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1 TFG Projeto: livraria universitária Carla de Almeida Soffi Bonfante Orientação: Helena Ayoub Dezembro 2009

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Trabalho Final de Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

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TFG

Projeto: livraria universitária

Carla de Almeida Soffi Bonfante

Orientação: Helena Ayoub

Dezembro 2009

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Agradecimentos

Elena, Martinha e Tatá, pelo carinho. Simone, pela revisão, disposição, companhia, amizade, enfim, por tudo.

Nashira, pela companhia incessante. Chen, pela idéia.

Elenice, pela indicação da Helena. Luiz Portugal, pelas árvores.

Fabio Gallo, pela estrutura. Daniela, pelas fotos, caronas e empolgação. Marilia e Olivia, pela grande amizade e apoio.

Todos os meus amigos e companheiros dos longos anos de FAU.

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Objeto de trabalho O objeto deste Trabalho Final de Graduação é o projeto de uma livraria a ser implantada no campus da Universidade de São Paulo (Cidade Universitária “Armando Salles de Oliveira” – CUASO).

Esta proposta surgiu através da conjunção da necessidade real de uma nova sede para a Edusp – Editora da Universidade de São Paulo, e do interesse pelo programa específico de uma livraria universitária. Entendemos que uma livraria dentro da Universidade não deve apenas estar voltada para o consumo, mas deve ser mais uma ponte entre ela e o conhecimento.

Na ocasião do desenvolvimento da proposta, a Edusp contava com pequenas livrarias em algumas unidades da Universidade e necessitava de uma loja central desde a desativação do centro de vivência do Diretório Central dos Estudantes da Universidade de São Paulo (DCE-USP). Esta nova sede foi inaugurada durante a realização deste trabalho, com projeto desenvolvido pelo arquiteto e professor Paulo Bruna. O programa dessa nova livraria difere do proposto por este trabalho, sendo que por este motivo o título do trabalho remete apenas a uma livraria universitária, sem vincular-se à editora citada.

Devido à sua implantação e ocupação dispersas, as unidades do campus não apresentam conexão, além de existirem poucos espaços interdisciplinares e interunidades, que promovam essa ligação entre as unidades.

O principal objetivo deste trabalho é elaborar um novo espaço, dentro do contexto atual, desvinculado das unidades da USP e que possa atender a uma demanda existente, tanto do público interno quanto externo.

Enfim, criar um espaço de estar, um ponto de encontro. Uma praça. Programa

A proposta para o programa de arquitetura partiu de uma divisão da em três setores: a loja propriamente dita, para a venda de livros, revistas, etc., uma área de eventos e uma cafeteria.

A área de eventos seria destinada a sediar palestras, debates, lançamentos de livros, feiras temáticas de livros (a exemplo da Festa do Livro da USP, que ocorre anualmente no vão livre do prédio dos Departamentos de História e Geografia da FFLCH), além de promover feiras para trocas de livros entre os estudantes da Universidade.

A cafeteria serve de chamariz para a completa utilização deve novo espaço de caráter acolhedor e agregador, além de ser um equipamento que atende a uma demanda existente da Universidade. Durante o processo de pesquisa para a elaboração do programa, foi realizada um conversa com o prof. Paulo Bruna. O tema dessa conversa volteou sobre o que o programa de uma livraria dentro do campus poderia abranger, reforçando a proposta inicial. Foram citadas algumas referências de programa, como a estrutura comercial das grandes livrarias comerciais em São Paulo, como a FNAC e a Livraria Cultura, instaladas em prédios herméticos, sem contato com áreas externas, com disposição de produtos

e iluminação focados essencialmente no consumo. Outra referência é a estrutura das livrarias inseridas nos campi das universidades dos E.U.A., que apresentam um programa muito diverso: são prédios de grande porte e destaque dentro das universidades, tem relação com as faculdades, algumas promovem feiras para trocas de livros, mas também são grandes lojas, vendem produtos de gêneros diversos, principalmente relacionados à universidade a que pertencem. Outro ponto desta conversa esteve relacionado aos possíveis locais para situar a livraria, sendo observada a centralidade criada pela “Praça dos Bancos”, próxima ao prédio da Antiga Reitoria e da ECA, e a sua natural tendência a agregar outros serviços relacionados ao fluxo do campus. Localização Devido à proximidade com a “área central” onde estão localizados os brancos, o sítio escolhido para a implantação do projeto foi a área onde hoje existem os chamados “barracões”, entre a ECA, a FEA, a Escola Politécnica e o córrego paralelo à Raia Olímpica (figura 1).

Estes barracões foram construídos no fim da década de 1970, quando a Cidade Universitária ainda não estava completamente implantada. Ali foram instalados, principalmente, os departamentos da área de biológicas (Anatomia, Histologia, Fisiologia, Odontologia, Medicina Veterinária, Patologia e Clínica Médica, entre outras), além do Departamento de Teatro.

As construções tinham caráter provisório, enquanto era realizada a ocupação da área em direção à Portaria 3. A característica de construção provisória é evidente: são grandes galpões, de mesmas dimensões, estrutura e elementos de vedação padronizados, construídos em série e de maneira rápida.

Com o passar do tempo, muitas das unidades previstas foram construídas e/ou ampliadas, passando a incorporar os departamentos que ali se encontravam. Porém, a demanda da própria Universidade continuou a aumentar, levando os barracões a estarem sempre ocupados com essas novas necessidades criadas. Atualmente os barracões são ocupados por núcleos de pesquisa de unidades diversas, como o Núcleo de Consciência Negra, o Núcleo de Estudos da Violência – NEV e a Escola do Futuro, o Centro Acadêmico da FEA, o Grêmio da ECA, os Programas de Uso Racional da Energia e da Água (PURE/PURA). Alguns dos barracões ainda abrigam departamentos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia e parte do departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina. Apesar do fluxo de ocupação, há barracões sem uso, sendo que alguns já foram demolidos para a construção de novas edificações. Muitas das construções estão em estado precário, não havendo manutenção adequada. As condições de entorno e circulação são semelhantes: o calçamento é estreito, com vários trechos danificados, dificultando a circulação entre as edificações (fotos 2 a 5). Apesar dessa

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estrutura ruim, a área é consolidada, tem dinâmica própria, além de ser um local de grande qualidade ambiental, pois é um dos trechos mais arborizados do campus. Este fator teve grande relevância, sendo determinante para a escolha do terreno (figuras 6 a 13). Levantadas todas essas questões, foi determinada como área de

intervenção do projeto a quadra localizada atrás da FEA, em frente ao Restaurante Sweden, limitada pela Av. Prof. Lucio Martins Rodrigues e pelas Travessas 4 e 5. O terreno é ocupado por três barracões dispostos paralelamente àquela avenida e apresenta intensa arborização, principalmente no espaço livre entre as construções(figura 14).

1. Mapa da CUASO – localização da área de estudo

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Levantamento gráfico Os materiais gráficos, como plantas e mapas da Cidade Universitária, foram cedidos pela Coordenadoria do Espaço Físico da Universidade de São Paulo (Coesf) e pela Seção de Produção de Bases Digitais para Arquitetura e Urbanismo (Cesad).

As bases criadas para desenvolvimento do projeto seguiram as plantas do Gegran e da Cidade Universitária fornecidas por esses órgãos, com a contribuição de levantamentos no local e registros fotográficos. Levantamento das espécies arbóreas

Como não existem dados sobre a localização e as espécies das árvores existentes na área escolhida para o projeto, foi necessário fazer um levantamento métrico e fotográfico, para locar as árvores existentes e reconhecer as espécies.

Foram encontradas 15 espécies distintas de árvores e 117 exemplares:

Palmeira Seafórtia – Archontophoenix sunninghamiana

(exótica): 6 exemplares Palmeira Jerivá – Syagus romanzoffiana (nativa): 1 exemplar Falsa-seringueira – Ficus elastica (exótica): 9 exemplares Tipuana – Tipuana tipu (exótica): 57 exemplares Eritrina – Eritrina speciosa (nativa): 4 exemplares Ficus – Ficus ssp (exótica): 6 exemplares Areca-bambu – Dypsis lutescens (exótica): 1 exemplar Goiabeira - Psidium guajava L. (nativa): 1 exemplar Monjoleiro – Acacia polyphylla (nativa): 9 exemplares Quaresmeira - Tibouchina granulosa (nativa): 1 exemplar Uva japonea – Hovenia dulcis (exótica): 6 exemplares Dracena – Dracaena fragans (exótica) : 2 exemplares Dombéia – Dombeya ssp (exótica): 3 exemplares Espécie sem identificação 1: 3 exemplares Espécie sem identificação 2: 8 exemplares

Segundo a recomendação da Secretaria Municipal do Verde e do

Meio Ambiente a remoção de árvores por corte ou transplante deve seguir à proporção estipulada no Anexo VII da Portaria 26/SVMA.G/2008 (figura 15)

Para a implantação do projeto propõe-se que a palmeira nativa existente (Jerivá - Syagus romanzoffiana) seja transplantada para área próxima, de acordo com a normatização da portaria citada. No caso das palmeiras exóticas (Seafórtia – Archontophoenix sunninghamiana e Areca-bambu – Dypsis lutescens), propõe-se que sejam retiradas, realizando a compensação ambiental com palmeiras nativas.

Ainda é necessária a remoção de três exemplares da árvore nativa Monjoleiro – Acacia pollyphylla, sendo duas com DAP (diâmetro à altura do peito) inferior a 15 cm e um exemplar da árvore exótica Tipuana – Tipuana tipu.

Legislação – Plano diretor da CUASO Segundo a lei municipal n° 13.885/04, o campus da Universidade de São Paulo é uma Zona de Ocupação Especial – ZOE, apresentando características e normas próprias. Em 2001, foi desenvolvido e apresentado pelo Conselho Universitário da USP o Plano Diretor Físico da Cidade Universitária “A. S. O.”, onde a partir da análise dos planos diretores anteriores, de suas características consolidadas e das demandas existentes, foram traçadas as diretrizes e normas de planejamento e gestão, sendo este o documento norteador do desenvolvimento do campus. A análise deste documento foi de suma importância para confirmar a pertinência tanto do projeto quanto de sua localização. A seguir são compilados trechos do Plano Diretor relacionados à área em questão:

Art. 3 – O crescimento físico da CUASO será limitado e ordenado para preservar a qualidade ambiental existente no campus. §2º A ordenação física da CUASO deverá levar em consideração:

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I – Os seguintes eixos ordenadores, revigorados com fundamento na história dos planos diretores da CUASO e consubstanciados nos traçados dos Caminhos de Pedestres:

a) Eixo perpendicular ao Rio Pinheiros, cruzando no centro da

Raia Olímpica e tangente à Praça do Relógio e ao edifício da Antiga Reitoria, alcançando o eixo das Humanas citado a seguir;

b) Eixo paralelo ao Rio Pinheiros, constituído pela Avenida da Universidade, Rua da Reitoria, e neste Plano Diretor de 2001 tendo desenvolvimento além da Torre do Relógio, alcançando a área da FEA e da Escola Politécnica;

c) Eixo das Humanas, que liga as unidades pertencentes à Faculdade de Filosofia e outras que dela se destacaram na evolução histórica da Universidade.

Art. 4 – Deverá ser incentivado o uso do campus pelo pedestre,

recuperando o objetivo de formação de um “espírito universitário” constante de outros planos físicos para a CUASO e reduzindo a pressão por novos estacionamentos.

§ 1° Deverá ser promovida a melhoria das conexões físicas intra e inter Unidades e áreas do conhecimento.

Art. 8 – Deverão ser respeitados os seguintes recuos mínimos:

a) Em relação às vias principais de tráfego de veículos, deverá ser considerado o recuo mínimo de 15 metros até o edifício, a partir da guia;

b) Em relação às vias locais, deverá ser considerado o recuo mínimo de 10 metros até o edifício, a partir da guia;

c) Em relação aos estacionamentos a céu aberto, deverá ser considerado o recuo mínimo de 5 metros até o edifício, a partir da guia.

§ 1° As vias principais da CUASO são as seguintes: Av. da Universidade, Av. Prof. Mello Moraes, Av. Prof. Luciano Gualberto, Av. Prof. Lineu Prestes, Av. Prof. Almeida Prado, Av. Prof. Ernesto de Moraes Leme, Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, Av. Intersetorial, Rua do Matão, Rua do Lago, Rua do Anfiteatro, Rua Prof. Orlando Marques de Paiva (trecho entre a Portaria 3 e a Av. Intersetorial), Rua Prof. Gabriel Silvestre T. de Carvalho (trecho entre Av. Intersetorial e Av. Prof. Lineu Prestes) e Travessa “C”; as praças rotatórias destas vias são incluídas nesta classificação, para efeito de recuo. Art. 17 Visando obter o máximo de conectividade entre áreas afins do conhecimento, de administração e vivência é definido um Sistema de Caminhos de Pedestres e Áreas de Vivência, conforme ilustrado em mapa n° 7 anexo, intitulado Caminhos de Pedestres. § 2° As futuras construções ou ampliações de edifícios serão implantadas considerando os Caminhos de Pedestres ora definidos e novos equipamentos serão localizados de acordo com a hierarquia proposta para as áreas de vivência.

§ 3° O território do campus será polarizado em torno de áreas de vivência, que servirão de pontos focais e de referência para os Caminhos de Pedestres.

I – São propostas áreas de vivência centrais, setoriais e locais na CUASO.

II – São definidas duas áreas de vivência de caráter central na CUASO, concentrando equipamentos de lazer, cultura e apoio e serviços de âmbito central: a Praça do Relógio e seu entorno e a Praça do Pôr-do-Sol e arredores, uma vez que a primeira sempre ocupou um lugar de destaque na história da CUASO como área de atividades centrais e a outra área, a Praça do Pôr-do-Sol, servirá como fator de desenvolvimento do setor sul do campus e apoio para as unidades ligadas às ciências biológicas.

O Relatório Técnico anexo ao Plano diretor apresenta estudos propostos, entre os quais se prevê a construção de uma livraria, junto ao prédio da Antiga Reitoria, estando portando no mesmo eixo do Caminho de Pedestres.

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16. Fonte: Plano Diretor da CUASO, 2001.

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17. Fonte: Plano Diretor da CUASO, 2001.

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Estudos de circulção

18. Estudo dos fluxos de pedestres 19. Estudo dos fluxos de veículos

20. Estudo dos possíveis acessos

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Partido

Com base em todo o levantamento executado, foram definidos os principais partidos do projeto:

Remanejar/remover o mínimo possível das árvores existentes: a variedade, a diversidade e o porte das árvores ali existentes tiveram importante papel na escolha do terreno, sendo a característica principal para nortear o projeto;

Demolição completa das construções existentes: devido à falta de qualidade de espaço e construtivo, conforme já exposto anteriormente;

Aproveitar a projeção dos edifícios existentes, visando a menor remoção possível das árvores;

Fazer uma edificação elevada em relação ao nível do solo, para evitar podas de raízes e possíveis danos futuros na construção causados pelas mesmas e pela umidade provinda do solo do local;

Incorporar as árvores na edificação; Garantir o acesso de pessoas com deficiência a todo o

conjunto; Utilizar estrutura metálica, visando a possibilidade de

maiores vãos e o menor impacto construtivo no local.

Referências de projeto

Museu do Pão – Brasil Arquitetura Centro Cultural Fiesp – Paulo Mendes da Rocha Casa de Vidro – Lina Bo Bardi Biblioteca PUC-RJ – SPBR Livraria Cultura – Fernando Brandão Casa Farnsworth – Mies Van der Rohe Casa Ball-Eastaway – Glenn Murcutt Casa Oscar Americano – Oswaldo Bratke Museu Rodin – Brasil Arquitetura Escola Guignard – Gustavo Penna

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Croquis de desenvolvimento de projeto

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Memorial de projeto A edificação é composta por três blocos que ocupam aproximadamente a projeção das três edificações existentes, apresentam cinco acessos e são interligados por passarelas no térreo e no pavimento superior.

O bloco a sudeste, próximo à Av. Prof, Lucio Martins Rodrigues, para onde está voltada a entrada principal do conjunto, abriga a loja, tanto no térreo quanto no mezanino. Na entrada principal do conjunto há uma larga rampa com inclinação de 5%, perpendicular à dita avenida e é envolvida por um grande pórtico de concreto. O mezanino é acessado por uma grande escada e por elevador e ocupa a parte central deste bloco, projetando-se sobre a entrada principal, também sendo envolvido pelo pórtico. As conexões com os outros blocos são feitas através de passarelas, localizadas no térreo e no mezanino.

No bloco central estão instalados a cafeteria e os sanitários, que ocupam o térreo, e a administração, localizada no piso superior. A cafeteria é acessada por uma escada, voltada para a Trav. 4 e por uma rampa com inclinação de 5% paralela à mesma travessa. A entrada de funcionários localiza-se junto a Trav. 5, na extremidade contrária à escada. Ali também há uma rampa com inclinação de 8% e dá acesso ao mezanino por uma escada e elevador, à cozinha da cafeteria e à loja.

O terceiro bloco, a noroeste, apresenta térreo livre, onde estão os pilotis que estruturam o auditório e o foyer/área de eventos. O pavimento do auditório é acessado pelo térreo, através de uma escada e de um elevador e pela passarela que vem do mezanino do bloco central. O auditório possui 211 acentos, sendo 4 reservados a pessoas em cadeiras de rodas e 2 para pessoas obesas. O palco é acessado por escada e por rampa com inclinação de 16%.

A estrutura metálica é composta por pilares de perfil tubular redondo com diâmetro de 355,6 mm, pilares de perfil I soldado de série CVS 300x57 e vigas de perfil I soldado de série VS 500x97, 600x125 e 700x137 e de série CVS 350x87.

O pré-dimensionamento das vigas foi baseado na utilização de vigas mistas, uma associação aço-concreto, onde uma parcela da laje de concreto trabalha em associação com as vigas de perfil I através de conectores, recebendo boa parte dos esforços de compressão. Essa solução estrutural resulta numa diminuição do peso das vigas de aço e numa maior rigidez da construção. O valor de referência para o pré-dimensionamento é 1/25 do vão.

Para as áreas abertas, que apresentam pés-direitos duplos, e para o bloco do auditório, foram usados os pilares de perfil tubular redondo, modulados em vãos de 12 m (onde foram utilizadas as vigas de perfil I VS 500x97), com variações nas passarelas (vãos de 16,80 m, vigas de perfil I VS 700x137) e no bloco noroeste onde está o auditório (vãos de 14,40 m, vigas de perfil I VS 600x125). O bloco central, na área destinada à administração, é fechado e compartimentado, tendo sido optado a utilização de pilares de perfil I CVS 300x57, com vigas de perfil I CVS 350x87.

As conexões pilares-vigas são feitas por soldagem. No caso das conexões dos pilares de perfil tubular redondo, podem ser utilizados capitéis para reduzir as deformações na ligação pilar-viga.

Os pilares de perfil tubular são recuados das bordas das lajes, para que estas fiquem “soltas” do chão, dando leveza à construção.

Para os fechamentos foram utilizados extensos panos de vidro e empenas de concreto. Os panos de vidro trazem transparência ao conjunto, permitindo sempre a visualização das árvores, tanto de fora pra dentro quanto de fora pra dentro, e complementam a sensação de leveza proposto pela concepção estrutural.

Para a definição da cobertura foram consideradas a seguintes características: leveza e linearidade, para acompanhar concepção que norteou todo o projeto; manutenção, devido ao intenso acúmulo de folhas provenientes das grandes copas do conjunto de árvores, especialmente das Falsas-seringueiras (Ficus elastica); e drenagem de águas pluviais, visto que o terreno em questão faz parte da várzea do rio.

A solução adotada foi o sistema de biodrenagem do tipo teto verde leve. O teto verde leve trata-se de uma cobertura vegetal (solo composto ou substrato reciclado) sobre a laje impermeabilizada, conforme esquema a seguir.

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Bibliografia Livros, publicações e periódicos

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: 2004.

A.V. Proyectos. Madri, n. 25, jan.-fev. 2008.

BRAVO, Isabel. Manuel de las Casas: Centro Hispano-Luso em Zamora. Tectónica: monografías de arquitectura, tecnologia y construcción. Madri, n. 9 – acero (I), p. 26-39, set./dez. 1998.

CARTER, Peter. Mies van der Rohe at work. London: Phaidon Press, 2003.

CORBIOLI, Nanci. Maior loja de livros do país resgata memória de cinema paulistano. Projeto Design. São Paulo, n. 330, p. 72-79, ago. 2007.

CORMIER, Nathaniel; PELLEGRINO, Paulo R. M. Infra-estrutura verde: uma estretégia paisagística para a água urbana. Revista Paisagem e ambiente: ensaios. São Paulo, n.25, p.125-142, 2008.

DIAS, Luís Andrade de Mattos. Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem. São Paulo: Zigurate Editora, 1997.

FANUCCI, Francisco. Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz: Brasil Arquitetura. São Paulo: Cosac Naify, 2005.

FARRELLY, E. M. Three houses: Glenn Murcutt. London: Phaidon Press, 1996.

FERRAZ, Marcelo Carvalho (coord.). Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, 1993. GRUNOW, Evelise. Livros são parâmetro para a medida e a escala do projeto. Projeto Design. Projeto Design. São Paulo, n. 330, p. 80-85, ago. 2007.

LLAMAS, Juan. Miguel Angel Campo y Roberto Ercilla: Centro cívico en Victoria. Tectónica: monografías de arquitectura, tecnologia y construcción. Madri, n. 6 – cubiertas (I) planas, p. 28-43, set./dez. 1997.

LORENZI, Harri. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2008, 2 vol.

KRAUS, Jane Elizabeth. Fauna e flora no Campus da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira. São Paulo: Edusp, 2005. MARINGONI, Heloisa Martins. Princípios de arquitetura em aço. [S.I.] Gerdau Açominas, 2007. MELENDEZ, Adilson. Em shopping, filial de loja de rua mantém elementos tradicionais. Projeto Design. São Paulo, n. 330, p. 86-91, ago. 2007.

MILHEIRO, Ana Vaz; NOBRE, Ana Luiza; WISNIK, Guilherme. Coletivo: arquitetura paulista contemporânea. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Plano diretor físico da cidade universitária “Armando de Salles Oliveira. São Paulo: 2001.

SEGAWA, Francine. USP busca alternativas para proliferação de palmeiras. Jornal do Campus. São Paulo: 04 jun. 2009. Disponível em: <http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2009/06/usp-busca-alternativas-para-proliferacao-de-palmeiras/>

SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: ProEditores, 1997. SERAPIÃO, Fernando. Anexos semelhantes têm materialidade e uso diversos. Projeto Design. São Paulo, n. 337, p. 42-51, mar. 2008.

SERAPIÃO, Fernando. Relação entre edifícios de séculos diferentes dá mote ao trabalho. Projeto Design. São Paulo, n. 319, p. 42-53, set. 2006.

SOUSA, Marcos de. Trem, ponte, mirante do planeta: Escola Guignard. Revista AU. São Paulo, n. 70, p. 30-36, fev./mar. 1997.

VASCONCELLOS, Alexandre L. Caracterização das construções mistas aço/concreto. Revista Construção Metálica. São Paulo, n. 73, p. 20-25, 2006. Disponível em: <http://www.abcem.com.br/downloads/artigo_ed73.pdf>. Acesso e

m: nov. 2009

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Trabalho Final de GraduaçãoTrabalho Final de GraduaçãoTrabalho Final de GraduaçãoTrabalho Final de Graduação Aluna: Carla de Almeida Soffi Bonfante Orientadora: Helena Aparecida Ayoub Silva Banca: Prof. Helena Aparecida Ayoub Silva, Arq. Roberto Selmer Jr., Prof. Antonio Carlos Barossi, Prof. Angelo Bucci Data: 16 de dezembro de 2009 Título: Projeto Título: Projeto Título: Projeto Título: Projeto –––– livraria universitária livraria universitária livraria universitária livraria universitária ResumoResumoResumoResumo

O objeto deste Trabalho Final de Graduação é o projeto de uma livraria a ser implantada no campus da Universidade de São Paulo (Cidade Universitária “Armando Salles de Oliveira”).

Esta proposta surgiu através da conjunção da necessidade real de uma nova sede para a Edusp, e do interesse pelo programa específico de uma livraria universitária. Entendemos que uma livraria dentro da Universidade não deve apenas estar voltada para o consumo, mas deve ser mais uma ponte entre ela, Universidade, e o conhecimento.

A definição do programa de arquitetura partiu de uma divisão da em três setores: a loja propriamente dita, para a venda de livros, revistas, etc., uma área de eventos e uma cafeteria.

A área de eventos seria destinada a sediar palestras, debates, lançamentos de livros, feiras temáticas de livros (a exemplo da Festa do Livro da USP, que ocorre anualmente no vão livre do prédio dos Departamentos de História e Geografia da FFLCH), além de promover feiras para trocas de livros entre os estudantes da Universidade.

A cafeteria serve de chamariz para a completa utilização desse novo espaço de caráter acolhedor e agregador, além de ser um equipamento que atende a uma demanda existente da Universidade.

Devido à proximidade com a “área central” onde estão localizados os bancos, o sítio escolhido para a implantação do projeto foi a área onde hoje existem os chamados “barracões”, entre a ECA, a FEA, a Escola Politécnica e o córrego paralelo à Raia Olímpica.

Estes barracões foram construídos no fim da década de 1970 e tinham caráter provisório, enquanto era realizada a ocupação da área em direção à Portaria 3. Foi determinada como área de intervenção do projeto a quadra localizada atrás da FEA, em frente ao Restaurante Sweden, limitada pela Av. Prof. Lucio Martins Rodrigues e pelas Travessas 4 e 5. O terreno é ocupado por três barracões dispostos paralelamente àquela avenida e apresenta intensa arborização, principalmente no espaço livre entre as construções.

A continuação do trabalho se deu pela pesquisa de referências para o desenvolvimento do programa e levantamentos referentes a área para implantação do projeto.

As bases criadas para desenvolvimento do projeto seguiram as plantas do Gegran e mapas da Cidade Universitária cedidos pela Coordenadoria do Espaço Físico da Universidade de São Paulo (Coesf) e pela Seção de Produção de Bases Digitais para Arquitetura e Urbanismo (Cesad)., com a contribuição de levantamentos no local e registros fotográficos.

Como o princípio do projeto era manter as árvores existentes no local, foi feito um levantamento para locação das árvores e para identificação das espécies, através de medições in-loco e registro fotográfico.

Foram encontradas 15 espécies distintas de árvores e 117 exemplares.

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Decidiu-se que algumas palmeiras existentes seriam transplantadas e que 3 árvores seriam removidas para a implantação do projeto.

A remoção de árvores por corte ou transplante deve seguir à proporção estipulada no Anexo VII da Portaria 26/SVMA.G/2008. A compensação ambiental seria realizada no mesmo sítio, nas áreas ocupadas por barracões a serem demolidos.

Outro ponto de estudo foi Plano Diretor Físico da Cidade Universitária “A. S. O.”, que indica alguns parâmetros de projeto e a viabilidade da construção no local escolhido.

No Plano Diretor há um Relatório Técnico, elaborado pelo mesmo grupo de trabalho, que relata os procedimentos para a conclusão do dito Plano e apresenta estudos propostos, entre os quais se prevê a construção de uma livraria, junto ao prédio da Antiga Reitoria, estando portando no mesmo eixo do Caminho de Pedestres. Outro ponto destacado pelo Relatório Técnico foi a intenção de utilização da área dos antigos “pavilhões provisórios” (os barracões).

Com base em todo o levantamento executado, foram definidos os principais partidos do projeto: manter o maior número possível das árvores; demolir as construções existentes; construir sobre a projeção destas; projetar um edifício elevado em relação ao solo; incorporar as árvores na edificação; garantir acessibilidade; utilizar estrutura metálica. A edificação é composta por três blocos que ocupam aproximadamente a projeção das três edificações existentes, apresentam cinco acessos e são interligados por passarelas no térreo e no pavimento superior.

O bloco a SE, próximo à Av. Prof, Lucio Martins Rodrigues, para onde está voltada a entrada principal do conjunto, abriga a loja, tanto no térreo quanto no mezanino. Na entrada principal do conjunto há uma larga rampa com inclinação de 5%, perpendicular à dita avenida e é envolvida por um grande pórtico de concreto. O mezanino é acessado por uma grande escada e por elevador e ocupa a parte central deste bloco, projetando-se sobre a entrada principal, também sendo envolvido pelo pórtico. As conexões com os outros blocos são feitas através de passarelas, localizadas no térreo e no mezanino.

No bloco central estão instalados a cafeteria e os sanitários, que ocupam o térreo, e a administração, localizada no piso superior. A cafeteria é acessada por uma escada, voltada para a Trav. 4 e por uma rampa com inclinação de 5% paralela à mesma travessa. A entrada de funcionários localiza-se junto a Trav. 5, na extremidade contrária à escada. Ali também há uma rampa com inclinação de 8% e dá acesso ao mezanino por uma escada e elevador, à cozinha da cafeteria e à loja.

O terceiro bloco, a NO, apresenta térreo livre, onde estão os pilotis que estruturam o auditório e o foyer/área de eventos. O pavimento do auditório é acessado pelo térreo, através de uma escada e de um elevador e pela passarela que vem do mezanino do bloco central.

Ficha técnicaFicha técnicaFicha técnicaFicha técnica Local de construção: Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira”, SP Área do terreno: 10044 m² Área construída: 2583,82 m² (térreo), 2149,76 m² (superior); total 4733,58 m²