TIPOLOGIA EVOLUTIVA E PERSPECTIVAS TEÓRICAS DAS ... · da internacionalização, as principais...

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TIPOLOGIA EVOLUTIVA E PERSPECTIVAS TEÓRICAS DAS ESTRATÉGIAS DE OPERAÇÕES DAS EMPRESAS MULTINACIONAIS BRASILEIRAS. Ricardo Leonardo ROVAI – Depto de Eng. de Produção POLI-USP – S.Paulo-SP. Brasil Milton de Abreu CAMPANÁRIO – Instituto de Pesquisas Tecnológicas de S.Paulo – S.Paulo-SP. Brasil Nilton Nunes de TOLEDO – Depto de Eng. de Produção POLI-USP – S.Paulo-SP. Brasil

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TIPOLOGIA EVOLUTIVA E PERSPECTIVAS TEÓRICAS DAS ESTRATÉGIAS DE OPERAÇÕES DAS EMPRESAS MULT INACIONAIS BRASILEIRAS. Ricardo Leonardo ROVAI – Depto de Eng. de Produção POLI-USP – S.Paulo-SP. Brasil Milton de Abreu CAMPANÁRIO – Instituto de Pesquisas Tecnológicas de S.Paulo – S.Paulo-SP. Brasil Nilton Nunes de TOLEDO – Depto de Eng. de Produção POLI-USP – S.Paulo-SP. Brasil

Resumo Este trabalho tem por objetivo esboçar um quadro evolutivo das estratégias de operações das multinacionais brasileiras, a partir da perspectiva do desenvolvimento das estratégias de operações das multinacionais latino-americanas, sob o ponto de vista de sua inserção no processo de globalização. Busca-se caracterizar o perfil típico destas empresas em termos de confirmar se estas últimas estão mais situadas dentro da tipologia de Dunning, como utili zadoras da estratégia de operação tipo “ resouce seeking” ou “market seeking’ , “eff iciency seeking” ou “strategic asset seeking” . Palavras Chaves: multinacionais brasileiras, investimento direto estrangeiro, globalização, multinacionais latino-americanas e multinacionais de países emergentes

. Introdução e Justificativa Aos investigarmos o caráter e a natureza dos Investimentos Diretos Estrangeiros(IDE) nos países emergentes ou em desenvolvimento(PED) é preciso destacar a dualidade do fluxo destes investimentos, pois não se trata apenas de um fenômeno dirigido dos países centrais(PC) para os PED. Estes últimos também realizam investimentos tanto para os PED, como para os próprios PD e este fenômeno é relevante devido ao fato das empresas multinacionais dos países emergentes(EMPED) atuarem como fornecedores de outras empresas provenientes dos PD. OS PED receberam em 1997 37,2% dos IDE e são responsáveis pela geração de 14,45, sendo apenas 9% provenientes das EMPED da América Latina(Chudnovsky & López, 1999). A origem dos IDE das EMPED é predominantemente asiática(sul e sudeste asiáticos, Coréia do Sul, Cingapura e Taiwan) e corresponde a 88% dos IDEs dos PED(Chudnovsky & López, 1999). Coincidentemente tais países são ao mesmo tempo os maiores receptores de IDE e também é significativo os fortes avanços acumulados de desenvolvimento industrial(Lall , 1998; Wells, 1983). È interessante observarmos também o fato de que se tomarmos em conta a classificação da UNTAD de 1998, das 50 maiores EMPED, 30(60 %) são de origem asiática e apenas 30% são de origem latino-americana(apud Chudnovsky & López, 1999). Outro fato importante é o perfil em termos de atividades destas empresas. As de origem asiática possuem o perfil predominantemente intensivo em skill ou alta tecnologia (eletro-eletrônicos, automotivos, equipamentos elétricos, química pesada e fina) e as de origem latino-americanas atuam fortemente nos setores de petróleo, alimentos e bebidas, cimentos e mineração. Assim estudar de forma sistêmica o quadro referencial teórico que envolve a perspectiva evolutiva das EMPED constitui-se em uma contribuição teórica importante em termos de preenchimento da enorme lacuna existente na caracterização de uma tipologia das EMPED latino-americanas e sobretudo as de origem brasileiras. Metodologia A metodologia do presente trabalho é baseada na pesquisa bibliográfica e documental, pois os objetivos do trabalho estão associados a identificação de um padrão teórico explicativo para o processo de multinacionalização das EMNS brasileiras buscando caracterizar em linhas gerais o estágio que a maior parte das EMNS brasileiras que atuam fortemente no exterior efetivamente se encontram a partir da tipologia do Modelo de Dunning. Por empresas multinacionais brasileiras entendemos todas as empresas de capital nacional que atuam no mercado externo com fábricas instaladas e que faturem pelo menos entre $ U.S. 600.000.000,00/ano e para qual as atividades geradas no mercado externo correspondam a pelo menos 40% de seu faturamento total. É o caso de por exemplo das seguintes empresas: Embraer, Gerdau, Sadia, Perdigão, Petrobrás, Ambev, CVRD, Sandálias Havaianas, dentre outras.

Perspectivas Teór icas da Internacionalização das Empresas Multinacionais dos Países Emergentes Para o entendimento sob uma perspectiva mais ampla de todo o quadro referencial teórico acerca das empresas multinacionais(EMNS), das EMPED e das EMNS Brasileiras busca-se primeiro estudar a literatura acerca das EMNS dos PED, posteriormente as EMPED em especial as latino-americanas e por último as brasileiras. O quadro referencial teórico acerca do processo de internacionalização das EMNS pode ser melhor sintetizado a partir de quatro perspectivas: (1) Modelo de Dunning(o qual possui duas vertentes teóricas), (2) Teoria das Vantagens Locacionais Específicas, (3) Hipótese do Ciclo de Vida do Produto e (4) Outras Perspectivas Teóricas Ecléticas. Modelo de Dunning O modelo de Dunning(1998), possui duas vertentes. A perspectiva dos Paradigmas Ecléticos e o Modelo dos Caminhos do Desenvolvimento dos IDES. A perspectiva dos Paradigmas Ecléticos é bastante interessante e busca explicar os motivos da internacionalização, as principais estratégias e seus resultados. Para Dunning as EMNS buscam obter vantagens competitivas não compartilhadas no curto prazo pelos concorrentes dos países hospedeiros(PED) tais como vantagens tecnológicas de gestão explorando as denominadas vantagens da internacionalização(vantagens de custos de mão de obra, redução de custos de fretes, vantagens tributárias e incentivos fiscais, dentre outras). As vantagens de localização, sobretudo aquelas relativas a recursos naturais e certos tipos de vantagens comparativas também são levadas em consideração na decisão de abertura de fili as em outros países. Dunning propõe uma classificação para os IDE de acordo com a motivação, dividida em quatro categorias: resource seeking, market seeking, eff iciency seeking, e strategic asset seeking. As EMNS que se utili zam de estratégias do tipo rersource seeking buscam explorar as vantagens derivadas de recursos naturais a custos comparativamente menores nos países hospedeiros(por exemplo a Alcoa que explora bauxita no Pará e a American Steel que processa manganês no Amapá). As EMNS do tipo marketing seeking buscam a partir de um dado país hospedeiro explorar as vantagens de outros mercados vizinhos(como é op caso de muitas montadoras sediadas no Brasil que exploram os mercados do Mercosul e de outros países da região). As EMNS do tipo eff iciency seeking buscam explorar as vantagens de escala e racionalização da produção, além da especialização e também vantagens locacionais, tais como processos de integração regional entre fili ais, redução de custos de transporte e avanços de infra-estrutura de telecomunicações. As EMNS do tipo Strategic Asset buscam adquirir um conjunto estruturado de competências e mix estratégico competitivo que lhes proporcione maiores vantagens competitivas, geralmente adquirindo ativos estratégicos voltados à inovação de produtos e canais de distribuição(Dunning, 1998). Dunning também contrapor a posição de um dado país como receptor e ou emissor de IDE e seu nível de desenvolvimento econômico. Dunning propõe que a relação entre IDE

emitido e recebido passa por etapas previsíveis em função do desenvolvimento econômico, enfatizando que não é possível determinar uma relação de causa e efeito(Dunning, 1998). Países com baixos níveis de renda e escassez de IDE não atraem novos IDE, pois não há condições mínimas de atratividade para as EMNS. Somente em função do crescimento da renda interna e os investimentos em infra-estrutura e educação o IDE recebido passa a se incrementar. Dunning evidencia que em muitos países latino-americanos os investimentos das EMNS da primeira onda destinavam-se a substituição de importações focadas em atividades resource based e posteriormente se incrementam as capacidades de oferta e passa-se a fase marketing seeking destes mercados. Este fenômeno corresponde ao que Dunning caracteriza de primeira onda de multinacionalização(Dunning, 1998). Na segunda onda de multinacionalização das empresas dos PC, se o governo promover uma política industrial voltada para o mercado internacional fomentando atividades exportadoras, as EMNS podem então desenvolver atividades inovadoras especificas do país aproveitando-se melhor as vantagens comparativas de recursos do país hospedeiro e incrementando assim o ingresso líquido de IDE. Da segunda para a terceira onda ocorre o fenômeno da maturidade das vantagens comparativas de recursos e do incremento líquido dos IDE proporcionando a queda relativa das desvantagens de localização do país receptor ou hospedeiro e o resultado disto é teoricamente uma estrutura produtiva do país mais internacionalizada e alinhada racionalmente com as dotações de fatores do país. O amadurecimento das características da terceira onda conduzem a quarta onda de forma obviamente não linear(Dunning, 1998) caracteriza-se pela mudança de caráter do perfil dos investimentos das EMNS, estando mais associadas as metas globais da empresa matriz, que busca obter vantagens da coordenação entre suas fili ais(eff iciency seeking). Os PED na medida que avançam em seu processo de desenvolvimento econômico, os países atingem eventualmente a quarta etapa, geralmente na qual eles se tornam emissores de IDE. Este fato se deve aos custos dos recursos locais se tornarem menos atrativos que outros países em estágios de desenvolvimento distintos, que oferecem recursos e incentivos a custos mais vantajosos. A posse de ativos estratégicos(skill s, management, tecnologias avançadas, sistemas de informação diferenciados, etc) também pode explicar o processo de incremento dos IDE e a transformação do país em emissor líquido(Dunning, 1998). Teor ia das Vantagens Locacionais Específicas A teoria das vantagens locacionais especifícas foi amplamente difundida no mainstream economic li terature durante a década de 80, sendo derivada teoria convencional acerca das Empresas Transnacionais (ET). Com relação as EMPED a teoria das vantagens locacionais especifícas representa uma aplicação da teoria convencional acerca das ET em geral às EMPED. (Yeung & Chung, 1999). A teoria das vantagens locacionais especificas postula que as EMPED possuem baixas ou temporárias vantagens devido ao seu tamanho e perfil tecnológico. As EMPED dependem fortemente de vantagens locacionais especifícas de seus respectivos paises de origem ou de seus hospedeiros. As vantagens locacionais especificas das EMPED são derivadas de duas características do progresso tecnológico no mundo real(Lall , 1983, Ferrantino, 1993, Tolentino, 1993, Chudnovsky & López, 1999). A primeira característica é a localização da mudança técnica no nível microeconômico por aproveitamento de escala e inovações tecnológicas das EMNS dos PC. Este fenômeno

geralmente ocorre através de joint-ventures, alianças e parcerias estratégicas e em muitos casos fusões e posteriores spin offs. A segunda característica constitui-se na irreversibili dade de tais mudanças técnicas. Uma vez incorporadas pelas EMPED estas mudanças não podem ser revertidas facilmente pelos seus altos custos de saídas e a saída é a evolução progressiva através da incorporação de técnicas correlacionadas.As EMPED ganham assim vantagens competitivas através de sua competência em adaptar competências técnicas das EMNS dos PC(Aggarwal & Agmon, 1993, Dunning, 1995, 1997). Hipótese do Ciclo de Vida do Produto

A hipótese de ciclo de vida do produto tem suas origens no chamado Modelo Hymer- Kindleberger(1960). As EMNS dos PC vêem-se limitadas em termos de crescimento de seu market share pelo mercado doméstico(não obstante o gigantismo do mercado americano) e buscam aumentar sua participação no mercado internacional através da produção nos respectivos países destino de suas exportações. Obtendo assim maiores vantagens competitivas em função de ganhos em termos de fretes internacionais, barreiras de entrada, do tipo aduaneiras, fiscais, de distribuição, de custos de mão de obra e insumos, dentre inúmeros outros fatores. As EMNS dos PC procuram obter vantagens específicas de localização produzindo nos respectivos países destino de suas exportações. Este fenômeno corresponde a “primeira onda” de multinacionalização nos PED por substituição de importações. As EMNS dos PC primeiramente abrem escritórios de representação para a gestão de seus interesses de exportação e posteriormente criam entrepostos de distribuição. Convergindo posteriormente para a instalação de fábricas e o incremento da produção local(Vernon, 1966). A Hipótese do Ciclo de Vida do Produto(HCVP) tem suas raízes no Modelo Hymer Kindlerberger, e também na Teoria das Vantagens Locacionais Específicas. Cabe a Vernon(1966;1971) a formulação das premissas da HCVP para explicar a experiência de multinacionalização das EMNS americanas na Europa nos anos 50 e 60. Segundo Vernon(1966;1971) as EMNS americanas otimizavam suas competências encurtando o ciclo de vida de seus produtos buscando obter maiores vantagens competitivas advindas do lançamento de novos produtos e esta estratégia também se traduzia em termos de seus ciclos de investimentos(Michalet, 1984). A HCVP contempla cinco estágios: 1) Exportações das EMNS a partir dos países emissores ou de origem; 2)Abertura de Escritório de Representações; 3)Abertura de Depósitos ou Armazéns Logísticos; 4)Instalação de Fábricas; 5)Expansão para mercados vizinhos. A HCVP foi expandida e enriquecida posteriormente, incorporando inclusive as EMPED, por Aggarwal, 1984; 1987; Lecraw, 1984; Aggarwal & Ghauri, 1991). Para a HCVP expandida propõe duas hipóteses previsíveis para as EMPED. A primeira é muito semelhante as conclusões do Modelo dos Caminhos de Desenvolvimento dos IDE a qual postula que as EMPED seguem a mesma trajetória das EMNS dos PC(Yeung & Chung, 1999). A outra hipótese é de que nos estágios finais de desenvolvimento das EMNS, quando a produção estiver completamente distante do país inovador, já incorporada pela subsidiária

do pais receptor, estas subsidiárias irão compartilhar de forma otimizada as mesmas vantagens em um sentido amplo das suas matrizes e “repassarem” os benefícios aos países receptores(Aggarwal & Ghauri, 1991). Esta hipótese é bastante verificável em estratégias de global sourcing das EMNS dos PC.(Chudnovisky & López, 1999). Para melhor evidenciarmos a HCVP expandida é necessário reproduzirmos as sete fases do processo de multinacionalização: Tabela 1 As Sete Fases da Hipótese do Ciclo de Vida do Produto Expandida. Tipo de Fase Características Resultados 1 Lançamento do Produto, sem vendas

domésticas, sem exportações Custos de Start up

2 Início das vendas no mercado doméstico Volume dependente da capacidade ou da demanda do mercado doméstico

3 Demanda doméstica cresce a taxas decrescentes, início do processo de exportações para países similares ou menos desenvolvidos

Sem produção além mar

4 Esgotamento do crescimento das vendas no mercado doméstico e início da produção em países menos desenvolvidos

Incremento das vendas inter company

5 Vendas domésticas continuam, vendas para países similares ou menos desenvolvidos são atendidas pela produção local, vendas de inovação são exportadas para os países menos desenvolvidos

Inovações são deslocadas para subsidiárias de diversos países

6 Exportações de vendas de produtos inovativos declinam, demais países são começam a exportar estas vendas

Exportações para países menos desenvolvidos são realizadas por outras subsidiárias fora dos países centrais

7 Exportações de vendas de produtos inovativos declinam nos países de origem

Paises menos desenvolvidos absorvem estas vendas de produtos inovativos

Fonte: Adaptado de Yeung & Chung (1999). Há uma outra vertente teórica da HCVP Expandida denominada abordagem pecking order(Diaz & Alejandro, 1977; Wells, 1977) que busca classificar os países emergentes de acordo com o seu nível de desenvolvimento econômico e grau de sofisticação tecnológica. Dois fatores são críticos para explicar o movimento dos IDE entre as economias dos PED: os gaps tecnológicos o fator custos. Os gaps tecnológicos são relativos aos níveis diferentes de padrões tecnológicos existentes entre as economias dos países emergentes, por exemplo as desigualdades tecnológicas entre Brasil e Bolívia ou entre Taiwan e Indonésia.

O segundo vetor da abordagem pecking order são os custos diferentes entre as respectivas estruturas econômicas dos países emergentes em diversos estágios de desenvolvimento. Os diferentes níveis de custos de mão de obra, insumos, tecnologias, agenciamento, fatores constituem-se no denominado diferencial competitivo(Michalet, 1984) perseguido por muitas EMNS dos PED. Outras Perspectivas Teór icas Ecléticas. Afora as abordagens teóricas retro expostas, existem inúmeras outras de igual importância, mas para as quais não é possível um agrupamento ou classificação mais ampla e por isto tratamos de forma mais específica. Cantwell e Tolentino(1990) buscam evidenciar as características mais avançadas do processo de internacionalização das EMPED, para tanto tentam explicar o significado e o conteúdos das vantagens competitivas das EMPED, que para eles é mais baseada em diferentes classes de aprendizagem, aspectos organizacionais e de engenharia, indo muito além de Lall (1983) e seu modelo de adaptações tecnológicas das EMPED. Assim a existência e a acumulação de capacidades tecnológicas são muito importantes para o entendimento das estratégias de expansão e reprodução dos IDE das EMPED. Cantwell e Tolentino(1990) buscam explicar o processo de internacionalização econômica envolvendo os PED e a criação e desenvolvimento das EMPED, através da acumulação de diversas competências tecnológicas estratégicas que possibilit am o desenvolvimento destas empresas. O processo de multinacionalização pode também ser visto sob a perspectiva do ciclo evolutivo das EMNS(Goulart, et al 1994). Tal abordagem é semelhante a Teoria do Ciclo de Vida do Produto de Vernon(1966), porquanto postula que as EMNS efetuam exportações experimentais via trading companies e posteriormente instalam escritórios de vendas diretas. Dependendo da evolução e perspectiva do país e do produto poderá haver até instalação de fabricas, com capacidade produtiva, infra-estrutura de marketing e distribuição e até centros de P&D. Esta teoria é interessante sob a perspectiva de que trata-se de um processo por tentativa e erro e não linear. Existem vários casos exitosos e também casos de fracasso. Após toda a revisão da literatura podemos então avançar rumo a caracterização das EMNS latino americanas e por fim as brasileiras em uma tentativa de esboçar as características do processo de internacionalização destas EMNS, buscando responder a pergunta, qual é o papel das EMNS brasileiras na economia internacional? Estariam caracterizadas a partir da perspectiva de resource seeking, marketing seeking, eff iciency seeking ou strategic asset seeking? Qual é a contribuição para o desenvolvimento econômico do país por parte destas empresas? Qual é o papel das políticas públicas neste processo? Poderíamos caracterizar as estratégias tecnológicas e financeiras destas empresas? Empresas e Grupos Econômicos Latinos Americanos As economias latinas americanas que em geral são objetos de estudos relevantes em termos do papel das EMNS latino americanas são dos seguintes países: Argentina, Brasil , Chile e México(Chudnovsky & López). Neste grupo de países nos anos 50 e 60 ocorreu o processo de industrialização substitutiva de importações, o qual foi protagonizada por grandes grupos econômicos nacionais e as EMNS dos países centrais(PC) sob a coordenação e em muitos casos forte participação dos Estados Nacionais.Tais economias tem muitas tendências comuns com relação ao processo de industrialização baseado na substituição de

importações, correspondente a “primeira onda” de multinacionalização. Outro fator comum é nos anos 90 é o maior grau de abertura aos fluxos de comércio, capitais, tecnologias, p&d e outras conveniências comparativamente aos anos 70 e 80. É interessante observar que o Brasil se abre mais tardiamente e é a mais fechada dentre as economias e o Chile se abriu mais precocemente e é mais aberta das economias, ficando o México e a Argentina em uma posição intermediária. Os agentes típicos da “primeira onda” de multinacionalização das EMNS dos países centrais que protagonizaram o desenvolvimento através da substituição de importações foram constituídos por empresas estatais( que atuavam em setores de infra-estrutura, serviços de telecomunicações, petróleo, siderurgia e demais ramos pesados) as EMNS dos países centrais que atuam em setores de skill e certa complexidade tecnológica e os denominados grupos econômicos(GE) geralmente constituídos de empresas nacionais de grande porte de origem familiar e que atuavam em setores tipicamente substitutivos de importações(alimentos, bebidas, fármacos, cimento, construção civil , vidro, cerveja, tabaco, têxteis, agroindústria, dentre outros);(Chudnovsky & López, 1999). Neste grupo de países, Argentina, Brasil , Chile e México, não se pode afirmar que houve um padrão estável de posicionamento dos GE, convivendo um amplo padrão de estratégias defensivas, de diversificação, de especialização, etc. em muitos setores a existência de joint ventures entre as EMNS tradicionais e os GE, sob a coordenação do Estado ou também incluindo a participação de empresas estatais era comum. O Processo de Internacionalização e Multinacionalização Os processos de internacionalização das empresas dos países latinos americanos remontam o modelo agro-exportador no início do século. As capacidades adaptativas, modelos de gestão flexíveis,uma gestão comercial agressiva, permitia que estas empresas competissem com sucesso no mercado externo, principalmente se ajustando às necessidades dos clientes dos mais diversos locais. É interessante observar que em 1980 a Argentina detinha a primazia como grande emissor de IDE dentre os PED com cerca de U.S. $ 1 bilhão, somente ficando atrás de Hong Kong(Chudnovsky & López, 1999). Brasil e Chile detinham cerca de U.S. $ 200 milhões (dados da UNTAD de 1993). Nos anos 90 também é possível constatar a existência de investimentos de alguns grupos de autopeças brasileiros nos EUA e Europa, aproximadamente U.S. $ 50 bilhões. As significativas dimensões do mercado interno e a abertura econômica e comercial tardia do Brasil retardaram seu posicionamento como emissor de IDE de destaque. Enquanto que no Chile este fato ocorreu muito precocemente em função das limitações de tamanho de seu mercado interno. O Chile é relativamente mais aberto e maior emissor de IDE que o Brasil , que é o mais fechado dentre Argentina, Chile, México e Brasil . Os fatores de impulso geralmente estão associados ao grau de abertura, ao grau de vantagens comparativas e ao tamanho e as características do mercado interno. Não se podendo desconsiderar como fatores de impulso o caráter das políticas públicas, o contexto macroeconômico, as capacidades tecnológicas e também as estratégias financeiras e mercadológicas destas empresas em seu processo de internacionalização e multinacionalização. Perfil das Empresas Investidoras Enquanto as EMNS dos países latino americanos faturam anualmente entre U.S. $ 400 e 500 milhões, as equivalentes da Ásia faturam entre U.S. 30 e 60 bilhões. Uma outra característica que distingue as EMNS dos países latino americanos das EMNS dos países

asiáticos é o fato de estas últimas diversificarem seu faturamento de forma expressiva para o resto do mundo e não apenas para países vizinhos, como ocorre com as EMNS dos primeiros.(Chudnovsky & López, 1999). Participações e vendas cruzadas são muito comuns entre as EMNS dos países latino americanos(MERCOSUL). No caso do México também é interessante observarmos IDES no mercado americano especificamente voltado à satisfação de interesses econômicos e preferências da enorme massa de mexicanos que vivem nos EUA(cerca de 15 milhões). Grande Grupos Econômicos de governance familiar em transição para formas de controle e gestão mais profissionalizadas, com intervenções de participação no controle acionário de fundos de pensão, recentemente são outra características predominantes. É muito comum estas empresas atuarem em setores commoditizados, muitas vezes vinculadas a posse de recursos naturais(cimento, vidro, petróleo, bancos, engenharia de construção, bebidas e alimentos, hotelaria, televisão, entretenimento e transportes), no Brasil . Alguns podem também refletir vantagens comparativas mais especificas de cada país(fármacos e siderurgia na Argentina). Papel e celulose, cobre, complexo florestal madeireira, previdência social e comercio no Chile. Agrobiotecnologia, televisão, telecomunicações e equipamento de transporte no México. Há casos isolados de fortes investimentos em setores de skill s, biotecnologia, telecomunicações, autopeças e equipamentos de transporte que foram recentemente adquiridos por EMNS de países centrais. Enfim pode-se numa classificação preliminar afirmar que as empresas multinacionais latino americanas atuam basicamente em setores resource seeking e marketing seeking, sendo exceções as que atuarem com foco nas estratégias eff iciency seeking e strategic assets seeking e geralmente nestes últimos casos trata-se de alianças estratégicas e joint ventures(Garrido, 1999). No próximo tópico iremos explorar melhor esta classificação preliminar. O quadro abaixo evidencia muito bem o perfil das EMNS latino americanas em termos de grupo de empresa, país de origem, setor de atuação, vendas totais e vendas ao mercado externo vendas ao mercado externo e vendas totais e demonstra a prevalência da estratégia resource seeking e marketing seeking para a grande maioria se por exemplo observarmos a relação vendas ao mercado externo e vendas totais.

apud Chudnovsky & López (1999): Pr incipais Estratégias Empresar ias de Internacionalização e Multinacionalização Dentro da lógica evolutiva e classificatória do Modelo de Dunning(1998) consideram os IDE das EMNS latino americanas como dirigidos por estratégias market seeking, ressaltando-se o fato de que as empresas buscam mercados maiores e com maiores perspectivas de crescimento e sustentabili dade e não mercados regionais localizados e de baixa demanda e alto risco como nas fases anteriores do processo de internacionalização. A estratégia de resouce seeking é muito comum na industria petrolífera(Brasil , Argentina, Venezuela, México) porém cabe destacar que o fator tecnológico e skill s é condição necessária para esta estratégia e isto explica as alianças estratégicas da YPF, Petrobrás,

PEMEX e Petróleo de Venezuela. Empresas brasileiras de alimentos e matérias primas se baseiam em resource seeking em suas operações na Argentina, bem como algumas empresas chilenas de agro-reflorestamento e mineração também o fazem na Patagônia Argentina. Grande parte das empresas multinacionais latino americanas atuam através da estratégia market seeking de forma local, regional ou global(Garrido, 1999; Yeung & Chung, 1999). A predominância da estratégia market seeking é compreensível pois para competir em outros patamares estratégicos é necessário mais capital, maior nível de aprendizagem, menores barreiras, maiores custos de adaptação e isto nem sempre está ao alcance destas empresas ou não é atrativo na conjuntura(Garrido, 1999). As poucas empresas que atuam da forma strategic asset seeking geralmente o fazem através de parcerias e alianças estratégicas. A operação em países limítrofes e ou mais distantes dentro do continente é operacionalizada em muitos casos pela compra de outras empresas do países receptores e representam um importante acesso a ativos estratégicos(Chudnovsky & López, 1999; Yeung & Chung, 1999). Vantagens Competitivas, Grau de Internacionalização e Vantagens de Localização Alguns autores apontam a existência de um grande denominador comum na tipologia das vantagens competitivas das EMNS latino americanas. Capacidade de gestão, domínio e acesso a novas tecnologias, gestão de processos, qualidade e de operações eficientes, tendência ao defeito zero, habili dade de comercialização e distribuição, dentre outras(Garrido, 1999). Na “primeira onda” os IDE baseavam-se na estratégia resource seeking e buscam “vantagens país-específicas” e eram motivados pelas barreiras típicas de entrada da fase de substituição de importações e adaptavam tecnologias não atualizadas nos respectivos países hospedeiros(Yeung & Chung, 1999). As vantagens de locacionais de especificas de cada país correspondem a “primeira onda”, mas ainda podem estar presentes na ”segunda onda”, de um modo geral a medida que a internacionalização se intensifica o caráter das vantagens deixam de ser apenas resource seeking e market seeking e passam a se concentrar em estratégias eff iciency seekink, este é bem o caso de algumas empresas da Coréia do Sul(LG, Samsung, Hyundai, Daewoo), Taiwan e Hong Kong(Formosa Plastics, Shangai Hotels, Dairy Chemicals, Hutchison, Citric Pacific) Singapura(Creative, Singapura Telecom, New World, Keppel Co) Yeung & Chung, (1999). Grande parte das EMNS da América Latina embora não possuam o mesmo tamanho em termos de ativos líquidos, faturamento e volume de IDE, puderam ao longo dos últimos quarenta anos de internacionalização absorver inúmeras vantagens competitivas que possuem um caráter evolutivo ao longo de todo o processo de desenvolvimento, possibilit ando-lhes competir em mercados locais e regionais em condições qualitativamente muito superiores às da “primeira onda” (Garrido, 1999). Resultados do Processo de Internacionalização para as Empresas e para os Países Da análise de quatro países, Argentina, Brasil , Chile e México as conclusões inferidas pelos estudos de Chudnovsky & López, (1999) conclui-se que para as empresas analisadas os benefícios foram bastante amplos em termos de tecnologia, acesso de fontes de crédito mais disponíveis do mercado internacional, o crescimento dos skill s e sistemas de gestão o

aumento da qualidade dos processos, defeito zero em muitos casos, posse de ativos estratégicos essenciais para competir no mercado internacional, ganhos de escala e vantagens de custos compartilhadas, muitas empresas saíram do estágio de resource seeking(Petrobrás, YPF, CVRD, Pemex) para o marketing seeking(Itaú, Garantia, Odebrecht, Cemex, Socma, Bimbo Gerdau) e estão se na fronteira do eff iciency seeking(La Moderna Seminis, Pathfinder, Des/Agrobios) e algumas até tendo ultrapassado e estando já no limiar do strategic asset seeking(Embraer, Enersis, Televisa, Vitro, Techint). Conclusões No estágio atual de seu desenvolvimento as economias latinas americanas têm como uma opção estratégica para muitas de suas empresas a internacionalização e ou multinacionalização, que tem sido para muitas, condição de sua própria sobrevivência e expansão, as empresas que se internacionalizam obtém maior valor agregado para suas exportações, acessos a novos mercados e incorporam ou desenvolvem novas tecnologias, reestruturam seus processos de produção, incrementam seus canais de distribuição, obtém linhas de crédito de menor custo e amplitude e quali ficam melhor sua gestão e suas equipes de profissionais e executivos. A internacionalização das EMNS dos países da América Latina foi acompanhada de maior abertura comercial e econômica o que por sua vez aprofundou e enriqueceu os conteúdos dos processos de internacionalização, possibilit ando a queima de etapas de desenvolvimento para alguns países da região. O caráter atual da competição possibilit ou a estas empresas estruturas tecno-produtivas muito mais eficientes, embora muitas deles ainda operem com base na estratégia resource seeking ou marketing seeking. Alguns autores concluem que algumas empresas quanto se enquadram em uma fronteira estratégica marketing seeking e eff iciency seeking, moldadas pelas próprias condições da competição atual entre as EMNS globais que impelem as empresas a incorporação de estratégias mais avançadas ou a ameaça bem concreta de serem adquiridas.(Garrido, 1999; Dunning, 1998). As empresas latino-americanas e especificamente as brasileiras atuam em geral em setores commoditizados(têxteis, siderurgia, alumínio, papel e celulose, cimento, petroquímica, cerveja, alimentos) e isto tem implicações diretamente associadas aos seus resultados e a posse de ativos estratégicos. Mesmo não havendo políticas públicas explicitamente articuladas para suportam as necessidades de desenvolvimento destas empresas, não se pode desprezar o apóio tácito dos governos locais e principalmente dos países de origem. O acesso às fontes de financiamento mais acessíveis do mercado internacionais(mercado bursátil ) faz com que estas empresas alavanquem suas possibili dades de horizontalização e com o aval dos investidores internacionais que colocam recursos nestas empresas. É possível também concluir que tecnologicamente estas empresas tenham mais espaço em termos de incorporar novas tecnologias através de parcerias e joint ventures, as quais não conseguiriam em seus mercados locais de forma isolada. Podemos também afirmar que há espaço para a atuação em termos de estratégia strategic asset seeking nas áreas de softaware(joint ventures entre empresas brasileiras, americanas, taiwanesas e indianas) e biotecnologia(EMNS americanas, Mexicanas e Brasileiras) e construção aeronáutica(Embraer, Airbus). Receber IDE é o ponto de partida para o desenvolvimento econômico, incremento da formação bruta de capital e estabili dade macroeconômica. Fortes ingressos de IDE

geralmente são precedidos de emissões graduais, porém consistentes e com altas taxas de crescimento ao longo do tempo(Taiwan, Coréia do Sul, Singapura, Hong Kong). Todavia todos estes “caminhos de desenvolvimento dos investimentos” parafraseando Dunning(1998) devem ser precedidos de uma agenda que considere estrategicamente a articulação das seguintes políticas articuladas essenciais à promoção dos IDE de Multinacionais Brasileiras: Política Cambial Deverá se promover uma política cambial flexível que não vincule problemas conjunturais aos objetivos estratégicos de ganhos de competitividade de longo prazo. Política Tr ibutár ia Acordos estáveis que evitem a dupla tributação, é ideal que haja incentivos para às atividades exportadoras de produção forânea de EMNS brasileiras que sejam semelhantes aos fatores de equilíbrio do regime automotivo. Políticas de Competitividade Estímulo à competitividade através da maior divulgação das potencialidades do país, para incrementar a saída de IDE pela entrada de IDE e obtenção de saldos líquidos positivos, buscando-se compatibili zar as necessidades de curto prazo do balanço de pagamentos de forma a não prejudicar a importação de bens de capital e a saída de IDE. Política Industr ial Ar ticulada Centralizar todas as portarias, regras, normas, regulamentos, consubstanciar em pacotes articulados e integrados que visem promover e descomplicar a atividade das EMNS brasileiras. Política Tecnológica Que possibilit e o alcance de tecnologias inovativas e diferenciadas que possam conduzir as EMNS brasileiras aos níveis estratégicos superiores do Modelo de Dunning; eff iciency seeking e strategic asset seeking.

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