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  • POR

    FRANCISCO MANUEL ALVES, ABADE DE BAAL

    BRAGANAMEMRIAS ARQUEOLGICO-HISTRICAS DO DISTRITO DE BRAGANA

    ouRepositrio amplo de notcias corogrficas, hidro-orogrficas,geolgicas, mineralgicas, hidrolgicas, biobibliogrficas, herl-dicas, etimolgicas, industriais e estatsticas interessantes tanto histria profana como eclesistica do distrito de Bragana

    TOMO VI

    OS FIDALGOS

  • TTULO: MEMRIAS ARQUEOLGICO-HISTRICAS DO DISTRITO DE BRAGANA

    TOMO VI - OS FIDALGOS

    AUTOR: FRANCISCO MANUEL ALVES, ABADE DE BAAL

    COORDENAO GERAL DA EDIO: GASPAR MARTINS PEREIRA

    REVISO DESTE VOLUME: JOS AUGUSTO DE SOTTO MAYOR PIZARRO

    UNIFORMIZAO BIBLIOGRFICA: MARIA SARMENTO DE CASTRO

    EDIO: CMARA MUNICIPAL DE BRAGANA/INSTITUTO PORTUGUS DE MUSEUS MUSEU

    DO ABADE DE BAAL

    EXECUO GRFICA: RAINHO & NEVES, LDA./SANTA MARIA DA FEIRA

    ISBN: 972-95125-7-4

    DEPSITO LEGAL: 152080/00

    OBRA CO-FINANCIADA PELO PRONORTE, SUBPROGRAMA C

    JUNHO DE 2000

  • iTOMO VI

    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    INTRODUO

    JOS AUGUSTO PIZARRO

    Um livro de genealogia nos tempos democrticos actuais?!,interrogava-se o Abade de Baal em 1927, logo no incio do Prlogoao volume VI das suas Memrias Arqueolgico-Histricas do Dis-trito de Bragana, inteiramente dedicado aos Fidalgos. Para muitos,porm, a questo ainda hoje se coloca. Ainda hoje, repito, muita gentese interroga sobre o interesse dos trabalhos genealgicos ou herldicos,sobretudo quando este tipo de estudos continua a ser olhado por mui-tos com o mesmo desdm que o Abade de Baal ento criticava.

    Esta atitude tanto mais de estranhar quanto notrio o reconhe-cimento, a nvel internacional, da importncia da Genealogia e daHerldica para o conhecimento histrico. Para prov-lo, bastaria citarnomes como os de Lopold Gnicot, de Georges Duby ou de Michel Pas-toureau, para se perceber o contributo decisivo das fontes linhagsticase herldicas para um conhecimento muito mais aprofundado da socie-dade e da cultura medievais. Os seus trabalhos, bem como os dos seusdiscpulos, permitiram valorizar fontes at ento esquecidas ou poucoaproveitadas, quando no mesmo desprezadas pelos historiadores.

    Desdm que radicava na desconfiana dos meios universitrios face produo dos estudos genealgicos dos sculos XVIII e XIX, eivadosde falsidades e bem mais vocacionados para alimentar vaidades e pro-spias pessoais do que para a reconstituio rigorosa e compreenso do

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    passado. Sem um mnimo de critrios que avaliassem criticamente osdados utilizados, misturavam-se algumas informaes de arquivo comnobilirios de qualidade muitas vezes duvidosa, com o nico fito deacumular nomes e desfiar geraes, sem procurar qualquer tipo deinterpretao histrica e sociolgica.

    Este panorama, porm, e seria injusto no o sublinhar, sofreu umaprofunda alterao com os trabalhos de Anselmo Braamcamp Freire nomeadamente a sua obra Brases da Sala de Sintra , na qual intei-ramente se renovaram os mtodos e os conceitos, conferindo genealo-gia e herldica um lugar destacado como cincias histricas.

    Infelizmente, porm, Braamcamp Freire no foi devidamenteentendido pelos genealogistas posteriores. certo que os nomes de Lusde Bivar Guerra, Eugnio da Cunha e Freitas, Marqus de So Payo,Marqus de Abrantes, Lus de Mello Vaz de So Payo, Vaz-Osrio daNbrega e de alguns outros, nos remetem para trabalhos de grandequalidade e rigor e que honram a memria daquele Mestre; mas soainda muitos aqueles que ainda agora continuam a perspectivar aque-las duas cincias em moldes j hoje inteiramente ultrapassados.

    Assim, e por paradoxal que possa parecer, no se deve deixar desublinhar o papel decisivo dos meios acadmicos para a recupera-o da Genealogia como cincia histrica (*). Destaque-se, por isso, onome do Professor Jos Mattoso, responsvel pela primeira edio cr-tica dos nossos livros de linhagens medievais, bem como de uma sriede trabalhos de reconstituio de genealogias alti-medievais, que lhepermitiram renovar profundamente o conhecimento da nobrezamedieval portuguesa e avanar interpretaes totalmente inovadorassobre alguns aspectos da nossa Histria medieval. Esforo que tem sidocontinuado por um grupo bastante alargado de discpulos, como odemonstram as vrias teses de doutoramento sobre nobreza medievalapresentadas em diferentes universidades, onde tambm pela primeiravez a Genealogia e a Herldica comeam a integrar os planos curricu-lares dos cursos de Histria.

    (*) A Herldica ficou a dever inteiramente ao falecido Marqus de Abrantes essa renovao.

  • iiiINTRODUOTOMO VI

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    Neste contexto, o que representa este volume da obra do Abade deBaal e, agora, a sua reedio? Quem ler o Prlogo do autor dasMemrias ficar com a ideia de que a lio de Braamcamp Freire tinhasido bem apreendida. Mas, a realidade bem distinta. FranciscoManuel Alves no era um genealogista, bem o sabemos, mas o imensomaterial que recolheu podia ter sido apresentado de forma menos ca-tica. Contudo, e o leitor ter a oportunidade de o confirmar atravs dealgumas das nossas notas crticas, o maior pecado em que o Abadede Baal incorreu, quanto a ns, foi o de no se preocupar minima-mente em fazer uma seleco crtica das informaes que utilizou, mis-turando informaes de arquivo com outras provenientes de nobiliriosde qualidade muitas vezes duvidosa, sem proceder a qualquer tipo deanlise e confronto crtico, veiculando ou repetindo fantasias nobilir-quicas.

    Obra sem qualquer mrito? No diramos tanto, at porque o estu-dioso tem aqui disposio um conjunto de informaes cujo interesseno se pode negar. Mas tambm ter que ter conscincia de que o seuaproveitamento o ir obrigar a fazer um esforo considervel paraseparar o trigo do joio.... Os estudos genealgicos e herldicos portu-gueses j h muito que mereciam que essa separao se fizesse e que, defuturo, de uma vez por todas o joio de todo desaparecesse.

  • AOS EX.MOS SRS.

    DR. ANTNIO FRANCISCO DE MENEZES CORDEIRO

    DR. JOS VAZ DE SOUSA PEREIRA PINTO GUEDES BACELAR

    DR. VTOR MARIA TEIXEIRA

    que, com os Ex.mos Srs. Dr. Antnio Augusto Pires Quin-

    tela, Jos Antnio Furtado Montanha e Dr. Ral Manuel

    Teixeira, coadjuvaram a publicao do VI volume destas

    Memrias

    O. D. C.

    O AUTOR

    P.E FRANCISCO MANUEL ALVES

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    PRLOGO

    qUm livro de genealogia nos tempos democrticos actuais?! A

    genealogia um ramo da Histria e o conhecimento da Histria indispensvel ao poltico, ao jurisconsulto, ao economista, aofinanceiro, ao socilogo, ao legislador, a quantos procuram guiar ahumanidade, porque todos os sistemas sociais encontram nela umaconfirmao, uma negao, um critrio orientador.

    No tratamos da genealogia como instituio social, alis res-peitvel, porque correspondeu aspirao mental de um largoperodo civilizador, mas sim da sua histria. Demais, quando his-toriadores e escritores como Herculano, Oliveira Martins, CamiloCastelo Branco, Luciano Cordeiro, D. Carolina Michalis de Vas-concelos, Castilho, Braamcamp Freire e Baena, para s falar dos donosso tempo, deixando tantos outros, se aproveitaram to larga-mente dos nobilirios reeditando mesmo alguns, a que vem a suadefesa e as censuras de um ou outro patartica, motivadas talvezpor alguma das razes abaixo apontadas?

    Houve tempo diz um republicano avanado consideradoorculo entre os seus e de muito valor, mesmo para os estranhos em que eu considerava as notcias genealgicas como estril explo-rao da vaidade individual; quando, porm, no estudo dos poetasdo Cancioneiro Geral de Garcia de Resende fui encontrar no Nobi-lirio dos Silveiras, por D. Lus Lobo da Silveira (Ms. da Biblioteca

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    do Porto), elementos que me esclareceram a biografia de muitospoetas desta famlia, desde o Caudel-mor at Heitor da Silveira, oamigo de Cames, com particularidades luminusssimas sobre ascortes de D. Joo II e D. Manuel, reconheci ento que os dadosgenealgicos eram um valioso subsdio, principalmente fixando-ospor um ou outro documento histrico oficial que d base e coe-rncia cronolgica ao conjunto(1).

    Verdade, verdade, digam quanto queiram os iconoclastas anti-genealogistas, que jamais arrancaro do esprito humano a ten-dncia, por assim dizer, inata para perpetuar a sua memria atra-vs de todas as geraes vindouras, a menos que se no trate deautnticos imbecis, rastejantes quais vermes sobre a terra, incapa-zes de compreenderem os problemas que os nobilirios resolvem,incapazes de um sentimento levantado; a menos que se no tratede criminosos ou de quem, por motivos especiais, pretende ocultaro seu cadastro, a origem donde vem.

    certo que os annimos vulgares, os ps descalos sem eira,nem beira, nem ramo de figueira, os que carecem de registo naconservatria predial ou industrial, aqueles a quem o po nochega para todo o ano, procuram primeiro satisfazer estas necessi-dades primum vivere, deinde filosofare e, por despeito, fingemrir-se riso amarelo... esto verdes... mas desde que se encon-tram fartos, ricos, procuram sofregamente dar-se importncia, porsi e pelos seus antepassados.

    A fidalguia no constitua feudo especial de certas famlias;todos l podiam chegar, desde que seus feitos o merecessem, semmesmo desmentir o conceito de Vieira: Ganha-se mais no Pao sbarretadas que no campo s lanadas, e todos de l saam quandoa degenerescncia invadia seus descendentes. a eterna lei do fluxoe refluxo dominando tambm na tnica social, precipitando noanonimato plebeu os inbeis para as lutas brilhantes da vida.

    (1) SANCHES DE BAENA, Bernardim Ribeiro, Prlogo de Tefilo Braga, pg. 9.

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    (2) Confirmam isto vrias passagens desta obra, veja-se: volume I, pg. 312; volume III, documen-tos n.os 66 e 76; volume IV, p. 375 a 379 e documentos n.os 103 e 104; volume VI, p. 421 e 555 e acada passo as Inquiries de D. Sancho, D. Afonso e D. Dinis publicadas nos volumes III e IV.

    Os ttulos nobilirquicos eram um estmulo, o prmio de acesrelevantes, impagveis a dinheiro, e mal avisados andaram osgovernos pobres em desprezar to valioso recurso.

    Fomentava a vaidade e outros sentimentos deprimentes, diro.Mas que aco h digna de renome sem o estmulo da vaidade oude alguma das suas espcies, se virtude e vcio so a mesma coisaat certo ponto?

    A anedota lendria fala-nos na ignorncia estpida do mor-gado; nos caprichos cerebrinos do morgadinho; nos paracismospretenciosamente ridculos da fidalga. Quando chegavam a estafase j no havia fidalguia: era a decadncia a manifestar-se empur-rando os descendentes do antigo nobre para o mare magnum ple-beu, para o sofrimento, necessidade, misria e desgraa, a regene-rar pelo trabalho mecnico, primacial escola da virtude que salvaas energias fsicas verminadas pelo vcio; as energias morais cor-rompidas pela depravao dos costumes originada nas facilidadesda vida e as energias mentais embotadas pelos mesmos motivos.

    Vexavam e oprimiam o povo (2), donde o rifo: em tua casa nemfidalgo nem galgo ou abriles e caballeros pocos buenos, segundo osadagirios antigos. Por isso a magna carta da liberdade popularconsignava no respectivo foral municipal a garantia de os fidalgosno poderem demorar-se na regio alm de um certo tempo: ordi-nariamente um a trs dias. Infelizmente a opresso dava-se emalguns casos raros, bem compensados pelos benefcios que espa-lhavam.

    Nota-se nos nobilirios antigos a preocupao de filiar a ori-gem das famlias nobres nos reis godos.

    desnecessrio advertir que pouco ou nenhum crdito mere-cem tais filiaes, anteriores ao sculo XIV, referentes a famliasparticulares [1], pois, quando mesmo nas reais, nos catlogos dosbispos das dioceses, dos governadores de armas: de provncias, depraas, em que h outros motivos de fixao mesmo indirectos,

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    surgem tantos problemas, tantas lacunas, o que ser na seriao deuma famlia a intervalos enormes sem documentao nenhuma enuma poca em que poucos sabiam escrever e em que factos degrande importncia social ficaram inditos, coisa digna de lstima,como a cada passo nos esto lembrando os historiadores?!

    Narram os autores coevos a histria do domnio gtico entrens, que abrange alguns sculos cheios de lutas constantes, de fei-tos dignos de relevo, em meia dzia de pginas; em menos ainda ados mouros; numa ou duas palavras um reinado, uma batalha,embora referente fundao da nacionalidade; so escassssimosna meno de personagens e, quando as apontam, impossvelestabelecer-lhe ligao gensica; os Livros de Linhagens atribudosao Conde D. Pedro, a obra mais antiga da especialidade entre nscarecem igualmente de base para tal [2] e h linhagista todo anchoda autenticidade incontestvel das suas linhas avoengas neo--romano-gticas esmaltadas de basta pancadaria em lombos agare-nos, como quem malha em centeio verde!! E h quem se digafidalgo pela graa de Deus, isto , desde sempre, por se no poderfixar a poca em que apareceu como tal!!

    No; no pode ser. O nobre nobre, algum e d ao sucessor aqualidade de filho de algo (= fidalgo), desde que as suas qualidadesfsicas, mentais ou morais o destacam do vulgar em feitos atinentesao bem comum, tendo, portanto, direito ao nosso respeito e atadmirao. A poca em que a nobreza comeou tem apenas valoratvico, contraproducente mesmo, fixando as degenerescncias, seos descendentes tentam viver de glrias passadas, sem honrar osapelidos herdados.

    Os nobres nasceram dos feitos blicos, mentais ou industriais,donde: nobres da espada, do livro, da finana, trs ttulos igualmenteldimos, embora durante muitos sculos apenas o primeiro se consi-derasse como legtimo, podendo pois dizer-se que os nobres nasceramgeralmente das convulses sociais, das lutas dinsticas, das mudanasde instituies, das revolues triunfantes, em suma, e morreram comelas, regressando ao anonimato popular donde surtiram; o destinodas coisas mundiais nascer, brilhar, morrer . Entraram como fidal-gos de fresca data, como novos ricos, segundo o conceito mordente dosantecessores despeitados, dos incapazes de triunfar, e saram dirigindo

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    os mesmos chascos laivados de risinho amarelo aos sucessores. Umou outro que surdiu por processo mavrtico em perodo calmo noinvalida a regra: um retardatrio que alcanou mais tarde a metaem demanda do quinho que lhe pertence.

    A primeira dinastia teve os seus nobres e at um suplemento deprocreao fidalga com as lutas intestinas de D. Afonso III e D. San-cho ( muito frequente este suplemento), mas a dinastia Joaninacriou gente sua, fidalgos de novo, donde o estiolamento, a mortedaqueles, e assim pelo mesmo teor nas outras [3].

    Durante a primeira dinastia brilharam ao norte do distrito deBragana os Braganos, mas sumiram-se com ela para dar lugaraos Braganas, aos Sampaios no sul e aos Tvoras no centro [4].Com as Guerras da Aclamao surgem os Figueiredos no norte, osGis e Bares de Santa Brbara com a expulso dos jesutas, masmorrem com o advento do constitucionalismo, que levanta os Pes-sanhas, batidos agora pelos novos ricos da repblica, na boca dosque se ficam atrs, esquecidos de que eles so os novos ricos deontem, como estes os de ante-ontem e assim sucessivamente;esquecidos de que o novo rico representa o valor positivo de quemcompreendeu o momento histrico e trepou. Com falha de carc-ter, diro. possvel, mas em honra e gerao no h que apurarmuito porque, l diz a sabedoria das naes: No h geraao semp... e ladro.

    Nem sempre era a piedade que levava a construir tantas capelase edculos cultuais como vemos, mas sim consideraes munda-nas, o orgulho de no ver os bens divididos depois da morte, odesejo de fundar casas ricas, a satisfao da necessidade espiritualda imortalidade estendida mesmo propriedade. Daqui a origemdos morgadios e o recurso gide da Igreja que fulmina com exco-munhes e interditos quem tocar no que lhe pertence. Tambmraro ser o morgadio ou casa de alguma importncia que no tempor fundador ou principal cooperador um padre.

    O que desejava fundar um morgadio obtinha licena da autori-dade eclesistica para edificar uma capela isolada sobre si, um altarnuma igreja ou ampliar outro j existente. Estas obras ficavam-lhepertencendo para sepultura prpria e dos seus, e, com o pretextode a fabricar, ou seja, prover s despesas da sua conservao, doava-

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    -lhe boas propriedades sob a gerncia administrativa do morgado,geralmente o filho macho mais velho do doador, e assim de gera-o em gerao, com obrigao de certas missas e actos pios poralma do fundador, disfrutando o excedente dos rendimentos umovo por um real, quando no era roubar o carneiro e dar os pspelo amor de Deus.

    Eis, para exemplo, as condies da instituio duma capelade morgadio na igreja de So Joo Baptista, de Bragana, em1624 por Joseph Alonso e sua mulher Ana de Rios, segundo oTombo dos bens dessa igreja existente no Museu Regional deBragana: O abade e mordomos da igreja davam todo o con-sentimento e licena e autoridade aos ditos Joseph Alono e suamulher em seu nome e dos mais fregezes (sic) para que possamabrir e levantar na dita Igreja hua Capella no lugar onde estahum altar do Nome de Jesus ao direito da capella de NossaSenhora da Consolao da mesma Igreja no qual altar de Nomede Jesus, tem o dito Joseph Alono e sua mulher posto o reta-bulo por sua conta e o mais delle a qual licena lhes concedemsegurando elles ditos Joseph Alono e sua mulher as paredes emadeiramento e teto, da dita Igreja e abendo algum dano elleso... (ilegvel) sua conta por acharem ser isto lcito, til e pro-veitoso para a dita Igreja e freigezes (sic) della e... ficar mais lus-trosa e realada com a dita capella e podero os ditos instituido-res asentar dentro della suas segulturas e seus herdeiros e succes-sores sem nella se enterrarem nenhum freiges, nem abade... equerem e he sua vontade que dos rendimentos dos bens de raizavinculados a dita capella ao diante declarados se gastem cadaanno quinze mil reis pela maneira seguinte, a saver, querem ellesinstituidores que cada semana se digo trez missas na ditacapella para sempre... pelas quaes se dara de esmola ao sacerdoteque as disser dose mil reis cada anno... e dos outros tres mil reisque restam se poiro em deposito cada anno em as mos dopadroeiro... e delles dara ao sancristo da dita Igreja o que forbem pello trabalho de ajudar as ditas missas e limpeza do altar ecapella... e o resto dos ditos tres mil reis ficara sempre em depo-sito, como fica dito para o fabrico da dita capella e ornamentosdella... e dissero elles instituidores que obrigavam, sojeitavam e

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    vinculavam a dita capella e fabrico della os bens de raiz seguin-tes: a saber 440 alqueires de trigo de foro e vinte de centeio queelles tem e lhe pertencem nos lugares de Soeira, Crastellos, VillaNova, Donae e Meixedo... e mais avinculavam e ipotecavam ascasas de sua morada, e mais outras casas situadas todas na cidadede Bragana e mais vinculavam terras que levavam 24 alqueiresde semeadura, uma vinha que levava trinta homens de caba e umlameiro... os quaes bens todos juntos andaro sempre unidosavinculados, e inteiros, em mo do padroeiro da dita capella, semse poderem partir nem vender, nem diminuir, nem alhear, e ellepadroeiro os disfrutara e gozara, e dos rendimentos, exufrutodelles os cultivara, e conservara inteiros, e pagara os ditos quinzemil reis, em cada hum anno para as missas e fabrico e mais gas-tos necessarios, e o que mais renderem os ditos bens sera para odito padroeiro... e logo nemearam elles instituidores por pri-meiro padroeiro da dita capella, um, a outro ao que deradeirodelles ficar e por morte de ambos, nomeam e extituem por pri-meiro padroeiro a Roque Alonso seu filho, e por falecimentofique ao filho macho mais velho que delle ficar sendo legitimo, eno havendo filho macho, legitimo que seja femea, e despois del-les aos filhos que delles nacerem e procederem, no entrevindonunqua bastardia, perferindo sempre, o macho e femea... e des-pois disso ira sempre assim succedendo pella mesma ordem aosfilhos mais velhos.

    Com o andar dos tempos as circunstncias econmicas muda-ram e alguns morgadios tornaram-se irrisrios pela insignificnciados rendimentos; por isso, a lei de 3 de Agosto de 1770 permite queos inferiores a 200.000 ris de renda na Extremadura e Alentejo el00.000 ris nas outras provncias sejam abolidos e seus bens livrese alodiais.

    Foi no tempo de D. Afonso III, diz Pinho Leal, que em Portu-gal se introduziu a palavra fidalgo no sentido de distinguir oscavaleiros e escudeiros de linhagem dos que o eram por graa espe-cial do rei.

    D. Afonso V mandou que todos os fidalgos entrassem no ser-vio da Casa Real sendo inscritos como moradores no Pao e rece-

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    bendo anualmente certas pagas, segundo a hierarquia ou serviosde cada um, s quais se deu o nome de moradia.

    Daqui veio a necessidade de classificar os fidalgos em diversascategorias, das quais se formaram duas ordens e trs graus de cadauma destas.

    A primeira era composta dos seguintes graus: 1, fidalgo-cava-leiro; 2, fidalgo-escudeiro; 3, moo-fidalgo.

    A segunda ordem tinha os seguintes trs graus: 1, cavaleiro--fidalgo; 2, moo da cmara; 3, escudeiro-fidalgo.

    Todos recebiam moradia, segundo os seus graus e categorias, eo escudeiro-fidalgo de segunda ordem podia ir gradualmente per-correndo todos os graus at chegar a fidalgo-cavaleiro de primeira.

    Os que serviam o rei no Pao denominavam-se fidalgos comexerccio, mas depois deu-se esta denominao a todos os fidal-gos, servissem ou no o rei. Ainda hoje assim se pratica.

    Para obter o primeiro grau de nobreza basta simplesmente provar que se filho legtimo de pai fidalgo. Ter foro de fidalgo, ser feito fidalgo sendo filho de pai que o no era.

    No s os reis, mas tambm os prncipes e infantes e os duques de Bragana podiam dar foro de fidalgo, mas deviam serconfirmados pelo rei.

    De todos estes ttulos de nobreza apenas hoje se conservamdois: moos-fidalgos e fidalgos-cavaleiros (3).

    qNo cause estranheza a divergncia que se nota em alguns

    nomes referentes ao mesmo indivduo adiante mencionados,porque, em geral, os fidalgos tinham vrios apelidos e nem sem-pre os usavam todos, sendo que o primognito tinha o direito deadoptar os mais distintos, donde a divergncia.

    (3) LEAL, Pinho Portugal Antigo e Moderno, artigo Lisboa, pg. 295, onde tambm seencontra a significao, importncia e distino de graduaes dos diversos ttulos de nobreza.

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    Muito a nosso pesar no seguimos os ramos das famlias nobres fora do distrito de Bragana, onde floresceram assina-ladamente muitos deles, por ser apenas deste que tratamos e noavolumar demasiado a obra.

    Baal, na varanda ao sol, coado atravs da folhagem do martrio que

    em festes avana de coluna a coluna tendo sobre um joelho a Muxeninha,

    bisneta da Tartaruga, j falecida, que, de quando em vez, estende a ptica

    brincalhona sobre os papis, e aos ps deitado o Prinze, que, embora digno,

    no consegue apagar-me as gratas recordaes do Lafrau, enquanto uma

    abelha no canteiro aos sucalcos do curral zumbe em volta da florao ver-

    melha de um goivo enamorado das rosas em boto da camlia e meia duzia

    de pardais, sumidos por entre as galinhas, os porcos e a burra, procuram

    apanhar os gros que meus sobrinhicos Luzia Alves e Bernab Alves lhe

    deitam, 14 de Dezembro de 1927.

    Padre Francisco Manuel Alves.

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    ABAMBRES

    1 ANTNIO LVARES COELHO DE FREITAS BARROS FARIA E FIGUEIREDO,natural de Abambres, concelho de Mirandela, filho de Francisco lvaresCoelho de Freitas, fidalgo da Casa Real. Fidalgo cavaleiro por alvar de 19de Setembro de 1835 (4).

    2 JOS PINHEIRO, presbtero, e seus pais Simo Esteves e MariaPinheiro, erigiram em 1724 uma capela em Abambres dedicada s Almas,com vnculo de bens em morgadio (5).

    ABREIRO

    1 LVARO DE MENDONA MACHADO DE ARAJO, que adiante citaremos,nasceu em Abreiro, concelho de Mirandela, a 21 de Maro de 1850. Erafilho de:

    2 JOS MARIA DE MENDONA MACHADO DE ARAJO, fidalgo cavaleiro daCasa Real, capito de cavalaria, ajudante de campo do general Pvoas ede D. Maria Augusta Teixeira de Almada Meneses Guerra, filha de JooFirmino Teixeira, Baro de Barcel, e de D. Joana Anglica de AlmadaMeneses Guerra.

    Jos Maria de Mendona Machado de Arajo entrou nas lutas consti-tucionais a favor de D. Miguel, de quem foi partidrio acrrimo at morte, e um dos convencionados de vora-Monte. Neto de:

    3 JOS JOAQUIM DE MENDONA MACHADO DE ARAJO, fidalgo cavaleiroda Casa Real, cavaleiro da Ordem de Cristo, capito-mor de Valadares, ede D. Maria Teresa da Rocha Cabral e Quadros, dama do Pao, aafata darainha D. Carlota Joaquina. Bisneto de:

    4 BENTO MANUEL MACHADO DE ARAJO, senhor da casa da Amiosa,proprietrio em Trs-os-Montes, fidalgo cavaleiro da Casa Real, cavaleiroda Ordem de Cristo, capito-mor de Valadares, coronel do regimento demilcias dos Arcos, e de D. Maria Antnia de Mendona Cardoso, da casade S. Cosmado, na Beira-Alta, senhora de grande nobreza, bem provadapela dilatada srie de ascendentes, todos fidalgos cavaleiros da Casa Real.Terceiro neto de:

    5 MANUEL MACHADO DE ARAJO, senhor da casa da Amiosa, propriet-rio em Trs-os-Montes, fidalgo cavaleiro da Casa Real, cavaleiro da

    (4) Livro 5 do Registo das Mercs do Real Arquivo, fol. 150, in Dicionrio Aristocrtico, 1840.(5) Museu Regional de Bragana, mao Capelas.

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    Ordem de Cristo, familiar de nmero do Santo Ofcio, Juiz dos rfosem Valadares, comissrio de cavaleiros, guarda-roupa do infante D. Fran-cisco, governador de Castro Laboreiro, senhor de Vale de Poldras e Cam-pelo.

    Foi Manuel Machado de Arajo quem mandou construir em Abreiro,em frente da sua casa, o cruzeiro onde se venera a imagem do Senhor dosAflitos e a da Senhora da Piedade, no gnero um dos melhores monu-mentos da provncia em beleza arquitectnica.

    Tambm a instncias suas, devido considerao que gozava na corte,se construiu a clebre ponte de Abreiro em 1734.

    Segundo a lenda popular, esta ponte, o cruzeiro de Abreiro e a Arc(restos de uma anta, no termo da povoao), foi tudo construdo peloDiabo. sabido que a lenda atribui ao demnio as obras, quer sagradas,quer profanas, de difcil construo, e o arco da ponte de Abreiro assom-brava pela sua enorme altura, abertura e escabrosidade do stio (6).

    Manuel Machado de Arajo foi casado com D. Maria ManuelaMachado de Arajo, sua prima, filha e herdeira nica de ManuelMachado de Arajo, o Velho, moo fidalgo da Casa Real, cavaleiro daOrdem de Cristo, governador de Castro Laboreiro, senhor de Vale de Pol-dras e Campelo, que morreu religioso bento em Cela Nova. Quarto netode:

    6 JOO DE BARBEITAS PADRO MACHADO DE ARAJO, moo fidalgo daCasa Real, Juiz de fora na ilha da Madeira, e de D. Luiza Homem de El--Rei. Quinto neto de:

    7 ANDR MACHADO DE ALMEIDA, moo fidalgo da Casa Real, institui-dor do Morgado da Amiosa, senhor, por sua mulher, de Vale de Poldras eCampelo, e de D. Maria de Barbeitas Padro e Arajo, herdeira e filhanica de D. Pedro de Barbeitas Padro, senhor de Vale de Poldras e Cam-pelo, e de D. Maria de Arajo e Azevedo. Sexto neto de:

    8 GASPAR MACHADO DO AMARAL, moo fidalgo, e de D. Margarida doAmaral e Almeida. Stimo neto de:

    (6) Nesta parte no podemos concordar com o manuscrito que vamos seguindo, porque a pontede Abreiro, hoje em runas, restando-lhe apenas os pilares, por ser levada pela grande cheia doinverno de 1909, mas que vimos ainda em p numa excurso que fizemos queles stios em1897, tinha todas as caractersticas das pontes medievais, das quais restam ainda bem visveis osagulheiros que seguravam as cambotas dos arcos. Todavia, podia muito bem ser que ManuelMachado de Arajo fizesse reconstruir o arco, arruinado por outra cheia ou qualquer outromotivo, sobre os peges medievais. Referir-nos-emos adiante a uma reconstruo feita nessaponte.

  • 3ABREIROTOMO VI

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    9 GASPAR PIRES MACHADO, moo fidalgo, que serviu o duque de Bra-gana D. Teodsio, e de D. Maria do Amaral, filha de Cristvo do Ama-ral Castelo Branco. Oitavo neto de:

    10 FERNO MACHADO DE ARAJO e de D. Constana Dias Vilas-Boas,de quem diz a Nobiliarquia Portugueza, pg. 105, ser matrona de to lou-vveis costumes, que lhe crescia o po nas arcas para dar aos pobres, eque no dia do seu bito se tocaram expontaneamente os sinos da fregue-sia para festejar o coroamento no Cu das suas virtudes.

    E ficaremos aqui na linha ascendente do Doutor lvaro MendonaMachado de Arajo, de quem o manuscrito que temos seguido mencionaat aos dcimos sextos avs, porque se trata de personagens que viveramlonge do distrito de Bragana, objecto nico dos nossos estudos. Entre-tanto sempre diremos que na casa dos nonos avs menciona um Fernolvares da Maia, partidrio do infante D. Pedro, junto de quem foi mortona batalha de Alfarrobeira em 20 de Maio de 1449; na dos dcimos, umDiogo Pires Machado, igualmente partidrio do infante e morto namesma batalha, e ainda em outras entronca os ascendentes em MemMoniz (que, em 1147, arrombou as portas de Santarm e de Lisboa, empoder dos mouros, para os nossos entrarem na fortaleza, donde lhe veioo apelido de Machado) [5], em D. Sancho I, rei de Portugal, em Amala-rico, rei godo da Espanha, pelos anos de 505. pecha dos nobilirios: noparam enquanto no levam a ascendncia aos reis godos, como se s delesviesse o nobre sangue. Etnicamente no deixam de ter razo, para salien-tar a distino com outras raas que nos vieram da frica e da sia.Porm, este at linha dos dcimos sextos avs merece crdito, por cons-tarem da carta de braso de armas passada em 1734 a Manuel Machadode Arajo, da qual adiante damos um extracto.

    lvaro de Mendona Machado de Arajo (1, atrs citado) fez, comdistino, o curso liceal em Bragana e o universitrio em Coimbra, ondeconcluiu a formatura em direito a 9 de Julho de 1873 e no ano seguinteexerceu a advocacia em Valpaos. Em 1875, por morte de Carolino Pessa-nha, chefe do partido progressista no sul do distrito de Bragana, formou,com Joo Vaz de Madureira, Silvrio de Moura Barreto, Joaquim Baslioda Costa e doutor Francisco Augusto da Silva Leal, um grupo dirigentedo partido em oposio aos regeneradores, chefiados por FranciscoPavo, a quem nos referiremos ao tratar de Parada de Infanes. Estegrupo aderiu em 1876 ao Pacto da Granja e em 1879 obteve pela primeiravez autoridade, sendo lvaro de Mendona nomeado administrador deMirandela.

    Em Dezembro de 1880 foi nomeado primeiro oficial do Governo Civilde Bragana; em Fevereiro do ano seguinte caiu o partido progressista e

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    em 1883 transferiram-no para Faro, onde fundou o jornal Progresso doAlgarve, destinado a defender a sua poltica. Em 1884 faz concurso parasecretrio-geral e foi colocado no Governo Civil da Horta, de cujo lugarno chegou a tomar posse, sendo transferido para igual cargo em Bra-gana. A 11 de Janeiro de 1890 subiu ao poder o partido regenerador, quelogo o transferiu para a Horta; no acatou porm, o despacho e ficou emBragana, onde abriu escritrio de advogado.

    Em 1892 foi eleito deputado por Mirandela e no ano seguinte presi-dente da Cmara Municipal de Bragana, onde prestou relevantes servios.

    Em 1894 foi eleito deputado por acumulao e em 1898 nomeadogovernador civil de Braga e de Bragana em 1904.

    Em Maro de 1910 foi nomeado auditor administrativo do distrito deBragana, onde se conservou at 1913, ano em que foi promovido segunda classe e transferido para Braga.

    lvaro de Mendona era considerado como uma sumidade em direitoadministrativo, e como escritor a ele nos referiremos em volume especial.

    Casou em Barcel, concelho de Mirandela, a 29 de Abril de 1875, comsua prima D. Isabel Maria de Almada Meneses Pimentel, filha de Joo Eva-risto Teixeira de Almada Meneses Guerra e de D. Sancha Augusta deAlmada Pimentel, Viscondessa de Barcel (ver Barcel). Morreu em Braga a11 de Dezembro de 1916 e veio a enterrar a Abreiro. Descendncia:

    I. D. Olema de Mendona Machado de Arajo, nasceu no Mogo deMalta, concelho de Carrazeda de Ansies, a 7 de Maro de 1876, e casou a8 de Abril de 1911 com o doutor Alberto Gomes de Moura, tenente-coro-nel mdico de artilharia, combatente da Grande Guerra, natural de Bra-gana. Descendncia:

    lvaro de Mendona Machado de Arajo Gomes de Moura, nascido a29 de Agosto de 1914.

    II. D. Tlia de Mendona Machado de Arajo, solteira, proprietria emAbreiro e Barcel, nasceu em Abreiro a 7 de Maro de 1878.

    III. Abel de Mendona Machado de Arajo, nasceu a 10 de Novembrode 1879. Fez o curso liceal com distino em Bragana e o universitrioem Coimbra, onde concluiu a formatura em Direito em Junho de 1901.No exerceu profissionalmente a advocacia, se bem que defendeu combrilhante xito algumas causas em Bragana, Mirandela, Vila Flor e Lis-boa. Foi sub-delegado em Alfndega da F, mas no seguiu a magistra-tura. Professor interino do liceu de Bragana em 1905-1906 e, pelo mesmotempo, secretrio-geral do Governo Civil de Bragana. A 14 de Outubrode 1912 comeou a reger a cadeira de Sociologia na Escola Nacional deAgricultura de Coimbra, de que foi nomeado professor efectivo em 1919,passando em 1923 para o grupo Portugus-Latim.

  • 5ABREIROTOMO VI

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    Tem colaborado no Jornal de Mirandela, Nordeste, Ptria Nova, ambosde Bragana, Dirio Ilustrado e Agricultura Transmontana, de Mirandela.

    Tem um filho natural, mas legitimado, Joaquim de MendonaMachado de Arajo, que nasceu em Barcel a 24 de Maro de 1903.

    IV. D. Maria Olmpia de Mendona Machado de Arajo, solteira, pro-prietria em Abreiro e Vieiro, nasceu em Abreiro a 20 de Janeiro de 1890.A esta inteligente e muito ilustrada senhora agradecemos as informaesque gentilmente nos forneceu para esta monografia.

    Na carta iluminada de braso de armas concedida por el-rei D. Joo V,em 26 de Fevereiro de 1734, a Manuel Machado de Arajo (5, atrscitado), morador em Valadares, que se encontra em Abreiro em poder dafamlia Mendona Machado de Arajo, sua descendente ldima, mencio-nam-se seus avs at ao duodcimo e por ela lhe concede escudo partidoem pala: no primeiro, as armas dos Machados; no segundo, as dos Ara-jos. Timbre: dois machados de prata com cabos de ouro postos em aspa,atados com um troal vermelho e por diferena, uma brica de ouro comseu triflio preto. Em alguns escudos usados pela famlia no frontispciodas casas, no mausulu e no cruzeiro em Abreiro vem-se os machadosdo timbre encimados por um coronel.

    Em poder da mesma famlia h, alm de outros documentos nobilir-quicos, os seguintes:

    Carta de fidalgo-cavaleiro dada pela rainha D. Maria I, a 13 deDezembro de 1779, a Manuel Machado de Arajo (5, atrs citado), cava-leiro professo da Ordem de Cristo, natural da vila de Calheta, ilha daMadeira, em ateno aos servios que prestou nesta Corte e Provinciado Minho no foro do Moo do Guarda Roupa do Infante D. Francisco,que Deus haja, meu muyto prezado tio, e no posto de capito-mor deCastro Laboreiro; no de governador daquelle castello, em que sucedeo ahum tio do mesmo nome por patente de quatorze de maro de mil sette-centos e quarenta e seis; e ultimamente no de Sargento-Mor de Infantariacom exercicio do de Governador do mesmo Castello por patente de vintee seis de Mayo de mil settecentos e sessenta e outo, tudo por espao detrinta e seis annos.

    ... E no decurso do refferido tempo da guerra e paz se houve comgrande actividade e prestimo nas muytas e particulares diligencias damayor considerao do meu Real servio, que lhe foro recomendadaspelos Generaes daquella Provincia; sendo pela sua capacidade e intelli-gencia, por elles escolhido para entrar no Reyno da Galiza a observar eindagar as foras, dizignios e opperaes dos Inimigos: o que executouvadeando todo aquelle Reyno por espao de hum mez, trazendo ha exatae fiel rellao de tudo, sem que por este trabalho aceitasse a Ajuda de

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    custo, que se lhe offereceo, tendo sempre hum mesmo cuydado de man-dar sua custa Pessoas intelligentes the o Ferrol e Crunha, e mais partesdo mesmo Reyno, conseguindo por ellas a certeza de tudo o que nelle sepassava; conservando tambem pela sua vigilancia em Castella correspon-dencias ocultas por confidentes, a quem pagava da sua fazenda, pelasquais tinha noticia de todas as desposies dos inimigos que logo por cor-reyos comunicava aos seus respetivos generaes, enviando-lhes as Gazettasde Espanha, deffendendo ao mesmo tempo aquella Fronteyra das inva-zes dos Inimigos, havendo-se no refferido... com muyta honra, desinte-resse, e zelo do meu servio.

    Alvar de 1 de Fevereiro de 1716, que concede o hbito de Cristo emateno aos seus feitos na guerra com Castela, em que entrou por tempode onze anos, cinco mezes e vinte e um dias, e ao modo como se portousendo governador do Castelo de Castro Laboreiro.

    Alvar de 15 de Novembro de 1769, no qual El-rei D. Jos mandaarmar cavaleiro a Bento Manuel Machado de Arajo, a quem foi lanadoo hbito da Ordem na S de Braga. Teve o foro de fidalgo cavaleiro porcarta de 21 de Abril de 1780, como se mostra do respectivo documento.

    Alvar de 25 de Outubro de 1803, que manda armar cavaleiro a JosJoaquim de Mendona Machado de Arajo (3, atrs citado). Teve o forode fidalgo-cavaleiro por carta rgia de 4 de Junho de 1783.

    Carta rgia de 29 de Julho de 1822 que concede o foro de fidalgo--cavaleiro a Jos Maria de Mendona Machado de Arajo (2, atrs citado).

    Carta-patente de 7 de Junho de 1769, provendo Bento ManuelMachado de Arajo (4, atrs citado) no posto de capito-mor da vila deCastro Laboreiro, vago por desistncia de seu pai Manuel Machado deArajo. Por outra carta de 5 de Agosto de 1778 teve o posto de capitodas Ordenanas da vila de Valadares e seu termo.

    Carta-patente de 19 de Novembro de 1806, provendo Jos Joaquimde Mendona Machado de Arajo (3, atrs citado) no posto de capito--mor da vila de Valadares, vago por desistncia de seu pai.

    No arquivo da famlia conservam-se muitos outros documentos refe-rentes a mercs rgias e a promoes concedidas a vrios membros cola-terais da mesma; um manuscrito autgrafo do genealogista Padre Marce-lino Pereira sobre a nobreza dos Machados de Arajo e a rvore Geneal-gica dos Pintos Cardosos, senhores do morgado de S. Tiago de Mirandela,e de Morais e Pimenteis Machucas, de Bragana. Da rvore Genealgicaocupar-me-ei quando tratar de Mirandela, o manuscrito autgrafo nomerece citao especial.

  • 7AGROCHO | GUAS FRIAS | AGUIEIRA | ALATOMO VI

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    AGROCHO

    DOMINGOS DE S MORAIS, abade de Penhas Juntas, natural de Agrocho,requereu em 1858 licena para benzer uma capela que tem junto s suascasas de moradia, a qual fra destruda por um incndio (7). Vnculo dealgum antigo morgadio?

    GUAS FRIAS

    1 D. FRANCISCA AVILEZ, viva de Simo Dias Pereira, mulher nobre,de guas Frias, concelho de Chaves, erigiu em 1663 uma capela na povo-ao, em frente das suas casas de moradia, dedicada a Nossa Senhora daConceico, a que vinculou bens, que adiante se descrevem (8).

    2 MANUEL TEIXEIRA, presbtero, de guas Frias, erigiu em 1743 umacapela, dedicada a S. Joo Baptista, na povoao, junto s suas casas demoradia, a que vinculou bens que adiante se descrevem (9).

    AGUIEIRAS

    1 PASCOAL GONALVES e FRANCISCO DIAS, presbteros, irmos, erigiramem 1719 uma capela a Nossa Senhora de Anunciao na quinta dos Chan-ros, freguesia das Aguieiras, concelho de Mirandela, a que doaram benscompetentes (10).

    2 JOO PINHEIRO DE CASTRO e sua mulher Maria de Queiroga, mora-dores em Sobreir, concelho de Vinhais, erigiram em 1733, na povoacode Prado Afreixo, freguesia das Aguieiras, uma capela dedicada ao nomede Jesus, a que doaram bens com vnculo de morgadio (11).

    ALA

    ANTNIO PEREIRA, presbtero, de Ala, concelho de Macedo de Cavalei-ros, fez, em 1656, doao de bens que adiante se descrevem e vinculou em

    (7) Museu Regional de Bragana, mao Capelas.(8) Ibidem.(9) Ibidem.(10) Ibidem.(11) Ibidem.

  • ALA | ALFNDEGA DA FTOMO VI

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    morgadio, capela que ia erigir na mesma povoaco, dedicada a SantoAntnio (12).

    ALFNDEGA DA F

    Ss Machados (Ver: Vimioso Morais Faria Antas). Esta famlia trazsua origem do tempo do conde D. Henrique, porque, quando este inicioua expulso dos mouros da provncia de Trs-os-Montes, saram da vila deAlfndega sete cavaleiros, quatro do apelido de Ss, um de Siqueiras edois de Mesquita [6], os quais, defendendo a vila com grande valor, prati-caram grandes proezas, acudindo, com gente paga sua custa, em ajudado dito conde e de seu filho D. Afonso Henriques, em presena dos quaisderam mostras de tanto valor que, dando-lhes em prmio vrios ttulos ehonras, deram vila de Alfndega o sobrenome de F, o qual ainda hojeconserva em memria do que estes cavaleiros fizeram em sua defesa.

    1 DOUTOR PASCOAL DE SIQUEIRA DE MESQUITA o primeiro de quetemos notcia. Casou com D. Ana de S de Mesquita, e diz-se ser descen-dente de um dos cavaleiros acima nomeados.

    2 SIMO DE S DE SIQUEIRA, filho de Pascoal de Siqueira de Mesquita(1, atrs citado), que casou com D. Filipa da Costa Machado, filha deDiogo Machado da Costa, da vila de Bemposta. Descendncia:

    I. D. Filipa.II. D. Ana de S, que faleceu solteira.III. Diogo Machado de S, abade da Gestosa.IV. Gonalo de S Machado.V. Lus de S.3 GONALO DE S MACHADO (IV, atrs citado), filho quarto e morgado

    da casa, capito-mor da dita vila, que casou com D. Lusa Freire deAndrade (a quem nos referiremos ao citar a famlia Farias e Machados doVimioso) Descendncia:

    D. Filipa, que casou em Lodes da Vilaria com... Pinto. Descendncia:a) Policarpo Pinto.b) Maria Rosa, freira em S. Bento de Bragana.4 POLICARPO PINTO (a), acima citado) que casou com D. Maria de S,

    filha de Vicente de S, da vila de Castro Vicente, fidalgo da Casa Real. Des-cendncia:

    I. D. Maria, que morreu esposada.

    (12) Museu Regional de Bragana, mao Capelas.

  • 9ALFNDEGA DA F | ALGOSOTOMO VI

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    II. D. Catarina, que casou com Cristvo Jos de Gouveia, filho deLucas de Gouveia, de Moncorvo.

    5 LUS DE S, filho quinto de Simo de S de Siqueira e juiz dos rfosdas vilas de Vila Flor, Vilas Boas, Frechas e Sampaio, que casou em Lodescom D. Catarina Pinto. Descendncia:

    I. Andr Machado de Macedo e Lago.II. D. Ana Maria do Salvador, freira em S. Bento de Bragana.III. Manuel Machado Pereira do Lago, reitor da Adeganha.IV. D. Doroteia.V. Frei Lus, frade de So Francisco.5 ANDR MACHADO DE MACEDO E LAGO (I, acima citado), herdeiro e

    morgado da casa, juiz dos rfos das ditas vilas, que casou com D. Fran-cisca, irm de Afonso Botelho, de Vila Real, que morreu de parto e nodeixou descendncia. Casou segunda vez com... (13).

    ALGOSO

    1 ALEXANDRE JOS DE MORAIS ANTAS E SILVA, presbtero, Joo Machado,suas irms: D. Bernardina Maria de Jesus e D. Anglica Maria das Neves,de Algoso, obtiveram em 1797 licena para oratrio particular nas suascasas de moradia, onde se celebrasse missa (14). D. Bernardina Maria deJesus morreu em Algoso a 2 de Maio de 1821 (15). Sobre a fidalguia deAlgoso ver Vimioso.

    2 JOS MARIA DE SAMPAIO BACELAR PINTO DE MELO, natural e moradorna vila de Algoso, distrito de Bragana.

    Filho de Bernardo Pinto Bacelar de Sampaio e de sua mulher D. Anada Fonseca Pacheco.

    Neto paterno de Manuel Pinto Bacelar e de sua mulher D. Maria deSampaio Borges de Melo, filha de Afonso Martins Preto e de sua mulherD. Maria Geraldes de Sampaio e Melo, filha de Diogo Geraldes de Sam-paio, filho de Francisco Geraldes de Sampaio e de sua mulher Maria deBarrientos.

    Neto paterno de Afonso Geraldes de Sampaio e de sua mulher Engr-cia Gonalves.

    (13) Braso de armas de Manuel de Morais Faria Antas da Silva (Vimioso), segundo uma certi-do passada por Simo da Silva Lamberto, escrivo da Nobreza em Portugal, tirada dos livros dorespectivo cartrio. Ao tratar de Vimioso faremos a descrio deste cdice.(14) Museu Regional de Bragana, mao Capelas.(15) Ibidem, Cartrio Administrativo, livro 128, fol. 56 v.

  • ALGOSOTOMO VI

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    Bisneto de Jernimo Fernandes de Sampaio, irmo de Ferno Vaz deSampaio, quarto senhor de Vila Flor, Chacim e outras terras, alcaide-morda Torre de Moncorvo e de Castelo de Vide, filhos ambos de Vasco Fer-nandes de Sampaio, terceiro senhor da dita vila e mais terras e de suamulher D. Mcia de Melo, filha de Vasco Martins de Melo e de sua mulherD. Isabel de Azevedo.

    Bisneto, pela varonia, de Francisco Pinto Bacelar, irmo de FernoPinto Bacelar, de Vilar de Ossos, cuja casa usa as armas dos Pintos e Bace-lares, ambos filhos de Francisco Pinto Bacelar e de D. Maria das NevesPinheiro; netos de Ferno Pinto e de sua mulher D. Catarina Bacelar. Foi--lhe passado este braso a 9 de Novembro de 1752 (16).

    3 MANUEL BERNARDO MONTEIRO DE SAMPAIO E MELO, presbtero, deAlgoso, onde morreu em 1825, irmo de Jos Caetano de Faria, deixoupor testamenteira D. Teresa Mora, viva deste, e por herdeiros seus sobri-nhos, filhos desta: Antnio, Francisco, D. Ana e D. Maria (17).

    4 JOS DE SAMPAIO BACELAR PINTO DE MORAIS SARMENTO, natural da vilade Algoso, concelho do Vimioso.

    Filho de Jos Maria de Sampaio Bacelar Pinto de Melo e de D. Inciade Campo da Gama.

    Neto materno de Manuel de Morais de Vasconcelos, fidalgo da CasaReal, cavaleiro da Ordem de Cristo, capito-mor de Algoso, e de D. Jer-nima de Campo, filha de Paulo Machado.

    Bisneto de Julio de Morais Sarmento, capito-mor de Algoso, e de D.Maria de Sousa Pimentel.

    Terceiro neto de Valentim de S Sarmento e de D. Maria de Novais,filha de Aleixo da Nboa de Gois, que procedia da casa de Nboa, e dossenhores de Machedo, da Galiza.

    Quarto neto de Francisco Sarmento de Morais, que, por via legtima,procedia de Jcome Lus Sarmento, alcaide-mor de Bragana, e de Gon-alo Rodrigues, o Calvo, senhor de Tuizelo, Vilar de Ossos e outras terras,de quem descendem muitas famlias ilustres desta provncia.

    Teve escudo com as armas dos Morais Sarmentos, Gomes e Vasconce-los, passado a 7 de Novembro de 1752 (18).

    5 JOS SARMENTO DE VASCONCELOS, fidalgo da Casa Real, cavaleiro daOrdem de Cristo, natural da vila de Algoso. Casou com D. Maria Josefade Carvalho e Castro, natural de Paradinha, filha e herdeira de Joo de

    (16) SANCHES DE BAENA, visconde de Arquivo Herldico Genealgico, 1873, p. 425.(17) Museu Regional de Bragana, Cartrio Administrativo, livro 137, folha 41, onde vem trans-crito o seu testamento.(18) SANCHES DE BAENA Arquivo herldico, ... parte I, p. 421.

  • 11ALGOSOTOMO VI

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    Andrade de Carvalho, cavaleiro da Ordem de Cristo e sargento-mor deMoimenta da Beira, natural de Paradinha, e de sua mulher D. Maria Lusada Silva e Castro, natural de Pinhel. Descendncia:

    D. Ana Isabel Sarmento de Vasconcelos, que casou com Manuel Osriodo Amaral, senhor do Morgado do Esprito Santo e casa de Almeidinha,que deixou descendncia.

    Jos Sarmento de Vasconcelos era filho de Julio de Morais Sarmento,fidalgo da Casa Real, capito-mor da vila de Algoso, e natural de Vinhais,irmo de Bento de Morais Sarmento, familiar do Santo Ofcio e coronelde infantaria, e de D. Maria da Gama de Vasconcelos, natural de Algoso,irm de Lucas de Gouveia de Vasconcelos, familiar do Santo Ofcio, mora-dor na Torre de Moncorvo, a quem adiante nos referiremos.

    Neto paterno de Valentim de S Sarmento, natural de Vinhais e de D.Maria de Novais, natural de Quintela de Vinhais, filha de Aleixo da Nvoade Gis Sarmento, oriundo da casa de Machedo, da Galiza, e de D. Ana deNovais, natural de Quintela de Vinhais, que era filha de Gaspar de Novais,natural de Vila Franca, morador em Quintela de Vinhais, e de D. Mariade Morais, irm do Almirante Jcome de Morais Sarmento e neta paternade Diogo de Novais, natural de Vila Franca (9, adiante citado), e de D.Catarina da Costa de Figueiredo (10, adiante citado) e materna de Gon-alo de Morais, natural de Vilar de Ossos, e de D. Ana Gomes Sarmento,filha de Jcome Lus Sarmento, adiante citado.

    Segundo neto paterno de Francisco Sarmento de Morais, natural deTuizelo, morador em Vinhais e Juiz da Alfndega da mesma vila, e de D.Isabel de S Pinheiro, sua sobrinha, natural de Tuizelo, filha de DuarteFerreira de Morais, terceiro senhor do Morgadio de Tuizelo e de D. Leo-nor de Arago, aquele, filho de Francisco Rodrigues de Morais, segundoadministrador do Morgadio de Tuizelo filho de Duarte Rodrigues deMorais (6, adiante citado) e de D. Violante de S, adiante citada, filha delvaro Fernandes Pinheiro, fidalgo da Casa Real, natural de Lisboa, irmode D. Antnio Pinheiro, Bispo de Miranda, e de D. Maria de Arago.

    Terceiro neto paterno de Rodrigo de Morais, que tomou parte nocerco de Diu, na ndia, e de D. Maria Sarmento, irm de Lopo Sarmento,Alcaide-mor de Bragana, filha de Jcome Lus Sarmento (7, adiantecitado) e de D. Joana Gomes de Macedo (8, adiante citada).

    Quarto neto paterno de Duarte Rodrigues de Morais, primeiro insti-tuidor do Morgadio de Tuizelo no ano de 1530, e da muito formosa Cata-rina Gonalves.

    Neto paterno de Cristvo de Gouveia de Vasconcelos, cavaleiro daOrdem de Cristo, natural da Torre de Moncorvo, e de D. Mariana deSousa Pimentel, natural da vila de Algoso, primeira mulher, filha de Pedro

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    da Gama de Morais, capito-mor da vila de Algoso, e de D. Maria deMorais Pimentel, irm do Inquisidor Manuel Pimentel de Sousa e de JooMachado Pimentel, tesoureiro-mor de Miranda, sobrinha materna deAntnio Pimentel de Sousa, cnego em Coimbra, e neta materna de Gas-par Pimentel, natural da cidade de Miranda. Pedro da Gama de Moraisera filho de Gonalo Anes da Gama e de D. Leonor de Morais, esta, filhade Jorge Machado de Madureira, alcaide-mor da vila de Algoso, e de D. Isabel de Morais (13, adiante citado), e aquele, filho de Gonalo Anesda Gama, natural de Valverde, termo do Mogadouro, capito de Infanta-ria, e de D. Catarina Gil da Gama.

    Segundo neto materno de Lucas Gouveia de Vasconcelos e de D. Mariade Gouveia, sua parente, neta de Antnio da Costa Pimentel, natural daTorre de Moncorvo.

    Terceiro neto materno de Cristvo de Gouveia de Vasconcelos e deD. Ana Botelho, filho de Joo Botelho de Matos, o Velho, (11, adiantecitado), natural da Torre de Moncorvo, e de D. Ins Fernandes de Meire-les Varejo (12, adiante citado).

    Quarto neto materno de Jernimo Gomes de Vasconcelos, natural daTorre de Moncorvo, e de D. Isabel de Gouveia, segunda mulher.

    6 DUARTE RODRIGUES DE MORAIS, que na rvore est notado com o n 1,foi filho de Joo Calvo de Morais, apesar de dizerem que se chamava Gon-alo Rodrigues de Morais e que foi chamado o Calvo, por o ser em excesso.( esta a opinio de certo genealogista, com a qual no concordamos e queest em oposio com o que trata o ttulo de Morais, a respeito de Joo Calvode Morais). Era senhor dos lugares de Vilar de Ossos, Lugarelhos, Quintela,Rio de Fornos e Tuizelo na provncia de Trs-os-Montes e senhor de umcastelo junto a Baiona, no reino da Galiza, de onde veio para Portugal.

    Era muito abastada a sua casa, pois de treze lugares lhe pagavam Forose Pitanas. Casou com sua parente D. Leonor de Morais, filha de Joo deMorais e de sua mulher D. Leonor de Meireles.

    7 JCOME LUS SARMENTO, que na rvore est notado com o n 2, erafilho de Jernimo Lus Sarmento e de D. Ins da Costa.

    Neto de D. Lus Sarmento Mendona e de D. Catarina de Pesquera,natural de Burgos (19).

    Segundo neto de D. Antnio Sarmento, alcaide-mor de Burgos, e deD. Maria de Mendona, a cuja ascendncia nos referiremos adiante. (Ocdice, de onde extramos os elementos para esta monografia, resenhalarga fila de avoengos destes Sarmentos, alcaides-mores de Burgos, em

    (19) Vide o Nobilirio de Haro, 1 parte, fol. 45.

  • 13ALGOSOTOMO VI

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    que figuram senhores de Salvaterra e muitas outras terras, condes deValncia, de Carrion, de Monteagudo, de Miranda, por forma a deduzi-rem estes Sarmentos a sua varonia dos Reis de Portugal, Castela, Arago,Hungria, Ciclia, Frana e dos imperadores de Constantinopla e dosRomanos!! No nos sentimos porm com foras para o acompanhar).

    8 D. JOANA GOMES DE MACEDO, que na rvore est notada com o n 3,era irm de D. Isabel Gomes de Macedo, mulher de Aleixo de MoraisPimentel, padroeiro do captulo de S. Francisco de Bragana, escrivo dafazenda de El-Rei D. Joo III, vedor da fazenda da Infanta D. Maria,Comendador da Ordem de Cristo, ambas filhas de Rui Gomes Mascare-nhas, comendador de S. Miguel de Abambres, cuja igreja edificou, e desua mulher D. Ana de Macedo, que tambm o foi de Lopo de Mariz, filhade Joo de Macedo, alcaide-mor da vila de Outeiro e da Bemposta e capi-to general nas guerras que se moveram, no ano de 1476, entre El-Rei D.Afonso V de Portugal e D. Fernando, o Catlico, e de sua mulher D. Brancade Sousa, filha de Joo de Sousa, alcaide-mor de Bragana.

    Sob o n 4, a rvore desenvolve a ascendncia de D. Violante de S,filha de Francisco Ferreira de S, fidalgo da Casa Real, comendador deLamas, que entronca com os senhores do Couto e Castelo de Fabaris,senhores de Matosinhos, de Sever de Paiva, do coral de Cavaleiros, de VilaFlor (por Vasco Pires de Sampaio, senhor de Vila Flor, seu segundo av),do Sardoal, de Fareles, da terra de Alva, Ferreira de Aves, de Maciela,alcaides-mores do Porto, Francoso e Abrantes, incluindo mesmo os ascen-dentes do condestvel D. Nuno lvares Pereira.

    9 DIOGO DE NOVAIS, que na rvore est notado com o n 5, natural deVila Franca era filho do Desembargador Duarte de Almeida de Novais ede D. rsula de Morais, esta, filha de Incio de Morais, lente de humani-dades em Coimbra, mestre dos Infantes, filhos de El-Rei D. Manuel, e netade Pedro lvares de Morais Pimentel (a cujos ascendentes nos referiremosadiante ver 12), e aquele, filho de Joo Martins Ferreira e de sua mulherD. Maria de Almeida, filha de Francisco de Novais, dos Novais do Porto.

    10 D. CATARINA DA COSTA DE FIGUEIREDO, que na rvore est notadacom o n 6, era filha de Francisco da Costa Homem, alcaide-mor de Bra-gana, e de sua mulher D. Catarina de Figueiredo, filha de Diogo deFigueiredo, fidalgo da casa do Duque de Bragana e seu secretrio.

    11 JOO BOTELHO DE MATOS, o Velho, que na rvore est notado com on 7, natural de Moncorvo, teve o foro de escudeiro fidalgo (que era, assimcomo o de cavaleiro fidalgo, que se concedia por acrescentamento, omelhor ttulo de nobreza naquele tempo, como trata difusamente a Nobi-liarquia Portuguesa, cap. 17, pg. 163), e era filho de Afonso Loureno deMatos, natural de Olivena, que serviu a casa de Bragana, e, passando em

  • ALGOSOTOMO VI

    14

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    servio desta provncia de Trs-os-Montes, fixou residncia em Mon-corvo, onde teve dilatada e nobre descendncia. Da nobre ascendncia deJoo Botelho de Matos trata largamente o cdice, chegando at ao seudcimo quinto av: nada menos que D. Ramiro II, rei de Leo.

    12 D. INS FERNANDES DE MEIRELES E VAREJO, filha de Francisco PiresCarneiro Varejo e de sua mulher D. Isabel Nunes de Meireles, filha nicae herdeira de Joo lvares Pereira, natural de Bragana, e de sua mulherD. Brites Nunes de Meireles, natural de Moncorvo, onde fundaram e dota-ram a Misericrdia e nela esto sepultados.

    13 D. ISABEL DE MORAIS, filha de Francisco Galego, espanhol e fidalgo,e de sua mulher D. Ana de Morais Alvarez Pereira, natural de Bragana,filha de Manuel Pinto Pereira e de D. Antnia de Barbuda.

    Neta de Pedro lvares de Morais Pimentel, Padroeiro do Captulo deS. Francisco de Bragana, e de D. Maria Pereira, filha de Gonalo Vaz Gue-des (progenitor dos senhores de Felgueiras, Vieira e Fermedo, por varo-nia), dos Guedes, senhores de Mura.

    Segunda neta de lvaro Gil de Morais Pimentel, Padroeiro do Cap-tulo de S. Francisco de Bragana, e de D. Isabel de Valccer, filha de JooRodrigues de Valcacer, 3 neto de Garcia Rodrigues de Valccer, adian-tado da Galiza e senhor de muitas terras.

    Terceira neta de Gil Afonso Pimentel e de D. Leonor de Morais, filhanica e herdeira de Gonalo Rodrigues de Morais, Padroeiro do Captulode S. Francisco de Bragana, e de D. Maria de Sousa; neta de Rui Martinsde Morais; segunda neta de Gonalo Rodrigues de Morais; terceira neta deMartim Gonalves de Morais, que teve o senhorio de muitas terras, e de D. Lourena de Tvora, filha do primeiro Loureno Pires de Tvora,senhor desta casa, e de D. Guiomar Rodrigues, que tambm foram pais deLoureno Pires de Tvora, que casou com D. Alda Gonalves de Morais,irm do sobredito Martim Gonalves de Morais. Deles procedem, porvaronia, os marqueses de Tvora, condes de Alvr e de S. Vicente; quartaneta de Gonalo Rodrigues de Morais, senhor de Morais, Vinhais e Lagoa;quinta neta de Rui Gonalves de Morais, senhor dos referidos lugares,alcaide-mor de Bragana; sexta neta de Martim Gonalves de Morais,senhor das mesmas terras, e stima neta de D. Gonalo de Morais, que veioda cidade de Sria para Bragana e povoou os lugares de Morais e Lagoa.

    Quarta neta de Joo Afonso Pimentel, que passou para Castela comseu tio Joo Afonso Pimentel, primeiro conde de Benavente, e de D. TeresaPacheco, filha de Joo Pacheco, senhor de Serralvo, e de D. Mariana Rodri-gues de..., progenitores dos marqueses de Serralvo (20).

    (20) Vide Nobilirio de Haro, livro 3, cap. 4, fol. 135.

  • 15ALGOSO | ALVITESTOMO VI

    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    Quinta neta de Martim Afonso Pimentel, irmo de Joo AfonsoPimentel, primeiro conde de Benavente, em Castela, e progenitor dossenhores desta casa, dos marqueses de Tvora, condes de Viana e outros,e de D. Ins Vasques de Melo, filha de Vasco Martins de Melo, guarda-morde El-Rei D. Fernando, senhor da Castanheira, Povos, Chileiros, alcaide--mor de vora e de D. Maria Afonso de Brito, dos quais descendem osduques do Cadaval e outros senhores.

    Sexta neta de Rodrigo Afonso Pimentel, comendador-mor da Ordemde Santiago, e de D. Lourena da Fonseca, filha de Loureno Vasques daFonseca, senhor de Nogales, e de D. Sancha Vasques de Moura, dcimaneta de El-Rei D. Fernando, o Magno, e undcima neta de El-Rei D. Ordo-nho I, de Leo [7].

    Stima neta de Joo Afonso Pimentel, primeiro do nome, e de D. Cons-tncia Rodrigues de Morais, filha de Rui Martins de Morais, alcaide-morde Bragana, e de D. Alda Gonalves de Moreira.

    Oitava neta de D. Afonso Vasques Pimentel, terceiro do nome, irmo deD. Urraca Vasques Pimentel, mulher do conde D. Gonalo Pereira, dos quaisdescendem todos os prncipes cristos, e de sua mulher D. Sancha Fernandes.

    E assim continua a sua ascendncia, verificando-se ser D. Isabel deMorais (13, atrs citada) dcima nona neta de El-Rei D. Fruela II e darainha D. Ximena (21).

    14 INCIO PIMENTEL PERESTRELO e sua mulher D. Maria Josefa de Vas-concelos erigiram em 1725 uma capela dedicada a Santo Incio de Loiola,junto s suas casas de moradia em Algoso, a que vincularam bens (22).

    ALVITES

    1 CRISTVO JOS DE FRIAS SARMENTO, natural de Alvites, concelho deMirandela, filho de Jos de Frias de Morais Sarmento, fidalgo da CasaReal, neto de Cristvo Jos Ferreira Sarmento. Nomeado fidalgo-cava-leiro por alvar de 11 de Abril de 1787 (23).

    2 ESTVO MANUEL DE FRIAS SARMENTO.3 ANTNIO XAVIER DE FRIAS SARMENTO, ambos irmos do primeiro

    nomeado, foram em igual data agraciados com o mesmo ttulo de fidal-gos cavaleiros (24).

    (21) PINTO, Bento Caderno de rvores de Costado.(22) Museu Regional de Bragana, mao Capelas.(23) Livro 21 das Mercs da rainha D. Maria I, fol. 287, in Dicionrio Aristocrtico, 1840.(24) Ibidem.

  • ALVITES | AMENDOEIRA | ARCASTOMO VI

    16

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    4 D. MARIA JOAQUINA CNDIDA, nasceu em Alvites a 18 de Fevereiro de1781, e noviciou no convento de Santa Clara de Vinhais em 1796. Erairm dos precedentes, filha, igualmente, de Jos de Frias de Morais Sar-mento, de Miranda do Douro, e de D. Rosa Maria de Bandos, de Alvites,onde residiam; neta paterna de Cristvo de Frias Sarmento Ferreira, deVinhais, e de D. Doroteia Faustina Micaela Botelho de Matos, natural deAlocentre, sobrinha do cnego de Miranda do Douro, depois bispo daBaa, Jos Botelho de Matos, que residiram em Miranda do Douro, e netamaterna de Amador de Bandos Pegado, de Alvites, e de D. Brbara deBandos, de Alfndega da F, onde residiam.

    5 D. MARIA BRBARA BENIGNA, irm da precedente, nasceu em Alvitesa 23 de Dezembro de 1773 e noviciou, tambm em 1796, no convento deSanta Clara de Vinhais (25).

    6 ANTNIO MAURCIO PEREIRA CABRAL, natural de Alvites, termo deMirandela, filho do desembargador Manuel Incio Pereira Cabral, fidalgoda Casa Real.

    Fidalgo-cavaleiro por alvar de 6 de Abril de 1827 (26).

    AMENDOEIRA

    D. MARIA GUIOMAR DA ASSUNO PINTO, solteira, filha do Doutor Jer-nimo de S Pereira e de D. Bernarda Maria Pinto, natural da Amendoeira,concelho de Macedo de Cavaleiros, morreu a 31 de Agosto de 1825. Tinhaquatro irmos: Padre Manuel, Joo Henrique, Antnio e Francisco (27).

    ARCAS

    1 ANTNIO DE S MORAIS, natural das Arcas, concelho de Macedo deCavaleiros. Faleceu a 16 de Setembro de 1734. Instituiu um morgadio nacapela de S. Caetano, que erigiu na mesma povoao, vinculando-lhe seusbens, aos quais Manuel de Lobo e Paulo e Matias, seus irmos, tios do

    (25) Existem os respectivos processos no Museu Regional de Bragana: Freiras de Santa Clara deVinhais, maos 1 e 2.(26) Livro 22 das Mercs de El Rei D. Joo VI, fol. 192 v., in Dicionrio Aristocrtico.(27) Museu Regional de Bragana, Cartrio Administrativo, livro 137, fol. 470, onde se encontraregistado o seu testamento. Ver Seplvedas (Bragana)

  • 17ARCASTOMO VI

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    primeiro possuidor desse morgadio, Leandro de S Morais, tronco dosPessanhas no distrito de Bragana, doaram seus bens (28).

    2 FRANCISCO DE ASSIS PEREIRA DO LAGO, nasceu nas Arcas, concelho deMacedo de Cavaleiros, a 8 de Janeiro de 1842; filho legtimo de Joo Sil-vrio de S Pereira do Lago, fidalgo da Casa Real, administrador do vn-culo de S. Francisco de Assis da quinta de Mosteiro, freguesia de Sanfinsda Castanheira, concelho de Chaves, e de D. Matilde de Gouveia deMorais Sarmento.

    Casou em 1867 com D. Carolina Candida de Almeida Pessanha, filhado par do reino Manuel de Almeida Pessanha e de D. Carolina TeresaRodrigues.

    Antigo deputado da nao, foi, por decreto de 25 de Fevereiro de 1886,nomeado governador civil de Bragana, cargo que desempenhou at 16de Janeiro de 1890, voltando a ser nomeado para o mesmo cargo pordecreto de 11 de Fevereiro de 1897.

    Foi-lhe dado o ttulo de visconde das Arcas em 1879 (29).Ver adiante So Fins da Castanheira e, sobre a fidalguia das Arcas,

    Vimioso.3 DOMINGOS TEIXEIRA DE ANDRADE, natural das Arcas, concelho de

    Macedo de Cavaleiros, filho de Francisco de Morais Colmieiro. Fidalgo--cavaleiro por alvar de 17 de Maro de 1713. Era brigadeiro, coronel doregimento de Bragana, e em 1741 erigiu na mesma povoao uma capeladedicada a S. Domingos com vnculo de morgadio (30).

    4 ANTNIO JOS DE ALMEIDA MORAIS, natural das Arcas, filho de Fran-cisco Jos de S Morais, fidalgo da Casa Real, e de D. Ana Martins, dasArcas; neto paterno de Francisco Pessanha e de D. Joana, das Arcas, ematerno de Afonso Martins e de D. Maria Alves, naturais de Nuzelos.Fidalgo-cavaleiro por alvar de 5 de Julho de 1745 (31).

    5 D. JOSEFA FRANCISCA, irm do precedente, nasceu a 3 de Setembrode 1734 e noviciou em 1757 no convento de Santa Clara de Bragana (32).

    6 ANTNIO MANUEL DE ALMEIDA MORAIS, filho de Antnio Jos deAlmeida Morais (4, atrs citado), teve o foro de fidalgo-cavaleiro poralvar de 23 de Julho de 1788 (33).

    (28) PESSANHA, Jos Benedito de Almeida Notcia histrica dos Almirantes Pessanhas, p. 28.(29) Portugal: dicionrio histrico biogrfico, etc., artigo Arcas.(30) Livro 5 das Mercs de El-Rei D. Joo V, fol. 274 (tem a ntegra), in Dic. Aristocrtico, 1840.Museu Regional de Bragana, mao Capelas.(31) Livro 35 das Mercs de El-Rei D. Joo V, fol. 483. Museu Regional de Bragana, mao Capelas(32) Museu Regional de Bragana, Freiras de Santa Clara, maos 1 e 2.(33) Livro 24 das Mercs da rainha D. Maria I, fol. 168, in Dicionrio Aristocrtico, 1840.

  • ARGOZELO | ARUFE | BABETOMO VI

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    ARGOZELO

    1 JOO ALVES, proco das Veigas, concelho de Bragana, obteve em1630 licena para erigir uma capela dedicada a Santo Amaro na povoacode Argozelo, donde era natural, qual vinculou bens que adiante se des-crevem (34).

    2 FRANCISCO VAZ DE QUINA, presbtero, de Argozelo, erigiu em 1719junto s suas casas de moradia uma capela dedicada a Nossa Senhora daConceio, qual vinculou bens que adiante se descrevem (35).

    3 Doutor FRANCISCO VAZ DE QUINA, sobrinho do precedente, reitor deIfanes, vigrio geral de D. Miguel Antnio Barreto de Meneses, bispo deMiranda (1773-1780), foi provido no priorado da Colegiada de SantaMaria de que tomou posse em 1782 (36).

    4 D. MARIANA FILCIA RITA DE QUINA, natural de Lisboa, viva dobacharel Raimundo Andr Vaz de Quina, moradora em Argozelo, morreuem 1849. Descendncia:

    I. D. Maria Josefa, casada com Joaquim lvares Falco.II. D. Raimunda.III. Albano. hoje representante desta famlia o meu antigo condiscpulo Edu-

    ardo Augusto Vaz de Quina,abastado proprietrio na freguesia de Argo-zelo, onde vive vivo e com filhos.

    ARUFE

    Ver Bragana Seplvedas.

    BABE

    1 LUS SANCHES DE CASTRO, sua mulher D. Catarina Branca e seusfilhos: D. Joana de Castro, recolhida no convento de Santa Clara de Bra-gana, e Francisco Sanches de Castro, morador em Babe, concelho de Bra-gana, erigiram em 1705 uma capela, nesta povoao, dedicada a Nossa

    (34) Museu Regional de Bragana, mao Capelas.(35) Ibidem.(36) Documentos do Museu Regional de Bragana.

  • 19BABETOMO VI

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    Senhora da Anunciada, com vnculo de morgadio, cujos bens estavamsituados em Babe, Palcios, Gimonde e Torre de D. Chama, os quais her-dara D. Catarina Branca do doutor Toms de Castro que provavelmentepertencia famlia de seu marido tio? irmo? (37).

    Nem da capela, nem da casa desta famlia restam indcios, apenasexiste a pedra de armas, gravada em granito, que andou por ali aos tom-bos, abandonada, e agora foi colocada pelo povo na parede que guarneceum tanque no meio da povoao.

    2 JOO AFONSO FREIRE, natural de Babe, concelho de Bragana, desem-bargador da mesa do despacho Episcopal, provisor e vigrio geral nasvacantes no bispado de Miranda.

    Filho legtimo de Francisco Afonso, natural de Santulho, e de D. AnaAfonso Freire, natural de Babe.

    Neto paterno de Bartolomeu Afonso e de sua mulher D. Marta Cor-deiro, naturais de Santulho.

    Bisneto de Francisco Afonso e de D. Catarina Martins, naturais deSantulho.

    Neto materno de Francisco Afonso, natural de S. Pedro de Sarracinos(sic), e de D. Maria Fernandes, natural de Babe, filha de Joo Afonso,natural da vila de Rebordos, e de D. Catarina, natural de Babe, bisnetade Francisco Afonso e de D. Isabel Geraldes, naturais do sobredito lugarde Sarracinos.

    Teve por armas escudo ovado e esquartelado: no primeiro, as armasdos Afonsos, no segundo, as armas dos Freires, no terceiro as dos Cordei-ros, no quarto as dos Martins e por diferena uma brica vermelha comum farpo de prata. Por timbre o da dignidade do suplicante, que umchapu preto com trs borlas por banda.

    Foi passado este escudo a 24 de Maio de 1756.A certido autntica deste braso de armas de nobreza e fidalguia com

    o escudo iluminado, existe, escrita em pergaminho, em Santulho, na casada famlia Adrio. Tivera em meu poder devido obsequiosidade damuito ilustrada Ex.ma Snr.a D. Maria Ermelinda Ferreira, natural de Pal-cios e distinta professora oficial de Babe, parente do agraciado.

    Por esta e vrias outras informaes que gentilmente me forneceuaqui lhe fica consignado o meu reconhecimento.

    O Arquivo Herldico Genealgico tambm menciona este Joo AfonsoFreire, mas no to explcito.

    (37) Museu Regional de Bragana, mao Capelas.

  • BARCELTOMO VI

    20

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    BARCEL

    1 JOO FIRMINO TEIXEIRA, Baro de Barcel (38), concelho de Mirandela,por decreto de 4 de Setembro de 1879 antigo tenente do regimento demilcias e abastado proprietrio em Abreiro, Barcel e Navalho, tudo noreferido concelho, nasceu em Barcel a 16 de Setembro de 1801 e morreuem Abreiro a 18 de Julho de 1884. Combateu nas lutas constitucionais(1830-1834) a favor de D. Miguel e, aps a Conveno de vora-Monte,recolheu a sua casa, onde ficou fiel ao credo miguelista, entregando-se administrao da sua importante fazenda que muito valorizou, sendoconsiderado como o homem mais abastado do concelho. A sua coragem evalentia ainda hoje memorada na lenda popular.

    Era filho de Jos Manuel Pires, alferes de ordenanas e 2 sobrinho doclebre Padre Matias Pires, vigrio do Cobro (que deixou muitas elucida-es a respeito dos factos acontecidos a famlias residentes no antigo con-celho de Lamas, hoje de Mirandela), e de D. Ana Maria Teixeira, rica pro-prietria em Abreiro e Barcel.

    Joo Firmino Teixeira casou em Navalho, concelho de Mirandela, a 30de Julho de 1823 com D. Joana Anglica de Almada Meneses Guerra, filhade Antnio Gomes Guerra, juiz dos rfos nas antigas vilas de Abreiro eFreixiel, monteiro-mor das mesmas e grande proprietrio, e de D. AnaBrites Anglica de Almada e Meneses, da casa do Arco, de Mirandela, dequem foi herdeira nica, filha do doutor Jos Narciso de Almeida Pimen-tel, filho nico e representante dos Pimentis da casa da Praa, de VilaFlor, que foi juiz de fora em Alenquer e corregedor em Santarm. Descen-dncia:

    I. D. Maria Augusta Teixeira de Almada Meneses Guerra, que casoucom Jos Maria de Mendona Machado de Araujo (2, citado em Abreiro).

    II. Joo Evaristo Teixeira de Almada Meneses Guerra (2, adiantecitado).

    2 JOO EVARISTO TEIXEIRA DE ALMADA MENESES GUERRA, que casou comD.Sancha Augusta de Almeida Pimentel, Viscondessa de Barcel, ttulo esteque lhe foi conferido por decreto de 7 de Dezembro de 1904. Sucedeu-lheseu filho:

    3 JOO INCIO TEIXEIRA MENESES PIMENTEL, que nasceu em Mogo, con-celho de Carrazeda de Ancies, a 10 de Fevereiro de 1859 e morreu emAbreiro, concelho de Mirandela, a 30 de Dezembro de 1915. Foi enge-

    (38) Em Portugal: dicionrio histrico, artigo Barcel, vem uma pequena notcia acerca do Barode Barcel.

  • 21BARCEL | BARREIROSTOMO VI

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    nheiro-agrnomo, director da Estao Trasmontana de Fomento Agr-cola, com sede em Mirandela, scio do Instituto de Coimbra, cavaleiro daOrdem de S. Tiago, fecundo escritor a quem nos referiremos particular-mente no volume consagrado aos do distrito de Bragana. Casou a 19 deAbril de 1890 com D. Antnia Duarte de Almeida, filha do doutor Cust-dio Duarte de Almeida, chefe de sade e secretrio geral do governo deAngola (onde prestou relevantes servios durante as epidemias da var-ola, febre amarela e clera, sendo nessa ocasio condecorado), e sobrinhado poeta Manuel Duarte de Almeida. Descendncia:

    I. Rui de Meneses Pimentel (4, adiante citado).II. Gasto de Meneses Pimentel (5, adiante citado).III. D. Antnia de Meneses Pimentel (6, adiante citada).4 RUI DE MENESES PIMENTEL, que nasceu em Mirandela a 4 de Maio de

    1894, e a tive eu a honra de o consorciar a 31 de Janeiro de 1927 com D.Maria Jlia de Arajo Leite, natural de Mirandela. Tem exercido os cargosde administrador dos concelhos de Carrazeda de Ansies e de Mirandela.

    5 GASTO DE MENESES PIMENTEL, que nasceu em Abreiro a 16 deNovembro de 1895 e casou em Mirandela a 7 de Setembro de 1922 comD. Maria Fausta Cid Baptista. No tem descendncia.

    Tem sido presidente do senado mirandelense.6 D. ANTNIA DE MENESES PIMENTEL, que nasceu em Mirandela a 7 de

    Fevereiro de 1896 e casou em Abreiro a 28 de Abril de 1921 com o Dr.Jos Gomes Rios, natural de Taboao, tenente de artilharia reformado,em virtude de ferimentos recebidos na Grande Guerra, professor do Liceude Lamego. Tem um filho, Joo Incio de Meneses Pimentel, nascido em1921.

    7 Doutor CONSTNCIO DE ALMADA MENESES GUERRA, formado emmedicina, actualmente (1927) o representante dos Almadas MenesesGuerra. casado com uma senhora da famlia do conde de Almendra, dequem tem a seguinte descendncia:

    I. Carlos de Almada Meneses Guerra, tambm formado em medicina.II. D. Oliva de Almada Meneses Guerra, autora dos Espirituais e Encan-

    tamentos, poesias. Desta ltima obra esgotaram-se em dois meses trsedies. Tem tambm colaborado em vrias revistas e jornais.

    BARREIROS

    VICENTE LUS DA SILVA, licenciado, abade de Macedo do Mato, JooGonalves da Silva, presbtero, morador em Barreiros, e D. Domingas daSilva, moradora em Macedo do Mato, irm dos dois, erigiram em 1732

  • BARREIROS | BEMPOSTATOMO VI

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    uma capela dedicada a Nossa Senhora do Rosrio, em Barreiros, concelhode Vale Paos, com vnculo de morgadio (39).

    BEMPOSTA

    1 JERNIMO PRETO DE LEMOS, cnego magistral na S de Miranda doDouro, erigiu em 1730 uma capela dedicada a S. Jernimo na povoaode Bemposta, qual vinculou bens que adiante se descrevem (40).

    2 D. MANUEL MARTINS MANSO, bispo da Guarda, natural de Bemposta,erigiu em 1859, nesta povoao, junto s suas casas de moradia, umacapela dedicada a Nossa Senhora da Conceio (41). J ento estavam abo-lidos os vnculos de morgadio; todavia, mencionamos a capela por curio-sidade histrica local. Sobre a fidalguia de Bemposta, ver o que dizemosadiante, ao tratarmos de Vimioso.

    3 PEDRO DE MORAIS PIMENTEL, fidalgo de solar, natural da vila de Bem-posta, concelho do Mogadouro, filho de Diogo de Morais Pimentel, capi-to-mor e juiz da alfndega da dita vila, e de sua mulher Luciana deMorais, irm de D. Catarina de Aguirre, senhora do lugar de Bricones, emCastela.

    Neto paterno de Pedro de Morais Pegas, filho legtimo de AfonsoSupico Pegas, da gerao dos Pegas, e casado com D. Bernarda Pimentelde Lousada.

    Bisneto paterno de Diogo Pimentel, fidalgo de gerao, cota de armase solar, a quem El-Rei D. Manuel mandou passar braso de armas dosPimentas.

    Terceiro neto paterno de lvaro Pimentel, fidalgo e, pelos Pimentis,parente do conde de Benavente (prestou relevantes servios em terras defrica, na tomada de Arzila e Alccer e nas guerras contra Castela), e deD. Branca Lopes.

    Quarto neto paterno de Joo de Lousada, fidalgo do tronco dos Lou-sadas, do reino de Galiza, e de D. Teresa Pimentel.

    Quinto neto paterno de Joo Afonso Pimentel, irmo de outro JooAfonso Pimentel, primeiro conde de Benavente, os quais descendem dotronco e linhagem verdadeira dos Pimentis.

    Neto materno de Baltasar de Morais.

    (39) Museu Regional de Bragana, mao Capelas.(40) Ibidem.(41) Ibidem.

  • 23BEMPOSTA | BORNESTOMO VI

    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    Bisneto materno de Diogo de Morais, natural e morador na vila deBemposta, a quem, por ser fidalgo de gerao e cota de armas, foi conce-dido, em 1584, o braso de gerao dos Morais.

    Terceiro neto materno de D. Beatriz de Morais.Quarto neto materno de Gonalo de Morais, o Velho.Quinto neto materno de Pedro de Riba de Sil de Morais.Pedro de Morais Pimentel teve por armas um escudo posto ao balon

    esquartelado: no primeiro, as armas dos Pegas; no segundo, as dos Morais;no terceiro, as dos Pimentis e no quarto as dos Lousadas. Elmo de prata,aberto, guarnecido de ouro, paquife de metais e cores das armas; por tim-bre, o dos Pegas: uma das Pegas.

    Braso passado a 15 de Abril de 1682 (42).4 DIOGO DE MORAIS, morador na vila de Bemposta, filho legtimo de

    Beatriz de Morais; neto de Gonalo de Morais, o Velho, e bisneto de Pedrode Riba de Sil de Morais.

    O braso de Morais tem, por diferena, uma brica de prata e nela umcrescente de lua azul. Braso passado a 20 de Setembro de 1584 (43).

    BORNES

    1

    1 LOURENO MARTINS, de Bornes, e D. Constana Rodrigues institu-ram o morgadio de Santa Marta de Bornes, na capela-mor da igrejamatriz do mesmo lugar, na qual esto sepultados. Loureno Martins deBornes foi uma das testemunhas que assistiram ao casamento de El-ReiD. Pedro I com D. Ins de Castro, celebrado em Bragana, e assina no ins-trumento com o ttulo de Escudeiro (44).

    Como no tempo antigo, principalmente nesta provncia, havia poucoo costume de fazer memrias das famlias; apesar de possuir algumasnotcias desta, no posso descrever a linha direita da sua descendnciacom a verdade de nomes. O primeiro descendente de que pude obterinformao segura :

    (42) SANCHES DE BAENA Arquivo Herldico Genealgico, p. 682, livro 3, fol. 390 v.,MACHADO, Jos de Sousa Brases Inditos. Braga, 1906, p. 141.(43) Livro 1, fol. 118 v., in MACHADO, Jos de Sousa Brases Inditos, p. 126.(44) BRANDO, Antnio Frei Monarquia Lusitana, parte V, livro XVI, fol. 77, verso.

  • BORNESTOMO VI

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    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    2 FRANCISCO DA COSTA HOMEM DE OLIVEIRA, alcaide-mor de Bragana,casado com D. Catarina de Figueiredo. Sucederam-lhe neste morgadioseus sobrinhos:

    3 LEONIS DE OLIVEIRA, fidalgo da Casa Real, filho de Gaspar de Oli-veira, e de D. Isabel Borges, neto de outro Leonis de Oliveira, que foi juizordinrio em Bragana em 1497; casou com D. Catarina da Costa. Des-cendncia:

    I. Lopo lvares de Oliveira, fidalgo da Casa Real, que est sepultado naigreja de Santa Escolstica de Bragana. Na pedra tumular vem-se asarmas dos Oliveiras e Costas e a esta sepultura chama-se: Enterro dosparentes dos fundadores.

    II. D. Helena da Costa, que casou com Gonalo Teixeira, filho deJcome Teixeira de Macedo. Depois de viva, fundou, com sua filha D. Maria Teixeira, o mosteiro de Santa Escolstica desta cidade.

    III. D. Maria lvares de Oliveira (45). (Ver Parada.)4 GASPAR DE OLIVEIRA, fidalgo da Casa Real, que sucedeu neste morga-

    dio, casou com D. Francisca Sarmento, filha de Lopo Sarmento, alcaide--mor de Bragana.

    5 GASPAR DE OLIVEIRA SARMENTO, que casou com D. Maria Sarmento,filha do almirante Jcome de Morais Sarmento e de D. Ana de AlmeidaCastelo Branco. No teve descendncia.

    6 D. JOANA DE OLIVEIRA SARMENTO, irm do precedente e que lhe suce-deu neste morgadio, casou com Andr de Morais Sarmento, cavaleiro dohbito de Cristo, desembargador da Suplicaco, e depois aposentado coma propriedade de juiz da alfndega de Bragana, cargo este que tinha sidodesempenhado por seu sogro Gaspar de Oliveira Borges. Descendncia:

    I. Andr de Morais Sarmento (7, adiante citado).II. D. Maria de Oliveira Sarmento, que casou com Duarte Ferreira e

    viveu em Bragana. Descendncia:a) Joo Ferreira Baptista, cavaleiro do hbito de Cristo, capito de

    infantaria, sem descendncia.b) D. Maria de Oliveira, que casou na vila de Vinhais com Manuel de

    Morais. Descendncia:Francisco Xavier Sarmento de Morais, capito de cavalaria, e outros.7 ANDR DE MORAIS SARMENTO, cavaleiro do hbito de Cristo, juiz da

    alfndega de Bragana, que casou com D. Cezlia de Abreu. Descendn-cia:

    (45) Nasceu em Santa Maria de Bragana a 11 de Maio de 1567. Foi seu padrinho o bispo deMiranda D. Antnio Pinheiro. (Nota do autor.)

  • 25BORNESTOMO VI

    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    I. Andr de Morais Sarmento (8, adiante citado).II. D. Cezlia de Morais Sarmento de Oliveira (9, adiante citada).III. D. Maria Custdia, freira no mosteiro de Santa Escolstica.IV. Jcome de Morais Sarmento, general dos Rios de Sena, que casou

    na ndia.8 ANDR DE MORAIS SARMENTO, cavaleiro do hbito de Cristo, juiz da

    alfndega de Bragana, casou com D. Maria Josefa de Butro Sarmento,filha do alcaide-mor Lzaro de Figueiredo Sarmento. Tiveram por des-cendncia uma filha nica, D. Mariana, que morreu nova.

    9 D. CEZLIA DE MORAIS SARMENTO DE OLIVEIRA, que sucedeu nestemorgadio a sua sobrinha, casou com Joo Teixeira de Morais Sarmento(que possua outro morgadio, de que trata o 2), irmo de Frei Sebas-tio Sarmento, da Ordem de Cristo, filhos de Jcome de Morais e Sousa,do hbito de Cristo, mestre de campo de infantaria auxiliar, e de D. Vio-lante de Butro Sarmento, filha de Sebastio de Figueiredo Sarmento;netas de Joo Teixeira de Morais e Sousa e de D. Catarina Borges de Oli-veira Sarmento; segundos netos de Joo Teixeira de Morais de Macedo ede D. Isabel de Sousa e terceiros netos de outro Joo Teixeira de Macedo,irmo de Gonalo Teixeira, pai de D. Maria Teixeira, uma das fundadorasdo mosteiro de Santa Escolstica. Teve por descendncia um filho nico:

    10 JCOME JOS DE MORAIS SARMENTO, que casou com D. Isabel deMorais Pimentel, filha de Jos de Morais Madureira, fidalgo da Casa Real,e de D. Maria de Morais Pimentel. Descendncia:

    I. Joo Vicente Manuel Teixeira de Morais Sarmento.II. D. Mariana Antnia de Morais Margarida de Butro Sarmento.III. D. Cezlia Maria de Oliveira Sarmento, que foram freiras em Santa

    Clara de Bragana.IV. D. Maria Joaquina de Figueiredo Sarmento, que casou com Andr

    Sebastio da Veiga Cabral, no deixando descendncia.V. D. Violante Maria de Morais e Sousa, freira em Santa Clara de Bra-

    gana.

    2

    1 ANTNIO DE OLIVEIRA DE MORAIS, cavaleiro do hbito de Cristo,governador que foi de Mombaa, e depois da cidade de Santa Cruz deCochim, onde faleceu e est sepultado no colgio da Companhia de Jesus,era filho de lvaro de Morais e de D. Catarina Borges, de Bragana, insti-tuiu um morgadio e por no ter filhos, como consta do seu testamento de2 de Janeiro de 1640, legou-o a seu sobrinho:

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    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    2 LVARO DE MORAIS, filho de Rodrigo de Morais, irmo do prece-dente, e de D. Ana Carneiro. Por no ter deixado descendncia sucedeu--lhe neste morgadio:

    3 FRANCISCO DE MORAIS SARMENTO, abade de Cervos, irmo de Ant-nio de Oliveira Morais (1, atrs citado). Sucedeu-lhe:

    4 D. CATARINA BORGES DE OLIVEIRA SARMENTO (irm dos 1 e 3, atrscitados), que casou com Joo Teixeira de Morais e Sousa. Descendncia:

    I. Doutor Francisco de Morais Sarmento, que foi provedor de Coimbra.No deixou descendncia.

    II. Jcome de Morais de Sousa, do hbito de Cristo, mestre de campode infantaria auxiliar, que casou com D. Violante de Butro Sarmento, dequem era filho Joo Teixeira de Morais Sarmento, que casou com D. Cez-lia de Morais Sarmento de Oliveira (9 do 1, atrs citado).

    III. Lopo de Morais Carneiro, desembargador, cavaleiro do hbito deCristo.

    IV. D. Joana de Oliveira, que casou com Francisco Ferreira de Morais,fidalgo da Casa Real, do hbito de Cristo, morgado de Tuizelo. No dei-xou descendncia.

    5 Doutor FRANCISCO DE MORAIS SARMENTO, que no casou. Possuatambm um vnculo institudo, em 1662, por Sebastio Velasques Pereira,no lugar de Rabal, e que por este lhe foi legado.

    Ao Doutor Francisco de Morais Sarmento sucedeu neste morgadioseu sobrinho Joo Teixeira de Morais Sarmento (acima citado), a quemtambm legou o vnculo referido (46).

    Segundo um documento do Museu Regional de Bragana, LourenoMartins (1 do 1, atrs citado) e sua mulher Constana Rodriguesmuito poderosos quele tempo, moradores em Bornes, concelho deMacedo de Cavaleiros, tiveram um filho, Loureno Gomes, que, notendo deixado descendncia, vinculou todos os seus bens com encargospios, entre os quais quatro alqueires de po cozido, dois carneiros assa-dos e cozidos, bem como dois almudes de vinho, tudo distribudo anual-mente em dias determinados aos necessitados s portas da igreja de Bor-nes.

    O primeiro administrador do morgadio foi Joo Afonso, abade deVale-Benfeito, e por sua morte os abades que lhe sucederam na freguesia.Em 1421 Ferno Gomes, abade de Bornes, alegando que devia ter partena capela, por o corpo do fundador estar sepultado na sua igreja paro-

    (46) BORGES, Jos Cardoso Descrio Topogrfica da Cidade de Bragana, notcia XI, DosMorgados, 7, fol. 289.

  • 27BORNES | BOUATOMO VI

    M E M R I A S A R Q U E O L G I C O - H I S T R I C A S D O D I S T R I T O D E B R A G A N A

    quial, moveu demanda ao seu colega Joo Afonso e obteve provimento.Entrou tambm no litgio o reitor de Izeda e conseguiu despacho favor-vel (47).

    3

    1 FRANCISCO INCIO SARMENTO, filho de D. Quitria, casado, morreuem Bornes a 19 de Janeiro de 1832 deixando um filho (48).

    2 D. JOANA DE S PEREIRA, que casou com Manuel Antnio Borges,morreu em Bornes em 1817, deixando trs filhos: Francisco, Manuel eMaria (49).

    3 GASPAR FREIRE DE ANDRADE, confirmado de Bornes, obteve em 1717licena para erigir uma capela na povoao dedicada a Nossa Senhora dosPrazeres, como cabea do morgadio fundado por seu tio, tambm cha-mado Gaspar Freire de Andrade, que igualmente fora confirmado de Bor-nes (50).

    BOUA

    SEBASTIO MANUEL DE SAMPAIO E CASTRO, primeiro Visconde da Boua,em duas vidas (decreto de 20 de Agosto de 1877 e carta rgia de 21 deFevereiro de 1878), cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceiode Vila Viosa, senhor da casa e morgadio da Boua, na freguesia destenome, concelho de Mirandela, abastado proprietrio no distrito de Bra-gana, nasceu a 5 de Dezembro de 1807 e era filho de Manuel AntnioVaz de Sampaio, senhor da casa da Boua, na povoao deste nome, con-celho de Mirandela, que nasceu a 10 de Maro de 1780 e faleceu a 11 deOutubro de 1822 capito do regimento de milcias de Bragana, e de D.Francisca Teresa de Assuno Marques de Castro, senhora do vnculodenominado Santo Cristo de Sonim, institudo em 1583 pelo licenci-ado Antnio Marques de Paiva abade da freguesia de Sonim, concelho de

    (47) Museu Regional de Bragana, mao Capelas. Nestes documentos fala-se num pintor queviveu em Vale-Benfeito, em 1656, mas no lhe apontam o nome.(48) Museu Regional de Bragana, Cartrio Administrativo, livro 27, folio 14, onde se encontraregistado o seu testamento.(49