Tfc II Samantha - Final
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Trabalho Final de Curso defendido em 07/06/2015. 1
Estudo do dimensionamento de elementos tracionados e comprimidos
segundo a nova norma de estruturas tubulares ABNT 16239:2013
Samantha Leo Souza Domingues.1;
Graduando, Pontifcia Universidade Catlica de Gois, Goinia, Gois, Brasil
Juliano Geraldo Ribeiro Neto.2
Professor MSc., Pontifcia Universidade Catlica de Gois, Goinia, Gois, Brasil
RESUMO: O objetivo deste artigo destacar a importncia de se ter uma norma atualizada para o avano
consistente da construo metlica com perfis tubulares no Brasil. Fornecendo diretrizes fundamentais e as
principais diferenas e novidades em relao ABNT NBR 8800:2008. Independentemente de todas as suas
virtudes, por ser uma norma geral, a ABNT NBR 8800:2008, no contempla de forma precisa diversos aspectos
do desempenho dos elementos estruturais tubulares. Que o caso do valor da fora axial resistente de barras
submetidas a fora axial de trao para o estado-limite ltimo de ruptura da seo lquida, e tambm do valor da
fora axial resistente de barras axialmente comprimidas para o estado-limite ltimo de instabilidade. Foi feito um
estudo sobre o procedimento de clculo do coeficiente de reduo da rea lquida, de barras axialmente
tracionadas e do procedimento de clculo do fator de reduo associado resistncia compresso, de barras
axialmente comprimidas, para ambas as normas. E analisado os benefcios que esse novo formato ir agregar e
contribuir para o uso dos perfis tubulares nos projetos de estruturas de ao no nosso pas.
Palavras-chaves: estruturas de ao, perfis tubulares, dimensionamento.
rea de Concentrao: 05 Estruturas Metlicas
1 INTRODUO
A utilizao de perfil de seo transversal tubular na
construo metlica encontra-se em crescimento no
Brasil devido a vantagens, tais como, alta resistncia
toro, a cargas axiais e aos efeitos combinados.
Associados s vantagens, encontra-se os aspectos de
arrojo e modernidade que proporciona diversidades
de projeto.
Atualmente a NBR 8800:2008 abrange de forma
ampla o projeto de estruturas de ao e mistas de ao
e concreto. Porm, como se trata de uma norma
geral, no contempla com preciso algumas
particularidades de comportamento das estruturas
com perfis tubulares.
Nesse contexto, surge a NBR 16239:2013 Projeto de estruturas de ao e de estruturas mistas de ao e
concreto de edificaes com perfis tubulares.
Mesmo em situaes de comportamento dos perfis
tubulares para as quais a nova norma contm
procedimentos mais precisos, os procedimentos da
NBR 8800:2008 podem continuar sendo utilizados.
Trata-se de uma norma atualizada, que adota como
principais referncias as normas europeias EM
1993-1-1:2007 e EM 1994-1-1:2007, a norma norte
americana ANSI/AISC 360-05 e a norma canadense
CAN/CSA S16.1:2003, que tem contribudo muito
para o avano da construo metlica e mista no
Brasil. Nas situaes onde se achou necessrio,
procedimentos foram adaptados realidade
brasileira, buscando tratar com mais consistncia
situaes comuns em nosso pas. Dessa forma, a
NBR 16239:2013 contribuir para o uso correto,
com os detalhes de projeto mais adequados, de
perfis tubulares tanto em estruturas puramente de
ao quanto mistas de ao e concreto.
Entretanto, o projeto de estruturas de ao e mistas
com perfis tubulares apresenta dificuldades que
podem prejudicar o uso desses perfis. Afirma-se,
inclusive, que muitas vezes adota-se perfis de seo
aberta por esses terem questes j h muito
resolvidas com certificao e confiabilidade.
Assim, uma norma brasileira de estruturas tubulares
tem o mrito de esclarecer como considerar com
consistncia o comportamento das estruturas
tubulares, desde a complexa questo das ligaes at
situaes mais simples, como as das barras
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Pontifcia Universidade Catlica de Gois 2
axialmente tracionadas e comprimidas, de modo
compatvel com as demais normas brasileiras.
2 FUNDAMENTAO TERICA
2.1 Aspectos Gerais
Apresenta-se um grande crescimento no uso de
estruturas metlicas, principalmente em grandes
edificaes como, por exemplo, supermercados,
shoppings, ginsios, aeroportos, como ilustra a
Figura 1.
Figura 1 Shopping Passeio das guas. Fonte:
Arquivo Pessoal (2014).
O ao adapta-se com muita facilidade a outros
materiais, tem grande resistncia, leve e permite a
transposio de grandes vos. Alm disso,
elementos estruturais metlicos podem ser
produzidos em uma grande variedade de tipos e
formas.
A velocidade de projeto, fabricao e montagem
uma das grandes vantagens dos perfis em estruturas
metlicas, que so sistemas industrializados, o que
est tornando perceptvel a troca de estruturas
tradicionais de concreto armado por estruturas
metlicas.
Os perfis tubulares so eficientes quando solicitados
por cargas axiais como, por exemplo, em colunas de
edifcios e em sistemas treliados de coberturas
(Figura 2), em pontes e passarelas.
Figura 2 Aeroporto Internacional dos Guararapes,
Recife. Fonte: Finestra (2005).
Os perfis tubulares circulares podem ser fabricados,
com ou sem costura. Os tubos com costura so
produzidos atravs de chapas que so dobradas e
soldadas no encontro das extremidades, (Figura 3).
Os tubos sem costura so produzidos por processo
de laminao a quente, a formao d-se a partir de
uma barra circular macia de ao, (Figura 4).
Os perfis tubulares retangulares tambm podem ser
fabricados a partir de laminados circulares por
processo de conformao a frio.
Figura 3 Perfil com costura. Fonte: Arajo (2011).
Figura 4 Perfil sem costura. Fonte: Pipe Industry (2011)
2.2 Dimensionamento de Barras Tracionadas
A NBR 8800:2008 contempla o dimensionamento
de barras tracionadas constitudas por perfis
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Pontifcia Universidade Catlica de Gois 3
tubulares. Entretanto, desenvolveu-se uma frmula
distinta para o clculo do (coeficiente de reduo de rea lquida associado excentricidade na
transmisso de carga entre os elementos), atravs de
ensaios laboratoriais e anlises numricas,
utilizando perfis tubulares.
=[1 + (
)3,2
]10
(1)
Onde:
a excentricidade da ligao, igual a distancia do centro geomtrico, G, a cada plano de cisalhamento
da ligao. As Figuras 5 e 6 indicam como esse
parmetro deve ser considerado.
o comprimento efetivo da ligao (esse comprimento, nas ligaes soldadas, igual ao
comprimento da solda na direo da fora axial).
Figura 5 Ilustrao do valor de no tubo circular. Fonte: NBR 16239:2013.
=
2
(2)
Figura 6 Ilustrao do valor de no tubo retangular. Fonte: NBR 16239:2013.
=2+2
4(+)
2
(3)
Sendo o , usado no clculo da fora axial de trao resistente para o estado-limite ltimo de
ruptura da rea lquida, quando a fora atuante
transmitida por meio de uma chapa de ligao
concntrica, como representado na Figura 7.
Figura 7 Tipos de ligao entre a chapa de ligao
concntrica e o perfil tubular. Fonte: NBR
16239:2013.
2.3 Dimensionamento de Barras Comprimidas
A distribuio de tenses residuais na seo
transversal est diretamente ligada fora axial de
compresso e resistncia de barras (quanto menor
tenso residual, maior a resistncia compresso).
Os perfis tubulares laminados a quente ou tratados
termicamente para alvio de tenses, esto entre os
que possuem menores tenses residuais.
Figura 8 Laminao a quente de perfis circulares. Fonte: inspecaosoldagem.wordpress.com.
A NBR 8800:2008 adota uma nica curva de
resistncia compresso para todas as sees
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transversais, a mesma adotada pela norma
americana ANSI/AISC.
A NBR 16239:2013, dentro de seu objetivo de
contemplar com mais rigor o comportamento das
estruturas com perfis tubulares, indica o uso da
curva de resistncia da norma canadense CAN
S16.1:2013, pois foi desenvolvida para perfis
tubulares e alguns outros que sofrem pequena
influncia das tenses residuais na reduo da fora
de compresso.
=1
(1+04,48)
1 2,24 (4)
Onde
o fator de reduo de barras comprimidas
0 o ndice de esbeltez.
3 METODOLOGIA
Este artigo se valeu de pesquisa bibliogrfica para
fundamentar a apresentao da nova norma de perfis
tubulares (NBR 16239:2013 - Projeto de Estruturas
de Ao e de Estruturas Mistas de Ao e Concreto de
Edificaes com Perfis Tubulares). Aps este estudo
foram analisados os principais temas abordados pela
norma, que so de suma relevncia para o
desenvolvimento e evoluo dos projetos de
estruturas de ao e mistas de ao e concreto em
estruturas tubulares no nosso pas.
3.1 Objetivos Gerais
Pesquisar, de acordo com referncias bibliogrficas,
aspectos do desempenho dos elementos estruturais
formados por seo transversal tubular.
Promover um estudo sobre o comportamento
estrutural dos elementos tubulares tracionados e
comprimidos, analisar as consideraes e os
critrios de dimensionamento tratados na NBR
16239:2013.
3.2 Objetivos Especficos
Estudar e avaliar os procedimentos especficos que a
NBR 16239:2013 contempla: coeficiente de reduo
da rea lquida, , de barras axialmente tracionadas e do fator de reduo associado resistncia
compresso, , de barras axialmente comprimidas,
ambos especficos para perfil tubular.
Apresentar e contribuir para o esclarecimento das
melhorias que a NBR 16239:2013 trouxe para as
consideraes e processos de projeto estrutural
metlico, alm de avaliar atravs de anlises
grficas quais as diferenas principais em relao
aos aspectos de dimensionamento.
4 RESULTADOS E DISCUSSO
4.1 Anlise do Coeficiente de Reduo da rea Lquida
Para desenvolver o grfico abaixo, (Figura 9), foram
usados os parmetros do tubo da VMB350, com tc (espessura da chapa de ligao concntrica) de
6,35mm e dimetro do tubo 219,1mm, de acordo
com o catlogo da VMB.
Figura 9 Comparao entre Procedimentos para
Determinao do Valor do Coeficiente . Fonte: Arquivo Pessoal (2015).
Ao analisar o clculo do Ct, pela NBR 8800 observa-se que quando a razo entre o comprimento
da ligao e o dimetro de um perfil tubular circular
(lc/d) for igual a 1,30, o valor do coeficiente varia abruptamente de 0,755 para 1,00, como mostra na
Figura 9, podendo indicar alguma inconsistncia.
Calculando pelo processo da nova norma NBR
16239, chegamos a uma curva mais suave, que fica
mais prxima dos resultados obtidos atravs de
diversas pesquisas por anlises numricas e ensaios
laboratoriais.
4.2 Anlise do fator de reduo da resistncia
Utilizando ambas as normas, NBR 8800:2008 e
NBR 16239:2013, foi traado a curva de resistncia
compresso.
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
0,9 1,1 1,3 1,5 1,7 1,9 2,1
Ct
lc/d
Ct8800 Ct16239
lc/d=1,3
-
Pontifcia Universidade Catlica de Gois 5
Figura 10 Curva de resistncia compresso. Fonte: Arquivo Pessoal (2015).
Atravs do grfico acima (Figura 10), observa-se
uma diferena entre os valores da fora axial de
compresso resistente entre os valores do 0 (ndice de esbeltez) 0,2 e 1,2.
Para melhor compreenso de como a nova norma de
tubos pode ser mais eficiente no dimensionamento
dos perfis, foi feito o clculo da resistncia, usando
como base o perfil circular da VMB 350, (219,1mm
x 8,2mm). O clculo foi feito utilizando o fator de
reduo de barras comprimidas calculado para
ambas as normas, e foi observado que na NBR
8800, esse perfil era subdimensionado, ou seja,
constatou-se que os perfis resistem mais do que
realmente era calculado pela NBR 8800.
Figura 11 Grfico resistncia x ndice de esbeltez. Fonte: Arquivo Pessoal (2015).
Figura 12 Comparativo do clculo de resistncia.
Fonte: Arquivo Pessoal (2015).
Traando-se um grfico da variao da resistncia
entre as duas normas, em funo do ndice de
esbeltez reduzido, observa-se a curva da Figura 12.
Verifica-se que com a NBR 16239:2013 tem-se um
crescimento das diferenas entre as resistncias, at
atingir um ganho mximo de 13% em relao ao
dimensionamento pela NBR 8800:2008, que ocorre
para o ndice de esbeltez igual a 0,7. A partir desse
valor observa-se uma reduo gradativa dessa
diferena at atingir um 0 de 1,4. Nesse ponto h uma inflexo na curva, que volta a aumentar a
diferena entre os valores at se estabilizar em 13%
prximo esbeltez de 3,0.
5 CONCLUSES
Pode-se concluir que apesar da NBR 8800:2008
abranger de forma ampla o projeto de estruturas de
ao, a nova norma NBR 16239:2013 apresenta com
preciso algumas particularidades de
comportamento das estruturas tubulares.
Como mostrado neste trabalho, os procedimentos de
clculo dos valores do coeficiente de reduo da
rea lquida de barras axialmente tracionadas
conduzem a uma curva mais suave, que reproduz
com mais fidelidade os resultados numricos e
experimentais obtidos em diversas pesquisas.
Os valores mais precisos do coeficiente de reduo
da resistncia de barras axialmente comprimidas
conduzem a um dimensionamento mais otimizado,
que pode gerar uma maior economia de material e
tornar o emprego de estruturas tubulares mais
viveis no mercado da construo civil.
6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ABNT NBR 16239:2013. Projeto de estruturas de ao e
de estruturas mistas de ao e concreto de edificaes
com perfis tubulares. Associao Brasileira de
Normas Tcnicas, Rio de Janeiro, Brasil.
00,10,20,30,40,50,60,70,80,9
1
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
0
16239
8800
rea crtica
0200400600800
10001200140016001800
0 1 2 3 4 5
N
0
8800 16239
rea crtica
0
3
6
9
12
15
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
%
0
Comparativo do clculo da resistncia
-
Pontifcia Universidade Catlica de Gois 6
ABNT NBR 8800:2008. Projeto de estruturas de ao e de
estruturas mistas de ao e concreto de edifcios.
Associao Brasileira de Normas Tcnicas, Rio de
Janeiro, Brasil.
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Pimenta, R.J.; Arajo, A.H.M.; Freitas, A.S.; Batista,
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Ligaes de apoio de pilares em perfil tubular.
Construmetal 2010, So Paulo.
Freitas, A.S.; Requena, J.A.V.; Fakury, R.H.; Batista,
E.M.; Pimenta, R.J.; Arajo, A.H.M.(2010). Ligaes
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