TMC - Modelos de Comunicação

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Teorias e Modelos de Comunicação Modelos de Comunicação As problemáticas teóricas da comunicação. De acordo com John Fiske, a comunicação só pode ser estudada exaustivamente mediante várias abordagens disciplinares. O seu estudo assenta — segundo o mesmo autor – em três pressupostos básicos: 1. Toda a comunicação envolve signos e códigos. «Os signos são artefactos ou actos que se referem a algo que não eles próprios, ou seja, são construções significantes. Os códigos são os sistemas nos quais os signos se organizam e que determinam a forma como os signos se podem relacionar uns com os outros». 2. Os signos e os códigos são transmitidos ou tornados acessíveis a outros e transmitir ou receber signos/códigos/comunicação é a prática das relações sociais. 3. A comunicação é central para a vida da nossa cultura: sem ela, toda e qualquer cultura morrerá. Consequentemente, o estudo da comunicação implica o estudo da cultura na qual ela se integra. Subjacente a estes pressupostos está uma definição geral de comunicação: a comunicação como «interacção social através de mensagens». A problemática processual da comunicação. O instrumental conceptual da problemática processual da comunicação estrutura-se e organiza-se em torno do conceito de comunicação como processo de transmissão de mensagens. Desta problemática teórica decorrem muitas teorias e modelos da comunicação. Estes modelos da comunicação são, por definição, tentativas de explicar novas leis em termos de leis antigas que já foram testadas e decorrem necessariamente da problemática processual da comunicação. Um modelo é como um mapa. Representa as características seleccionadas do seu território: nenhum mapa ou modelo pode ser exaustivo. Apresentam as características básicas da comunicação em geral e, a partir daí, procuram alargar o seu domínio de aplicação a níveis mais complexos de comunicação, em particular à comunicação colectiva e aos mass media. Assim, o modelo de Gerbner pretende ser universalmente aplicável: - 1 -

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Teorias e Modelos de Comunicação Modelos de Comunicação

As problemáticas teóricas da comunicação.

De acordo com John Fiske, a comunicação só pode ser estudada exaustivamente mediante várias abordagens disciplinares. O seu estudo assenta — segundo o mesmo autor – em três pressupostos básicos: 1. Toda a comunicação envolve signos e códigos. «Os signos são artefactos ou actos que se referem a algo que não eles próprios, ou seja, são construções significantes. Os códigos são os sistemas nos quais os signos se organizam e que determinam a forma como os signos se podem relacionar uns com os outros».2. Os signos e os códigos são transmitidos ou tornados acessíveis a outros e transmitir ou receber signos/códigos/comunicação é a prática das relações sociais.3. A comunicação é central para a vida da nossa cultura: sem ela, toda e qualquer cultura morrerá. Consequentemente, o estudo da comunicação implica o estudo da cultura na qual ela se integra.

Subjacente a estes pressupostos está uma definição geral de comunicação: a comunicação como «interacção social através de mensagens».

A problemática processual da comunicação.

O instrumental conceptual da problemática processual da comunicação estrutura-se e organiza-se em torno do conceito de comunicação como processo de transmissão de mensagens. Desta problemática teórica decorrem muitas teorias e modelos da comunicação. Estes modelos da comunicação são, por definição, tentativas de explicar novas leis em termos de leis antigas que já foram testadas e decorrem necessariamente da problemática processual da comunicação. Um modelo é como um mapa. Representa as características seleccionadas do seu território: nenhum mapa ou modelo pode ser exaustivo. Apresentam as características básicas da comunicação em geral e, a partir daí, procuram alargar o seu domínio de aplicação a níveis mais complexos de comunicação, em particular à comunicação colectiva e aos mass media. Assim, o modelo de Gerbner pretende ser universalmente aplicável: pode explicar qualquer exemplo de comunicação e destaca os elementos-chave que são comuns a todo e qualquer acto de comunicação. O modelo de Lasswell verbaliza o modelo de Shannon e Weaver e aplica-o seguidamente aos mass media. Os restantes modelos derivam basicamente do modelo de Shannon e Weaver e, socorrendo-se de conceitos cibernéticos e sistémicos, procuram explicar detalhadamente a comunicação de massas.

Modelos de base linear

Modelo de Base Linear de Lasswell

Com este modelo o autor pretendia de forma rápida e prática descrever o acto de comunicar.

Após uma primeira versão nos anos 30, o modelo final foi proposto em 1948. Para Lasswell, descrever um acto de comunicação é necessário responder às seguintes questões:

Quem → Diz o quê → Através de que meio → A quem → Com que efeito

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O “quem?” é o emissor, ou seja, a origem, a fonte de toda a comunicação. Lasswell inclui nesta definição todas as categorias de emissores, desde o simples jornalista que escreve uma notícia até às agências internacionais de informação ou publicitárias.

O “diz o quê?” refere-se à mensagem. Lasswell centra-se principalmente na análise da informação contida na mensagem em termos estatísticos, isto é, procedendo a uma classificação sistemática e quantitativa dos dados informativos da mesma.

O “através de que meio?” refere-se ao canal pelo qual a mensagem é transmitida. Lasswell introduziu a noção de análise dos meios, ou seja, a investigação dele ou dos melhores meios capazes de transmitir a mensagem aos receptores.

O “a quem?” refere-se ao receptor da mensagem. Para Lasswell a análise dos receptores deve ser feita de forma quantitativa. Preconiza medir em termos de quantidade o universo total a quem a mensagem vai chegar.

O “com que efeito?” refere-se ao impacto do público em relação à mensagem. Demonstrado da seguinte forma: O estímulo contido numa mensagem, transmitida por uma meio, dirigida a uma população ou segmento de mercado causará um determinado resultado. Por exemplo, a análise do impacto de uma campanha publicitária numa determinada região, e qual o volume de vendas do produto publicitado.

→ → → →

(Fórmula de Lasswell com os elementos correspondente do processo de comunicação, 1948)

Modelo Linear de Shannon e Weaver

Shannon e Weaver, que em 1949 publicaram uma teoria de comunicação intitulada “Teoria Matemática da Comunicação” que tinha como objectivo medir a quantidade de informação contida numa mensagem e a capacidade de informação de um dado canal, quer a comunicação se efectue entre duas máquinas, dois seres humanos ou entre uma máquina e um ser humano.         A fonte é vista como detentora do poder de decisão, isto é, decide qual a mensagem a enviar, seleccionando uma de entre um conjunto de mensagens possíveis; esta mensagem seleccionada é depois transformada pelo transmissor num sinal, que é enviado ao receptor através do canal.

Com estes autores, aparece um novo termo: o ruído. O ruído é algo que é acrescentado ao sinal, entre a sua transmissão e a sua recepção e que não é pretendido pela fonte. Inicialmente situado no quadro técnico do canal (pode ser uma distorção do som, interferências nas linhas telefónicas, etc.), foi alargado por Weaver ao nível semântico pelos problemas da interpretação do significado pretendido numa mensagem. O autor sugere que se adicione ao esquema base deste modelo um codificador e um descodificador semântico.          Outra inovação deste modelo trata-se da tentativa de medir o conteúdo ou novidade informática. Essa quantidade mensurável que caracteriza a mensagem está ligada à sua extensão, ás dimensões no espaço e no tempo, do seu suporte ou do seu canal de transferência mas sobretudo à imprevisibilidade da sua ocorrência. Esta

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Quem?(Emissor)

Diz o quê?(Mensagem)

A quem?(Receptor)

Por que canal?(Meio)

Com que efeito?(Efeito)

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MensagemSinalMensagem

Transmissor Receptor

Fonte deRuído

Sinal

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medição da informação é útil no desenvolvimento do computador moderno e que dá uma grande ajuda ao media pois facilita bastante na transmissão de informação.          Desta teoria informacional, surgem ainda dois importantes conceitos: a entropia e a redundância. A entropia define-se como a medida do grau de desordem de um dado sistema de comunicação, a falta de previsibilidade numa situação, resultando em incerteza. A redundância é o oposto da entropia, resulta de uma previsibilidade elevada. Assim, numa mensagem de baixa previsibilidade é entrópica e com muita informação, inversamente, uma mensagem de elevada previsibilidade é redundante e com pouca informação. A redundância desempenha um papel vital na comunicação para organizar e manter a compreensibilidade da mensagem, ajudando a estabelecer um valor optimum para a compreensão da mensagem, apresentado como um jogo dialéctico entre a originalidade (imprevisibilidade) e a inteligibilidade.

“Modelo matemático” de Shannon e Weaver, 1949

Fonte – é o elemento emissor inicial do processo de comunicação; produz um certo número de palavras ou signos que formam a mensagem a transmitir. Por exemplo, pode ser a pessoa que levanta o telefone, marca um número e começa a falar.

Transmissor – é o emissor técnico, isto é o que transforma a mensagem transmitida num conjunto de sinais ou códigos que serão adequados ao canal encarregue de os transmitir. Assim no exemplo anterior do telefone, o transmissor transforma a voz em impulsos eléctricos que serão transmitidos pelo canal.

Canal – é o meio técnico que deve transportar os sinais codificados pelo transmissor. Este meio será, no caso do telefone, os cabos telefónicos utilizado pela empresa de telecomunicações.

Receptor – é o sentido inverso do transmissor. A sua função consiste em descodificar a mensagem transmitida e veiculada pelo canal, para transcreve-la numa linguagem compreensível pelo verdadeiro receptor, que é chamado de destino.

Destino – Constitui o verdadeiro receptor a quem está destinada a mensagem. Neste caso será então a pessoa a quem de destina a mensagem telefónica.

Ruído – é um elemento que prejudica a transmissão perfeita da mensagem, pode ser uma interferência na chamada telefónica, a voz demasiado baixa, ou encoberta por uma música de fundo.

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Fonte Canal Destinoo

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Modelos de Base Cibernética

Modelo de comunicação interpessoal de Schramm

Beltrán Apud Gomes, definiu a comunicação como: “compartilhar informações, ideias ou atitudes, e reforçando com diversos termos o princípio aristotélico de que a comunicação requer sempre pelo menos três elementos (fonte, mensagem e destinatário).”

Schramm da mesma forma que Lasswell, acrescentou à sua teoria na base proposta por Aristóteles incluindo os componentes codificador e descodificador.

Schramm ao efectuar os seus estudos na comunicação, reconheceu a complexidade do campo da comunicação chegando a diversas conclusões, das quais se destacam as seguintes: · Pelo facto de constituir um processo social, pertencente a disciplinas que lidam com a sociedade e a conduta dos seres humanos, a Comunicação oferece resistência a uma teorização que se queira consequente; · Essa constatação explica as dificuldades experimentadas sempre que se pretende propor uma teoria unificada e sistemática da Comunicação; · Em vez de ser pensada como ‘alguma coisa que alguém faz a alguém mais’, a Comunicação deve ser entendida como uma ‘relação interactiva, pela qual ‘se comparte alguma coisa’;· Para se entender o que é Comunicação, deve-se antes compreender como as pessoas habitualmente interactuam.

Modelo Circular de Jean Cloutier

Jean Cloutier, através da sua ideia de "Emerec" (Emissor – Receptor)examina a comunicação não em termos de tecnologia ou de "sistema", mas tomando como centro de interesse o “homo communicans”, o homem que entra na era da “comunicação individual”.

Jean Cloutier, aborda os problemas da comunicação a partir da perspectiva cibernética, pois "os esquemas lineares que separam as funções de E (emissor) e R (receptor) não são suficientes para explicar o processo completo da comunicação”.Para Cloutier, a comunicação tem excedido o estatuto de fenómeno de massas para retornar ao individual. Os self-media ultrapassaram os mass media.

EMEREC personifica o carácter E-R de cada homem. É o homo communicans, que tem cinco sentidos, “muita criatividade, uma imaginação que ele despreza e uma inteligência da qual está muito orgulhoso”. É uma personificação do homem moderno que dispõem de múltiplas linguagens que raramente utiliza.

A mensagem-linguagem é formada por elementos inseparáveis. A linguagem permite “encarnar” uma mensagem: o contorno é a linguagem; a superfície a mensagem.

Estes são sistemas de signos que estabelecem os laços de comunicação entre os que emitem (por meio da palavra, um gesto, grafismos) e os que recebem (através da audição, visão, a leitura) num quadro sócio-cultural necessariamente comum.

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Cloutier apresenta um método de classificação: o áudio-scripto-visual. Distingue, então três linguagens de base, as quais se fundem para “produzir as linguagens sintéticas que são o audiovisual e o scripto-visual, que se combinam num sistema.

Os meios são intermediários que permitem o transporte de mensagens no espaço e no tempo. Transmitem, conservam e amplificam as mensagens. Do mesmo modo que EMEREC são ambos emissores e receptores.

Cloutier classifica os meios em três categorias: os mass-media, dirigidos à difusão de mensagens que são produtos culturais colectivos; os self-media baseados sobre o registo de mensagens individuais; os tele-media sistemas neutros que transmitem, amplificam e favorecem as comunicações directas.

Modelos de Comunicação de Massas

Modelo Geral de Comunicação - Gerbner

George Gerbner elaborou um modelo de comunicação, tendo em vista a sua aplicação universal: explicar qualquer exemplo de comunicação e mostrar os elementos-chave que são comuns a todo e qualquer acto de comunicação.

Em relação ao modelo de Shannon e Weaver, Gerbner introduz duas alterações significativas:— relaciona a mensagem com a «realidade» a que ela se refere, permitindo-nos assim tratar questões de percepção e de significação; e— vê no processo de comunicação duas dimensões que se alternam: a perceptiva ou receptiva e a dimensão comunicante ou de meios e controlo.

De acordo com o seu modelo, o processo de comunicação começa com um acontecimento A, com algo da realidade externa que é percebido por M (pessoa ou máquina). A percepção que M tem de A é a percepção A1. Esta é a dimensão perceptiva que se encontra no início do processo de comunicação. A relação entre A e A1 envolve uma selecção, na medida em que M não pode possivelmente perceber toda a complexidade de A. A percepção humana não é uma simples recepção de estímulos, mas um processo de interacção ou negociação. Os estímulos externos são enquadrados em conceitos ou padrões internos do pensamento. Este enquadramento permite-nos perceber algo e conferir-lhe um significado. Isto significa que o significado deriva do enquadramento de estímulos externos em conceitos internos. Este enquadramento é controlado pela nossa cultura, na medida em que os nossos conceitos internos (ou padrões de pensamento) se desenvolveram como resultado da nossa experiência cultural. Assim, pessoas de diferentes culturas perceberão a realidade de maneira diferente. A percepção não é somente um processo psicológico, mas também uma questão cultural.

A dimensão vertical verifica-se quando a percepção A1 é convertida num sinal sobre A — SA. A mensagem mais não é que um sinal ou uma afirmação sobre o acontecimento. O círculo que representa esta mensagem divide-se em dois: o S refere-se à mensagem como um sinal, à forma que ele assume e o A refere-se ao seu conteúdo. Um dado conteúdo (ou A) pode ser comunicado de maneiras diferentes — há vários Ss potenciais por onde escolher e encontrar o melhor S para um determinado A é uma das preocupações cruciais do comunicador. Nesta dimensão vertical, a selecção é tão importante como na dimensão horizontal. Primeiro, há a selecção dos meios — meio e canal de comunicação. Depois há a selecção a partir da percepção A1. Da mesma forma

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que A1 nunca pode ser uma reacção completa e abrangente a A, também um sinal sobre A1 nunca pode atingir a plenitude ou globalidade. Tem que haver selecção e distorção.O conceito de acesso aos meios e canais de comunicação permite-nos estudar e determinar quem tem especificamente acesso aos meios de comunicação de massas. A dimensão horizontal diz-nos que A1 é uma selecção de A. Esta selecção é feita por alguém (Quem faz a selecção?), que a transmite como SA, na qual está subjacente uma determinada imagem do mundo (Qual a imagem do mundo que é transmitida como SA?). O acesso aos meios é uma forma de exercer poder e controlo social.Na terceira fase do processo — e ainda na dimensão horizontal —, aquilo que está a ser percebido pelo receptor M2 não é um acontecimento A, mas sim um sinal ou afirmação sobre um acontecimento ou SA. O significado de uma mensagem não está contido na própria mensagem, sendo, antes, o resultado de uma interacção ou negociação entre o receptor e a mensagem. M2 leva a SA um conjunto de necessidades e conceitos derivados da sua cultura ou subcultura e, na medida em que conseguir relacionar SA com eles, pode dizer-se que encontra significado na mensagem. A mensagem propriamente dita deve ser vista como um potencial de muitos significados. Este potencial nunca se realiza completamente e a forma que assume só é determinada depois de ocorrer uma interacção ou uma negociação entre M2 e SA: o significado resultante é SA1.

Na dimensão horizontal, o factor disponibilidade é equivalente a acesso. O conceito de disponibilidade, tal como o de selectividade, ajuda a determinar o que realmente é percebido. É outra forma de selectividade, só que neste caso a selecção não é efectuada por aquele que percepciona, mas pelo comunicador. Aquilo que é seleccionado pelo comunicador é como e, consequentemente, a quem a mensagem deve ser disponibilizada. Acesso e disponibilidade são duas fases da mesma moeda.O modelo de Gerbner possibilita extensões múltiplas e permite-nos incluir agentes humanos e mecânicos no processo.

Modelo da comunicação de massas de Schramm

Este modelo constitui uma adaptação do modelo de comunicação interpessoal do mesmo autor. Neste novo modelo o emissor ou a fonte de comunicação é colectivo, são ao mesmo tempo o organismo e os mediadores que dele fazem parte.

Para Schramm, o meio de comunicação de massas é um sujeito comunicador que, como uma pessoa, é um descodificador, intérprete e codificador. Quer dizer, um mass media é um receptor de acontecimentos que codifica e interpreta, de acordo com as lógicas produtivas do jornalismo. Os inputs que recebe a organização produtiva são acontecimentos provenientes de diferentes fontes, inclusivamente o feedback da própria audiência. De seguida, dá-se forma ao acontecimento convertendo-o em notícia. Assim, o comunicador codifica a mensagem que vai transmitir. A organização comunicativa transmite uma variedade de mensagens idênticas. Na recepção destas mensagens têm que se distinguir três níveis. Em primeiro lugar, estas mensagens são recebidas por uma audiência massiva. Quando falamos de meios de comunicação de massas, as massas são a audiência. Em segundo lugar, cada receptor individual, ainda que seja parte da audiência massiva, vai descodificar, interpretar e codificar as mensagens que recebe.

Quer dizer, a interpretação destas mensagens é um acto individual feito por cada um dos leitores/ouvintes/telespectadores dos mass media. Por último, temos que recordar que esta pessoa tem múltiplos contactos sociais na sua vida quotidiana. Os indivíduos relacionam-se com diferentes grupos nos quais comentam as mensagens

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transmitidas pelos mass media. Terá de se ter em conta que muitos dos temas que comentamos nos nossos diferentes grupos sociais (família, amigos, colegas de trabalho, etc.) nos foram apresentados pelos meios de comunicação, mas é precisamente nestes grupos que se reinterpretam as mensagens mediáticas. Nos grupos há que destacar a existência dos líderes de opinião. Os líderes de opinião têm um maior contacto com os meios ou um nível de educação mais alto; isto permite-lhes actuar como um filtro entre os meios de comunicação e os outros membros do grupo. A eficácia da sua reinterpretação deve-se a vários factores: a) tem uma competência reconhecida pelo grupo, b) são dignos de confiança, por serem membros do grupo e não representarem nenhum interesse externo c) no contacto cara a cara podem adaptar a sua mensagem às características de cada destinatário e d) pode recompensar de forma pessoal e imediata os que concordam com ele.

A influência do líder de opinião e de grupo, sobre os seus membros, é muito importante. O grupo actua como: a) canal de informação, b) fonte de pressão para se adaptar ao modo de pensar e actuar do grupo e c) base de apoio social ao indivíduo. Assim se considera que a influência interpessoal é um dos fenómenos chave para estudar, em última instância, a influência dos mass media.

A importância deste modelo baseia-se no facto de se ter feito eco das teorias dominantes sobre os efeitos da comunicação dos anos 50 aos 70. Assim, achava-se que a influência dos meios de comunicação estava muito condicionada pela diversidade de variáveis que intervinham no processo comunicativo, que o comunicador só controlava a mensagem e a sua distribuição, mas não a interpretação, a recepção nem a reinterpretação por parte do grupo. Por isso, acreditava-se que, salvo casos muito específicos, os meios de comunicação não podiam por si mesmos conseguir uma mudança de atitude ou de opinião nos membros da audiência.

À sociologia da comunicação, a partir dos anos 70, junta-se uma nova disciplina: a semiótica. No entanto, temos que destacar que as preocupações que incitava a comunicação de massas também não mudaram com a nova perspectiva.

Modelo do processo de comunicação de massas - Maletzke

Em 1963 Maletzke, publicou o seu estudo sobre a psicologia da comunicação de massas através do qual estudou os processos de comunicação colectivos e desenvolveu um modelo partindo dos elementos tradicionais da comunicação. Tentou explicar, basicamente, as influências que se geram sobre o processo de comunicação em especial as exercidas pelas condições psico-sociais sobre o emissor, destinatário, mensagem e meio. Maletzke parte do entendimento de comunicação dizer que: Sob o conceito de comunicação no seu sentido mais amplo deve compreender o facto fundamental de que os seres vivos estão em união com o mundo. Mas, em geral, em linguagem científica, é muitas vezes mais próximo do conceito de que os seres vivos estão em relação uns com os outros, que se possam comunicar e são capazes de expressar o processo e situações internas e dar a conhecer, a outras criaturas, circunstâncias ou mesmo a estimular um comportamento específico. De que aborda a comunicação interpessoal, a reciprocidade na comunicação de massa, as diferenças entre comunicação pública e privada, meios de comunicação, mensagens, grupos para obter a sua ideia dos efeitos. A este respeito, sugere que eles ocorrem no campo do comportamento, conhecimentos, opiniões e atitudes, a órbita emocional e áreas profundas do psíquico.

Maletzke para o desenvolvimento deste modelo é fornecido no campo postulados dos processos de comunicação social sobre o qual afirma: "Deve ser o

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domínio das relações com a media como um sistema complexo e dinâmico das dependências e interdependências dos factores envolvidos. Um modelo esquemático, portanto, representa visivelmente a estrutura fundamental deste campo para servir, então a nossa investigação posterior da base sistémica”.

Nos termos desta proposta, o receptor determina a mensagem de acordo com sua auto-imagem e de acordo com a estrutura de sua personalidade. Isto gera, em princípio, uma determinação como determinados valores, atitudes e padrões de comportamento, da mesma forma, segundo a inclinação pessoal de ser influenciado de acordo com o conceito que ele tem de si mesmo. Na mesma linha de recepção, o sujeito é condicionado por seu papel como parte de um público e um ambiente social. O receptor funciona como um membro da sociedade, comunidade, família e outros grupos. Como membro de uma audiência, o sujeito age de maneira tão diferente do que faria num processo de comunicação interpessoal directa, mas também afecta as acções do receptor na comunicação de massa.

Assim como o receptor, o comunicador também age em conformidade com as condições específicas: a sua auto-imagem e estrutura de personalidade, em primeira instância. Mas também o fracasso do emitente pertence a uma força-tarefa que influencia as suas acções e, por sua vez, pode integrar uma organização maior com os interesses e condições. As condições do ambiente social do comunicador da mesma forma que o receptor. Por seu lado, o comunicador está sujeito a outras pressões e constrangimentos produzidos pela natureza pública do conteúdo de media, como o seu desempenho terá conotação psicológica, jurídica e social.

A construção da mensagem, o comunicador é também devido à pressão de sua própria mensagem e as características de conteúdo, bem como as exigências ambientais.Para Maletzke são três os elementos que compõem o modelo: a imagem inversa entre o receptor e o comunicador, o grau de credibilidade e de feedback espontâneo do receptor. O primeiro surge um receptor imaginário ou receptor modelo construído pelo comunicador e um emitente ou conhecido que constrói o receptor imaginário. O segundo factor está ligado ao meio ambiente e de identificação do receptor com o comunicador. O terceiro elemento decorre da dificuldade de feedback que ocorre na comunicação de massa.

Em geral, este modelo gera a impossibilidade de se estudar os processos de comunicação de massa a partir de elementos fragmentados e sugere, em vez disso, uma análise da comunicação como um complexo processo psicossocial.

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Modelos Culturais ou Socioculturais

Modelo cultural de Edgar Morin

Edgar Morin desenvolve uma tese na qual a cultura de massas é o produto de um processo dialéctico entre criação, produção e consumo. O sucesso junto do grande público depende do grau de eficácia da resposta ás aspirações e necessidades individuais.

Modelo cultural de Abraham Moles

Segundo Abraham Moles, o mundo da cultura é uma imensa rede de circuitos mais ou menos fechados de produtos culturais, relacionados uns com os outros, interferindo uns nos outros, prodigiosamente complexos e estatisticamente determinados. Moles esboça uma teoria geral da cultura, concebida no contexto da sociedade de massas, — conhecida pela designação de sócio-dinâmica da cultura —, baseada precisamente neste aspecto cíclico que intervém como factor de ordem a grande escala. De acordo com esta teoria, os meios de comunicação social são tanto suportes de mensagens culturais como amplificadores da própria cultura. Na sociedade de massas, os novos instrumentos difusores postos ao serviço da cultura e as enormes necessidades culturais de uma massa de público progressivamente interessado aceleraram o declínio da cultura tradicional, minoritária e elitista, e exigiram uma verdadeira programação do uso cultural dos instrumentos de comunicação de massas. Esta teoria analisa previamente as fases técnicas de produção, transmissão e difusão da cultura que circula nestes meios.

Bibliografia:

Freixo, M. (2006), Teorias e Modelos de Comunicação, Instituto Piaget, Lisboa

Sites:

http://cyberself-cyberphilosophy.blogspot.com/2007/09/cyberfilosofia-e-teoria-da-informao-i.html

http://comunicacionycultura.espacioblog.com/post/2008/10/25/modelo-general-gerbner

http://comunicacionycultura.espacioblog.com/post/2008/12/04/el-modelo-maletzke-comunicacion-colectiva

http://bemisacaru.blogs.sapo.pt/2894.html

Trabalho realizado por: João Macedo Nº 44610Disciplina: Teorias e Modelos de ComunicaçãoInstituto Piaget – Macedo de Cavaleiros 2010

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