Todos, Exc - Church of Jesus Christ · o problema?” Cristóvão olhou para baixo. Ele não queria...

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O coração de Cristóvão estava pesaroso ao encaminhar-se para o carro da família após a Primária. Por que todos, exceto eu, ouvem a voz mansa e delicada? pensou. Na reunião de jejum e testemu- nhos, o irmão Andrade contara uma experiência que havia tido enquan- to passava de carro por um trecho automóvel. Uma jovem família esta- va viajando para visitar parentes. Quando o pai, que dirigia, adorme- ceu, o carro desviou para o lado da rodovia e desceu por uma ribanceira íngreme. O irmão Andrade pôde mandar buscar ajuda e prestou os primeiros socorros. O bispo Vieira contou como solitário de estrada. A voz mansa e delicada dissera a ele que tomasse um caminho diferente para casa, o que tornaria a viagem cerca de 10 quilômetros mais longa. Embora es- tivesse ansioso para chegar em casa de sua viagem de negócios, obede- ceu ao influxo. Em seu desvio, de- parou-se com um acidente de FICÇÃO Nadine A. Hall FOTOGRAFIA DE STEVE BUNDERSON, POSADA POR MODELOS Todos, Exc

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Page 1: Todos, Exc - Church of Jesus Christ · o problema?” Cristóvão olhou para baixo. Ele não queria que seus pais soubessem que o Espírito Santo não falava com ele. Provavelmente

O coração de Cristóvão estavapesaroso ao encaminhar-se para ocarro da família após a Primária. Porque todos, exceto eu, ouvem a vozmansa e delicada? pensou.

Na reunião de jejum e testemu-nhos, o irmão Andrade contara umaexperiência que havia tido enquan-to passava de carro por um trecho

automóvel. Uma jovem família esta-va viajando para visitar parentes.Quando o pai, que dirigia, adorme-ceu, o carro desviou para o lado darodovia e desceu por uma ribanceiraíngreme. O irmão Andrade pôdemandar buscar ajuda e prestou osprimeiros socorros.

O bispo Vieira contou como

solitário de estrada. A voz mansa edelicada dissera a ele que tomasseum caminho diferente para casa, oque tornaria a viagem cerca de 10quilômetros mais longa. Embora es-tivesse ansioso para chegar em casade sua viagem de negócios, obede-ceu ao influxo. Em seu desvio, de-parou-se com um acidente de

FICÇÃONadine A. HallFOTOGRAFIA DE STEVE BUNDERSON, POSADA POR MODELOS

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havia sido inspirado pelo EspíritoSanto a verificar como estava a irmãLima durante a semana. A irmãLima era viúva e morava em umaestrada de terra que saía da estradaprincipal e ia para a cidade, a maisou menos dois quilômetros do en-troncamento. Quando o bispo foravisitá-la, encontrou o aquecimentoquebrado. Ela não tinha telefone enão podia mais dirigir, e assim haviaorado ao Pai Celestial pedindo aju-da. A voz mansa e delicada dissera aela que tudo ficaria bem.

Mais tarde, a professora deCristóvão na Primária, irmã Lanini,dera uma lição sobre o EspíritoSanto. Ela contara sobre como a vozmansa e delicada a advertira a olharcomo estava seu bebê, que dormia.Quando ela o fez, tudo parecia estarbem.

Mas quando virou-se para sair, avoz disse mais uma vez que ela veri-ficasse como estava seu garotinho.Desta vez ela foi até o berço eolhou para ele com atenção. Ali,perto dele, estava um grandepedaço de vidro quebrado.Uma gravura emoldurada queficava pendurada acima doberço havia caído. A maiorparte do vidro e da moldu-ra estavam atrás do ber-ço, mas aquele pedaço

Então por que o Espírito Santo não fa-la comigo?

“Como foi a Primária?” pergun-tou sua mãe enquanto Cristóvão eas duas irmãs mais novas subiam nocarro. Larissa e Michele começarama falar a respeito das aulas e das mú-sicas que haviam aprendido a can-tar. Cristóvão fitava tristemente oassoalho.

“Sobre o que foi sua lição,Cristóvão?” perguntou seu pai.

Uma lágrima correu pelo rosto deCristóvão. “Sobre o Espírito Santo”,ele respondeu baixinho. Sentindoque algo estava errado, Larissa eMichele pararam de conversar.

“Talvez pudéssemos conversarum pouquinho mais sobre issoquando chegarmos em casa”, disse amãe enquanto o carro entrava nagaragem.

Mais tarde a mãe e o pai convi-daram Cristóvão a ir ao quarto deles. “Cristóvão”, disse a mãe,“você poderia dizer-nos qual é o problema?”

Cristóvão olhou para baixo. Elenão queria que seus pais soubessemque o Espírito Santo não falavacom ele. Provavelmente eles ou-viam a voz mansa e delicada otempo todo.

“Ouça”, disse o pai, colocandoo braço em torno de Cristóvão,

grande e ponteagudo havia caídoperto de seu filho que dormia.

A irmã Lanini contara tambémum incidente do manual de liçõessobre um dos profetas que havia si-do avisado do perigo pela voz mansae delicada.

Por que todos ouvem a voz mansa edelicada, exceto eu? pensou Cristóvãomais uma vez. Ele sabia que depoisde seu batismo quase dois anos an-tes, havia recebido o dom doEspírito Santo ao ser confirmado.

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“percebemos que você está chatea-do, e gostaríamos de ajudar.”

Cristóvão sentiu que as lágrimasestavam prontas para cair de seusolhos. “Mãe, pai”, disse com voztrêmula, “por que o Espírito Santonão fala comigo? Sempre tentei fa-zer o que é certo. Sei que cometoerros — como naquela vez em quederramei refresco vermelho no car-pete novo e disse que havia sido aLarissa, para não arranjar proble-mas para mim. Mas no fim acabeicontando a verdade. Você tem queser perfeito como o bispo ou o ir-mão Andrade ou a irmã Lanini pa-ra que o Espírito Santo fale comvocê?

A mãe e o pai pareciam meiosurpresos. “Cristóvão”, falou a mãe,“a única pessoa perfeita que viveuna Terra é Jesus Cristo. Todo mundocomete erros. Por que acha que oEspírito Santo não fala com você?

“Nunca ouvi a voz mansa e deli-cada.” respondeu Cristóvão.

Ouvir uma voz não é a única for-ma pela qual o Espírito Santo podecomunicar-se com você”, disse amãe. “Muitas vezes é o que vocêsente, não o que você ouve. Vocênão se lembra como se sentiu bemdepois de ter orado e pedido ao PaiCelestial que o perdoasse por terculpado sua irmã pela mancha nocarpete? Aquele sentimento veio doEspírito Santo.”

“Veio?”“E aquela vez em que estávamos

lendo as escrituras”, acrescentou opai, “e você de repente entendeu oque Jesus Cristo queria dizer na pa-rábola do trigo e do joio? Foi oEspírito Santo ensinando a você.”

“Nunca havia pensado nisso des-sa maneira antes!” Cristóvão come-çava a se sentir bem melhor.

“E”, disse mamãe, “lembra-se dequando você se perdeu no verãopassado e orou pedindo ajuda?Depois de ter orado, você se sentiucalmo e soube que devia sentar-seno banco mais próximo e esperarque o encontrássemos. Aquele sen-timento de calma e confiança queajudou você a saber o que fazer erao Espírito Santo.”

Cristóvão sorriu. Agora ele esta-va entendendo. O Espírito Santovinha falando com ele — mesmoque não ouvisse a voz mansa e de-licada com seus ouvidos! Entãodisse, animado: “E na semana pas-sada, quando fiz um discurso naPrimária? Eu tinha-o estudado bas-tante, mas quando me levantei, euhavia-o esquecido. Então fiz umaoração silenciosa e de repente consegui lembrar-me do discurso.Isso também foi o Espírito Santo,não foi?”

“Foi sim”, disse papai. “O dom doEspírito Santo também ajuda-nos alembrar das coisas.”

“Em todas essas ocasiões, oEspírito Santo estava real-mente falando comigo!” O sen-timento cálidono coração deCristóvão ajudou-oa saber que isso era verdade. �