Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

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FÁBIO KAZUO OSHIRO TOMADA DE DECISÕES BASEADA EM METODOLOGIAS DE ANÁLISE DE CONFIABILIDADE HUMANA São Paulo 2010

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Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

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FÁBIO KAZUO OSHIRO

TOMADA DE DECISÕES BASEADA EM METODOLOGIAS DE

ANÁLISE DE CONFIABILIDADE HUMANA

São Paulo

2010

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FÁBIO KAZUO OSHIRO

TOMADA DE DECISÕES BASEADA EM METODOLOGIAS DE

ANÁLISE DE CONFIABILIDADE HUMANA

Monografia apresentada à Escola

Politécnica da Universidade de São

Paulo para obtenção de título de

especialista em Engenharia de

Segurança do Trabalho

São Paulo

2010

Page 3: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

FICHA CATALOGRÁFICA

Oshiro, Fábio Kazuo

Tomada de decisões baseada em metodologias de análi se de confiabilidade humana / F.K. Oshiro. -- São Paul o, 2010.

111 p.

Monografia (Especialização em Engenharia de Seguran ça do Trabalho) - Escola Politécnica da Universidade d e São Paulo. Programa de Educação Continuada em Engenharia.

1. Prevenção de acidentes 2. Indústria petroquímica 3. Erro (Fatores humanos) I. Universidade de São Paulo. Esc ola Poli-técnica. Programa de Educação Continuada em Engenha ria II. t.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAF Análise por Árvore de Falhas

ACH Análise de Confiabilidade Humana

AQR Análise Quantitativa de Riscos

ATHEANA A Technique for Human Error Analysis

CADET Critical Action and Decision Evaluation Technique

CES Cognitive Environment Simulation

CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CM Confusion Matrices

COGENT Cognitive Event Tree System

CREAM Cognitive Reliability and Error Analysis Method

EPC Error Producing Conditions

GEMS Generic Error-Modelling System

HEA Human Error Analysis Technique

HEART Human Error Assessment and Reduction Technique

HEP Human Error Probability

HFAM Human Factor Analysis Methodology

HITLINE Human Interaction Timeline

HTA Hierarchical Task Analysis

IDA Influence Diagram Analysis

IMAS Influence Modelling and Assessment Systems

IPL Independent Protection Layer

IR Índice de Risco

LOPA Layer of Protection Analysis

MVC Monocloreto de Vinila

NRC Nuclear Regulatory Commission

OAET Operator Action Event Trees

PHA Process Hazard Analysis

PHEA Predictive Human Error Analysis

PIFs Performace Influencing Factors

PGR Programa de Gerenciamento de Riscos

PVC Policloreto de Vinila

SPEAR Systems for Predicting Human Error and Recovery

SRK Skill-, Rule- and Knowledge-based Behaviour

STAHR Socio-Technical Assessment of Human Reliability

THERP Technique for Human Reliability Analysis

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RESUMO

Esta monografia tem o objetivo de analisar algumas metodologias de

confiabilidade humana buscando avaliar as probabilidades de erros humanos

levando em consideração fatores observáveis e cognitivos. A motivação é que

atualmente no Brasil a frequência da falha humana é avaliada de forma subjetiva e

conservativa quando comparada com falhas de equipamentos e sua quantificação

poderia ser elaborada através de métodos que poderiam representar com mais

realidade o risco. O desenvolvimento consistiu da avaliação de algumas

metodologias de confiabilidade humana e de tomada de decisão. Seguido de uma

aplicação prática da avaliação da confiabilidade humana no acidente ocorrido em

2004 na Formosa Plastics Corp. Illiopolis. Inicialmente através do método analítico

de ação orientada HTA (Hierarchical Task Analysis), seguido da análise dos erros

humanos através do desenvolvimento da PHEA (Predictive Human Error Analysis) e,

da utilização da metodologia SPEAR (Systems for Predicting Human Error and

Recover) para avaliação qualitativa e quantificação através da AAF (Análise por

Árvore de Falhas) e HEART (Human Error Assessment and Reduction Technique). A

representação do cenário acidental foi desenvolvida por duas formas diferentes,

através do diagrama de influência cuja efetividade das recomendações foram

analisadas através do Método de Pontuação Ponderada representando o foco

gerencial, e através do método de HEART e AAF representando o foco operacional.

Palavras-chave: Tomada de decisão, Confiabilidade humana, Acidente de

Formosa-IL, Probabilidade de erro humano, Fatores influenciadores de desempenho.

Page 6: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

ABSTRACT

The objective of this study is to analyze some methodologies of human

reliability considering the external (observable) and internal (cognitive) factors. The

driver is that nowadays in Brazil the frequency of human failure is evaluated in a

subjective and conservative way when compared to equipment failure and its

quantification could be developed using methods that represent the risk with closer to

reality. The development was based on the evaluation of some methodologies of

human reliability and decision making. Followed by a practical application of human

reliability assessment of an accident occurred in 2004 on Formosa Plastics Corp.

Illiopolis. Initially through analytical methodology action oriented of HTA (Hierarchical

Task Analysis), followed by human error analysis using PHEA (Predictive Human

Error Analysis) and the qualitative analysis using SPEAR (Systems for Predicting

Human Error Analysis) and quantitative assessment using FTA (Fault Tree Analysis)

and HEART (Human Error Assessment and Reduction Technique). Accidental

scenario was represented in two different forms, by an influence diagram which

effectiveness of the recommendations was analyzed using Weighed Score Method

representing the management focus and HEART and AAF methods representing the

operational focus.

Keyword: decision making, human reliability, accident in Formosa-IL, human

error probability, performance factors influence

Page 7: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................8

1.1 OBJETIVO......................................................................................................10 1.2 JUSTIFICATIVA..............................................................................................11

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................ .............................................12

2.1 CONFIABILIDADE HUMANA .........................................................................14 2.1.1 A Prevenção de Acidentes do Ponto de Vista Tradicional ...........................15 2.1.2 A Engenharia dos Fatores Humanos e Ergonômicos ..................................16 2.1.2.1 Relação do Erro Humano e a Interface Homem- Máquina........................17 2.1.3 Solução Típica para o Erro Humano............................................................18 2.1.4 O Erro Humano da Perspectiva Cognitiva ...................................................19 2.1.4.1 Classificação do erro humano na perspectiva cognitiva............................21 2.1.4.2 Modelo de “Escada Portátil” ......................................................................22 2.1.5 Performance Influencing Factors (PIF) ........................................................23 2.1.6 Categorias das aplicações de acordo com a visão SRK (Skill-, Rule- and

Knowledge-based Behaviour) ......................................................................26 2.1.7 Generic Error-Modelling System (GEMS) ....................................................28 2.1.8 Perspectiva sócio-técnica ............................................................................30 2.1.8.1 Human Factor Analysis Methodology (HFAM) ..........................................30 2.2 TOMADA DE DECISÃO .................................................................................31 2.2.1 Processo de Decisão ...................................................................................32 2.3 ACIDENTE DA FORMOSA PLASTICS CORP. PLANTA DE PVC – ILLIOPOLIS, ILLINOIS ..............................................................................................33

3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................. ...............................................34

3.1 METODOLOGIA UTILIZADA (PASSO A PASSO) .........................................34 3.2 CONFIABILIDADE HUMANA .........................................................................36 3.2.1 Métodos Analíticos.......................................................................................36 3.2.1.1 Análise da Tarefa ......................................................................................36 3.2.1.2 Técnicas de Ações Orientadas..................................................................36 3.2.1.3 Técnicas de Análises de Tarefas Cognitivas.............................................39 3.2.2 Human Error Analysis Technique (HEA)......................................................43 3.2.2.1 Predictive Human Error Analysis (PHEA)..................................................43 3.2.2.2 Checklists Ergonômicos ............................................................................45 3.2.3 MÉTODOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS.......................................45 3.2.3.1 Systems for Predicting Human Error and Recovery (SPEAR)...................46 3.2.3.2 Processo Quantitativo ...............................................................................48 3.2.3.3 TÉCNICAS QUANTITATIVAS...................................................................49 3.2.3.4 Technique for Human Reliability Analysis (THERP)..................................52 3.2.3.5 Influence Diagram Analysis (IDA)..............................................................54 3.3 TOMADA DE DECISÃO .................................................................................56 3.3.1 Ferramentas de Tomada de Decisão...........................................................56 3.3.1.1 Análise de Custo-Benefício .......................................................................56 3.3.1.2 Métodos de Votação .................................................................................56 3.3.1.3 Método de Pontuação Ponderada.............................................................57 3.3.1.4 Processo de Hierarquia Analítica ..............................................................57

Page 8: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

7

3.4 AVALIAÇÃO CRÍTICA SOBRE O ACIDENTE DA FORMOSA PLASTICS CORP. – ILLIOPOLIS................................................................................................58

4 RESULTADOS....................................... ........................................................60

4.1 SPEAR (SYSTEMS FOR PREDICTING HUMAN ERROR AND RECOVERY) 60 4.1.1 HIERARCHICAL TASK ANALYSIS DE LIMPEZA DOS REATORES..........60 4.1.2 ANÁLISE DOS PIFs.....................................................................................62 4.1.3 METODOLOGIA DE HFAM .........................................................................64 4.1.4 ANÁLISE DOS ERROS HUMANOS (PHEA), DAS CONSEQUÊNCIAS E DA

REDUÇÃO DOS ERROS.............................................................................65 4.2 REPRESENTAÇÃO DO EVENTO ATRAVÉS DE ÁRVORE DE FALHAS.....69 4.2.1 Quantificação dos Eventos Básicos.............................................................70 4.2.2 Análise crítica das probabilidades dos eventos básicos ..............................72 4.2.3 Quantificação do cenário do acidente da Formosa-IL (evento topo)............73 4.3 IDA (INFLUENCE DIAGRAM ANALYSIS)......................................................74 4.4 FOCO DE GESTÃO .......................................................................................75 4.5 FOCO OPERACIONAL ..................................................................................77

5 DISCUSSÕES ................................................................................................78

5.1 ANÁLISE DOS PIFS.......................................................................................78 5.2 HFAM 79 5.3 PHEA 79 5.4 FOCO DE GESTÃO .......................................................................................80 5.5 FOCO OPERACIONAL ..................................................................................81 5.6 COMPARAÇÃO ENTRE O FOCO DE GESTÃO E O FOCO OPERACIONAL 82 5.7 COMENTÁRIOS FINAIS ................................................................................82

6 CONCLUSÕES ..............................................................................................84

7 REFERÊNCIAS..............................................................................................85

8 GLOSSÁRIO ........................................ ..........................................................89

APÊNDICE A - INTERFACE HOMEM-MÁQUINA (ADAPTADO DE WICKENS, 1984)

91

APÊNDICE B – SUMÁRIO DO ACIDENTE DA FORMOSA PLASTICS CORP.

PLANTA DE PVC – ILLIOPOLIS, ILLINOIS ..............................................................94

APÊNDICE C – CÁLCULO DA PROBABILIDADE DOS EVENTOS BÁSICOS

ATRAVÉS DA METODOLOGIA HEART .................................................................109

Page 9: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

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1 INTRODUÇÃO

O interesse sobre o erro humano na confiabilidade do sistema teve origem em

estudos de sistemas militares durante 1950, quando estava claro que a maior parte

das falhas dos sistemas ocorria devido a erros no projeto, fabricação e construção.

Houve uma intensificação da aplicação de técnicas como análises de árvores de

falha para segurança das plantas nucleares e a ocorrência do acidente de Three

Mile Island despertou a necessidade da análise preditiva dos erros humanos.

Confiabilidade Humana é a probabilidade que um trabalho ou tarefa será

completado com sucesso pelo indivíduo em qualquer estágio operacional do sistema

dentro de um tempo mínimo requerido (Meister, 1966).

Inicialmente a avaliação da confiabilidade humana foi utilizada apenas para

complementar os cálculos específicos da engenharia de confiabilidade devido a

necessidade de se utilizar valores de probabilidade de erros humanos nos cálculos

das árvores de falhas. Era uma necessidade considerada bastante mecanicista do

ponto de vista de análise de segurança, considerando o indivíduo como um

componente de hardware com uma determinada função.

A visão mecanicista inicial cujo interesse era apenas o valor probabilístico do

erro humano despertou a necessidade da ampliação dos estudos para as demais

áreas que influenciam o fator humano. De acordo com estudo desenvolvido por

Joshchek em 1981, 80% a 90% de todos os acidentes nas indústrias químicas

ocorrem devido ao erro humano. O erro humano associado a causa de acidentes

vem sendo criticado devido a sua abordagem generalista.

O estudo de 190 acidentes desenvolvido em 1989 por Rasmussen revelou que

34% dos acidentes ocorrem por falta de conhecimento, 32% devido a erros de

projeto, 24% erros de procedimento e 16% por erros pessoais. Estes resultados

demonstram que o erro humano pode possuir causas específicas de origens

bastante distintas e que devem ser exploradas.

A visão clássica dos fatores humanos e ergonômicos considera o

comportamento humano como uma “caixa preta” baseada em entradas de

informações e saídas de ações de controle. A visão cognitiva abre a “caixa preta”.

A perspectiva cognitiva é mais moderna e é baseada na psicologia cognitiva.

Esta perspectiva se baseia no processamento da informação, preocupando-se na

forma como as pessoas adquirem a informação, sua compreensão pessoal e o

Page 10: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

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resultado no seu comportamento. A diferença principal da visão clássica dos fatores

humanos é que a perspectiva cognitiva destaca as intenções, objetivos e significado

como aspectos principais do comportamento humano.

Cada vez mais a avaliação da confiabilidade humana deve abranger fatores

externos e internos dos indivíduos, ou seja, os fatores observáveis e cognitivos

devem ser considerados na análise.

Este trabalho foi basicamente dividido em três fases, a primeira iniciou-se com

o estudo das metodologias de confiabilidade humana e tomada de decisões seguida

da segunda fase de análise do relatório de investigação do acidente ocorrido em

2004 na Formosa Plastics Corp. Illiopolis pela US Chemical Safety and Hazard

Investigation Board (CSB) e a última fase consistiu do desenvolvimento do método

sobre o acidente estudado obtendo-se uma nova avaliação do acidente com o

objetivo de se obter um resultado utilizando-se das metodologias de confiabilidade

humana citadas neste estudo.

Page 11: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

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1.1 OBJETIVO

O objetivo do presente estudo foi analisar algumas metodologias de

confiabilidade humana buscando avaliar as probabilidades de erros humanos

levando em consideração fatores observáveis e cognitivos através da aplicação da

metodologia de Avaliação de Confiabilidade Humana (ACH) de primeira geração

num estudo prático limitado pelas informações fornecidas no relatório de

investigação do acidente ocorrido em 2004 na Formosa Plastics Corp. Illiopolis.

Page 12: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

11

1.2 JUSTIFICATIVA

Os estudos de análise de riscos que são desenvolvidos para atender os

requisitos legais dos órgãos brasileiros como, por exemplo, a CETESB (Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo) possuem orientações para aplicação de técnicas

de confiabilidade humana. O emprego da técnica ainda é abordado de forma

mecanicista, não deixando evidências de estudos relacionados aos aspectos

cognitivos cuja abordagem vem se ampliando significativamente no cenário

internacional.

Segundo o Manual de Orientação para a Elaboração de Estudos de Análise de

Risco P 4.261 publicado pela CETESB em maio de 2003, deve ser realizada uma

estimativa da freqüência de ocorrência dos cenários acidentais identificados através

de registros históricos constantes de bancos de dados ou de referências

bibliográficas e através de AAF (Análise por Árvores de Falhas): A definição de AAF

extraído do manual pode ser visualizada a seguir.

“A Análise por Árvore de Falhas (AAF) é uma técnica dedutiva que permite

identificar as causas básicas de acidentes e de falhas num determinado sistema,

além de possibilitar a estimativa da freqüência com que uma determinada falha pode

ocorrer. Além dos aspectos acima mencionados, a estimativa das freqüências de

ocorrência dos eventos iniciadores deverá também considerar a aplicação de

técnicas de confiabilidade humana para a avaliação das probabilidades de erros

antropogênicos que possam contribuir para a ocorrência dos cenários acidentais.”

O erro humano, apesar de ser o principal fator envolvido nos grandes acidentes

industriais, é considerado nos estudos de risco de forma subjetiva sem a utilização

de metodologias com abordagem cognitiva, e analisada de forma bastante

generalista. A preocupação mecanicista na busca de valores de probabilidade do

erro humano ainda é evidente. Este trabalho busca demonstrar e exemplificar

metodologias que poderiam contribuir para um desenvolvimento dos estudos de

análise de risco considerando uma maneira de avaliação mais consistente dos

fatores humanos.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Pouca evidência estatística dá sustentação a teoria da propensão a acidentes

que demonstra que um pequeno número de indivíduos foi responsável pela maioria

dos acidentes (Shaw e Sichel, 1971). Diante desta concepção, uma série de

programas de modificações comportamentais foi desenvolvida com resultados

positivos conforme McSween, 1993.

Após a II Guerra Mundial com resultado da utilização de sistemas de armas

complexas e dinâmicas, a engenharia de fatores humanos se destacou com o

objetivo de aperfeiçoar as relações dos indivíduos nos sistemas máquina-homem.

Segundo Wilson e Corlett (1990) e Salvendy (1987), a freqüência do erro pode

ser reduzida através do equilíbrio entre demanda da tarefa e capacidade humana.

Sugere-se que o erro humano é evitado através da automatização da planta

que demonstra uma alocação da função, onde o operador que controlava

diretamente o processo passa a ser um monitor do sistema de controle baseado no

computador.

O interesse na questão psicológica surgiu a partir de 1960. Estudos de carga

de trabalho mental foram desenvolvidos demonstrando-se a capacidade dos

humanos de lidar com níveis extremamente elevados de informações em situações

como controle de tráfego aéreo. Outros estudos como de vigilâncias demonstraram

o comportamento do homem em situações de baixo nível de estímulo como

monitoramento de radares representando o extremo oposto do desempenho

humano. Estudos demonstrados por Warm, (1984) remetem a baixa eficiência das

pessoas nas atividades de monitoramento de sistemas automáticos.

A ACH (Análise de Confiabilidade Humana) foi desenvolvida utilizando-se

inúmeras metodologias elaboradas e dividida em modelos de primeira geração e de

segunda geração. Os de primeira geração são na sua maioria representadas pelos

modelos desenvolvidos até início da década de 1990. Segundo Reason, 1990, mais

de trinta metodologias de primeira geração foram criadas, que não consideram as

dependências entre os PIFs (fatores influenciadores de desempenho) e que foram

superados com o desenvolvimento dos modelos de segunda geração.

Os modelos de segunda geração foram desenvolvidos utilizando-se a

experiência operacional e passaram a incluir os erros de comissão que alteram

significativamente a seqüência de um acidente. Estes erros correspondem não só a

Page 14: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

13

falhas na execução de determinados elementos do procedimento como especificado

nos modelos de primeira geração, mas a ações inadequadas e conscientes do

operador após avaliações erradas das condições da planta.

A característica principal de um erro de comissão é que sua conseqüência é

um estado de não disponibilidade de um componente, de um sistema ou de uma

função. Em contrapartida, um erro de omissão é caracterizado pela falta de ação, e

preserva conseqüentemente o status de um sistema, de um componente ou de uma

função.

Os erros de comissão causavam a impressão de ações sem lógicas e sem

sentido e por isso foram tratadas durante muito tempo como deficiências

operacionais da planta. Um estudo posterior da NRC (AEOD/E95-01, 1995)

demonstrou que estes eventos relacionados a intervenção do operador são

importantes modos de falha que podem levar a acidentes catastróficos e por isso

devem ser levados em consideração.

Alguns exemplos, segundo Hollnagel 1988 de modelos de ACH da primeira

geração são:

� Matrizes de confusão (CM): (Potash et al., 1981)

� Avaliação sócio-técnica da confiabilidade humana (STAHR): (Phillips et al.,

1983)

� Técnica para previsão de taxas de erros humanos (THERP): (Swain & Guttman,

1983)

� Árvore de Eventos da Ação do Operador (OAET): (Hall et al. (1982) e Kirwan e

Ainsworth (1993)

� Método de Índice de Freqüência de Sucesso (SLIM): (Embrey et al., 1984)

Alguns exemplos de modelos ACH de segunda geração.

� Simulador de ambiente cognitivo (CES): Woods et al. (1988), Hollnagel (1998)

� Sistema de árvore de eventos cognitivos (COGENT): Gertman et al. (1992;

1993), Hollnagel (1998)

� Uma técnica para análise de eventos causados pelo homem (ATHEANA):

Cooper et al. (1996), Hollnagel (1998)

� Método de análise de erros e confiabilidade cognitive (CREAM): Hollnagel

(1998), Kim (2001).

Page 15: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

14

A seguir encontra-se descrição e detalhes das metodologias estudadas para o

desenvolvimento deste estudo.

2.1 CONFIABILIDADE HUMANA

A visão da engenharia sobre a segurança tradicional relaciona os acidentes e

os erros humanos sendo estes as principais causas quando comparadas a falhas no

sistema. Geralmente estes erros são associados a falta de motivação para o

comportamento seguro, a falta de disciplina ou de conhecimento, que levam aos

atos inseguros, e se combinados com situações inseguras, provocam os grandes

acidentes. A origem desta tendência está na teoria da propensão do acidente que

demonstra que um pequeno grupo de indivíduos foi responsável pela maioria dos

acidentes (Shaw e Sichel, 1971).

Outro elemento que contribui para a responsabilidade individual é a dimensão

da investigação da maioria dos acidentes que geralmente está preocupada em

atribuir a culpa para indivíduos como uma forma de compensação ao invés de

identificar as possíveis causas de erro do sistema.

A perspectiva tradicional de prevenção de acidentes consiste no controle das

condições inseguras através de métodos de eliminação da fonte ou no uso de

salvaguardas ou equipamentos de proteção. Geralmente a maioria dos recursos é

direcionada para eliminação dos atos inseguros através da motivação ou

treinamento com o intuito de mudar o comportamento do trabalhador considerando

que o comportamento inseguro ocorre devido a falta de conhecimento, ou porque a

forma correta da execução da tarefa foi esquecida. A consideração básica é que o

individuo tem a liberdade de escolha para se comportar de maneira insegura.

Esta forma de análise inibe outras causas como procedimentos, treinamentos e

design inadequados e não dá suporte para a investigação da causa raiz do acidente.

Essa conotação de culpa associada ao erro incentiva os trabalhadores a omitirem

incidentes mesmo em condições de perda do controle o que implica em poucas

melhorias nas condições de indução ao erro relacionadas ao feedback dos gerentes

e engenheiros aos operadores.

A visão tradicional tem sido amplamente utilizada pela área de segurança

ocupacional uma vez que dados estatísticos das lesões das pessoas são

rapidamente obtidos. Tais acidentes são tratados através de mudanças no

Page 16: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

15

comportamento, pois podem ser diretamente controladas e previstas. Já nos casos

de segurança de processo, as situações não são tão claras. A utilização de controle

computacional modifica as regras do operador, e este terá de tomar decisões para

corrigir anormalidades e emergências no processo. Nesta situação, treinamentos e

condicionamentos não são suficientes para evitar comportamentos induzidos para

prevenção de acidentes. É essencial que o operador tenha flexibilidade diante de um

grande número de situações que podem não ser necessariamente previstas. Esta

flexibilidade somente será alcançada se o operador tiver suporte extensivo dos

projetistas em relação a qualidade da apresentação das informações do processo,

procedimentos de alta qualidade e treinamento efetivo.

2.1.1 A Prevenção de Acidentes do Ponto de Vista Tr adicional

Segundo AICHE/CCPS, as empresas promovem campanhas de segurança

com a finalidade de levar as pessoas a pensarem ou agirem de forma segura. Estas

campanhas são baseadas na condição de pouca motivação pessoal ou na falta de

percepção do perigo. Existem pelo menos três diferentes formas de campanhas

motivacionais como pôsteres, filmes e prêmios.

Os pôsteres podem ser de quatro tipos distintos: apelativos em relação a

percepção geral do perigo, podem conter avisos ou informações para perigos

específicos, expor informações como por exemplo leis e induzir através do medo.

Filmes geralmente possuem o mesmo conteúdo dos pôsteres, sendo de curta

duração e utilizados durante os treinamentos. Muitas empresas utilizam os prêmios

como incentivos, provocando competições entre departamentos ou plantas.

A efetividade das campanhas motivacionais não é de fácil resposta. Pode ser

medida através da taxa de acidentes. Entretanto as taxas de registros de acidentes

variam de acordo com a realização ou não dos registros dos eventos. A campanha

pode reduzir o desejo do grupo de registrar um acidente ao invés de reduzir

significativamente a ocorrência dos acidentes e incidentes. Outra forma tradicional

de medir a efetividade é através dos indicadores de desempenho como o uso de

equipamento de proteção individual.

Segundo AICHE/CCPS, outra forma de prevenção de acidentes são as

auditorias dos sistemas de gerenciamento de segurança que possuem um conceito

muito útil e um alto grau de validação para a segurança ocupacional. É utilizado para

identificação de problemas óbvios nas áreas e de perigos da planta e para indicar

Page 17: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

16

onde as estratégias para redução dos erros são necessárias. A auditoria pode

indicar um maior comprometimento da força de trabalho com a segurança além de

promover a comunicação mais aberta dos problemas das áreas entre supervisores e

gerentes

Promovem-se também treinamentos que são de extrema importância para

redução das falhas humanas particularmente nas tarefas específicas. Entretanto, as

organizações lidam o problema do erro humano através de treinamentos e os

departamentos de treinamentos se tornaram setores criados devido a fatores de mal

design ou gerenciamento ruim.

2.1.2 A Engenharia dos Fatores Humanos e Ergonômico s

Segundo AICHE/CCPS, a engenharia de fatores humanos tem o objetivo de

aperfeiçoar as relações dos indivíduos nos sistemas máquina-homem. Destacou-se

durante e após a II Guerra Mundial. Nesta época perdiam-se mais aviões por erros

humanos do que por ação do inimigo e ficou demonstrado a grande necessidade de

se considerar fatores humanos com mesmo nível de importância de hardwares.

Segundo AICHE/CCPS, as necessidades práticas dos sistemas militares e

espaciais focam na interface homem-máquina com ênfase nas informações da tela e

no design do controle para minimização dos erros. Os modelos predominantes

naquela época, chamado de comportamental (“behaviorism”) não consideravam o

processo do pensamento e outras características humanas e tinham objetivo apenas

nas entradas e saídas do sistema. Esses sistemas militares possuíam

procedimentos rígidos e não exigiam níveis elevados de habilidade como uma

tomada de decisão ou solução de problemas.

Segundo AICHE/CCPS, a partir de 1960 houve um grande interesse na

questão psicológica. Estudos de carga de trabalho mental foram desenvolvidos

demonstrando-se a capacidade dos humanos de lidar com níveis extremamente

elevados de informações em situações como controle de tráfego aéreo. Outros

estudos como de vigilâncias demonstraram o comportamento do homem em

situações de baixo nível de estímulo como monitoramento de radares representando

o extremo oposto do desempenho humano.

Segundo AICHE/CCPS, este conceito do ser humano como um processador de

canal único da informação foi útil para demonstrar a necessidade do design dos

sistemas levarem em consideração as capacidades e limitações humanas.

Page 18: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

17

Entretanto, não consideram questões como o significado do trabalho para as

pessoas, suas intenções, e tópicos como solução de problemas, tomadas de

decisões e diagnósticos.

Segundo AICHE/CCPS, o erro, do ponto de vista da engenharia dos fatores

humanos, é a conseqüência da imprecisão entre as demandas da tarefa e a

capacidade psíquica e mental do indivíduo ou do grupo operacional. A visão básica

para redução de erros é reduzir a probabilidade do erro através da aplicação de

padrões no design para ajustar a capacidade humana e a demanda da tarefa. A

interface homem-máquina é o foco de interesse da engenharia dos fatores humanos

e ergonômicos.

2.1.2.1 Relação do Erro Humano e a Interface Homem- Máquina

Os erros humanos podem ter origem nos estágios de percepção, tomada de

decisão e ação de controle. A informação pode ser adquirida através da percepção

por diversas vias sensoriais. Podem ser obtidas pela observação do comportamento

dos registros gráficos, telas da unidade visual na sala de controle, comunicação com

os operadores de área, ou observação direta das variáveis do processo.

Segundo RASMUSSEN, durante o estágio sensorial pode haver muitas fontes

de informação e o operador pode ser incapaz de verificar todas elas no tempo

disponível. A informação pode não ser distinguida de imediato devido a sua

incerteza ou não pode ser separada de outras informações semelhantes do

processo. A informação da entrada sensorial é interpretada de acordo com o modelo

mental do processo, que está armazenado na memória de longo prazo e é uma

representação interna do processo e sua dinâmica, que serão utilizados para a

tomada de decisão. Este modelo é construído com base na experiência do

trabalhador na operação da planta onde ele adquire uma sensação intuitiva dos

efeitos das várias ações de controle. Entretanto, se o modelo é baseado somente na

experiência do operador durante condições operacionais normais, podem ocorrer

erros diante de operações anormais onde o modelo não se aplica.

Segundo RASMUSSEN, no estágio de tomada de decisão, as informações do

processo são utilizadas com a memória de trabalho do indivíduo em conjunto com o

modelo mental de longo prazo para se decidir qual a melhor ação a ser tomada. A

tradução entre o estado atual do sistema e o modelo mental é mais facilmente

compreendida através de diagramas esquemáticos e da disponibilidade de sistemas

Page 19: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

18

visuais organizados hierarquicamente que reduzem a carga de processamento de

informação envolvido na tradução das informações visuais da planta em

representações mentais internas do processo.

Segundo WICKENS, a tomada de decisão pode envolver cálculos, referências

a procedimentos e experiências passadas e outros tópicos da memória de longo

prazo, e tudo isso contribui para a carga do trabalho mental. As demandas do

processamento da informação podem ser reduzidas através da previsão da

informação na forma de auxiliadores do trabalho como diagramas de bloco ou

árvores de decisão.

A última etapa do processamento da informação consiste na seleção e

execução da ação de controle. Segundo Wickens, o número de alternativas das

estratégias de controle, as características físicas do controle a ser operado e a

familiaridade com a ação de controle influenciam na complexidade da seleção do

processo.

Segundo AICHE/CCPS, para se minimizar os erros é importante que a pessoa

esteja capacidade mentalmente para suportar a carga mental do trabalho. Se a

carga exceder sua capacidade de forma moderada, o indivíduo é capaz de utilizar a

memória de curto prazo através de estratégias para manter o desempenho.

Entretanto, tais estratégias envolvem elementos de tomada de decisão que

aumentam os desafios psicológicos. Em níveis elevados de carga mental de

trabalho, mesmo que se utilizando de estratégias adequadas, os erros tendem a

aumentar. Nestas situações o processamento da informação baseado no

conhecimento que demanda recursos mentais consideráveis são requeridos para

diagnosticar os possíveis erros que podem ocorrer.

A Interface Homem-Máquina (adaptado de Wickens, 1984) está apresentada e

descrita no Apêndice A.

2.1.3 Solução Típica para o Erro Humano

Segundo AICHE/CCPS, a sugestão mais comum para se evitar o erro humano

é a automatização da planta substituindo o controle manual do operador por

acessórios automáticos e computadores. Esse cenário demonstra uma alocação da

função, onde o operador que controlava diretamente o processo passa a ser um

monitor do sistema de controle baseado no computador. A visão da engenharia é

automatizar todas as funções que são tecnicamente viáveis de serem controladas

Page 20: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

19

por sistemas automáticos, porém, surgem alguns problemas associados como

confiabilidade dos controladores, características das matérias-primas, dentre outros

que podem dificultar o projeto de um sistema automático.

Segundo AICHE/CCPS, os sistemas automáticos requerem monitoramento do

operador que em algumas situações deve assumir o controle. Entretanto, as

habilidades manuais se deterioram quando não são utilizadas regularmente. O

operador deve possuir um conhecimento necessário para lidar com as falhas do

sistema automático, diagnosticando o problema e tomando a devida ação. Essas

habilidades cognitivas, como tomada de decisão, solução de problemas, necessitam

ser praticadas regularmente para manter o conhecimento na memória. Os melhores

métodos para se desenvolver a capacidade cognitiva são através da experiência e

não através de métodos tradicionais de ensino de sala de aula.

Segundo AICHE/CCPS, o monitoramento do operador sobre sistema

automático pode ser denominado de tarefa de vigilância. Nesta tarefa, o operador

necessita ter um modelo do estado da planta de processo adequado para poder ter

um bom diagnóstico no caso da falha do sistema de controle automático. Esse

modelo mental leva tempo para ser construído e numa necessidade de ação rápida,

o operador pode tomar a decisão errada.

2.1.4 O Erro Humano da Perspectiva Cognitiva

Segundo HOLLNAGEL, a perspectiva cognitiva serve como base para a

previsão e classificação dos erros das operações nas indústrias químicas de

processo. A base para se organizar os tipos de erros semelhantes depende do

sistema de classificação dos mesmos. É essencial que tal classificação seja eficiente

a fim de se agregar dados relevantes para se compreender melhor os erros,

identificar os tipos de erros mais comuns, ou para o desenvolvimento de uma base

de dados quantitativa das suas freqüências.

Segundo AICHE/CCPS, a perspectiva clássica utiliza consideravelmente

sistemas de classificação em termos de suas características externas, denominado

de modo de erro externo como, por exemplo, ação omitida, ação tardia, ação em

ordem errada. Observa-se que está teoria não foi desenvolvida considerando que a

forma externa do erro não está relacionada com os processos mentais que levaram

ao erro. Essa forma não permite que os erros sejam classificados de uma forma

Page 21: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

20

sistemática porque os modos de erros externos possuem um grande número de

causas totalmente diferentes.

Exemplo: Considere que um operador cometeu um erro fechando a válvula B

ao invés da válvula A que é a ação requerida no procedimento. As válvulas A e B

estão próximas uma da outra.

A análise do erro da perspectiva dos fatores humanos e ergonômicos seria

generalizada por ação errada.

A análise do erro da visão cognitiva lista pelo menos cinco causas para este

erro:

• Identificação errada da válvula devido a falta de familiaridade ocasionando a

intenção errada (com a identificação errada, o operador fechou a válvula

errada). As válvulas estão próximas e poderiam estar sem identificação ou

com a mesma deficiente. O operador pode não estar familiarizado com o

posicionamento das válvulas e pode escolher a válvula errada.

• Falha na comunicação ocasionando uma intenção errada. O operador pode

não ter ouvido corretamente a instrução que recebeu do supervisor e concluiu

que a válvula B que deveria ser fechada.

• Execução errada da ação. Devido a proximidade das válvulas, embora o

operador tivesse a intenção de fechar a válvula A, ele inadvertidamente

fechou a válvula B.

• Influência da rotina e distração externa. Como o operador frequentemente

poderia ter a ação de fechar a válvula B rotineiramente, ele poderia saber que

teria que fechar a válvula A, mas se distraiu e fechou a válvula B.

• Violação resultada de uma informação errada e cultura informal da companhia

em se concentrar na produção ao invés da segurança (intenção errada). O

operador poderia saber que a válvula A deveria ser fechada, entretanto

acreditava, apesar de contrariar as instruções operacionais, que fechando a

válvula B, tinha um efeito similar ao fechar a válvula A.

É evidente que a análise do erro na visão do modo externo não esclarece tanto

quanto a visão cognitiva. Se há necessidade de se desenvolver medidas para

redução dos erros devem-se avaliar exaustivamente os tipos específicos de erros

que podem ocorrer diante das diversas condições específicas.

Page 22: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

21

2.1.4.1 Classificação do erro humano na perspectiva cognitiva

Segundo REASON, a classificação das formas do erro humano é dada a seguir

na Figura 2.1. Os deslizes e lapsos são erros cuja intenção é correta, mas ocorre

uma falha na execução das atividades requeridas. Já os enganos ocorrem quando a

intenção é incorreta que leva as seqüências de ações incorretas.

Segundo AICHE/CCPS, os erros devido a deslizes estão na categoria baseada

na habilidade e correspondem a erros de aplicação da competência em atividades

rotineiras envolvendo trabalhadores habilidosos. As categorias baseadas na

habilidade não demandam muito controle da consciência o que torna as distrações

potenciais fontes de erros. Diferentemente, os enganos são erros baseados nas

regras e conhecimentos. Os erros baseados nas regras podem surgir de

diagnósticos incorretos que levam as ações incorretas. No caso de erros baseados

no conhecimento, estes dependem de outros fatores como estresse, situação não

familiar, rotinas e procedimentos. Nesta situação o individuo não terá regras para

lidar com o desvio e suas características comportamentais serão essenciais para a

solução do problema.

Figura 2.1 – Classificação do erro humano

Fonte: (Reason, 1990) adaptado

Page 23: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

22

2.1.4.2 Modelo de “Escada Portátil”

O modelo de desempenho humano demonstra os vários estágios que um

operador passa durante a realização do controle de um distúrbio do processo. Este

modelo foi desenvolvido por Rasmussen, 1986 e é conhecido como modelo de

“Escada Portátil” e pode ser visualizado na Figura 2.2.

Figura 2.2 – Modelo de Tomada de Decisão que inclui feedback

Fonte: (Rasmussen, 1986) adaptado

Conforme RASMUSSEN observa-se que após o sinal de alerta do sistema, se

a situação é imediatamente conhecida uma resposta automática é executada no

modo baseado na habilidade. Caso o problema não seja evidente, talvez seja

necessário passar para o nível baseado na regra identificando o estado da planta.

Se o diagnóstico for conhecido, pode-se selecionar a resposta apropriada baseada

na regra de ação e o controle retorna para o nível baseado na habilidade. O último

nível baseado no conhecimento será alcançado caso o problema não seja resolvido

no estágio da regra e funções mais complexas como avaliação e planejamento

deverão ser utilizadas. É de extrema importância sempre observar os feedbacks do

sistema para se certificar que as atividades corretas estão sendo realizadas.

Page 24: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

23

2.1.5 Performance Influencing Factors (PIF)

Segundo EMBREY, PIF (Performance Influencing Factors) são fatores que

determinam a freqüência do erro ou do desempenho da eficiência humana e não

devem ser diretamente associados com o erro humano. Estes fatores podem ser

representados pela qualidade dos procedimentos, o nível do stress associado ao

tempo, a efetividade do treinamento. Fazendo uma analogia com os hardwares, os

PIFs corresponderiam aos fatores de design, operacionais e de manutenção que

influenciam na confiabilidade do equipamento. Entretanto as variáveis que

influenciam o desempenho humano são muito mais numerosas que os parâmetros

de hardware o que torna o estudo da confiabilidade humana menos previsível.

Os fatores são utilizados principalmente em aplicações como auditoria de uma

planta existente para identificação de problemas de área de forma pró ativa para

redução de erros. Pode ser utilizado como parte do processo para investigação de

incidentes, em estudos de avaliação de riscos para análise de aspectos da

confiabilidade humana de forma qualitativa para previsão de possíveis erros e na

avaliação das condições operacionais das atividades. Nestas análises, deve-se

avaliar a situação numa escala numérica.

Segundo EMBREY, a estrutura de classificação dos PIFs é baseada no modelo

de desequilíbrio entre demandas e recursos. As demandas representam os

requerimentos para desempenho humano que surgem das características do

ambiente de processo e da natureza da capacidade humana para satisfazer as

demandas que são controladas pelos recursos de pessoas e pela eficiência do

design. Quando a demanda é maior que os recursos, erros são esperados.

Segundo AICHE/CCPS, as demandas e os recursos são influenciados pela

política de gerenciamento. A fim de se assegurar alocações corretas da função entre

homem e máquina, as capacidades humanas devem ser ajustadas para atenderem

as demandas e os recursos podem ser maximizados através da otimização dos PIFs

que podem ser classificados em três categorias relacionando as demandas,

recursos e políticas.

A Tabela 2.1 demonstra uma possível divisão dos itens, segundo

AICHE/CCPS, que classificam os fatores influenciadores de desempenho.

Page 25: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

24

Tabela 2.1 – Estrutura de classificação dos PIFs Grupo Categoria Intermediária Categorias Específicas

Frequência do envolvimento pessoal Complexidade dos eventos de processo Percepção do perigo Dependência do tempo

Ambiente do Processo Químico

Eventos súbitos Ruído Iluminação Condições térmicas

Ambiente do Trabalho Físico

Condições atmosféricas Turno e descansos

Ambiente Operacional

Regime do Trabalho Regime dos turnos e trabalhos noturnos Local/acesso Identificação Design do Equipamento Equipamentos de Proteção Individual Conteúdo e relevância da informação Identificação dos displays e controles Compatibilidade com as expectativas dos usuários Grupo da informação

Design do Painel de Controle

Visão da informações críticas e alarmes Clareza das intruções Nível da descrição Especificação das condições de entrada/saída Qualidade das verificações e avisos Grau do suporte do diagnóstico de falha Compatibilidade com a experiência operacional

Auxiliadores de Trabalho e Procedimentos

Frequência das atualizações Conflitos entre segurança e requerimentos da produção Treinamento na utilização de equipamentos novos Práticas com situações não familiares Treinamento na utilização de procedimentos de emergência

Características da Tarefa

Treinamento

Treinamento em trabalhos com sistemas automáticos Grau de habilidade

Experiência Experiência com eventos de processo stressantes Motivação Assumidor de riscos Teoria da homeostasi de risco Controle do loco Controle emocional

Fatores de Personalidade

Tipo "A" vs. Tipo "B"

Características do

Operador

Condição Física e Idade - Distribuição da carga de trabalho Clareza das responsabilidades Comunicações Autoridade e liderança

Trabalho em Equipe e Comunicações

Planejamento e organização do grupo Comprometimento da gerência Perigos da cultura "regra do livro" Excesso de confiança nos métodos técnicos de segurança

Fatores Organizacio

nais e Sociais

Políticas de Gerenciamento

Aprendizado organizacional

Page 26: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

25

Nas indústrias de processo, o trabalhador está sujeito a um combinação dos

diferentes PIFs listados anteriormente. Importante observar que os PIFs não estão

apenas associados a erros humanos mas também podem colaborar de forma

positiva para o indivíduo. O melhor desempenho do trabalhador será atingido

quando todos os fatores relevantes a uma situação particular forem eficazes. Os

PIFs interagem entre eles de forma complexa.

Segundo AICHE/CCPS, os PIFs podem ser negativos em condições adversas,

por exemplo, durante situações de emergência onde o operador atua sob pressão

para adquirir informações, interpretá-las e tomar as decisões corretas antes da

ocorrência de conseqüências sérias. A emergência se caracteriza por ter um

ambiente de alto risco, alta dependência do tempo, alta carga de tarefa e

complexidade, condições de processo não-habituais, alto nível de ruído devido aos

alarmes e longas jornadas para execução da tarefa. Nestas situações, o trabalhador

pode ter dificuldades na solução de um problema e seu pensamento pode estar

polarizado o que o torna mais vulnerável ao erro.

Segundo AICHE/CCPS, os primeiros sintomas de estresse dos operadores

surgem diante da relação entre os fatores estressantes e utilização dos recursos

disponíveis. Fatores estressantes estão principalmente associados ao ambiente

operacional, podendo ser externos tais como deficiências nos procedimentos,

treinamentos, problemas na área do grupo de trabalho e gerenciamento da

segurança e internos como sobrecarga do operador, conflitos entre requisitos de

produção e segurança, ambigüidade nas regras dos operadores, deficiência na

comunicação e coordenação da equipe. O impacto na confiabilidade humana pode

ser negativo e diante de uma situação de emergência, os operadores podem estar

sob grande carga de estresse quando notarem que os recursos são insuficientes.

O estudo de Kontogiannis e Lucas (1990) demonstra uma classificação do

fenômeno cognitivo que ocorre sob estresse baseada em números de casos de

diversos setores industriais. O fenômeno cognitivo ilustra de uma forma prática como

o mecanismo psicológico pode ocasionar erros sob estresse. Estes fenômenos que

são únicos de cada indivíduo e caracterizam as diferenças de desempenho durante

situações de emergência explicam porque os PIFs variam nessas situações. A

Tabela 2.2 apresenta estes fenômenos.

Page 27: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

26

Tabela 2.2 – Fenômenos Individuais e Cognitivos sob Estresse (Kontogiannis e Lucas, 1990) Fenômeno Peculiaridades

Evitar como ato defensivo

A pessoa deixa de focar sua atenção em atos ameaçadores deixando de prestar atenção nos perigos através da realização de outras atividades para se distrair. Outra forma é passar a atividade para outra pessoa tomar a decisão.

Conformidade do grupo consolidada

Tendência do grupo de proteger seu consenso pressionando aqueles que discordam e mostrando informações que "quebram" a complacência do grupo.

Assumidor de risco aumenta

Indivíduos tendem a assumir riscos "maiores" quando trabalham em grupo do que sozinhos. Possíveis explicações: ilusão que o controle do sistema é invulnerável, difusão da responsabilidade de problemas potenciais, presença de pessoas persuasivas que assumem posições de risco e o aumento da familiaridade do problema através de discussões.

Vivenciar o passado Grupos sob estresse procuram se concentrar em explicações de fatos que já foram anulados por eventos recentes.

Tendência de assumir o controle da situação

Pessoas tendem a tentar controlar a situação ao invés de delegar responsabilidades.

Adotar estratégia "esperar para ver"

Como a crise se torna mais crítica, as pessoas ficam mais relutantes diante de tomada de decisões imediatas e esperam para obter informações redundantes.

Paralisia mental temporária

Incapacitação em curto prazo da capacidade do uso da informação disponível. Mudança repentina da sob para supra estimulação em tempos de crise.

Concentração reduzida em curto espaço de

tempo Capacidade de prestar atenção é reduzida com o estresse.

"Visão de túnel" cognitiva

Conhecida como hipótese da "ancoragem". O operador tende a procurar informações que confirmem a hipótese formulada inicialmente sobre o estado de processo e desconsidera a informação que não confirma a hipótese.

Rigidez da solução do problema

Tendência de se utilizar as soluções "fora da prateleira" que não são necessariamente as mais eficientes.

Polarização do pensamento

Tendência de explicar o problema através de uma única causa global ao invés de causas combinadas.

Formato de "cisto" e temática de "vagabundo"

Temática de "vagabundo" ocorre quando os pensamentos das pessoas "voam" nas questões, tratando-as superficialmente. Formato de "cisto" ocorre quando tópicos desnecessários prevalecem com excesso ou falta de detalhes enquanto que assuntos importantes são desconsiderados.

Estereótipo assumidor do controle

Reversão para uma forma de comportamento de modo habitual ou pré-programado derivado de experiências do passado com uma situação similar.

Vigilância excessiva Pânico ocorre levando ruptura da linha de pensamento da pessoa. Uma pessoa pode falhar ao reconhecer todas as alternativas abertas a ele e se trancar apressadamente numa oferta que parece ser uma solução imediata.

2.1.6 Categorias das aplicações de acordo com a vis ão SRK (Skill-, Rule- and

Knowledge-based Behaviour)

Segundo AICHE/CCPS, a visão cognitiva é de grande valor ao prover relações

entre o trabalho cognitivo dos psicólogos e as preocupações práticas dos

engenheiros nas indústrias de processo. Algumas aplicações que representam essa

relação foram desenvolvidas como estratégias de design para redução dos erros,

previsão dos erros para análise de segurança e identificação da causa-raiz dos erros

nas análises de acidentes. Essas aplicações requerem categorização das tarefas de

Page 28: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

27

acordo com a visão SRK (Skill-, Rule- and Knowledge-based Behaviour), e esse

processo está demonstrado, de forma simplificada, na Figura 2.3

Figura 2.3 – Diagrama para classificação dos proces sos SRK

Fonte: AICHE/CCPS

As tarefas devem ser classificadas como uma tendência para determinada

categoria, pois nunca estarão exatamente numa única categoria. Uma tarefa

classificada como predominantemente baseada na habilidade tem diversas

implicações nas propostas de redução do erro.

Segundo AICHE/CCPS, os treinamentos devem focar os aspectos práticos da

tarefa com freqüentes feedbacks para garantir que as ações estão sendo

executadas de forma não consciente. Em relação a procedimentos, os mesmos não

devem ser desenvolvidos extensivamente detalhando-se cada passo porque as

ações baseadas na habilidade são executadas automaticamente. As formas mais

apropriadas para facilitar o trabalho são através da utilização de checklists

Page 29: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

28

especificando o início de cada seqüência de ações com alguns pontos específicos

para checar se cada atividade foi corretamente executada.

O modelo SRK pode ser usado para eliminação de erros com sérias

conseqüências antes que os mesmos ocorram. A partir das análises de previsão de

erros, podem-se melhorar os procedimentos, treinamentos e design de

equipamentos reduzindo-se a freqüência de ocorrência dos erros para níveis

aceitáveis.

A análise da causa-raiz dos erros nas análises de acidentes pode ser

desenvolvida de forma pró-ativa através do modelo SRK com o desenvolvimento do

modelo de erro seqüencial. O erro observado pode ter origem de várias causas

específicas. O diagrama de blocos representado na Figura 2.4 foi desenvolvido por

Rasmussen (1981, 1986) como modelo seqüencial da cadeia causal ocasionando

um erro.

Figura 2.4 – Modelo Sequêncial da Cadeia Causal de Erros

Fonte: AICHE/CCPS (Rasmussen, 1982) adaptado

Segundo RASMUSSEN, o modelo basicamente identifica os diversos

processos que interferem entre o evento iniciador e a forma observada externa do

erro (modo de erro externo). A consequência deste erro é incerta, dependendo de

diversos fatores. Os modos de erros internos são intrínsecos da tendência do erro e

representa os diversos momentos em que o individuo atua.

2.1.7 Generic Error-Modelling System (GEMS)

O GEMS (Generic Error-Modelling System) foi desenvolvido para

complementar a visão do SRK e foi descrito detalhadamente por Reason (1990). O

Page 30: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

29

objetivo é descrever como ocorre a transição entre os diferentes modos SRK nas

tarefas da indústria química de processo.

A Figura 2.5 representa a dinâmica do modelo GEMS desenvolvido por

Reason.

Figura 2.5 – Dinâmica do sistema do modelo do erro genérico (GEMS)

Fonte: (Reason, 1990) adaptado

O primeiro nível representa a execução de uma série de rotinas operacionais

em que o operador tem muita prática e executa as tarefas de forma automática

(nível baseado na habilidade) monitorando os pontos indicados por pelo losango

verde. Se num destes pontos, houver algum problema, por exemplo, através de

alarmes, o trabalhador passará para o nível baseado na regra a fim de se determinar

a natureza do problema. Nesta etapa o operador talvez precise coletar informações

de várias fontes como registros gráficos, telas para poder realizar o diagnóstico

correto obtendo-se as possíveis causas e posteriormente tomar a apropriada ação.

Page 31: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

30

Se após a execução da ação, não houver mais problemas, o operador

retornará ao estado original da seqüência baseada na habilidade. Caso o problema

não esteja solucionado, o operador deverá coletar mais informações para tentar

identificar os sintomas relacionados as possíveis causas conhecidas.

Caso o problema não seja resolvido após a aplicação das regras

(procedimentos) disponíveis, o trabalhador deverá passar para o nível baseado no

conhecimento. A primeira etapa neste nível é tentar encontrar uma analogia entre a

situação não familiar com a lista de eventos em que as regras estão disponíveis no

nível baseado na regra. Se houver relação entre este novo diagnóstico e a regra, o

operador retornará para o nível baseado na regra. Entretanto, se não for encontrado

uma analogia semelhante, será necessário recorrer ao conhecimento da engenharia

para lidar com a situação.

2.1.8 Perspectiva sócio-técnica

Segundo EMBREY, esta perspectiva surgiu com a percepção de que o

desempenho humano em níveis operacionais não poderia estar desassociado dos

fatores culturais, sociais e políticas de gerenciamento da empresa. A visão do

sistema é de cima para baixo, ou seja, deve começar da alta gerência e devem-se

levar em consideração as implicações das políticas de gerenciamento a todos os

níveis da organização, principalmente relacionadas ao sistema de segurança,

qualidade e produtividade.

Segundo EMBREY, os piores acidentes ocorrem devido a uma combinação de

erros ativos, falhas latentes e cultura inapropriada. É necessário ir além das causas

diretas dos erros, investigando as falhas gerenciais que podem afetar negativamente

os fatores influenciadores de desempenho a nível operacional. A política de

gerenciamento pode influenciar a freqüência dos erros através de sua relação com a

cultura organizacional da empresa.

2.1.8.1 Human Factor Analysis Methodology (HFAM)

As primeiras descrições desta metodologia foram desenvolvidas por

Pennycook e Embrey (1993) e se baseia no conceito de sistemas induzidos a erros

onde o controle do erro deve ser realizado através de melhorias no ambiente ou no

sistema de gerenciamento e não diretamente na mudança do comportamento. A

Page 32: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

31

análise dos fatores humanos é desenvolvida através de uma série de questões

obtendo-se um diagnóstico através de uma pontuação.

A Tabela 2.3 mostra os fatores utilizados na análise HFAM (Human Factor

Analysis Methodology) conforme Embrey. Esses fatores são avaliados nos diversos

níveis de profundidade e dependem das deficiências encontradas em cada resposta.

O processo para solução dos problemas encontrados não serão tratados nas

deficiências específicas encontradas no nível operacional por exemplo, mas serão

consideradas mudanças na política de gerenciamento.

Tabela 2.3 –Fatores Humanos para HFAM Fatores de Nível Gerencial Fatores Genéricos de Nível

Operacional Fatores Específicos do

Trabalho de Nível Operacional

1. Prioridades de segurança 2. Grau de participação 3. Efetividade da comunicação 4. Efetividade da investigação

do incidente 5. Efetividade do sistema de

desenvolvimento de procedimentos

6. Efetividade do sistema de treinamento

7. Efetividade da política de design

8. Gerenciamento do processo 9. Design e planejamento do

trabalho 10. Segurança do trabalho 11. Plano de resposta a

emergência 12. Treinamento 13. Fatores de grupo de

trabalho 14. Padrão de trabalho 15. Fatores de estresse 16. Fatores individuais 17. Ferramentas e

procedimentos de trabalho

18. Sistemas baseado em computadores

19. Design do painel de controle

20. Local do trabalho 21. Manutenção

2.2 TOMADA DE DECISÃO

Segundo AICHE/CCPS, a Tomada de Decisão é conceitualmente associada a:

a) Princípios de avaliação econômica, que considera o valor do dinheiro

relacionado a investimentos e pagamentos.

b) Regras de decisão, relacionadas aos critérios da empresa.

c) Externalidades, representando os efeitos secundários indiretos da ação.

d) Valores da vida, incertezas e análise de risco.

Segundo AICHE/CCPS, decisões de negócios, que envolvem riscos de

processo, se tornaram mais complexas e críticas. Assim, e para garantir o sucesso

da indústria na escolha das melhores decisões, algumas ferramentas e métodos

foram desenvolvidos para dar suporte aos tomadores de decisões.

Historicamente, a tomada de decisão é diretamente relacionada com a

avaliação dos riscos, baseada em padrões, experiências e boas práticas de

Page 33: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

32

engenharia sem a necessidade de um processo de decisão formal. Este estudo

aborda riscos relacionados a eventos com efeitos físicos agudos como incêndios,

explosões, liberações de gases tóxicos, dentre outros.

Normalmente as indústrias de processo utilizam critérios quantitativos

associados a segurança para avaliação do risco. Este critério pode ser definido por

órgãos governamentais que especificam os limites para riscos individuais e sociais,

acima dos quais não são toleráveis.

O gerenciamento do risco é de responsabilidade dos gerentes e o primeiro

passo consiste na identificação dos perigos e avaliação dos riscos estabelecendo as

possíveis ameaças as pessoas, propriedade ou ao meio ambiente. Dependendo do

nível do risco, algumas decisões devem ser tomadas para reduzir ou eliminá-lo

priorizando aqueles de níveis mais altos. Entretanto, nenhuma empresa possui

recursos infinitos disponíveis para investir neste controle que é um processo

repetitivo de tomada de decisão que pode se tornar complexo quando demandam

grandes investimentos. Nestes casos, deve-se assegurar que os recursos serão

utilizados de forma efetiva através de justificativas lógicas e consistentes.

2.2.1 Processo de Decisão

Segundo AICHE/CCPS, o processo da tomada de decisão é complexo

possuindo um grande número de questões inter-relacionadas e tempo-dependente.

Também é influenciado pelas incertezas dos dados, confiabilidade, custo, tempo e

visibilidade. Além disso, pode ter objetivos múltiplos, por exemplo, satisfazer critérios

relacionados a segurança das pessoas, proteção dos ativos, impactos ambientais,

disponibilidade do tempo e minimização dos custos. As perspectivas que dependem

das decisões das partes interessadas podem trazer diferentes valores, crenças e

opiniões interferindo na importância das diferentes questões. A forma simplificada do

processo de decisão pode ser visualizada, na Figura 2.6..

Figura 2.6 – Processo de Decisão de Risco

Fonte: AICHE/CCPS

Problema

Definição do

Problema

Estimativa e

Avaliação do

Risco

Determinação

das ações

necessárias

Identificar e

Analisar as

Alternativas

Analisar o

Problema

Tomada de

Decisão

Page 34: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

33

É importante destacar que a escolha da ferramenta de decisão deve ser

realizada baseada nas necessidades da organização. Alguns aspectos que

influenciam esta escolha são: disponibilidade de recursos, complexidade do

problema, importância da decisão, envolvimento do grupo e necessidade de

quantificação. Do ponto de vista das ferramentas, elas se diferenciam principalmente

em termos de recursos requeridos, complexidade da análise, rigor lógico, foco do

grupo, capacidade de quantificação e de registro.

2.3 ACIDENTE DA FORMOSA PLASTICS CORP. PLANTA DE PV C –

ILLIOPOLIS, ILLINOIS

Toda a descrição do acidente foi extraída e resumida do relatório de

investigação “Investigation Report – Vinyl Chloride Monomer Explosion” publicado

em março de 2007 pela U.S. CHEMICAL SAFETY AND HAZARD INVESTIGATION

BOARD – CSB e está apresentada no APÊNDICE B.

Page 35: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

34

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste item estão apresentados os detalhes dos materiais e métodos que foram

considerados e utilizados para o desenvolvimento da avaliação do acidente da

Formosa-IL ocorrida em 2003. A descrição simplificada do relatório de investigação

pode ser encontrada no APÊNDICE B. O lay-out da instalação da Formosa-IL pode

ser observado na Figura 3.1.

Figura 3.1 – Lay-out da planta de Formosa-IL

(fonte: “Investigation Report – Vinyl Chloride Mo nomer Explosion” – CSB)

3.1 METODOLOGIA UTILIZADA (PASSO A PASSO)

A metodologia ACH utilizada neste estudo pode ser observada na Figura 3.2 –

SPEARFigura 3.2 a seguir.

Figura 3.2 – SPEAR

Fonte: AICHE/CCPS

Page 36: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

35

1. A primeira etapa da metodologia de Avaliação de Confiabilidade Humana

consistiu nas Análises gerais e identificação das interações humanas. A atividade

crítica já identificada pela CSB foi a atividade de limpeza dos reatores.

Normalmente, diante de uma instalação, devem-se obter estas informações das

atividades mais críticas da operação e manutenção diretamente com a equipe

operacional através do desenvolvimento de reuniões que estimulem um diálogo

transparente sobre as atividades realizadas na indústria.

2. A segunda fase consistiu da aplicação da metodologia SPEAR (Systems for

Predicting Human Error and Recovery), cujo primeiro item foi a Análise da tarefa. Foi

utilizada a técnica de ação orientada HTA (Hierarchical Task Analysis) na forma de

organograma e na forma tabular para representação da atividade de limpeza do

reator. Optou-se pela utilização dessa técnica devido a limitação das informações

sobre o acidente, uma vez que para a utilização de técnicas cognitivas como a

CADET (Critical Action and Decision Evaluation Technique) e a IMAS (Influence

Modelling and Assessment Systems) seria necessário uma quantidade muito maior

de informações sobre a operação de limpeza do reator.

a. A etapa de análise dos PIFs foi desenvolvida conforme Tabela 2.1.

b. As três últimas etapas do SPEAR foram elaboradas conforme a

metodologia PHEA (Predictive Human Error Analysis) que obteve os

resultados de forma tabular mantendo uma associação lógica entre os

tipos de erros humanos, suas conseqüências e medidas de redução de

risco.

3. A terceira etapa constituiu da representação do acidente da Formosa-IL.

Primeiramente foi elaborada a representação através de AAF e outra representação

através de IDA ((Influence Diagram Analysis).

4. Na última fase de quantificação foi utilizada a metodologia HEART (Human

Error Assessment and Reduction Technique) para estimativa da probabilidade do

erro humano e quantificação da AAF e o Método de Pontuação Ponderada para

quantificação da IDA.

Page 37: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

36

3.2 CONFIABILIDADE HUMANA

3.2.1 Métodos Analíticos

3.2.1.1 Análise da Tarefa

Segundo EMBREY, a análise de tarefa pode ser utilizada de forma ampla

englobando uma grande variedade de técnicas de fatores humanos. Pode ser

aplicado com a finalidade de eliminar as condições que levam aos erros durante o

desenvolvimento do projeto ou para assegurar que a nova configuração não induzirá

aos erros. Há duas vertentes, uma orientada na ação e outra na visão cognitiva. A

primeira proporciona uma descrição dos aspectos observáveis do comportamento do

operador com algumas indicações da estrutura da tarefa. Já a visão cognitiva tem o

foco no processo mental que constituem a base do comportamento observado.

Segundo AICHE/CCPS, o método é muito eficiente para auxiliar no

desenvolvimento de procedimentos operacionais para se atingir o objetivo da tarefa.

Nas plantas de processo, procedimentos operacionais inadequados ou

desatualizados são fontes para gerar discrepâncias entre as diversas formas que os

operadores de diferentes turnos executam uma tarefa.

Segundo KIRWAN, os resultados da análise de tarefa possuem uma grande

variedade de informações que são úteis para os métodos de previsão e prevenção

de erros. Esses resultados são os pontos de partida para a Análise do Erro Humano

que analisa com mais detalhes os aspectos que contribuem para o erro humano.

Dependendo da finalidade que será utilizada o estudo, pode-se elaborar uma

combinação entre a Análise da Tarefa e as técnicas de Análise do Erro Humano.

3.2.1.2 Técnicas de Ações Orientadas

3.2.1.2.1 Hierarchical Task Analysis (HTA)

Segundo EMBREY, a HTA (Hierarchical Task Analysis) é um método

sistemático para descrever como o trabalho é organizado para atender o objetivo

geral da tarefa. Abrange a identificação descendente, isto é, a identificação do

objetivo de cima para baixo, seguida das diversas subtarefas e as condições em que

são realizadas para atingir o objetivo. Desta forma os planejamentos mais

complexos das tarefas podem ser representados como uma hierarquia das

operações e dos planos. HTA foi desenvolvida por Annet et al. (1971) e

Page 38: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

37

posteriormente elaborada por Duncan (1974) e Shepherd (1985) como um método

geral para representação de diversas tarefas industriais envolvendo um significativo

planejamento. Embora a técnica tenha sido desenvolvida para o treinamento do

controle de processo, foi utilizada também em outras aplicações como

desenvolvimento dos displays, procedimentos, organização do trabalho e análise do

erro humano.

HTA se baseia inicialmente no objetivo que a pessoa deve alcançar que é

desenvolvido com um conjunto de operações e de planos especificando quando

serão realizados. O plano é essencial para a análise, pois descreve as fontes de

informações que o trabalhador deve atender.

Segundo AICHE/CCPS, na elaboração de um HTA, o detalhamento da

descrição das operações em suboperações deve ser desenvolvido somente quando

necessário, pois pode ser um desperdício de tempo e de esforço. Como a descrição

é hierárquica, o analista pode optar por descrevê-la de forma geral ou específica.

Essa decisão deve estar baseada no modo de erro e nas conseqüências deste erro.

A forma de se optar em detalhar ou não a operação pode ser denominada como

regra da P x C (onde P é a probabilidade e C é o custo da conseqüência) o valor do

produto determinará a necessidade de se descrever com mais detalhes a operação

(Shepherd, 1985).

Há duas grandes desvantagens nesta avaliação:

• Ambas P e C são de difíceis determinações e necessitam de técnicas de

quantificação de freqüência de erros

• Conhecer as suboperações e as conseqüências desta falha pode ser uma

tarefa difícil se a operação for apresentada de forma genérica.

Para auxiliar na avaliação das condições da operação, P e C, utiliza-se

algumas considerações dos PIFs que fornecem uma boa indicação da freqüência e

considerações das vulnerabilidades que indicam a conseqüências.

Segundo AICHE/CCPS, o nível de detalhamento da análise depende das

diferentes finalidades do estudo, que pode ser utilizado para análise de risco,

especificação de treinamentos ou descrição de procedimentos.

Segundo AICHE/CCPS, há duas formas de apresentação, através de

diagramas e de tabelas. Os diagramas são mais fáceis de serem compreendidos

e as tabelas podem ser mais detalhadas. Aspectos da tarefa como: interface

homem-máquina, comunicação entre membros do time, características do tempo,

Page 39: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

38

efeitos colaterais, conhecimento necessário para executar a tarefa, etc devem ser

consideradas durante a análise.

Informações necessárias para desenvolvimento de tarefas são obtidas com

os operadores, supervisores ou engenheiros através de protocolos verbais,

análise de atividades, procedimentos operacionais, procedimentos emergenciais,

registros de incidentes críticos, dentre outros.

Segundo AICHE/CCPS, é um método econômico de unir e organizar as

informações, e permite o analista focar aspectos relevantes da tarefa conforme

seu interesse, e também que objetivos funcionais de relações entre pessoal e

sistemas automáticos sejam especificados no projeto, melhora a qualidade da

descrição da tarefa pois envolve os operadores, pode ser utilizado como uma

método para análise do erro, e fornece dados para estudos quantitativos de risco.

Desvantagens segundo AICHE/CCPS: o analista precisa adquirir habilidade

para analisar a tarefa efetivamente, precisa de diversos modelos cognitivos de

performance para analisar tarefas de tomadas de decisões complexas, demanda

comprometimento, tempo e esforço dos envolvidos.

Exemplos de HTA podem ser observados na Figura 3.3 e Tabela 3.1.

Figura 3.3 – Exemplo de diagrama de HTA (Isolamento do transmissor de nível para

manutenção)

Page 40: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

39

Tabela 3.1 – Exemplo de Tabela de HTA (Otimização d e alta pressão numa coluna de destilação)

Passo da

Tarefa

Entradas (registros)

Saídas (ações)

Feedback

Comunicação

Características do tempo

Dependências da tarefa

Funções secundárias, distrações

Comentários

3.2.1.3 Técnicas de Análises de Tarefas Cognitivas

Buscar os processos mentais que originam os erros ao invés das formas

superficiais do erro é importante, pois demonstra uma preocupação com aspectos

operacionais que exigem elevado nível das funções mentais como diagnosticar e

solucionar problemas. Como as plantas estão cada vez mais automatizadas,

estas funções aumentam e é necessária a utilização de métodos analíticos que

podem avaliar estes aspectos de controle.

Segundo HOLLNAGEL, em situações que exigem decisões do operador

para lidar com estados anormais da planta e que não foram diagnosticadas pelos

sistemas, é necessário desenvolver sistemas de suporte e treinamentos para

garantir que a intervenção tenha sucesso. Para se atingir este objetivo deve-se

utilizar técnicas de análise da tarefa para avaliar o processo do pensamento e não

apenas as ações observadas.

Segundo AICHE/CCPS, os problemas associados ao processo cognitivo são

muito maiores em relação aos métodos de tarefa orientada, pois as causas dos

erros cognitivos são menos conhecidas que os erros de ações. A seguir estão

apresentadas técnicas para identificação de erros cognitivos que podem ser

utilizadas de modo pró-ativo e retrospectivo.

3.2.1.3.1 Critical Action and Decision Evaluation Technique (CADET)

Segundo EMBREY, técnica baseada no método da “escada portátil” de

Rasmussen, que se estrutura nas ações ou decisões críticas que precisam ser

tomadas pelo operador durante um estado anormal da planta. O CADET (Critical

Action and Decision Evaluation Technique) é definido baseado nas

consequências, isto é, se houver uma falha na técnica da decisão e ação crítica,

Page 41: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

40

certamente haverá um efeito significativo na segurança, produção ou

disponibilidade.

Segundo EMBREY, a primeira etapa consiste na identificação da decisão ou

ação crítica no contexto de significativas mudanças de estado do sistema não se

concentrando apenas na ação requerida, mas também na tomada de decisão que

precede a ação. Seguido da etapa de identificação das falhas potenciais que

podem ocorrer a cada um dos elementos identificados.

A Tabela 3.2 mostra um exemplo de aplicação do CADET por EMBREY.

Cada linha representa um elemento da “escada portátil” de Rasmussen

demonstrando com detalhes como o operador processa o diagnóstico da

informação, eliminando as diversas possibilidades para se atingir o objetivo

correto. A metodologia da análise crítica da ação/decisão constitui-se de uma lista

de questões estruturadas sobre potenciais erros de diagnóstico. A técnica pode

ser usada para avaliação e suporte dos exercícios de treinamentos para avaliação

do desempenho humano, de forma pró-ativa, identificando potenciais erros

cognitivos e no desenvolvimento de estratégias para redução dos erros baseadas

nas causas raízes identificadas no questionário, e de forma retrospectiva na

identificação de erros cognitivos que implicaram em acidentes.

Pew et al. (1981) desenvolveu uma série de diagramas de Murphy onde

cada elemento de decisão do modelo de Rasmussen possui um diagrama de

Murphy associado que identifica as causas internas de mal funcionamento que

por sua vez, podem influenciar a causa primária.

Tabela 3.2 – Elementos de decisão/ação do modelo de Rasmussen (Embrey, 1986) e exemplo de análise CADET

Elemento de

Decisão/Ação

Objetivo t1 t2 t3 t4 t5

Padrões de erros

típicos

Análise (CADET)

Alerta

Alertar/Sinalizar a detecção dos estágios iniciais do problema

Alarme de temperatura (TIAH)

Distração / Absenteísmo / Falta de atenção

Observação

Observação/Coleta de dados dos instrumentos

Temperatura da coluna TI-01 = Temperatura alta (novo) TI-02 =

Condições da alimentação FI-03 = Fluxo Normal (novo) FI-04 = Normal

Nível do vaso de refluxo LI-06 = Nível alto (novo) Visor do vaso =

Fluxo do refluxo FI-07 = No flow (novo)

Considerações não justificáveis / Associações familiare

Há possibilidade do operador adquirir dados irrelevantes ou insuficientes? O operador

Page 42: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

41

Elemento de

Decisão/Ação

Objetivo t1 t2 t3 t4 t5

Padrões de erros

típicos

Análise (CADET)

Temperatura muito alta (redundância)

(redundância) TI-05 = Normal (novo)

Alto (redundância)

s pode falhar no cruzamento das informações para verificar se a indicação é espúria?

Identificação

Identificação do estado do sistema

Indicação incompleta, possibilidade de ser alarme espúrio

Resfriamento ineficiente ou Distúrbio na alimentação

Condições conforme especificação. Deve ser Resfriamento ineficiente.

Condições conforme especificação. Deve ser Resfriamento ineficiente.

Condições fora de especificação.

Sobrecarga de informações / Atraso no tempo

Interpretações/Implicações

Interpretação do que pode ter ocorrido e suas implicações

Cruzamento das informações dos indicadores relacionados

Diferentes possíveis causas. Verificar condições da alimentação.

Causas possíveis: Falha na bomba de água de resfriamento ou Falha na bomba de refluxo de topo

Nível do vaso de refluxo está alto, o que significa que a condensação está ocorrendo. Deve ser Falha na bomba de refluxo de topo

Falha na bomba de refluxo de topo (confirmado)

Falha em considerar causas alternativas / fixação na causa errada

O operador pode falhar em considerar todos os possíveis estados dos sistema e causas do problema? O operador pode falhar na excução da avaliação correta? O operador pode focar sua ação na causa errada?

3.2.1.3.2 Influence Modelling and Assessment Systems (IMAS)

Segundo EMBREY, IMAS (Influence Modelling and Assessment Systems) foi

desenvolvido como um sistema de suporte de decisão para os trabalhadores

durante os diagnósticos em situações de emergência. A técnica é utilizada para

elucidar os modelos mentais das anormalidades do processo através de

representações gráficas das percepções do time operacional tendo em vista as

diversas alternativas de causas que poderiam ter originado o distúrbio, as várias

conseqüências que podem ocorrer da situação e indicadores tais como telas do

VDU (visual display unit), medidores, registros gráficos disponíveis na sala de

controle ou na planta e que estão associados as causas e conseqüências.

Segundo AICHE/CCPS, o modelo pode ser desenvolvido com experiência

de um indivíduo ou um grupo de indivíduos sem utilização de recursos

Page 43: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

42

sofisticados. O desenvolvimento do modelo mental se inicia a partir de um

distúrbio de um ponto específico do processo e uma série de perguntas aos

operadores sobre os eventos que causam, levam ou indicam tal distúrbio. A tarefa

do operador é identificar quais as alternativas de causas que levam ao padrão de

indicadores observados.

Aplicações dos IMAS segundo AICHE/CCPS

Avaliação da precisão do modelo mental de um operador durante

treinamento – a avaliação do modelo mental em diversos estágios do treinamento

permite o treinador avaliar o desenvolvimento e precisão da compreensão dos

distúrbios do processo. Um conjunto de representações dos modelos mentais

utilizando-se uma equipe operacional experiente pode ser utilizado como padrão

para definir os requerimentos de conhecimento para lidar com distúrbios críticos

da planta.

Requerimentos das informações para diagnósticos – a identificação da

informação necessária para se obter as causas dos distúrbios pode se especificar

as variáveis críticas que precisam estar disponíveis para a interface do controle

do processo.

Modelo do erro cognitivo para estudos quantitativos de risco – previsão de

possíveis erros de diagnóstico através do exame do modelo gerado pelo operador

e dos PIFs. A visão tradicional de AQR (análises quantitativas de risco) considera

somente falhas humanas em desempenhos de funções requeridas (geralmente

erros de omissão). Entretanto ocorrem muitos erros críticos como mal

diagnósticos levando a ação errada ou inapropriada com possíveis sérias

conseqüências para a planta.

Simulação do processo de pensamento do operador durante emergências

na planta – há uma ferramenta denominada EXPLORE que permite que o analista

especifique quais indicadores estão presentes e ausentes num particular cenário.

O utilitário irá gerar um relatório que simula o processo de pensamento do

operador que será um recurso para o analista avaliar a capacidade do operador

em executar um diagnóstico correto.

Observa-se que o IMAS aborda aspectos de habilidade operacional, que são

capacidades de diagnósticos e solução de problemas, não analisadas pelas

técnicas mencionadas anteriormente. Diante disso, esta técnica pode ser vista

como um método de análise de tarefa cognitiva.

Page 44: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

43

3.2.2 Human Error Analysis Technique (HEA)

Segundo REASON, o HEA (Human Error Analysis Technique) tem o objetivo

de prever os possíveis erros humanos durante a execução de uma tarefa e

especificar medidas para eliminação das causas dos erros. Esta análise deve ser

realizada após a análise da tarefa com a finalidade de identificar as possíveis

falhas humanas com conseqüências significativas e para especificar

procedimentos de hardware, treinamentos e outros aspectos de projeto para

prevenir a ocorrência dos erros.

Segundo AICHE/CCPS, uma aplicação bastante importante da técnica de

análise de erro humano nas indústrias químicas de processo é no

desenvolvimento de estudos quantitativos de risco. Nestes estudos a avaliação

dos modos de erro é um processo não sistemático, pois considera erros com

falhas na execução de uma função pré-especificada e geralmente durante

situações de emergência. Raramente erros devido a falhas no diagnóstico,

interface ruim ou procedimentos mal escritos são analisados nestes estudos.

3.2.2.1 Predictive Human Error Analysis (PHEA)

Segundo EMBREY, a PHEA é dividida em três tipos. Análise do plano pré-

condicionado que verifica possíveis erros durante a etapa de planejamento da

tarefa assegurando que as condições prévias serão atendidas. Análise do plano

incorporado que considera possíveis erros que surgem do plano especificado na

análise de tarefa hierárquica e análise dos elementos da tarefa que identifica

sistematicamente a faixa de erros que podem ocorrer em cada etapa da tarefa. A

análise preditiva de erros humanos deve ser elaborada para as tarefas mais

críticas com potenciais de risco mais elevados.

Segundo AICHE/CCPS, os tipos de erros de uma análise detalhada do

elemento da tarefa podem ser visualizados na Tabela 3.3 a seguir.

Tabela 3.3 – Classificação dos erros utilizados na Análise Preditiva de Erros Humanos Ação muito longa/curta Ação no momento errado Ação na direção errada Excesso/Falta de ação Desalinhamento Ação correta no objeto incorreto Ação incorreta no objeto correto Ação omitida

Erros de Ação

Ação incompleta

Page 45: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

44

Ação incorreta no objeto incorreto Omissão da checagem Checagem incompleta Checagem correta no objeto incorreto Checagem incorreta no objeto correto Checagem no momento incorreto

Erros de Checagem

Checagem incorreta no objeto incorreto Informação não obtida Informação incorreta transmitida Erro de Recuperação1 Recuperação da informação incompleta Informação não transmitida Transmissão da informação incorreta

Erro de Transmissão (comunicação)

Transmissão da informação incompleta Seleção omitida

Erros de Seleção2 Seleção incorreta executada Pré-condições do planejamento ignoradas

Erros de Planejamento Plano incorreto executado

1 – Erros na recuperação da informação podem ser de fontes externas ou da memória. 2 – Erros na seleção das alternativas das operações

Segundo AICHE/CCPS, nesta etapa deve ser realizada uma avaliação das

condições de indução ao erro devido aos PIFs como procedimentos mal escritos,

dependência do tempo, interface inadequada, dentre outros para determinar se

eles podem ser causadores dos erros. Tomando-se como exemplo a Figura 3.3

pode ser visualizado na Tabela 3.4 um exemplo dos resultados da PHEA.

Tabela 3.4 –Exemplo de resultados da Análise de Err os Humanos Passo da

tarefa Tipo da tarefa

Tipo do erro Descrição Consequências Recuperação Estratégia para

redução do erro

Ação Ação omitida

Set-point mantido no valor original

Sistema pode operar com set-point errado. Perigos de processo podem ocorrer

Mudança notável do valor da variável pode ocorrer no passo 1.2

Introduzir item no checklist

Ação

Ação correta no objeto incorreto

Set-point alterado no controlador errado

Ver anterior Ver anterior

Indicação clara dos controladores para distinção dos controladores

1.2 Alterar o set-point até o valor medido

Ação

Ação incorreta no objeto correto

Set-point incorreto no controlador

Ver anterior Ver anterior Introduzir item no checklist

Segundo EMBREY, para cada um dos erros críticos, suas implicações e

conseqüências, e possíveis recuperações dos erros são descritas no mesmo

formato. Esta técnica é exaustiva e muito útil na análise de sistemas críticos onde

o essencial é que todos os modos de erros significativos sejam identificados.

Pode ser usada na identificação de erros com conseqüências significativas nos

Page 46: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

45

“passos” da tarefa que são incluídas em avisos nos procedimentos, sendo muito

útil nos treinamentos indicando as etapas que demandam maior atenção durante

a atividade.

Vantagens segundo AICHE/CCPS: técnica rigorosa e exaustiva

assegurando que a maioria dos erros serão identificados, validação do estudo

demonstrou que a técnica pode prever em grande proporção (98%) os erros com

conseqüências sérias que realmente ocorreram numa tarefa de calibração de

equipamento durante um período de 5 anos (Murgatroyd e Tait, 1987). Através da

PHEA, pode ser gerado um procedimento padronizado e consistente cobrindo

alguns aspectos de erros cognitivos (erros de planejamento) com links específicos

e explícitos.

Desvantagens segundo AICHE/CCPS: requere investimento representativo

(tempo e esforço), conhecimento detalhado e analista experiente. É necessário

que seja realizado uma avaliação dos fatores influenciadores de desempenho

(PIFs) separadamente da técnica para prever os tipos de erros mais freqüentes.

3.2.2.2 Checklists Ergonômicos

Segundo AICHE/CCPS, o checklist ergonômico é um método para prever e

reduzir erros humanos através de critérios ergonômicos como design e layout do

painel de controle, sinalização e locação do equipamento, utilização dos

procedimentos operacionais, aspectos de treinamento, comunicação da equipe e

outros PIFs relevantes. A aplicação do checklist permite a identificação da

condição de trabalho que pode induzir ao erro humano e especificar estratégias

para redução do risco.

Segundo AICHE/CCPS, a técnica de checklist é útil na transferência de

informações, porém não é independente devendo ser utilizada com outros

métodos de análise de tarefa ou de erro humano. Ela não demonstra a

importância relativa dos diversos itens e suas conseqüências caso não sejam

cumpridas.

3.2.3 MÉTODOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS

Os métodos qualitativos de análise de confiabilidade humana proporcionam

uma maneira sistemática e formal para se avaliar os fatores humanos que podem

Page 47: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

46

contribuir na prevenção de eventuais acidentes. Atualmente os órgãos

fiscalizadores vêm demandando estudos mais detalhados e complexos

relacionados a interferência humana. Inicialmente a confiabilidade humana era

comparada a um equipamento e os estudos desenvolvidos estavam diretamente

relacionados as estimativas de probabilidades de falha humana utilizando-se

principalmente de ferramentas como árvores de falhas para seu cálculo.

Entretanto, neste cálculo há determinadas incertezas que não podem ser

desconsideradas.

Devido as incertezas, é importante que o método seja criterioso e

consistente para que falhas com efeitos significativos não sejam desconsideradas,

avaliando-se fatores de gerenciamento, procedimentos, treinamentos,

comunicação e outros fatores sistêmicos para se obter valores de interesse

relacionados aos dados de falha genéricos. As técnicas qualitativas de previsão

de erros humanos devem ser priorizadas para avaliar e reduzir a contribuição dos

erros humanos para o risco.

3.2.3.1 Systems for Predicting Human Error and Recovery (SPEAR)

Segundo AICHE/CCPS, a estrutura do SPEAR (Systems for Predicting

Human Error and Recovery) está demonstrada na Figura 3.4.

Figura 3.4 – SPEAR

Fonte: AICHE/CCPS

Segundo AICHE/CCPS, a primeira etapa consiste na identificação e

descrição das interações humanas críticas com o sistema. Geralmente essas

interações não ocorrem durante operação normal. O objetivo desta etapa é

reduzir a quantidade de análises requeridas buscando os cenários potenciais de

acidentes, avaliando-se os perigos e as possíveis interações diretas ou indiretas

com o homem e meio ambiente e suas freqüências.

Page 48: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

47

Segundo AICHE/CCPS, após a compreensão do sistema e suas interfaces

com o homem, desenvolve-se o estudo qualitativo baseado nos PIFs seguido da

construção de uma representação da estrutura da tarefa identificando os

possíveis erros e suas conseqüências. O último estágio consiste da quantificação

através de probabilidades ou freqüências dos erros humanos que deverão ser

estudados, posteriormente, associados as falhas do hardware, permitindo um

cálculo do risco de todo o sistema e suas interfaces.

Segundo EMBREY, o estudo qualitativo inicia-se através de uma análise da

tarefa desenvolvendo uma descrição sistemática e detalhada da estrutura da

tarefa demonstrando alguns possíveis erros que podem ocorrer. Esta estrutura

deve ser combinada com os resultados da análise dos PIFs que determinam a

probabilidade de erro para o tipo de tarefa em estudo.

A PHEA, mencionada anteriormente, consiste de uma análise de previsão de

erros específicos associados a tarefa e passos da tarefa. Esta análise inicia-se

com o desenvolvimento da estrutura e os planos da tarefa e análise dos PIFs. A

estrutura deve possuir um nível de detalhamento que permite a previsão dos erros

nos diferentes níveis da análise, posteriormente desenvolve-se a análise dos

erros de planejamento e de operação.

Segundo AICHE/CCPS, a análise de conseqüências relacionadas a

confiabilidade humana podem ser divididas, principalmente em três tipos:

� Objetivo geral da tarefa não é alcançado.

� Objetivo geral da tarefa não é alcançado e outra conseqüência negativa

ocorre.

� Objetivo geral da tarefa é alcançado e outra conseqüência negativa ocorre

(não relacionada com a tarefa primaria)

As avaliações de risco normalmente estão relacionadas com o primeiro tipo,

pois o principal interesse da confiabilidade humana está no contexto de que as

ações humanas estão diretamente relacionadas com respostas a emergências.

Os outros tipos devem ser considerados no estudo da análise de conseqüências,

pois contribuem para o risco.

Algumas medidas para redução de erros com conseqüências significativas

cuja recuperação é improvável devem ser consideradas no estudo qualitativo.

Estas medidas, desenvolvidas baseadas nos resultados da análise dos PIFs,

Page 49: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

48

devem reduzir o risco para níveis aceitáveis e indicar as deficiências que devem

ser melhoradas.

A representação dos resultados da análise qualitativa pode ser realizada

através de árvores de falhas ou árvore de eventos e após o desenvolvimento de

um estudo meticuloso qualitativo, desenvolve-se o estudo quantitativo. Segundo

AICHE/CCPS, há inúmeras técnicas de quantificação da probabilidade do erro,

porém poucas delas são utilizadas nas avaliações dos riscos. Os dados

disponíveis para quantificação, são limitados em termos de precisão e precisam

ser utilizados com cautela durante o estudo quantitativo.

3.2.3.2 Processo Quantitativo

Segundo AICHE/CCPS, o processo quantitativo inicia-se com o estágio do

modelo da tarefa onde os aspectos de interesse são identificados, e sua avaliação

deverá ser específica ou genérica. Geralmente as tarefas são divididas em sub-

tarefas (passos) e são quantificadas. Esta aproximação é conhecida como

aproximação global ou decomposta. A vantagem do processo decomposto é que

há disponibilidade maior de banco de dados para as diversas probabilidades dos

elementos das tarefas, os modelos de recuperação dos erros nas sub-tarefas são

considerados, conseqüências em outros sistemas originados de falhas dos

passos da tarefa são incluídos na avaliação do risco e as dependências dos

passos da tarefa podem ser consideradas.

Segundo AICHE/CCPS, a segunda etapa do processo é a representação do

modo de falha através da decomposição da tarefa. Neste caso, os vários

elementos da tarefa e outras possíveis falhas devem ser combinados para o

cálculo da probabilidade da tarefa. A técnica mais comum de representação é

através de árvores de eventos. Árvores de falhas são utilizadas para representar

probabilidades de erros humanos discretos combinados com probabilidades de

falhas de hardwares.

Segundo AICHE/CCPS, a próxima etapa é direcionar a probabilidade de erro

para os passos da tarefa. Esta probabilidade deve ser obtida através de um

julgamento de especialistas ou de dados empíricos. Estes dados representam

uma média e devem ser modificados por fatores que considerem as

características específicas da situação sob avaliação.

Page 50: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

49

Segundo AICHE/CCPS, a última etapa do processo quantitativo consiste da

combinação das probabilidades dos elementos das tarefas para gerar a

probabilidade de falha da tarefa.

3.2.3.3 TÉCNICAS QUANTITATIVAS

Segundo KIRWAN, há diversas metodologias para quantificação da HEP

(Human Error Probability) e deve-se ter cautela na sua aplicação, pois estes

métodos empíricos podem ser imprecisos, mas com resultados que podem ser

amplamente utilizados para aumentar a qualidade da escolha entre diversas

alternativas de projetos, elevando ao máximo os benefícios relacionados a

segurança na identificação de tarefas executadas pelo homem e na avaliação do

risco.

Segundo AICHE/CCPS, a crítica é que as quantificações das falhas

humanas geralmente resultam em valores de freqüência de falhas elevados

quando comparados com os valores de falha de hardwares. Esse valor mais

elevado é decorrente do elevado grau de conservadorismo quando se lida com

erros humanos. Isso decorre do fato de que a maioria dos acidentes é de origem

humana.

3.2.3.3.1 Human Error Assessment and Reduction Technique (HEART)

A técnica HEART (Human Error Assessment and Reduction Technique) foi

desenvolvida por Williams em 1986. Baseia-se num banco de dados que permite

que o analista calcule o HEP utilizando-se um procedimento definido. A vantagem

é que as probabilidades podem ser obtidas rapidamente por uma única pessoa.

Há basicamente quatro passo que podem ser observados na Figura 3.5 a seguir.

Figura 3.5 – Etapas da Avaliação do Erro Humano (HE ART)

Identificar o Descritor Genérico da Tarefa

Identificar Condições de Produção de Erros aplicáveis

Avaliar a Proporção de cada Condição de Produção de Erro

Calcular a Probabilidade de Erro para cada elemento da tarefa

Page 51: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

50

Fonte: (Williams, 1990)

Identificar o Descritor Genérico da Tarefa

Segundo WILLIAMS, há nove descritores genéricos da tarefa, cada um

descrevendo um tipo diferente de tarefa. Estas descrições variam desde

“Totalmente desconhecido, executado apressadamente, sem idéia real das

conseqüências” até “Responder corretamente ao comando do sistema mesmo

quando há um sistema de controle automatizado fornecendo interpretação precisa

do estado do sistema”. As probabilidades de falha média nominal para execução

correta destes tipos de tarefas são, respectivamente, 0,55 e 0,00002, e Williams

fornece as fronteiras do 5o ao 95o percentis que, se aplicadas, fornecem as

probabilidades da tarefa no“Quase que o melhor caso” e no “Quase que o pior

caso”. As tarefas genéricas podem ser encontradas na Tabela 3.5.

Tabela 3.5 – Tarefas Genéricas

Tarefa Genérica

Não confiabilidade humana proposta

Fronteiras dos

percentis 5o – 95o

A Não familiar, executado apressadamente, sem idéia real das conseqüências.

0,55 0,35 – 0,97

B Restaurar o sistema para um novo ou estado original em uma única tentativa sem supervisão ou procedimentos.

0,26 0,14 – 0,42

C Tarefa complexa que exige alto nível de compreensão e habilidade. 0,16 0,12 – 0,28

D Tarefa bastante simples realizada rapidamente ou dada pouca atenção.

0,09 0,06 – 0,13

E Rotina, muita prática, tarefa rápida que envolve baixo nível de habilidade.

0,02 0,007 – 0,045

F Restaurar ou mudar um sistema para estado original ou novo, seguindo procedimentos com alguma verificação.

0,003 0,0008 –

0,007

G

Completamente familiarizado, bem projetado, muita prática, tarefa rotineiras que ocorrem varias vezes por hora, realizada com máximo nível de padrão por pessoas altamente motivadas, altamente treinadas e experientes, totalmente consciente da implicação da falha, com tempo para corrigir erro potencial, mas sem o auxílio de ferramentas de auxílio.

0,0004 0,00008 –

0,009

H Responder corretamente ao comando do sistema mesmo quando há um sistema supervisório automatizado fornecendo interpretação precisa do estado do sistema

0,00002 0,000006 –

0,0009

I Tarefas diversas para as quais nenhuma descrição pode ser encontrada.

0,03 0,008 –

0,11

Page 52: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

51

Identificar Error Producing Conditions (EPC) aplicáveis

Segundo WILLIAMS, para a seleção do EPC (Error Producing Conditions)

aplicável, o analista deve estar atento para não duplicar a contagem. Por

exemplo, se uma tarefa genérica A é selecionada então não se deve utilizar o

EPC “falta de familiaridade”. Embora de um total de 38 EPCs identificados,

geralmente utiliza-se somente EPCs com valores multiplicadores de três vezes ou

mais. Os EPCs podem ser encontradas na

Tabela 3.6.

Calcular a Probabilidade de Erro para cada elemento da tarefa

Segundo WILLIAMS, primeiramente é necessário calcular cada EPC

identificado através da fórmula abaixo:

Efeito Calculado = ((Efeito Máximo– 1) × Proporção do Efeito) + 1

Segundo WILLIAMS, posteriormente, a probabilidade do erro HEP pode ser

estimada.

Tabela 3.6 – Condição para Error Producing Conditions (EPC)

Condição para Error Producing Conditions (EPC)

Quantidade nominal prevista máxima na qual a não

confiabilidade pode mudar indo da condição “boa” para a “ruim”

1 Falta de familiaridade com a situação que é potencialmente importante, mas que ocorre com pouca freqüência ou que é inédita. x 17

2 Falta de tempo disponível para detecção e correção de erros. x 11 3 Razão baixa de sinal-ruído. x 10

4 Um meio de suprimir ou de substituir informações ou características que são facilmente acessíveis.

x 9

5 Nenhum meio para fornecer informações espaciais e funcionais aos operadores de uma forma que eles possam facilmente assimilar.

x 8

6 Desencontro entre a realidade do operador e aquele o modelo criado pelo projetista.

x 8

7 Nenhum meio óbvio de reverter uma ação não intencional. x 8

8 Sobrecarga da capacidade da via particularmente causada pela presença simultânea de informação não redundante.

x 6

9 Necessidade para “desaprender” uma técnica e aplicar uma que requere a aplicação da filosofia de forma oposta. x 6

10 Necessidade de transferir conhecimento específico da tarefa para tarefa sem perdas

x 5,5

11 Ambigüidade nos padrões de desempenho requeridos. x 5 12 Desencontro entre percepção e risco real. x 4 13 Sistema de feedback pobre, ambíguo ou contagioso.. x 4 14 Sem confirmação clara direta e programada de uma ação intencional. x 4 15 Inexperiência do operador (ex. novo mas não expert) x 3 16 Qualidade da informação deturpada transferida por procedimentos e x 3

Page 53: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

52

Condição para Error Producing Conditions (EPC)

Quantidade nominal prevista máxima na qual a não

confiabilidade pode mudar indo da condição “boa” para a “ruim”

interação de pessoas. 17 Pouca ou não independente checagem ou teste da saída x 3 18 Conflito entre objetivos imediatos e de longo prazo x 2,5

19 Sem diversidade de entrada de informação para confirmação das checagens. x 2,5

20 Desencontro entre o nível educacional atingindo de um indivíduo e dos requerimentos da tarefa.

x 2

21 Um incentivo para utilização de outro procedimento mais cuidadoso. x 2

22 Pouca oportunidade para exercitar a mente e o corpo fora do ambiente do trabalho.

x 1,8

23 Instrumentação não confiável (percebido que é suficiente) x 1,6

24 Necessidade para julgamento absoluto que estão além da capacidade ou experiência de um operador.

x 1,6

25 Falta de clareza na alocação da função e responsabilidade. x 1,6 26 Caminha nada óbvio para manter o progresso durante a atividade x 1,4 27 Um cuidado que excederá as capacidades físicas. x 1,4 28 Tarefa com pouco ou nenhum significado intrínseco. x 1,4 29 Nível de estresse emocional alto. x 1,3 30 Evidência de operadores doentes, especialmente febre x 1,2 31 Moral baixa da força de trabalho. x 1,2 32 Inconsistência do significado dos displays e procedimentos. x 1,2

33 Um ambiente hostil e pobre (abaixo de 75 % de saúde ou severidade de ameaça a vida)

x 1,15

34 Inatividade prolongada ou ciclo de repetitividade alta de tarefas de baixa carga mental.

x 1,1 for 1a meia hora x 1,05 para após cada hora

35 Ciclos de interrupção de horas normais de sono. x 1,1 36 Tarefa improdutiva ocasionada pela intervenção de outros. x 1,06

37 Membros adicionais no time acima do necessário para executar normalmente a tarefa.

x 1,03 por homem adicional

38 Idade das pessoas que executam tarefas de percepção. x 1,02

Avaliar a Proporção de cada Error Producing Conditions (EPC)

Segundo WILLIAMS, o analista deve avaliar a probabilidade numa escala de

0 (sem interferência perceptível) a 1 (máxima interferência possível) da proporção

de cada EPC. A avaliação depende da experiência do analista em assuntos

relacionados a fatores humanos.

3.2.3.4 Technique for Human Reliability Analysis (THERP)

Segundo KIRWAN, a THERP (Technique for Human Reliability Analysis) é a

técnica de quantificação de confiabilidade humana mais conhecida. Foi

desenvolvida por Dr. A. D. Swain no final da década de 1960 para o controle da

qualidade na estimativa de erros na montagem de ogivas nucleares. A análise

inicia-se com a divisão da tarefa em passos elementares, e a avaliação é

semelhante a estrutura utilizada nas árvores de eventos.

Page 54: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

53

Segundo SWAIN, a definição do problema é estabelecida através de visitas

a planta e discussões com os analistas e se baseia em potenciais cenários de alto

risco. Previamente a quantificação, deve ser elaborada uma análise da tarefa

(qualitativa) cuja representação será desenvolvida após a identificação dos

possíveis erros. A Figura 3.6 representa um exemplo dos erros identificados na

análise THERP na forma de árvore de eventos.

Figura 3.6 – Exemplo de representação THERP (Árvore de Eventos)

Fonte: (Kirwan, 1992)

Segundo Embrey, a etapa de quantificação deve ser realizada após a

representação da árvore de eventos. Primeiramente, analisam-se os dados

necessários de probabilidades de erros que devem ser selecionados, por

exemplo, nas tabelas fornecidas em Swain e Guttmann (1983). Esses dados

devem ser modificados para as condições específicas da tarefa avaliada, e

posteriormente baseadas nas dependências entre os passos. A probabilidade de

erro da tarefa é determinada através da combinação de todas as probabilidades

de erros dos passos. Dependendo do valor da probabilidade de erro, será

necessário que seja elaborado estratégias de redução do erro para os casos em

A

0,99

Tomar ação

0,01

Não tomar ação até

o alarme

0,1

Chave

incorreta

0,9

Tomar ação

0,9

Chave

correta

0,1

Chave

incorreta

0,1

Falha em tomar a

ação após t min

de alarme

S

1

F1=0,1

S

2

F1=0,001

F1=0,001

0,9

Chave correta

Page 55: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

54

que o valor estiver em níveis inaceitáveis, o analista deverá rever a estrutura e os

PIFs analisados.

A THERP é muito eficiente em tarefas rotineiras, com pouco estresse, onde

cada etapa é crucial para conclusão bem sucedida da tarefa. Segundo

AICHE/CCPS é freqüentemente criticada por supor que todas as probabilidades

de erros humanos podem ser quantificadas e previstas.

3.2.3.5 Influence Diagram Analysis (IDA)

Segundo AICHE/CCPS, IDA (Influence Diagram Analysis) é uma técnica

utilizada para avaliação de probabilidades de erros humanos em função da

complexa rede organizacional e outras influências que podem impactar nestas

probabilidades. É capaz de representar os efeitos devido as influências

organizacionais e variáveis políticas além dos fatores diretos como

procedimentos, treinamentos entre outros. O diagrama deve ser construído por

um grupo de especialistas que conhecem a interações entre os PIFs diretos e

indiretos que determinam a probabilidade do erro.

Segundo AICHE/CCPS, uma vez construído o diagrama, avalia-se o estado

atual dos fatores de nível mais baixos avaliando-se a probabilidade do fator e se

seu efeito é positivo ou negativo. A próxima etapa consiste na avaliação dos

efeitos combinados dos fatores individuais de níveis mais baixos sobre os de

níveis mais altos.

A Figura 3.7 representa um exemplo do diagrama de influências utilizado por

Embrey (1992). Neste diagrama, o nível principal cujos fatores influenciam a

probabilidade de erros se baseia na qualidade do treinamento, disponibilidade de

instruções operacionais efetivas e pressão do tempo. A qualidade do treinamento

é influenciada por dois fatores específicos, que representam a aplicação da

análise da tarefa no desenvolvimento dos treinamentos específicos e do feedback

para modificar o regime existente.

Segundo EMBREY, dois fatores influenciam a disponibilidade de instruções

operacionais efetivas, a política para geração das instruções que asseguram que

as instruções estão atualizadas, projetadas conforme padrões aceitáveis. O outro

é o gerenciamento do projeto que determinam as definições requeridas para o

trabalho garantindo que as instruções apropriadas estejam disponíveis quando

requisitadas. O gerenciamento do projeto também está associado a freqüência

Page 56: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

55

com que os níveis da equipe estão adequados quando requisitados. Este fator,

junto com as regras do trabalho e a complexidade da tarefa interfere no nível da

pressão do tempo sobre o operador.

Figura 3.7 – Diagrama de Influência

Fonte: (Embrey, 1992)

Page 57: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

56

3.3 TOMADA DE DECISÃO

3.3.1 Ferramentas de Tomada de Decisão

Segundo AICHE/CCPS, a literatura revela a existência de centenas de

ferramentas de tomada de decisões. Neste trabalho estão sendo abordadas,

resumidamente, apenas algumas delas que são mais conhecidas e utilizadas. As

características significantes da classificação das ferramentas de decisão consistem

na capacidade de fornecer uma resposta competitiva, na quantidade de alternativas

consideradas, na quantidade de dados necessários e se trata ou não de incertezas e

valores.

3.3.1.1 Análise de Custo-Benefício

Segundo AICHE/CCPS, análise muito utilizada principalmente no setor público

cujo objetivo é ter um benefício compatível com o investimento. Estes são

mensurados a partir da quantificação em valores tanto do custo das alternativas

como de cada um de seus benefícios. O objetivo é escolher a alternativa que

maximiza o benefício (benefício menos os custos). A característica da ferramenta é

que a entrada dos dados deve ser objetiva e as etapas principais consistem em:

decidir o escopo da análise, avaliar o custo e os efeitos de cada alternativa, aplicar a

regra de decisão para escolha da alternativa.

Segundo AICHE/CCPS, o princípio da análise custo-benefício está na

capacidade de pagamento da sociedade para evitar os efeitos negativos ou ter os

efeitos positivos. Geralmente os dados utilizados são valores de mercado dos

produtos ou serviços. Há algumas limitações da técnica como falhas em considerar

incertezas nos custos e efeitos, no balanço quando um grupo recebe o benefício e o

outro grupo paga pelo benefício e quando há dificuldade em se quantificar os

mesmos.

3.3.1.2 Métodos de Votação

Segundo AICHE/CCPS, método mais utilizado para escolha das alternativas. É

rápido, simples, de fácil compreensão e proporciona uma maneira “justa” para

agregar opinião, além de necessitar de poucos recursos. Dentre os métodos de

votação, o mais comum é o método da pluralidade em que a alternativa mais

Page 58: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

57

desejada de uma lista de possíveis alternativas é escolhida pelo participante. A

alternativa com maior número de votos é a escolhida.

Segundo AICHE/CCPS, a desvantagem é que a opinião do participante e o

conhecimento da verdadeira razão para escolha da alternativa ficam pouco

conhecidos e não há possibilidade de realizar análise de sensibilidade para saber se

a decisão seria influenciada pela mudança de conhecimento ou valores dos

participantes. Atualmente sabe-se que o método de votação pode ser manipulado

pelos candidatos.

3.3.1.3 Método de Pontuação Ponderada

Segundo AICHE/CCPS, neste método as alternativas são pontuadas sob um

conjunto de critérios de decisões que são ponderados por importância. É bem

utilizado para situações de decisões que demandam julgamentos de valores

explícitos e em situações em que dinheiro, tempo ou conhecimento analítico são

fatores limitantes. Cada alternativa recebe uma pontuação que a caracteriza dentro

do critério de decisão. Sua pontuação é ponderada através da sua multiplicação pelo

seu “peso”. A alternativa com maior valor total será escolhida.

Segundo AICHE/CCPS, o método realiza a quantificação através de

julgamentos explícitos dos valores, é rapidamente executado e com facilidade, com

demanda de poucos recursos analíticos. Uma desvantagem é que os tomadores de

decisão precisam confiar na intuição quando lidam com incertezas e as

conseqüências positivas e negativas. A freqüência da conseqüência não é explícita,

mas deve ser considerada de forma implícita na análise. Logo a pontuação não é

objetiva e pode interferir na consistência da tomada de decisão.

3.3.1.4 Processo de Hierarquia Analítica

Segundo AICHE/CCPS, o Processo de Hierarquia Analítica é um método de

pontuação ponderada que consiste na divisão das decisões em componentes,

construindo uma estrutura que demonstra as relações entre os componentes para

facilitar a quantificação do julgamento e deve ser utilizada quando se necessita de

modelo explícito. A estrutura do processo é baseada na hierarquia da decisão em

que cada nível consiste de objetivos, critério de decisão, ou alternativas onde uma

escolha será feita.

Page 59: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

58

Segundo AICHE/CCPS, possui alguns pontos positivos como fácil

manipulação, estrutura em redes, capacidade de gerar julgamentos entre os critérios

e velocidade computacional. Entretanto alguns críticos mencionam que os

resultados podem ser arbitrários, não refletindo as preferências do tomador de

decisões. O processo não lida explicitamente com incertezas e há a necessidade de

interpretação das considerações implícitas nos resultados.

3.4 AVALIAÇÃO CRÍTICA SOBRE O ACIDENTE DA FORMOSA

PLASTICS CORP. – ILLIOPOLIS

A avaliação crítica deste acidente está sendo desenvolvida baseada nas

metodologias citadas nesta monografia e nos comentários elaborados pela U.S.

Chemical Safety And Hazard Investigation Board. A principal causa descrita neste

acidente está relacionada a fatores humanos, porém a CSB investigou e evidenciou

as causas raízes do acidente que constituem de combinações de falhas que

resultaram no acidente. As análises desenvolvidas sobre este acidente estão sendo

elaboradas com evidências extraídas do relatório e conhecimento sobre

metodologias de confiabilidade humana adquirido pelo autor da monografia ao longo

do desenvolvimento desta monografia.

Uma análise trivial e superficial do acidente da Formosa-IL nos leva a concluir

que a causa é bastante simples: o operador ao invés de virar para a esquerda virou

para a direita e não notou que iria drenar o reator errado. Além disso, desconectou o

sistema de segurança e realizou a drenagem do reator, infelizmente do reator

errado. O operador alcançou seu objetivo que era drenar o reator, porém ignorou as

regras e drenou o reator errado. Provavelmente se esta investigação tivesse

ocorrido há algumas décadas, toda a culpa do acidente seria atribuída ao operador e

justificada através das personalidades propensas a cometerem mais erros.

Entretanto, a generalização da falha humana não é mais tão aceita e suas causas

específicas devem ser exploradas.

A atividade de limpeza dos reatores era rotineira, pois a cada batelada o

operador deveria iniciar o processo de limpeza. A operação de limpeza não era

complexa e o operador, provavelmente, deveria realizar a atividade baseado na sua

memória. A realização do by-pass do sistema de intertravamento era autorizada por

voz pelo supervisor, sem nenhum controle efetivo do registro da liberação e a única

Page 60: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

59

obrigação do operador era que ao final da atividade de limpeza, ele deveria entregar

ao supervisor um checklist contendo registros das atividades de limpeza do reator.

Analisando primeiramente o erro cometido do ponto de vista cognitivo, sem

avaliar os fatores organizacionais e externos, que serão desenvolvidos

posteriormente, nota-se que houve uma combinação de tipos de erros. O primeiro

erro cometido pelo operador seria um deslize ao se direcionar para o reator errado,

como o posicionamento dos reatores era semelhante, o operador foi para uma

posição relativa exatamente igual ao do reator D-306 só que no grupo de reatores

errado e na realidade estava no D-310. Posteriormente a este erro, ele não respeitou

o procedimento e não informou ao supervisor que faria o by-pass da válvula de

intertravamento de fundo do reator cometendo um engano baseado nas regras, pois

no procedimento contemplava uma autorização prévia do supervisor para liberação

do by-pass, apesar de informal e pouco eficaz. Após execução do by-pass da

válvula de intertravamento iniciou-se a liberação do MVC que resultou na

conseqüência catastrófica.

A investigação demonstrou que essa falha humana ocorreu devido a diversas

outras falhas nos diversos níveis da hierarquia da FPC USA, e melhorias neste

sistema e nesta atividade já haviam sido questionadas pelo menos 10 anos antes do

acidente e nenhuma medida realmente efetiva havia sido implementada. Esse

conjunto de erros é que levaram a favorecer a ocorrência do acidente. Uma análise

sucinta utilizando-se de algumas ferramentas demonstradas nesta monografia e que

não foram utilizadas pela CSB, será desenvolvida evidenciando alguns pontos

críticos que já podem ter sido levantados ou não pela CSB.

As melhorias avaliadas suficientes pela planta da Formosa-IL estavam

relacionadas a procedimentos operacionais. Inicialmente foi desenvolvida uma

análise da tarefa de limpeza do reator para agregar conhecimento mais detalhada da

tarefa e fornecer subsidio para a análise da confiabilidade humana através da

metodologia SPEAR.

Page 61: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

60

4 RESULTADOS

Os resultados da aplicação da ACH na investigação do acidente da planta

de PVC Formosa-IL baseado no relatório de investigação da CSB estão

apresentados nos itens a seguir.

A primeira etapa da metodologia de Avaliação de Confiabilidade Humana

consistiu nas Análises gerais e identificação das interações humanas, cuja

atividade já foi identificada pela CSB.

4.1 SPEAR (SYSTEMS FOR PREDICTING HUMAN ERROR AND

RECOVERY)

O resultado da aplicação da metodologia SPEAR está apresentado nos itens a

seguir.

4.1.1 HIERARCHICAL TASK ANALYSIS DE LIMPEZA DOS REATORES

Segundo o diagrama de influência de Embrey (1992) Figura 3.7, a análise da

tarefa influencia diretamente na qualidade do treinamento dos operadores. A HTA

apresentada na Figura 4.1 foi desenvolvida de maneira simplificada para verificação

da atividade de limpeza do reator. Ela não representa detalhadamente todas as

etapas da limpeza do reator. Uma análise detalhada deve ser realizada envolvendo

operadores e engenheiros responsáveis da área e demandam tempo e esforço

significativo para ser elaborada. As considerações no Plano 0 foram extraídas do

relatório da CSB enquanto que as considerações do Plano 1 foram atividades

assumidas próximas da realidade.

Page 62: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

61

Figura 4.1 – Análise Hierárquica da Tarefa de Limpe za do Reator

A partir da investigação do acidente, sabe-se que o operador da blaster se

direcionou para o grupo de reatores errado, esta atividade corresponde ao passo 3.2

– Localizar o reator que está em processo de limpeza da representação da HTA da

tarefa de limpeza do reator (Figura 4.1). A fim de se detalhar esta etapa, foi

desenvolvida a HTA na forma de tabela que está representada na

Tabela 4.1. Nesta tabela apenas o sistema de comunicação e a localização da

identificação do reator foram apresentadas no relatório do CSB. As demais

informações foram assumidas como próximas da realidade.

A finalidade deste exercício foi evidenciar algumas ferramentas que poderiam

ter demonstrado onde as falhas estariam ocorrendo. Dentro de uma planta o ideal

seria que estas análises fossem desenvolvidas para todas as atividades criiticas

existentes.

Page 63: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

62

Tabela 4.1 –Tabela de HTA (de Limpeza do Reator)

Passo da

Tarefa

Entradas (registros

)

Saídas (ações)

Feedback Comunicação Característica

s do tempo

Dependências da

tarefa

Funções secundári

as, distraçõe

s

Comentários

3.2 Localizar o reator que está em processo de limpeza

Identificação no inferior do reator e no painel de controle

Operador deve checar se a identificação do reator corresponde ao reator que está em processo de limpeza

Não Há Via voz, operador no nível inferior deve se deslocar até os outros operadores/supervisor para se comunicar. (Não há interfones, nem utilização rotineira de rádios)

Atraso no início da próxima batelada, consequentemente atraso na produção.

Limpeza pode não ter sido realizada de forma apropriada, demandando nova injeção de água de lavagem.

Operador da blaster pode estar executando outras funções além da limpeza do reator.

Se o operador da poli não efetuar devidamente a purga do reator, vapores de MVC podem ser emitidos durante drenagem do reator podem causar lesões no operador da blaster Perigos: Lesão ao operador da blaster, liberação de gases inflamáveis e possibilidade de explosão. Operadores de campo devem utilizar EPIs.

Observa-se na Tabela 4.1 de HTA de limpeza do reator que a abertura indevida de um reator

em operação durante a limpeza de um reator específico não está sendo considerada

como parte da tarefa. O HTA desenvolvido segue o conceito da metodologia, pois a

mesma deve abordar com precisão e detalhamento as atividades que devem ser

realizadas e não os possíveis desvios. Estes devem ser analisados utilizando-se de

outras ferramentas. O desenvolvimento da HTA permite que procedimentos sejam

desenvolvidos mais adequadamente e os treinamentos sejam mais eficientes,

entretanto não evidenciam os possíveis erros que podem ocorrer.

4.1.2 ANÁLISE DOS PIFs

Após o desenvolvimento da análise da tarefa onde foi possível conhecermos

com mais detalhes como a atividade considerada era realizada, é importante

avaliarmos os PIFs dos operadores durante a limpeza do reator. Consideraremos a

escala para avaliação dos PIFs conforme Tabela 4.2 a seguir.

Page 64: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

63

Tabela 4.2 – Escalas consideradas para avaliação do s PIFs da atividade de limpeza do reator Escala de

Avaliação do PIF

Procedimentos Ambiente de Trabalho Físico

Pior – 1 Não há procedimentos escritos, ou padrões para execução das atividades. Não está integrado com treinamentos.

Alto nível de ruído Iluminação deficiente Temperaturas altas ou muito baixas, alta umidade ou ventanias

Médio – 5

Procedimentos escritos disponíveis, mas nem sempre utilizados. Métodos padronizados para execução da tarefa.

Níveis de ruído moderados Temperatura e umidade variáveis

Melhor – 9

Procedimentos detalhados e checklists disponíveis. Procedimentos desenvolvidos utilizando-se análise da tarefa. Integrado com treinamentos.

Níveis de ruído em níveis ideais Iluminação baseada em análises de requerimentos da tarefa Temperatura e umidade em níveis ideais

A lista de PIFs padrões apresentadas na Tabela 2.1 foi utilizada para obtenção

dos fatores que poderiam influenciar na atividade de limpeza do reator. Importante

salientar que a lista da Tabela não é uma definição formal dos PIFs. Dependendo

das atividades realizadas numa planta industrial, esta listagem deve ser

desenvolvida e revisada pelos analistas da planta. As avaliações aqui apresentadas

foram elaboradas baseadas nas descrições do acidente pela CSB. Inúmeras

deficiências foram comentadas e foram consideradas na avaliação. Aqueles fatores

que estão apresentados com valor 5, foram fatores considerados relevantes para o

estudo porém sem informações sobre os mesmos no relatório do acidente.

• Ambiente Operacional:

o Dependência do tempo: 5

o Iluminação: 5

o Turno e descansos: 5

• Características da Tarefa

o Local/acesso: 3

o Identificação: 2

o Identificação dos displays e controles: 3

o Visão das informações críticas e alarmes: 3

o Clareza das instruções: 1

o Qualidade das verificações e avisos: 1

o Grau do suporte do diagnóstico de falha: 1

o Conflitos entre segurança e requerimentos da produção: 2

o Treinamento na utilização de procedimentos de emergência: 1

Page 65: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

64

• Características do Operador

o Grau de habilidade: 5

o Assumidor de riscos: 5

• Fatores Organizacionais e Sociais:

o Clareza das responsabilidades: 3

o Comunicações: 1

o Autoridade e liderança: 2

o Comprometimento da gerência: 2

o Excesso de confiança nos métodos técnicos de segurança: 2

o Aprendizado organizacional: 1

4.1.3 METODOLOGIA DE HFAM

Outra forma de análise dos PIFs poderia ser elaborada através de uma

perspectiva sócio-técnica utilizando a HFAM. Os fatores estão apresentados na

Tabela 2.3 que devem ser avaliados nos diversos níveis de profundidade e

dependem das deficiências encontradas em cada resposta. Para exemplificar, como

a Formosa-IL confiava nos procedimentos para garantir atividades seguras,

analisaremos o fator genérico de nível operacional ferramentas e procedimentos de

trabalho.

13 Ferramentas e Procedimentos de trabalho

13.1 Gerenciamento da documentação – Adequado

13.2 Conteúdo e confiabilidade – Inadequada

13.3 Formatação e apresentação – Adequadas

13.4 Implementação – Adequado

13.5 Manutenção e atualização – Adequadas

Encontrado deficiências nos fatores genéricos de nível operacional, deve-se

avaliar em nível mais detalhado de fatores específicos do trabalho de nível

operacional.

13.2 Conteúdo e confiabilidade

13.2.1 Procedimentos são tecnicamente adequados – Inadequados

13.2.2 Procedimentos definem os passos lógicos para completar a tarefa –

Adequada

13.2.3 Procedimentos são claros e sem ambigüidade – Adequada

Page 66: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

65

13.2.4 Erros potenciais, recuperação e conseqüência s dos erros foram

identificados - Inadequado

Identificar o fator de nível gerencial que causa as deficiências.

5 Efetividade do sistema de desenvolvimento de procedimentos

5.1 Existência do sistema – Inadequado

5.2 Utilizado métodos de desenvolvimento de procedi mentos –

Inadequado

5.3 Desenvolvimento de treinamentos – Inadequado

5.4 Participação dos operadores – Inadequado

A HFAM possui uma forma estruturada de auditoria, identificando os tópicos

inadequados. O resumo dos elementos avaliados como inadequados podem ser observados

na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Resumo – Resultados HFAM

Fatores Genéricos de Nivel Operacional 13 Ferramentas e Procedimentos de trabalho Adequado Inadequado

13.1 Gerenciamento da documentação X 13.2 Conteúdo e confiabilidade X 13.3 Formatação e apresentação X 13.4 Implementação X 13.5 Manutenção e atualização X

Fatores específicos do trabalho de nível operacionaL 13.2.1 Procedimentos são tecnicamente adequados X 13.2.2 Procedimentos definem os passos lógicos para completar a tarefa X 13.2.3 Procedimentos são claros e sem ambigüidade X

13.2.4 Erros potenciais, recuperação e conseqüências dos erros foram identificados X

Fator de nível gerencial que causa as deficiências. 5.1 Existência do sistema X 5.2 Utilizado métodos de desenvolvimento de procedimentos X 5.3 Desenvolvimento de treinamentos X 5.4 Participação dos operadores X

4.1.4 ANÁLISE DOS ERROS HUMANOS (PHEA), DAS CONSEQU ÊNCIAS E DA

REDUÇÃO DOS ERROS

A lista dos tipos de erros foi extraída da metodologia da PHEA e pode ser

visualizados na Tabela 3.3.

A Tabela 4.4 apresenta a PHEA, metodologia que analisa o erro humano da

perspectiva cognitiva, desenvolvida para avaliar o passo da tarefa de 3.2 - Localizar

o reator que está em processo de limpeza. Foram considerados aqueles erros

Page 67: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

66

considerados relevantes para os resultados deste trabalho. Há outros tipos de erros

que poderiam ser analisados e avaliados pela equipe da planta. As informações

foram todas extraídas do relatório do acidente da CSB, porém a lógica foi elaborada

durante a elaboração da metodologia.

Observa-se que a análise das conseqüências do SPEAR está associada a

cada um dos tipos de erros humanos definidos pela PHEA. Dessa forma, as

conseqüências estão associadas a uma causa que foi identificada durante o estudo.

Baseado na conseqüência, deve-se elaborar uma estratégia para redução do erro

que dependendo da criticidade da conseqüência deve ser obrigatória ou não

.

Page 68: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

67

Tabela 4.4 – Análise de Erros Humanos (PHEA) da ati vidade de limpeza dos reatores (passo 3.2) Passo da

tarefa Tipo da tarefa

Tipo do erro Descrição Consequências Recuperação Estratégia para redução do erro 1

Ação Ação na direção errada

Virar no sentido errado do grupo de reatores desejado

Operador estará no grupo de reatores errado

Identificação do reator no fundo do reator e no painel de controle

Otimizar lay-out dos reatores de modo a facilitar a identificação

Ação Ação correta no objeto incorreto

Operador efetua o by-pass do sistema de intertravamento e efetua a drenagem do reator em operação

Grande liberação de MVC seguida de explosão e incêndio

Nenhuma

- Sistema de evacuação - Estudo das camadas de proteção - Análise histórica - Melhorar procedimentos e treinamentos

Ação Falta de ação

Ausência Atraso na drenagem Nenhuma

Ação Ação omitida

Ausência Atraso na drenagem Nenhuma

Checagem Omissão da checagem

Operador não checa a identificação do reator que seria drenado

Impossibilidade da drenagem do reator devido a atuação do intertravamento

Indicação no painel de controle de atuação do intertravamento

Incluir no checklist atividade de checagem do reator a ser drenado

Checagem

Checagem correta no objeto incorreto

Operador da blaster confirma o reator que está em processo de limpeza, porém está no reator errado

Impossibilidade da drenagem do reator devido a atuação do intertravamento

Indicação no painel de controle de atuação do intertravamento

Incluir no checklist atividade de checagem do reator a ser drenado

Checagem

Checagem incorreta no objeto correto

Operador da blaster está no reator correto porém confirma que outro reator está em processo de limpeza

Operador se dirige a outro reator e não efetuará a drenagem devido a atuação do intertravamento

Operador do nível superior irá corrigir o reator da blaster

Melhorar procedimentos e treinamentos

Checagem

Checagem incorreta no objeto incorreto

Operador da blaster está no reator errado e confirmar outra reator em processo de limpeza

Operador se dirige a outro reator e não efetuará a drenagem devido a atuação do intertravamento

Operador do nível superior irá corrigir o reator da blaster

Melhorar procedimentos e treinamentos

3.2 Localizar o reator que está em processo de limpeza

Recuperação Informação não obtida

Operador da blaster não tem confirmação sobre qual reator está em processo de lmpeza

Operador estará no grupo de reatores errado

Operador deve ir até o nível superior e verificar qual o reator está em processo de limpeza

1 – Estratégias para redução do erro devem ser relacionadas, principalmente, a mudanças no procedimento, treinamento, equipamentos e design.

Page 69: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

68

Os resultados da PHEA permitem que os principais PIFs que contribuem para o

risco sejam analisados. Os tipos de erros analisados na PHEA podem ser

relacionados aos PIFs apresentados naTabela 2.1. Importante salientar que esta

lista de PIFs correspondem a alguns exemplos que devem ser adaptados conforme

avaliação de um analista de confiabilidade. A Tabela 4.5 a seguir apresenta os PIFs

relacionados aos tipos de erros avaliados na PHEA.

Tabela 4.5 – Identificação dos PIFs mais críticos d urante atividade de limpeza do reatore

Tipo do erro Fatores Influenciadores de Desempenho (PIFs)

Ação na direção errada - Distração - Práticas com situações não familiares - Identificação deficiente

Ação correta no objeto incorreto

- Distração - Identificação deficiente - Iluminação deficiente - Identificação dos displays e controles - Comunicação deficiente

Falta de ação - Práticas com situações não familiares - Turno e descansos

Ação omitida - Práticas com situações não familiares - Turno e descansos - Distração

Omissão da checagem - Distração - Comunicação deficiente

Checagem correta no objeto incorreto

- Distração - Identificação deficiente - Iluminação deficiente - Identificação dos displays e controles - Comunicação deficiente

Checagem incorreta no objeto correto

- Distração - Identificação deficiente - Iluminação deficiente - Identificação dos displays e controles - Comunicação deficiente

Checagem incorreta no objeto incorreto

- Distração - Identificação deficiente - Iluminação deficiente - Identificação dos displays e controles - Comunicação deficiente

Informação não obtida - Comunicação deficiente - Autoridade e liderança deficiente

Page 70: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

69

4.2 REPRESENTAÇÃO DO EVENTO ATRAVÉS DE ÁRVORE DE FA LHAS

A árvore de falhas que representa o desenvolvimento do acidente está

apresentada na Figura 4.2. Observa-se que as causas raízes não são apresentadas.

Essas causas já estão sendo consideradas nos eventos básicos que são

representados pela letra E1 a E5 que correspondem a falhas do

operador/empregados que serão posteriormente quantificadas.

Fatalidades e Lesões

*G0

Presença de empregados na região

dos reatores

*G2

Empregados falham na evacuação da área

E4

Operadores presentes para o processo de limpeza do

reator

E5

Explosão seguida de incêndio

*G1

Fonte de ignição

E1

Grande liberação de MVC

*G3

Operador se direciona indevidamente a reator em

operação e acredita estar no reator em processo de limpeza

E2

Operador utiliza o by-pass para abrir a válvula de fundo do reator

em operação

E3

Figura 4.2 – Representação da Árvore de Falhas do c enário de Grande liberação de MVC

seguida de explosão e incêndio ocasionando fatalida des

Os eventos básicos são diretamente influenciados pelas causas raízes que

contribuem para a ocorrência do evento topo (acidente). Entende-se por causa raiz,

a causa específica que contribui para a ocorrência do evento básico. Essas causas

raízes são fatores que influenciam na probabilidade de ocorrência dos eventos

básicos. Observe que dependem diretamente das características da planta. A seguir

estão listadas as causas raízes relacionadas a cada evento básico: Todas as

informações foram obtidas do relatório da CSB.

Portão

Page 71: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

70

Evento Básico E2 - Operador se direciona indevidamente ao reator em

operação e acredita estar no reator em processo de limpeza

� Não há indicador de status do reator

� Lay-out dos reatores simétricos

� Semelhança dos reatores

� Sobrecarga do operador da blaster

Evento Básico E3 - Operador utiliza o by-pass para abrir a válvula de fundo do

operador em operação

� Válvula de fundo do reator não abre (intertravamento do sistema – pressão

acima de 10 psi)

� Sistema de by-pass existente

� Nenhum controle físico nas mangueiras de injeção de ar de emergência

� Inexistência de procedimento de utilização do by-pass durante operação

normal

� Indisponibilidade do supervisor

Evento Básico E4 - Empregados falham na evacuação da área

� Procedimentos ambíguos sobre como controlar grandes liberações de MVC

� Treinamentos de evacuação insuficientes

� Prática de simulados não rotineiras

4.2.1 Quantificação dos Eventos Básicos

A quantificação é um importante passo para se definir os impactos de possíveis

melhorias no projeto do reator. Para quantificação da árvore de falhas é necessário

conhecer uma estimativa das probabilidades de falha dos eventos básicos. As HEPs

estão estimadas através da HEART.

A partir da Tabela 3.5 e considerando as características específicas de cada

evento básico e

Tabela 3.6 podemos julgar que:

Page 72: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

71

• O Evento Básico E2 (Operador se direciona indevidamente a reator em

operação e acredita estar no reator em processo de limpeza) possui a

probabilidade de falha associada de:

Tabela 4.6 – Probabilidade de falha do Evento Básic o E2 Evento Básico E2 Central 5 o percentil 95 o percentil

Tarefa Genérica E 0,02 0,007 0,045 Condição para Erro de Produção (EPC) Proporção Cálculo

Sobrecarga da capacidade da via particularmente causada pela presença simultânea de informação não redundante (x 6)

0,2 (6-1) x 0,2 +1 = 2,0

Sem confirmação clara direta e programada de uma ação intencional (x 4)

0,3 (4-1) x 0,3 +1 = 1,9

Probabilidade de falha avaliada 0,02 x 2 x 1,9 = 0,076

• Evento Básico E3 (Operador utiliza o by-pass para abrir a válvula de fundo do

operador em operação) possui a probabilidade de falha associada de:

Tabela 4.7 - Probabilidade de falha do Evento Básic o E3 Evento Básico E3 Central 5 o percentil 95 o percentil

Tarefa Genérica B 0,26 0,14 0,42 Condição para Erro de Produção (EPC) Proporção Cálculo

Sem confirmação clara direta e programada de uma ação intencional. (x 4)

0,1 (4-1) x 0,1 +1 = 1,3

Pouca ou não independente checagem ou teste da saída (x 3)

0,2 (3-1) x 0,2 +1 = 1,4

Probabilidade de falha avaliada 0,26 x 1,3 x 1,4 = 0,47

• Evento Básico E4 (Empregados falham na evacuação da área) possui a

probabilidade de falha associada de:

Tabela 4.8 - Probabilidade de falha do Evento Básic o E4 Evento Básico E3 Central 5 o percentil 95 o percentil

Tarefa Genérica I 0,03 0,008 0,11 Condição para Erro de Produção (EPC) Proporção Cálculo

Falta de familiaridade com a situação que é potencialmente importante, mas que ocorre com pouca freqüência ou que é inédita.. (x 17)

0,5 (17-1) x 0,5 +1 = 9

Probabilidade de falha avaliada 0,03 x 9 = 0,27

• Evento Básico E1 (Fonte de ignição) possui a probabilidade de ignição

segundo o Purple Book da TNO de 30%.

• Evento Básico E5 (Operadores presentes para o processo de limpeza do

reator) possui a probabilidade de 4/24 que representa 4hr do dia (dia e noite)

no nível inferior.

Page 73: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

72

4.2.2 Análise crítica das probabilidades dos evento s básicos

A Tabela 4.9 apresenta resumidamente as probabilidades da ocorrência dos

eventos básicos calculados anteriormente. Posteriormente, encontra-se a discussão

de cada probabilidade sugerida.

Tabela 4.9 – Probabilidade de ocorrência dos evento s básicos Id Descrição do Evento Básico Probabilidade 1 Fonte de ignição 30 %

2 Operador se direciona indevidamente a reator em operação e acredita estar no reator em processo de limpeza

7,6 %

3 Operador utiliza o by-pass para abrir a válvula de fundo do operador em operação 47 % 4 Empregados falham na evacuação da área 27 % 5 Operadores presentes para o processo de limpeza do reator 16,7 %

1. A probabilidade de ignição de um determinado fluido inflamável depende de

alguns parâmetros como peso molecular do fluido, taxa de descarga do

vazamento, temperatura de auto-ignição, energia e presença da fonte de

ignição. Ela varia dependendo do fluido e das condições operacionais de

estocagem que influenciam na sua taxa de liberação. O cálculo da ignição

poderia ser determinado utilizando-se softwares avançados, mas o valor de

30 % definido no Purple Book (TNO) é consistente para a finalidade deste

estudo.

2. Assume-se que o deslocamento do operador até um dos reatores para

executar o processo de limpeza faz parte da rotina de suas atividades e

ocorre diariamente. Os reatores possuem indicações no fundo e no painel de

controle. A probabilidade de 7,6 %, relativamente baixa em comparação com

as outras pode ser aceita, pois a única deficiência avaliada está na disposição

idêntica dos reatores.

3. A probabilidade de utilização do by-pass para abrir a válvula de fundo do

operador corresponde a 47 % que é um valor alto para utilização de by-pass

de sistemas de segurança. Padrões normais de segurança não permitem que

sistemas de segurança fiquem desativados, mesmo durante manutenções.

Como esse procedimento da Formosa-IL de by-pass dessa válvula de

segurança era comum na companhia o valor está bem representativo.

4. Normalmente a falha dos operadores na evacuação em grandes acidentes

devem corresponder a valores muito baixos, o valor de 27 % que

Page 74: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

73

corresponderia a praticamente 1 falha a cada 3 vezes é bastante

representativo.

5. Está sendo considerado que há operadores nas redondezas do reator durante

o processo de limpeza por aproximadamente 4 hs do dia.

4.2.3 Quantificação do cenário do acidente da Formo sa-IL (evento topo)

Utilizando-se os dados de probabilidade calculados através da metodologia

HEART, pode-se quantificar a árvore de falha do acidente da Formosa-IL

apresentada na Figura 4.3. A função dessa quantificação não é obter um valor de

probabilidade do acidente, uma vez que a visão mecanicista de quantificação dos

erros humanos não é tão bem compreendida e aceita.

A finalidade desse cálculo é para conhecermos com maior clareza o impacto de

cada mudança de projeto proposta posteriormente, ou seja, o valor do evento topo

será utilizado apenas como base para manter consistência na comparação entre as

recomendações propostas.

Fatalidades e Lesões

*G0

P=4,82E-4

Presença de empregados na região

dos reatores

*G2

P=4,50E-2

Empregados falham na evacuação da área

E4

P=2,70E-1

Operadores presentes para o processo de limpeza do

reator

E5

P=1,67E-1

Explosão seguida de incêndio

*G1

P=1,07E-2

Fonte de ignição

E1

P=3,00E-1

Grande liberação de MVC

*G3

P=3,57E-2

Operador se direciona indevidamente a reator em

operação e acredita estar no reator em processo de limpeza

E2

P=7,60E-2

Operador utiliza o by-pass para abrir a válvula de fundo do reator

em operação

E3

P=4,70E-1

Figura 4.3 – Representação e Quantificação da Árvor e de Falhas do cenário de Grande liberação de MVC seguida de explosão e incêndio oca sionando fatalidades

Page 75: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

74

4.3 IDA (INFLUENCE DIAGRAM ANALYSIS)

A representação do acidente também foi desenvolvida através da IDA que

permite uma visão bastante simplificada e detalhada dos diversos fatores que

influenciam o evento.

A Figura 4.4 corresponde ao modelo de diagrama de influências desenvolvido

para esta análise. Observa-se que o IDA mostra explicitamente as influências e os

fatores considerados neste modelo. Os elementos principais que afetam o cenário

são representados pela elipse, enquanto que o quadrado branco representa a

incerteza que levou ao acidente. Os hexágonos correspondem as possibilidades de

investimentos que precisariam ser realizados. Estes investimentos estão

representados em azul. O IDA permite um rápido e prático modelo de decisão e seu

grande valor do diagrama é seu poder de comunicação por ser de fácil compreensão

e permitir que uma grande quantidade de informações seja considerada.

As informações necessárias para o desenvolvimento do diagrama foram

obtidas das análises anteriores.

Liberação de MVC

Liberação de MVC

Liberação ControladaLiberação Controlada

Detecção manual do vazamento

Detecção manual do vazamento

ExplosãoExplosãoIgniçãoIgnição

Detecção automática do

vazamento

Detecção automática do

vazamento

Alarme de MVC

Alarme de MVC

Acionamento do dilúvio

Acionamento do dilúvio

Evacuação da área

Evacuação da área

FatalidadesFatalidades

Limpeza da área

Limpeza da área

Efetuar by-pass da válvula de fundo do

reator ?

Limpeza do Reator

Limpeza do Reator

Deslocar-se para reator

indevido

Deslocar-se para reator

indevido

Custos em estudos de

LOPA

Custos em estudos de

LOPA

Estudos de LOPA

PHA 1992 Recomendações

PHA 1999 Revalidação

Custos em PHA 1992

Custos em PHA 1992

Eventos similares

Procedimentos para utilização de by-pass em

operação normal

Custos em Procedimentos

Custos em Procedimentos

ComunicaçõesComunicações

Disponibilidade do supervisor

Custos em Comunicações/

MOC

Custos em Comunicações/

MOC

Plano de evacuação

Custos em simulados/trein

amentos

Custos em simulados/trein

amentos

Figura 4.4 – Diagrama de influências do acidente da Formosa-IL

O Diagrama evidencia com bastante clareza os possíveis investimentos, porém

não deixa claro qual deles é a melhor opção. Estudos quantitativos detalhados

poderiam evidenciar quais seriam os investimentos prioritários, porém são

necessários muito tempo, esforços e conhecimentos para seu desenvolvimento.

Page 76: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

75

O problema de priorização dos melhores investimentos será tratado de duas

formas. A primeira com um ponto de vista de gestão utilizando-se de informações

mais genéricas da organização que foram obtidas através da análise dos fatores

influenciadores de desempenho e da aplicação da HFAM. Será utilizada a

ferramenta de tomada de decisão do Método de Pontuação Ponderada e a escolha

desta ferramenta de tomada de decisão se deve as seguintes características abaixo

da atividade de priorização das recomendações.

� Recurso financeiro e tempo limitado

� Investimentos são independentes um do outro

� Há fatores que podem não terem sido considerados, mas a lógica do

diagrama é consistente

� Avaliação pode ser desenvolvida por um grupo, porém a aprovação está

direcionada a uma única pessoa (o gerente)

� A quantificação de todo o cenário não é tão precisa

� Alguns registros significantes e consistentes precisam ser evidenciados para

justificar a escolha

A outra forma será através de um foco operacional baseado na estimativa da

probabilidade do erro humano através da técnica de redução e avaliação de erros

humanos HEART e da quantificação do cenário acidental pelo desenvolvimento da

árvore de falhas.

Abaixo estão demonstradas as recomendações que foram sugeridas a

Formosa-IL onde nenhuma foi levada em consideração. Foram elaboradas as

avaliações a seguir para priorizar as recomendações.

• Recomendação A - Aumentar a disponibilidade do supervisor

• Recomendação B - Implementação de Estudos de LOPA

• Recomendação C - Implementação Recomendações da PHA1992

• Recomendação D - Procedimentos para utilização de by-pass em operação

normal

4.4 FOCO DE GESTÃO

A gestão não possui informações detalhadas da operação, consequentemente

a tomada de decisão deve estar baseada em técnicas generalistas que não

necessitem de informações específicas da atividade em questão. A visão generalista

Page 77: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

76

permite uma avaliação do sistema como um todo, garantindo que as interações dos

diversos setores ocorram da melhor forma possível.

A partir do diagrama de influência do acidente de Formosa-IL, utilizando-se a

técnica de tomada de decisões de Método de Pontuação Ponderada, avalia-se cada

recomendação através de uma pontuação que será utilizada na avaliação de cada

recomendação. Esta técnica pode ser executada por diversos gestores de diferentes

setores através de uma avaliação individual das diversas partes interessadas,

obtendo-se uma média final. A Tabela 4.10 apresenta um sugestão do peso efetivo e

inefetivo de cada uma das recomendações que foram consideradas para a

quantificação do IDA. A Tabela 4.11 demonstra os resultados da quantificação do

IDA.

Tabela 4.10 – Peso das evidências Peso da evidência Efetivo Inefetivo

Qual o peso da evidência de procedimentos para utilização de by-pass em operação normal para garantir by-pass do intertravamento com segurança

0,3 0,7

Qual o peso da evidência da implementação das Recomendações do PHA 1992 para garantir by-pass do intertravamento com segurança

0,6 0,4

Qual o peso da evidência da implementação de Estudos de LOPA para garantir by-pass do intertravamento com segurança 0,8 0,2

Qual o peso da evidência de aumentar a disponibilidade do supervisor para garantir by-pass do intertravamento com segurança

0,2 0,8

Tabela 4.11 - Peso da evidência de efetuar o by-pas s da válvula de fundo do reator com

Se E E E

D O procedimentos

para utilização de by-pass em operação

normal for

C Implementaçã

o PHA 1992 Recomendaçõ

es for

B Implement

ação de Estudos de

LOPA for

A Aumentar a

disponibilidade do

supervisor for

Sucesso Falha

Peso Ponderado Total

Sucesso Ponderad

o

Falha Ponderada

Efetivo Efetivo Efetivo Efetivo 0,95 0,05 0,0288 2,7% 0,1%

Efetivo Efetivo Efetivo Inefetivo 0,90 0,10 0,1152 10,4% 1,2%

Inefetivo Efetivo Efetivo Efetivo 0,90 0,10 0,0672 6,0% 0,7%

Inefetivo Inefetivo Efetivo Efetivo 0,90 0,10 0,0448 4,0% 0,4%

Inefetivo Efetivo Efetivo Inefetivo 0,85 0,15 0,269 22,8% 4,0%

Efetivo Inefetivo Efetivo Efetivo 0,80 0,20 0,0192 1,5% 0,4%

Efetivo Inefetivo Efetivo Inefetivo 0,70 0,30 0,0768 5,4% 2,3%

Inefetivo Efetivo Inefetivo Efetivo 0,60 0,40 0,0168 1,0% 0,7%

Efetivo Efetivo Inefetivo Efetivo 0,60 0,40 0,0072 0,4% 0,3%

Efetivo Efetivo Inefetivo Inefetivo 0,50 0,50 0,0288 1,4% 1,4%

Inefetivo Inefetivo Efetivo Inefetivo 0,50 0,50 0,1792 9,0% 9,0%

Page 78: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

77

Se E E E

D O procedimentos

para utilização de by-pass em operação

normal for

C Implementaçã

o PHA 1992 Recomendaçõ

es for

B Implement

ação de Estudos de

LOPA for

A Aumentar a

disponibilidade do

supervisor for

Sucesso Falha

Peso Ponderado Total

Sucesso Ponderad

o

Falha Ponderada

Inefetivo Efetivo Inefetivo Inefetivo 0,40 0,60 0,0672 2,7% 4,0%

Efetivo Inefetivo Inefetivo Efetivo 0,40 0,60 0,0048 0,2% 0,3%

Inefetivo Inefetivo Inefetivo Efetivo 0,30 0,70 0,0112 0,3% 0,8%

Efetivo Inefetivo Inefetivo Inefetivo 0,10 0,90 0,0192 0,2% 1,7%

Inefetivo Inefetivo Inefetivo Inefetivo 0,01 0,99 0,0448 0,0% 4,4%

68,2% 31,8%

4.5 FOCO OPERACIONAL

A avaliação das recomendações com foco operacional será realizada através

da quantificação do evento acidental através da árvore de falhas e estimativas das

probabilidades dos erros humanos baseadas no método HEART. Para cada

recomendação proposta, será re-avaliada o EPC, considerando a fração que de

redução no seu valor e quantificando-se novamente o evento topo da árvore de

falhas. Dessa forma é possível observar quanto cada recomendação pode contribuir

para redução da probabilidade de ocorrência do evento topo.

O cálculo da probabilidade dos eventos básicos através da metodologia

HEART está apresentado no Apêndice C.

Page 79: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

78

5 DISCUSSÕES

5.1 ANÁLISE DOS PIFS

Foram atribuídas algumas notas 5 para determinados PIFs que foram avaliados

relevantes para a atividade, mas há pouca informação sobre determinado fator.

Observa-se que as avaliações foram realizadas posteriormente a investigação ao

acidente, onde as falhas já haviam sido analisadas. Provavelmente se esta

avaliação ocorresse antes do acidente, os julgamentos seriam diferentes e as a

notas mais altas.

Esses resultados demonstram que havia deficiências principalmente nos

grupos "Características da Tarefa" e "Fatores Organizacionais e Sociais". Dentro do

grupo "Características da Tarefa", categorias específicas como "Clareza das

instruções", "Qualidade das verificações e avisos", "Grau de suporte do diagnóstico

de falha" obtiveram as piores avaliações.

Estas deficiências poderiam estar ocorrendo devido a ausência de um

supervisor. A sua indisponibilidade, permitiu que houvesse uma distância hierárquica

entre o nível operacional e gerencial muito grande, e possivelmente o nível gestor

não se interessou em conhecer melhor o nível operacional.

Pode-se dizer que a categoria “Treinamento na utilização de procedimentos de

emergência” foi a mais crítica, pois os efeitos do acidente seriam diferentes se os

operadores estivessem adequadamente treinados para evacuação da área.

No grupo “Fatores Organizacionais e Sociais”, as categorias específicas

“Comunicações” e “Aprendizado organizacional” foram as piores categorias, apesar

de outras como “Autoridade e liderança”, “Comprometimento da gerência”, “Excesso

de confiança nos métodos técnicos de segurança” também serem considerados

críticos.

Essas avaliações podem ser justificadas, principalmente, porque já havia

evidências da criticidade do procedimento de by-pass do intertravamento de

segurança e nenhuma modificação realmente efetiva foi realizada, senão modificar o

procedimento operacional.

Além disso, não havia uma rotina de comunicação como rádios e interfones,

nem disponibilidade adequada do supervisor, e essas evidências não foram levadas

em consideração pela gerência.

Page 80: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

79

5.2 HFAM

A avaliação do fator genérico de nível operacional “Ferramentas e

Procedimentos de trabalho” foi considerada inadequada, possivelmente devido a

existência de recomendações originadas em estudos de risco anteriores,

relacionadas a instalação de acessórios mecânicos que impediriam o operador de

realizar a utilização do ar de instrumento de segurança sem solicitar a autorização

do supervisor. A Formosa-IL modificou o procedimento operacional e avaliou que o

sistema de intertravamento de segurança atendia o critério de segurança. Dessa

forma, o procedimento operacional tinha um conteúdo e confiabilidade relativamente

baixa, apesar da avaliação interna ter considerado confiável.

Analisando-se o nível detalhado de fatores específicos do trabalho de nível

operacional, observa-se que o item “Procedimentos são tecnicamente adequados” e

“Erros potenciais, recuperação e conseqüências dos erros foram identificados” foram

considerados inadequados, pois o procedimento como citado anteriormente não era

confiável, elaborado baseado no julgamento da gestão, e não existia estudos

específicos, como LOPA, para se avaliar a efetividade das salvaguardas e as

conseqüências dos cenários acidentais.

Essas inadequações, da perspectiva sócio-técnica da metodologia da HFAM,

são consideradas como falhas da gestão, e por isso a metodologia requer que o

fator de nível gerencial seja avaliado. O procedimento não confiável demonstra

deficiência na política de geração de procedimentos, provavelmente por não utilizar-

se de metodologias adequadas para o desenvolvimento do mesmo, como por

exemplo, a HTA o que compromete toda a estrutura de treinamentos e

provavelmente a participação efetiva dos operadores.

5.3 PHEA

Observando-se as possíveis conseqüências, verifica-se que o sistema de

intertravamento é o recurso que teoricamente impediria uma drenagem indevida

nos diversos erros que poderiam ser realizados pelos operadores, e na atuação

do by-pass do mesmo, o evento acidental de grande liberação de MVC iria

ocorrer. Fica evidente que o intertravamento do sistema de pressão é a última

barreira de proteção preventiva do sistema. Porém, sua real eficiência deveria ter

sido avaliada através de estudos de LOPA.

Page 81: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

80

A relação dos possíveis tipos de erros com os PIFs, demonstra que os

fatores “Distração”,” e “Turnos e descansos” contribuem diretamente para os erros

relacionados ao estado físico operador. Já os fatores, “Identificação dos displays

e controles”, “Identificação Deficiente” e “Iluminação deficiente estão relacionados

aos fatores visuais que influenciam as tomadas de decisões do operador e os

fatores “Autoridade e liderança deficiente”, “Comunicação deficiente” se referem a

política organizacional e o fator “Práticas com situações não familiares” com a

experiência do operador.

5.4 FOCO DE GESTÃO

O Método de Pontuação Ponderada (obtida através da quantificação da IDA)

determina as possíveis combinações entre as recomendações e apresenta um

sucesso ponderado de aceitação. Os resultados estão apresentados na Tabela 4.11.

Nesta tabela, está apresentado todas as combinações possíveis entre as

recomendações e seu sucesso ponderado para cada uma das combinações. Deve-

se observar aquelas combinações que possuem o maior sucesso ponderado e

verificar o custo da sua implantação. A implantação das recomendações B e C

correspondem a combinação que mais atraí os gestores e a probabilidade de

sucesso ponderado corresponde a 22,8%. A implementação apenas da

recomendação B é bastante efetiva, porém o sucesso ponderado da atividade é de

apenas 9% sendo a terceira favorita. A segunda combinação preferida corresponde

as combinações B, C e D com 10,4% de probabilidade de sucesso na atividade.

Observa-se que a implantação de todas as recomendações, obtendo-se a maior

probabilidade de sucesso está na oitava posição.

A recomendação A foi avaliada de baixa efetividade (sucesso ponderado de

apenas 0,3%) e consequentemente a sua implementação deixa de contribuir

significativamente nas diversas combinações existente.

Importante salientar que esta análise está baseada no julgamento subjetivo de

possíveis integrantes do grupo gestor. Os valores utilizados neste estudo foram

estimados.

Page 82: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

81

5.5 FOCO OPERACIONAL

A Tabela 5.1 apresenta a probabilidade da ocorrência do acidente e a sua

respectiva redução relativa considerando-se a implementação de cada

recomendação através do cálculoa da AAF auxiliada da HEART. Do ponto do vista

operacional, a recomendação B tem a maior redução de 92 % na probabilidade

seguido da recomendação A com 50 % de redução. A terceira maior redução com 34

% está relacionada a recomendação D.

Tabela 5.1 – Impacto na implantação das recomendaçõ es

Id Recomendação E2 E3 E4 AAF

0 Sem Recomendaçõs 0,076 Redução 0,47 Redução 0,27 Redução 4,82E-04 Redução B Implementação de Estudos de LOPA 0,076 0% 0,34 29% 0,03 89% 3,88E-05 92%

A Aumentar a disponibilidade do supervisor

0,04 47% 0,45 6% 0,27 0% 2,43E-04 50%

D Procedimentos para utilização de by-pass em operação normal

0,076 0% 0,31 35% 0,27 0% 3,18E-04 34%

C Implementação Recomendações da PHA1992

0,076 0% 0,35 26% 0,27 0% 3,59E-04 26%

A+B+C+D 0,04 47% 0,27 42% 0,03 89% 1,65E-05 97%

Page 83: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

82

5.6 COMPARAÇÃO ENTRE O FOCO DE GESTÃO E O FOCO

OPERACIONAL

Os resultados dos dois focos são semelhantes demonstrando que a

recomendação B correspondente a implementação de estudos de LOPA, se

implementada tem uma redução maior na prevenção do acidente. Entretanto a

recomendação A relacionada em aumentar a disponibilidade do supervisor não está

bem qualificada no foco de gestão, e é a segunda melhor opção segundo o foco

operacional. Possivelmente esta diferença ocorre devido ao desejo do grupo de

gestão em não considerar esta recomendação. A recomendação C associada a

implementação das recomendações da PHA1992 teve maior destaque do ponto de

vista de gestão do que do operacional. Já a recomendação D de implementação de

procedimentos para utilização de by-pass em operação normal tem a mesma

classificação em ambos os focos.

5.7 COMENTÁRIOS FINAIS

A primeira etapa de análises gerais e identificação e descrição das interações

humanas críticas com o sistema consistiu na compreensão do acidente (APÊNDICE

B).

A tarefa crítica considerada foi a atividade de Limpeza do Reator.

Posteriormente foi desenvolvido a HTA da tarefa de limpeza dos reatores provendo

informações detalhadas sobre os diversos passos para a realização da atividade. O

primeiro estágio da atividade foi dividido em quatro planos principais e estes foram

segmentados em diversas atividades sendo que a atividade 3.2 “Localizar o reator

que está em processo de limpeza” foi considerado o evento iniciador do acidente.

O estudo qualitativo foi desenvolvido utilizando-se a análise dos PIFs e HFAM

obtendo-se as categorias e grupos em condições deficientes do sistema

organizacional. A análise das conseqüências foi desenvolvida através da PHEA e

algumas recomendações puderam ser sugeridas. A Tabela 5.2 apresenta os

resultados principais da etapa qualitativa.

Page 84: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

83

Tabela 5.2 – Resumo dos Principais Resultados (SPEA R) ANÁLISE DOS FATORES INFLUENCIADORES DE

DESEMPENHO

METODOLOGIA DE ANÁLISE DE FATORES HUMANOS

(HFAM)

ANÁLISE PREDITIVA DE ERROS HUMANOS (PHEA)

Deficiências em: Características da Tarefa - Clareza das instruções - Qualidade das verificações e avisos - Grau de suporte do diagnóstico de falha - Treinamento na utilização de procedimentos de emergência

Inadequações em: Ferramentas e Procedimentos de trabalho - Procedimentos são tecnicamente adequados - Erros potenciais, recuperação e conseqüências dos erros foram identificados

Sistema de Intertravamento é a última barreira de proteção contra aberturas indevidas de válvulas no fundo do reator

Deficiências em: Fatores Organizacionais e Sociais - Comunicações - Aprendizado organizacional - Autoridade e liderança - Comprometimento da gerência - Excesso de confiança nos métodos técnicos de segurança

Inadequações em: - Existência do sistema - Utilizado métodos de desenvolvimento de procedimentos - desenvolvimento de treinamentos - Participação dos operadores

PIFs relacionados: - Distração - Práticas com situações não familiares - Identificação deficiente - Comunicação deficiente - Iluminação deficiente - Identificação dos displays e controles - Turno e descansos - Autoridade e liderança deficiente

A etapa quantitativa foi desenvolvida com a representação do cenário acidental

através do diagrama de influências e posteriormente foi elaborada a quantificação

considerando-se dois pontos de vista. O foco de gestão, avaliando-se as

recomendações através do Método de Pontuação Ponderada e o foco operacional

através da aplicação de AAF e HEART. Os resultados das análises quantitativas

foram semelhantes, com exceção da recomendação A relacionada em aumentar a

disponibilidade do supervisor porém o método de tomada de decisão pode conter

uma avaliação subjetiva com tendências aos interesses dos gestores e pouca

objetividade. Consequentemente fica claro a necessidade de uma avaliação que

considere as preocupações operacionaisl

Page 85: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

84

6 CONCLUSÕES

As metodologias analisadas revelam que há uma grande quantidade de

estudos relacionados ao comportamento humano, e cada uma delas possui

características específicas. Basicamente elas estão diferenciadas em focos externos

(observáveis) e internos (cognitivos). A metodologia a ser escolhida para análise

depende da disponibilidade da informação e nem sempre o desenvolvimento da

análise cognitiva pode ser viável.

A avaliação da probabilidade do erro humano foi calculada baseada nos dois

focos observáveis e cognitivos seguindo a estrutura da metodologia SPEAR. Os

fatores observáveis foram obtidos a partir da HTA e os fatores cognitivos foram

analisados com a aplicação da PHEA. A etapa mais importante que garantiu que

ambos os fatores foram considerados no cálculo da probabilidade do erro humano é

a etapa do desenvolvimento da AAF que deve estar baseada nas causas e

conseqüências evidenciadas na PHEA.

O desenvolvimento do IDA também deve ser elaborado baseado nos

resultados da análise das tarefas e da análise dos erros humanos, pois permiti uma

visualização das variáveis e incertezas do processo de decisão que deve ser

desenvolvido pelos gestores. Os resultados do foco gestor podem ser menos

transparentes que o foco operacional, pois possuem mais subjetividade e podem

estar relacionados com os interesses dos tomadores de decisão.

Já os resultados do foco operacional levam em considerações fatores mais

objetivos com indicadores mais precisos, pois sua avaliação se baseia em modelos

mentais do processo da planta, o que facilita o seu julgamento. Esses diferentes

resultados das avaliações demonstram a necessidade de se levar em conta o

ambiente operacional na tomada de decisões e é essencial para o cálculo das

probabilidades dos erros humanos.

Este trabalho deixa evidente que os estudos cognitivos não são simples e nem

sempre são viáveis. Devem-se ponderar os esforços para o cálculo da probabilidade

dos erros humanos, pois os resultados podem não compensar os esforços

necessários para sua obtenção. Embora o objetivo tenha sido avaliar a probabilidade

do erro humano, os resultados desse estudo cognitivo fornecem informações e

possíveis recomendações que contribuem para a redução do risco da planta.

Page 86: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

85

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Page 90: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

89

8 GLOSSÁRIO

A Technique for Human Error Analysis: Técnica para Análise de Eventos

Causados pelo Homem

Checklist: Lista de verificação

Critical Action and Decision Evaluation Technique: Técnica de Avaliação da

Ação/Decisão Crítica

Cognitive Environment Simulation: Simulador de Ambiente Cognitivo

Confusion Matrices: Matrizes de Confusão

Cognitive Event Tree System: Sistema de Árvore de Eventos Cognitivos

Cognitive Reliability and Error Analysis Method: Método de Análise de Erros e

Confiabilidade Cognitiva

Error Producing Conditions: Condição para Erro de Produção

Generic Error-Modelling System: Sistema do Modelo do Erro Genérico

Human Error Analysis Technique: Tecnicas para analises de erros humanos

Human Error Assessment and Reduction Technique: Técnica de Redução e

Avaliação do Erro Humano

Human Error Probability: Probabilidade do Erro Humano

Human Factor Analysis Methodology: Metodologia de Análise de Fatores

Humanos

Human Interaction Timeline: Linha do Tempo da Interação Humana

Hierarchical Task Analysis: Análise Hierárquica das Tarefas

Influence Diagram Analysis: Diagrama de Influências

Influence Modelling and Assessment Systems: Sistema de Avaliação e Modelo

de Influência

Independent Protection Layer: Camada de Proteção Independente

Layer of Protection Analysis: Analise da Camada de Proteção

Operator Action Event Trees: Árvore de Eventos da Ação do Operador

Process Hazard Analysis: Análise de Perigos de Processo

Predictive Human Error Analysis: Análise Preditiva de Erros Humanos

Performace Influencing Factors: Fatores Influenciadores de Desempenho

Systems for Predicting Human Error and Recovery: Sistema para Previsão de

Análise e Redução de Erros

Skill-, Rule- and Knowledge-based Behaviour: Habilidade, Regra e Conhecimento

Page 91: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

90

Socio-Technical Assessment of Human Reliability: Avaliação sócio-técnica da

confiabilidade humana

Technique for Human Reliability Analysis: Técnica para Previsão de Taxas de

Erros Humanos

Page 92: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

91

APÊNDICE A - INTERFACE HOMEM-MÁQUINA (ADAPTADO DE

WICKENS, 1984)

A interface homem-máquina, geralmente abreviada para interface, é um

importante foco de interesse dentre os fatores humanos na redução do erro humano.

A interface é a fronteira em que a informação do processo é transmitida por

sensores e convertidas para a interpretação dos controladores humanos do

processo. Permitem que ações de controle sejam tomadas para mudança de estado

do sistema.

O primeiro estágio, senso e percepção, correspondem a forma em que a

informação é capturada pelo canal sensitivo, por exemplo, visão, posteriormente

será armazenada numa capacidade limitada denominada memória ativa. A forma em

que a informação é adquirida será influenciada pelo conhecimento e experiência do

mundo, que é parte da memória de longo prazo. Por exemplo, um operador

analisando um painel de controle para indicações de problemas tenderá a focar em

fontes de informações (ex: alarmes) que eram consideradas importantes no

passado.

A interpretação da informação na memória ativa está relacionada com o uso de

conhecimento e experiências da memória de longo prazo. Por exemplo: baseado na

experiência, o operador de painel pode interpretar um rápido aumento da

temperatura como um indicativo de situação perigosa. O processo para diagnosticar

e então decidir e selecionar a resposta apropriada ocorre após a interpretação da

informação. Finalmente inicia-se uma resposta apropriada (por exemplo: fechar a

válvula), que irá alterar o estado do sistema. Esta mudança irá ser demonstrada pela

interface completando o loop do processo.

O modelo de Wickens se baseia em processamento de informações ou

recursos disponíveis finitos. Estes recursos podem ser distribuídos de diferentes

maneiras mas não podem aumentar. A interpretação de informações complexas ou

pouco comuns demonstradas na interface deixará poucos recursos disponíveis para

análise da seleção da resposta e demandas de tomadas de decisão.

Nas indústrias químicas de processo, a interface mais estudada é a sala de

controle em plantas automatizadas onde as informações do processo são mostradas

na unidade de display visual (VDU) e as ações de controle requeridas são

Page 93: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

92

executadas pelos operadores. Nos casos de plantas altamente automatizadas, os

operadores respondem a contingências inesperadas que não foram antecipadas

pelo projetista do controle automático e sistema de proteção. Mesmo em plantas

consideradas de automatização elevada, a intervenção humana através da sala de

controle é comum.

Embora as grandes maiorias das pesquisas dos fatores humanos para o

controle de processo estão direcionadas para a sala de controle, é muito importante

que o conceito de interface homem-máquina seja considerado para todas as

situações em que o operador tem que tomar uma ação relacionada ao estado do

processo baseado numa informação adquirida diretamente ou indiretamente.

Negligências de considerações de operabilidade pelos projetistas frequentemente

levam os erros no design da planta como, por exemplo, posicionamento de

indicadores em pontos inacessíveis da planta.

Resumidamente a interface possui as seguintes funções: apresentar

informações do processo consistentes com as necessidades e expectativas dos

operadores, prover feedback imediato para as ações de controle, dar suporte para

os diagnósticos, tomadas de decisão e planejamento, facilitar a seleção das ações

de controle corretas e minimizar a ativação acidental de controles.

Page 94: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

93

Figura A 1 - Interface Homem-Máquina

Fonte: (Wickens, 1984) adaptado

Displays - Alarmes - Dials - Gravadores - VDU (Visual Display Unit) - Visores de vidro - etc

Controles - Botões - Knobs - Mouses - Teclados - Chaves de funções - etc

Senso e Percepção - Visão - Cheiro - Audição - etc

Diagnóstico, Tomada de Decisão

e Seleção da Resposta

Ações de Controle

Memória “Ativa”

Estado da Planta - Temperatura - Pressão - Vazão - etc

Memória de “Longo Prazo”

PROCESSO INTERFACE OPERADOR HUMANO

SENSORES

ATUADORES

Shared Attentional Resources

Page 95: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

94

APÊNDICE B – SUMÁRIO DO ACIDENTE DA FORMOSA PLASTIC S

CORP. PLANTA DE PVC – ILLIOPOLIS, ILLINOIS

Em 23 de abril de 2004, uma explosão e incêndio na Formosa Plastics

Corporation, Illiopolis, Illinois, (Formosa-IL), planta de produção de policloreto de

vinila (PVC) ocasionou cinco fatalidades e lesões sérias em três trabalhadores. A

explosão e o incêndio destruíram a maior parte das instalações dos reatores e

armazéns vizinhos e houve a ignição de resinas de PVC em um dos armazéns. A

fumaça atingiu a comunidade local e as autoridades locais ordenaram a evacuação

da comunidade por dois dias. A planta foi desativada e não há previsão de re-

ativação.

Monocloreto de vinila (MVC) é altamente inflamável e carcinogênico e utilizado

como matéria-prima para produção de PVC. A planta de Illiopolis foi adquirida da

Borden Chemical pela Formosa Plastics Corporation, USA (FPC USA) e foi operada

por aproximadamente dois anos antes do incidente.

A US Chemical Safety and Hazard Investigation Board (CSB) determinou que

este incidente ocorreu quando um operador drenou um reator de PVC cheio,

aquecido, em operação. A CSB acredita que o operador realizando a limpeza de um

reator, abriu a válvula de fundo de um reator que estava próximo e em operação,

liberando o conteúdo altamente inflamável.

A abertura da válvula de fundo de um reator em operação requisita o by-pass

do intertravamento de pressão. As salvaguardas para prevenir o by-pass do

intertravamento não foram suficientes para o alto risco associado a esta atividade.

Dois incidentes similares de outras plantas da FPC USA PVC já haviam revelados

problemas com as salvaguardas projetadas para prevenir descarga inadvertida do

reator em operação.

Dois operadores trabalhando com o supervisor de turno tentaram lidar com a

liberação, não evacuaram e morreram. O CSB determinou que os procedimentos de

emergência da instalação para evacuação eram ambíguos e a equipe não

participava de simulados de emergências relacionados a grandes liberações de MVC

havia mais de 10 anos.

A investigação identificou as seguintes causas básicas (raízes) do acidente:

1. A Borden Chemical não tratou adequadamente os potenciais para erros

humanos:

Page 96: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

95

a. Não implementou as recomendações da análise de perigos do

processo (PHA) de 1992 para mudança no by-bass do intertravamento

da válvula de fundo do reator reduzindo o potencial de uso

inadequado.

b. No PHA de 1999, a Borden Chemical identificou potenciais

conseqüências críticas na abertura da válvula do fundo de um reator

em operação, mas considerou que o intertravamento, controlado por

procedimentos e treinamentos era salvaguarda eficiente.

2. A Formosa-IL não tratou adequadamente os potenciais para erros humanos:

a. Após um incidente em 2003 na instalação da FPC USA’s Baton Rouge,

Formosa-IL não reconheceu que um incidente similar poderia ocorrer

na instalação de Illiopolis e não tomou nenhuma ação de prevenção.

b. A gerência da planta de Formosa-IL não implementou as ações

corretivas identificadas na investigação de um incidente similar em

fevereiro de 2004 na Formosa-IL.

3. A Formosa-IL confiou em um procedimento escrito para controlar um perigo

com potencial conseqüência catastrófica.

A investigação identificou as seguintes causas que contribuíram para o

acidente:

1. A FPC USA não tinha procedimentos escritos para direcionar salvaguardas

com risco.

2. A FPC USA não tinha padrões detalhados e bem definidos para o

gerenciamento dos intertravamentos das instalações de PVC.

3. A FPC USA não reconheceu e não direcionou elementos comuns entre os

sérios incidentes nas suas instalações de PVC.

4. Os empregados da Formosa-IL na estavam preparados para lidar com

grandes liberações de MVC.

1 DESCRIÇÃO DA PLANTA

A planta de PVC da Formosa-IL foi comprada da Borden Chemical, incluindo o

commodity do processo da resina de PVC (PVC1) e um processo especial da resina

de PVC (chamado Paste). Estes dois processos utilizavam 24 reatores para produzir

até 180 mil toneladas de resina de PVC por ano. No prédio dos reatores estavam

localizadas as duas áreas de produção de PVC – PVC1 e Paste.

Page 97: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

96

O lay-out da instalação da Formosa-IL pode ser observada na .Figura B 1.

Figura B 1 – Lay-out da planta de Formosa-IL

(fonte: “Investigation Report – Vinyl Chloride Mo nomer Explosion” – CSB)

2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO

A área da PVC1 da planta de Formosa-IL produz PVC através da

polimerização de monocloreto de vinila (MVC). MVC líquido, água, agentes

suspensos, e iniciadores da reação reagem num reator sob pressão e calor. Após o

término da reação, o PVC é transferido para outros equipamentos para remover

MVC residual, para secagem, peneiração e transporte do PVC para silos.

O esquemático do processo de produção do PVC pode ser observado na

Figura B 2.

Page 98: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

97

Figura B 2 – Esquemático do processo

(fonte: “Investigation Report – Vinyl Chloride Mo nomer Explosion” – CSB)

3 DESCRIÇÃO DA OPERAÇÃO DA PVC1

Na área de PVC1, local do acidente, seis operadores trabalhavam por turno.

Dois operadores, um operador da poli, e um operador da blaster foram responsáveis

pelo incidente que ocorreu no reator. O operador da poli trabalhava exclusivamente

no nível superior do prédio onde se localizavam os controladores e indicadores,

enquanto que o operador da blaster trabalhava em todos os níveis.

A Figura B 3 mostra a vista da elevação do prédio dos reatores.

Page 99: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

98

Figura B 3 – Vista da elevalção do prédio dos reato res

(fonte: “Investigation Report – Vinyl Chloride Mo nomer Explosion” – CSB)

Na fabricação da batelada de PVC, o operador da poli é responsável na

preparação do reator, adicionando a matéria-prima e o aquecimento do reator. A

temperatura é automaticamente controlada através da injeção de vapor ou água de

resfriamento na jaqueta do reator. O operador da poli monitora a temperatura e

pressão do reator que a batelada esteja completa, e despressuriza o reator e

comunica o operador da blaster para transferir a batelada para a retificadora.

A transferência da batelada para a retificadora é realizada pelo operador da

blaster no nível inferior através da abertura das válvulas de fundo do reator. Quando

a transferência é completada, o operador da blaster fecha a válvula de transferência

e o operador da poli purga os gases perigosos do reator e prepara o reator para a

limpeza. O operador da blaster limpa o reator seguindo os seguintes passos:

1. Abre a boca de visita do reator;

2. Limpa o resíduo de PVC das paredes do reator com lavagem de alta pressão

e;

3. Abre a válvula de fundo do reator (se não deixada aberta após processo de

transferência) e válvula dreno para esvaziar o reator liberando o efluente para

drenos no chão.

Uma vez terminada a limpeza do reator pelo operador do blaster, ele fecha a

válvula de fundo do reator e a válvula do dreno e fornece ao operador da poli um

Page 100: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

99

completo checklist indicando que o reator está pronto para a próxima batelada de

PVC.

4 PROCEDIMENTO DE EMERGÊNCIA DO REATOR

A transformação de MVC em PVC gera calor que se não for removido ocasiona

uma reação descontrolada podendo levar ao aumento da pressão do reator a

valores acima do valor de setpoint do sistema de alívio de pressão provocando a

liberação do conteúdo do reator através da válvula de alívio de pressão (PSV),

incluindo MVC para a atmosfera.

O procedimento para controle da sobrepressão do reator e reduzir a

possibilidade de liberação para atmosfera requere que no caso de pressão ou

temperatura anormal, o operador da poli deveria:

1. Ajustar manualmente o controle da temperatura do reator para resfriar o

reator;

2. Adicionar um inibidor de reação para reduzir ou parar a reação de PVC;

3. Despressurizar manualmente o reator através do vent.

Se a pressão não for controlada, os operadores deveriam seguir um

procedimento de transferência que requereria que eles abrissem as válvulas de

fundo e de transferência do reator, conectando o reator a um reator vazio. Este

procedimento foi desenvolvido pela Borden Chemical que concluiu que conectando

dois reatores promoveria a mistura do inibidor da reação, aumentando o

resfriamento e provendo maior volume, reduzindo a pressão do reator.

5 INTERTRAVAMENTO DA VÁLVULA DE FUNDO DO REATOR

A abertura da válvula de fundo do reator durante a operação pode resultar em

liberações catastróficas de MVC dentro do prédio dos reatores e para prevenir este

cenário, a válvula de fundo do reator possui um intertravamento de segurança que

impede sua abertura através da chave de controle quando a pressão do reator

exceder 10 psi.

O procedimento de emergência de transferência, desenvolvido pela Borden,

requere que o operador abra as válvulas de fundo e de transferência do reator para

conectar o reator em carga a outro reator vazio. Entretanto, durante uma

transferência de emergência a pressão do reator está acima de 10 psi e o

intertravamento de segurança não permite a abertura da válvula de fundo do reator.

Page 101: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

100

A fim de atender a transferência de emergência e permitir que os operadores

pudessem reduzir a pressão, a Borden adicionou um by-pass manual do

intertravamento. O by-pass incorporou acessórios de engate rápido as mangueiras

de ar para que os operadores pudessem desconectar o atuador da válvula do seu

controlador e abrir a válvula através da conexão com a mangueira de ar de

emergência diretamente no atuador.

Este procedimento de transferência de emergência requeria autorização do

supervisor, mas não necessariamente testemunhas durante o by-pass do

intertravamento.

6 SISTEMA DE ALARME DE MVC

A planta possui um sistema de monitoramento de concentrações de MVC no ar

e de alerta de níveis perigosos. Uma vez atingida a concentração máxima ou acima

permissível, o sistema aciona alertas visuais e sonoros em todas as entradas das

áreas. O procedimento requisita que se o alarme for acionado, o pessoal de área

deveria utilizar os equipamentos de proteção respiratória ou evacuar.

7 SISTEMA DE DILÚVIO

Formosa-IL e outros fabricantes de PVC geralmente utilizam sistema de dilúvio,

ou spray de água para proteção contra incêndio e controle de perdas. Estes

sistemas utilizam sprinklers e tubulações conectadas a sistema pressurizados de

água para cobrir uma determinada área. O sistema de dilúvio da Formosa-IL era

ativado por:

1. Sensores de alta temperatura (para detecção de incêndio);

2. Monitores de vapor de MVC configurados na metade do limite inferior de

flamabilidade para o MVC;

3. Perda de pressão de ar de instrumento;

4. Estações de acionamento manual localizadas nas instalações.

8 DESCRIÇÃO DO INCIDENTE

A planta estava em estado normal antes do incidente e aproximadamente às

10: 30 pm o reator D-306 estava em processo de limpeza. Alguns minutos após às

10: 30pm, alguns trabalhadores dizem ter ouvido um barulho de um jato e odor de

MVC. O supervisor de turno e operadores da unidade Paste (parte sul do prédio dos

Page 102: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

101

reatores) ouviram que o alarme do sistema de dilúvio da seção da Paste estava

ativado.

O supervisor de turno da sala de controle da Paste deixou a sala de controle

para checar as leituras do sistema de detecção de MVC. Ele notou que duas áreas

estavam com níveis acima do limite do instrumento, o que sugeria uma grande

liberação. No seu caminho para investigar a liberação, ele atravessou uma porta na

área da PVC1 próximo do reator D-310 e viu material sendo liberado do fundo do D-

310 e formando uma mistura espumosa no chão de aproximadamente 45 cm de

altura. Ele imediatamente foi para o nível superior.

De acordo com o supervisor de turno, operadores do nível superior da PVC1

relataram que a pressão no reator D-310 estava baixando. Ele informou a dois

operadores que viu material sendo liberado do fundo do D-310 e eles imediatamente

começaram a checar as válvulas e controles do D-310. O supervisor e um operador

tentaram ir ao nível abaixo através da escada interior, mas encontram fortes

concentrações de MVC no ar e foram obrigados a voltar. O supervisor de turno

instruiu os operadores a abrirem as válvulas de vent do reator D-310 para aliviar a

pressão e diminuir a liberação. Neste momento ele observou que a pressão do

reator já estava abaixo de 10 psi, indicando uma grande liberação.

Na tentativa de ir de novo para o nível inferior, o supervisor utilizou a escada

exterior quando uma série de explosões ocorreu. As explosões derrubaram dois

tanques de recuperação de MVC de 3 mil galões, levantou alguns secadores de

algumas toneladas de seu suporte e destruiu o laboratório, escritórios de segurança

e engenharia. O incêndio se espalhou para o armazém de PVC a oeste do prédio

dos reatores, queimou por horas e emitiu uma pluma de fumaça sobre a comunidade

(vide Figura B 4). Quatro operadores foram mortos pela explosão: dois que

trabalhavam próximos ao topo de reator e dois no nível inferior. Um quinto operador

faleceu no hospital duas semanas depois. O supervisor de turno e dois

trabalhadores ficaram hospitalizados e quatro trabalhadores foram tratados no local.

Page 103: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

102

Figura B 4 – Pluma de fumaça sobre a planta da Form osa-IL um dia após a explosão

(fonte: “Investigation Report – Vinyl Chloride Mo nomer Explosion” – CSB)

Os danos após o término da emergência produziram impactos na comunidade,

onde uma fumaça atingiu a áreas da comunidade sendo necessário a evacuação de

aproximadamente 150 residentes que moravam a 1,6 km da planta e as rodovias

nas proximidades da planta foram isoladas. A explosão destruiu boa parte da planta,

derrubando o teto do prédio dos reatores e rompeu os isolamentos das tubulações.

Houve danos também a escritórios e a instalação está fechada. Não houve danos

ambientais severos.

9 CENÁRIO MAIS PROVÁVEL

O reator D-310 foi encontrado vazio com as válvulas de fundo e de dreno

abertas e seus respectivos swithces no painel de controle estavam na posição

abertas. A condição do D-306 indicou que estava em processo de limpeza: boca de

visita aberta, o lavador de pressão estava inserido no reator, válvula de fundo aberta

e válvulas de dreno e de transferência estavam fechadas. O próximo passo que o

operador de blaster deveria fazer era abrir a válvula do dreno e esvaziar o reator.

Essas condições dos reatores D-306 e D-310 levaram a CSB a concluir que o

operador de blaster estava limpando o D-306 e foi indevidamente ao D-310 e tentou

abrir a válvula de fundo para esvaziar o reator. A válvula de fundo do D-310 não

abriria, pois o reator estava com o intertravamento acionado. Como o operador

acreditou que estava no reator correto (D-306) ele acreditou que a válvula de fundo

Page 104: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

103

do D-310 estava com mal funcionamento. O CSB concluiu que por causa do atuador

da válvula de fundo foi encontrada desconectada e a mangueira do ar de

emergência utilizada para o by-pass do intertravamento foi encontrada conectada, o

operador do blaster, que acreditou que o reator continha apenas água de limpeza,

utilizou a mangueira de ar de emergência para o by-pass do intertravamento de

pressão da válvula de fundo e abriu a válvula de fundo do reator enquanto o reator

estava operando, liberando seu conteúdo.

O supervisor de turno afirmou que o operador do blaster não requisitou

permissão para o by-pass do intertravamento (exigido por procedimento) ou

informou alguém que ele tinha feito o by-pass. Consequentemente, os operadores

tentando controlar a liberação acreditavam que havia uma falha ou mal

funcionamento e tentaram aliviar a pressão dentro do reator para reduzir a liberação.

A nuvem de vapor inflamável de MVC ignitou e explodiu enquanto os operadores

estavam trabalhando no controle do reator.

10 ANÁLISE DO INCIDENTE

Neste acidente, muitos fatores combinados ocorreram para fazer com que o

erro humano fosse a mais provável causa. Deve-se avaliar os fatores que

isoladamente não criam condições de alto-risco, mas combinados, tornam o erro

humano mais provável.

Layout dos Reatores: grupos de quatro com um painel de controle a cada dois

reatores. Ambos os reatores D-306 e D-310 estavam na mesma posição relativa no

grupo de quatro reatores. O controle das válvulas de fundo e de dreno são

realizados no painel de controle do nível inferior. Os painéis de controle possuem

indicação do número do reator correspondente e possuem indicadores luminosos

mostrando a posição das válvulas de fundo e de dreno. A Figura B 5 mostra a

disposição dos reatores.

Page 105: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

104

Figura B 5 – Disposição dos grupos de reatores e pa inel de controle

(fonte: “Investigation Report – Vinyl Chloride Mo nomer Explosion” – CSB)

10.1 COMUNICAÇÃO

Não havia meio de comunicação entre os diferentes níveis (superior e inferior).

O operador no nível inferior após constatar algum desvio, deveria ir ao nível superior

para verificar o status do reator. O CSB obteve a informação que os operadores das

outras plantas ou carregavam rádios ou tinham acesso ao sistema de interfones no

nível inferior.

10.2 MUDANÇAS NA EQUIPE

Na aquisição da instalação em 2002 pela FPC USA, houve redução da equipe.

O CSB investigou e comparou a filosofia operacional das plantas da Formosa. A

Borden Chemical possuía operadores e um líder de grupo (supervisor de operação)

para cada área. O líder do grupo dava suporte aos seus operadores da área. Os

empregados entrevistados indicaram que o líder do grupo possuía uma posição

respeitada na instalação de Illiopolis e tinham grandes responsabilidades. Quando

um operador tinha algum problema, o líder do grupo da área tinha habilidade e

estava disponível. O gerenciamento da FPC USA eliminou os líderes de grupo na

aquisição da planta dois anos antes. Consequentemente, cada área não tinha mais

um líder de grupo, somente um supervisor de turno que era responsável pela planta

toda e este não estava sempre disponível quando algum operador necessitasse de

assistência.

Como o supervisor não estava disponível para responder rapidamente, a

Formosa-IL requisitou que o supervisor apenas autorizasse, mas não testemunhasse

Page 106: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

105

os controles e by-pass dos intertravamentos dos reatores. Esta falta de

disponibilidade, combinado com dificuldades de comunicação e a utilização do by-

pass do intertravamento não monitorado e o aumento da ação independente do

operador contribuíram para o by-pass não autorizado de um intertravamento de

segurança.

10.3 SIMILARIDADES COM INCIDENTES ANTERIORES

Houve incidentes anteriores de aberturas indevidas da válvula de fundo do

reator em outra planta (FPC USA Baton Rouge) e também na mesma planta da

Formosa-IL e mesmo assim o grupo de HSE nunca reconheceu semelhanças entre

os incidentes. Além destes incidentes, observa-se na Tabela B 1 que outros

acidentes semelhantes já haviam ocorrido.

Tabela B 1 – Acidentes em Plantas de PVC envolvendo descarga inadvertida do reator Ano Local Causa Resultado

1961 Japão Conteúdo do restor errado foi descarregado

Quatro fatalidades, oito lesões na planta e duas fora da planta. Danos estruturais severos na planta.

1966 Nova Jersey Operador abriu válvula de fundo de reator errado, descarregando o conteúdo

Uma fatalidade. Planta destruída.

1980 Massachusetts Operador abriu válvula de fundo de reator errado, descarregando matéria-prima

Duas pessoas lesionadas, danos acima de 1 milhão de dólares.

1980 Califórnia Design inapropriado de válvula permitiu eu a mesma ficasse parcialmente aberta

Danos severos na planta.

10.4 ANÁLISES DE RISCO ANTERIORES:

Em 1992 foi realizada uma análise de risco (PHA) que recomendava

modificações na filosofia operacional da planta impedindo que qualquer

intertravamento fosse desativado sem aprovação direta do supervisor e com

testemunhas. Outra recomendação seria de substituição do sistema de ar de

emergência por uma que requisitasse a chave do supervisor para destravamento.

Essas recomendações nunca foram implementadas. Em 1999 foi parcialmente

revalidado o PHA onde a equipe julgou que o intertravamento de segurança da

válvula de fundo, os procedimentos e treinamento eram salvaguardas eficientes para

controle de um cenário de risco alto. Essas proteções administrativas são

inapropriadas para cenários de alto risco. É importante mencionar que o PHA

desenvolvido não cobria o procedimento de limpeza do reator.

Page 107: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

106

10.5 ANÁLISES SEMI-QUANTITATIVAS DE RISCO

Nem sempre uma PHA qualitativa que é baseada na experiência e

conhecimento da equipe pode indicar a recomendação mais adequada para

determinado cenário de alto-risco. A validação do PHA de 1999 concluiu que as

salvaguardas existentes eram suficientes, o que não foi verdade. Recomenda-se

que a eficiência das salvaguardas seja avaliada através de novas metodologias, por

exemplo, LOPA (Layer of Protection Analysis). LOPA basicamente é um método que

classifica as conseqüências, possui um critério para determinar a tolerância ao risco,

é sistemático possuindo um procedimento para desenvolvimento do cenário, possui

regras para garantir independência das salvaguardas, tem procedimentos para

cálculo do risco e procedimentos para determinar se o risco está salvaguardado. A

metodologia poderia ter sido utilizada para determinar se o intertravamento da

válvula do fundo do reator é uma camada de proteção independente (IPL), e se é

uma salvaguarda cuja efetividade pudesse ser medida e auditada. Poderia ser

utilizado também na verificação da adequação da efetividade de todas as IPLs

combinadas para controlar o risco.

10.6 CONTROLE DO BY-PASS

A equipe gerencial da Formosa-IL acreditava que o intertravamento da válvula

de fundo do reator era uma salvaguarda eficiente na proteção contra transferência

acidental ou liberação indevida do conteúdo do reator, mesmo que o intertravamento

pudesse ser by-passado facilmente. O CSB identificou outros sistemas de segurança

que poderiam ser by-passados: sistema de dilúvio era desativado com bloqueios de

madeira durante a manutenção para se evitar acionamentos indevidos. Esses

bloqueios, a principio eram para ser utilizados apenas por pessoal autorizado,

entretanto não havia controle do uso dos bloqueios de madeira. O sistema de

detecção de MVC era desativado através de uma chave durante a manutenção e

não havia nenhuma outra indicação que o sistema estava desativado além da

posição da chave.

Page 108: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

107

10.7 DESIGN DO BY-PASS

O projeto do by-pass deve ser de alta confiabilidade, efetivo e seguro. A falha

na sinalização da utilização do by-pass pode comprometer a efetivadade do

equipamento de segurança.

10.8 POLÍTICA ORGANIZACIONAL DE USO DO BY-PASS

A recomendação do PHA de 1992 sobre o controle dos intertravamentos não

foi implementada. A CCPS oferece um guia de melhores práticas para by-pass de

intertravamentos que contêm: política formal de by-pass de intertravamentos e um

procedimento escrito e implementado que exige monitoramento do processo

enquanto o intertravamento é by-passado, análise do método de by-pass mais

apropriado, um limite de tempo para o by-pass e documentação e comunicação para

todo pessoal envolvido.

10.9 PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIAS

As ações dos trabalhadores demonstraram que eles não estavam preparados

para uma liberação catastrófica de MVC. O supervisor foi ao local onde os dois

operadores estavam tentando controlar a liberação ao invés de solicitar evacuação.

A estimativa da CSB é que os operadores tentaram por 5 minutos controlar a

liberação até a ocorrência da explosão. Os operadores não colocaram a proteção

respiratória, não ativaram os alarmes de emergência e não evacuaram do local. A

planta da Formosa-IL possuía seis diferentes procedimentos relacionados a

liberações emergenciais de MVC.

10.10 SISTEMA DE DILÚVIO PARA PREVENIR INCÊNDIOS E

EXPLOSÕES

O sistema de dilúvio pode prevenir incêndios e explosões em nuvem da

seguinte forma: dispersando o vapor e induzindo o fluxo de ar para o vazamento,

reduzindo a concentração de vapor para valores abaixo do LFL, absorvendo a

substância liberada (depende da solubilidade da substância na água), resfriando e

condensando vapores do material com alto ponto de ebulição, prevenindo a ignição

através da redução de potencial eletricidade estática e resfriando superfícies

quentes. O sistema de dilúvio da Formosa-IL não foi ativado durante o incidente,

Page 109: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

108

porém mesmo assim, o CSB concluiu que o sistema não evitaria a explosão do

prédio dos reatores, pois o prédio era fechado evitando a dispersão dos vapores de

MVC, o MVC é pouco solúvel na água e seus vapores não podem ser condensados

por neblinas de água devido ao baixo ponto de ebulição do MVC na atmosfera.

Page 110: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

109

APÊNDICE C – CÁLCULO DA PROBABILIDADE DOS EVENTOS

BÁSICOS ATRAVÉS DA METODOLOGIA HEART

RECOMENDAÇÃO A - AUMENTAR A DISPONIBILIDADE DO

SUPERVISOR

Tabela C 1 – Probabilidade do E2 considerando a Rec omendação A Evento Básico E2

Operador se direciona indevidamente a reator em operação e acredita estar no reator em processo de limpeza Tarefa Genérica

E - Rotina, muita prática, tarefa rápida que envolve baixo nível de habilidade

5o percentil Central 95o percentil Não confiabilidade proposta 0,007 0,02 0,045

Condição para Erro de Produção (EPC)

Quantidade nominal prevista máxima na qual a não confiabilidade pode mudar indo da condição “boa”

para a “ruim”

Proporção Cálculo

EPC 8 - Sobrecarga da capacidade da via particularmente causada pela presença simultânea de informação não redundante (x 6)

6 0,2 2,0

EPC 14 - Sem confirmação clara direta e programada de uma ação intencional (x 4)

4 0 1,0

PROBABILIDADE FALHA 4,00E-02 RECOMENDAÇÕES Influencia no Evento Basico ? EPC ? Grau de eficiência

Aumentar a disponibilidade do supervisor SIM EPC 14 100%

Tabela C 2 - Probabilidade do E3 considerando a Rec omendação A Evento Básico E3

Operador utiliza o by-pass para abrir a válvula de fundo do reator em Tarefa Genérica B - Restaurar o sistema para um novo ou estado original em uma única

tentativa sem supervisão ou procedimentos 5o percentil Central 95o percentil Não confiabilidade proposta

0,14 0,26 0,42

Condição para Erro de Produção (EPC)

Quantidade nominal prevista máxima na qual a não confiabilidade pode mudar indo da condição “boa”

para a “ruim”

Proporção Cálculo

EPC 14 - Sem confirmação clara direta e programada de uma ação intencional (x 4)

4 0,08 1,2

EPC 17 - Pouca ou não independente checagem ou teste da saída 3 0,2 1,4

PROBABILIDADE FALHA 4,5E-01 RECOMENDAÇÕES Influencia no Evento Basico ? EPC ? Grau de eficiência

Aumentar a disponibilidade do supervisor SIM EPC 14 25%

Page 111: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

110

RECOMENDAÇÃO B - IMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS DE LOPA

Tabela C 3 - Probabilidade do E3 considerando a Rec omendação B Evento Básico E3

Operador utiliza o by-pass para abrir a válvula de fundo do reator em Tarefa Genérica B - Restaurar o sistema para um novo ou estado original em uma única

tentativa sem supervisão ou procedimentos 5o percentil Central 95o percentil Não confiabilidade proposta

0,14 0,26 0,42

Condição para Erro de Produção (EPC)

Quantidade nominal prevista máxima na qual a não confiabilidade pode mudar indo da condição “boa”

para a “ruim”

Proporção Cálculo

EPC 14 - Sem confirmação clara direta e programada de uma ação intencional (x 4)

4 0,1 1,3

EPC 17 - Pouca ou não independente checagem ou teste da saída

3 0 1,0

PROBABILIDADE F ALHA 3,4E-01 RECOMENDAÇÕES Influencia no Evento Basico ? EPC ? Grau de eficiência

Implementação de Estudos de LOPA SIM EPC 17 100%

Tabela C 4 - Probabilidade do E4 considerando a Rec omendação B Evento Básico E4

Empregados falham na evacuação da área Tarefa Genérica I - Tarefas diversas para as quais nenhuma descrição pode ser

5o percentil Central 95o percentil Não confiabilidade proposta 0,008 0,03 0,11

Condição para Erro de Produção (EPC)

Quantidade nominal prevista máxima na qual a não confiabilidade pode mudar indo da condição “boa”

para a “ruim”

Proporção Cálculo

EPC 1 - Falta de familiaridade com a situação que é potencialmente importante, mas que ocorre com pouca freqüência ou que é inédita

17 0 1,0

PROBABILIDADE FALHA AVALIADA 3,00E-02

RECOMENDAÇÕES Influencia no Evento Basico ? EPC ? Grau de eficiência Implementação de Estudos de LOPA SIM EPC 1 100%

Page 112: Tomada de Decisões Baseada em Metodologias de Análise de Confiabilidade Humana

111

RECOMENDAÇÃO C - IMPLEMENTAÇÃO RECOMENDAÇÕES DA

PHA1992

Tabela C 5 - Probabilidade do E3 considerando a Rec omendação C Evento Básico E3

Operador utiliza o by-pass para abrir a válvula de fundo do reator em operação Tarefa Genérica

B - Restaurar o sistema para um novo ou estado original em uma única tentativa sem supervisão ou procedimentos 5o percentil Central 95o percentil Não confiabilidade proposta

0,14 0,26 0,42

Condição para Erro de Produção (EPC)

Quantidade nominal prevista máxima na qual a não confiabilidade pode mudar indo da condição “boa”

para a “ruim”

Proporção Cáclulo

EPC 14 - Sem confirmação clara direta e programada de uma ação intencional (x 4)

4 0,10 1,3

EPC 17 - Pouca ou não independente checagem ou teste da saída 3 0,02 1,0

PROBABILIDADE FALHA AVALIADA 3,5E-01

RECOMENDAÇÕES Influencia no Evento Basico ? EPC ? Grau de eficiência

? Implementação Recomendações da PHA1992 SIM EPC 17 90%

RECOMENDAÇÃO D - PROCEDIMENTOS PARA UTILIZAÇÃO DE

BY-PASS EM OPERAÇÃO NORMAL

Tabela C 6 - Probabilidade do E3 considerando a Rec omendação D Evento Básico E3

Operador utiliza o by-pass para abrir a válvula de fundo do reator em operação Tarefa Genérica

B - Restaurar o sistema para um novo ou estado original em uma única tentativa sem supervisão ou procedimentos 5o percentil Central 95o percentil Não confiabilidade proposta

0,14 0,26 0,42

Condição para Erro de Produção (EPC)

Quantidade nominal prevista máxima na qual a não confiabilidade pode mudar indo da condição “boa”

para a “ruim”

Proporção Cáclulo

EPC 14 - Sem confirmação clara direta e programada de uma ação intencional (x 4)

4 0,03 1,1

EPC 17 - Pouca ou não independente checagem ou teste da saída 3 0,05 1,1

PROBABILIDADE FALHA AVALIADA 3,1E-01 RECOMENDAÇÕES Influencia no Evento Basico ? EPC ? Grau de eficiência

Procedimentos para utilização de by-pass em operação normal SIM EPC 14 e 17 75%