Tfg conti camila

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Trabalho final de Graduação Camila ContI Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP 27 de junho de 2011

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  • Este trabalho, alm das razes acadmicas, foi produto de diversas motivaes pessoais. Aplicar o conhecimento que obtive ao longo dos anos que passei na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em um projeto que envolve minha cidade natal foi algo recompensador. Deste modo, agradeo primeiramente a meus pais. A eles tenho meu carinho e gratido eternos por terem me garantido, com seus sacrifcios, os meios materiais e os incentivos para eu poder cursar a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na USP. Agradeo tambm ao Professor Alexandre Delijaicov, no apenas por suas orientaes tcnicas, mas principalmente por sua postura e princpios sobre a atuao do profissional Arquiteto e Urbanista dignos de minha admirao.Agradeo s minhas irms, e aos meus familiares, especialmente a minha tia Antnia, que tantas vezes me ajudou com grande entusiasmo durante a execuo deste trabalho.Agradeo tambm aos meus amigos queridos que tanto me incentivaram. Especialmente Mariana, Maithy e Marlia, que me ajudaram nesta reta final do trabalho. E a Rodrigo, pelo companheirismo e pacincia.Por fim, agradeo a todas aquelas pessoas de Socorro que tiveram disponibilidade imensa em colaborar com o trabalho. Destaco aqui Hermenegildo Tardelli Carneiro e Luiz Silva Pinto, do projeto Piracema, pela disponibilizao de materiais e acompanhamento durante o percurso de barco pelo Rio do Peixe.

  • NDICE

    UMA INQUIETAO UMA VONTADE: A CIDADE E O RIO 4DAS FORMAS DE ABORDAR O PROBLEMA 11MEMRIA DO ASSENTAMENTO URBANO A CONSTRUO DA PAISAGEM FLUVIAL 14DOS PLANOS DIRETORES 22A IMAGEM DA CIDADE 23 A CIDADE DOS BAIRROS

    A CIDADE DO COMRCIO E SERVIO 24 A CIDADE DOS ESPAOS REPRESENTATIVOS

    A CIDADE DA CULTURA

    A CIDADE DO LAZER E DO CIO

    ORLA FLUVIAL PERCURSO 31PROPOSTA DE ESTRUTURAO 33 DO SISTEMA VIRIO E TRANSPORTE

    A REESTRUTURAO DOS ESPAOS PBLICOS E EQUIPAMENTOS URBANOS A PARTIR DO RIO 44O PROJETO 44 A REAPROPRIAO DAS GUAS

    AS INTERVENES PROPOSTAS 54 LISTA DE REAS DOS PROGRAMAS ARQUITETNICOS PROPOSTOS 72 CORTES GERAIS 75REFERNCIAS 79

  • 4UMA INQUIETAO-UMA VONTADE: A CIDADE E O RIO

    Imaginar significa recordar aquilo que a memria escreveu dentro de ns e p-la em confronto com as exigncias e as condies ao nvel de sua real complexidade, e por fim restitu-las na simplicidade oblqua do

    projeto

    (GREGOTTI apud SIZA, 2009)

    No h como deixar de lado aqui tudo o que este trabalho representa do ponto de vista emocional. Como o ritual de fechamento de um ciclo que se iniciou quando sa de minha cidade, Socorro, em 2003, para cursar Arquitetura e Urbanismo, na capital de So Paulo.

    Anos se passaram e agora me sinto pronta para voltar a Socorro, devolver cidade tudo o que ela me forneceu de experincia, para fincar minhas razes, reviver minhas memrias.

    E no h nada melhor que trabalhar sobre o que, a cada retorno, me trouxe uma inquietao. O que fazer para que, no desenvolvimento de Socorro, no sejam abandonadas suas virtudes mais notveis: seu patrimnio ambiental e cultural.

    Uma inquietao e uma vontade, porque considero que a inquietao nos faz presentes no mundo e a vontade nos torna capazes de grandes realizaes. Diante disto busco um meio para sanar essa inquietao e cumprir essa vontade.

    Socorro um Municpio de 36.686 habitantes (IBGE, 2010) que dista 135 km a nordeste da capital do Estado de So Paulo. Estncia Hidromineral, inserida no Circuito das guas que inclui os municpios de Lindia, guas de Lindia, Amparo, Monte Alegre do Sul, Jaguarina e Pedreira.

    Localizado na divisa com o Estado de Minas Gerais, na Serra da Mantiqueira, o Municpio de Socorro encontra-se implantado em uma regio cujo cenrio geomorfolgico extremamente rico. O Planalto Atlntico caracterizado pelos mares de morros com picos arredondados, conformando vales de rios com corredeiras e quedas dgua e a Serra da Mantiqueira faz, na regio, jus a seu nome: de origem na lngua tupi, Mantiqueira significa serra que verte (Maan = serra e Tiquira= que verte). Os afloramentos de gua so abundantes: fontes de guas minerais e nascentes de pequenos e numerosos crregos e ribeires enriquecem a hidrologia do Municpio.

  • 5Encostas da Serra da Mantiqueira visveis a partir da cidade - a Serra de Munhoz e o Pico da Cascavel.

    Destacada no mapa ao lado est a rea urbana do Municpio de Socorro segundo o Plano Diretor Estratgico - 2006

    FONTE: Prefeitura Municipal da Estncia Hidromineral de Socorro (editado pela autora)

  • 6Da topografia no Municpio, destacam-se os principais divisores de gua, as serras que so referncias para a populao em seus deslocamentos pelo Municpio e se destacam tambm em visuais pela paisagem urbana.

    na Serra da Mantiqueira onde nascem os principais rios dos estados de So Paulo e de Minas Gerais. Entre esses rios esto o Rio Camanducaia, que atravessa a zona rural do Socorro, e o Rio do Peixe, que corta a rea urbana do Municpio. Estes dois rios esto inseridos em duas importantes Bacias do Estado de So Paulo: a Bacia Hidrogrfica do Rio Grande e a Bacia do Rio Tiet.

    O Rio do Peixe, objeto deste trabalho, nasce no Municpio de Senador Amaral (MG) e percorre 130 km at desaguar no Rio Mogi-Guau no Municpio de Itapira (SP).

    O Morro do Cristo como conhecido, configura-se como principal barreira expanso urbana, marco na paisagem e mirante turstico.

    O RIO DO PEIXE NA HIDROGRAFIA DO ESTADO DE SO PAULO O RIO DO PEIXE NA BACIA HIDROGRFICA DO RIO MOGI GUAUFONTE: www.sigrh.sp.gov.br

  • 7 Neste ambiente privilegiado do ponto de vista natural, o Municpio de Socorro configura-se como Estncia Turstica procurada por suas fontes de gua mineral e suas paisagens rurais.

    Socorro integra tambm, desde 2004, com as cidades j citadas, o Consrcio Intermunicipal do Plo Turstico do Circuito das guas Paulista, que promove aes conjuntas entre os municpios para o desenvolvimento do turismo da regio que tem se firmado como centro para convenes e eventos e para o desenvolvimento do ecoturismo.

    Mesmo no possuindo historicamente tanta visibilidade e atratividade, se comparado a outros Municpios do Circuito das guas como Serra Negra e guas de Lindia, Socorro tem se estruturado nos ltimos anos como principal plo de turismo de aventura (a prtica de rafting, voo Livre, rappel, entre outros) e vem atraindo um fluxo de visitantes cada vez maior em sua rea rural, aproveitando as corredeiras do Rio do Peixe, suas cachoeiras e os morros da regio.

    O futuro do Municpio de Socorro , portanto, delineado por suas potencialidades ambientais. No entanto, possvel notar que estas potencialidades so mais exploradas como um recurso econmico em detrimento de uma apropriao social dos cidados.

    Desta forma, o turismo de aventura tem sido acompanhado por uma desordenada ocupao da rea perifrica da cidade com loteamentos de chcaras e casas de veraneio. Na zona rural difundem-se empreendimentos tursticos como pousadas e hotis que, apesar da imagem ecolgica associada, nem sempre tm em sua implantao o cuidado em relao ao destino de esgotos, ao desvio de cursos dgua e construo de poos artesianos em reas de afloramentos de guas minerais.

    Alm disso, identifica-se uma discrepncia entre o papel desempenhado pelo turismo nas reas rurais e urbanas do Municpio, que se reflete tambm na diferente relao com a paisagem natural na cidade. Embora o Rio do Peixe seja apropriado como imagem recorrente de identificao de sua populao e de seus turistas, na zona urbana, ele passa de protagonista para coadjuvante, e no se configura como elemento referencial na paisagem urbana. As edificaes na cidade tm seus acessos e fachadas voltados para as ruas e no para o rio, e este, por sua vez, no acessvel por causa das barreiras construdas e da vegetao densa de suas margens. Alm disso, a populao associa a imagem do rio com o risco iminente de inundaes e no se apropria das poucas reas atualmente voltadas para o rio, tornando-as, em alguns casos, locais de depsito de lixo.

    Prtica de canoagem no Rio do Peixe.

    Vista da Rua 13 de maio. O Rio do Peixe passa atrs das construes do lado esquerdo da foto, porm no h sinal de sua presena.

    O Rio do Peixe no trecho da Rua 13 de maio.

  • 8Alm do turismo voltado s guas, Socorro tambm associado h dcadas confeco e ao comrcio de roupas de malha de algodo e tric. Neste contexto, a Feira Permanente de Malhas e o atual centro comercial, Moda Shopping, desempenham um papel importante ao reunir os fabricantes locais. Este equipamento, no entanto, no colabora para a inverso da situao descrita anteriormente. Implantado no limite da rea urbana, ele no estimula os turistas que a frequentam a irem para o centro histrico e cultural da cidade.

    Com relao ao patrimnio cultural da cidade, assiste-se ao desaparecimento de manifestaes culturais tradicionais como as Danas de So Gonalo, a Catira e as Congadas. Somando-se a isso, Socorro no estabeleceu um processo de tombamento eficiente de seus exemplares de arquitetura do final do sculo XIX. Sem identificao da populao com o patrimnio da cidade, os edifcios histricos foram descaracterizados ou demolidos para a construo, por exemplo, de galpes para abrigar lojas de departamentos no centro da cidade.

    Na ausncia de uma imagem representativa para o turismo tambm foram incorporadas solues formais que remetem a tradies culturais de outras regies e cidades tursticas, com construes como Chals, e outras que remetem tradio alem do Sul do pas com construes imitando o Enxaimel.

    possvel notar que, apesar da existncia de equipamentos urbanos destinados cultura, essas estruturas no so utilizadas para encontros cotidianos, mas sim para eventos dispersos e pontuais.

    Moda Shopping

    Feira Permanente de Malhas

    Centro Cultural e Turstico de Socorro, que fica fechado nos finais de semana. Antigo casaro sendo demolido para construo de loja de departamento.

  • 9 Como marcos para a cidade tem-se a Praa da Matriz, a Praa do Frum e da antiga Cadeia (atual Delegacia de Polcia), a Feira Permanente de Malhas, o Mirante do Cristo Redentor, o Recinto de Eventos, o Palcio das guias na Praa Santos Dumont (antiga Prefeitura Municipal e atual Biblioteca Municipal), o Museu Histrico, o Palacete da Cultura (atual Conservatrio de Msica),o Horto Municipal, o edifcio das antigas estaes Ferroviria e Rodoviria, a Usina Velha, o Cine Cavalieri, o Grande Hotel Vergani, a Colnia de Frias dos Funcionrios Pblicos do Estado, o Balnerio dos Funcionrios Pblicos do Estado e os portais no acesso Rodovia Capito Barduno (em direo a Bragana Paulista) e no acesso Rodovia Octavio de Oliveira Santos(em direo a Lindia).

    Como vias de referncias tem-se a Rodovia de Contorno (Rodovia Pompeu Conti) que liga as duas rodovias citadas, a Estrada Municipal do Bairro do Rio do Peixe (Corredor Turstico), a Rua Treze de Maio, a Rua Dr. Campos Salles, a Av. XV de Agosto, a Av. Dr. Rebouas, a Av. Cel. Germano, a Rua Mal. Floriano Peixoto, a Rua Voluntrios da Ptria, a Rua Baro de Ibitinga e a Rua Capito Jos P. Batista de Arajo (Rua do Expresso).

    Portal de sada para Lindia.

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    Os espaos pblicos da cidade, por outro lado, preservam ainda o papel de palco privilegiado dos encontros cotidianos, das atividades de lazer e das manifestaes culturais, mostrando as potencialidades da atuao nos espaos pblicos e equipamentos urbanos da cidade.

    Desta maneira, esse cenrio conduziu possibilidade da construo de uma rede de espaos pblicos e equipamentos urbanos a partir do desenho de um novo papel do Rio do Peixe na malha urbana da cidade, vislumbrando a possibilidade de criar em sua orla fluvial um sentido de lugar apropriado pelos cidados.

    O uso do espao pblico nas manifestaes tradicionais - Procisso na Rua Padre Antnio Sampaio

    Cena de um final de semana em frente Praa da Matriz.

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    DAS FORMAS DE ABORDAR O PROBLEMA

    O ondulado das sebes

    em mim que o tenho

    Jean Wahl - Poms

    (WAHL, apud BACHELARD, 2005, p.31)

    Trabalhar com a cidade em que cresci foi, em um primeiro momento, difcil. Essa dificuldade dizia respeito a se desprender da postura da cidade, de sua populao, ao abordar o problema. Eu fazia parte daquela realidade, ento, como me desprender dela e, alm disso, criar conscincia crtica sobre ela?

    Talvez a dificuldade fosse a mesma de se falar da casa da infncia. As lembranas de proteo e as fixaes de felicidade so constantes.

    No entanto, a memria afetiva da cidade poderia, e acabou sendo, um elemento enriquecedor nas anlises e interpretaes durante todo o processo de trabalho. Lembrar porque eu rejeitava um caminho durante o percurso para a escola, recuperar as tentativas no ptio da escola de ver um crrego escondido atrs do muro, resgatar, a partir das memrias de infncia, as qualidades de um espao hoje desvalorizado.

    Gaston Bachelard, no livro A potica do espao (BACHELARD, 2005), nos fornece uma interessante viso da relao entre memria e espao:

    A memria - coisa estranha!- no registra a durao concreta, a durao no sentido bergsoniano. No podemos reviver as duraes abolidas. S podemos pens-las, pens-las na linha de um tempo abstrato privado de qualquer espessura. pelo espao, no espao que encontramos os belos fsseis de durao concretizados por longas permanncias. O inconsciente permanece nos locais. As lembranas so imveis, tanto mais slidas quanto mais bem espacializadas. (BACHELARD, 2005, p. 29)

    Tentou-se, ento, aproveitar estas qualidades subjetivas do espao.

    Meu papel seria o de tornar objetivas as questes no apenas minhas, mas tambm daqueles que, mesmo no entendendo em um primeiro momento do que se tratava o meu trabalho, perceberam a relevncia do tema e tiveram vontade e disponibilidade imensas de colaborar. Assim foram as primeiras experincias do trabalho, o momento de retomar o contato perdido com a cidade e com sua populao.

    Os contornos surgidos deste contato foram revelando uma realidade bastante desafiadora. Comparada complexidade da escala da metrpole So Paulo, tomada como objeto de estudo durante todo o curso na

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    Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, as questes discutidas para Socorro parecem abrir oportunidades imensas. A inteno, portanto, seria a de colaborar com o projeto e as reflexes, para uma forma possvel de se estabelecer diretrizes de desenho urbano, principalmente em relao aos espaos pblicos de cidades pequenas, no sentido de aproveitar a oportunidade que se tem nessa situao: atuar de maneira mais prxima da populao, dadas as escalas menores.

    No entanto, medida que o trabalho se desenvolvia crescia tambm a conscincia de que todos os conceitos conhecidos durante a graduao, como, por exemplo, o da marca da modernizao com desenvolvimento do atraso destacado por Ermnia Maricato (MARICATO, 2003), tomavam formas precisas e reais bem minha frente e consolidavam a conscincia de que o embrio das questes do urbanismo precrio da metrpole pudesse estar ali, na pequena cidade.

    Pensar Socorro, ento, se tornava pensar uma cidade pequena no interior do Estado de So Paulo, Brasil. Quantas cidades semelhantes a Socorro existem no Brasil? Dos 5.565 municpios do Brasil, 1.055 so classificados pelo IBGE entre 20.000 e 50.000 habitantes (IBGE, 2009), como o caso de Socorro. Esses municpios possuem a obrigatoriedade de um Plano Diretor de Uso do Solo. Quais as condies em que este foi desenvolvido? E o que pensar das cidades com menos de 20.000 habitantes, que representam a maioria no Brasil (3.921 municpios dos 5.565 totais)? Inmeras destas , provavelmente a maioria, possuem um rio atravessando seu ncleo urbano. Ser o rio referncia urbana nestas pequenas cidades?

    O artigo 182 da Constituio Federal de 1988, regulamentado pelo Estatuto da Cidade (Lei Federal n 10.257/2001), estabelece a obrigatoriedade de elaborao de Plano Diretor, instrumento bsico da poltica de desenvolvimento e de expanso urbana, para as cidades de mais de vinte mil habitantes e integrantes de reas de especial interesse turstico. O Plano Diretor deve ser aprovado por lei municipal e tem como principal objetivo garantir o cumprimento da funo social da propriedade urbana e, portanto, assegurar aos cidados a qualidade de vida, a justia social e o desenvolvimento das atividades econmicas.

    O artigo 21 da Constituio Federal de 1988 estabelece que compete Unio instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hdricos e definir os critrios de outorga de direitos de seu uso. A Lei Federal n 9.433/97, instituiu a Poltica Nacional de Recursos Hdricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos. Do mesmo modo, dispe-se de polticas estaduais, sendo o Estado de So Paulo o pioneiro na criao do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hdricos, atravs da Lei Estadual n 7.633/91.

    Entende-se como princpio dos sistemas de gerenciamento de recursos hdricos, estaduais e federal, que a gua um bem de domnio pblico, recurso limitado, dotado de valor econmico, cujo uso mltiplo deve ser viabilizado, priorizando o consumo humano. Soma-se a isso, a noo da necessidade de uma gesto descentralizada e participativa, significando a integrao entre os diferentes usos da gua, suas relaes com o uso e a ocupao do solo, a integrao entre diferentes esferas governamentais (Federal, Estadual e Municipal) e a participao de todos os agentes: sociedade, usurios e governo.

    Como instrumento para alcance destes objetivos propostos, destacam-se os Planos de Recursos Hdricos, como documentos que consolidam o processo de planejamento prvio da utilizao, preservao e recuperao

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    dos recursos hdricos, a outorga de direitos de uso, como meio de assegurar e controlar os direitos de uso desses recursos, os sistemas de informaes sobre recursos hdricos e a cobrana pelo uso da gua, como meio de reconhecer o valor econmico desta e incentivar a racionalizao de seu uso.

    O Sistema Nacional de Recursos Hdricos instituiu tambm a Bacia Hidrogrfica como unidade territorial, colaborando para a gesto descentralizada da gua.

    Decorre do reconhecimento dessas dimenses da integrao/articulao institucional, a ligao estrutural que se faz entre o sistema de gesto de recursos hdricos e os instrumentos de planejamento municipal, estes sim com jurisdio sobre funes pblicas comuns que extrapolam a esfera dos recursos hdricos propriamente ditos e que influenciam diretamente a paisagem e a regenerao ambiental das cidades.

    Neste sentido, TUCCI destaca que, mesmo diante deste avano institucional, os municpios no desenvolveram capacidade institucional e econmica para administrar o problema, enquanto que Estados e Unio encontram-se distantes da realidade do problema, o que dificulta implementar uma soluo gerencial adequada (TUCCI, 2001).

    Propor um projeto para a reestruturao dos espaos pblicos e equipamentos urbanos de Socorro no trecho em que o Rio do Peixe atravessa a cidade torna-se, dessa forma, extremamente relevante, considerando uma proposta mais ampla de estruturao da cidade com base na gesto adequada dos recursos hdricos, na ateno s suas potencialidades geomorfolgicas e em relao s paisagens da cidade e ao patrimnio histrico e cultural de seu povo.

    Diante deste objetivo, ao debruar-se sobre o existente com conscincia do papel de minha memria afetiva e da responsabilidade em relao relevncia do tema para a cidade, a postura tomada foi a de redescobrir a singularidade das coisas evidentes (SIZA, 2009).

    O desenvolvimento do trabalho, inicialmente, se deu a partir de trs abordagens que abriram as seguintes frentes de atuao:

    A primeira frente seria a pesquisa e anlise para a retomada da memria do assentamento urbano e da construo da paisagem fluvial.

    A segunda frente seria relacionada leitura da imagem pblica da cidade, com o intuito de converter o Rio do Peixe em uma referncia urbana.

    A terceira frente, mais prtica, estaria relacionada ao levantamento das condies da orla do Rio na cidade, expandido tambm s orlas de seus principais afluentes.

    Partindo das anlises feitas neste primeiro momento, uma rea especfica foi escolhida para o desenvolvimento de uma proposta de projeto, para que se pudesse atuar de forma prtica diante das questes e problemticas apresentadas.

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    MEMRIA DO ASSENTAMENTO URBANO - A CONSTRUO DA PAISAGEM FLUVIAL

    Este levantamento partiu do estudo dos Planos Diretores do Municpio dos anos de 1959, 1996 e 2006, de materiais iconogrficos e textos descritivos obtidos nos arquivos de algumas famlias da cidade e de materiais disponibilizados por instituies como o Instituto Geogrfico e Cartogrfico do Estado de So Paulo (IGC).

    O objetivo principal desta pesquisa foi trabalhar com a natureza do stio urbano e com suas preexistncias para a proposta do novo buscando reconhecer as potencialidades dadas, a partir do respeito a algumas continuidades no territrio, a espaos configurados e aos equilbrios existentes.

    Enriquecedoras, neste momento, foram as leituras dos textos de Murillo Marx Cidade no Brasil, terra de quem? e Nosso cho: do sagrado ao profano.

    A descrio de Murillo Marx do nascimento e estruturao das cidades brasileiras originadas das terras doadas Igreja e a conformao do stio urbano fortemente regido por seus rituais e suas regras sociais correspondem exatamente s descries dos textos encontrados nos materiais histricos de Socorro. Desta forma, das fases na urbanizao de Socorro destaca-se uma primeira etapa que se inicia com a fundao da aglomerao a partir dos terrenos doados Igreja Catlica, na Praa da Matriz, que guarda at hoje seu papel de espao pblico central na cidade, local de atividades sacras, como missas, procisses e de atividades de lazer. A conformao do stio urbano deixa claro o significado social da Igreja nas cristas do stio urbano, situao privilegiada em relao a qualquer ponto da aglomerao. Encontra-se tambm no stio urbano a estrutura usual descrita por Murillo Marx do conjunto formado pela Igreja Matriz, pela Casa de Cmara e Cadeia, bem como pelas capelas de irmandades religiosas.

    No primeiro mapa, v-se a cidade resultante desta primeira fundao, ainda limitada margem esquerda do Rio do Peixe e do Ribeiro dos Machados.

    Em 1909, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro S.A. estendeu seu ramal de Monte Alegre a Socorro e construiu o edifcio da Estao Ferroviria. A chegada da estrada de ferro impulsiona as atividades ligadas economia do caf na cidade. Dada sua implantao distante do centro comercial da cidade e do acesso dificultado na poca das cheias, a Companhia Mogiana constri uma ponte sobre o ribeiro e uma avenida resguardada das guas das enchentes, Av. Rebouas. A chegada da ferrovia e a travessia do Ribeiro dos Machados marcam, assim, a segunda fundao da cidade que ultrapassa as barreiras oferecidas pelos corpos dgua principais.

    Vale destacar a importncia da ponte histrica e ainda existente da Av. Dr. Rebouas. Alm de ter possibilitado a ligao entre o stio da antiga cidade e a ferrovia, ela guarda a importncia de ter sido a primeira ponte construda em concreto armado no Estado de So Paulo.

    Ilustrao da 1 ponte de concreto armado do Estado de So Paulo. FONTE: FERRAZ, 1985

    Ponte de concreto Av. Dr. Rebouas - situao atual.FONTE: http://www.socorro.tur.br

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    A figura foi obtida pelas descries encontradas nos textos do lbum de Socorro Comemorativo do Centenrio da Indepedncia de 1922-1923.

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    A fotografia fornecida pelo IGC, datada de 1939, possibilita uma visualizao mais clara das duas fundaes da cidade. V-se j consolidados importantes eixos virios. Se compararmos esta foto com a malha urbana atual, podemos observar as continuidades desse territrio, baseadas nesses caminhos histricos. Dos eixos surgidos na primeira fase da estruturao da cidade, antes da instalao da ferrovia, destacam-se a Rua Marechal Floriano Peixoto, a Rua Treze de Maio e a Rua Dr. Campos Salles. Dos eixos surgidos aps a instalao da ferrovia destaca-se alm da Av. Dr. Rebouas, a Av. Coronel Germano, que ligou a Matriz ao novo cemitrio, fazendo a travessia do Rio do Peixe.

    SOCORRO 1939FONTE: Instituto Geogrfico e Cartogrfico do Estado de So Paulo

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    Nos anos seguintes implantao da Ferrovia os novos eixos alm-rio so consolidados e as principais rupturas no processo de urbanizao da cidade de Socorro referem-se ao surgimento de um novo ator na criao da paisagem urbana: o loteador de glebas. No mapa Socorro em 1959, baseado no relatrio para a execuo do Plano Diretor de 1959, nota-se a extenso da rea classificada como urbana em direo aos bairros atuais do Jardim Arajo, Vila Nova e tambm Jardim Nossa Senhora Aparecida (Aparecidinha).

    A terceira fase da estruturao da cidade est relacionada desativao da linha ferroviria, em 1966, e construo da Rodovia de Contorno (Rodovia Pompeu Conti). reas entre o centro urbano consolidado e a rodovia de contorno foram sendo loteadas e novos eixos surgiram para conectar estas reas a esta rodovia. Dos loteamentos do final da dcada de 70 destacam-se o Jardim Jussara e o Jardim Orlandi. A desativao da linha ferroviria trouxe a criao de um novo eixo rodovirio sobre o antigo leito ferrovirio, a Rua Voluntrios da Ptria. Este novo eixo rodovirio consolidou-se como um dos acessos principais da cidade e a ocupao residencial em suas margens, resultante deste processo, acabou sendo precria, mantendo esta condio at hoje.

    Nos anos posteriores destacam-se a consolidao dos loteamentos residenciais internos rodovia de contorno, com uma densidade baixa e o surgimento descontrolado de loteamentos para alm da rodovia.

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    DOS PLANOS DIRETORES

    Sem necessariamente fazer uma descrio dos Planos Diretores aqui citados, destacam-se algumas observaes com o objetivo de dar um panorama geral da natureza dos Planos Municipais j desenvolvidos.

    PLANO DIRETOR DA ESTNCIA DE SOCORRO, 1959 -FAU CPEU Este plano se prestou a uma anlise da ocupao urbana bastante detalhada e proposio coerente em relao ao uso e ocupao dos solo. Sob alguns aspectos, no entanto, este Plano se disps a uma viso distanciada das possibilidades econmicas e tcnicas para a efetivao de suas propostas. A principal proposio deste plano que efetivamente marcou o processo de estruturao da cidade foi a Rodovia Pompeu Conti, concluda em 1975. Talvez o maior acerto do plano tenha sido a compreenso da cidade atravs do potencial ambiental da gua. Deixando de lado, obviamente, a proposta de avenidas marginais na cidade, destaca-se aqui a proposta de um parque fluvial e um grande lago na rea onde hoje existe o bairro residencial Jardim Golo, loteado na dcada de 80.

    PLANO DIRETOR 1996 Pouco h para se comentar deste plano, apenas que ele se serve ao zoneamento precrio da cidade. reas onde haviam indstrias foram classificadas como industriais, mesmo que a atividade no fosse compatvel com as caractersticas da rea em questo. Como exemplo, tem-se o caso da regio do Bairro Pompia, classificada como rea industrial, atividade incompatvel com sua vocao turstica relacionada s suas fontes de gua mineral.

    PLANO DIRETOR DE 2007 Em relao aos recursos hdricos na rea urbana, so previstas reas para parques ecolgicos ao longo de cursos dgua, no entanto, prevalecem os discursos genricos e incoerentes com a atuao que se v na cidade em relao preservao ambiental e preservao do patrimnio arquitetnico da cidade. Infelizmente, mantm-se a mesma postura em relao zoneamento do uso do solo da cidade que pode ser visto no Plano de 1996. O zoneamento de uso passa a ser, ento, apenas um espelho das atividades existentes. O absurdo desta postura a classificao de todo o morro do Mirante do Cristo como rea predominantemente residencial, em uma permisso extremamente irresponsvel do poder pblico para a ocupao urbana de reas com declividades altas, com uma camada de solo pouco espessa sobre rochas, constituindo um grande perigo de escorregamentos.

    PLANO DIRETOR DA ESTNCIA DE SOCORRO 1959FONTE: FAU CPEU

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    A IMAGEM DA CIDADE

    Nesta etapa, buscou-se a caracterizao da Imagem Pblica da Cidade, no sentido dado por Kevin Lynch como reas consensuais que se pode esperar que surjam da interao de uma nica realidade fsica, de uma cultura comum e de uma natureza fisiolgica bsica (LYNCH, 1988, p.8)

    Essa anlise se daria devido identificao da necessidade de se trabalhar com a construo da identidade, estrutura e significado dos espaos para a construo do lugar, entendendo lugar como o que descreve Ana Fani Carlos:

    O lugar a poro do espao aproprivel para a vida- aproprivel atravs do corpo, dos sentidos, dos passos de seus moradores, - o bairro, a praa, a rua, e nesse sentido poderamos afirmar que no jamais a metrpole ou a cidade lato sensu a menos que seja a pequena vila ou cidade - vivida, conhecida, reconhecida em todos os cantos (CARLOS, 1996, p. 20 apud. RAMALHO, 2006, p. 137)

    Identificar a imagem pblica da cidade serviria, ento, como base para a proposio de um desenho que favorea a apropriao da orla fluvial como referncia de observao e localizao na cidade, a recuperao da memria do lugar e a construo coletiva da paisagem.

    As classificaes feitas podem ser vistas nos mapas que seguem e as principais observaes a respeito deles so colocadas aqui.

    A CIDADE DOS BAIRROS

    Considerando bairros, segundo o conceito de Kevin Lynch, como partes razoavelmente grandes da cidade na qual o observador entra e que so percebidas como possuindo alguma caracterstica comum, identificadora (LYNCH, 1960, p. 66), partiu-se para a classificao da cidade.

    Ao analisar a cidade e seus bairros, possvel perceber que o centro histrico, local das duas primeiras fundaes da cidade, guardam seu papel como principal rea de identificao tanto para os habitantes da zona urbana, como para os habitantes da zona rural que vm ao centro da cidade para usufruir dos servios que ela oferece (bancos, comrcio, lazer na Praa da Matriz nos finais de semana).

    possvel, no entanto, verificar o surgimento de um novo centro prximo sada de guas de Lindia. Esse centro concentra equipamentos voltados ao turista como a Feira Permanente de Malhas, o Shopping Center e o Recinto de Eventos. Impulsionando esta descentralizao, a Prefeitura Municipal transferiu suas atividades tambm para essa rea, junto Avenida XV de Agosto e a Rodoviria da cidade foi transferida do edifcio da Antiga Estao Ferroviria para uma nova rea adjacente Rodovia Pompeu Conti.

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    Mapeados esto tambm os principais caminhos da cidade, considerados como importantes elementos estruturadores da percepo ambiental e tambm dos outros elementos da imagem da cidade. Os caminhos relevantes destacam-se por:

    Concentrar um tipo especial de uso (por exemplo, o comrcio nas Ruas 13 e Padre Antnio Sampaio); Ser uma preexistncia importante no traado histrico da cidade (por exemplo a Rua Marechal Floriano Peixoto); Apresentam origem e destino bem claros.

    A CIDADE DO COMRCIO E SERVIOS - AS VEIAS PRINCIPAIS

    Mapeando as principais reas de comrcio e servios, nota-se a concentrao destas atividades na rea central da cidade. O novo centro concentra atividades voltadas principalmente aos turistas.

    A CIDADE DOS ESPAOS REPRESENTATIVOS

    Destacam-se os edifcios que representam marcos na imagem da cidade, ou seja, os elementos cuja principal caracterstica a singularidade, seja por ser visto a partir de muitos lugares (Igreja Matriz, Morro do Cristo), ou estabelecendo um contraste local com os elementos mais prximos.

    Na cidade dos espaos representativos destacam-se tambm importantes eixos visuais.

    A CIDADE DA CULTURA

    Na cidade da cultura, salienta-se a j citada carncia de equipamentos voltados a esse fim na cidade. A cultura eventual concentra-se tambm no centro da cidade.

    A CIDADE DO LAZER E DO CIO

    Na cidade do lazer e do cio so destacados os clubes, que tm papel relevante na recreao dos jovens, seja pelas danceterias, seja pela prtica de esportes.

    Indica-se tambm o principal passeio da cidade. Todos os dias a Av. XV de Agosto tomada por pessoas que caminham, correm e andam de bicicleta em um percurso que se inicia prximo s praas do Frum e da Delegacia e segue at o Bairro da Pompia ou at a Feira Permanente de Malhas.

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    1. Viso do Rio do Peixe para Morro do Cristo 2. Viso para Morro do Cristo a partir do principal cruzamento da cidade (Entre as ruas Treze de Maio e Campos Salles)

    3. Vista para Igreja da Matriz a partir da Av. Cel. Germano

    4. Vista para Morro do Cristo a partir da Av. Bernardino de Campos

    5. Vista para Serra de Minas Gerais 6. Vista para a torre da Igreja Matriz a partir da Av. Marechal Deodoro

    7. Vista da Igreja Matriz a partir de uma das travessas da Rua Treze de Maio

    8. Vista para casa histrica aos ps do Morro do Cristo9. Vista do Morro do Cristo a partir da Av. Dr. Rebouas

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    ORLA FLUVIAL - PERCURSO

    O percurso pelo Rio do Peixe no trecho em que ele atravessa a cidade possiblitou a verifcao as condies de suas margens, do padro de ocupao existente e a verificao das condies de suas pontes e passarelas.

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    PERCURSO NA ORLA FLUVIALPRINCIPAIS OBSERVAES - DESENHOS DE ANLISE

    Trecho navegvel - profundidade varia entre 0,50m e 2,00m no ms de Abril e eleva-se aproximadamente 1,50 acima deste nvel nos meses de cheias

    Necessidade de recuperao das margens que sofrem com eroso e resolver problemas de estruturao de muros e reas que se elevam sobre o rio.

    Oportunidades de criao de reas contemplativas para o rio.

    Identificao de um stio para implantao de um Parque Fluvial

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    PROPOSTA DE ESTRUTURAO

    Do sistema virio e transporte:

    Apesar da pequena dimenso da cidade de Socorro, sua populao faz o uso intenso do transporte individual sobre pneus. Em contraposio, a proposta do projeto visa privilegiar outras 3 matrizes de locomoo na cidade em um cenrio futuro.

    A primeira dela o uso da bicicleta. Nos ltimos anos, grande parte dos ciclistas deixou de usar esse meio de transporte nos seus deslocamentos cotidianos devido ao intenso fluxo de automveis e consequente falta de espao e segurana para as bicicletas. A criao de ciclovias urbanas devolveria a possibilidade de utilizao desse meio de transporte, que adequado cidade, dada s pequenas distncias a serem percorridas em seu meio urbano. Alm disso, as ciclovias poderiam ser implantadas junto a passeios na orla fluvial, ajudando a consolidar as margens dos rios como espao de utilizao pblica. A proposta apresentada a seguir refere-se a uma primeira possibilidade de desenho, a partir da qual se estimularia a criao de novos percursos.

    A segunda matriz de transporte a ser privilegiada visaria utilizao do transporte sobre trilhos movido eletricidade. Uma linha de bonde, com 6 quilmetros de extenso e paradas que se distanciam de 300 a 500m, percorrendo as reas urbanas e aproveitando as declividades menores prximas ao rio, serviria de alternativa ao nibus de motor combusto, assim como se tornaria um atrativo turstico ao passar pelas ruas histricas da cidade.

    Para auxiliar a linha de bonde, no acesso s regies com declividades maiores (caso da maioria dos bairros residenciais mais recentes da cidade) o transporte sobre pneus seria necessrio. nibus eltricos poderiam ser utilizados, sendo condizente a uma cidade que projeta sua imagem ao turismo ecolgico e, obviamente, planeja contribuir para a diminuio da gerao de poluio atmosfrica.

    Ainda na matriz do transporte sobre trilhos, considera-se tambm neste projeto a atual proposta em vias de implantao de reativao da linha de trem ligando a estao de Socorro, primeiramente estao de Ibitinga, na zona rural do municpio, e posteriormente estao de Monte Alegre do Sul.

    A partir dos percursos propostos do bonde, do trem e da ciclovia, importantes pontos de conexo intermodal seriam criados. Um deles seria a atual estao rodoviria que, conectada linha de bonde e ciclovia, garantiria o acesso das pessoas vindas da zona rural de Socorro e de outros municpios ao centro da cidade. Outro ponto importante de integrao intermodal seria a conexo da linha ferroviria, do bonde e da ciclovia no centro da cidade anexado antiga Estao Ferroviria, agora reativada. A terceira matriz de transporte a ser privilegiada seria a fluvial. Prope-se o passeio fluvial em um percurso de 3,5 km aproveitando a coincidncia do trecho navegvel com as reas urbanas centrais, invivel

    Referncia- O Bonde Turstico de Santos- SPFONTE IMAGEM: http://www.baixaki.com.br/perfil/8813/

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    apenas durante os perodos de seca no inverno. O passeio partiria da barragem da Sabesp montante no corredor turstico e seria finalizado em uma rea adjacente Av. XV de Agosto.

    Tambm prope-se uma nova relao da cidade com os automveis. Atualmente as reas centrais encontram-se tomadas por carros estacionados que ocupam espao que deveria ser utilizado para a expanso dos passeios de pedestres. Neste novo cenrio proposto, o transporte pblico, associados a estacionamentos nas bordas das reas centrais, desafogaria o sistema virio e traria nova qualidade a seus espaos.

    Vale destacar ainda, que os postos de gasolina nas reas centrais encontram-se na maioria dos casos muito prximos dos corpos dgua, fazendo lembrar que a implantao deste tipo de equipamento deva ser regulada e que a liberao das reas centrais do transporte sobre pneus colaboraria tambm para a transferncia de local destes usos.

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    A REESTRUTURAO DOS ESPAOS PBLICOS E EQUIPAMENTOS URBANOS A PARTIR DO RIO

    Das anlises feita no primeiro semestre de trabalho so identificadas reas estratgicas para a abertura do rio cidade, que se distinguem pela variedade de circunstncias fsicas e referncias urbanas.

    REA 1

    Caracteriza-se por uma ocupao urbana menos densa incluindo terrenos de chcaras na beira do rio. H nestas reas espaos livres suficientes que no tecido da cidade aparecem desconectadas, mas que tem o potencial de integrao atravs da orla do rio. Destaque para a Av. XV de Agosto, principal via utilizada para caminhadas e passeios de bicicleta. acesso para importantes locais tursticos como para as estradas do Mirante do Cristo e da Pompia (estrada do Balnerio e das fontes de gua mineral). Identifica-se nesta rea um potencial para a criao de estruturas de lazer e recreao. Um stio para possvel implantao de um parque fluvial (coincidente com o ponto final dos passeios de barco pelo rio) que poderia se estender desde a foz do Crrego do Jardim Arajo atravs do Rio do peixe at as reas do Horto Florestal da cidade a jusante ( junto Rodoviria e ao Recinto de Exposies e Eventos). Importantes tambm so as reas livres disponveis no percurso do Crrego do Jardim Arajo que j foram utilizadas para atividades de lazer e que hoje encontram-se desativadas. Ateno deve ser dada necessidade de retirada das habitaes que se encontram implantadas em reas de risco no Bairro da Vila Nova, nas margens do Crrego do Barroco.

    Local para possvel implantao de um parque fluvial - ponto final dos passeios de barco.

    Avenida XV de Agosto - principal local dos passeios da cidade

    R. Andrelino de Souza Pinto - terreno livre junto foz do Crrego do Jardim Arajo - possibilidade de conexo com Parque Fluvial

    reas de lazer desativadas na margem do Crrego do Jardim Arajo

    reas de lazer desativadas na margem do Crrego do Jardim Arajo

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    REA 2 Caracteriza-se como uma rea de transio entre a rea com terrenos disponveis para um parque fluvial e as reas de urbanizao consolidada e histrica do centro da cidade. Junto a reas residenciais, os caminhos e aberturas para o Rio do peixe so escassos, poucas so as travessias como pontes e passarelas e os espaos configuram-se com uma imagem de fim, de negao de seu potencial paisagstico. Nestas reas, o caminho em torno do rio deveria ser consolidado como espao pblico, criando uma nova fachada para edificaes residenciais. A ciclovia teria um importante papel, aumentando o uso de espao e ajudando a consolidar o caminho beira-rio como acesso ao centro e ao parque fluvial por parte dos moradores desta rea. Novas travessias de pedestres devem ser criadas, principalmente no final de ruas que terminam no rio sem um tratamento adequado. Como rea estratgica de interveno tem-se a Rua Edwiges como ponto de partida principal para os passeios pela Av. XV de Agosto e agora pelo novo passeio por toda a orla do rio. Esta j possui um passeio beira-rio para o qual se voltam edifcios residenciais. Este passeio encontrou-se durante muito tempo em mau estado de conservao e atualmente h a inteno de se abrir uma via para automveis, com a justificativa de que a via espantaria a degradao da rea. Contraponho a esta idia a sugesto de que os equipamentos de exerccios de alongamento tambm propostos pela prefeitura municipal, aliados a outros, como estacionamento de bicicletas, e criao de acesso ao rio com cais para os barcos de passeio, j seriam suficientes para a consolidao da rea como referencial importante para os passeios dos pedestres, ciclistas e dos que percorrem o rio de barco.

    O Rio do Peixe encontra-se no final desta rua - possibilidade de construo de travessias

    No bairro do Jardim Gollo, as casas se fecham para os espaos pblicos da orla fluvial - possibilidade de novo tratamento: A construo de uma nova fachada

    A Rua Edwiges (foto esquerda) e sua localizao privilegiada. Destacada est a Praa Matriz

    A Rua Edwiges - constraproposta: o acesso das pessoas margem do Rio do Peixe - o cais

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    REA 3 Configura-se como rea de urbanizao consolidada e histrica no centro da cidade. O espao disponvel na orla mais escasso e h construes de muros junto ao rio, substituindo os taludes. Alguns dos taludes que restam apresenta-se em condies precrias de estabilizao, em alguns casos sendo necessrio construes de muros de arrimo. As travessias so consolidadas, mas no garantem o acesso das pessoas margem do rio. H reas com uma vegetao abundante, mas haveria a necessidade de anlise de espcies vegetais mais adequadas para a conteno das margens. Nesta rea h o potencial de criao de um passeio beira-rio para o qual se abririam os edifcios comerciais do centro da cidade, com terraos em cotas seguras em relao s inundaes voltados para o rio com restaurantes, cafs e as tradicionais sorveterias da cidade. O Crrego do Barroco outro corpo dgua de grande importncia que atravessa a cidade. Dentro da rea urbanizada ele possui trechos em que historicamente as construes ocupam completamente suas margens. Em sua passagem pela Rua Treze de Maio, principal via da cidade, o crrego do Barroco possui um trecho canalizado. Portanto, necessrio um projeto no sentido da reinsero deste crrego na cidade e da abertura de seu encontro com o Rio do Peixe permitindo a criao de espaos de contemplao junto ao passeio fluvial.

    As travessias histricas - A Ponte Pnsil substituda na dcada de 70.FONTE: arquivo Famlia Oliveira Santos

    As travessia atual - passarela em trelia metlica

    O Crrego do Barroco enclausurado pelas construes - necessidade de tratamento paisagstico diferenciado.

    O Crrego do Barroco, no trecho em que encontra-se canalizado, chega a passar por debaixo do ptio de um Posto de Gasolina. Considerando a incompatibilidade deste tipo de atividade junto s orlas dos corpos dgua da cidade, estas reas livres dadas pela retirada dos posto de gasolina, poderiam ser revertidas em espaos de contemplao e o Crrego do Barroco poderia ser redescoberto no centro da cidade.

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    REA 4 Local do projeto: Foz do Ribeiro dos Machados e eixo virio histrico da Estao Ferroviria

    A partir dos levantamentos e anlises feitas no primeiro semestre de trabalho, tornou-se evidente a importncia estratgica de atuao nesta rea. Apesar das potencialidades paisagsticas criadas pelo encontro do Rio do Peixe com o Ribeiro dos Machados, seu principal afluente na rea urbana do Municpio, e de historicamente estar relacionada segunda fundao da cidade, representada pela ponte no eixo da Av. Dr. Rebouas que ligou o primeiro assentamento Estao Ferroviria, a rea 4 se configura como uma urbanidade no consolidada no territrio da cidade. possvel identificar que a estruturao das quadras adjacentes Av. Dr. Rebouas, com suas edificaes predominantemente formadas por galpes, guarda relao com os antigos armazns e pequenas fbricas historicamente relacionados ferrovia. No entanto, considera-se que as atividades desenvolvidas no local no qualificam este espao cuja relevncia se compara Praa da Matriz, espao pblico mais importante da cidade. Pelo contrrio, as edificaes existentes, como a loja de materiais de construo, o comrcio de automveis e os supermercados, atraem um fluxo pesado de caminhes que no condizente com a capacidade das vias e pontes existentes, sobrecarregando o trnsito na regio, alm de no oferecer condies atrativas para o percurso dos pedestres e criar risco circulao de ciclistas.Nota-se tambm a potencial conexo dos equipamentos existentes na rea 4, como o Cine Cavalieri Orlandi, o Pao Municipal (futura Biblioteca), o Ginsio de Esportes Municipal e o futuro Museu do Trem (atualmente sendo implantado no edifcio da antiga estao ferroviria) a partir do redesenho da orla fluvial. Dada a importncia deste local no tecido da cidade, identifica-se a possibilidade de se atuar na rea para a criao de um espao representativo da imagem pblica de Socorro, tanto para seus habitantes como tambm um espao estratgico para a consolidao do turismo urbano no Municpio. Esta rea foi escolhida para o desenvolvimento do projeto de interveno a seguir.

    A configurao atual do eixo da Av. Dr. REbouas - A Ponte Histrica de Concreto Armado.

    A potencialidade paisagstica da rea - Vista para o Morro do Cristo.

    Os usos incompatveis com a importncia estratgica da rea - O trfego de caminhes trazido pela loja de materiais de construo.

    O supermercado adjacente Estao. Na foto v-se tambm que, sem espao especfico para a circulao do ciclista, este corre riscos no trnsito intenso da avenida

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    O PROJETO

    A Reapropriao das guas o projeto pensado na interface do uso do solo com os recursos hdricos:

    Em janeiro de 2011, uma tromba dgua na cabeceira do Ribeiro dos Machados causou uma inundao que h muito tempo no ocorria na cidade. O ribeiro, que normalmente no ultrapassa 1 metro de profundidade, transbordou para o seu leito maior, evidenciando a ocupao desregulada de suas vrzeas. O grande volume de gua, por conta da retificao do leito do ribeiro, ganhou ainda mais velocidade ao se aproximar de sua foz no Rio do Peixe, destruindo um dos poucos passeios existentes na orla do rio na Avenida Irmos Picarelli, o que tambm apontou para a necessidade de se repensar a relao da cidade com seus corpos dgua. Condizente com um planejamento a longo prazo em relao aos recursos hdricos na cidade, o projeto considerou duas cotas de referncia em relao ao regime hidrolgico dos corpos dgua tratados. A primeira cota diz respeito cheia do vero de 2010, obtida durante o percurso de barco em abril do mesmo ano, tomando como referncia as marcas de umidade nos taludes bem como a posio de objetos como sacolas plsticas, que se acumularam nos galhos das rvores na margem do rio. Tomando como parmetro o nvel das pontes, a cota altimtrica pode ser obtida. Essa cota relativa a perodos de retorno menores dos fenmenos hidrolgicos e, portanto, no uma cota segura para a implantao de equipamentos permanentes na orla do rio, servindo de referncia apenas para a definio das reas de cais e passeios beira- rio que poderiam ser tomadas ou no pelas guas nos perodos chuvosos. Tornou-se necessrio, ento, considerar a cota de uma inundao com perodo de retorno maior. A partir do plano diretor de 1959, foi possvel obter a mancha da inundao de 1932 que, sobreposta malha urbana atual, determinou a implantao dos programas arquitetnicos temporrios e definitivos no projeto.

    A configurao atual do Ribeiro do Machados - trechos de aterro junto ao leito encobrem os arcos da ponte.

    O Ribeiro do Machados - trecho retificado.

    Passeio contguo Av. Irmos Picarelli destrudo aps a tromba dgua de janeiro de 2011. Ao fundo, a viso privilegiada para o Morro do Cristo.

    A reapropriao das guas - o encontro das guas do Ribeiro dos Machados com o Rio do Peixe: grande lago formado aps destruio das margens na inundao de janeiro de 2011.

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    Tambm pensando a cidade a partir do Sistema de Drenagem Urbana, a liberao de reas das vrzeas na regio central e a criao de amplas reas permeveis teriam uma grande relevncia, pois contribuiriam com a diminuio da carga de poluio difusa na Bacia Hidrogrfica, uma vez que esta resultado do arraste e deposio de poluentes nos eventos de chuvas. Nesse sentido, prope-se a reapropriao, pelas guas, das reas de vrzea. Essa reapropriao se daria pela transferncia dos usos atualmente existentes na Avenida Dr. Rebouas, para a implantao de espaos de utilizao pblica. Grande parte das reas a serem desocupadas no trariam nus ao poder pblico em relao s desapropriaes, pois consistem em ocupao da APP (rea de proteo permanente). Com o objetivo de reafirmar o carter simblico do encontro das guas e de criar uma imagem representativa, o projeto sugere a reapropriao do espao atravs da construo de 2 lagos.

    O lago principal, no encontro das guas do Rio do Peixe com o Ribeiro dos Machados, recuperaria a imagem do antigo leito do ribeiro, retificado na dcada de 1980 quando perdeu o meandro que percorria antes de desaguar no Rio do Peixe. Esse lago seria mantido a partir da criao de um vertedouro e de um canal de alimentao que, no estando no leito do Rio do Peixe, no criaria barreiras piracema dos peixes.

    O segundo lago proposto seria formado a partir de uma barragem mvel sob a ponte da Rua Joo Leonardelli (linha ferroviria) e tem como objetivo corrigir a curva acentuada do rio, alagando as cotas mais baixas da margem que atualmente tem sido aterradas para a criao de solo urbano.

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    Como consequncia dessa reestruturao do rio, pretende-se oferecer cidade a possibilidade de vincular sua imagem pblica o convvio com as guas urbanas. Cidades vizinhas, como guas de Lindia e Serra Negra, podem ser citadas como exemplos em relao ao uso de seus espaos pblicos urbanos como atrativos tursticos. Conforme j mencionado, cidade de Socorro, apesar do potencial de seus recursos hdricos e de suas paisagens naturais rurais bastante conhecidas, ainda no firmou um atrativo turstico urbano. O projeto de ocupao da orla do Rio do Peixe e do Ribeiro dos Machados permitiria a constituio desse atrativo urbano-natural que, para alm de um elemento turstico, encorajaria a populao da cidade a repensar sua relao com as guas, superando o pensamento utilitarista sobre esse recurso e dando espao ideia de que os recursos hdricos tambm constituem, de fato, a paisagem urbana.

    Praa Ademar de Barros, projeto de Burle Marx ,configura-se como espao de referncia tanto para os habitantes da cidade de guas de Lindia- SP, como para os visitantes que podem tambm se hospedar nos diversos hotis existentes no em seu entorno.

    A implantao geral do conjunto da Praa Adhemar de Barros.

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    CROQUI DO CONJUNTO

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    AS INTERVENES PROPOSTAS

    Recuperao passeio Av. Dr. Rebouas e Praa da Estao: 9692,72m

    Proposta de passeio utilizado tambm para a feira dos produtores agrcolas do Municpio aos finais de semana. Desobstruo do eixo visual da Av. Dr. Rebouas para o Edifcio da Antiga Estao Ferroviria com a retirada do canteiro central. A arborizao dever ser feita nas caladas dos dois lados da avenida, onde ter utilidade de sombrear o percurso do pedestre. Proposta de Praa da Estao - Sua cota de implantao encontra-se exatamente acima da cota de inundao de 1932 e seu posicionamento libera a viso do conjunto a partir do mirante do Cristo, assim como permite a viso para este e para o novo lago criado no encontro das guas do ribeiro dos machados e do Rio do Peixe.

    A feira livre, que ocorre s manhs de domingo e que ocupa um papel cada vez menor na dinmica da dinmica da cidade, passaria a ter um papel central no projeto, incentivando a produo agrcola local.

    Referncia de ambientao urbana: Hafen City - Hamburgo - Alemanha

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    Transferncia da Feira Permanente de Malhas para a rea de interveno: Esta transferncia para o centro da cidade poderia significar um grande impulso ao turismo na rea urbana do Municpio, alm de representar uma soluo definitiva em relao ao espao para esta atividade que atualmente encontra-se implantada irregularmente nas faixas de domnio da Rodovia Pompeu Conti. Prope, neste trabalho, uma implantao bsica deste programa na margem da Av. Dr. Rebouas, criando nesta avenida um passeio coberto ladeado por lojas em uma cota segura em relao s inundaes.Baseando-se programa e na distribuio espacial da atual da feira, prope tambm uma rua principal paralela Av. Rebouas, cuja largura (9m) possibilitaria a execuo dos servios de carga e descargas em horrios agendados. A fim de garantir a valorizao das lojas que no se encontram voltadas para a Av. Rebouas e aproveitar o potencial paisagstico da orla do Ribeiro dos Machados, prope-se a rea de lazer da feira junto a um passeio nas margens do ribeiro. Um terrao acima deste jardim cumpriria a funo de espao gastronmico da feira e um restaurante maior junto a Ponte Histrica valorizaria a nova ambientao urbana desta infra-estrutura.A quantidade de lojas passa, nesta proposta, das 50 lojas atuais para 78 lojas.

    Criao de uma Estao de Bonde adjacente ao Museu do Trem:

    Esta estao se configuraria como principal ponto de conexo intermodal na cidade, conformado como uma cobertura sobre o passeio pblico, no havendo a necessidade de construo de uma plataforma. Junto a esta parada de bonde, prope tambm um centro de informaes tursticas. Neste centro, os visitantes recm-chegados da rodoviria a partir do bonde, poderiam agendar as atividades de aventura no Municpio, assim como a estadia em hotis e pousadas.

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    Proposta de Bicicletrio Municipal:

    Um bicicletrio reunindo as funes de local para aluguel de bicicletas de passeio, estacionamento dirio avulso, estacionamento para clientes mensalistas e manuteno de bicicletas estaria de acordo com a difuso deste meio de locomoo na cidade. Sua implantao adjacente Rua Mazolini e a ponte da Av. Irmos Picarelli cumpriria a conexo com o bonde e com o trem, assim como poderia conectar as ciclovias no nvel da rua e no nvel do passeio beira-rio.

    REFERNCIA: Union Station Bikestation - Washington DC- EUAIMAGEM :http://www.flickr.com/photos/beyonddc/3974764249/in/set-72157622378197819

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    Piscina Fluvial Pblica:

    Considerando a garantia de qualidade das guas dada pelo seu posicionamento a montante da cidade e pelas atuais obras do sistema de coleta e tratamento de esgotos na cidade, prope-se um local de banhos nas guas do rio, que atualmente so possveis apenas na zona rural do Municpio. Este programa arquitetnico teria relao direta com as atividades esportivas do ginsio de esportes e ofereceria estruturas como duchas ao ar livre, espaos para banhos de sol e vestirios na cota do passeio beira-rio.

    Referncia: Piscina Pblica de Lea da Palmeira (Arquiteto lvaro Siza) - Portugal

    Referncia: rea de Banhos do Frum em Barcelona - Espanha

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    Criao de passeio sobre atual leito retificado do Ribeiro dos Machados: 8.251m

    Proposta de criao de acessos orla do Rio a partir de escadas e rampas nos dois lados da ponte histrica da Estrada de Ferro Mogiana. Terrapleno desenterrando os arcos de estruturao da ponte histrica e criao de passeio em cotas ascendentes a partir do novo leito do Ribeiro. A retificao do Ribeiro dos Machados acarretou a conformao de sua margem esquerda em um talude muito inclinado. Diante disto, propor um talude menos inclinado acarretaria um aterro exagerado, acrescentado ao aterro necessrio no leito atual. Prope-se, desta maneira, buscar um equilbrio entre cortes e aterros na obra do lago e manter estes taludes que atingem maiores inclinaes prximo ao Hotel Vergani. Uma arquibancada poderia ser construda, aproveitando como palco as reas aterradas do leito do Ribeiro que naturalmente no seriam adequadas vegetao de maior porte. Estas reas tambm estariam aptas a receber em seu subsolo as tubulaes dos interceptores de esgoto, que se encontram atualmente em construo na cidade.

    Recuperao do passeio beira-rio da Av. irmos Picarelli: 6.126,7m

    Criao de dois passeios, um na cota da Av. Irmos Picarelli (cota do passeio existente) adjacente ciclovia proposta e outro conformando um cais 50 cm acima da cota de cheia anual do Rio do Peixe com pontos de atracao de barcos e com escadas para acesso das pessoas ao nvel dgua para embarque e desembarque nos barcos de passeio. Aponta-se para a necessidade de seleo adequada das espcies vegetais para plantio no cais, nos taludes e no passeio na cota da rua a fim de se garantir a estabilizao nas margens.

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    Proposta de conjunto voltado memria local e convivncia entre geraes diferentes: O Salo do Encontro.

    Baseando-se nas ideias existentes no Salo do Encontro- Centro de Referncia Edicacional e de Difuso da Arte Popular, existente na cidade mineira de Betim- MG, que promove atividades de cultura, lazer e formao para diferentes geraes (WWW.salaodoencontro.org.br), prope-se neste trabalho a criao de uma rea voltada memria e s tradies da populao da cidade. O Contar Histrias seria a atividade bsica deste centro cultural que poderia possuir atividades voltadas manuteno da histria oral e atividades relacionadas s mdias audiovisuais a serem utilizadas na documentao desta memria viva da cidade. A rea de implantao deste programa seria um terreno de chcara existente na margem do Rio do Peixe no qual existe um casaro histrico em boas condies de manuteno. Esta rea seria estratgica tambm do ponto de vista da ligao do Rio do Peixe com o importante eixo virio da Rua Dr. Campos Salles e permitiria a conexo com os edifcios do Cine Cavalieri Orlandi e do edifcio histrico do Hotel Socorro atravs da Travessa Siqueira Campos.

    CROQUI: Vista em direo Rua Dr. Campos Salles a partir da Travessa Siqueira Campos - o novo Restaurante proposto.Ao fundo v-se o Morro do Cristo.

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    Duas novas travessias de pedestres e ciclistas: 376,4m

    A fim de manter a continuidade dos passeios e o acesso entre margens distintas.

    Proposta de novos passeios beira-rio: 17.181,5m (no interior do permetro de interveno).

    Criando margens em diferentes nveis e reas para a cirulao de bicletas, alm de espaos dotados de equipamentos como estacionamento de bicicletas, bancos, entre outros.

    Referncia: Canal de Marne au Rhin - Estrasburgo - FRAFONTE: Google Street View

    Referncia: Passeio ao longo de um canal - Delft- Pases Baixos

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    CROQUI: O passeio beira-rio proposto - Vista para a ponte da Rua Capito Barduno. As fachadas das edificaes se voltam para o rio - Cota de usos temporrios.

    CROQUI: Vista para o passeio da Av. Irmos Picarelli. Ao fundo v-se as serras.

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    LISTA DE REAS DOS PROGRAMAS ARQUITETNICOS PROPOSTOS:

    FEIRA PERMANENTE DE MALHAS

    78 lojas de 30,24m (8.40m x 3.60m) = 2358,7mRua interna- passeio dos usurios e carga e descarga em horrios programados: 9m x 123m = 1.107mRuas de circulao (largura = 4.2m): 90mHall de Entrada principal: 121mPasseio coberto junto Av. Dr. Rebouas: 3,60 x 115,2 = 413.26mRestaurante: 280m + reas descobertasBoxes de alimentao (Cafs, lojas de doces, etc): 111mTerrao alimentao: 422,5mLanchonete para Estao de Bonde: 60mrea coberta usurios lanchonete: 175mSanitrio para usurios (com reas de bebedouro, telefones pblicos, fraldrio,: 121,5mVestirio/ Sanitrio Funcionrios: 50.4mAdministrao: 90,7mProgramas complementares:reas de descanso (parada na maratona de compras)Caixa eletrnicorea wi-fiGuichs de informaesSeguranaAlmoxarifado/ limpeza

    reas externas Jardim Ribeiro dos Machados: 12220mEstacionamento de bicicletasParque com rea para lazer das crianas, bancos, bebedouros, etc

    CENTRO DE INFORMAES TURSTICAS 540m (rea Construda)

    Recepo e Salo de fotografias: 100mAgncia de atividades tursticas (Agendamento de atividades e hotis): 45mCopa/ sanitrios/vestirios para funcionrios: 38,6mAdministrao: 47,6mSala de Reunio/ apresentaes para pequenos grupos: 54mSalas de apoio:22mCirculao: 47,5m

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    ESTAO DE BONDE 577m (rea Construda)

    rea de espera com bancos: 145mPasseio coberto junto Av. Dr. Rebouas: 6m x 50m = 300mBilheteria/ Administrao :79mSanitrios: 53m

    BICICLETRIO: 528m (rea Construda)

    rea externa:Estacionamento externo de bicicletas para 10 bicicletas + cobertura: 105mHall de acesso/ recepo/ espera entrada Rua Mazolini: 43,50mHall de acesso/ recepo entrada passeio beira-rio: 22,66mEscritrio Administrao (com copa para funcionrios): 25mVestirios: 48,52mrea de estacionamento para 60 bicicletas: 133,3mVagas distribudas para os diferentes usos:Estacionamento dirio/ Estacionamento clientes mensalistas / Estacionamento bicicletas para aluguelRampas de circulao vertical: 75mreas de circulao e elevadores: 25m Ptio de manuteno de bicicletas com vestirio funcionrios: 50m

    PISCINA FLUVIAL PBLICA

    rea de banho: 1.040m (13m x 80m) separada do leito do rio por um muro que conforma uma passarela para os banhistas.Passarela: 216m (3m x 72m)rea para banhos de Sol (com duchas ao ar livre e bancos): 1523mVestirios:132,3mreas de apoio salva-vidas e enfermaria: 79mAdministrao: 44,5mSalas de apoio manuteno: 50mVestirio para portadores de necessidades especiais: 40m

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    SEDE PROJETO PIRACEMA: 316m

    Escritrio Administrativo com sala de trabalho, sala de arquivo, sanitrio/vestirio e copa: 70mPtio para a guarda de barcos e equipamentos: 246m

    SALO DO ENCONTRO

    Edifcios mdias audiovisuais:NVEL DA RUA 585mHall de entrada/ recepo / acesso circualao vertical- 105mMezanino (circulao + uso) 93mCirculao, escadas e elevador 62mLaboratrios de som e imagem/ Salas de aula/ Arquivo 225m (80+95+50) (com circulaes internas)Administrao 50mSanitrios- 30mrea de apoio- 20mPISO INFERIOR 720mSalo de pequenas apresentaes/ exposies com acervo de mdia com acesso irrestrito 450mAlmoxarifado 15mCaf- 100mSanitrios 40mHall de acesso, circulao, elevador e escadas 115m

    Casaro da histria oral - ~250m (com reas de poro)Recepo- aproveitando salo de entradaPequena secretaria administrativa- aproveitando possvel saleta prxima sala principalSala contadores de histrias/Oficinas artesos fazendo uso dos quartos da antiga residnciaSanitrios/ Copa adaptao das estruturas existentes de cozinha e banheiro, com possvel necessidade de construo externa de sanitrios tambm par ao pblico das reas externas.reas externas:Terreiro + pequeno palco- atividades ao ar livre como apresentaes teatrais, saraus, projeo de filmes (estrutura desmontvel)Rua do Rio 6m x 56mPomar-aproveitando rea com rvores frutferas existentes- necessidade de construo de piso permevel para circulao, bancos, estacionamento de bicicletas, sanitrio pblico, bebedouros, etc.

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    CORTES GERAIS

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    Referncias

    COSTA, Lucia M. Rios e paisagens urbanas em cidades brasileiras. Rio de Janeiro: Viana&Mosley/PROURB, 2006.

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    FERRAZ, Joo Batista G. Uma volta ao passado de Socorro. So Paulo, 1985.

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    LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. So Paulo: Martins Fontes, 1988.

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    MARX, Murillo de Azevedo. Cidade no Brasil, terra de quem? So Paulo: Nobel/Edusp, 1991

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    OSEKI, Jorge Hajime. A fluvialidade em rios paulistas. Rio de Janeiro: Viana&Mosley/PROURB, 2006.

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    SO PAULO (Estado). Secretaria de Cultura, Esportes e Turismo. Fomento de Urbanizao e Melhoria das Estncias. Plano regional de desenvolvimento turstico do circuito das guas - SP1972/1980. So Paulo, 1981.

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    SIQUEIRA, Luclia. Bens e costumes na Mantiqueira: o Municpio de Socorro no preldio da cafeicultura paulista.

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    SOCORRO, Prefeitura Municipal da Estncia de. lbum do Sesquicentenrio. Socorro: Tribuna Socorrense, 1975.

    TUCCI, Carlos E. M. Gesto da gua no Brasil. Braslia: UNESCO, 2001.

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULO. Plano Diretor de Socorro. So Paulo: CPEU FAU USP, 1961.

    www.cidadeaventura.com.brwww.cidadedesocorro.com.brwww.ibge.gov.brwww.sigrh.sp.gov.brwww.socorro.tur.brwww.socorro.sp.gov.br