Totem e Tabu Apresentação

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Totem e Tabu Freud, S. 1913-1914

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Resumo da temática abordada em Totem e tabu de um ponto de vista lacaniano.

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Totem e Tabu

Totem e TabuFreud, S.1913-1914PrefcioPrimeira tentativa de aplicar a psicanlise a alguns problemas no solucionados pela Volkerpsychologie e pela escola de Zurique: contraste metodolgico.Interesse pela arqueologia e pr-histriaPsicomitologia.Um dos escritos mais estimados de Freud.Visa diminuir a distncia entre os campos da antropologia social, filologia, folclore e psicanlise (cooperao ocasional).HiptesesHorda primeva seria a origem da quase totalidade das instituies sociais e culturais.

Os progressos sociais e tcnicos da histria afetaram os tabus muito menos do que os totens

Linhas geraisIncio da etnopsicanlise (comparao: psicologia dos neurticos e sociedades primitivas)

Objetivo: relacionar teoria clnica (psicanlise) com teoria social (antropologia), ou seja, a teoria do Complexo de dipo e a teoria da universalidade do incesto

I Horror ao incestoEvolucionismo socialHomem primitivo semelhante ao animalDuas leis bsicas: no matar o animal totmico e evitar relaes sexuais com membros do mesmo cl totmico.

Sistema TotmicoRegra de exogamia.Totens so hereditrios (antepassado comum, parentesco totmico).Horror e desejo do incesto caracterstica infantil.Possibilidade do incesto: tentao na fantasiaSatisfao da pulso incompatvel com as regras que mantm os laos sociais (represso dos desejos incestuosos).

II Tabu e ambivalncia emocionalTabu (restries e proibies): venerao horror temor sagrado

Podem ser permanentes ou temporrios.

Wundt: cdigo de leis no escrito mais antigo.

Arqueologia das neuroses

A base do tabu uma ao proibida, para cuja realizao existe forte inclinao do inconsciente.Os tabus dos selvagens no se acham to longe de ns como estivemos inclinados a pensar. As proibies morais e convenes / leis pelas quais nos regemos podem ter uma relao fundamental com esses tabus primitivos.Doena do tabuSimilaridade entre o tabu e a doena obsessiva FORMACerteza interna: medo irresistvel, aes expiatrias e defensivasProibio: entrar em contato comProibio consciente (o medo mais forte), o desejo inconscienteObjetivoReconstruir a histria do tabu sobre o modelo das proibies obsessivas explicao circular?Proibies mais importantes:No matar o animal totmico (pai).Evitar relaes sexuais com membros do sexo oposto do mesmo cl totmico (me).Ponto central dos desejos da infncia e ncleo das neuroses.O que do ponto de vista do indivduo se apresenta como ncleo das neuroses, do ponto de vista social organizador da vida em sociedade, estruturante.Resumo (tabu)O tabu uma restrio primeva foradamente imposta (por alguma autoridade) de fora, e dirigida contra os anseios mais poderosos a que esto sujeitos os seres humanos. O desejo de viol-lo persiste no inconsciente: aqueles que obedecem ao tabu tm uma atitude ambivalente quanto ao que o tabu probe. O poder mgico atribudo ao tabu baseia-se na capacidade de provocar a tentao e atua como contgio porque os exemplos so contagiosos e porque o desejo proibido no inconsciente desloca-se de uma coisa para outra. O fato de a violao de um tabu poder ser expiada por uma renncia mostra que esta renncia se acha na base da obedincia ao tabu (p. 26).DetalhamentoQual o grau de valor atribudo ao paralelo entre tabu e neurose obsessiva?Inimigos (morte)Governantes (pai) Mortos: tratados como inimigos projees de sentimentos hostis alimentados pelos sobreviventes contra os mortos

Ambivalncia: venerao / amor e hostilidade / dio

III -Animismo, Magia e Onipotncia de PensamentosMagia onipotncia narcisismo primrio (alucinao / realizao de desejo).Religio: fixao da libido no casal parental.Cincia: renncia exclusiva busca de prazer por conta das exigncias da realidade.IV O retorno do totemismo na infnciaSistema totmico: sist. religioso (tabu - proteo) e sist. social (punies exogamia)Caso do pequeno Hans: durante o dipo, sentimentos ambivalentes em relao ao pai fobia a um animal (deslocamento)

Origem do totemismo:Substituio do pai por um animal totmicoFruto do complexo de dipoTeoria da horda primitivaHiptese do assassinato originrio (derivada de dados da biologia e da etnologia)1) horda dominada pelo macho: interdio s mes e irms. Submisso lei paterna por meio da fora.2) compl dos filhos: assassinato coletivo do pai tirnico, seguido de banquete (devorao e identificao).3) renncia satisfao incestuosa e violncia: exogamia, fim da horda selvagem, inaugurao do cl fraterno.ConclusoOs tabus fundamentais do totemismo baseiam-se nos desejos relativos ao complexo de dipo.Parricdio: castrao simblicaato fundador da civilizao; incio da cultura (organizao simblica).existncia simblica do pai deriva de sua falta (chefe transforma-se em pai, depois de morto e seu poder ao invs de perdido reforado), autoridade simblica.Lei: culpa / desejo e renncia

Nathan, T. (2001)Incio da etnopsicanlise: comparao entre um elemento encontrado na prtica clnica e a vida dos primitivos.Arcasmos na vida psquica adulta: fixao ou regresso.Os contedos do inconsciente do neurtico so idnticos aos contedos conscientes do pensamento da criana e aos atos rituais e s crenas dos primitivos. Ao inconsciente de um corresponde o consciente do segundo e o ato do terceiro (mesmo elemento em nveis diferentes).Funo Paterna e Mscaras da MorteComplexo de dipo: conceito um nuclear da psicanlise; supostamente dependente de um modelo de famlia historicamente datado.Crticas antropolgicas.Reelaborao do conceito por LacanNova leituraDeslocamento do papel do pai para uma funo simblica.Garantia da transmisso e fixao cultural de prticas sociais e sexuaisComplexo de dipo: regramento da reproduo sexuada pano de fundo. O que est em questo a implcita admisso da finitude humana.Mito modernoPai / morte desejada e dramatizada no mito grego; reiterada pela tese freudiana do assassinato do pai pela horda primitiva.Morte quarto elemento do complexo de dipoCopertena estrutural entre pai e morte valor simblico do ancestral mortoProposta do artigoRegulao da vida sexual (regras de parentesco, criao de linhagens e filiaes) subjetivao da finitude e inscrio da morte / simblico.Figura do pai: anteparo contra o sem representao da morte.Inverso das clssicas polmicas sobre a natureza e a universalidade do Complexo (entre pai / sexualidade e morte).PsicanliseTextos psicanalticos no devem ser lidos apenas cronologicamente (obra em aberto)Complexo de dipo: estatuto do pai em psicanlise.Totem e tabu convoca reflexes de outras reas e clama por respostas de psicanalistasCrticasReferncias evolucionistas utilizadas por Freud.

Generalizaes descabidas (crianas / neurticos / povos primitivos)Vertente empricaMalinowski: em vez da me, as irms seriam as amadas e o rival seria o tio e no o pai.Jones: face manifesta (consciente) e no corresponde aos processos inconscientes reafirmao dogmtica do j dito.Spiro: acusa o antroplogo de confundir fantasia consciente com a inconsciente.Debilidade desses argumentos.

Guinada estruturalista lacaniana.

Posies simblicas ao invs de se restringir a relaes empricas entre pais e filhos.Vertente epistemolgicaKroeber:A suposio de Darwin (homem primitivo) hipottica.Sacrifcios de sangue no era universais e no se vinculam necessariamente a observaes totmicas.Assassinato e ato canibal mera hiptese.Psicanalistas seriam fracos cientificamenteFalta de senso nesse procedimento hipottico piramidal.dipo lacanianoPai instncia simblica de contedo varivel, mas formalmente universal.Pai = aquele que tem a palavra e que enquanto funo remete a um alm.Pai pai morto mito / categorizao mesma de uma forma do impossvel.Morto palavra / lei / paiFiliaoSacrifcios dos ascendentes, remodelaes, transformaes em traos de identificao e marcas de pertencimento.Filiar = nomear, conceder a algum um lugar na ordem social e simblica introduzi-lo a sua finitude (castrao).Simblico e culturaVestgio funerrio para a prorrogao da vida, vestgios do morto.Complexo de dipo subjetivao da prpria mortalidade (muito alm da normatizao da sexualidade).Pai simblico (significante) traz consigo a morte, que permeia toda a relao edpica.MortoAo ingerir o pai morto, ingere-se a morte.Destruio do pai, incorporao da culpa / responsabilidade (superego).Pai morto = pai matadoSoluo de compromisso entre a admisso de finitude e a reivindicao da imortalidade.O tabu e o medo de matar podem no ter acontecido, mas sempre j aconteceram porque empiricamente os pais morrem, magicamente so mortos. Mas preciso afianar o assassinato para de algum modo, manter alguma expectativa de controle sobre a morte, preservar de algum modo a fantasia de imortalidade.A morte alm do paiIngerir o pai morto metfora da filiao ao simblico.Ingere-se a morte no corpo do pai (figura impossvel de um imortal), modo de se recalcar a finitude.dipo subjetivao da finitude (isso universal)Inibio, sintoma e angstiaMedo da morte = medo da castrao, do paiAvesso: medo do pai castrador = anteparo, proteo ao fato da morteTemor da perda de um objeto amado angstia da perda de si (medo de morrer)MscarasNascido sexuado finitudeUniversal: transmisso e inscrio psquica e social da prpria finitudeParentescoRituais funerriosRituais de iniciaoRitos de passagem: em muitas sociedades comum que ocorram por meio dos mortos (homens adultos do suporte s mscaras dos espritos ancestrais; o ascendente vivo que carrega o morto, mascara o ancestral morto).ConclusoPor trs do adulto (pai), est a sombra do ancestral (morte).O herdeiro concebe-se como parricida por uma reivindicao de imortalidade, mas os filhos nada podem fazer para evitarem serem os herdeiros.Filhos: nica possibilidade de perpetuao da existncia.O sujeito ao nascer adotado pela significncia, herdando assim sua mortalidade.Amago e universalidade do complexo de dipo: iniciao prpria morte.