TP_Trabalho_1-2
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Universidade Federal FluminenseFaculdade de EducaçãoPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoLinha de Pesquisa Diversidades e Desigualdades Sociais na EducaçãoDisciplina Temas de PesquisaDocentes Profa. Leia Paixão
Prof. Elionaldo JuliãoDiscente André Joaquim Gonçalves Xavier Data 17.03.2015Tipo de Trabalho ResenhaBibliografia MILLS, Charles Wrigth. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar,
1965, p. 211-246 (Apêndice – Do artesanato intelectual)
DO ARTESANATO INTELECTUAL
O autor inicia a sua abordagem defendendo que o estudante iniciante só poderá alcançar o senso de
utilidade de método e teoria através da conversação dos pensadores experimentados na qual trocam
informações sobre suas práticas de trabalho.
O arquivo
O autor parte do princípio que os pensadores mais admiráveis dentro da comunidade intelectual não
separam o seu trabalho de suas vidas. Daí que recomenda aos estudantes a aprender a usar a
experiência de suas vidas no seu trabalho continuamente. Para tal, o estudante deve organizar um
arquivo (manter um diário).
No diário unem-se a experiência pessoal e as atividades profissionais, os estudos em elaboração e os
estudos planejados. Assim, um arquivo adequado desenvolve hábitos de auto-reflexão e ajuda a
formular o hábito de escrever.
O autor alerta que uma dos grandes problemas dos cientistas sociais é o planejamento ocasional, por
exemplo quando escrevem seus planos ou projetos para se beneficiar de fundos. Nesta ordem de
idéias, recomenda aos estudantes a refletirem periodicamente sobre o estado de seus problemas e
planos.
De forma global, o arquivo contém ideais, notas pessoais, excertos de livros, itens bibliográficos e
delineamentos de projetos, o que implica que o estudante deve desenvolver o hábito de tomar notas.
Essas notas podem se obter da leitura de certos livros importantes, ao tentar aprender a estrutura da
argumentação do autor e de parte de alguns livros, do ponto de vista de algum tema particular ou
tópico de interesse para o estudante.
Como usar o arquivo
A manutenção do arquivo é uma produção intelectual, ou seja, constitui um armazenar crescente de
fatos e idéias, desde os mais vagos até os mais preciosos.
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O autor revela que o primeiro passo que tomou após preparar um estudo sobre a elite, foi um
rascunho tosco, baseado numa lista dos tipos de pessoas que ele desejava compreender.
O autor também denuncia que para preparar o seu projeto, a idéia e o plano nasceram dos seus
arquivos, na medida em que todos os seus projetos começam e terminam neles e os livros são o seu
resultado.
De seguida o autor propõe como uma das condições sociais do trabalho intelectual é a necessidade
de se envolver num ambiente social e intelectual que lhe permite pensar dentro das linhas do seu
trabalho. Esse é o seu sentido sobre a fusão da vida pessoal e intelectual.
Outro aspecto fundamental é o material existente, constituído por: várias teorias relacionadas com o
tópico; material já utilizado por outros, como comprovação dessas teorias; e material já reunido e
em várias fases de centralização acessível, mas ainda não transformado em material teoricamente
relevante.
Pesquisa empírica
O autor revela que não gosta do trabalho empírico. Considera que há fragilidade e desinteresse na
pesquisa empírica, sendo meros exercícios formais para os estudantes e uma fonte de renda para os
que não conseguem tratar dos problemas substantivos mais difíceis da ciência social.
Para o autor, o modo mais econômico de formular um problema é o raciocínio, que consiste em:
isolar cada questão de fato que perdura; e fazer as indagações de fato, buscando respostas para
resolver novos problemas. Neste contexto, propõe-se quatro fases: os elementos e definições
derivados do conhecimento geral do tópico, questão ou área de preocupação; as relações lógicas
entre essas definições e elementos; a eliminação de falsas opiniões; e a formulação e reformulação
das questões de fato que perdurem.
Antes de se decidir sobre os estudos a serem feitor, recomenda-se que inicie pelo delineamento de
um plano mais amplo, dentro do qual vários estudos em pequena escala começam a despontar.
Imaginação sociológica
O autor apresenta algumas condições gerais e técnicas simples que estimulam a imaginação
sociológica:
1. Redisposição do arquivo : esvaziar as pastas, misturar os seus conteúdos e dar uma nova
disposição.
2. Atitude lúcida : procurar sinônimos para cada um dos termos-chaves nos dicionários e nos
livros técnicos pode levar ao aperfeiçoamento dos termos do problema, dando-lhe maior
precisão.
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3. Nova classificação : não se limitar às classificações existentes, buscar os denominadores
comuns e factores de diferenciação dentro e entre elas, por meio de critérios explícitos e
sistemáticos. Usar a classificação cruzada.
4. Tipos polares : ao estudar um objeto convém procurar contrastar vários deles, o que permite
uma melhor compreensão dos materiais e estabelecimento das dimensões em que as
comparações são feitas. Assim, recomenda-se o uso de vários pontos de vista.
5. Inversão : inverter o senso de proporção pode libertar a imaginação, por exemplo olhar para
algo que parece pequeno e imagina-lo que é enorme, fazer o mesmo com os fenômenos
gigantescos.
6. Comparação histórica : a abordagem pelo contraste exige o exame do material histórico, o
que permite uma análise de tendências ou uma tipologia de fases.
7. Distinção entre tópico e tema de um livro : o tópico é um assunto, o qual pode ser
habitualmente colocado num capítulo ou em parte dele, enquanto o tema é uma idéia,
habitualmente de alguma tendência significativa, um conceito importante, uma distinção-
chave, com a racionalidade e a razão, podendo exigir um capítulo ou uma secção. Num
livro, é preciso saber relacionar os temas com cada tópico.
Linguagem escrita
O autor defende que os trabalhos devem ser apresentados em linguagem clara e simples.
Para tal, propõe o cientista social se preocupar com o seguinte:
1. Dificuldades e complexidade do assunto : 95% dos livros de ciência social podem ser
traduzidos em linguagem ao alcance de qualquer pessoa medianamente culta, o que revela
que não é tão difícil e complexo quanto a forma adotada para apresenta-lo. Isso exige ao
autor a habilidade de fazer com que o círculo do leitor coincida exatamente com o seu,
escrever de tal modo que ambos fiquem no mesmo círculo de sentido controlado.
2. Status pretendido : distingue-se duas formas de apresentar o trabalho de ciência social. A
primeira é usar a voz humana, o que permite distingue o tipo de homem que o autor é, sendo
essa voz existente atrás das melhores exposições. A segunda forma é a de não usar a voz
humana, um som autônomo, pretensiosamente impessoal.
3. Público-alvo : o autor precisa ter em conta exatamente os públicos a que se dirige e o que ele
pensa deles. Como membro da comunidade acadêmica, o autor precisa de empregar o
discurso do homem civilizado.
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Recomendações
O autor recomenda:
1. Seja um bom artesão, que busque desenvolver e usar a imaginação sociológica, defensor do
primado intelectual individual;
2. Evite a singularidade bizantina dos Conceitos associados e dissociados, o maneirismo da
verborragia;
3. Faça construções trans-históricas julgadas necessárias, bem como as minúcias sub-histórias.
E, sem ser fanático, examine em detalhe os pequenos fatos e suas relações, bem como os
grandes acontecimentos ímpares;
4. Para além de estudar um ambiente pequeno depois de outro, é preciso estudar as estruturas
sociais nas quais os ambientes estão organizados, de modo a compreender a influência
mútua entre eles e a estrutura. A mesma abordagem serve para o período de tempo;
5. É preciso entender que o objetivo é o entendimento comparado e pleno das estruturas sociais
que surgiram e hoje existem na história mundial;
6. Desenvolver e rever continuamente as suas opiniões sobre os problemas de história, de
biografia e de estrutura social, nos quais a biografia e a história se cruzam;
7. Procure compreender o homem como agente histórico e social e as formas pelas quais sua
variedade é complexamente selecionada e intrincadamente formada pelas variedades de
sociedades humanas;
8. É preciso assumir a autonomia moral e política, não permitindo que as questões políticas
(como oficialmente formuladas) nem as preocupações (como experimentadas privadamente)
determinem os problemas a serem estudados.
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Universidade Federal FluminenseFaculdade de EducaçãoPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoLinha de Pesquisa Diversidades e Desigualdades Sociais na EducaçãoDisciplina Temas de PesquisaDocentes Profa. Leia Paixão
Prof. Elionaldo JuliãoDiscente André Joaquim Gonçalves Xavier Data 17.03.2015Tipo de Trabalho ResenhaBibliografia BRANDÃO, Zaia. Conversas com pós-graduandos. BRANDÃO, Zaia.
Pesquisa em Educação. Rio de Janeiro: Loyola/PUC-Rio, 2002, p. 15-26.
CONVERSANDO COM PÓS-GRADUANDOS
Neste capítulo, a autora procura discutir alguns dos problemas mais freqüentemente enfrentados
pelos pós-graduandos em educação, resultantes do formato e estruturas dos cursos e disciplinas e
das produções dos docentes e pesquisadores.
Na opinião da autora, uma boa pós-graduação fundamenta-se numa carga bastante intensa de leitura
e discussão sobre as referências básicas da área, bem como o conhecimento da pesquisa em
educação.
Neste contexto, destaca-se o papel dos periódicos (nacionais e estrangeiros) existentes nas
bibliotecas.
Daí que questiona a freqüência dos pós-graduandos nas bibliotecas.
Seguindo a sua linha de pensamento, alerta sobre a insuficiência do hábito de emprestar livros e
recomenda aos pós-graduandos a despenderem o seu tempo nas bibliotecas manuseando periódicos,
pesquisando temas e descobrindo autores, e conhecendo obras de referência para desenvolver o
habitus científico.
Sobre os trabalhos acadêmicos e citações
A autora revela que os trabalhos acadêmicos de muitos pós-graduandos tem sido manchados por
frases intermináveis com rodeios sem fim e com numerosas referências e citações, na tentativa de
demonstrar o resultado de semanas e semanas de estudo e reflexão.
Ainda a propósito das citações, a autora alerta que o uso indiscriminado das citações é
extremamente prejudicial à argumentação, tendo-se chegado ao ponto da banalização no tratamento
de certos autores e seus textos com uma supercitação, não só dos autores, mas dos mesmos trechos.
Assim, a autora propõe o uso de citações em algumas situações: recorrer a um argumento de
autoridade; quando um autor construiu uma referência de tal forma original; para contestar ou se
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apropriar de um conceito ou análise específica de um autor sobre uma questão; e como epígrafe de
um texto para se indicar o objetivo do autor.
Sobre leituras
A autora inicia questionando a capacidade de reconhecimento da pertinência de um artigo, autor ou
um livro por parte dos pós-graduandos, bem como a influência do trabalho dos docentes e
pesquisadores.
A escolha de livros e artigos é influenciada por várias circunstâncias: o estilo de um autor, embora
não seja um critério definitivo e exclusivo; a facilidade de leitura de alguns autores, com estilos
mais adequados as características de pensar e estudar do pós-graduando.
Para facilitar a descoberta dos materiais de leitura, a autora recomenda a consulta de um dicionário
especializado. Também destaca os periódicos pelo seu papel na divulgação da pesquisa.
Na sua óptica, para se conhecer um periódico torna-se necessário acompanhar a sua trajetória,
número por número, ano por ano.
No Brasil, no campo da educação evidenciam-se alguns periódicos como Revista Brasileira de
Estudos Pedagógicos, Cadernos de Pesquisa, Educação e Sociedade, Educação e Realidade,
Educação e Contexto e Revista Brasileira de Educação.
A autora salienta a importância dos bancos de dados, como o ERIC (Educational Research
Information Center), Sociofile (banco de dados em Ciências Sociais) e COMUT (Serviço de
Comutação Bibliográfica).
Para finalizar, a autora sugere aos pós-graduandos a experimentar, explorando bibliotecas, descobrir
as suas obras de referência predileta e seus periódicos.
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