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DETERMINAÇÃO DE TOG EM AMOSTRAS DE ÁGUA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO APODI/MOSSORÓ FARIAS, L. T. [email protected] 1 , SOUZA, L. D. [email protected] . 2 1- Aluno de Iniciação Científica da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, Departamento de Química, 59610 -090 - Mossoró RN, Brasil. 2-Professor do Departamento de Química da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, 59610 -090- Mossoró RN, Brasil. RESUMO O Teor de Óleo e Graxa (TOG) é formado por gorduras animais, sabões, graxas, óleos vegetais, ceras, óleos minerais, etc. Este trabalho pretende determinar as concentrações de TOG nas amostras de águas coletadas em diferentes pontos da bacia hidrográfica do Rio-Apodi-Mossoró e relaciona-los com as fontes de poluição e com a legislação. Observou-se que a maioria apresentam altas concentrações de TOG e fora dos limites legais permitidos. INTRODUÇÃO Muitos efluentes industriais são oleosos como os das indústrias de prospecção de petróleo, de óleos comestíveis, laticínios, matadouros e frigoríficos. Outras indústrias não produzem efluentes tipicamente oleosos, mas podem possuir algumas linhas de efluentes com esta natureza, como os provenientes de oficinas mecânicas. Há ainda os óleos descarregados nas águas naturais em situações específicas e pontuais, como os derramamentos provenientes de acidentes marítimos e fluviais ( SAWYER et al. ,1994) Os óleos e graxas provocam obstrução em redes coletoras de esgotos e inibição em processos biológicos de tratamento. Isto faz com que indústrias necessitem de pré-tratamentos para a remoção deste constituinte dos despejos antes da descarga na rede pública. Nas águas naturais, os óleos e graxas acumulam-se nas superfícies, podendo trazer sérios problemas ecológicos por dificultar as trocas gasosas que ocorrem entre a massa líquida e a atmosfera, especialmente a de oxigênio. Quando o teor de óleos e graxas é reduzido, não traz inibição aos tratamentos biológicos, por este motivo, a legislação federal (Resolução n° 20 do CONAMA), estabelece os limites máximos de descarte de óleos em efluentes como 50 mg/L para óleos de origem vegetal e 20 mg/L para óleos minerais. (KATO et al. ,1983) Desse modo, é útil conhecer as quantidades de óleos e graxas presentes em um efluente, para evitar possíveis dificuldades de operação e funcionamento adequado do sistema de tratamento das águas residuais e problemas ambientais em função do seu acumulo no ambiente. Desta forma, neste trabalho, objetivou-se a determinar a concentração de óleos e graxas das amostras de água da bacia hidrográfica do rio Apodi/Mossoró para análise dos possíveis problemas ambientais provenientes da descarga de resíduos em suas águas. MATERIAIS E MÉTODOS Todas as amostras analisadas foram entregues em vidros âmbar de um litro, fechados e conservados com ácido nítrico até pH mínimo de 2. As concentrações de óleos e graxas foram obtidas no laboratório usando o método gravimétrico descrito na literatura (Standart Methods) usando cadinhos previamente tarados.

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DETERMINAÇÃO DE TOG EM AMOSTRAS DE ÁGUA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO APODI/MOSSORÓ

FARIAS, L. T. [email protected] 1, SOUZA, L. D. [email protected]. 2

1- Aluno de Iniciação Científica da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, Departamento de Química, 59610 -090 - Mossoró RN, Brasil. 2-Professor do Departamento de Química da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, 59610 -090- Mossoró RN, Brasil.

RESUMO O Teor de Óleo e Graxa (TOG) é formado por gorduras animais, sabões, graxas, óleos vegetais, ceras, óleos minerais, etc. Este trabalho pretende determinar as concentrações de TOG nas amostras de águas coletadas em diferentes pontos da bacia hidrográfica do Rio-Apodi-Mossoró e relaciona-los com as fontes de poluição e com a legislação. Observou-se que a maioria apresentam altas concentrações de TOG e fora dos limites legais permitidos. INTRODUÇÃO Muitos efluentes industriais são oleosos como os das indústrias de prospecção de petróleo, de óleos comestíveis, laticínios, matadouros e frigoríficos. Outras indústrias não produzem efluentes tipicamente oleosos, mas podem possuir algumas linhas de efluentes com esta natureza, como os provenientes de oficinas mecânicas. Há ainda os óleos descarregados nas águas naturais em situações específicas e pontuais, como os derramamentos provenientes de acidentes marítimos e fluviais ( SAWYER et al. ,1994) Os óleos e graxas provocam obstrução em redes coletoras de esgotos e inibição em processos biológicos de tratamento. Isto faz com que indústrias necessitem de pré-tratamentos para a remoção deste constituinte dos despejos antes da descarga na rede pública. Nas águas naturais, os óleos e graxas acumulam-se nas superfícies, podendo trazer sérios problemas ecológicos por dificultar as trocas gasosas que ocorrem entre a massa líquida e a atmosfera, especialmente a de oxigênio. Quando o teor de óleos e graxas é reduzido, não traz inibição aos tratamentos biológicos, por este motivo, a legislação federal (Resolução n° 20 do CONAMA), estabelece os limites máximos de descarte de óleos em efluentes como 50 mg/L para óleos de origem vegetal e 20 mg/L para óleos minerais. (KATO et al. ,1983) Desse modo, é útil conhecer as quantidades de óleos e graxas presentes em um efluente, para evitar possíveis dificuldades de operação e funcionamento adequado do sistema de tratamento das águas residuais e problemas ambientais em função do seu acumulo no ambiente. Desta forma, neste trabalho, objetivou-se a determinar a concentração de óleos e graxas das amostras de água da bacia hidrográfica do rio Apodi/Mossoró para análise dos possíveis problemas ambientais provenientes da descarga de resíduos em suas águas. MATERIAIS E MÉTODOS

Todas as amostras analisadas foram entregues em vidros âmbar de um litro, fechados e conservados com ácido nítrico até pH mínimo de 2.

As concentrações de óleos e graxas foram obtidas no laboratório usando o método gravimétrico descrito na literatura (Standart Methods) usando cadinhos previamente tarados.

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Foram utilizados funis de separação de um litro e hexano como extrator. Cada amostra foi extraída três vezes com aproximadamente 30 ml de hexano, tomando-se o cuidado de lavar bem as paredes dos litros como hexano.

A fase oleosa separada dos funis foi levada para a estufa a uma temperatura de mais ou menos 100°C, quando todo o solvente evaporou-se ficando só o resíduo oleoso. Após resfriamento até temperatura ambiente em dissecador as massas dos resíduos foram determinadas e o TOG determinado matematicamente em ppm com a equação 1. (MF – MI)x1000/V(L) – eq. 1 MF=massa final em miligramas do béquer com os resíduos; MI=massa tarado; V=volume em litros da amostra. RESULTADOS A tabela abaixo mostra as concentrações de óleos e graxas obtidas e dados como a população de habitantes que residem próximas as vizinhanças, capacidade máxima de água que os reservatórios comportam e relações entre o TOG com a população e com o volume de água dos reservatórios. Os açudes estão postos em ordem crescente de volume e com exceção dos açudes Santo Antonio (caraubas) e Jesus Maria e José (Tenente Ananias) todos apresentam concentrações de óleo e graxa altos se comparados com a legislação que prevê ausência deste poluente em mananciais. Não existe uma relação direta entre o volume dos açudes e o teor encontrado de óleos e graxas, o que indica possível influência antrópica neste fenômeno. Quando a população aumenta, a quantidade de efluentes e outros poluentes que são lançados nesses reservatórios também deveriam aumentar, contribuindo com o aumento do teor de óleo e graxas observado. Isto é confirmado pelo fato de cidades com praticamente a mesma população terem açudes com teores de graxas muito diferentes como, por exemplo, os açudes Encanto, Brejo e Passagem. Assim os teores diferentes devem ser frutos das atividades realizadas nestes locais, os quais produzem efluentes com TOG distintos ou pelo fato de em alguns locais os efluentes não serem encaminhados para os açudes. Ilustra o ultimo argumento o fato do açude Santana em pau dos ferros que apesar de ficar bem próximo do centro não recebe os esgotos da maioria da cidade que são descartados no rio Apodi/Mossoró. As razões do TOG pela população e pelo volume indicam que a produção de TOG não é diretamente proporcional confirmando também a presença de fatores antrópicos nos resultados. A tabela mostra que a contaminação dos açudes com TOG está ocorrendo na maioria deles e que os mais poluídos no momento eram brejo, tourão, riacho da cruz, bonito 2, rodeador, Lucrecia e santa cruz, todos com teores acima de 50 mg/l. Tabela 1_Teores de óleo, população, volumes, razão TOG/população e razão TOG/volume dos açudes estudados.

Pontos Coletados TOG Popula

ção Razão TOG/pop

Volume Razão TOG/Vol.

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Unidades mg/l Hab. mg/l. Hab m3 mg/l. m3 CONAMA 357/05 Ausentes - - - -

Açude Pilões 41.7 2741 0, 015213 5901875 0.000007

Açude Encanto 37 4659 0, 007941 6328250 0.000005

Açude do Brejo 80 4461 0, 017933 6450544 0.000012

A. Passagem (Clidenor) 16.9 4224 0, 004000 6878000 0.000002

Santana 46,1 25969 0,001775 7000000 0.000006

Açude morcego 39,2 10289 0, 003809 7900000 0.000004 Malhada vermelha 32,2 10579 0, 003047 8944500 0.000003 Açude Flechas 16,9 5414 0, 003121 8949675 0.000001

Tourão 62,5 11303 0, 005529 9104700 0.000006

A. Jesus Maria José 0.00 8727 0,0 9167700 0

Açude riacho da cruz 571 2748 0, 207787 9604200 0.00006

Açude Apanha Peixe 38,4 22000 0, 001745 10000000 0.000003

Açude Bonito II 56,6 22159 0, 002554 10865000 0.000005

A. Santo Antônio 0.00 22000 0,0 11110000 0

Açude M. Vieira 19,6 8237 0, 002379 11200125 0.000002

Açude Rodeador 65,2 10819 0, 006026 21700000 0.000003 Açude Lucrecia 60 3418 0, 017554 27270000 0.000002 B. de P. dos Ferros 33.8 25969 0, 001301 54846000 0.0000006 B. de P. F- JUSANTE 18.8 25969 0, 000723 54846000 0, 0000003 Açude Santa Cruz do Apodi 172 34632 0, 004966 599712000 0.0000002

A tabela 2 mostra os dados de TOG de pontos localizados próximos a cidades que ficam nas margens do rio Apodi/Mossoró organizados na direção da sua foz. Os resultados mostram que próximo a Felipe guerra e governador dix-sept Rosado os valores são da ordem de 35 mg/l. Como a população de governador é muito maior que a de Felipe guerra, estes resultados indicam que algum fenômeno está influenciando nos resultados. Este pode ser, por exemplo, uma nascente que contribui com água sem poluição. Outra possível explicação é a presença de poços de petróleo na região, sendo que estes podem estar em maior quantidade no ponto de Felipe guerra. Na entrada de Mossoró (barragem do Genésio) o valor é de 17,2 mg/l e na saída de Mossoró este valor aumenta para 35,7, ou seja quase o dobro confirmando que os esgotos da cidade tem uma forte contribuição na contaminação do rio. Em Areia Branca se observou o maior valor de TOG, fato explicado por este ponto ser um porto onde é grande o descarte de óleo usado e vazamento de óleo de navios ancorados no porto, alem da contribuição dos esgotos das cidades de Grossos e Areia branca. Todos os valores encontrados estão acima do permitido na legislação e são influenciados por fontes pontuais de contaminação. Tabela 2_ Teores de óleo, população e razão TOG/população no rio Apodi/Mossoró.

Pontos Coletados TOG População Razão TOG/pop

Unidades mg/l Hab. mg/l. Hab

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CONAMA 357/05 Ausentes - -

Felipe Guerra-RAM 35 5680 0, 006161 G. Dix Sept-Rosado RAM

35,7

12374 0, 002885

Barragen do Genésio 17.2 259886 0, 000137 P. de pedras- RAM 35,7 259886 0, 000137

Areia- Branca RAM 140 25124 0, 005572

A tabela 3 mostram os dados de TOG de pontos localizados próximos a cidades que ficam nas margens do rio do Carmo, organizados na direção da sua foz e tendo como ponto inicial a barragem de Umari na cidade de upanema. Os resultados mostram valores crescentes no sentido da foz, exceto a própria a barragem devido ao acumulo de óleo causado por esta e no ponto Br 110 onde o valor é muito alto. Este valor alto é explicado pelo fato do local ser um ponto de lavagem de carros muito usado pela população das vizinhanças. A lavagem retira óleo e graxa dos carros e os coloca diretamente nos rio. O valor também muito alto em Areia branca já foi discutido anteriormente e o ponto é o mesmo por que o rio upanema descarrega no rio Apodi/Mossoró logo depois do ponto na BR 110. Tabela 3_ Teores de óleo, população e razão TOG/população no rio Carmo.

Pontos Coletados

TOG População Razão TOG/pop

Unidades mg/l Hab. mg/l. Hab CONAMA 357/05 Ausentes

Umari-Upanema 44 11183 0, 003934

R. Carmo-Upanema

16,9 11183 0, 001511

R. Carmo-f. angicos

17,8 *

BR 110 166 * Areia- Branca RAM

140 25124 0, 005572

* Recebe esgotos apenas de comunidades ribeirinhas sem população definhada disponível. Comparando as concentrações de óleo e graxas deste trabalho com as pela primeira vez, pela Rede Compartilhada de Monitoramento da Qualidade da Água, do programa água azul no período de agosto a novembro de 2008 (www.idema.rn.gov.br). Observa-se um aumento no teor de óleo e graxas. Isso pode ser explicado, possivelmente devido a existência da atividade econômica da exploração de petróleo a partir da região de Apodi, fenômenos naturais, como a, estiagem e secas além dos esgotos e efluentes que são lançados nos açudes.!

Conclusão Considerando os resultados obtidos para o teor de óleos e graxas todos os pontos dos rios estão fora dos limites legais. Isto acontece em virtude do descarte de efluentes domésticos e industriais, em especial os petroquímicos, com os teores em geral aumentando no sentido da foz dos rios. Para os açudes se observou que a grande maioria esta fora dos limites permitidos

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e que o Tog é fortemente influenciado por fatores antrópicos e pelo descarte de esgotos domésticos e industriais.

Referência Bibliográfica: APHA, AWWA, WEF, “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”. American

Public Health Association, 20th ed., Washington, 2000.

CONAMA, “Resolução no 357/2005”. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Meio

Ambiente. Brasília, 2005.

METALCALF.eEDDY.”WastewaterEngineering: Treatment, Disposal.Reuse”.MC Gaw-Hill

International Editions, 3ºed.1991

KATO, M.T., “Óleos e Graxas”. Curso Qualidade da Água, do Ar e do Solo. Escola de Engenharia Mauá,

1983.

SAWYER, C.N., McCARTY, P.L. e PARKIN, G.F., “Chemistry for Environmental Engineers”. Mc Graw-

Hill International Editions, Civil Engineering Series. 4th Ed., 1994.

http://www.semarh.rn.gov.br (acessado em 02/02/2011) http://www.idema.rn.gov.br/ (acessado em 09/02/2011) http://www.google.com.br (acessado em 11/02/2011) http://www.programaaguaazul.com.br/ (acessado em 13/02/2011)