Título: O editorial: um espaço para o ensino da leitura · De acordo com essa visão do ensino de...

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Título: O editorial: um espaço para o ensino da leitura

Autor Ivone Salvalagio Pereira

Escola de Atuação Colégio Estadual Souza Naves

Município da escola Rolândia

Núcleo Regional de

Educação

Londrina

Orientador Professora Pós-doutora Lídia Maria Gonçalves

Instituição de Ensino

Superior

Universidade Estadual de Londrina

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Produção Didático-

pedagógica

Caderno Pedagógico

Relação Interdisciplinar

Público Alvo

Alunos do 2º ano do Ensino Médio

Localização

Colégio Estadual Souza Naves – Ensino Fundamental,

Médio e Profissional.

Rua Monteiro Lobato, 421. Centro

Apresentação:

Este Caderno Pedagógico pretende organizar um trabalho com um dos gêneros da esfera jornalística, o editorial, de modo que o aluno venha a conhecer e compreender este gênero. Uma das indagações constantes dos professores é: como formar leitores competentes, capazes de realizar qualquer atividade que exija leitura em sua vida? Ler bem e utilizar estratégias de leitura, é importante para o exercício pleno da cidadania. O ato de ler não é natural do ser humano, ele deve ser aprendido e isto acontece geralmente na escola, por isso, este caderno propõe um trabalho com vários textos do mesmo gênero – o editorial – cujo suporte é o jornal, apresentando várias atividades de leitura e reflexão, visando propiciar ao aluno estratégias para desenvolver sua capacidade leitora. O objetivo principal é o de que ele se torne um leitor proficiente fora da sala de aula, para sua vida, isto é, que haja uma continuidade dessa prática de leitura fora dos muros da escola. O trabalho foi organizado de acordo com a concepção de gênero de Bakhtin e através da pesquisa de diversos autores sobre leitura.

Palavras-chave Capacidade leitora, editorial, vida

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

CADERNO PEDAGÓGICO

O EDITORIAL: UM ESPAÇO PARA O ENSINO DA LEITURA

Ivone Salvalagio Pereira

LONDRINA

2010

IVONE SALVALAGIO PEREIRA

O editorial: um espaço para o ensino da leitura

Produção Didático - Pedagógica

apresentada à secretaria de Estado

da Educação, como uma das

produções a serem elaboradas pelo

professor PDE, para o Programa

de Desenvolvimento Educacional

do Estado do Paraná.

Londrina

2010

“Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa escrita, significa construir uma resposta que integra partes das novas informações ao que já se é”. (FOUCAMBERT, 1994, P. 5)

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Ivone Salvalagio Pereira

Área: Língua Portuguesa

NRE: Londrina

Escola de implementação: Colégio Estadual Souza Naves

Público objeto da intervenção: Alunos de Ensino Médio

Professor orientador: Pós-doutora Lídia Maria Gonçalves

TEMA DE ESTUDO

Ensino e aprendizagem de leitura: a utilização do jornal como ponto de partida

para a formação do leitor.

TÍTULO

O editoral: um espaço para o ensino da leitura

1 APRESENTAÇÃO

Este Caderno Pedagógico pretende organizar um trabalho com um dos

gêneros da esfera jornalística, o editorial, utilizando seu suporte de circulação, de

modo que o aluno venha a conhecer e compreender este gênero, melhorando sua

competência leitora.

A linguagem existe para que os homens se comuniquem entre si. Portanto,

utilizar a linguagem é participar da sociedade. Por isso, na escola, a linguagem

deve ser ensinada como algo que possui significado social e cultural, e não

palavras soltas, sem significação. Para que a linguagem seja trabalhada de forma

significativa, o texto deve ter sentido e fazer sentido para o aluno e, para isso, é

necessário que se trabalhe com os textos que estão circulando na sociedade e

que, portanto, estão presentes na vida dos alunos.

Para ter significado, a linguagem deve ser trabalhada em textos reais, que

estão circulando na sociedade. O estudo de um texto deve considerar seu

contexto de produção e de recepção, e não apenas a estrutura composicional. A

gramática e a terminologia da língua continuam interessando, contudo, a serviço

de uma interpretação textual mais profunda e de uma produção discursiva mais

rica. A linguagem deve ser trabalhada de forma dinâmica e não somente por meio

de questões de decodificação, em que o aluno só tem que repetir as ideias que já

estão no texto, sem se preocupar em produzir significado para ele, decodificar é

mero caminho para compreender e para interpretar.

O professor deve ser capaz de estabelecer relações entre diferentes textos, comparar as várias leituras de um mesmo texto, colocar desafios à compreensibilidade dos alunos, levar o aluno a ter familiaridade com um repertório não só grande, mas sobretudo diversificado de textos”. (SUSSSUNA, 1995, p.51).

De acordo com essa visão do ensino de Língua Portuguesa e de leitura, o

professor deve trabalhar com vários gêneros do discurso. Esta é orientação

adotada pelas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do estado do Paraná.

Nesse sentido, é preciso que a escola seja um espaço que promova, por meio de uma gama de textos com diferentes funções sociais, o letramento do aluno, para que ele se envolva nas práticas de uso da língua - sejam de leitura, oralidade e escrita. (...) O professor de Língua Portuguesa precisa, então, propiciar ao educando a prática, a discussão, a leitura de textos das diferentes esferas sociais (jornalística, literária, publicitária, digital, etc.). (PARANÁ, 2008, p.50)

Segundo Bakhtin (1992), todos os textos produzidos, sejam orais ou

escritos, apresentam características relativamente estáveis. Essas características,

que tornam cada texto diferente do outro, estruturam os gêneros discursivos.

Trabalhar os gêneros textuais em sala de aula é uma excelente

oportunidade de se lidar com a língua nos seus mais diversos usos do cotidiano.

Se, como foi dito, a comunicação se realiza por intermédio da linguagem oral e

escrita, ela se realiza por intermédio dos textos e por isso, deve-se possibilitar aos

alunos a capacidade de compreender todos os gêneros textuais, de maneira

adequada a cada situação de comunicação.

A riqueza e variedade dos gêneros do discurso sãoinfinitas, pois a variedade virtual da atividade humana é inesgotável, e cada esfera dessa atividade comporta um repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa. (BAKHTIN, 1997, p.279)

Uma boa forma de ensinar os gêneros textuais é envolver os alunos em

situações concretas de uso da língua, utilizando diversos gêneros em seu veículo

próprio de circulação. Ao explorar a diversidade de suportes, o professor aproxima

o aluno da produção original dos textos. É a maneira de oferecer condições para

que o leitor aprendiz compreenda o funcionamento de diversos gêneros textuais,

apropriando-se de suas particularidades, pois não é possível esperar que eles

adquiram naturalmente a capacidade de ler e escrever os diferentes gêneros

secundários, eles são ensinados e aprendidos.

Para que o estudante compreenda bem um texto, precisa reconhecer sua

estrutura e compreender seu objetivo. Por isso, quanto mais leituras ele fizer,

preferêncialmente produções de diferentes gêneros, será mais fácil entender e

interpretar um novo escrito e, até mesmo, tornar-se um cidadão capacitado para

inserir-se socialmente e melhor exercer sua cidadania.

O trabalho com os gêneros, portanto, deverá levar em conta que a língua é instrumento de poder e que o acesso ao poder, ou sua crítica, é legítimo e é direito para todos os cidadãos. Para que isso se concretize, o estudante precisa conhecer e ampliar o uso dos registros socialmente valorizados da língua, como norma culta. ( PARANÁ, 2008, p.53)

Por isso, a relevância deste trabalho junto aos alunos do Ensino Médio, pois

a noção de poder está ligada à capacidade de se compreender a comunicação

escrita. O poder de conhecer e de compreender; de transformar, por conhecer e

ser capaz de agir de acordo com esse conhecimento. E é isso que pretendemos

que nossos alunos sejam capazes de realizar.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/ REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, a leitura é

vista como um ato dialógico, interlocutivo e o leitor têm um papel ativo no processo

da leitura. Um texto não pode ser entendido sem levar-se em conta o seu

momento de produção: o contexto, a linguagem, a cultura, a história, a economia,

textos diversos que tenham relação com este, entre outros.

A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão. (KLEIMAN, 2009 p. 13)

Sob esse enfoque sugere-se, nas Diretrizes, que o ensino da leitura seja

pensado e trabalhado para "propiciar uma atitude crítica que leve o aluno a

perceber o sujeito presente nos textos e tomar uma atitude responsiva diante

deles". (PARANÁ, 2008, p 71)

Levando-se em conta o que sugerem as Diretrizes curriculares para a

Língua Portuguesa sobre a concepção de linguagem a ser adotada e a de leitura,

a escolha do texto a ser trabalhado é muito importante. O trabalho com um texto

que discuta assuntos próximos à vida dos alunos seria uma forma de motivá-los a

ler, pois há sempre uma interação entre os diversos envolvidos (autor, veículo,

tema, local, leitor) que está presente na prática da leitura. Seria mais fácil, além de

despertar o interesse por temas mais próximos à sua vida, levar o aluno a

perceber o aspecto social, relacioná-lo com a sua realidade e, assim, atribuir um

sentido à leitura, para que ele se torne, realmente, um leitor capaz e crítico.

Queremos que nossos alunos passem a ler com maior frequência, com

melhor proficiência e ampliem o seu universo cultural. Por isso, deverão ser

realizadas atividades que levem à reflexão e à discussão para que realmente as

leituras realizadas tenham significado para eles, pois não é possível trabalhar

pensando em texto sem contexto ou explorando apenas as peculiaridades formais

da língua.

É importante ponderar a pluralidade de leituras que alguns textos permitem, o que é diferente de afirmar que qualquer leitura é aceitável. Deve-se considerar o contexto de produção sócio-histórico, a finalidade do texto, o interlocutor, o gênero. Desse modo, para o encaminhamento da prática de leitura, é preciso considerar o que se quer trabalhar e, então, planejar as atividades. (PARANÁ, 2008, p. 72)

Realmente, o ato de ler tem várias finalidades de acordo com as

circunstâncias e as necessidades de cada leitor: conhecimento, informação,

curiosidade, diversão, etc., portanto o aluno vai interessar-se mais pela leitura, se

conseguir identificar-se com o texto, o espaço, os personagens, o assunto, enfim

as situações colocadas. Atualmente, vários pesquisadores estão se dedicando a

investigar o efeito do texto sobre o leitor em particular, como esse leitor reage ao

texto.

A característica mais saliente do leitor proficiente é sua flexibilidade na leitura. Ele não tem apenas um procedimento para chegar aonde ele quer, ele tem vários possíveis, e se um não der certo, outros serão ensaiados. (…) O leitor experiente tem duas características que tornam a sua leitura uma atividade consciente, reflexiva e intencional: primeiro, ele lê porque tem algum objetivo em mente, isto é, sua leitura é realizada sabendo para que está lendo, e, segundo, ele compreende o que lê, o que seus olhos percebem seletivamente é interpretado, recorrendo a diversos procedimentos para tornar o texto inteligível quando não consegue compreender. (KLEIMAN, 2009, p. 51)

Por isso, a prática discursiva da leitura não pode se resumir somente à

decodificação, àquela leitura na qual o texto tem somente um sentido e o aluno o

percebe pelos olhos e observações do professor, isto é, o aluno apreende o que o

professor determina ou sugere. O professor deve intervir, mediar, fazendo-os

entender o texto, conduzindo-os a lidarem com a linguagem nele colocada,

deixando-os descobrir os sentidos do texto, conhecendo o dialogismo e a polifonia

que existe em todo discurso, como afirmou Bakhtin.

Lívia Suassuna, quando analisa o ensino tradicional de Língua Portuguesa

no Brasil, afirma que a escola não deve trabalhar com apenas uma interpretação

do texto, que a leitura do aluno não seja uma mera repetição de leitores mais

experientes, e é no que acreditamos também:

Na recepção de textos, também há falhas, pois a escola costuma trabalhar a interpretação por meio de questões óbvias em que o aluno deve se colocar como mero reprodutor das ideias explicitadas no texto, e não como produtor do texto lido. Novamente travam-se os sentidos, cala-se a polissemia textual. Naturalmente, a mudança aqui exigida requer uma nova postura do professor como leitor, ou seja, ele deve ser capaz de “estabelecer relações entre diferentes textos, comparar as várias leituras de um mesmo texto, colocar desafios à compreensibilidade dos alunos, levar o aluno a ter familiaridade com um repertório não só grande, mas sobretudo diversificado de textos. (Suassuna, 1995, p.51).

Para se tornar um leitor, leitura é fundamental. E os textos literários, aliados

a outros que circulam na sociedade, como os jornalísticos ou científicos, podem

ajudar a formar o hábito e gosto pela leitura, se instigarem a sensibilidade e/ou o

senso crítico do leitor. E o papel da escola é decisivo na formação do sujeito

letrado. É na escola que se tem maior oportunidade de se ter contato com textos

diversos, e, sobre isso, Zilberman (1990, p.18) diz: “A execução dessa tarefa

depende de se conceber a leitura não como o resultado satisfatório do processo

de alfabetização e decodificação de uma matéria escrita, mas como atividade

propiciadora de uma experiência única com o texto”. Por exemplo, muitas vezes,

os alunos interessam-se apenas pelo caderno de esportes e o de entretenimento,

mas um bom projeto de leitura de editoriais no ensino de Língua Portuguesa

permitirá ampliar esse universo cultural.

Aguiar (1993, p.61) confirma a importância da escola como formadora de

leitores e diz: “A leitura não é um comportamento natural do ser humano, como

comer ou dormir, ela é cultural e precisa ser adquirida normalmente, cabe à escola

nossa introdução no mundo das letras”.

Esse conceito é reafirmado por Silva, (2005, p.64) ao dizer:

A leitura (ou a resultante do ato de se atribuir um significado ao discurso

escrito) passa a ser, então, uma via de acesso à participação do homem

nas sociedades letradas, na medida em que permite a entrada e a

participação no mundo da escrita; a experiência dos produtos culturais

que fazem parte desse mundo só é possível pela existência de leitores.

Daí ser a escola uma instituição formal que objetiva facilitar a

aprendizagem não só do falar e ouvir, mas principalmente do escrever e

ler.

Para ser amplo, o conceito de leitura deve ser estendido como orienta

Paulo Freire, para “a leitura do mundo”. E, nesse sentido, os textos jornalísticos

são muito importantes. Afinal, lemos com diferentes finalidades; muitas vezes

lemos para estudar e aí incluímos textos científicos, resumos, resenhas e

fichamentos; outras vezes, lemos por prazer, para apreciarmos a linguagem como

manifestação artística e, nesse contexto, a literatura é essencial; também lemos

para nos atualizar sobre o que se passa em nosso mundo, então revistas e jornais

são indispensáveis. Portanto, precisamos ampliar o capital cultural de nossos

alunos, e podemos fazer isto com o auxílio de diversos suportes textuais. A

pluralidade de gêneros textuais e de suportes onde são veiculados é

enriquecedora. O desejável é desenvolvermos projetos pedagógicos para a leitura

de jornais, revistas, televisão, cinema, internet. Nos limites desse projeto

específico, buscamos promover uma intervenção pedagógica em prol da formação

de leitores a partir do gênero editorial.

Tendo contato com diversos gêneros textuais, o aluno progredirá

paulatinamente em sua capacidade de leitor competente. O jornal é um suporte

que oferece diferentes gêneros e que deve ser aproveitado em sala de aula. Todo

gênero discursivo trazido pelo jornal está situado em um contexto sócio-histórico e

revela um posicionamento, uma finalidade de quem o produz. A sua construção

composicional é definida e a linguagem adequada ao seu objetivo. Por isso, o

estudo de gêneros midiáticos é uma opção atraente, tanto para o trabalho com a

leitura, quanto para o ensino da linguagem culta, pois é um texto real, circulando

na sociedade e que não foi criado somente para a sala de aula, o que o tornaria

artificial.

Nesta perspectiva, propomos um programa para a formação de leitores e ensino da língua culta em uso, capturando-a viva e pulsante na mídia jornalística escrita. Tal abordagem favorece um maior domínio da variedade culta da língua por parte dos alunos, pois não trabalhamos com a língua, de forma abstrata, fora do contexto de uso. Aliás, o primeiro argumento que nos faz pensar no jornal como ferramenta alternativa para a formação de leitores é a linguagem em seu contexto de uso. (GONÇALVES, 2010, p.67)

Desse modo, utilizar o jornal para o trabalho em sala de aula é uma valiosa

opção para o estudo da língua em situação de uso; é possível organizar esse

trabalho com atividades significativas, partindo de um veículo de comunicação real

e dentro da perspectiva de linguagem interacionista, conforme orientação das

Diretrizes Curriculares do Paraná. No entanto, o professor deve estar motivado e

acreditar efetivamente que o trabalho com a mídia escrita, é um recurso didático

eficaz.

Segundo Gonçalves (2004, p. 237- 238) o jornal é um recurso didático

capaz de:

• Diminuir o tempo morto: por oferecer textos de interesse para os alunos, pois o jornal traz vários temas familiares e interessantes, o que estimula os alunos a realizarem a leitura em busca de informações socialmente significativas;

• Atenuar as contradições: por relacionar os conteúdos teóricos com a realidade social, estabelecendo ligação entre os conteúdos ensinados na escola e o que acontece na vida real, como requer a política do MEC;

• Eliminar os estigmas: por permitir o conhecimento da diversidade e poder ser usado para atividades que socializam o aluno, como compartilhar com os colegas seus conhecimentos e experiências sobre o tema;

• Atender às cobranças externas: por estimular a relação entre escola e sociedade, com base nos temas da atualidade, o que pode instigar maior participação social e gerar interação entre a realidade dos alunos e a realidade escolar;

• Influenciar no domínio institucional: por facilitar o relacionamento dos conteúdos com a realidade social e outorgar atualidade aos conteúdos abordados, além de dinamizar criativamente a programação do professor já que não traz exercícios prontos;

• Democratizar a interpretação oficial: por apresentar diversas informações e interpretações sobre os fatos da atualidade, o jornal representa uma fonte de atualização, que, entretanto, são guiadas pela política administrativa da empresa. Portanto, se procurarmos a mesma notícia em outro jornal ou veículo de comunicação, é possível encontrar diferentes versões ou interpretações sobre o mesmo evento ou assunto.

Um gênero textual apresenta aspectos comuns de formato e de linguagem,

pertencendo a uma mesma esfera ou domínio discursivo. Dolz, Noverraz e

Schneuwly propõem um agrupamento de gêneros com base nos domínios sociais

de comunicação: narrar, relatar, argumentar, expor e prescrever. (apud. SAITO e

NASCIMENTO, 2005, p.23)

Como já dissemos, o editorial é um dos gêneros discursivos apresentados

pelos jornais, que, por ser altamente argumentativo, pertence à ordem do

argumentar. É um texto de opinião que lida com ideias, argumentos, colocando a

posição do jornal acerca de um determinado assunto da atualidade,

principalmente sobre matérias publicadas no dia anterior. Seu tema é considerado

relevante naquele momento e publicado sem assinatura, por ser o seu conteúdo

de responsabilidade da empresa jornalística. Analisar os mecanismos textuais e

enunciativos que compõem o gênero selecionado é atividade altamente

significativa para o ensino de Língua Portuguesa.

Segundo a Folha de São Paulo, em seu manual de redação:

o editorial é um texto que expressa a opinião de um jornal. Na Folha, seu estilo deve ser ao mesmo tempo enfático e equilibrado. Deve evitar a ironia exagerada, a interrogação e a exclamação. Deve apresentar com concisão a questão de que vai tratar, desenvolver os argumentos que o jornal defende, refutar as opiniões opostas e concluir condensando a opinião adotada pela Folha.

O editorial não é um texto muito simples e é destinado a um público

específico, aquele que se interessa por política, economia e sociedade, ou seja,

sujeitos cultos, como os alunos que pretendemos formar com este perfil. Os textos

jornalísticos utilizam uma grande variedade de recursos linguísticos, o que

possibilita a oportunidade de discussão e de aprendizagem da língua, tornando a

aula de leitura um momento para se construir sentidos a partir de textos que

oferecem essa possibilidade, pois não são meramente conjuntos de palavras, mas

são palavras organizadas em um discurso que apresenta opiniões e visões de

mundo, a serem retificadas ou ratificadas por um leitor proficiente.

3 Atividades

UNIDADE 1

FAMILIARIZAR-SE COM O PROJETO E COM O JORNAL

Atividade 1: Apresentação do projeto e primeiro contato com o gênero que

será trabalhado.

Fonte: arquivo próprio

Diagnose

1- O que é ler para você? Quando é possível dizer que uma pessoa sabe ler?

E quando dizemos que um indivíduo é leitor?

2- Você costuma ler jornais? Com que frequência? A quais jornais você tem

acesso?

3- É importante ler os jornais que circulam na cidade? Por quê?

4- Por quais cadernos você tem maior interesse?

5- Você sabe o que é um editorial? Quem o escreve? De que assuntos este

gênero textual trata? Explique.

6- O editorial é um texto publicado em todos os grandes jornais. Por que isto

acontece?

7- Nos jornais diários, o editorial é um texto publicado diariamente ou é uma

seção que circula em alguns dias da semana? Por que isto ocorre?

8- Quando lê jornais, você lê o editorial? Sempre? Algumas vezes? Nunca lê?

Atividade 2: Apresentação do projeto - motivação

Professor, iniciar com uma problematização, levando-os a pensar sobre o assunto e emitir

uma opinião.

A)- Atividade oral

É difícil entender os textos jornalísticos?

Todos os textos publicados nos jornais apresentam as mesmas

características?

Será que alguns são mais difíceis que outros, para o leitor? Por quê?

O editorial é um texto fácil ou difícil de ser lido por você?

Ler editoriais de qualquer jornal em circulação no país, poderia

ajudar a ler bem outros tipos de textos? Justifique.

O que seria preciso fazer para lermos mais os editoriais?

B)- A partir das questões orais, falar sobre o projeto que vamos trabalhar e seu

objetivo.

C)- Nesta mesma aula, levar o grupo a familiarizar-se com o jornal.

Que cadernos este jornal apresenta? Quais seções ou textos são

publicados em cada caderno?

Este jornal divulga sempre as mesmas seções diariamente ou traz

cadernos e seções que circulam em dias determinados?

Professor, levar vários jornais para a sala de aula para manuseá-los.

Atividade 3: Diferenciar notícia e editorial

Objetivo: Relacionar a notícia com o editorial, reconhecendo as características de

cada um.

A)- Assistir a dois vídeos que tratem de um mesmo tema.

Professor, os vídeos deverão abordar o mesmo tema do editorial que será trabalhado.

Após assistirem ao vídeo, comentá-los:

O que os vídeos têm em comum?

Qual é o assunto deles?

Já tinham conhecimento do assunto?

Onde ouviram ou leram a esse respeito?

Este é um assunto que interessa a quem?

Vocês têm uma opinião a esse respeito? O que pensam sobre isso?

Atividade 4: Leitura silenciosa dos textos e leitura expressiva destes.

Professor, nesta aula acontecerá a leitura de dois textos com pontos de vista

diferentes sobre um assunto comum, para perceberem que sobre todos os temas

ou fatos acontecidos na sociedade há divergência de opiniões.

A)- Leitura do texto 1 - INGUINORANÇA

Disponível em http://acervo.folha.com.br/fsp/2011/5/15/2

Disponível em http://acervo.folha.com.br/fsp/2011/5/19/2

B)- Leitura do texto 2 – OS LIVRO

Professor, observar com os alunos o veículo de publicação e a data dos dois editoriais.

Atividade 5: Comparando os vídeos com os textos.

Objetivo: Perceber as características próprias de uma notícia e de um editorial.

A)- Responda:

1- Qual é o assunto dos textos?

2- O que eles têm em comum com os vídeos?

3- Os vídeos e os textos têm os mesmos objetivos?

4- Os vídeos apenas informam o ocorrido ou apresentam uma opinião sobre

o assunto?

5- E os textos somente informam o fato ocorrido ou apresentam opinião

sobre o assunto?

6- Por que existe essa diferença? Ela é caracterizadora dos veículos de

comunicação?

7- Apesar de o texto 1 e 2 tratarem do mesmo assunto, eles apresentam

algumas diferenças. Quais são?

8- Ficou claro qual é a opinião apresentada no texto 1? Qual é? E no texto

2? Qual é?

9- Você sabe por que o segundo texto não traz assinatura? Explique.

O texto “Os livro” não possui assinatura porque é um editorial. É um texto que

expressa, não a opinião do autor, mas a opinião da empresa jornalística sobre

determinado tema da atualidade. Tem o objetivo de persuadir o leitor, pois os

editores expressam formalmente sua opinião acerca dos mais diversos

assuntos, principalmente os mais polêmicos.

UNIDADE 2

TRABALHO COM O PRIMEIRO CADERNO JORNALÍSTICO,

PÁGINA, ESTRUTURA E TÍTULO

Fonte: arquivo próprio

Os editoriais são publicados, normalmente, no primeiro caderno, na segunda

página do jornal denominada OPINIÃO. Nesta página aparecem também

outros textos de opinião assinados por jornalistas ou leitores que também

escrevem sobre assuntos noticiados. A folha de São Paulo, por exemplo,

procura publicar artigos assinados que discordem da posição de seus

editoriais, oferecendo, assim, pontos de vista diferentes sobre o mesmo

assunto.

Atividade 1: Diversidade de temas

Ler para os alunos toda a página 2(dois) e 3(três) do primeiro caderno do

jornal, a página opinião, para que percebam a diversidade de temas e de

gêneros encontrados.

Eles devem entender que, além do editorial, outros gêneros são publicados

nesta página, como por exemplo artigos de opinião,cartas do leitor, charge.

Atividade 2: Leitura

A)- Leia o editorial Predação e arcaísmo

Publicado na Folha de São Paulo no dia 3 de março de 2011.

Disponível em http://acervo.folha.com.br/fsp/2011/3/03/2

Atividade 3: A estrutura do texto

Objetivo: Conhecer a composição estrutural do editorial.

Normalmente, o editorial tem uma estrutura fixa: primeiro faz a apresentação

do assunto (com ou sem histórico, dependendo do tema), segue com a

argumentação (favorável e/ou contrária) e faz a conclusão, onde pode ser

apresentada uma sugestão para resolver ou minimizar o problema.

1- O editorial que você leu possui______ parágrafos. Vamos analisá-los:

Os primeiros parágrafos são dedicados a uma contextualização do assunto,

trazem as informações básicas para o leitor se situar e são predominantemente

informativos.

2- Em quais parágrafos o assunto foi contextualizado?

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Nos parágrafos seguintes são apresentados os argumentos que sustentam a

tese defendida por meio de uma análise da situação.

3- Vamos voltar ao texto e analisar os argumentos apresentados por este

editorial:

A)- Qual é a tese defendida por ele?

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B)- Quais argumentos o autor cita para comprovar a tese defendida?

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C)- No 6º parágrafo o texto cita que o MST perdeu muito de suas

características originais de movimento popular.

C.1- Cite as perdas ocorridas, de acordo com o texto em análise.

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C.2- O texto em foco conclui utilizando o termo “Estado de direito”. O que

isso significa?

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A conclusão de um editorial ocorre, geralmente, no último ou nos dois

últimos parágrafos, e costuma apresentar uma síntese das idéias expostas,

reforçando-as ou então uma sugestão ou proposta para a solução do

problema abordado.

4- Neste texto a conclusão está nos dois últimos parágrafos. Nesta

conclusão, que ideia retoma e reforça a tese defendida?

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5- Trata-se de uma conclusão do tipo síntese ou do tipo proposta?

Explique.

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Atividade 4: O título

Objetivo: Comprender a importância da escolha de um bom título.

Vamos analisar o título do editorial estudado.

Professor levar seus alunos a refletirem sobre a importância do título, para que se

preocupem com esse aspecto, quando forem escrever seus textos.

TÍTULO

O título é muito importante em um texto e deve fazer sentido de acordo

com o texto desenvolvido. É escolhido com cuidado para despertar a

curiosidade e envolver o leitor.

Sobre esse assunto Costa (2000) diz que “o título é um dos fatores de

complexificação discursiva dos gêneros, portanto é necessário um trabalho

mais efetivo no que diz respeito ao significado/significação”. E continua “a

palavra é enunciação de natureza social, está sempre carregada de um

conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial”.

1- Qual o significado das palavras „predação‟ e „arcaísmo‟, que intitulam o

texto veiculado pela Folha de São Paulo, em 03/03/2011?

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2- O título deve sintetizar o assunto que será tratado e despertar a

curiosidade do leitor para ler o texto na íntegra. Com relação a este

editorial você considera que o título foi bem escolhido? Justifique seu

ponto de vista.

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3- Considerando este editorial, e outros que você leu, poderia definir o tipo

de leitor que se interessa pelos editoriais publicados diariamente nos

grandes jornais em todo o país?

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Atividade 5: Relacionar título e texto.

Objetivo: Descobrir, através da leitura, os títulos dos textos.

A)- Entregar aos alunos vários editoriais sem os títulos - que estarão

recortados e separados de seus respectivos textos. Os alunos, em grupo,

deverão ler os textos e descobrir, de acordo com o tema de cada um, qual

título é o mais adequado.

B)- Apresentar suas conclusões à classe, explicando os motivos da escolha

de cada título.

Atividade 6: Estruturação do editorial

Objetivo: Reconhecer a estrutura e organizar um editorial.

Como foi estudado anteriormente, a estrutura deste gênero – editorial – é

relativamente simples: apresenta uma idéia principal(tese) que expressa o

ponto de vista do jornal sobre o tema, fazendo um histórico da situação,

quando necessário; um desenvolvimento apresentando argumentos que

fundamentam a opinião defendida e uma conclusão com a síntese das idéias

expostas e/ou uma sugestão para o problema.

A)- Colocar em ordem os parágrafos do editorial de acordo com a

estrutura de textos desse gênero discursivo, a fim de organizá-lo

adequadamente, isto é, com coerência e coesão.

Professor, cada grupo receberá um editorial diferente, com os parágrafos recortados,

para que organizem de maneira adequada – exposição do tema, argumentos e

conclusão – de modo que a leitura do mesmo se torne possível.

Atividade 7: A escolha dos argumentos

Objetivo: Reconhecer os argumentos utilizados, para apresentação e defesa de

uma posição.

Para redigir um bom texto, o autor deve escolher os argumentos de acordo

com o público. Deve utilizá-los de forma consistente e bem fundamentada para

que convençam o leitor das razões que o levaram a tomar determinada

posição.

Providencie cópias da tabela abaixo:

Tipos de argumento

Argumentos Explicação

De autoridade

Ajuda a sustentar sua posição, emprestando a voz de um especialista no assunto, (político, cientista, artista), uma instituição de pesquisa respeitada.

De exemplificação

Relata um fato acontecido na sociedade, ou com ele próprio, para exemplificar que aquilo que defende é válido.

De provas

Oferece informações incontestáveis para comprovar seus argumentos: dados estatísticos, porcentagens, fatos históricos, acontecimentos notórios.

De princípio Refere-se a valores éticos ou morais aceitos pela maioria da população.

De causa e consequência

Afirma que um fato ocorre em decorrência de outro e mostra isso.

Fonte Olimpíada de Língua Portuguesa – Caderno do Professor

A)- Fazer uma leitura da tabela, comentando cada argumento, para que

conheçam e entendam que o autor deve escolher o argumento que melhor se

adeque ao seu texto, para que ele não seja superficial.

B)- Agora, utilizando os textos organizados em aula anterior, marcar os

argumentos utilizados pelo autor, identificando o tipo de argumento escolhido.

UNIDADE 3

Discussão de temas polêmicos

Atividade 1: Temas em debate

Objetivo: Construir argumentos para defender uma posição.

A)- Dividir a classe em dois grupos, que se subdividirão em outros dois, para

debater dois temas distintos:

1. A legalização da pena de morte no Brasil

2. A liberação do uso da maconha.

Cada grupo debaterá um dos temas propostos, dividindo-se em dois. Uma

parte apresentará argumentos favoráveis e a outra, argumentos contrários,

preparando-se para o debate por meio de leituras sobre o tema e conversas

com os familiares e amigos.

Alguns alunos do grupo, deverão defender o tema, apresentando argumentos

que justifiquem o posicionamento adotado, outros deverão ser contrários,

também justificando seu ponto de vista. O professor será o mediador,

estipulando a ordem e o tempo disponível para cada argumentador. Os alunos

que não estarão apresentando neste dia, serão os jurados e darão o veredito,

isto é, qual dos dois grupos conseguiu melhor apresentar e defender o seu

ponto de vista.

Professor oriente os alunos para que pesquisem sobre o tema que irão discutir e

venham fundamentados para o debate. É importante que os debatedores tragam as

diferentes vozes que circulam na sociedade. É um momento também para se pensar

sobre o direito de cada um de ter sua opinião.

Atividade 2: Leitura de textos sobre os assuntos debatidos

Objetivo: Ler um editorial e identificar a posição do autor e seus argumentos.

Após o debate serão lidos editoriais que tratam dos assuntos discutidos. A ideia

é mostrar que temos o direito de mudar de opinião e o novo conhecimento

adquirido pode gerar novos pontos de vista.

Editorial 1 – APEDREJAMENTO CULTURAL

Publicado na Folha de Londrina de 20 de agosto de 2010.

Disponível em: http://www.folhaweb.com.br

A)- Preparação para a leitura:

A1- Antes de entregar o texto, o professor dirá aos alunos em qual jornal foi

publicado e a data do editorial.

A2- Ler o título para eles e pedir que procurem inferir qual será o assunto

abordado e de que maneira. É possivel determinar o tema, somente

conhecendo o título?

B)- Entregar o texto para os alunos realizarem a leitura silenciosa.

Professor, oriente-os para que percebam se suas predições e/ou as dos colegas se

confirmaram.

C)- A seguir, a professora fará uma leitura em voz alta e comentada, para

reforçar a amplitude e a dificuldade que o tema apresenta.

Editorial 2: DROGAS AMEAÇAM JOVENS

Publicado na Folha de Londrina em 28 de junho de 2011

Disponível em: http://www.folhaweb.com.br

Professor siga o mesmo procedimento adotado para o editorial 1.

A)- Preparação para a leitura:

a)-O título deste editorial é: “Drogas ameaçam jovens”. Qual tema será

discutido pelo texto?

b)- Sendo este texto um editorial, como esse assunto será tratado?

c)- Qual será o público-alvo desse editorial?

c)- É possível deduzir qual é a opinião que será apresentada, a partir do

título?

d)- Por que vocês acreditam que essa será a opinião defendida?

B)- Entregar o texto para os alunos realizarem a leitura silenciosa.

C)- Fazer a leitura em voz alta e comentar as colocações do autor.

Atividade 3: Pesquisa

Objetivo: Encontrar outros editoriais que tratem do tema sob outro enfoque

para socialização em sala.

A)- Pesquisar e trazer para a sala, em jornais impressos ou on-line, outros

editoriais que tratem do mesmo assunto.

Organizar um local na escola, para serem colocados os editoriais

trabalhados em sala e pesquisados pelos alunos e também editoriais da

semana com assuntos interessantes, para que todos tenham a

oportunidade de ler.

È interessante que o mural seja colocado em lugar bem visível, e seja bem

organizado, decorado para atrair a atenção de todos.

Atividade 3: Produção de texto

Objetivo: Produzir um texto expondo seu ponto de vista, procurando utilizar

argumentos para defendê-lo.

A)- Após o debate e as leituras, escrever um texto defendendo a sua posição

sobre um dos dois temas discutidos. O texto deverá ter a estrutura de um

editorial.

Professor, essa produção vai mostrar o que os alunos já entenderam sobre o gênero

para a continuação do trabalho. Esta atividade será realizada com a orientação do

professor, pois eles ainda não dominam completamente a estrutura deste texto.

Algumas questões que serão avaliadas na produção.

Ficou clara qual é a questão abordada?

Colocou com clareza a posição assumida?

Defendeu seu ponto de vista, com argumentos convincentes?

Apresentou o pensamento de outros sobre a questão?

Conseguiu apresentar o pensamento do outro com clareza?

Há dificuldades na pontuação, ortografia, concordância ou outras

relacionadas à escrita?

UNIDADE 4

A linguagem utilizada nos editoriais

ATIVIDADE 1: Elementos articuladores do editorial

Objetivo: Realizar a análise linguística do gênero estudado, após o

conhecimento da estrutura deste gênero, conhecendo expressões que

articulam o editorial.

A Folha de São Paulo costuma apresentar dois editoriais, abordando temas

diferentes, que ocupam quase toda a primeira coluna da página A2, logo

abaixo dos dados de apresentação do jornal.

Abordam acontecimentos atuais marcantes, normalmente publicados no

próprio jornal, na mesma edição ou em edições anteriores. O texto não é muito

simples, pois é dirigido a um público específico, que se interessa por economia,

política e fatos importantes para a sociedade.

O editorial utiliza o padrão culto da língua escrita. Possui caráter impessoal,

utilizando, quase sempre, a terceira pessoa. Se o editorialista utilizar a primeira

pessoa, o faz normalmente, no plural. Como foi estudado anteriormente, ele

defende uma posição acerca de um tema, apresentando argumentos e tentanto

comprová-los .Ele pode utilizar para comprovar ou reafirmar seus argumentos,

as opiniões e comentários de outras pessoas acerca do assunto.

Esses argumentos estão vinculados entre si, ao longo do texto, por vocábulos

que são chamados de elementos articuladores ou modalizadores.

A modalização é vista como as marcas do

posicionamento do sujeito nos enunciados e as

relações que estabelece com seu interlocutor. São

avaliações (julgamentos, opiniões, sentimentos) do

sujeito acerca do tema; são sempre locais e podem

ocorrer em qualquer plano da arquitetura textual. As

modalizações favorecem a interação leitor-texto e ainda

fornecem informações para a interpretação do

conteúdo temático. (NASCIMENTO, 2010, p.58)

Professor, as próximas atividades foram preparadas no intuito de orientar os alunos a

identificar esses elementos e usá-los, posteriormente, de modo adequado.

Entregar a cada aluno uma tabela com alguns elementos de articulação.

A)- Faça a leitura da tabela. Não esqueça que existem outros elementos de

articulação do texto.. Aqui estão alguns para que você compreenda a sua

função. A partir desses, poderá encontar outros nos textos lidos.

ELEMENTOS ARTICULADORES

USO EXPRESSÕES

Indicação de certeza Sem dúvida, está claro que, com certeza, é indiscutível, acontece que, sem dar margem a dúvidas,etc.

Indicação de probalidade Provalvemente, me parece que, ao que tudo indica, é possível que, pode ser que, é preciso saber que, etc.

Indicação de restrição Mas, porém, todavia, contudo, apesar de, não obstante, etc.

Relação de causa e consequência Porque, pois, então, logo, portanto, por isso, etc.

Acréscimo de argumentos Além disso, também, ademais, muito, bastante, etc.

Organização geral do texto Inicialmente, primeiramente, por um lado, por outro lado, em segundo lugar, por fim, etc.

Introdução de conclusão Assim, finalmente, para finalizar, enfim, em resumo, nada mais é, etc.

Fonte: Olimpíada de Língua Prtuguesa – caderno do professor

B)- Os parágrafos abaixo foram retirados do editorial da folha de São Paulo, do

dia 8 de abril de 2011 e fala sobre a invasão de uma escola no bairro do

Realengo, no Rio de Janeiro, por um jovem que disparou seguidas vezes

contra os alunos, matando dez meninas e dois meninos.

C)- Leia e complete os parágrafos com os elementos articuladores abaixo, de

modo que as frases tenham coerência.

Então enfim mais que mesmo que

até desejável que nem de que

Tiros em Realengo

(...)

Por solidariedade, sensação de impotência ou mero oportunismo,

políticos e especialistas estarão entregues ao exercício de propor soluções

atabalhoadas, como o endurecimento das leis ou a instalação de um regime

policial nas escolas públicas.

___________________ se posicionassem policiais em cada colégio, não

haveria garantia ___________ tais episódios seriam evitados. Escolas são

locais públicos; no Brasil, onde os estabelecimentos da rede oficial são

notoriamente problemáticos, seria _________________________ mais pais de

alunos e ex-alunos – a comunidade, _________ - os frequentassem.

Transformar escolas em fortalezas não impede _______ a violência

urbana, cotidiana e convencional. O que dizer, _________, de explosões

irracionais como a do Colégio Tasso da Silveira? A hora é de luto e compaixão,

________ rompantes.

D)- Agora leia o editorial “Atrás das grades”. Preparação para a leitura:

D1- Apresente a data e o veículo de publicação aos alunos.

D2- Faça perguntas oferecendo pistas para que os alunos formulem

hipóteses. Como já foi dito, quanto mais o leitor conhece sobre o assunto que

vai ler, mais condições terá para compreender o texto. O professor deve

explorar as informações que podem ser inferidas pelos alunos, a partir de seu

conhecimento prévio sobre o assunto.

a)-O título deste editorial é: “Atrás das grades”. Qual assunto vocês imaginam

será discutido pelo texto?

b)- O que os levou a pensarem assim?

c)- Sendo este texto um editorial, como esse assunto será tratado?

c)- Qual será o público-alvo desse editorial?

E)- Agora leia o editorial “Atrás das grades” e encontre nele, os articuladores

utilizados pelo autor.

Publicado na Folha de São Paulo, 29 de janeiro de 2011.

Disponível em http://www.sarinho.adv.br/lermais_materias.php?cd_materias=27341

Professor, encaminhe os alunos para que percebam se suas inferências se

confirmaram, após a leitura do texto.

Fonte: arquivo próprio

ATIVIDADE 2: As vozes presentes no editorial.

Objetivo: descobrir as diferentes vozes presentes no texto.

Um editorial pode trazer outras vozes, isto é, a opinião de outras pessoas sobre o

tema, para o autor validar a própria opinião quando coloca opiniões iguais à sua,

ou para rebatê-las, quando coloca opiniões contrárias às que ele defende.

As Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa, tratam desse assunto e orientam

o trabalho de leitura em relação a isso:

Ao considerar o conceito de letramento também é necessário ampliar o conceito de texto, o qual envolve não apenas a formalização do discurso verbal ou não-verbal, mas o evento que abrange o antes, isto é, as condições de produção e elaboração; e o depois, a leitura ou a resposta ativa. (...) Assim, temos que um texto não é um objeto fixo num dado momento no tempo, ele lança seus sentidos num diálogo intertextual, ou seja, um texto é sempre uma atitude responsiva a outros textos, neste modo estabelece relações dialógicas. (PARANÄ, 2008, p.51)

A)- Leitura de texto

Você já conhece o texto com o qual vamos trabalhar.

Agora fará a leitura detalhada em busca de informações pré-determinadas:

perceber quais outras vozes o articulista utilizou para reafirmar seu ponto de vista.

Mais uma informação

A expressão “voz” não se refere apenas à palavra dos indivíduos. Números,

estatísticas, dados quantitativos ou qualitativos de diferentes ciências também são

considerados vozes.

Publicado na Folha de Londrina em 28 de junho de 2011.

Disponível em: http://www.folhaweb.com.br

B)- Deixar os alunos falarem se perceberam alguma colocação que não seria do

editorialista, quais foram elas e se essas colocações reafirmam a posição dele ou

contradizem-no.

C)- Questões para serem respondidas por escrito, pelo grupo:

1- Qual a posição do autor sobre a questão?

__________________________________________________________________

2- O editorialista oferece informações e prova-as, utilizando números. Em que

trechos isso ocorre?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

3- Ele também usa dados estatísticos para fundamentar sua posição. Quais

são esses dados? Em que parágrafo isso ocorre?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

4- Para constituir seus argumentos, o autor cita entidades que não seriam

contestadas, isto é, utiliza um argumento de autoridade. Quais são elas?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

5- A quem o autor culpa pela situação descrita?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

6- Você concorda com alguma ou algumas das colocações do autor? Qual ou

quais e por quê?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

7- Você considera que a abordagem do assunto foi feita de maneira a

interessar o leitor? Justifique.

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

Após as perguntas terem sido respondidas, cada grupo lerá uma resposta para a

classe, para socialização e complementação, se necessário.

Unidade 5

Avaliação

Objetivo: Verificar se houve aprendizagem dos itens trabalhados.

Atividade 1: Pesquisa

Pesquisem textos de editoriais em jornais diversos.

Selecionem um, cujo tema julgaram interessante. LEIAM.

Atividade 2: Socializar com a classe

A)- Trazer o editorial escolhido para a classe, ler e relacioná-lo com o fato

acontecido.

B)- Após a leitura, comparar os editoriais: tema, diferença no uso da linguagem,

modo de tratar o assunto.

C)- Marcar:

- em alguns textos, a parte que corresponde à opinião apresentada pelo jornal e

as sugestões para a solução do problema, se houver.

- em outros, as vozes que o autor trouxe para reforçar sua tese.

Colocar os textos no mural preparado para este fim.

Atividade 3: Reescrita

Durante o estudo deste caderno os alunos produziram um texto do gênero

editorial. Agora, com base nas observasões feitas pela professora e em tudo o que

aprenderam, deverão redigir novamente seu texto exercitando sua capacidade de

lapidação do mesmo.

4 Considerações finais

Para finalizar, a leitura é muito mais que decodificação simplesmente. É

compreensão do que se lê, pois o indivíduo utiliza a sua vivência no momento em

que a realiza. Nas palavras de Paulo Freire “A leitura do mundo precede a leitura

da palavra, dai que a posterior leitura desta não possa presciindir da continuidade

da leitura daquele”. (2005, p.11-12)

Por isso, nas aulas, o professor deve auxiliar o aluno a fazer a sua própria leitura,

e ajudá-lo a compreender o que o professor, por ter mais experiência e vivência

com a leitura já compreendeu, mas não esperar que ele reproduza exatamente a

sua compreensão, sem refletir sobre o que está lendo.

Ou associamos o que lemos ao que já conhecemos ou não faz sentido o que lemos. Sem associação que possa fazer sentido ao leitor, estamos apenas mecanizando, destituindo de sentido o ato de ler. (REZENDE, 2009, p.34)

Exatamente por pensarmos assim, é que realizamos este trabalho com a leitura de

um gênero que circula diariamente na sociedade e ao qual o aluno leitor deve

estar preparado para compreender. Estamos convictos de que, promover

condições para o aluno desenvolver habilidades de leitura e mostrar-lhe o que é

importante observar em um texto, vai auxiliá-lo nesta caminhada rumo à

competência leitora.

BIBLIOGRAFIA

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leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

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