TN Petroleo 103 Issue

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Revista TN Petroleo número 103

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  • sumrio edio n 103 set/out 2015

    noss

    as r

    edes

    soc

    iais

    Cobertura especial Marintec 2015

    O futuro da indstria naval brasileira requer competitividade e inovao

    Entrevista exclusiva

    Especial PD&I

    Leilo ANP

    com Alexandre Pvoa, economista, pro-fessor e fundador da Canepa Asset Brasil

    Quem decide o que prioritrio em PD&I

    Temos de esperar o fim da tempestade perfeita

    O que podemos esperar da

    13 Rodada?

    22

    42

    30

    40

    38 Entrevista exclusiva com Carlos Camerini, Onip

    Competitividade demanda inovao

    46 Frum dos Lderes coloca em pauta o futuro da indstria naval brasileira

    48 Empresas apresentam servios e solues50 UK: O Brasil oferece grandes

    oportunidades para empreendimento de sucesso

  • Fino Gosto

    Perfil profissional CONSELHO EDITORIAL

    Affonso Vianna Junior

    Alexandre Castanhola Gurgel

    Antonio Ricardo Pimentel de

    Oliveira

    Bruno Musso

    Colin Foster

    David Zylbersztajn

    Eduardo Mezzalira

    Eraldo Montenegro

    Flvio Franceschetti

    Gary A. Logsdon

    Geor Thomas Erhart

    Gilberto Israel

    Ivan Leo

    Jean-Paul Terra Prates

    Joo Carlos S. Pacheco

    Joo Luiz de Deus Fernandes

    Jos Fantine

    Josu Rocha

    Luiz B. Rgo

    Luiz Eduardo Braga Xavier

    Marcelo Costa

    Mrcio Giannini

    Mrcio Rocha Melo

    Marcius Ferrari

    Marco Aurlio Latg

    Maria das Graas Silva

    Mrio Jorge C. dos Santos

    Maurcio B. Figueiredo

    Nathan Medeiros

    Paulo Buarque Guimares

    Roberto Alfradique V. de Macedo

    Roberto Fainstein

    Ronaldo J. Alves

    Ronaldo Schubert Sampaio

    Rubens Langer

    Samuel Barbosa

    20 Brasil: Investimentos e endividamentos no setor de leo e gs, por Evandro La Macchia

    72 O novo acordo do clima e os desafios para o Brasil, por Joo Guilherme Sabino Ometto

    74 Uma questo de gesto, por Heraldo Batinga78 Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade:

    Administrando conflitos com empatia, por Wanderlei Passarella87 Exigncia de contedo nacional, por Paulo Cesar Alves Rocha88 Continuidade de servios para os FPSOs antigos do Brasil, por

    Christiane Machado

    91 Do sonho a realidade? Como voc est se preparando para o novo ciclo?, por Alessandra Simes

    4 editorial 6 hot news 10 indicadores tn 42 eventos 56 perfil profissional 60 perfil empresa 63 caderno de sustentabilidade

    81 pessoas

    82 produtos e servios

    94 fino gosto

    96 coffee break

    98 feiras e congressos

    99 opinio

    artigos

    Ano XVI Nmero 103 set/out 2015Fotos: Aker Solutions, CGG Veritas, Petrobras

    sees

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    94

    o imprio do sabor e da msica na Tijuca

    Delma Quintanilha Vianna

    A qumica do petrleo

    Rede Otto,

  • 4 TN Petrleo 103

    editorial

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    DISTRIBUIO Bencio Biz Editores Associados.

    Filiada ANATECOs artigos assinados so de total responsabilidade dos autores, no representando, necessariamente, a opinio dos editores. TN Petrleo dirigida a empresrios, executivos, engenheiros, gelogos, tcnicos, pesquisadores, fornecedores e compradores do setor de petrleo.

    Uma questo de prioridade

    Bencio BizDiretor da Bencio Biz Editores

    TN Petrleo

    TAGS#103

    APRENDI QUE O QUE PRIORIDADE deve receber aten-o imediata e no ser deixado de lado para depois. Mas parece que isso vem sendo esquecido no Brasil, inclusive no setor de leo e gs. O momento econmico mundial e, mais ainda, a crise brasileira, merecem ser olhados com mais ateno e cuidado por todos organizaes, polticos e sociedade em geral na busca de solues. E no ser utilizado para canalizar interesses de quem quer que seja.

    O Brasil precisa urgentemente sair desse impasse, dar um passo adiante. No podemos mais ficar paralisados: cada um tem de fazer sua parte, principalmente os polticos, que esto em uma disputa acirrada por mais e mais poder, colocando suas ambies na frente dos interesses do pas e dos brasileiros, que devem ser a prioridade de qualquer go-vernante e de todos os poderes que do sustentao a ele. Inclusive o legislativo.

    Dito isso, temos de atentar tambm para o que acontece em nosso setor. A Petrobras luta para se reestruturar e ganhar confiabilidade, promovendo estu-dos e discusses que vo implicar no somente em nova reviso dos investimen-tos planejados, mas tambm em mudana interna drstica. E o corte nos gastos deve ter a preciso de um cirurgio e no ser apenas um fator na contabilidade, uma vez que ela precisa continuar a cumprir seu papel como empresa e como um ativo do pas: produzir petrleo, gs, gerar valor para os acionistas e para o Brasil.

    Da o temor de que as mudanas que esto sendo alinhavadas internamente coloquem em risco algumas questes essenciais para a empresa, como, por exemplo, a eficincia e a operacionalidade dos seus principais ativos, para que eles possam continuar a produzir. Isso implica manuteno, planejamento, in-vestimentos, e um corpo tcnico estimulado e confiante. Isso prioridade.

    Da mesma forma, o impasse em torno de decises da ANP, que impactam todo o setor, como a alterao das regras relacionadas aos investimentos obri-gatrios das companhias petrolferas em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovao (PD&I), acabam emperrando o setor, que no pode se planejar para o futuro sem saber se os recursos privados sero ou no respeitados como tal e no tratados como recursos pblicos. Essa previsibilidade no planejamento dos in-vestimentos fundamental tambm para aqueles que vo participar de uma nova rodada de licitaes da ANP, em outubro.

    Enquanto no se estabelecer o que prioritrio, a indstria de leo e gs no se sentir segura para fazer mais apostas no pas, disputando novas reas no leilo da ANP.

    Enfim, o que necessrio ver o que de fato prioridade para o pas e para a in-dstria. E trabalhar mais e mais, acreditando, apostando e se empenhando em torno do que de fato importante. No acredito que haja outra forma de sairmos da crise, dessa imobilidade, dessa falta de trabalho... sem darmos um passo frente do outro.

    nisso que acredito. Portanto, mos obra!

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    hot news

    FMC Technologies recebe o prmio inaugural de destaque de novas tecnologias na OTC Brasil

    EstE primEiro prmio ser concedido FmC technologies no dia 28 de outubro no pavilho 3 do riocentro s 16h.

    A FmC technologies receber o prmio por produzir Ligas com memria de Formato para Equipa-mentos submarinos e o critrio para a premiao foi:Novidade com menos de dois anos;Inovativo originalidade e capacida-de de desenvolvimento da indstria E&p offshore;Comprovao atravs da aplicao de larga escala ou teste de prottipo bem-sucedido;Interesse abrangente grande in-teresse para a indstria;

    Impacto significante fornecer sig-nificativos benefcios atravs das tec-nologias existentes.

    o prmio Destaque de Novas tecnologias sm reconhece a extra-ordinria capacidade inventiva da indstria de E&p e contribuir para o desenvolvimento de recursos offshore de formas mais cuidadosas e eficien-

    tes, afirmou Ste-phen Balint, pre-sidente do Comit de Destaques da otC Brasil. Esta-mos satisfeitos em apresentar este prmio na otC

    Brasil 2015 e ressaltar algumas das

    transformaes das tecnologias pre-sentes nesta conferncia, exultou.

    parabenizo o vencedor FmC technologies, disse Joo Carlos de Luca, presidente da otC Brasil

    2015, e continuou: As tecnologias de ponta aplicadas a guas profun-das da Bacia de Campos e agora transferidas para ambientes mais di-

    fceis, profundos e desafiadores para desenvolvimento dos grandes campos do pr-sal, como da Bacia de santos, tm sido um campo frtil e aberto a ser implementado nos prximos anos.

    A OTC Brasil 2015, que acontecer de 27 a 29 de outubro no Rio de Janeiro, anuncia o lanamento do Prmio Destaque em Novas Tecnologias.

    A moBiL pAssou a comercializar, a partir de julho, a linha biodegradvel mobil sHC Aware, composta de leos e graxas sintticos de alta performan-ce para garantir a produtividade e segurana s operaes offshore e de navegao martima segmentos prioritrios para o uso de biodegrad-veis em razo da criticidade dessas operaes e da necessidade de um lubrificante de baixa toxicidade aqu-tica que no prejudique o ambiente, mesmo em casos de vazamentos.

    A tecnologia empregada nova no Brasil e pode ser aplicada a quaisquer sistemas hidrulicos que possuam cai-xas de engrenagem, thrusters, stern tubes, cabos de ao e outros compo-nentes mecnicos de embarcaes dos mais variados tipos e portes. tambm

    pode ser usada no segmento indus-trial, desde que as empresas utilizem algum tipo de sistema hidrulico.

    As grandes companhias globais instaladas no Brasil j demandam produtos biodegradveis, buscan-do alinhamento com as operaes de pases que exigem essa tecnolo-gia. Foi pensando neste nicho que trouxemos mobil sHC Aware, uma

    linha que atende as mais novas exi-gncias da Amri-ca do Norte e da Europa, afirma Sergio Campos, gerente de marke-ting da mobil.

    Campos explica ainda que a mo-bil j possua em seu catlogo alguns

    itens biodegradveis em comercia-lizao, mas que a nova linha deve trazer no s mais opes de aplica-es como deve expandir o mercado de produtos que incentivam a no agresso ao meio ambiente.

    reconhecida pelo Vessel General permit (VGp) certificado que pertence united states Environmental protec-tion Agency (EpA), a principal agncia ambiental americana, a linha mobil sHC Aware tambm atende aos mais rigorosos rgos internacionais. As cer-tificaes atestam que os produtos so minimamente txicos, biodegradveis e no bioacumulativos.

    Lubrificantes biodegradveis para o mercado offshoreProdutos possuem tecnologia para reduzir o impacto ambiental, mesmo em caso de vazamentos.

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    A sCHLumBErGEr, a maior companhia de servios para campos de petrleo do mundo, anunciou, no dia 26 de agosto, a compra da concorrente Cameron international por cerca de us$ 12,74 bilhes, em dinheiro e aes. A transao, avaliada em us$ 35 bilhes, ainda est sob reviso de rgos regulatrios.

    o preo a ser pago pela schlumberger, avalia a Cameron empresa com sede em Houston (EuA), fabricante de equipamen-tos para perfurao e manuten-o de oleodutos, refinarias e poos em us$ 66,36 por ao, um prmio de 56,3% sobre o fechamento da cotao do dia. As aes da Cameron acumula-ram queda de 42% nos ltimos 12 meses, pressionada pelos preos baixos do petrleo.

    Acreditamos que o prximo avano tcnico importante da

    indstria ser alcanado por meio da integrao das tecno-logias para reservas e poos da schlumberger, com a liderana

    da Cameron nas tecnologias de superfcie, perfurao, processamento e controle de fluxo, afirmou o presidente

    executivo da schlumberger, Paal Kibsgaard.

    EM REUNIO realizada em So Paulo, no dia 28 de agosto, a Petrobras e a Sete Brasil definiram um acordo para viabilizar a encomenda de sondas do pr-sal. Foi acertada a construo de 15 sondas pela Sete Brasil e de outras quatro por um consrcio japons liderado pela Kawasaki, scia no estaleiro Paraguau (foto), na Bahia. Ficou definido tambm que o valor do afretamento das sondas ser mantido na ordem de US$ 450 mil por dia.

    Criada em dezembro de 2010 para construir 28 sondas de perfurao que seriam alugadas Petrobras para explorao do pr-sal, a ligao da Sete Brasil com o esquema de corrupo investigado pela Lava--Jato impediu a companhia de receber financiamento de US$ 9 bilhes do BNDES (Banco Nacional de Desen-volvimento Econmico e Social), que ainda no liberou o pagamento.

    Uma vez assinado o contrato, o acerto abre caminho para a liberao do financiamento Sete Brasil por parte do BNDES. Assim, ela poder solicitar aos credores mais tempo para pagar suas dvidas. O pedido dever ser aceito, j que os principais credores (Bradesco, Ita-Unibanco, Santander, Caixa e Banco do Brasil) tambm so scios da empresa e j haviam executado suas garantias jun-to ao Fundo Garantidor da Construo Naval (FGCN).

    Petrobras e Sete Brasil chegam a acordo

    Schlumberger compra Cameron International por US$ 12,7 bilhesFortalecimento da posio da empresa na indstria de sistemas eltricos e de automao.

    A ACCENTURE FIRMOU acordo para adquirir a Schlumberger Business Con-sulting (SBC), a unidade de consultoria de gesto da Schlumberger, lder global em servios em campos petrolferos. A aquisio ir expandir as capacidades da Accenture Strategy de ajudar as maio-res empresas de explorao e produo do mundo a alcanar maior competitivida-de e crescimento. Os termos da compra no foram divulgados, e sua concluso est sujeita aprovao regulatria e a outras condies habituais do mercado.

    Aps a concluso da aquisio, to-dos os colaboradores da SBC e seus ativos de conhecimento devem se juntar Accenture e se tornar parte da Accen-ture Strategy, reforando ainda mais sua habilidade de assistir s empresas de explorao e produo de petrleo e gs, com a otimizao de seu portflio, alavancar sua agilidade operacional e competitividade em custos.

    Accenture adquire Schlumberger Business Consulting

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    hot news

    Delegao brasileira em busca de novos negcios no setor offshore no Reino Unido

    umA DELEGAo DE executivos de 54 empresas e organizaes em-presariais brasileiras embarcaram para Aberdeen, Esccia, no intuito de fechar novos negcios na rea de offshore. maior representao internacional pre-sente na offshore Europe, que aconte-ceu de 8 a 11 de setembro, a delega-o brasileira chega conduzida pela Confederao Nacional das indstrias (CNi) e Federao das indstrias do Estado de minas Gerais (FiEmG), com o apoio do governo britnico no Brasil. os empresrios tero a oportunidade de conhecer as tendncias e novidades do setor de o&G, trocar experincias com players internacionais e ampliar sua rede de contatos.

    As similaridades entre Brasil e reino unido na rea offshore so muito grandes. A experincia de explorao e produo por mais de 50 anos no mar do Norte levaram a indstria britnica a desenvolver uma forte cadeia de fornecedores que muito pode contribuir para os investimentos no Brasil em guas profundas, mais especificamente no pr-sal, destaca o embaixador do reino unido no Brasil, Alex Ellis.

    No dia 9 de setembro os executi-vos participaram do Brazil Day, uma

    parceria entre Governo Britnico, itamaraty e Apex Brasil. A agenda conta com palestras do embaixador brasileiro no reino unido e John Crawford, diretor regional de o&G no uK trade & investment, alm de

    uma rodada de negcios.

    A misso Di-plomtica Britni-ca realizou outros trs eventos aps a offshore Euro-pe, em que execu-

    tivos e representantes do reino uni-do e Brasil aprofundaram o debate

    em prol de maior aproximao entre instituies, governo, universidades e empresas.

    Com o apoio do governo britnico, 54 empresas nacionais participaram da Offshore Europe.

    O ex-diretor da Petrobras, Jos Miranda Formigli, passa a integrar o conselho da Aker Solutions para a rea de ino-vao como conselheiro estratgico. Ele criou sua prpria empresa, a Forsea Engenharia, e foi indicado tambm para o conselho da Energy Ventures.

    Com mais de 30 anos de experincia no setor de petr-leo e gs, Formigli ingressou na Petrobras em 1983 como engenheiro de petrleo. Participou do desenvolvimento da Bacia de Campos. Em 2004, tornou-se gerente executivo de Engenharia de Produo e, em 2012, diretor de E&P da companhia.

    Jos Formigli integra conselho da Aker Solutions

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    A prumo LoGstiCA, empresa controlada pelo fundo americano EiG Global Energy partners, assinou con-trato com a oiltanking para a venda de 20% de sua subsidiria que ser responsvel pelo desenvolvimen-to do terminal de petrleo (toil) do porto do Au por us$ 200 milhes. A oiltanking tambm ir gerenciar as operaes de transbordo que sero realizadas no terminal.

    preparado para receber os maio-res navios utilizados para transpor-te de petrleo (VLCCs), o toil tem capacidade para movimentar at 1,2 milho de barris de petrleo por dia (bpd) e est. Est instalado no terminal 1 (t1) e ir usar a infra-estrutura existente e utilizada pelo terminal de minrio de ferro j em operao.

    A operao do toil est pre-vista para agosto de 2016, com o transbordo de 200 mil barris de petrleo por dia produzidos pela BG nos campos d o p r - s a l . o contrato, que foi assinado com a petroleira no in-cio de junho por 20 anos, prev ainda a possibili-dade de expanso para 320 mil barris por dia.

    A prumo conta agora com um parceiro de classe mundial para atender as principais empresas do

    mundo e ajud--los a encontrar solues para os desafios tcni-cos da produo de petrleo em guas profundas. Acreditamos no nosso investimento na prumo, e a venda da participao minoritria na subsidiria possibilitar uma melhor avaliao da companhia em relao ao seu atual valor de mercado. o toil apenas uma das oportunidades de negcio que o porto do Au pode oferecer para o pr-sal, disse Robert Blair Thomas, CEo do EiG Global Energy partners.

    A oiltanking se orgulha em ter a prumo como parceira no desenvol-vimento deste grande terminal para petrleo no porto do Au, que ir oferecer s empresas uma operao de transbordo no estado da arte e, no futuro, armazenamento de petrleo, blending e unidade de tratamento. Acreditamos fortemente que o termi-

    nal ter um grande impacto positivo na logstica e economia do setor de petrleo no Brasil, disse Daan Vos, diretor-geral da oiltanking.

    o porto do Au o maior em-preendimento porturio privado das Amricas. Com 17 km de cais, 90 km de retrorea e profundida-de de at 24 m, tem capacidade para receber grandes navios. sua localizao estratgica, prximo s bacias de Campos e santos responsveis por 80% da produo brasileira de petrleo faz do em-preendimento o melhor local para a instalao de indstrias do setor de leo e gs.

    o toil ir dividir a infraestrutura com o terminal de minrio de ferro do porto do Au, que comeou a operar em 2014 cerca de oito anos aps o incio de seu desenvolvimento. Esse investimento j existente, aliado ao licenciamento atual do terminal, pro-porcionam ao toil a vantagem de ser um empreendimento com desenvol-vimento avanado.

    Oiltanking compra 20% do terminal de petrleo do Porto do Au

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    Companhia controlada pelo fundo norte-americano EIG vende participao minoritria em

    subsidiria para empresa alem.

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    o prEsiDENtE da petrobras, Al-demir Bendine, destacou que foram feitos alguns lanamentos no balano do segundo trimestre, que refletiram diretamente no resultado lquido da empresa. No primeiro semestre de 2015, a empresa registrou lucro l-quido de r$ 5,9 bilhes, o que equi-vale a 43% de queda em relao ao mesmo perodo do ano anterior. J de abril a junho, o lucro lquido de r$ 531 milhes representou queda de 90% na comparao com o mesmo trimestre de 2014.

    Bendine explicou que um dos fa-tores no recorrentes que afetaram este resultado foi a baixa contbil, j que a petrobras tinha uma ao em curso relativa a pagamentos de ioF entre os anos 2007 e 2010. Ao todo, eram quatro processos, e o de 2008 foi julgado. Ainda segundo Bendi-ne, no havia proviso para o julga-mento e, diante da vantagem que a companhia conseguiria ao assumir esse pagamento, a opo foi pagar o tributo. Entendemos que a tese que defendamos era frgil para dar uma continuidade a esse processo por via judicial. Conseguimos ento um bom desconto. o valor dessa ao era de

    r$ 3,3 bilhes e conseguimos reduzir para r$ 1,6 bilho, sendo que parte pagamos por caixa e o restante por compensao de prejuzo fiscal, disse.

    o gerente executivo de desempe-nho empresarial da petrobras, Mrio Jorge da Silva, destacou o resultado de fluxo de caixa livre de r$ 4,5 bi-lhes no primeiro semestre de 2015, enquanto no perodo anterior tinha sido negativo em r$ 15,8 bilhes. A gerao operacional da companhia foi maior do que os seus investimen-tos no perodo, o que uma varivel importante para uma empresa que est buscando desalavancagem e re-cuperao nos seus indicadores de endividamento, completou.

    mrio Jorge informou, ainda, que a companhia confirma a meta de pro-

    duo de petrleo para este ano em quase 2,8 milhes de barris de leo equivalente por dia (boed). E re-velou que a com-panhia projeta

    para 2015 o equivalente a us$ 28 bi-lhes em investimentos. Desse total, j foram investidos us$ 12 bilhes. J nos desinvestimentos, a empresa definiu o total para o ano de us$ 3 bilhes. Com relao s captaes, a petrobras trabalha com o volume de us$ 12 bilhes. J realizamos us$ 10,6 bilhes de captao at o momento, objetivando fechar o ano de 2015 com um saldo em caixa de us$ 20 bilhes, ressaltou.

    O Conselho de Administrao da Petrobras autorizou a venda de 25% de aes da subsidiria BR Distribuidora, a maior revendedora de combustveis do pas. E aprovou que fosse feito o pedido de registro Comisso de Valores Mobilirios (CVM), para a oferta pblica de distribuio secundria de aes de emisso da BR, correspondentes a 25% de seu capital social.

    Entretanto, o presidente do conselho de administrao da Petrobras, Murilo Ferreira, foi contra essa deciso, pois, segundo ele, a empresa precisa realizar mudanas internas

    e no seu plano de negcios para ganhar mais credibilidade frente ao mercado.

    O atual presidente da BR Distribuidora, Lima Neto, foi citado na Operao Lava-Jato, assim como dois ex-direto-res da companhia.

    Petrobras registra lucro lquido de R$ 531 milhes no 2 trimestre

    Petrobras autoriza venda de 25% da BR Distribuidora

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    A proDuo Do pr-sAL, oriunda de 54 poos, foi de 812,1 mil barris por dia (bbl/d) de petr-leo e 30,5 milhes de m por dia de gs natural, totalizando pouco mais de um milho de boed, um aumento de 8,4% em relao ao ms anterior.

    Queima de gs o aproveitamento do gs natural no ms foi de 95,8%. A queima de gs natural em junho foi de 4 milhes de m/dia, um au-mento de cerca de 10,3% em rela-o ao ms anterior e reduo de 11,3% em relao a julho de 2014.

    Campos produtores Cerca de 92,5% da produo de petrleo e gs natural originaram-se de cam-pos operados pela petrobras. Cerca de 93,5% da produo de petrleo e 76% da produo de gs natural do Brasil foram extrados de campos martimos.

    o campo de roncador, na Bacia de Campos, foi o de maior produo de petrleo, com uma mdia de 371,3 mil barris por dia, e o campo de Lula, na de santos, foi o maior produtor de gs natural, com uma produo mdia de 14,3 milhes de m/dia.

    A plataforma p-52, localizada no campo de roncador, produziu, com 17 poos a ela interligados,

    cerca de 161,2 mil boed e foi a plataforma com maior produo. os campos cujos contratos so de acumulaes marginais produzi-ram um total de 66,5 barris dirios de petrleo e 23,8 mil m de gs natural. Dentre esses campos, Bom Lugar, operado pela Alvopetro, foi o maior produtor de petrleo, com 27 bbl/d, e morro do Barro, operado pela panergy, foi o maior produtor de gs natural, com 22,9 mm/d.

    A produo procedente das ba-cias maduras terrestres (campos/tLDs das bacias do Esprito santo, potiguar, recncavo, sergipe e Ala-goas) foi de 163.6 mil boed, sendo 132,7 mil barris de petrleo por dia e 4,9 milhes de m/dia de gs natural. Desse total, 4 mil boed foram produ-zidos por concesses no operadas pela petrobras, sendo 365 boed no

    estado de Alagoas, 1,887 mil boed na Bahia, 32 boed no Esprito santo, 1,487 mil boed no rio Grande do Norte e 206 boed em sergipe.

    Outras informaes Em julho de 2015, 308 concesses, operadas por 26 empresas, foram responsveis pela produo nacional. Destas, 84 so concesses martimas e 224 terrestres. Do total das concesses produtoras, uma encontra-se em atividade exploratria e produzin-do atravs de tLD e outras oito so relativas a contratos de reas contendo acumulaes marginais.

    o grau Api mdio do petrleo produzido no ms foi de aproxima-damente 24,9, sendo que 7,8% da produo so considerados leo leve (>=31Api), 60,2%, leo m-dio (>=22 Api e

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    indicadores tn

    A ORGANIZAO DOS Pases Exportadores de Petrleo (Opep) projetou, no dia 14 de setembro, uma maior demanda por petrleo produzido pelo grupo no prximo ano, mantendo a viso de que a es-tratgia de deixar os preos carem ir reduzir a oferta dos Estados Unidos e outros rivais produtores.

    O relatrio mensal da Opep, no entanto, reduziu a estimativa para o crescimento da demanda global em 2016 e projetou uma desacelera-o menos dramtica na oferta de pases de fora do cartel, na compa-rao com um recente relatrio da Agncia Internacional de Energia (IEA, na sigla em ingls).

    A Opep disse que espera que a demanda por seu petrleo no ano

    que vem fique em 30,31 milhes de barris por dia (bpd), alta de 190 mil bpd frente o relatrio do ms passado, apesar de menor cresci-mento de demanda em funo da previso mais fraca para Amrica Latina e China.

    A organizao estima que pases no membros vo elevar a oferta em 160 mil bpd no ano que vem, um corte de 110 mil bpd ante a previso de agos-to e uma forte desacelerao diante do crescimento de 880 mil bpd em 2015. (Fonte: Reuters, Alex Lawler)

    Opep prev maior demanda do grupo por petrleo em 2016

    A stAtoiL, EmprEsA do setor de leo e gs sediada na Noruega, e a es-tatal chinesa sinochem esto comemo-rando uma nova conquista do campo de peregrino, na Bacia de Campos. No dia 2 de agosto, foi alcanada a marca de 100 milhes de barris produzidos na rea, onde a companhia registrou o primeiro leo em abril de 2011.

    oitavo maior campo do Brasil, de acordo com dados divulgados pela ANp em maro de 2015, peregrino possui o leo mais pesado j produ-zido offshore no pas. o campo o maior operado pela statoil fora da Noruega e responde por cerca de 12% da produo internacional da compa-nhia (em torno de 720 mil barris/dia).

    A operao engloba duas plataformas fixas de perfurao (WHp A e WHp B), alm de uma unidade flutuante de produo e armazenamento (Fpso Peregri-

    no), com capacidade de produ-o de 100 mil barris/dia. A sta-toil detm uma participao de 60% e a operadora do campo, e a sinochem, os restantes 40%.

    Com excelente histrico, pe-regrino j havia comemorado um outro marco histrico no proje-to, atingindo em 2014, simulta-neamente, metas de produo, eficincia, custo e segurana.

    Em janeiro deste ano, foi apresen-tado Agncia Nacional de petrleo, Gs Natural e Biocombustveis (ANp) o plano de Desenvolvimento da se-gunda Fase do Campo de peregrino. Com investimentos totais previstos de us$ 3,5 bilhes, o projeto prev uma nova plataforma de perfurao (WHp C) e adiciona cerca de 250 mi-lhes de barris em reservas recuper-veis para o campo de peregrino.

    Statoil comemora a marca de 100 milhes de barris produzidos no campo de Peregrino

    Foto

    : Div

    ulga

    o

    Produo de pases-membros da Opep e no membros set/2013 a ago/2015

    mb/d (Opep) mb/d (total)Produo de pases-membros da OpepOutros pasesprodutores

    96

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    94

    93

    92

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    89

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    25S

    et 1

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    5

    Ago

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  • TN Petrleo 103 15

    PELO MUNDO

    EUA: Segun-do o relatrio mensal da Opep, a pro-

    duo dos EUA tem dado sinais de desacelerao, o que pode contribuir para uma reduo no desequilbrio dos fundamentos do mercado de petrleo. Depois de expandir-se at chegar a 1,7 milho de barris dirios em 2014, a ltima queda de preos pode frear esse crescimento.

    ARBIA SAUDITA: Maior expor-tador mun-

    dial de petrleo, a Arbia Saudi-ta continua a produzir grandes volumes de petrleo bruto em 2015 e mantm sua poltica de priorizar a participao no mercado global, em detrimento do aumento de receitas. O pas informou Opep que produziu 10,265 milhes de barris por dia (bpd) no ms passado, ante 10,361 milhes de bpd em julho.

    IR: O pas ir aumentar sua pro-duo de petrleo e

    recuperar a parcela perdida de ex-portaes. Aps o fim das sanes, o Ir vai recuperar a parcela que perdeu no mercado, de mais de 1 milho de barris por dia, disse o ministro do Petrleo iraniano, Bijan Zanganeh, Reuters.

    RSSIA: A queda dos preos do petrleo acarretou

    recesso economia russa e

    desvalorizou o rublo em quase 50%. Mas a moeda mais fra-ca protege o oramento fe-deral, no qual o petrleo e o gs representam quase 50% da receita, compensando, em parte, o fato de o pas receber menos dlares por cada barril de petrleo.

    CHINA: As importa-es de petrleo e derivados

    da China recuaram em agosto em relao ao mesmo ms do ano passado: as de petrleo bruto foram reduzidas em 13%, para 26,59 milhes de tone-ladas no mesmo perodo; j a importao de derivados de petrleo caiu 3,3% ante agos-to do ano passado, para 2,31 milhes de toneladas.

    VENE-zUELA: A Venezuela tem pe-dido uma

    reunio emergencial na Opep, em coordenao com a Rssia, para elaborar uma estrat-gia para recompor os preos. O presidente da Venezuela, Nicols Maduro, quer propor a estabilizao do barril na faixa entre US$ 70 e US$ 80.

    NORUEGA: No pas que ostenta os melhores

    indicadores sociais do mundo, a economia desacelera com a queda brusca do preo do pe-trleo. A taxa de desemprego superou os 4%.

  • 16 TN Petrleo 103

    indicadores tn

    Produo de leo e LGN (em mbpd) - Brasil

    Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho

    Bacia de Campos 1.560,8 1.520,8 1.506,4 1.476,7 1.436,2 1.480,7

    Outras (offshore) 391,0 394,6 436,3 444,1 462,9 472,7

    Total offshore 1.951,8 1.915,4 1.942,7 1.920,7 1.899,1 1.953,4

    Total onshore 194,7 192,9 191,5 190,2 188,7 188,6

    Total Brasil 2.146,5 2.108,2 2.134,2 2.111,0 2.087,8 2.142,0

    Produo de GN sem liquefeito (em mm/d)* - Brasil

    Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho

    Bacia de Campos 26.688,8 26.323,5 25.396,3 25.336,1 24.687,6 26.326,2

    Outras (offshore) 29.806,6 30.499,7 30.921,2 31.069,3 32.008,6 30.350,5

    Total offshore 56.495,4 56.823,2 56.317,5 56.405,4 56.696,2 56.676,7

    Total onshore 17.472,4 17.220,4 17.052,7 17.187,8 17.190,1 17.847,4

    Total Brasil 73.967,8 74.043,6 73.370,2 73.593,3 73.886,2 74.524,0

    Fevereiro Maro Abril Maio Junho Julho

    Produo de leo e LGN (em mbpd)** - Internacional

    Exterior 100,4 101,9 102,2 101,4 101,9 95,9

    Produo de GN sem liquefeito (em mm/d) - Internacional

    Exterior 15.016,3 14.924,4 14.832,5 15.326,7 15.424,8 15.078,1

    Produo total de leo, LGN e de gs natural (em mboe/d)

    Brasil+Exterior 2.800,4 2.763,7 2.785,2 2.765,5 2.745,2 2.795,3

    Produo da Petrobras de leo, lgn e gs natural Perodo de 01/2015 a 06/2015

    (*) Inclui gs injetado.

    (**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom). Fonte: Petrobras

    bovespa (%)

    dlar comercial*

    DJ Oil & Gas (%)

    euro comercial*

    *Valor de venda, em R$

    11.09.201513.07.2015

    11.09.201513.07.2015

    11.09.2015

    11.09.2015

    13.07.2015

    13.07.2015

    3.8703.134

    -0.221.01

    -0.840.67

    4.383.45

    Variao no perodo: -14.95%

    Variao no perodo: -12.0%

    Variao no perodo: 20.58%

    Variao no perodo: 22.40%

    No sEGuNDo trimestre de 2015, segundo revela o ndice de Con-fiana Ypo Global pulse, houve um ligeiro declnio na confiana dos CEos em todo o mundo. os dados proporcionam um complexo mosai-co, mas apesar do declnio na confiana, o clima ainda de otimis-mo, revela o empresrio Wesley Fi-gueira, parceiro snior da auditoria

    rsm e um dos 180 membros Ypo no Brasil.

    os indicadores do sentimento econmico abrangem todo o globo em uma base trimestral. o levan-tamento rene as perspectivas de membros da Ypo no clima geral da economia na sua regio, bem como as alteraes previstas em negcios de vendas, emprego e investimento.

    Vrios so os fatores que afetam a paisagem econmica para grande nmero de pases. No ltimo levan-tamento feito, destacam-se: a queda

    continuada dos preos do petrleo; a reorientao da estrutura econmica na China; e as polticas monetrias de estmulo em curso.

    No que tange confiana dos em-presrios na Amrica Latina, o declnio da confiana constante desde 2011. os dados mostram queda de 2,3 pon-tos (de 52,4 para 50,1). Grande parte deste resultado atribudo queda de 3,1 pontos no Brasil, atingindo o ndice de 43,0, um sinal amarelo para a maior e mais representativa economia da regio, conclui Figueira.

    ndice de confiana YPO registra declnio perante as incertezas

  • TN Petrleo 103 17

  • 18 TN Petrleo 103

    indicadores tn

    FRASES

    Isso (a venda de blocos no pr--sal) especulao. Esse um belo ativo. Nossa joia da coroa se chama pr-sal. onde vamos nos concentrar. Aldemir Bendine, apresidente da Petrobras, 09/08/2015, Folha de So Paulo.

    Votei contra o IPO neste mo-mento, pois, na minha opinio, a BR precisaria, inicialmente, contratar profissionais alta-mente qualificados para elabo-rar um novo plano de negcios. Somente depois disso formata-ramos a venda da empresa. Murilo Ferreira, presidente do Conselho de Admi-nistrao da Petrobras, 19/08/2015 O Globo.

    Estamos buscando um novo scio. A partir da nova parce-ria, em aproximadamente dois anos, concluiramos a obra do Comperj.

    Jorge Celestino, diretor de Abastecimento da Petrobras, 27/08/2015 Agncia Brasil.

    Nunca se produziu tanto pe-trleo e nunca houve tanto leo estocado. Esse cenrio deixa os preos a US$ 40 e em vis de baixa, o que exige muito cuida-do para as empresas.

    Lavinia Hollanda, coordenadora de pesquisa da

    FGC Energia, 30/08/2015 Estado de So Paulo.

    compreensvel que no se consiga incentivar o cresci-mento em circunstncias em que no existam oportunidades. O que no compreensvel que voc no consiga fazer o crescimento acontecer em uma situao em que existam oportunidades.

    Svein ygard, economista e ex-vice-ministro das Finanas da Noruega, 03/09/2015 Valor Econmico.

    A AGNCIA DE CLASSIFICAO de

    riscos Standard & Poors informou no

    dia 9 de agosto que reduziu a nota de

    crdito do Brasil de BB+ para BBB-,

    com perspectiva negativa, o que

    significa que, no futuro, h chance de

    nova reviso para baixo. Com a redu-

    o, o Brasil perde o grau de investi-

    mento conferido a pases considera-

    dos bons pagadores e pases seguros

    para investir.

    No comunicado, a agncia diz que

    o perfil de crdito do Brasil enfraque-

    ceu desde 28 de julho, quando houve

    reviso da perspectiva de nota do pas

    para negativa, ainda com manuteno

    do grau de investimento.

    A S&P sinaliza que a proposta or-

    amentria do pas para 2016, prevendo

    um dficit primrio de R$ 30,5 bilhes

    em lugar do supervit de 0,7% estimado

    anteriormente, influenciou a deciso do

    rebaixamento.

    Para a agncia, a proposta ora-

    mentria com dficit reflete desacordo

    sobre a composio e magnitude das

    medidas necessrias para reparao da

    derrapagem das finanas pblicas.

    Standard & Poors rebaixa nota de crdito e Brasil perde grau de investimento

    R$13,27

    R$18,50

    R$12,60

    R$11,82

    R$15,36

    R$12,90

    R$8,81

    R$19,45

    R$12,64

    R$7,66

    R$15,67

    R$15,25

    petrleo brent (US$)

    petrleo WtI (US$)

    petrobras

    CPFL BRASKEM

    VALE

    Perodo: 13.07.2015 a 11.09.2015 | aes aes aes aes

    ON

    ON

    ON

    PN

    PNA

    PNA

    11.09.201513.07.2015

    11.09.201513.07.2015

    48.1457.85

    44.6352.20

    Variao no perodo: -16.93%

    Variao no perodo: -14.18%

    Variao no perodo: -37.50%

    Variao no perodo: 16.33%

    Variao no perodo: 0.92%

    Variao no perodo: -40.19%

    Variao no perodo: 11.10%

    Variao no perodo: 17.60%

  • TN Petrleo 103 19

  • 20 TN Petrleo 103

    Investimentose endividamentos

    Apesar da crise, o petrleo continua a ser um bom negcio. Segundo relatrio BP Statistical Review of World Energy, o leo e o gs participaram em 2014 com 56% no consumo primrio de energia mundial. No Brasil, a participao em 2014 foi de 52,9% - ou seja, a despeito de termos uma das matrizes energticas mais renovveis do mundo, nossa dependncia de leo e gs tambm gigantesca e crescente.

    Brasil:

    no setor de leo e gs

    Esta dependncia tem feito da indstria do petrleo um excelente negcio ao longo dos seus mais de 150 anos. se observarmos os preos histricos, veremos que os valores do leo nos ltimos anos, em torno de u$ 100 o barril, tambm no so tpicos desta indstria

    centenria. so altos. talvez um preo mais aderente oferta e demanda seja o que temos hoje, em torno de us$ 50 o barril. se for isso, entendo que a indstria vai se adequar rapidamente.

    o que faz do Brasil um caso quase particular o fato de que mais da me-tade da oferta interna de energia do pas uma das dez maiores economias do mundo venha praticamente de um s agente, a quase dominante empresa, a petrobras. segundo a Agncia Nacional do petrleo, Gs Natural e Biocom-bustveis (ANp), a empresa foi responsvel, em 2013, por 90% da produo de leo e 85% da produo de gs do Brasil. Foi ainda a responsvel por 93% da operao da explorao e produo de leo no pas e 94% do gs.

    No demais lembrar que, em E&p, o operador o Grande maestro do segmento. o quadro de dominncia da empresa no refino brasileiro de praticamente 100%; na logstica primria e nas operaes de importao e exportao de leo e derivados, idem. se inclurmos os biocombustveis, o Brasil foi o 5 maior consumidor de leo do mundo em 2014. ou seja, operando na condio de um quase monopolista no pas, estruturalmente, este deve ser tambm um excelente negcio para a petrobras.

    Em poca de aniversrio de mudanas constitucionais, impressionan-te vermos que aps 20 anos da indicao de uma flexibilizao do monop-lio da indstria do petrleo no Brasil, muito pouco se avanou em termos de desconcentrao. uma boa pista para entendermos o ocorrido talvez esteja nos estudos sobre Foras de mercado e regulao, do professor Jean tirole, Nobel de Economia em 2014 por esta obra.

    Estudos da alta academia mostram que no basta somente dar acesso legal aos mercados, preciso observar tambm o comportamento de em-presas, monopolistas ou oligopolistas, no exerccio de suas foras de mer-cado. A literatura e a prtica mostram que a tendncia das empresas pelo

    Evandro La Macchia consultor, professor e pesquisador na indstria de leo e gs. Mestre em Engenharia de Produo na rea de Gesto de Negcios, pela Univer-sidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutorando em Engenharia Sistemas de Gesto Sustentveis na Universidade Federal Fluminense (UFF).

    economia

  • TN Petrleo 103 21

    menos tentar manter suas posies de mercado, mes-mo que isso signifique manter um antigo monoplio.

    claro que com um quase monoplio de um dos maiores mercados do mundo, se existir uma crise in-terna na petrobras se instalar naturalmente uma cri-se aguda em toda a cadeia da indstria de petrleo do pas. simplificando, se o quase monopolista espirra, toda a indstria pega pneumonia e, dada a concen-trao e dimenso, sofre toda a Nao.

    talvez uma das principais razes desta crise interna sejam as decises gerenciais referentes aos ambiciosos planos de investimentos. o plano anunciado em junho de 2015 apontou para uma queda no alvo dos investi-mentos mdios anuais de us$ 44 bilhes para us$ 26 bilhes. A petrobras faturou em 2014 cerca de us$ 143 bilhes e investiu no mesmo ano us$ 37 bilhes. se ob-servarmos, por exemplo, o faturamento e o investimento mdio em 2014 das empresas Exxonmobil, shell, Bp, Chevron e total, estes foram de us$ 324 bi e us$ 30 bi, respectivamente. Comparando este grupo com a petro-bras, parece incompatvel que com 44% do faturamento do mesmo, a empresa tenha planejado investimentos anuais 47% superiores aos realizados pelo grupo aqui citado. o novo plano inicia uma correo desta aparen-te incompatibilidade. A alta gerncia da empresa, mais uma vez, tenta impretar um choque de realidade.

    para fazer frente s suas ambies de investimen-tos, em 2010, a diretoria da empresa lanou o maior plano de capitalizao da histria. importante re-lembrar, porm, que tal plano teve caractersticas pe-culiares. Na capitalizao da petrobras, a maior parte dos recursos vieram da Nao, que em troca de aes cedeu petrobras o direito de explorar e produzir 5 bilhes de barris equivalentes de petrleo (boe, que a soma do leo e gs natural).

    isto significou que dos aproximados us$ 70 bilhes captados, de fato, em dinheiro, s foram recebidos em torno de us$ 25 bilhes. A petrobras no s deixou de receber os valores para o desenvolvimento do seu j gigantesco plano de investimentos, como assumiu no-vas obrigaes contratuais com a unio e com toda a cadeia de fornecedores.

    Com sua estrutura de capital reformada, mas no com os recursos novos suficientes em caixa para o atendimento das demandas do seu ambicioso plano de investimento quinquenal (plano de us$ 224 bilhes), a empresa partiu ento para um igualmente ambicio-so plano de endividamento. Esta deciso gerencial a levou a um nvel de endividamento que desestabilizou sua sade financeira.

    Entre 2010 e 2014, sua relao dvida lquida e Ebi-tda saltou de 1,09 vez para 4,77 vezes, e a alavancagem financeira de 16% para 48%. para a manuteno de sua sade financeira, a empresa planejava tetos para estes indicadores de 2.5 vezes e 35% respectivamente. te-tos estes indicados pelas principais agncias de riscos internacionais para a manuteno da condio de in-vestment Grade. Vale observar que as cinco empresas aqui citadas apresentaram alavancagens financeiras em 2014 entre 12,9% e 31,3%.

    Destaca-se que as restries financeiras da petro-bras, versus as oportunidades e necessidades de de-senvolvimento de riquezas da Nao, fazem com que o Congresso abra a discusso sobre a obrigao legal de a petrobras ser a nica operadora e ter direito a cadeira cativa em todos os consrcios de reas especiais de ex-plorao e produo, como as do pr-sal. o que coloca de novo em discusso a questo da desconcentrao do suprimento de mais da metade das necessidades ener-gticas do Brasil.

  • 22 TN Petrleo 103

    entrevista exclusiva

    a essa concluso que se chega aps a anlise sobre o cenrio brasileiro movido a

    leo e gs feita pelo economista e professor Alexandre Pvoa, com mais de 20 anos de

    experincia em gesto de recursos. Fundador da Canepa Asset Brasil, que tem como

    scia a Canepa Management, empresa global de investimentos (cerca de US$ 6 bilhes

    sob gesto) constituda a partir de um grupo de investidores de vrias partes do mundo,

    ele fala das dificuldades que a Petrobras e o Brasil tm de enfrentar para voltar a crescer.

    TEMPESTADE PERFEITA

    Temos de esperar o fim da

    A GESTO DA PETROBRAS conse-guiu produzir a tempestade perfeita de antigovernana corporativa, diz ele, apontando para os fatores que levaram a estatal sua maior crise.

    TN Petrleo Como v a atual conjun-tura econmica brasileira?

    Alexandre Pvoa bastante difcil devido a herana maldita do primeiro mandato do Governo Dilma. A comear pelos erros do Ministrio da Fazenda desajuste fiscal, com expanso indis-criminada de gastos e medidas populistas em tarifas subsdios ao preo da energia eltrica e combustveis , alm do uso parafiscal do BNDES para emprstimos a setores eleitos, a ttulo de uma pseu-dopoltica industrial. No mbito do Banco Central, com movimentos errticos de poltica monetria, observou-se o fracasso do empirismo na busca de um juro real mais baixo e um menosprezo busca do centro da meta. Tal combinao, junto com a piora fiscal, provocou a mudana do patamar da inflao e trouxe uma inrcia difcil de ser superada hoje. Essa polti-

    ca econmica alternativa ainda pegou o vento contra da escassez pluviomtrica no Brasil, queda do preo das commodities com a desacelerao chinesa e a presso na cotao do dlar (e, por consequncia, na inflao) por uma natural expectativa de elevao de juros nos EUA. Portanto, a bomba j estava armada para o segundo mandato. Com alguns agravantes: do lado econmico, prevalecia o nvel histrico mais baixo de confiana empresarial e do consumidor desde que essas estatsticas comearam a ser calculadas. Do lado po-ltico, o escndalo da Operao Lava-Jato e a piora da economia trouxeram uma situao de grande fragilidade ao Governo para aprovar qualquer proposta.

    A presidente iniciou um segundo man-dato no cenrio mais adverso...

    Desde o incio, quando comeou a batalha de Joaquim Levy para a recupe-rao da credibilidade da poltica fiscal e o esforo do BC para restaurar a confiana do mercado na poltica monetria, nossa opinio era que o receiturio ortodoxo seria condio necessria, mas no sufi-

    ciente para promover a reverso do ciclo econmico. o que est acontecendo, infelizmente. Entramos em um crculo vi-cioso de economia em queda, desemprego comeando a incomodar e a consequente derrocada na arrecadao de impostos, tudo isso em meio a uma enorme crise poltica, quando at o impeachment no pode ser descartado. Tudo isso posterga consumo e investimentos. E mais: no af de recuperar a credibilidade, o BC re-solveu embarcar no ambicioso objetivo de reduzir o IPCA (ndice de Preos ao Consumidor Amplo) do patamar de 9,5% em 2015 para 4,5% em 2016, jogando o juro real para perto de 9% ao ano (versus juro real negativo em quase todo o mundo). A nosso ver, um exagero (querer ser mais realista que o rei) para esse momento to delicado da economia. E houve a reviso da nota do Brasil...

    A rpida deteriorao econmica e poltica levou as agncias de risco Moodys e S&P a rebaixarem o rating bra-sileiro para uma nota limtrofe do patamar de grau de investimento. Nosso cenrio hoje que o Brasil perder esse grau

    por Felipe Salgado

  • TN Petrleo 103 23

    de investimento no primeiro trimestre de 2016. Portanto, a economia brasileira provavelmente ir passar por um perodo mais longo de dificuldades. Mesmo com a insistncia na poltica econmica corre-ta, somente vislumbramos perspectivas de comeo de recuperao da atividade a partir do segundo semestre de 2016.

    E a inflao?Ela deve cair bem, ao longo do ano

    que vem, para a casa dos 5%-5,5%, mas a meta de 4,5% s ser atingida em 2017. Por conta do comportamento pior do que o esperado da atividade, acreditamos que o Banco Central deve iniciar a reduo da taxa Selic j no primeiro trimestre de 2016, encerrando o ano que vem no patamar de 12% a.a. Em relao ao dlar,

    diferentemente da maioria dos analistas, acreditamos que a desvalorizao do real seja muito bem-vinda nesse mo-mento. Em nossa opinio, faz parte da soluo do problema. Essa vlvula de escape das exportaes (sobretudo se o mundo comear a se recuperar) pode representar um dos motores iniciais de arranque do rebote do ciclo econmico.

    Em junho, o Brasil tinha US$ 370 bilhes em reservas cambiais, abundncia de petrleo e, de acordo com o World Invest-ment Report 2015 (Unctad), foi o sexto principal destino de investimento estran-geiro direto (IED) no mundo em 2014. De alguma forma esses dados confrontam os acontecimentos e as perspectivas negativas descritas acima. Como isso

    se d e de que forma pode contribuir para a retomada do crescimento?

    As reservas cambiais elevadas, por conta da diferena exorbitante entre as taxas de juros reais vigentes no Brasil e no exterior, custam 10% ao ano ao pas, cerca de US$ 37 bilhes (2,7% do PIB brasileiro). Nesse momento de desvalo-rizao do cmbio, quando temos US$ 100 bilhes de swaps cambiais em aber-to e questionamento sobre a solvncia do pas, esse alto custo de seguro est sendo finalmente mais claro, para evitar uma tenso maior. O Brasil um pas de enormes potencialidades, por isso ainda destino de grande parte dos in-vestimentos mundiais: uma democracia estvel, com instituies funcionando, com enormes reservas de petrleo e um

    EM RELAO AO DLAR,

    DIFERENTEMENTE

    DA MAIORIA

    DOS ANALISTAS,

    ACREDITAMOS QUE A

    DESVALORIZAO DO

    REAL SEJA MUITO BEM-

    VINDA NESSE MOMENTO.

    EM NOSSA OPINIO, FAZ

    PARTE DA SOLUO DO

    PROBLEMA.

    Alexandre Pvoa, economista, professor e fundador da Canepa Asset Brasil

  • 24 TN Petrleo 103

    entrevista exclusiva

    grande mercado consumidor potencial. No entanto, a macroeconomia ajuda pou-co, com o nvel de gastos correntes do Governo, expulsando o setor privado (crowding out). No mbito micro, temos carga tributria de Primeiro Mundo, com oferta de servios e mo de obra de Terceiro Mundo e um ambiente de ne-gcios inspito por conta da burocracia e infraestrutura defasada, o que explica um juro real to elevado. Nosso bnus demogrfico (presena de mais jovens do que velhos na sociedade, empurrando com a barriga a bomba previdenciria para o futuro) dura no mximo mais dez anos. No estamos conseguindo fazer as profundas reformas econmicas to fundamentais, nem em tempo de crise e nem de bonana. O modelo baseado em crescimento do crdito e consumo, ado-tado nos ltimos dez anos trouxe ganhos, mas tambm maculou os problemas es-truturais. Reservas cambiais elevadas e tradio na recepo de investimento externo direto so fatores positivos que ajudaro o Brasil no processo de recu-perao, mas esto longe de completar o rol necessrio de condies para que esse rebote ocorra.

    O volume de investimentos da Petrobras para PNG 2015-2019 37% (US$ 90,3 bilhes) inferior ao do plano anterior. Em sua avaliao essa reviso corta projetos e gastos que no so prio-ritrios, ou uma puxada de freio na atividade-fim da companhia, que a explorao e produo?

    Infelizmente, nos ltimos cinco anos a Petrobras passou por um momento indito de destruio de valor na sua histria. Muitos poderiam dizer que a culpa foi da queda recente do preo do petrleo, mas essa premissa errada. Entre agosto de 2010 e agosto de 2015, a cotao do petrleo (medido pelo bar-ril Brent) subiu 40% em reais (consi-derando o preo em dlares versus a variao do real). O que justifica uma empresa, que v sua demanda cres-cer e o preo de seu principal produto disparar 40% em cinco anos, assis-

    tir cotao de sua ao despencar nada menos que 54% (tudo em reais) nas bolsas de valores? Somente uma tempestade perfeita.

    Isso ocorreu com outras petroleiras no mundo...

    Est claro que a destruio de US$ 85 bilhes no valor de mercado da Pe-trobras em 12 meses est longe de ter como principal razo a drstica queda do preo do petrleo de 52% no mesmo perodo. Enquanto a Petrobras perdeu 70% de seu valor de mercado, as outras grandes petrolferas mundiais perderam, em mdia, 30% (que j um nmero ex-pressivo). O cenrio, entre 2010 e 2015, mostra mais claramente a correlao natural entre o movimento do preo do petrleo e a cotao das aes do setor. Mesmo descontado o efeito da Operao Lava-Jato, a discrepncia do desempenho da ao da Petrobras gritante.

    Como se deu o que o senhor chama de tempestade perfeita?

    A gesto da empresa conseguiu pro-duzir a tempestade perfeita de antigover-nana corporativa: primeiro, a Petrobras, para atender os anseios da poltica econ-mica do Governo, investiu, em mdia, 35% de sua receita entre 2009 e 2014, o triplo da mdia das grandes empresas mundiais. O nmero em si, visto isoladamente, no tem nada de mais, sobretudo por conta das oportunidades de crescimento exis-tentes. Porm, o que no normal o baixo retorno mdio sobre investimentos da empresa no mesmo perodo (mdia de 5% ao ano), causado sobretudo por conta da reteno do preo dos combustveis (importaes com prejuzo), vis a vis um custo de capital crescente (disciplina de capital deixada de lado), o que obrigou a empresa a se tornar, atualmente, uma das petroleiras mais endividadas do globo.

    E ainda tem o regime de partilha, que obriga a participao dela em todos os projetos no pr-sal...

    A obrigatoriedade de participao de 30% da Petrobras em todas as con-

    cesses e de ser operadora em todos os campos mostrou-se completamente nefasta, queimando o caixa da compa-nhia. O descontrole financeiro foi consa-grado com a continuidade do pagamento regular de dividendos (sobretudo para financiar o acionista majoritrio) e b-nus sobre resultados aos empregados (mesmo com resultados pfios de pro-duo), no obstante a queda vertigino-sa dos resultados da companhia. Para completar, a enorme rede de corrupo instalada dentro da empresa, revelada pela operao Lava-Jato, afeta o modelo de fluxo de caixa descontado projetado, destruindo valor em dois nveis: perda de recursos no numerador (destruio de caixa) e taxa de desconto mais alta no denominador, por conta da elevao do prmio de risco. Portanto, passada a tempestade perfeita, a reviso baixista dos investimentos significa o comeo de uma maior racionalidade adotada pela nova gesto. Transcrevendo a pergunta representa, de fato, uma puxada de freio na atividade-fim da companhia, que a explorao e produo, essencial para a petroleira atingir metas e monetizar reservas j encontradas. Essa ao no ocorreu necessariamente por conta de uma estratgia deliberada da empresa. Mas muito mais pela urgncia de pre-servar caixa e reduzir o alto endivida-mento gerado pelas atitudes das gestes anteriores da empresa.Com a estimativa de 13% da participa-o (direta e indireta) do setor de leo e gs no PIB, a cadeia de fornecedores preparou-se para um cenrio de grande expanso. Como evitar uma desmo-bilizao dessa cadeia produtiva, em funo dos cortes nos investimentos?

    Infelizmente, inevitvel a desmobili-zao de parte da cadeia produtiva nesse momento de crise. A tempestade perfeita na gesto da Petrobras fragilizou muito a posio de caixa da empresa, afetando sua capacidade de investimentos e, com isso, arrastando os fornecedores para o problema. Alm disso, no curto prazo, a empresa resolveu pagar um alto valor de impostos que estavam sendo discutidos

  • TN Petrleo 103 25

    Temos de esperar o fim da tempestade perfeita

    na Justia. O corte de investimentos no foi uma escolha, foi compulsrio, por conta de todos os enormes problemas com os quais ela se envolveu nos ltimos anos e que aumentaram o endividamento. Agregue-se a isso um momento difcil da indstria em todo o mundo, com a queda do preo do barril de mais de 50% nos ltimos 12 meses, afetando outros potenciais investidores no pr-sal brasi-leiro. Lembrando que o custo de extrao de petrleo da regio do pr-sal mais elevado uma soluo possvel passaria por um alvio tributrio para a cadeia produtiva. Porm, falar, nesse momento, em reduo de impostos para qualquer segmento, totalmente incoerente com as metas de supervit primrio, que j foram rebaixadas pelo Governo. Portan-to, a tendncia de que a cadeia seja inevitavelmente afetada e as empresas, na mdia, sejam obrigadas a se ajustar para fazer frente a tempos difceis, de investimentos mais baixos.

    A Petrobras aposta na alta produtividade dos poos do pr-sal para monetizar reservas do pr-sal e gerar caixa para outros projetos nos prximos cinco anos. Essa produtividade tambm re-presentaria um fator positivo na ca-pitalizao da empresa, inclusive em termos de financiamento e de atrao de investidores?

    A produtividade do pr-sal , de fato, bastante elevada, o que transforma os campos da regio nos ativos mais atra-tivos do portflio da Petrobras. Portanto, em tese, em tempos normais, esses ativos no deveriam estar no topo da lista para desinvestimentos potenciais. Porm, definitivamente, a situao atual da empresa no de tempos normais. Muito endividada, a situao da compa-nhia e do pas dificultar a captao de financiamentos para o desenvolvimento do pr-sal. Pragmaticamente, portanto, por serem atrativos, fatias desses campos sero oferecidos pela Petrobras, j que

    no haver recursos para desenvolv--los e faz-se necessrio o pagamento de dvidas. Cabe lembrar que, mesmo oferecendo ativos com essa atratividade, a monetizao dos campos do pr-sal no ser simples, em um momento de brusca queda do preo da commodity. A situa-o fica ainda mais complicada quando os ativos do segmento de explorao e produo nos campos de ps-sal, com menor produtividade e consequentes retornos mais baixos, o mesmo ocor-rendo em outros segmentos da cadeia de downstream.

    Est sendo votado no Senado o projeto de lei que visa alterar o regime de parti-lha. A mudana do marco regulatrio vai atrair a participao de novos players internacionais e, consequentemente, mais investimentos para o setor. O se-nhor acredita que dar tambm um novo estmulo cadeira produtiva local, em funo do contedo nacional?

  • 26 TN Petrleo 103

    entrevista exclusiva

    A discusso que est em pauta nesse momento no Senado, a partir da proposta do senador Jos Serra, diz respeito ape-nas a derrubar a obrigatoriedade atual da Petrobras em ser a operadora nica e ter a participao mnima e 30% nos futuros campos do pr-sal que venham a ser lici-tados. Difcil observar algum espao, em meio a essa grande crise poltica, para um debate equilibrado sobre a mudana do atual regime de partilha pelo de con-cesso. As alteraes propostas seriam muito positivas para a Petrobras, por uma razo prtica: falta de capacidade finan-ceira e operacional para atender essas demandas da Lei do Petrleo. Para o pas, essas modificaes da lei seriam muito positivas para acelerar novas licitaes e a entrada de mais capital estrangeiro no setor, o que ser saudvel para a balana comercial e para a economia do pas no mdio prazo. O Brasil precisa, mais do que nunca, de um incremento urgente de investimentos e o segmento de petrleo, dentro de premissas realistas, pode liderar tal processo. O desenvolvimento desses novos campos, a partir da participao de novos investidores, teria capacidade de estimular a cadeia produtiva nacional, que sofreu um baque com a derrocada dos investimentos da Petrobras e o fracasso de outras empresas privadas em seus projetos individuais (exemplos de OGX e HRT). O capital estrangeiro, como em qualquer parte do mundo, muito impor-tante para o crescimento do segmento petrolfero, mais do que qualquer outra ideologia xenfoba.

    O plano de desinvestimentos da Pe-trobras, incluindo reestruturao de negcios e desmobilizao de ativos, soma US$ 57,7 bilhes para o binio 2015-2019. Dentro desse novo plano, foi autorizada a abertura de capital e/ou atrao de um scio estratgico para a BR Distribuidora. Estamos assistindo a uma espcie de privatizao da Petrobras?

    Discusses ideolgicas em geral causam prejuzos vida corporativa. O simplrio debate entre privatizar ou no

    privatizar no Brasil no se mostrou nem um pouco eficaz nos ltimos anos para criar valor para a Petrobras. Fazendo um paralelo, a produo de shale gas foi de-senvolvida nos EUA nos ltimos anos com certeza o pas que mais se preocupa com o tema estratgia em todo o mundo. bvio que h regras vigentes para essa explorao (papel do regulador), mas no notcias sobre a existncia de uma empre-sa estatal equivalente a uma Shalebras, ao menos para explorar o novo recurso. Da mesma forma que grandes produto-ras mundiais como a Aramco, Gazprom, National Iranian Oil, Petrochina, e outras, as grandes petrolferas do Oriente Mdio so predominantemente estatais, que outro caminho a ser seguido, se assim se comprovar mais eficaz pragmaticamente para o pas como um todo.

    No caso do Brasil...Muito pelo contrrio, ideologias sobre

    a questo do petrleo transformaram--se em pano de fundo para justificar um aparelhamento poltico da Petrobras. Agravados pelas condies tambm desfavorveis de mercado, ideologia e corrupo destruram mais da metade do valor de mercado da companhia nos ltimos 12 meses. A empresa encontra--se em dificuldades financeiras e sofre pela falta de credibilidade. O atual plano de desinvestimento da Petrobras no foca na venda de totalidade/controle dos ativos-chave, portanto o conceito de pri-vatizao no se aplica. A operao da BR Distribuidora consiste em uma venda de participao minoritria, seja via IPO ou via venda de participao para um scio estratgico (ou at atravs de ambos os caminhos, como chegou a circular no mercado semana passada). O mais importante que a venda de qualquer participao no seja realizada apenas com o intuito de arrecadao de fundos no curto prazo, mas tambm com o obje-tivo maior de tornar a empresa como um todo mais eficiente em horizontes mais longos maior gerao de empregos, maior arrecadao de impostos e melhor servio (preo versus qualidade) para

    a populao (independentemente se a empresa privada ou pblica). No final das contas, esse o papel das empresas eficientes que faro a economia funcionar melhor.

    A Petrobras exerce um papel estrutu-rante no cenrio energtico nacional. Diante da sangria da Operao Lava--Jato e a crise de confiana instaurada no seio da companhia, possvel for-mular uma nova poltica setorial para atrair investidores?

    No acredito em desestruturao do setor, mesmo com a crise. O que ocorrer uma desacelerao por conta do desaquecimento econmico e pela queda conjuntural dos investimentos da empresa mais relevante do segmento no Brasil, a Petrobras. Porm, do ponto de vista estrutural, alguns desses segmen-tos necessitam de um marco regulatrio forte para poder atrair investimentos privados. Os segmentos de gs e petro-qumica sofrem por falta de regras claras e definidas. O problema constitui-se na exposio da Petrobras nessas cadeias produtivas, usando o chapu de cliente e fornecedor ao mesmo tempo, dentro de um mesmo acordo comercial, como , por exemplo, o caso nas negociaes de preo da nafta na indstria petroqumica. Falar em poltica setorial nesse momento significaria propor algum subsdio go-vernamental, seja em oferta de crdito barato ou corte de impostos. No entanto, essas alternativas, nesse momento de crise econmica parecem distantes. A escolha de setores vencedores pelo BNDES comprova-se agora no ter sido o melhor caminho seguido pelo banco de fomento nos ltimos anos. Polticas horizontais, com efeitos em todos os segmentos, parecem mais produtivas.

    Com a transio gradativa da matriz ener-gtica mundial, as petroleiras buscam se posicionar como empresas de energia. Mas a redefinio do ncleo central de negcios da Petrobras aponta para uma maior concentrao de investimentos nas atividades de upstream (Explorao

  • TN Petrleo 103 27

  • 28 TN Petrleo 103

    entrevista exclusiva

    e Produo). Em sua opinio, qual deve ser o posicionamento estratgico da Pe-trobras nesse cenrio?

    O sonho muitas vezes calcado em ideologia e no em eficcia empresa-rial em relao Petrobras sempre foi a construo de uma empresa inte-grada, para que no haja dependncia do exterior, sobretudo de derivados. Esse poderia ser at o caminho correto aps uma anlise de custo/benefcio, mas nunca um objetivo em si mesmo. H uma pergunta que deveria anteceder definio estratgica: Qual a melhor alternativa de posicionamento para a empresa, sempre com o vis de mdio/longo prazo de gerao de valor para o acionista, o que de modo indireto benefi-cia a sociedade como um todo impostos e servios na melhor relao qualidade/preo? Um caminho seria concentrar investimentos e esforos no segmen-to da cadeia produtiva, onde h claras vantagens comparativas. Outro caminho consistiria em fazermos uma empresa totalmente integrada (explorao, refino e distribuio).

    Esse tema est na pauta h alguns anos...

    Essa discusso mais atual que nunca. A delicada situao financeira da Petrobras, que exige grande sele-

    tividade nos investimentos, demanda que esses questionamentos sejam feitos permanentemente. A resposta, nesse curto prazo apertado, a melhor alternativa para a empresa nesse mo-mento concentrar seus esforos em explorao e produo, onde apresenta vantagem competitiva reconhecida na tecnologia de explorao de campos offshore em guas profundas, agrega-da elevada produtividade observada nos blocos de pr-sal. A concentrao nesse segmento, no qual a Petrobras bastante eficaz, consiste hoje na me-lhor alternativa estratgica para tentar reforar a gerao futura de caixa da empresa. Esse movimento estratgico ser fundamental para desalavancar seu balano nos prximos anos, cortando o ciclo vicioso em que a companhia se encontra no momento. Isso no significa abandonar os nichos de refino e dis-tribuio, mas decerto devem ficar em segundo planos em tempos de recursos escassos.

    A compra da BG pela Shell pode si-nalizar novo ciclo de concentrao do setor, que usualmente ocorre quando os preos do petrleo caem. De acordo com o estudo da EY, fu-ses e aquisies no setor de leo e gs devem crescer no prximo ano.

    O senhor acredita que isso v ocorrer? De que forma impactar o Brasil?

    Sim, o fechamento de plantas de menor produtividade, quando h forte queda de preos, caracterstica do mercado de commodities, seja qual ramo for. O movimento inverso (entrada de players) ocorre quando h um boom de preos e assim os ciclos se regulam ao longo do tempo. Com o setor de petrleo em crise, natural que isso acontea, tanto no mundo (caso citado da Shell e BG) como no Brasil. Cabe ressaltar que a exposio da BG ao pr-sal brasileiro foi um dos fatores determinantes do in-teresse da Shell na empresa. Como so poucos os compradores nesse momento de dificuldades e grande a oferta de ativos no mundo nesse momento para venda, no ser fcil a vida da Petrobras na execuo do plano de desinvesti-mentos. Questes ideolgicas como a averso a qualquer tipo de concentrao em setores estratgicos para o pas (conceito individual de cada Governo) podem tornar o modelo de licitaes de venda mais complexo e, portanto, com menor nmero de interessados potenciais. Vale tomar como exemplo o recente frustrado leilo no Golfo do Mxico, que mostrou o baixo apetite para o desenvolvimento de novas reas nessa conjuntura de preos deprimidos, que pela prpria caracterstica da indstria de explorao e produo de petrleo, carrega riscos altos e elevados inves-timentos em prospeco. O setor hoje est mais propenso em buscar negcios em brownfield (negcios j desenvolvi-dos) do que greenfield (plataformas no desenvolvidas).

    Pela primeira vez, desde 1975, os EUA tornaram-se o maior produtor do mundo graas s fontes no convencionais. Mas, por outro lado, os iranianos querem dobrar as exportaes de petrleo bruto com a suspenso das sanes interna-cionais e o descongelamento de seus ativos no exterior. Sem falar na abertura do Mxico, o senhor acredita que essa mudana geopoltica seja definitiva?

    OS SEGMENTOS DE

    GS E PETROQUMICA

    SOFREM POR FALTA

    DE REGRAS CLARAS

    E DEFINIDAS. O

    PROBLEMA CONSTITUI-

    SE NA EXPOSIO DA

    PETROBRAS NESSAS

    CADEIAS PRODUTIVAS.

  • TN Petrleo 103 29

    De fato, o quadro geopoltico do se-tor de petrleo se alterou bastante nos ltimos anos por dois motivos. Primeiro, a perda gradativa da capacidade da Or-ganizao dos Pases Exportadores de Petrleo (Opep) em regular preos, a partir do ganho de relevncia de produo de alguns pases que esto fora do acordo. J o segundo e mais recente, que acabou se transformando em uma grande revolu-o, foi a descoberta do shale gas norte--americano que, no longo prazo, tende a introduzir uma mudana permanente na indstria do petrleo. Porm, h problemas a serem contornados, como as questes ambientais e a exausto acelerada de um poo de shale gas, itens que ainda atra-sam a produo em larga escala. Essas so as questes estruturais que tendem a colocar o preo do petrleo em nvel abaixo da mdia de longo prazo. No curto prazo, o fator conjuntural que pressiona a cotao do petrleo de outra natureza e se resume na lei econmica mais bsica:

    queda de preos de petrleo oriunda de uma situao de desequilbrio resulta em sobreoferta x subdemanda. O retorno da produo iraniana ao mercado, aps o fim das sanes econmicas ps-acordo nuclear cria uma sobreoferta importante em um momento de queda de demanda mundial, sobretudo pela situao ainda complicada da atividade na Europa, o new normal da economia americana e a desa-celerao chinesa. A desvalorizao do yuan criou uma tenso extra no mercado de commodities (e com o petrleo no foi diferente), dado o enorme poder de barganha dos chineses.

    Em sua viso, a ao da Opep de manter e at aumentar os nveis de produo, impactando os preos da commodity, pode ser prolongada at quando?

    A Opep tem demonstrado uma posi-o firme em no reduzir sua produo. A estratgia de deixar cair os preos e retirar do mercado produtores mais

    ineficientes no tem mostrado resulta-dos concretos no lado da oferta. H uma enorme incerteza quanto ao futuro dessa poltica. Mesmo que a Opep resolva cortar a produo, cabe lembrar que grandes produtores como Rssia, EUA, China, Canad e Mxico, alm de outros players relevantes como Brasil e Noruega, no esto sob a gide dessa organizao. Portanto, um corte de produo da Opep pode no surtir o efeito desejado, sim-plesmente porque vrios pases (mem-bros e no-membros) encontram-se em dificuldades financeiras e dificilmente se proporo a vender menos. Exemplos so a Venezuela (membro da Opep) e a Rssia (no-membro). Portanto, somente um rebote de demanda far com que a cotao do petrleo volte a subir para um novo preo de equilbrio, inferior mdia histrica. Acreditamos que o petrleo ainda caia antes de subir, dado que a visibilidade dessa recuperao da eco-nomia mundial ainda continua baixa.

    Temos de esperar o fim da tempestade perfeita

  • 30 TN Petrleo 103

    Quem decideo que prioritrio em

    especial: PD&I

    30 TN Petrleo 103

    por Beatriz Cardoso e Felipe Salgado

  • TN Petrleo 103 31 TN Petrleo 103 31

  • 32 TN Petrleo 103

    Est para sair do forno uma nova resoluo da Agncia Nacio-nal do petrleo, Gs Natural e Biocom-bustveis (ANp)

    alterando pontos crticos das regras de aplicao dos recursos de pesquisa, desenvolvimento e inovao (pD&i), vigentes nos contratos de concesso para explorao, desenvolvimento e produo de hidrocarbonetos.

    As mudanas dessas regras vm provocando polmicas e de-bates acirrados, dentro e fora das audincias pblicas realizadas pela ANp a primeira em julho de 2014 e a segunda em agosto deste ano. H crticas ferrenhas por parte das companhias petro-lferas, que geram estes recursos, e empresas da cadeia de leo e gs, que tm de investir em inovao para atender aos novos desafios da indstria, como tam-bm por parte da comunidade cientfica brasileira.

    um dos pilares da indstria moderna de petrleo e gs, que vem avanando por novas fron-teiras e cenrios cada vez mais complexos, o pD&i vem sendo abastecido no Brasil por uma pequena fatia da receita bruta dos campos que pagam parti-cipao especial (pE). isto : uma parcela do lucro lquido (e

    no do valor da produo) dos principais campos do pas, que respondem por parte expres-siva do volume total de hidro-carbonetos extrados em terra e mar.

    uma fatia pequena, de 0,5% a 1%, de acordo com o regime (concesso, partilha ou cesso onerosa), mas que somou, de

    especial: PD&I

    A PROPOSTA DE MUDANA NAS REGRAS DO JOGO DOS INvESTIMENTOS OBRIGATRIOS

    EM PESqUISA, DESENvOlvIMENTO E INOvAO (PD&I) EM ExPlORAO E PRODUO DE

    PETRlEO E/OU GS NATURAl NO PAS COlOCA EM xEqUE A AUTONOMIA DAS PETROlEIRAS

    NA GESTO DESSES RECURSOS, qUE SOMARAM CERCA DE 10 BIlhES NA lTIMA DCADA.

    NO ANO DE 2014, A AGNCIA NACIONAl DO PETRlEO, GS NATURAl E BIOCOMBUSTvEIS

    (ANP) REAlIzOU DUAS AUDINCIAS PBlICAS PARA DEBATER AS MINUTAS DAS PROPOSTAS

    DE REvISO DA RESOlUO ANP N. 33/2005 E DO REGUlAMENTO TCNICO ANP N. 5/2005,

    qUE TRATAM DAS REGRAS DE APlICAO DOS RECURSOS DE PD&I, DA ClUSUlA PRESENTE

    NOS CONTRATOS DE CONCESSO PARA ExPlORAO, DESENvOlvIMENTO E PRODUO

    DE PETRlEO E GS NATURAl. O MAIOR qUESTIONAMENTO qUE A PROPOSTA CONTINUA

    TRATANDO COMO PBlICOS OS INvESTIMENTOS PRIvADOS, AO ESTABElECER REGRAS

    SOBRE O DIRECIONAMENTO DESTES RECURSOS.

    Obrigao total anual e acumulada em R$ bilhes26,0

    Barril Brent: foi utilizado a previso da EIA, de US$ 57.58 em 2015, US$ 75.00 em 2016 e US$ 91.84 para os anos seguintes.

    Dlar: foi usado a previso da SPE, de R$ 2,57 em 2015, R$ 2,64 em 2016 e R$ 2,68 para os anos seguintes.

    Partilha Cesso Onerosa Concesso

    30,0

    25,0

    20,0

    15,0

    10,0

    5,0

    3,5

    3,0

    2,5

    2,0

    1,5

    1,0

    0,5

    R$

    Bilh

    es

    Bilh

    es

    2,70,1

    0,20,3 0,4

    0,4

    0,30,3

    0,10,3 0,5

    0,7

    2,52,8

    3,0 3,0 3,0 3,0

    2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024

    1,3 1,9

    2,6 2,3 2,3 2,1 1,9 1,92,5 2,5

    0,4

    0,7

    2,8

  • TN Petrleo 103 33

    1998 at julho deste ano, quase r$ 10,5 bilhes em recursos para pD&i. E com a previso de chegar a r$ 26 bilhes at 2024.

    Clusula estratgica

    A Lei do petrleo (Lei n. 9.478/97), alm de abrir o se-tor para companhias estrangeiras, ao criar a ANp, atribuiu ao rgo fiscali-zador tambm o papel de estimular a pesquisa e a adoo de novas tecnolo-gias na explorao,

    produo, transporte, refino e processamento.

    tal tarefa foi reforada com a resoluo ANp n. 33/2005 (um ano antes da descoberta do pr--sal) e o regulamento tcnico ANp n. 5/2005, os quais estabe-leceram os critrios e requisitos para destinao dos recursos gerados pela clusula de pD&i dos contratos referente aos in-vestimentos obrigatrios das oil companies.

    Da rodada zero, em 1998, at o 10 leilo de licitaes de reas exploratrias, realizado em 2008, foi estabelecido que 1% da recei-ta bruta dos campos que pagam participao especial (pE) seria direcionado a p&D, dos quais pelo menos 50% seriam aloca-dos em instituies de cincia e tecnologia (iCts) credenciadas pela agncia. As empresas da ca-deia de leo e gs, incluindo as petroleiras, ficaram autorizadas a utilizar at 50% destes recur-sos internamente em pD&i. Em 2009, houve uma alterao no percentual relativo s empresas,

    Distribuio dos recursos de PD&I autorizados, por estado e regio.

    Recursos Autorizados por rea 2006 a 07/2015

    rea N de Projetos Recursos (R$) Recursos(%)

    Explorao 151 267.599.098 5,80

    Produo 334 799.856.233 17,34

    Abastecimento 238 444.989.038 9,64

    Gs Natural 16 30.055.806 0,65

    Biocombustveis 108 176.547.791 3,83

    Meio Ambiente 122 214.751.122 4,65

    Estudos de Bacias com Aqui-sio de Dados

    19 460.401.985 9,98

    Temas Transver-sais e Outros

    120 380.803.581 8,25

    Recursos Huma-nos PRH

    183 505.772.399 10,96

    Recursos Huma-nos - Cincia sem Fronteiras

    22 869.711.396 18,85

    Recursos Huma-nos Prominp*

    6 432.879.361 9,38

    Recursos Huma-nos Outros**

    9 30.731.405 0,67

    Total 1.328 4.614.099.215 100,00Fonte: SPD/ANP.* Inclui as despesas previstas nos projetos: PNQP/Prominp, Ciaga/Marinha do Brasil e Ciaba/Marinha do Brasil. Inclui despesas de infraestrutura laboratorial no valor de R$ 66.388.520,60.** Inclui despesas de infraestrutura laboratorial no valor de R$ 14.974.779,52.

    Quem decide o que prioritrio em PD&I?

    Regio N de projetos Recursos (R$) % sobre o total

    Sudeste 788 2.057.868.489 44,60

    Nordeste 267 732.763.539 15,88

    Sul 199 389.265.279 8,44

    Norte 20 84.189.327 1,82

    Centro-Oeste 34 61.757.820 1,34

    Nacional 20 1.288.254.761 27,92

    Total 1.328 4.614.099.215 100

  • 34 TN Petrleo 103

    sendo estabelecido um mnimo de 10% para as fornecedoras e at 40% para as petroleiras.

    Nos primeiros seis anos, o montante gerado pela petro-bras, nica produtora no pas at ento, foi de pouco mais de r$ 840 milhes, alcanando no final da primeira dcada da vigncia dessa regra (2007) quase r$ 3 bilhes, dos quais menos de r$ 23 milhes oriun-dos de outras petroleiras, que comearam a produzir no Brasil a partir de 2007.

    De 2008 a 2014, o crescimen-to da produo, aumento da pro-dutividade em campos gigantes e, principalmente, incio da ex-trao de leo e gs na camada do pr-sal, provocaram um salto no volume de investimentos obri-gatrios, que alcanou r$ 10,16 bilhes no final de 2014. ou seja: os ltimos sete anos geraram mais que o dobro de recursos em relao aos dez primeiros.

    segundo dados da superin-tendncia de pesquisa e Desen-volvimento tecnolgico da ANp,

    do total de obrigaes geradas at hoje, incluindo o primeiro se-mestre de 2015 (mais de r$ 190 milhes), j foram autorizados quase 50%: r$ 4,6 bilhes foram destinados a 1.328 projetos, em desenvolvimento em unidades de pesquisa de universidades, centros de pesquisa, marinha e instituies diversas, espalha-das por 23 estados incluindo programas de capacitao de recursos humanos que envolvem vrias instituies no Brasil.

    A clusula de pD&i tambm est nos contratos feitos den-tro dos novos regimes: no de partilha, o ndice 1% da receita bruta do campo de Libra, que rene petrobras, a francesa total, a anglo-holandesa shell e as chinesas CNpC e CNooC, com as mesmas regras da concesso. J na cesso onerosa, vigora o ndice de 0,5% da receita bru-ta dos campos declarados pela petrobras, sendo que o total de recursos ser alocado exclusiva-mente para as iCts credenciadas pela ANp (cerca de 600 em todo o Brasil).

    Mudana emperradaAs minutas da nova resoluo

    e do regulamento tcnico que alteram as regras desta aposta bilionria na pD&i para garan-tir que a indstria de leo e gs possa continuar a avanar por novas fronteiras exploratrias, agilizando a produo de gran-des descobertas. Como foi o caso do pr-sal, hoje responsvel pela produo de mais de um milho de barris de leo equivalente por dia (boed), equivalente a mais de um tero do volume total de hi-drocarbonetos extrados no pas.

    A proposta da ANp, que at o fechamento dessa edio ainda no havia publicado a nova re-soluo, abrange a aprovao de

    Recursos Autorizados por Unidade Federativa 2006 a 07/2015

    UF N de Projetos Recursos (R$) Recursos (%)

    Rio de Janeiro 466 1.346.488.408 29,18

    So Paulo 231 516.569.293 11,20

    Rio Grande do Sul 39 208.726.010 4,52

    Pernambuco 121 200.603.712 4,35

    Rio Grande do Norte 80 175.674.672 3,81

    Santa Catarina 53 138.120.297 2,99

    Bahia 43 125.713.672 2,72

    Minas Gerais 69 116.439.669 2,52

    Sergipe 28 86.750.361 1,88

    Par 22 78.371.119 1,70

    Esprito Santo 11 66.150.887 1,43

    Cear 35 62.947.895 1,36

    Distrito Federal 30 56.392.513 1,22

    Paran 25 45.088.780 0,98

    Maranho 8 28.914.543 0,63

    Alagoas 6 19.508.135 0,42

    Paraba 8 16.919.867 0,37

    Amazonas 22 15.046.917 0,33

    Gois 6 8.606.857 0,19

    Mato Grosso do Sul 2 7.694.684 0,17

    Piau 1 3.630.090 0,08

    Tocantins 1 973.944 0,02

    Mato Grosso 1 367.500 0,01

    Roraima 0 144.630 0,00

    Nacional* 20 1.288.254.761 27,92

    Total 1.328 4.614.099.215 100,00Fonte: SPD/ANP.*Esto includos 11 projetos Cincia Sem Fronteiras de participao nacional (R$ 793.887.846), 1 programa que engloba instituies de diferentes UFs (R$ 2.635.737,62), o Programa INCT/MCT (R$ 15.186.254), o PNPQ/Prominp (R$ 348.722.780), o primeiro projeto de apoio ao PRH (R$ 8.122.565), o projeto para apoio elaborao de projetos executivos relacionados implantao de infraestrutura laboratorial (R$20.000.000) e os trs poos estratigrficos (R$ 293.782.508).

    especial: PD&I

  • TN Petrleo 103 35

    um novo regulamento tcnico que estabelece as regras para a realizao de despesas a que se referem as clusulas de investi-mento em pD&i nos contratos de concesso e institui, no mbito da Agncia, o Comit tcnico--Cientfico (Comtec), com atri-buies especficas de estabe-lecer diretrizes para aplicao desses recursos, destinados a universidades e instituies de pesquisa (pblicas ou sem fins lucrativos) e empresas, e que so operacionalizados pelas compa-nhias petrolferas sob a regula-o e fiscalizao da ANp.

    A Agncia afirma que o pro-cesso iniciado em 30 de junho de 2014, portanto h pelo menos 14 meses, e que teve duas etapas de consulta e audincia pblicas (com a presena de mais de 300 pessoas), gerou mais de mil con-

    Quem decide o que prioritrio em PD&I?

    Detalhamento da obrigao de investimento em PD&I gerada - Outras Empresas Petrolferas (em R$)

    Empresa Petrolfera 2013 2014 Acumulado (1998-2014)

    BG Brasil 23.413.960,66 51.354.988,74 94.690.640,57

    Statoil 31.821.581,36 31.730.902,90 83.209.044,57

    Repsol-Sinopec 4.161.681,38 18.732.336,46 55.981.237,37

    Sinochem 21.214.387,57 21.153.935,27 55.472.696,38

    Petrogal 9.365.584,26 13.580.329,73 30.914.590,47

    Chevron 27.711.794,97

    Shell 7.541.569,02 23.869.727,22

    Queiroz Galvo 4.424.486,58 4.806.006,75 19.234.843,08

    Frade Japo 9.780.655,57

    ONGC Campos Ltda. 4.072.447,27 4.951.848,11

    Brasoil Manati 983.219,24 1.068.001,50 4.274.409,57

    Rio das Contas 983.219,24 1.068.001,50 4.274.409,57

    QPI Brasil Petrleo 3.469.121,75 3.469.121,75

    Parnaba Gas Natural 1.198.802,00 1.762.700,62 2.961.502,62

    BP do Brasil 1.934.270,87

    Maersk Oil 1.289.513,92

    Petra Energia Parnaiba 513.772,28 755.443,12 1.269.215,41

    Total 98.080.694,58 161.095.784,64 425.289.522,02

    Fonte: ANP (Posio em 31/12/2014)

  • 36 TN Petrleo 103

    tribuies (recebidas nas fases de consulta). o objetivo da proposta dar nfase na inovao, por meio da insero de empresas e de atividades de pD&i mais abrangentes, estimular a lide-rana tecnolgica do pas e o desenvolvimento intensivo em tecnologia, ampliar a participa-o do Estado na definio da agenda de investimentos em pD&i estabelecido na clusula (por meio do Comtec) e estimular a proteo do conhecimento.

    Ingerncia para as empresas, instituies

    de pesquisa e vrios especialis-tas, inclusive juristas, em termos gerais, essa alterao representa uma ingerncia maior e mais efe-tiva da ANp e do governo federal

    na gesto dos recursos que o setor privado gera e gerncia em pD&i. isso porque dos oito membros (e respectivos suplentes) do comit proposto, nada menos que que cinco sero da ANp, incluindo o diretor-geral e o superintendente de pesquisa e desenvolvimento (que ser o secretrio executivo), ficando as petrolferas, as empre-sas fornecedoras e as instituies de pesquisa com um representan-te cada uma. E ser esse comit controlado pela ANp que deter-minar a relao de reas prio-ritrias, projetos de interesse e temas relevantes para a indstria.

    o problema que estes recursos pertencem s prprias empresas produtoras de petrleo, que assumiram o compromisso, diante do governo e dos seus

    acionistas, de aplic-los bem. No devem ser tratados como verba do tesouro, correndo o risco de ter o mesmo fim dos fundos setoriais para a cincia e tecnologia, que so sistematicamente contingen-ciados para alimentar o supervit primrio, destacou maurcio Guedes, diretor do parque tecno-lgico da universidade Federal do rio de Janeiro (uFrJ), em artigo denominado Em nome da inovao, publicado no jornal O Globo, em agosto do ano passado.

    Ele se refere ao artigo 9, que refora essa ingerncia e trata como pblico o que privado (os recursos):

    No mbito das diretrizes de-finidas, o Comtec poder fixar percentual mnimo para aloca-o de recursos em projetos ou programas de interesse do setor, observando, entre outros, os se-guintes aspectos:I - prioridades definidas quanto a temas, programas e projetos;II - demandas tecnolgicas apresentadas pelas empresas que integram a cadeia de fornecedores de bens e servios da indstria de petrleo, de gs natural e de biocombustveis;III estmulo descentraliza-o das atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovao para o setor.

    Xeque... quem dar o xeque-mate

    As manifestaes, com cr-ticas, s vezes cidas, a essas alteraes, partiram no somente das geradoras dos recursos (as petroleiras) e empresas da cadeia produtiva que pretendem utilizar a parte que lhes cabe no de-senvolvimento interno de pD&i para atender s demandas do setor, como tambm das prprias instituies beneficiadas, que incluem at mesmo entidades

    Recursos Autorizados por Instituio 2006 a 07/2015

    Instituio N de Projetos Recursos (R$) Recursos (%)

    UFRJ 251 509.245.630 11,04

    UFPE 36 158.443.374 3,43

    PUC-Rio 55 155.815.125 3,38

    UNICAMP 71 122.353.908 2,65

    UFSC 41 120.670.584 2,62

    UFRN 71 114.042.859 2,47

    UFRGS 71 102.443.499 2,22

    USP 66 96.092.702 2,08

    UFF 26 78.008.458 1,69

    IEAPM 2 73.877.740 1,60

    UERJ 28 58.331.675 1,26

    UFS 20 57.779.629 1,25

    UFES 21 57.591.876 1,25

    UFBA 38 53.379.966 1,16

    UFSCar 20 51.819.522 1,12

    IPT-SP 16 49.392.281 1,07

    CIABA 1 47.881.369 1,04

    INT 14 42.252.639 0,92

    UFMG 23 38.590.690 0,84

    CIAGA 2 36.275.211 0,79

    Instituies Diversas 452 2.241.087.696 48,57

    PNQP/Prominp* 3 348.722.780 7,56

    Total 1.328 4.614.099.215 100,00Fonte: SPD/ANP. *Programas de capacitao de recursos humanos que envolvem vrias instituies no Brasil.

    especial: PD&I

  • TN Petrleo 103 37

    Obrigao de investimento em PD&I gerada por ano (em R$)

    Ano Petrobras Outros Total

    1998 1.884.529,15 1.884.529,15

    1999 29.002.556,00 29.002.556,00

    2000 94.197.338,86 94.197.338,86

    2001 127.274.445,22 127.274.445,22

    2002 263.536.939,20 263.536.939,20

    2003 323.299.905,80 323.299.905,80

    2004 392.585.952,84 11.117.686,02 403.703.638,87

    2005 506.529.318,17 2.279.136,04 508.808.454,21

    2006 613.841.421,04 2.547.915,10 616.389.336,14

    2007 610.244.145,63 6.259.120,69 616.503.266,32

    2008 853.726.088,88 7.132.143,93 860.858.232,82

    2009 633.024.263,89 5.858.019,94 638.882.283,84

    2010 735.337.135,72 11.579.884,64 746.917.020,36

    2011 990.480.683,11 41.416.211,93 1.031.896.895,04

    2012 1.148.763.766,14 77.922.924,51 1.226.686.690,65

    2013 1.161.786.261,66 98.080.694,58 1.259.866.956,23

    2014 1.246.469.446,38 161.095.784,64 1.407.565.231,01

    TOTAL 9.731.984.197,70 425.289.522,02 10.157.273.719,72

    Fonte: ANP (Posio em 31/12/2014)

    Quem decide o que prioritrio em PD&I?

    pblicas, como a Financiadora de Estudos e projetos (Finep) e o Conselho Nacional d