TOXICOLOGIA DOS NEUROPSICOFÁRMACOS Leila Zanatta [email protected] UNIVERSIDADE...
-
Upload
agatha-mirella-padilha-regueira -
Category
Documents
-
view
230 -
download
2
Transcript of TOXICOLOGIA DOS NEUROPSICOFÁRMACOS Leila Zanatta [email protected] UNIVERSIDADE...
TOXICOLOGIA DOS NEUROPSICOFÁRMACOS
Leila [email protected]
UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA
TOXICOLOGIA SOCIALÁrea da toxicologia que estuda os
efeitos nocivos decorrentes de uso não médico e nem terapêutico de fármacos e drogas, causando danos ao indivíduo
e à sociedade
FÁRMACOS E DROGAS QUE CAUSAM DEPENDÊNCIA
Depressores do SNC: barbitúricos, benzodiazepínicos, etanol e inalantes
Opiáceos: heroína, morfina, codeína
Estimulantes: cocaína, anfetaminas, cafeína
Tabaco: nicotina
Cannabis
Psicodélicos (alucinógenos): LSD, mescalina
FARMACODEPENDÊNCIA E SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA
Abstinência e dependência são fenômenos independentes
O cérebro e outros tecidos adaptam-se à presença de fármacos e drogas gerando processos fisiológicos
opostos às alterações causadas por elas.
Ex: Barbitúricos causam uma depressão da excitabilidade neural
(mudanças no fluxo de íons). A adaptação pode consistir em alterações na membrana
celular que aumentem a excitabilidade (efeito compensatório).
Quando o fármaco é retirado ocorre uma hiperexcitabilidade
FARMACODEPENDÊNCIA E SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA A hiperexcitabilidade constitui uma
síndrome de abstinência
Ex: morfina diminui a motilidade TGI Na síndrome de abstinência produz
hipermotilidade intestinal e diarreia
FARMACODEPENDÊNCIA E SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA
Dependência: Síndrome comportamental caracterizada pela perda de controle
(compulsão) sobre o consumo do fármaco/droga (“fissura”) mesmo com intensos prejuízos individuais e sociais.
É considerada uma doença crônica, incurável e sujeita à recaída.
USUÁRIO E DEPENDENTE A dependência tem um componente genético (40-
60%)Filhos de alcoólicos tem maior probabilidade de desenvolver
alcoolismo
Alguns traços de personalidade pré-existentes distinguem aqueles que são propensos à dependência Busca de novidade Busca de sensação impulsiva Adolescentes
Indivíduos que sofrem de alguns transtornos Depressão, ansiedade, esquizofrenia
SISTEMA DE RECOMPENSAZona de recompensa no sistema
límbicoReforço cerebral
SISTEMA DE RECOMPENSA Sistema mesolímbico dopaminérgico
Zona de recompensa Liberação de dopamina
SISTEMA DE RECOMPENSA Sistema mesolímbico dopaminérgico
Sua estimulação gera recompensas naturais Sexo, alimentos, água
As recompensas naturais imprimem na memória um acontecimento felizFonte de reforço para que o indivíduo repita a
ação
O uso de drogas/fármacos traz recompensa para o usuário Prazer, alívio, alteração de percepção e humor Promoção da auto-administração
SISTEMA DE RECOMPENSAO uso de drogas/fármacos traz recompensa para
o usuário
As drogas e fármacos diferem dos reforçadores convencionais pois seus efeitos estimulatórios na secreção de dopamina são maiores Ex: alimentos aumentam 45% a liberação de dopamina
enquanto cocaína produzem um aumento de 500%
SISTEMA DE RECOMPENSAMecanismos de ação de drogas/fármacos no
sistema mesolímbico Inibição da recaptação de dopamina
Cocaínaanfetaminas
Aumento da liberação de dopaminaanfetaminas
Inibição de neurônios GABAérgicos e estimulação indireta de neurônios dopaminérgicosopióides
BARBITÚRICOS
Substâncias utilizadas para induzir o sono Àcido malônico e uréia- ácido barbitúrico
Ácido dietilbarbitúrico (barbital) foi o primeiro introduzido no mercado em 1903
Em seguida surgiu o fenobarbital utilizado até hoje
As intoxicações letais por superdosagem de barbitúricos fez com que eles fossem substituídos pelos benzodiazepínicos
BARBITÚRICOS
BARBITÚRICOS
Anticonvulsivantes e Sedativo-hipnóticos;
Uso terapêutico diminuído ↓ índice terapêutico e interações medicamentosas;
Brasil FENOBARBITAL (longa T1/2=80-120 h
anticonvulsivante
PENTOBARBITAL (curta) E TIOPENATAL (ultra-curta) centros cirúrgicos e UTI.
AÇÃO DEPENDE DA DOSE ADMINISTRADA:
ABSORÇÃO Drogas de caráter ácido Absorção oral é completa, mas lenta ao nível
intestinal (fenobarbital) VO: efeito sedativo-hipnótico IV: anestésico
Modificações na estrutura conferem às moléculas diferentes atividades assim como T1/2 vida.
BARBITÚRICOS - TOXICOCINÉTICA
Ácido Barbitúrico Fenobarbital
DISTRIBUIÇÃO LIPOSSOLÚVEIS Ultrapassam todas as barreiras do organismo Depositam-se nos tecidos gordurosos (ação
ultra-curta – altamente lipossolúveis) Sofrem redistribuição (diminuição do efeito
depressor) METABOLISMO P450 hepático Rim, cérebro, coração, intestino
EXCREÇÃO renal (25% na forma inalterada na urina)
Excreção renal pode ser significativamente aumentada por alcalinização urinária.
BARBITÚRICOS - TOXICOCINÉTICA
SNC aumenta a ação inibitória do GABA
BARBITÚRICOS – TOXICODINÂMICADEPRESSORES CENTRAIS NÃO-SELETIVOS
SISTEMA RESPIRATÓRIO deprimem os mecanismos responsáveis pelo ritmo da respiração.
SISTEMA CARDIOVASCULAR: doses hipnóticas modificam pouco a
frequência cardíaca e a pressão arterial, doses mais elevadas diminuem a
contratilidade miocárdica e deprimem a musculatura lisa dos vasos.
BARBITÚRICOS – TOXICODINÂMICADEPRESSORES CENTRAIS NÃO-SELETIVOS
CAUSAS:
Tentativas de suicídio;
Indivíduo sob tratamento, sem controle da dose ingerida;
Intoxicação acidental (crianças);
Associação com outros depressores (álcool, benzodiazepínicos, ...) doses letais são menores.
BARBITÚRICOS - INTOXICAÇÃO
O início dos sintomas após a ingestão depende do tipo de barbitúrico Nos de ação longa os sinais começam a aparecer
após 2h
A intoxicação pode ser classificada em leve, moderada ou grave Na intoxicação leve ou moderada os sinais se
parecem muito com o de embriaguez por álcool
Fala enrolada, confusão, ataxia
Os efeitos tóxicos são dependentes da dose (tolerância)
BARBITÚRICOS - INTOXICAÇÃO
TOLERÂNCIA Uso contínuo acarreta resistência aos efeitos
hipnóticos
Tolerância metabólica Aumento da atividade de algumas enzimas
hepáticas Aceleração da biotransformação Rápida eliminação Diretamente proporcional à rapidez de seus
efeitos
As análises qualitativas:Visam o diagnóstico diferencial,
eliminando uma intoxicação por outros depressores do sistema nervoso central.
As análises quantitativas:Visam o diagnóstico da intoxicação por
barbitúrico;permite avaliar o risco toxicológico além
da necessidade de medidas dialíticas.
BARBITÚRICOS – DIAGNÓSTICO LABORATORIAL:
BARBITÚRICOS - MÉTODOS DE ANÁLISE Qualitativos CCD
amostras biológicas sangue, urina ou lavado gástrico
Semi-quantitativos Imunoensaio
Quantitativos: HPLC (padrão-ouro) e CG.
TERAPIA SUPORTE
Suporte (DESOBSTRUÇÃO VIAS AÉREAS) aspirar secreções das vias aéreas, intubação e ventilação mecânica
Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos;
Hipotensão fluídos endovenosos vasoativos;
BARBITÚRICOS – TRATAMENTO
DESCONTAMINAÇÃO DO TGI :
Lavagem gástrica (mesmo após 24hs – diminuem a motilidade TGI)
Carvão ativado
AUMENTO DA ELIMINAÇÃO Alcalinização da urina com bicarbonato de sódio
Hemodiálise quando o paciente não responde à terapia de suporte.
BARBITÚRICOS – TRATAMENTO
BENZODIAZEPÍNICOS
BENZODIAZEPÍNICOS Estão entre os fármacos mais prescritos em
todo o mundo
Clordiazepóxido: primeiro a ser comercializado (1961)
Ansiolíticos, anticonvulsivantes, relaxantes musculares e hipnóticos
Mais seguros e eficazes que barbitúricos
Tolerância e dependência
BENZODIAZEPÍNICOS - TOXICOCINÉTICA VIAS DE ADMINISTRAÇÃO oral, retal
(rápida), IM (ação lenta) e IV;
ABSORÇÃO VO: rápida Pico plasmático: 30 min a 2h
DISTRIBUIÇÃO:Alta percentagem de ligação a proteínas
plasmáticas: >90% distribuição uniforme nos tecidos
LIPOSSOLÚVEIS atravessam BHC.
BENZODIAZEPÍNICOS - TOXICOCINÉTICA BIOTRANSFORMAÇÃO:
Sistema P450Vias oxidativas (hidroxilação, desmetilação)
e não-oxidativas (conjugação glicurônica)Gerando metabólitos inativos e ativosPode ser alterada por outros fármacos
indutores (barbitúricos) ou inibidores (cimetidina) enzimáticos
EXCREÇÃO: renal
BENZODIAZEPÍNICOS - TOXICOCINÉTICA
Meia-vida variável
ação ultra-curta (efeito quase imediato – exemplo: tiamilal);
ação curta (meia-vida inferior a 6 horas – exemplo: triazolam);
ação intermediária (meia-vida de 6 a 24 h – exemplo: lorazepam);
ação longa (meia-vida superior a 24 horas – exemplo: diazepam);
BENZODIAZEPÍNICOS - TOXICODINÂMICA Potencializa a ação do GABA no SNC;
Tolerância: uso crônicoAlteração do número e sensibilidade dos
receptores
Dependência: Uso prolongado de doses maiores do que as
terapêuticas Tratamento por períodos prolongados com doses
terapêuticas (> 6 meses) É maior com BZD de meia-vida curta
BENZODIAZEPÍNICOS - TOXICODINÂMICA
Síndrome de abstinência mais intensa na interrupção abrupta Agitação insônia ansiedade Náuseas vômitos
BENZODIAZEPÍNICOS – EFEITOS TÓXICOS SNC: sedação, sonolência, ataxia e confusão mental
Respiratório: diferentes graus de depressão respiratória; Somente ocorre em casos de injeção IV muito rápida
ou disfunção hepática
Cardiovascular: hipotensão, hipotermia e bradicardia; Somente ocorre em casos de injeção IV muito rápida
ou disfunção hepática
Intoxicações letais ou graves são raras e estão associadas ao uso concomitante com outros depressores do SNC (etanol e barbitúricos)
BENZODIAZEPÍNICOS - TRATAMENTO
Suporte respiratório e gastrintestinal
Carvão ativado (doses baixas) ou lavagem gástrica + carvão ativado (doses elevadas)
Hipotensão fluídos endovenosos vasopressores
Crise de abstinência doses decrescentes de BDZ de curta duração
Benzodiazepínicos:Lorazepam > 3,0 mg/dia Alprazolam > 2,0 mg/dia (exceto em arritmias atriais) Clordiazepóxido Diazepam Clorazepato Flurazepam
Medicamentos não recomendados em idosos, independentemente do diagnóstico ou da condição clínica, devido ao alto risco de efeitos colaterais e com opções à prescrição de outros fármacos mais seguros pelos critérios de Beers–FicK e comercializados no Brasil
BOA NOITE CINDERELA-VIOLÊNCIA SEXUAL
Substâncias utilizadas frequentemente por assaltantes e agressores que dopam a vítima a fim de assaltá-la ou abusá-la sexualmente, sendo, portanto, chamadas também de “rape drugs” (drogas de estupro).
Flunitrazepam
Nome comercial: Rohypnol;
Essas drogas agem diretamente no sistema nervoso central, podendo provocar amnésia durante a intoxicação. A pessoa perde a consciência de seus atos, a capacidade de discernimento, apresenta dificuldade de resistir a ameaças, se sujeita a ordens de estranhos, entre outros.
BENZODIAZEPÍNICOS - TRATAMENTO
ANTÍDOTO : uso hospitalar, nem sempre é necessário!!!
FLUMAZENIL antagonista (específico)
Bloqueio dos receptores dos BDZ (competição) reverte sedação, com melhora do efeito respiratório
BENZODIAZEPÍNICOS – MÉTODOS DE ANÁLISE
QUALITATIVOS CCD
SEMI-QUANTITATIVOS imunoensaios;
QUANTITATIVOS: HPLC, CG E ESPECTROFOTOMETRIA.