguintes fatoresI

    a- o pape# determinante dos proprietrios dos media e a estreita #iga!o entrea c#asse capita#ista, as e#ites dirigentes e os produtores miditicosQ b- aexist?ncia de um acordo entre persona#idades da c#asse dominante eprodutores miditicosQ c- a tota# concordncia entre o produto orna#>stico eos interesses dos proprietrios e das e#ites. +B%3M'D e homs*V apudA3'WHD', 2005, p. 15-

    essa forma, o ue determina a not>cia E o interesse dos grupos de e#ite, como no caso emuest!o, o go"erno do 'mazonas, os grandes comerciantes e donos de seringais. % e#es precisa"ame"itar ue o territ/rio do 'cre fosse ocupado pe#os bo#i"ianos, assim como tambEm se preocupa"amem serem impedidos de exp#orar as terras do Juru, pertencentes ao )eru, na Epoca.

    %nt!o era preciso tra"ar a bata#ha em duas frentes. Do entanto, como ser "isto adiante, aregi!o do rio 'cre, ter prioridade com a ocupa!o e a proc#ama!o de uma rep

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    Mais uma pro"a do ue dissemos no nosso artigo de domingo, trouxe:nos o"apor =CapueVa@, entrado hontem neste porto, em regresso de sua "iagemao rio )urzos ue pode ad"ir de ta# esca##ada +se %##a se manti"er-, aoomErcio deste %stado e ao do )ar como as a#fndegas dos dois estados,

    nos preoccuparemos opportunamente. +MN3 'M'XD'C,25O01O1699, grifo nosso-

    N not"e# a insist?ncia em manter o discurso de ue as terras onde a aduana bo#i"iana forainsta#ada esta"am em #it>gio, como uma tese ue precisa ser apresentada, defendida e aceita. Mas ointeressante E ue, mesmo em disputa udicia#, como afirma o dirio, a#gumas terras foram "endidas e=#ega#mente@ pe#o %stado do 'mazonas para os brasi#eiros, ou sea, se n!o podia ser ocupada porbo#i"ianos, tambEm n!o podia ser ocupada por brasi#eirosQ a tese n!o E de ue as terras esta"am em#it>gioU omo tais terras poderiam ser compradas ou "endidas se n!o pertencia ainda a nenhuma pa>sUsso demonstra o deseui#>brio entre as partes noticiadas, mais uma "ez.

    '#Em disso, o tratamento dispensado ao go"ernador 3ama#ho J

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    maior importnciaI os conf#ictos ue necessria e ine"ita"e#mente surgir!o,como seuencia natura#issima, da proectada cedencia duma "asta zonaraiana, brazi#eira de facto e de direito. habitante do territ/rio em uest!o, como aui bem informados odissemos, : n!o uer abso#utamente sueitar:se ao dom>nio, ou como me#hor#he chamem, da (o#i"ia, porue nasceu brazi#eiro, porue "i"e e traba#ha no(razi#, porue apenas reconhece e obedece ao pa"i#h!o auri:"erde, : n!o se

    descobrindo perante nenhum outro.amos:#he raz!o porue a cedencia de ue se trata de ser considerada comoum errLneo e precipitado passo, inde"ido, contra todas as normas dopatriotismoQ o territ/rio fronteirio ue por ua#uer accordo se ententa dar,de m!o beiada, ; (o#i"ia, E brazi#eiro, faz parte integrante e ina#ien"e# donosso paiz, n!o ha"endo possibi#idade nenhuma de fazer esta cedencia, sem#e"antar a#tos c#amores, sem occasionar sErios e ine"ita"eis conf#ictos.7e#ismente o caso n!o est reso#"ido definiti"amenteQ h ainda occasi!o e

    ustifica!o para ser denunciado e portanto nu##ificado o accordo contractadoou tratado em ue o go"erno federa# com"em com o da repub#ica bo#i"iana.Destas circunstancias cumpre ao go"erno deste %stado expor c#ara enitidamente a situa!o, nada occu#tando nem ommitindo, e exercendo a

    necessria press!o para ue as coisas "o#tem ; antiga norma#idade.% uma obriga!o patri/tica, aui por certo o criterioso go"erno do %xm.orone# 3ama#ho n!o fa#tar. +MN3 'M'XD'C, 26O01O1699,grifo nosso-

    om base nessa pub#ica!o do dia 26 de aneiro, percebe:se o percurso e a estratEgia do textoorna#>stico, como um enunciado, ue comea com a prob#emtica, ua# seaI o prob#ema dademarca!o de terrasQ a ocupa!o bo#i"iana e a autoriza!o brasi#eira para imp#anta!o da a#fndega.%nt!o h tr?s prob#emticas re#acionadas entre si e ue en"o#"e os go"ernos do (rasi# e da (o#>"ia. Dofina# do texto, h a figura ue "ai so#ucionar as prob#emticas, inc#usi"e, aparece como o sesemitiam para ue piratas ou po"oados de bases inimigas fossem atacadas. %nt!o a uest!o toda estresumida no t>tu#o. artigo comp#eto diz o seguinteI

    Carta de Corso6

    %mbora o ='mazonas ommercia#@ bata pa#mas a tudo ue est fazendo osr. dr. JosE )ara"icini, ministro p#enipotencirio da (o#>"ia e senhor de braoe cute#o no a#to 'mazonas, graas ao indifferentismo do go"erno da Hni!o,para com os cidad!os brazi#eiros e o territ/rio naciona#, continuamos amostrar ao po"o amazonense e ao paiz, de ue a miss!o do sr. ministrobo#i"iano nada mais E do ue dar ;s auctoridades ue est in"estindo nonosso territ/rio, uma carta de corso, ue trar desagrad"eis conf#ictos entreas duas na$es. documento ue em seguida entregamos ao pub#ico, nada mais E do ue uminsu#to aos brios brazi#eiros.

    6 %xp#icar arta de orso

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    oficia#, porEm com as de"idas inter"en$es do autor do artigo. %nt!o o decreto surge com a propostade ser uma ameaa ="erdadeira@ posto ue h um pro""e# documento pub#icado. % isso causa opnico. medo se estabe#ece em cadeia. patr!o teme perder tudo, o empregado teme perder oemprego, o empresrio teme perder seus bens e o chefe de estado teme perder seu cargo. %ssa E maisuma informa!o para manipu#ar a opini!o pcio de poder por ' resu#ta em uma #imita!o da#iberdade socia# de (.%xceto no caso de "io#?ncia f>sica, o poder de ' sobre as reais ou e"entuais

    a$es de ( pressup$e ue ' precisa ter contro#e sobre as condi$escogniti"as das a$es de (, tais como deseos, p#anos e crenas.ndependentemente dos moti"os, ( pode concordar com ' ou aceitar fazer oue ' desea, ou seguir a #ei, as regras ou o consenso de forma a agir deacordo com +os interesses de- '. %m outras pa#a"ras, o poder socia# Egera#mente indireto e age por meio da =mente@ das pessoas, por exemp#o,contro#ando necessrias informa$es ou opini$es de ue precisam parap#anear ou executar suas a$es. ' maior parte das formas de contro#e socia#da nossa sociedade imp#ica esse tipo de =contro#e menta#@ exercidotipicamente por meio da persuas!o ou de outras formas de comunica$esdiscursi"a S...T Dota:se, porEm ue essa =media!o menta#@ do podertambEm deixa espao para graus "ari"eis de #iberdade e resist?ncia

    daue#es ue est!o subugados pe#o exerc>cio do poder. +JZ, 2006, pp. 41:42-

    ' campanha E massi"a e a cada no"o enunciado, uma no"a =ameaa@. Da pub#ica!o do dia 2de fe"ereiro de 1699, o ue E apresentado E o desenro#ar da crise anunciada no orna#. Mais uma "ez,no ue i* +2006- chama de discurso racista da imprensa, os bo#i"ianos s!o apresentados comoarrogantes e s!o acusados de maus:tratos para com os comandantes dos na"ios, como diz o Comrciodo Amazonas'

    :cos do dia(razi# (o#i"ia7omos n/s os primeiros a prophetisar ue a uets!o dos #imites com a(o#i"ia esta"a destinada a originar conf#ictos e desgostos, e infe#izmente ahiest!o os factos a confirmar as nossas tristes pre"is$esQ por mais de uma "ezaui re#atamos a maneira arrogante por ue os funccionarios bo#i"ianostratam os commandantes e tripu#a$es dos na"ios brazi#eiros, impondo:#he ocumprimento dordens "exat/rias e exorbitantes, como se esti"iessem emterrit/rio seu ou em pa>z consuistado_ %ntretanto esses funccionarios, nasua passagem por esta capita#, foram carinhosamente aco#hidos comoirm!os, e das dec#ara$es ue em con"ersa fizeram mostra"am estaranimados de ideias #eaes e amig"eis. )ois bem_ %ssas dec#ara$es

    occu#ta"am prop/sitos pErfidos, eram fementidas.

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    ' pro"a irrecus"e# e irrespond>"e# disso, : possuimo#:a no decreto uehontem pub#icamos e ue com summarias considera$es epigraphamos decorso. D!o h mais escurid!o, n!o h mais periphasesQ tudo E c#aro, tudo Ecathegorico. omtudo E certo ue esse decreto E irris/rio e impatrica"e#porue o exm. Ministro bo#i"iano n!o pode #egis#ar em paiz cua propriedadeainda n!o foi conferida sua na!oQ s. exc. D!o tem compet?ncia para abrira na"ega!o uni"ersa#, rios ue "?m desaguar num outro ue apenas est

    aberto na"ega!o do pa>z em ue corre, o (razi#, pois s.exc. n!o de"edesconhecer ue o Juru E do (razi# e est fechado ao extrangeiro. )ossueacaso s. exc. )oderes para decretar em nossa casaUWua# a auctoridade, ua# o caciue ue #hos arbitrouUomo uer s. exc. Wue os na"ios extrangeiros ue na"egam nos rios 'uirV,)urus e Jacu passem a hastear a bandeira bo#i"iana, arreando a de seuspaizesU nde fica a famigerada #iberdade de na"ega!o, como E ue taes rioss!o considerados abertos na"ega!o, dos paizes amigosU sto E incoehrentee descobre o ardi## empregado.% o decreto de s. exc. Cegue, impondo mu#ta, direitos de tone#agem,co#ocando a na"ega!o #i"re +_- sob uma "erdadeira e pesad>ssima carga,obrigando:a a acceitar a usar uma bandeira, ue pode ser muito boa,

    acreditamo#:o mas ue E extrangeira_ +MN3 'M'XD'C,2O02O1699-

    oncomitante ;s in"estidas contra os "izinhos estrangeiros, o orna# tambEm se auto#egitimaenuanto ferramenta =stico ue diz encabear. Mais uma "ez com o t>tu#o =arta de orso@ inc#usi"e essa era uma prtica comum no orna#ismo praticado no sEcu#o , a partir da pub#ica!ode "rios textos com t>tu#o iguais, e"ocar certa unidade de sentido entre e#es :, as acusa$es contra osandinos s!o postas em prtica.

    )ercebemos, com isso, ue E preciso insist?ncia em determinado assim como um embatedirio ue precisa ser parte do cotidiano, ser natura#izado entre o pdia.% necessrio ue o po"o amazonense #a"re o seu patri/tico protesto peranteo i##ustre sr corone# 3ama#ho Junior, digno go"ernador do 'mazonas e paraisso o con"idamos a reunir:se hoe, s 5 horas da tarde, na redac!o do nosso

    orna#. +MN3 'M'XD'C, 2O02O1699-

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    ' sErie intitu#ada =arta de orso@ permanece. % mais uma "ez, no texto, o ministro bo#i"ianoE apresentado como inimigo pcio do mo"imentoI a sede doComrcio do Amazonas. % uantos aos outros deta#hes, o orna# re#ata assimI

    =ROT:TO'nte:hontem s cinco horas da tarde, era grande a agg#omera!o de po"oem frente ao escriptorio desta fo#ha.Grupos de pessoas commenta"am acremente a estu#t>cia do ministro JosE)ara"icini, "e#ho senhor dengenho, ue num absurdo decreto, insu#tou n!os/ 'mazonas mas o (razi# iteiro.' indgna!o era grande e enorme mu#tid!o de po"o, propa#a medidas"io#entas e immediatas afim de ser dar fim, duma "ez para sempre asins/#itas preten$es bo#i"ianas.e aundo em "ez so#ta"a:se um "i"a enthusiastica redac!o desta fo#hape#a attitude ue assumiu, attitude ue era a#tamente e#ogiada.% certo ue E um tanto immodesto #anarmos estas notas, ue nos s!o emextremo #isongeiras, pub#icidadeQ fazemo#:o porem afim de com toda amin

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    Hma sa#"a de pa#mas aco#heu S...T sendo indescripti"e# a confus!o de "i"as,bra"os, S...T etc, etcQ ue o po"o enthusiasmado, ardendo em puro amorso#ta"a.esfez:se ent!o a reuni!o e animada assim, em grupos iso#ados, oscommentarios, ao decreto do ministro bo#i"iano, sr. JosE )ara"icini n!ocessaram. +MN3 'M'XD'C, 4O02O1699-

    )ercebendo ue a campanha n!o toma"a as propor$es imaginadas, a proposta E intensificarainda mais a campanha ape#ando para boatos de ameaa, para a#armes e atE ameaas de exterm>nioind>gena. % outra "ez o t>tu#o EI

    CARTA D: CORO sr. ministro bo#i"iano, actua#mente no rio )ur"ia@ aparece a a#iana entre ornais do 'mazonas na Epoca.N o momento de uma in"estida mais forte na campanha contra a ocupa!o do 'cre. '#Em de mais umcaso de autopropagando do Comrcio do Amazonas. ' uni!o das empresas de comunica!o E ditadessa formaI

    O A;A?ONA : A 9OEIFIA

    'ttitudes da imprensa amazonenseedemos hoe a pa#a"ra aos nosso i##ustres co##egas da =)atria@ e=7edera!o@, so#idrios com o =omErcio do 'mazonas@, na defeza doterrit/rio naciona# e dos direitos dos brazi#eiros residentes no rio )urtu#o E =%ngraado@. %m tom de escrnio, o

    orna# diz pub#icar um documento ue mostra a fa#ta de estrutura da aduna comandada por bo#i"ianosem )uerto '#onsoI

    :nra!ado%sta (o#i"ia'baixo pub#icamos o officio dirigido pe#o sr. JosE )ara"icini, dictador dasnossas regi$es no 'cre, remettendo s nossas auctoridades a#guns presospara serem guardados sua ordem. officio E engraado e ao p

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    =' 2& de %nero de 99. '# Cenor )refecto de 7#oriano )eixoto. Ceor. )or ordem de# uiz nstructor de esta #oca#idad han sido acturados (enedictoJosE Cabino V Manue# 7rancisco de Couza sindicados em e# asesinatocometido em #a persona de# ue foi asiniano '#a"ares )eneo. Do teniendoaun carce# seguro este puerto ni e# processo conc#u>do para #a eecucion de #asentencia me permito supp#icar a K. C. se sirba recebir#os em #a carce# pase e#prEdiario designado a #/s presos por cuenta de# Gobieno de (o#i"ia V tener:

    #os disposiocion de# arriba endicado uiz em igua#es circunstancias estae#egacion proceder em igua# sentido afim de amparar #/s presos de #austicia.3eitero a K. C. #!s consederaciones de mim meor apprecio como su att.Yseguro ser"idor. ::: JosE )ara"icini.%is as respostas das auctoridades por onde transitaram os presosI=u>zo Municipa# do termo de 7#oriano )eixoto, 2 de aneiro de 1699. idad!o Juiz Municipa# do termo de C. Fuiz da Fabrea. tendo recebido dae#ega!o (o#i"iana o officio ue unto por c/pia e n!o ha"endo nesta "i##aacsa deten!o ue offerea segurana, "os remetto os presos (enedicto JosECabino e Manoe# 7rancisco de Couza, constantes do mesmo officio e maisJo!o )ereira d'#emida presos por auctoridades brazi#eiras pe#o dicto crime

    referido de (enedcito J. Cabino.Caude e 7raternidade. ::: Joauim D. da osta.=Juizo Municipa# de C. Fuiz da Fabrea, 26 de aneiro de 1699. %xm. sr.desembargador hefe de Cegurana )ub#ica do %stado. Aendo o uizmunicipa# de 7#oriano )eixoto me remettido os presos constantes dosofficios ue a este fao untar, afim de serem reco#hidos cadeia destacidade e n!o offerecendo a mesma cadeia a necessria segurana, a#Em deue ressente:se actua#mente de abso#uta fa#ta de commodos, reso#"i fazerseguir para essa capita# os referidos presos.Caude e 7raternidade. 'ristides M. 3eis@.% isto "ai sem commentarios... +MN3 'M'XD'C, 6O02O1699-

    'Federaooutro orna# do 'mazonas faz uma pub#ica!o denunciando ue a campanha doComrcio do AmazonasE baseada em informa$es in"entadas e ue n!o h moti"o para a#arde. ssomostra a bata#ha tra"ada pe#a imprensa em torno do caso das terras do rio 'creI

    :CGO DO DIA(razi#:(o#i"ia' Federao de ante:hontem, em seu editoria# epigraphado, O caso da)oli&iadiz ter:se abstido de manifestar sua opini!o a respeito, por fa#a deinforma!o precisas e cathegoricas e de cua "eracidade #he n!o fosse #icitodu"idarQ ue apenas existe, compro"ado portanto o ue a prop/sitoexpedimos em di"ersos n

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    Do paruete ing#ez, ='ugustine@ "ieram dois engenheiros britnicos,acompanhados de um artista, ue em tempos auxi#iou os engenheirosing#ezes, ue traba#haram na commiss!o de #imites bo#i"iana. ='ugustine@ trouxe o materia# para no"a aduana ue est estabe#ecidano rio )urticas, a difama!o miditica continua. )ara causar pnico, masboatos s!o pub#icados. 'gora h ameaas por parte dos bo#i"ianos de fuzi#amento dos brasi#eiros ue"i"em na regi!o em uest!oI

    9razil e 9oliiaDada sabe:se ao certo o ue se est passando no 'cre, por fa#ta de noticias,"indas desse importante rio.s boatos ue correm h dias nesta capita# s!o gra">ssimos e muito

    ustificados attentos s circunstancias especiais em ue est!o os nossos

    compatriotas, diante das #oucuras do sr. ministro bo#i"iano.%st iniciado o dom>nio do terror, no rio )urus, sendo os brazi#eirosameaados com fuzi#amentos desse dip#omata S...T muito amigo do (razi#. ue de"em fazer os brazi#eiros residentes nessa regi!oU +MN3 'M'XD'C, 16O02O1699- ,

    '

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    ' embarca!o "ai para uitos, no )eru, uando "o#ta para o (rasi#, enfrenta duras cr>ticas porcausa de sua sa>da =furti"a@. )ara Aocantins +2001-I

    ' atitude do comandante Aodd originou muitas cr>ticas e restri$es ; suamiss!o de boa "izinhana, tanto em Manaus como em (e#Em, mormenteuando se soube ha"er o MinistErio do %xercito brasi#eiro concedido anecessria #icena, nos termos do te#egrama en"iado pe#o ministro ao

    Go"erno 3ama#ho Junior. )orEm, a mensagem encontrara o "aso de guerra na"egando o 'mazonas rumo a Aabatinga e uitos, no )eru, antecipando:sede dias ; reso#u!o ministeria#.%m Manaus rea#izaram com>cios ptu#o, Ga#"ez era experiente no uso da imprensa para con"encer aopini!o p"ia, MoisEs Canti"aez, a sua

    ida a )uerto '#onso, no rio 'cre, na ua#idade de representante da fo#hadiria de Manaus, Comrcio do Amazonas. esea"a fazer a#gumasreportagens sobre o assunto, de grande uti#idadeI a a#fndega bo#i"iananaue#e rio. +A'DADC, 2001, p. &01-

    ' c/pia do =acordo@ no ua# os %stados Hnidos seria a#iado da (o#>"ia em caso de conf#itocom o (rasi#, em troca do arrendamento das terras do 'cre, )urus e aco, foi pub#icado na edi!o dodia 9 de unho de 1699.

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    7ig.11I MN3 'M'XD'C. O Acordo 9oliio,Americano#DY 466. 09O0O1699. 7onteI Bemeroteca igita# da (ib#ioteca Daciona#.

    ' pub#ica!o foi tomada na Epoca com desconfiana e n!o foi aceita por parte da imprensa. 'afirmati"a E do pr/prio Comrcio do AmazonasI

    7ig.12I MN3 'M'XD'C. :cos do Dia@ 9razil,9oliia#DY 469. 1O0O1699. 7onteI Bemeroteca igita# da (ib#ioteca Daciona#.

    )ercebemos ent!o com a apresenta!o dos textos ue foram pub#icados no dia a dia do'mazonas e com o entendimento ue os acontecimentos s!o in"en$es da m>dia, podemos percebercomo a estratEgia contra a ocupa!o bo#i"iana na regi!o dos rios 'cre, aco e )urus se deu. Dopr/ximo cap>tu#o, trazemos informa$es com base em re#at/rios e outro peri/dicos ue nos auda aentender o contexto foram das pginas do Comrcio do Amazonas.

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    2# O que os /ornais n"o dizem (incompleto e rascuno)

    Deste cap>tu#o ser apresentado o re#at/rio da Pi#mington fa#ando ue o %stados Hnidoscontrbandia"a minErio em paises da 'mErica Fatina e precisa"a de #i"ro trnsito nos rios da 'mazoniapara conituar essa prtica. ' passagem do na"io de forma furti"a era porue e#es precisa"am de umaeuipe experiente em na"ega!o nos rios amazonicos, em per>odo de estiagem, uando a na"ega!o Ecomp#icada por causa dos bancos de areia.

    utro re#at/rio E o de arrendamento dos rios amazonicos. 's negocia$es s!o com a (o#>"ia e

    com o (rasi#.Kamos apresentar tambEm outros ornais ue contestam o ue o Comrcio do Amazonas

    apresentou.%, por fim, "amos mostrar ue o ensa>sta Feandro Aocantins resignificou o ue esta"a escrito

    nos ornais de 1699 e produziu sua pr/pria narrati"a, inc#usi"e exc#uindo informa$es fundamentaisue #e"ariam a outra compreens!o dos acontecimento. om isso, tambEm uestionamos a constru!ofeita por e#e da figura de Ga#"ez como a#guEm ue denunciou um conf#ito internaciona#.

    Aocantins unta o )oli&ian %6ndicatecom uma arma!o de Ga#"ez e diz ser a mesma coisa.

    a. Leandro Tocantins

    ;eandro &ocantins nasceu em -9es &ocantins. 2s dois pertenciam ? "urguesiaparaense, eram empres!rios ligados ? e$portao e e$trao de "orrac'a no 7orte do 8rasil.

    2 pai de &ocantins fundou na cidade de 8el4m a @asa Aviadora 8ar"osa &ocantins. #letam"4m possua uma frota de gaiolas que trafegavam pelos rios do Par! e do Ama6onas, transportandoprodues de "orrac'a e levando para os seringais mantimentos.

    Ainda muito criana, como nove meses de idade, o ento futuro ensasta, mudouBse com afamlia para o seringal no &errit9rio do Acre, nas pro$imidades de &arauac! em -

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    do prefeito, do jui6, do promotor, do m4dico e o apreo de sua me pelaparteira e a costureira sempre prestativas, entre todos 4 a professora de pianoque &ocantins guardava um afeto especial. Eoi no escrit9rio de sua casa queele se deparou com as o"ras de #uclides da @un'a, fato que nunca oa"andonar!. A rotina nesse microcosmo de relaes s9 era que"rada com ac'egada dos gaiolas ou das c'atas, ponto de contato com o mundo l! fora,que tra6iam as novidades de Ganaus e 8el4m. )C*8#*C2, overno Eederal.

    As edies da o"ra esto sempre ligadas a projetos governamentais de uso da 'ist9ria comolegitimadora do presente. *sso reafirma mais ainda a presena desse livro nesta pesquisa.

    0#4 Tocantins e a campana dos /ornais

    Wua# a ideia deste t/picoU Mostrar ue Feandro Aocantins deu um no"o significado a umacampanha contra a ocupa!o do Aerrit/rio do 'cre pe#o exErcito bo#i"iano. autor "ai costurando suanarrati"a sobre o =n>cio da 3e"o#u!o 'creana@ a partir do ue e#e "ai #endo nos ornais,principa#mente o ue foi produzido pe#o Comrcio do Amazonas, em 1699, dando um sentido outro,

    atendendo a um no"o discurso.%m princ>pio, Aocantins re"e#a o uso da imprensa para con"encer a opini!o ptica da Epoca em ue =7orma!o Bist/rica do'cre@ foi escrita.

    Desta pesuisa, apenas parte do #i"ro =7orma!o Bist/rica do 'cre@ "ai ser uti#izada. 'penasos trechos onde o autor fa#a sobre o pape# da imprensa no con"encimento p"ia.

    Feandro Aocantins mostra em =7orma!o Bist/rica do 'cre@ ue os ornais foramfundamentais na campanha contra a ocupa!o do territ/rio do 'cre pe#o Go"erno (o#i"iano em 1699.Das pginas de impressos como o Comrcio do Amazonas, os grandes empresrios e o Go"erno do

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    'mazonas faziam chegar a todo o (rasi#, principa#mente ao 3io de Janeiro, ent!o capita# federa#,informa$es sobre o 'cre.

    ' narrati"a produzida por Feandro Aocantins tem como fonte principa# o ue era pub#icado naEpoca, mesmo sabendo ue o ue esta"a em ogo era uma estratEgia discursi"a ue se#eciona"a o uede"eria ser apresentado para a opini!o psta com base nos enunciados produzidos no fina#do sEcu#o construiu uma no"a campanha na ua# transformou uma estratEgia discursi"a de um

    per>odo, numa hist/ria epopeica em outro, na atua#idade.Mas o escritor embora muitas "ezes diga ue a moti"a!o de uma =3e"o#u!o 'creana@ tenhasido o patriotismo, e#e re#ata, a partir de cita$es tiradas dos ornais de 1699, moti"os ue n!o s!o#igados aos brios patri/ticos, mas sim moti"a!o po#>tico:econLmica. %#e escre"e o seguinte sobre osmoti"os da campanha contra os bo#i"ianos, baseado no texto copiado da edi!o de 4 de u#ho de 1699,do dirioA *ro&ncia do *ar'

    ' instaura!o da aduana de )uerto '#onso "inha criar dois ma#es para otesouro amazonense. primeiro, a perda de rendas pro"enientes do territ/rioocupado pe#os estrangeiros, inc#usi"e as taxas ue incidiam na borracha emtrnsito por Manaus. segundo, resu#ta"a num prob#ema suti#I como saberse essa borracha procedia, rea#mente, de seringais a#Em ou auEm da #inha

    unha GomesUN o ue manifesta um re#at/rio da iret/ria de 3endas )zos pro"ocados com a imp#anta!o da aduana do go"erno bo#i"iano E parte de uma estratEgia depersuas!o da opini!o p

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    pe#a imprensa carioca. ministro do %xterior, #into de Maga#h!es, #eu anot>cia do $ornal do Comrcioe imediatamente dirigiu uma interpe#a!o ao%ncarregado de Deg/cios da (o#>"ia +A'DADC, 2001, p. 250-.

    Desse trecho percebe:se a rede produzida pe#a imprensa, com a auda de tecno#ogias como ote#Egrafo. 's informa$es eram transmitidas com maior "e#ocidade e isso possibi#ita"a fazer um traetoonde as informa$es produzidas no 'mazonas de"eriam seguir, findando no 3io de Janeiro, sobretudo,

    nos gabinetes ministeriais.utro ponto da campanha miditica E ressa#tado por Aocantins no seguinte trechoI rebate p, portanto, uma uest!o de muita gra"idade a reso#"er eue demanda muito estudo, muita circunspec!o e muito tempo@. assunto esta"a agora entregue ; discuss!o popu#ar. "eneno foiengenhosamente ogadoI cess!o de territ/rio estadua#, coisa ue ia, na certa,bu#ir com as suscetibi#idades c>"icas...' Go"erno do %stado competiaesc#arecer, naue#e instante, as raz$es dip#omticas ue #e"aram o Go"erno7edera# a anuir no estabe#ecimento do porto a#fandegrio. Mas ascircunstncias fizeram:no si#encioso, na expectati"a de #ograr ua#uerpro"eito para o 'mazonas das agita$es popu#ares, do inconformismo dasc#asses comerciais, em p#eno processo de desencadeamento.N de prosseguir:se no conhecimento integra# do artigo de fundo do Comrciodo Amazonas, cuo fim de pre"enir e despertar a opini!o pngua, o comErcio etc., s!o brasi#eiros,deixando de #ado a uest!o da posse ue atE hoe n!o foi contestadaseriamente, nem o podia ser.Da "ast>ssima rea ue se intenta a#ienar em detrimento nosso e embenef>cio da 3ep se recebe com aue # se remete para c +borracha-, ascende a oito mi# contos mi#hares dehomens a mudar de naciona#idade, ou pe#o menos sueitar:se ;s imposi$esde #eis de pa>s estranho, como pro""e# preu>zo de seus interesses,

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    #aboriosamente acumu#ados durante #argos anosU@ +A'DADC, 2001, p.26-.

    'o fa#ar sobre o artigo citado, ressa#ta ue a pergunta fina# E =ma#iciosa@, mas acaba dizendotambEm ue a opini!o de um grupo por trs do Comrcio do Amazonas, E ref#exo de uma opini!optica entreguistado Go"erno 7edera#@.

    sso parece ser contradit/rio, #embrado ue o pr/prio autor re#ata por "rias "ezes a campanhados ornais contra os bo#i"ianos. N como se no mesmo pensamento e#e pusesse seringueiros ue est!oiso#ados no meio da f#oresta, indi">duos de todas as c#asses sociais. omo se o orna#ismo ti"essepoder p#eno sobre uma opini!o gera#. '#go impro""e# como "isto anteriormente.

    s re#atos sobre os ornais e a pub#icidade contra os bo#i"ianos continua, segundo o escritorI

    ecorridos tr?s dia, o mesmo orna# "o#ta ao assunto. 3etifica, para causarmaior efeito, as duas mi# e uinhentas #Eguas uadradas ue supostamente oGo"erno 7edera# pretendia =dar de m!o beiada ; 3ep"ia@.%ram, agora, =cinco mi# e oitocentas #Eguas uadradas, das mais produti"asdo %stado@, uem seriam =desfa#cadas de seus me#hores terrenos produtoresde borrachaQ perder:se: o '#to rio 'cre, uma consider"e# parte do aco e do

    '#to )urus, e demais af#uentes dos rios Juru, Juta> e Ja"ari@.% torna a bater na tec#a de maior sensibi#idade. =ra, E importante ue todaessa riu>ssima zona E habitada por brasi#eiros ue a descobriram e aindahoe a exp#oram, ha"endo ne#a centenas de propriedades, umas, a maiorparte, #egitimidades e demarcadas, outras s/ com t>tu#os pro"is/rios, semue, entretanto, haa aparecido ua#uer rec#ama!o da parte do go"ernobo#i"iano sobre as concess$es de terrenos a#i feitas pe#o nosso Go"erno.@' campanha do Comrcio do Amazonas, a despeito de ha"er #e"antadoce#euma ptica do MinistErio do %xterior brasi#eiro,ser"ia a intuitos contrrios ao ponto de "ista amazonense. Lnsu# da(o#>"ia, exercendo "e#ada inf#u?ncia na reda!o do orna#, ensaia"a uma

    campanha de esc#arecimento, graas ao indiferentismo do Go"erno daHni!o@. +A'DADC, 2001, p. 29-

    ' cita!o mostra mais uma "ez a tentati"a de produzir enunciados em desfa"or do Go"erno(o#i"iano, mas tambEm traz o orna# ue tem "oz contrria ao Comrcio do Amazonascomo sendoreprodutor da opini!o dos bo#i"ianos. ito de outra forma, s!o os ue est!o contra o interesse=naciona#@.

    Da opini!o de Kan i* +2006- as e#ites de poder contro#am a imprensa uando as financia. %imp$e =formas mais ou menos confessa de censura, recorrendo a campanhas de difama!o e outrosmecanismos para si#enciar@ +2006, p. 51- foi feito com o Amazonas Comercial. 'o tach:#o comodefensor dos bo#i"ianos, ap#ica:se a ao impresso o =interdito@.

    =)or isso, em muitos pa>ses ocidentais, basta ue a#guEm sea taxado de comunista, ou comouma pessoa contrria ao nosso tipo de #iberdade ou a um "a#or dominante simi#ar, para serdesua#ificado@ +JZ, 2006, p. 51-.

    abia ao autor uma cr>tica ao embate miditico, n!o a reprodu!o simp#es do ue foi dito naEpoca, tomando a informa!o como tendo seu sentido dado, como a#go transparente, onde por trs n!oha"eria o interesse po#>tico:econLmico.

    %#e reproduz simp#esmente a opini!o ue o Comrcio do Amazonasue acusa oAmazonasComercialde =bater pa#mas a tudo o ue est fazendo o Cr. )ara"icini, Ministro )#enipotencirio esenhor de barao e cute#o no '#to 'mazonas, graas ao indiferentismo do Go"erno do 'mazonas@+A'DADC , 2001, p. 29-.

    inte#ectua# paraense continua reproduzindo os ditos do Comercio do Amazonas'

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    %m certa a#tura, outro e#emento entrou na #ia das discuss$es. 7a#a"a:se naconstitui!o de um sindicato ing#?s, com o fim de exp#orar o territ/rio, sobpatroc>nio da (o#>"ia, ; ua# fa#eciam meios e modos para assegurar o seudom>nio. Comrcio do Amazonasdenuncia a manobraI =Mas, pe#o ue sepretende fazer, c#aro E ue toda essa popu#a!o brasi#eira ficar sueita aodom>nio bo#i"iano, e o produto de sua ati"idade passar a abarrotar os cofres; pro"a de fogo dos banueiros do Cit6, aui representado dignamente pe#o

    sindicato ue citamos. =onc#ui, excitando os seringueiros a tomarematitudeI =7ar:se: isto sem um enErgico e "eemente protesto dos po"os ue"i"em naue#a ferti#>ssima regi!oU N o ue resta "er_@. assunto 'cre empo#ga"a a cidade. espertara:se um sentimento popu#arde defesa do patrimLnio ameaado. om JosE )ara"icini passou a ser "istocomo um intruso, um usurpador, um perigo para integridade naciona#, euando o seu decreto de abertura dos rios 'cre, )urus e aco aos na"ios detodas as bandeiras foi di"u#gado pe#a imprensa, #e"antaram:se "i"osprotestos, taxando:o de um ato de corso. =Wua# a autoridade, ua# caciueue #has arbitrouU@ pergunta o Comrcio do Amazonas.omearam, ent!o,as manifesta$es de rua, dirigidas pe#os estudantes e e#ementos popu#ares, afazer a mobi#iza!o psico#/gica. ' 2 de fe"ereiro, ao ser conhecido aue#e

    decreto, grande ncia do MinistroJosE )ara"icini, "e#ho senhor de engenho, ue num absurdo decreto insu#toun!o s/ o 'mazonas mas o (rasi# inteiro@. not>cirio do meetingdiz ue a=indigna!o era grande@ e o =po"o propa#a"a medidas "io#entas e imediatas,a fim de se dar termo, duma "ez para sempre, ;s ins/#itas pretens$esbo#i"ianas@. deputado %stadua# 3ocha dos Cantos, proprietrio do Comrcio do

    Amazonas, fa#ou ao po"o, de uma das ane#as do prEdio, historiando osacontecimentos, no uais, ="ia correr perigo a integridade da ptria@. )ropLs; mu#tid!o ue se dirigisse ao Wuarte#:Genera# da )o#>cia, para saudar ;sforas do %stado, ;s reda$es dos ornais e, por fim, ao )a#cio do Go"erno,

    onde seria pedido ue se tomasse, com toda presteza e energia, aspro"id?ncias exigidas, com o obeti"o de e"itar iminente di#apida!o doterrit/rio amazonense@.'tE o po#>tico paraense Cerzede#o orr?a, ue se encontra"a em Manaus,co#etando materia# para um #i"ro em cuas pginas ia defender o direito dosacreanos, apareceu na ane#a:tribuna do orna# e =produziu um curto porEmbri#hante impro"iso, freemente de indigna!o@.' passeata cumpriu o roteiro sem incidentes, no sim dobrados mi#itares da(anda de Mcia, interrompendo a marcha nos pontos esco#hidos,uando oradores se fizeram ou"ir, em "ibrantes discursos. % chegaram ao)a#cio do Go"erno, onde o oficia# de gabinete, Aaumaturgo Kaz, na aus?nciado Go"ernador, recebeu o po"o. r. 3ega#ado (atista, instado pe#amu#tid!o, =com rara fe#icidade produziu um bri#hante discurso,estigmatizando o procedimento ousado e inc#assific"e# do Ministro da3ep

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    era brasi#eiro e n!o podia assistir de braos cruzados ; extors!o de umpedao da ptria. com>cio findou em meio de =indescrit>"e# confus!o de pa#a"ras, de "i"as,bra"os e morras, ue o po"o entusiasmado, ardendo em puro patriotismo,so#ta"a. +A'DADC, 2001, pp.20:281-

    %sse #ongo texto reproduzido E todo baseado, em parte, no ue foi pub#icado pe#o Comrcio

    do Amazonas, no dia 4 de fe"ereiro de 1699. %m parte porue, uando E fa#ado sobre o =sindicatoing#?s@, a refer?ncia E ao ue ser chamado posteriormente pe#a historiografia oficia# de )oli&ian%6ndicate. % esse empreendimento s/ comear a ser debatido pe#o Go"erno da (o#>"ia, por meio dafigura do empresrio e ministro, 7E#iz 'ramaVo, em 1901, como e#e mesmo re#ata em seu re#at/rio.

    ue supomos com essa informa!o E ue essa E uma estratEgia do autor para construir suanarrati"a sobre a =3e"o#u!o 'creana@.

    '#Em do mais, curiosamente, durante o e"ento noticiado, parte dos po#>ticos esta"a presentesna reda!o do orna#. ' (anda de Mcia esta"a pronta, pe#o ue parece, para entrar namanifesta!o, aparentando a#go pre"iamente p#aneado, assim como parece cuidadosamente pensada achegada do go"ernador, no momento fina# do protesto.

    s resu#tados defendidos por Aocantins est!o presentes em outros trechos de sua obra, comoneste trechoI

    ' conduta do Ministro )ara"icini no 'cre repercutiu de maneira desastrosapara os obeti"os da (o#>"ia, principa#mente nas capitais do 'mazonas e)ar. Do 3io de Janeiro, a imprensa tornara:se o porta "oz dos peri/dicosamazLnicosI transcre"ia artigos, not>cias e comentrios sobre as ocorr?nciasno remoto territ/rio. +A'DADC, 2001, p. 261-

    'inda sobre as conseu?ncias das not>cias dos ornais do 'mazonas, sobretudo, o Comrciodo Amazonas, E dito ueI

    %m carta datada de )uerto '#onso, . JosE )ara"icini dirigiu:se aoGo"ernador 3ama#ho Jsticas da be#ona"e ue fundeara noporto ;s horas da tarde do dia antecedente. +A'DADC, 2001, p. 296-

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    ' chegada do na"io de guerra aos rios da regi!o Dorte do (rasi# chamou a aten!o dospopu#ares, como conta Aocantins +2001-. Bou"e "isita!o a be#ona"e. noite foram rea#izadas sess$esde ga#a em homenagem a tripu#a!o, no Aeatro da )az, com a companhia ita#iana omig#io:Ka##a.

    ' sa>da do Da"io de (e#Em para o porto de Manaus E narrada da seguinte formaI

    e (e#Em zarpa a 7ilmingtonpara Manaus, onde aguarda"a igua# aco#hidapor parte do Go"erno e do po"o, sendo bastante "isitada segundo anuncia o

    Comrcio do Amazonas, em sua edi!o de 2 de abri# de 1699. % na capita#amazonense "ai ocorrer o primeiro incidente da sErie de fatos uetur"amente os prop/sitos da mission o! !riends2ip, proc#amados pe#ocomandante Aodd. '> comea o encadeamento de uma hist/ria constitu>da dereta#hos, de suposi$es, de mistErios informes, de afirmati"as e negati"asreticenciosas. +A'DADC, 2001, p. 296-

    o porto de Manaus, o na"io sai furti"amente, ; noite e com os far/is de na"ega!o apagados,de acordo com re#ato de Aocantins +2001-, =mesmo ha"endo so#icitado #icena ao Go"ernador3ama#ho Junior para subir o 'mazonas e este escusado a conced?:#a@. +A'DADC, 2001, p. 299-

    ' embarca!o "ai para uitos, no )eru, uando "o#ta para o (rasi#, enfrenta duras cr>ticas porcausa de sua sa>da =furti"a@. )ara Aocantins +2001-I

    ' atitude do comandante Aodd originou muitas cr>ticas e restri$es ; suamiss!o de boa "izinhana, tanto em Manaus como em (e#Em, mormenteuando se soube ha"er o MinistErio do %xercito brasi#eiro concedido anecessria #icena, nos termos do te#egrama en"iado pe#o ministro aoGo"erno 3ama#ho Junior. )orEm, a mensagem encontrara o "aso de guerra na"egando o 'mazonas rumo a Aabatinga e uitos, no )eru, antecipando:sede dias ; reso#u!o ministeria#.%m Manaus rea#izaram com>cios psico um tanto seco e angu#oso, #ongos bigodes eapar?ncia bem cuidada. Fembra"a a figura de um nobre espanho#, com aue#esrasgos do esp>rito ga#ego. +A'DADC, 2001, pp. &00:&001-

    %mbora o autor n!o cite anteriormente, mas Fuiz Ga#"ez est por trs dos textos contra o

    Go"erno da (o#>"ia. %#e E o respons"e# por fazer a negocia!o das not>cias entre os ornais do

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    'mazonas, do )ar e do 3io de Janeiro. omo um indi">duo ue tem contatos com a imprensa de"rias partes do (rasi#, construir essa rede de comunica!o n!o de"eria ter sido dif>ci#.

    omo ser "isto no pr/ximo cap>tu#o, Ga#"ez era experiente no uso da imprensa paracon"encer a opini!o ptu#o-.

    om Fuiz Ga#"ez acha"a:se em (e#Em precisamente uando ocorreram os sucessosre#ati"os ; presena da canhoneira 7ilmington na 'mazLnia. iz e#e em suas=sinceras e irrefut"eis dec#ara$es ao po"o brasi#eiro@, escritas com e"identeinten!o hist/ricaI ha"er chegado a (e#Em a 16 de fe"ereiro de 1699 a fim dep#eitear unto ao cLnsu# da (o#>"ia, MoisEs Canti"aez, a sua ida a )uerto '#onso, norio 'cre, na ua#idade de representante da fo#ha diria de Manaus, Comrcio doAmazonas. esea"a fazer a#gumas reportagens sobre o assunto, de grande uti#idadeIa a#fndega bo#i"iana naue#e rio. +A'DADC, 2001, p. &01-

    Dota:se ue Feandro Aocantins a essa a#tura da pesuisa ha"ia percebido a habi#idade deGa#"ez em uti#izar os ornais para construir narrati"as sobre si mesmo. % isso "ai ser determinante paraproduzir a =3e"o#u!o 'creana@.

    Mas mesmo supostamente percebendo as estratEgias de Ga#"ez, Feandro continua exa#tandota# figura e afirmando ueI

    %#e seria, da> por diante, o personagem centra# de uma passagem ue "eio despertaras aten$es do (rasi# e do mundo para o caso do 'cre. insucesso de suas pretens$es unto ao cLnsu# Canti"aez, antes de cortar:#hes ospassos para a grande a"entura, #e"ou:o mais pr/ximo de#a, pondo:o em contatodireto com figuras representati"as da "ida p"ia #e"ara:o ; presena de Cezerde#o Lrrea, inf#uentepo#>tico paraense, deputado pe#o )ar na mara 7edera#, a uem MoisEs Canti"aezfez sentir, por intermEdio de Ga#"ez, a not>cia de estar a a#fndega de Manausreconhecendo como de proced?ncia estrangeira a borracha exportada pe#a aduana de)uerto '#onso. ' mensagem prendia:se ao fato de a a#fndega negar:se a reconheceros mesmos direitos.S...T ' a#ma sonhadora de ibero e a tenta!o inata pe#as tramas po#>ticas n!o #hepermitiram o a#heamento aos sucessos desenro#ados no 'cre #ong>nuo. %#e pr/prioconfessaI ontinuei traba#hando em (e#Em em tudo uanto se re#aciona"a com apa#pitante uest!o (rasi#:(o#>"ia, e de comp#eto acordo com os re"o#ucionrios do'cre, aceitei a representa!o da unta centra# re"o#ucionria do 'cre, aceitei arepresenta!o da unta centra# re"o#ucionria nos %stado do )ar e 'mazonas.+A'DADC, 2001, pp. &01:&02-

    deputado Cerzerde#o Lrrea E o mesmo ue fez o discurso durante o protesto produzido pe#o

    orna# Comrcio do Amazonas. %ssa E mais uma pista de todo uma rede ue se organiza"a paraproduzir a campanha contra a ocupa!o do 'cre.Muito intrigante E a insist?ncia de Aocantins uanta as =coincid?ncias@, reproduzindo sem

    uestionar o ue Ga#"ez "ai pub#icar posteriormente como sendo a ="erdade@ sobre os acontecimentosue #e"aram a proc#ama!o da 3ep

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    maio de 1699. assunto da inter&ie8, como Fuiz Ga#"ez a c#assificou, segundo omodismo da imprensa francesa, n!o podia deixar de ser o caso da aduana de )uerto'#onso. ponto de sensa!o foi a resposta de . )ara"icini, ao ser interpe#ado seeram exatas ou n!o as acusa$es do Go"ernador 3ama#ho Jrito "i"o, o preparo inte#ectua#, a irmandade da #>ngua e os ancestrais

    comuns captaram a simpatia dos bo#i"ianos. Fogo arrana"a o seu segundo empregoem (e#Em, no onsu#ado da (o#>"ia.Audo "inha fa"orec?:#o. Ceu compatriota Gui#herme Hhtoff, omandante:Gera# dafronteira em )uerto '#onso, e acompanhante do Ministro JosE )ara"icini nessa"iagem a (e#Em, con"ida:o, um dia, para a#moarem untos no Bote# do omErcio.%m dado momento, unta:se aos dois o bo#i"iano Fadis#au barra, administrador daaduana de )uerto '#onso, ue azedamente comeou a criticar Hhtoff e o Ministro)ara"icini por estarem negociando =ao estrangeiro uma parce#a de sua ptria, a(o#>"[email protected] Ga#"ez pressentiu a#go de muito sErio naue#a s"ia era incapaz para conser"ar, sozinha, aue#es territ/rios@. +A'DADC,2001, p. &04-

    recorte copiado de =7orma!o Bist/rica do 'cre@ E baseado na edi!o do dia 24 de aneirode 1900, do Dirio de Notcias, peri/dico com sede no 'mazonas. De#e, a imagem de uem sepretende destruir E do bo#i"iano Fadis#au barra, homem de confiana do )residente da (o#>"ia,Manoe# )ando. %#e metera:se numa desa"ena com Hhtoff e tornara:se um prob#ema para os p#anosdos espanhois.

    utra caracter>stica desse recorte de texto est nos deta#hes da narrati"a pub#icada por Ga#"ez

    e reinterpretada por Feandro Aocantins. Hhtoff E retratado como ">tima de barra. % na briga entreambos, deixam =escapar@ um comp#L internaciona#, en"o#"endo o go"erno bo#i"iano e o norte:americano. % o mais incr>"e#, Aocantins acredita na =est/ria@ e a pub#ica sem uestionamentos, sem#e"ar em conta a inten!o de Fuiz Ga#"ez ao fazer ta# narrati"a e pub#ic:#a. +%sse trecho ser bemmais exp#orado no decorrer desta pesuisa-.

    %ra muito gra"e o ue Fuiz Ga#"ez acabara de ou"ir. Ceu instinto imaginati"o pre"iuuma "erdadeira conspira!o internaciona#. Wuando Fadis#au barra se afastou do#oca#, e#e inuiriu Hhtoff sobre a "eracidade do caso ue acaba"a de ser denunciado.btendo confirma!o, Ga#"ez procurou saber dos deta#hesI com efeito, o Ministro)ara"icini trata"a, secretamente, de ce#ebrar um acordo com os %stados Hnidos,encarregando a e#e, Hhtoff, de estabe#ecer as bases e apresent:#as ao cLnsu# daue#epa>s. texto acordado de"eria seguir para Pashington a bordo da 7ilmington, surta

    no porto de (e#Em, de "o#ta de sua c#andestina "iagem a uitos S...T

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    =e posse de tamanhas re"e#a$es ue tanto afeta"am o (rasi#, minha ptria adoti"a,ue sempre procurei honrar, n!o du"idei em denunci:#as a uem de direitocompetia@, escre"eu depois Fuiz Ga#"ez ue, naue#e mesmo momento, se dirigiuao )a#cio do Go"erno, onde foi recebido pe#o Go"ernador )ais de ar"a#ho, auem comunicou todos os fatos. =Cua %xce#?ncia tomou notas de minhasdec#ara$es e con"idou:me a manifest:#asQ ao Cr. Cenador 'ntLnio Femos, a cuopedido me neguei, pois nunca representei pape# de de#ator, e se comunica"a aoGo"ernador do %stado do )ar o ue descobrira a respeito do acordo americano:

    bo#i"iano, fazia:o cumprindo o de"er ue todo cidad!o est obrigado, tratando:se deneg/cio ue afete a integridade da ptria@. +A'DADC, 2001, p. &05-

    Ga#"ez conta ue com interesse de saber mais sobre o contrato bo#>"io:americano, "o#ta aprocurar Hhtoff,

    com e#e insistiu uma entre"ista ue desea"a obter de )ara"icini. 'mbos dirigiram:se ; resid?ncia do "ice:cLnsu# da (o#>"ia, Fuiz Aruco, onde se hospedara o ministro.Cem tardana, o cLnsu# dos %stados Hnidos anunciou:se na casa do "ice:cLnsu#bo#i"iano, passando imediatamente a conferenciar com Hhtoff@, a uem mostra"aum impresso, ue =soube depois ser o O!!icial epportdo MinistErio das 3e#a$es%xteriores do Go"erno 'mericano@. Desse momento, o "ice:cLnsu# Fuiz Arucoanunciou ue o Ministro )ara"icini se acha"a incomodado, e por isso pedia oadiamento da entre"ista para o dia seguinte. %ntretanto, Hhtoff, chamado aosaposentos ministeriais, # se demora em confabu#a$es, "o#tando ; sa#a para pedir aocLnsu# ZennedV o O!!icial epport e depois no"amente atender ao Ministro)ara"icini.)or fim, sa>ram da casa do "ice:cLnsu# da (o#>"ia, Hhtoff, o cLnsu# ZennedV e FuizGa#"ez, ocorrendo "i"o di#ogo entre os dois primeiros e consu#tas a uma fo#ha depape# trazida do uarto do Ministro )ara"icini. =Dada posso asse"erar sobre acon"ersa!o ha"ida entre aue#es senhores, pois fa#aram em ing#?s, idioma ueinfe#izmente desconheo.@Wuando os dois espanhois ficaram a s/s, Ga#"ez indagou ao companheiro sobre amarcha das con"ersa$es. Hhtoff respondeu:#heI =a muito bem, poruanto o

    Ministro n!o se importa"a do Cr. barra e "ia ue o acordo era a alve6 precisa ser dividida e analisada por partes.*nicialmente, o que temos 4 uma narrativa contada por >alve6 no jornal ama6onense A Repblica.7ela, a narrativa fala das "ases de um contrato de arrendamento do territ9rio do Acre ao governonorteBamericano.

    Gas o que queremos destacar 4 que esse te$to em que &ocantins se "aseia ainda est! dentro doprojeto de difamao dos "olivianos e do jogo de informaes que o"jetivava influenciar na opiniopH"lica.

    2 que entendemos 4 que esse acordo foi uma inveno de >alve6 e 'toff e que &ocantinsutili6ou para montar sua narrativa so"re a 'ist9ria do Acre. #$iste o relat9rio da Wilmington so"re osmotivos da viagem pelos rios do 7orte "rasileiro, o que o autor no cita, informao que ajudaria a

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    entender a estrat4gia usada por ;ui6 >alve6 para criar um mal estar internacional, a partir daimprensa.

    2utra coisa que no falada 4 a crtica sofrida por essa estrat4gia nos outros jornais da 4poca.Assim, quem promove o silenciamento 4 o pr9prio &ocantins, na "usca de encontrar um sentido l9gicopara sua Kist9ria do Acre. Para manter os feitos 'ist9ricos, como, por e$emplo, >alve6 como um'omem a servio do 8rasil, capa6 de denunciar um complI internacional.

    #ssas questes sero aprofundadas nos pr9$imos captulos. >alve6, enquanto sujeito produtor

    de informaes jornalsticas e a campan'a do Comrcio do Amazonas, a partir da reproduo e an!lisediretas dos te$tos do jornal, sero os temas fundamentais para entender como o jornalismo de -5 secomportava dentro de um determinado discurso e como ele 4 resiginificado posteriormente pela'istoriografia oficial.

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