Trabalhado Sintagma Nominal

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SINTAGMAS Estimado(a) Aluno(a), Muita gente costuma pensar que estudar portugus estudar anlise sinttica. E como o estudo da anlise sinttica na escola desvinculado do uso real da lngua e apresentado como uma verdadeira charada a ser decifrada pelo aluno, natural uma certa rejeio quanto ao estudo da nossa lngua. Mesmo os alunos dos cursos de letras de nossas universidades vem no estudo da sintaxe um verdadeiro "bicho papo" e insistem em desvendar os seus segredos como o principal objetivo de estudar portugus. Neste tema e nos seguintes (Sintagma verbal, Coordenao e Subordinao), vamos trabalhar alguns aspectos da sintaxe da lngua portuguesa, do ponto de vista produtivo quanto maior o conhecimento e o domnio das estruturas frasais do portugus, mais eficiente ser o desempenho oral e escrito do aluno. A fonologia, a morfologia, a sintaxe e a semntica constituem o estudo da estrutura interna de uma lngua aquilo que a distingue das outras lnguas do mundo e que no resultado diretamente de condies da vida social ou do conhecimento do mundo. J o lxico se distingue da gramtica propriamente dita: nele esto colocadas as informaes que no se reduzem a regras gerais. Temos que pensar tambm no aspecto pragmtico da linguagem, que, diferentemente do aspecto sinttico (propriedades formais das construes lingsticas) e do aspecto semntico (relao entre as unidades lingsticas e o mundo), se relaciona situao concreta de uso e influncia do contexto na interao falante-ouvinte (motivaes psicolgicas do falante, reaes dos ouvintes ou leitores). Para um ensino produtivo da lngua e da literatura, nas atividades de leitura, compreenso e produo de textos, consideramos essencial que o estudante perceba que: existe uma hierarquia na estrutura da orao, isto , a orao apresenta constituintes e estes contm outros constituintes; cada constituinte oracional apresenta uma estrutura interna prpria; os constituintes da orao tm comportamento sinttico variado, apresentando relaes de ordem, de concordncia e de regncia; a partir de estruturas sintticas simples (ncleo + elementos adjacentes), possvel produzir estruturas mais complexas, com base em processos de ampliao. 1. A classe dos sintagmas Sintagma uma unidade formada por uma ou vrias palavras que, juntas, desempenham uma funo na frase. A combinao das palavras para formarem as frases no aleatria: precisamos obedecer a determinados princpios da lngua. As palavras combinam-se em conjuntos, em torno de um ncleo. E esse conjunto (o sintagma) que vai desempenhar uma funo no conjunto maior, que a frase. Exemplos: O turista O jovem turista estrangeiro Aquele jovem turista viajou. viajou. viajou.

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Nenhum turista O turista estrangeiro O turista estrangeiro

viajou de trem. viajou de trem para So Paulo. viajou de trem para So Paulo ontem.

O turista e sua famlia viajaram. Por unidade sintagmtica deve ser entendido um agrupamento intermedirio entre o nvel do vocbulo e o da orao. Dessa maneira, um ou mais vocbulos unem-se (em sintagmas) para formar uma unidade maior, que a orao. Os vocbulos que compem a unidade sintagmtica se organizam em torno de um ncleo. Dependendo do ncleo, podemos falar em sintagma nominal e sintagma verbal. Chama-se sintagma uma seqncia de palavras que constituem uma unidade (sintagma vem de uma palavra grega que comporta o prefixo sin-, que significa com, que encontramos, por exemplo, em simpatia e sincronia). Um sintagma uma associao de elementos compostos em um conjunto, organizados em um todo, funcionando conjuntamente. () sintagma significa, por definio, organizao e relaes de dependncia e de ordem volta de um elemento essencial. (Dubois-Charlier. Bases de Anlise lingstica) Diferentes vocbulos que pertencem a um mesmo sintagma desempenham, dentro dele, funes distintas: no sintagma nominal, por exemplo, o nome substantivo, que funciona como ncleo, pode ser determinado por artigos, pronomes e numerais e modificado por adjetivos, locues adjetivas e ou oraes subordinadas adjetivas. Desse modo, evidente que existe, dentro do sintagma, uma organizao em que os vocbulos, dependendo de sua posio e da relao que estabelecem entre si, desempenham diferentes funes. Os princpios sintticos da lngua (sistema de unidades hierarquizadas) apresentamse sob a forma de palavras, sintagmas, oraes e so relacionadas por um conjunto de mecanismos formais. Conforme Azeredo (1990), "a estrutura gramatical do portugus comporta vrios nveis. O morfema a menor unidade dessa estrutura; e o perodo, a maior. Acima do nvel dos morfemas acha-se o dos vocbulos; acima do dos vocbilos, o dos sintagmas, a que se superpe o das oraes. Esquematicamente, temos: PERODO ORAO SINTAGMA VOCBULO MORFEMA Vamos ler o poema de Ceclia Meireles e observar os nveis de estruturao do enunciado: Texto 1 Colar de Carolina Com seu colar de coral, Carolina corre por entre as colunas da colina. O colar de Carolina colore o colo de cal, torna corada a menina. E o sol, vendo aquela cor

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do colar de Carolina, pe coroas de coral nas colunas da colina. (Ceclia Meireles) Comentrio sobre o texto 1 Nesse poema, a autora faz um jogo de palavras, tirando proveito principalmente do aspecto sonoro. Os diversos nveis a que nos referimos acima podem ser apontados no texto: nvel do perodo: O colar de Carolina colore o colo de cal, torna corada a menina. O colar de Carolina colore o colo de cal / torna corada a menina. O colar de Carolina/ SN colore o colo de cal, SV torna corada a menina. SV

nvel da orao:

nvel dos sintagmas:

Com/ seu/ colar/ de/ coral / Carolina / corre / por/ entre/ as/ colunas / de/ a /colina. O / colar / de / Carolina / nvel dos morfemas: color/e / o / col/o / de / cal /, torn/a / corad/a / a / menin/a. As gramticas descrevem os nveis da orao e do perodo dentro da sintaxe e os nveis do morfema e do vocbulo, dentro da morfologia. No entanto, geralmente no tomam conhecimento do nvel do sintagma - intermedirio entre vocbulos e orao. E, como mostra Azeredo (1990): nvel dos vocbulos: "... os vocbulos no se unem para formar a orao do mesmo modo que os gomos se unem para formar uma laranja. Os vocbulos no formam a orao seno indiretamente. Eles se associam em grupos, os sintagmas, que so os verdadeiros constituintes da orao." Com o poema "Colar de Carolina", podemos exemplificar as palavras citadas acima; temos diversos vocbulos que se organizam em blocos, os sintagmas, para ento formarem oraes. O que nos interessa mais de perto exatamente esse nvel intermedirio, o sintagma, essa espcie de ponte entre os vocbulos e a orao. Surgem ento algumas perguntas: Como podemos reconhecer um sintagma? Basta haver mais de um vocbulo para existir sintagma? Como so formados os sintagmas? H mais de um tipo de sintagma ou apenas um? Todas as classes podem formar sintagmas? Outras perguntas podem surgir, mas, por enquanto, vamos tentar responder a essas que nos parecem mais provveis de ocorrer. Vejamos.

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Em primeiro lugar, encontramos tambm no livro Iniciao sintaxe (Azeredo, 1990), uma boa resposta para a primeira questo: Como podemos reconhecer um sintagma? Segundo o autor, trs so as maneiras de isolar as unidades que constituem a orao, ou seja, os sintagmas: o deslocamento, a substituio e a coordenao. Lemos logo no incio do livro A hora dos ruminantes, de Jos J. Veiga: "A noite chegava cedo em Manarairema. Mal o sol se afundava atrs da serra - quase que de repente, como caindo j era hora de acender candeeiros, de recolher bezerros, de se enrolar em xales. A friagem at ento contida nos remansos do rio, em fundos de grotas, em pores escuros, ia se espalhando, entrando nas casas, cachorro de nariz suado farejando." A primeira frase vai nos servir para explicar com clareza a questo levantada. A noite chegava cedo em Manarairema. Qualquer um de ns rejeitaria ou perceberia como estranhas as seqncias formadas pelos mesmos vocbulos, porm agrupados assim: *Noite a chegava cedo em Manarairema. *Em chegava noite a cedo Manarairema. No entanto, podemos trocar a posio de alguns grupos de vocbulos da frase inicial, sem prejuzo da compreenso: Chegava cedo em Manarairema a noite. Em Manarairema a noite chegava cedo. Essa inverso da ordem possvel porque ns mantivemos os grupos (A noite, em Manarairema), apenas mudamos sua posio. Essa possibilidade de deslocamento prova que cada grupo um sintagma. Alm disso, podemos fazer substituio de seqncia por unidade simples: A noite chegava cedo em Manarairema. Ela chegava cedo em Manarairema. A noite chegava cedo em Manarairema. A noite chegava cedo l. Aqui tambm estamos diante de sintagmas: a possibilidade de substituio por unidades simples. Finalmente, podemos usar um elo coordenativo e que vai mostrar a unio de duas unidades do mesmo nvel. (Como professor e aluno, serra e mar...) Teremos ento: A noite e a escurido chegavam cedo em Manarairema. em que "a escurido" equivalente a "a noite" e por isso pode substitu-la: A escurido chegava cedo em Manarairema. Assim, reconhecemos um sintagma atravs do deslocamento ou mobilidade, da substituio por unidades simples e da coordenao. Por outro lado, apesar de nos referirmos a "grupo de vocbulos", o sintagma pode tambm ser formado de um s vocbulo, como em: Manarairema vai sofrer a noite. Manarairema esperou impaciente. Portanto no basta haver um vocbulo para existir sintagma, nem nessrio mais de um vocbulo para haver sintagma. Como so formados os sintagmas? H mais de um tipo de sintagma ou apenas um? Todas as classes podem formar sintagmas?

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As trs perguntas acima esto intimamente relacionadas, por exemplo, se algum pergunta: "Como so formados os sintagmas?" - a resposta provavelmente ser: - Depende do tipo de sintagma. Da conclumos que h mais de um tipo. Ou ento, se a pergunta : "Todas as classes podem formar sintagmas?" - responderamos que as classes de vocbulos entram na formao dos sintagmas, mas a participao no igual; h classes que so ncleo, outras determinantes, outras modificadores, depende do tipo... e assim por diante. Por tudo o que foi dito at agora, possvel afirmar que: podemos reconhecer a classe dos sintagmas; h procedimentos para provar a sua existncia; h mais de um tipo de sintagma; os vocbulos se unem para formar sintagmas; os sintagmas formam a orao. Convm lembrar que a natureza do sintagma depende do seu ncleo. Assim, temos, em portugus, duas classes de sintagmas: o sintagma nominal (SN) que tem o nome como ncleo e o sintagma verbal (SV) que tem o verbo como ncleo. Funcionando como modificador de um ou de outro, temos o sintagma preposicionado. 2. O sintagma nominal As reflexes feitas at agora nos levam a afirmar, com Koch e Silva (1986), que o sintagma consiste num conjunto de elementos que constituem uma unidade significativa dentro da orao e que mantm entre si relaes de dependncia e de ordem. Organizam-se em torno de um elemento fundamental, denominado ncleo, que pode, por si s, constituir o sintagma. A natureza do sintagma depende do seu ncleo. Neste texto trataremos mais especificamente do sintagma nominal (SN), cujo ncleo um nome, considerando seus constituintes. Ao abordar a noo de classe, Perini (1985) observa: "Admite-se sempre a necessidade de classificar as palavras, e a doutrina fornece nomes para essas classes ("verbos", "advrbios", "pronomes" etc). Alm dessas classes, existem outras, que no so explicitamente reconhecidas como tais, mas que tambm recebem nomes: termos como "orao", "frase", "orao subordinada" se referem na verdade a classes de formas, ou a suas subclasses. E, como quaisquer outras classes, podem ser definidas pela sua distribuio sinttica, sua estrutura interna, ou ( com as limitaes que conhecemos) suas propriedades semnticas. No entanto, nem todas as classes so explicitadas. Vejamos o caso de uma classe extremamente freqente e importante, mas que no em geral reconhecida pela gramtica tradicional (salvo em rarssimas excees): a dos sintagmas nominais". Em seguida mostra que, mesmo apresentando grandes diferenas estruturais, elementos como: substantivo prprio: Jlio, Maria, Joaquim Santos, Brasil, Frana, frica artigo + substantivo prprio: o Lula, a Petrobrs, o Brasil pronome + substantivo:- esta tera-feira, meu av, algum pas artigo + substantivo + orao adjetiva: o pas em que eu vivo, o livro que voc leu, a escola em que voc estuda tm comportamento sinttico semelhante, isto , so portadores de traos sintticos comuns:

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podem ser sujeito de uma orao podem ser objeto direto podem vir precedidos de preposio e funcionar como adjunto adnominal ou objeto indireto. Perini acrescenta:

"Uma das funes essenciais das classes de formas (por exemplo, das classes de palavras) justamente permitir a descrio compacta do comportamento sinttico das formas. As quatro formas (dos exemplos acima) deveriam, pois, ser colocadas em uma classe, o que a gramtica tradicional no faz; no existe sequer um termo tradicional para essa classe. Aqui utilizaremos o termo sintagma nominal, designao consagrada em Lingstica." A inexistncia de uma noo clara do sintagma nominal deixa de considerar uma generalizao importante da lngua, tratando como coincidncia um aspecto estrutural da maior importncia: a mesma classe de formas (o sintagma nominal) pode aparecer em diversas funes sintticas. Considerando o sintagma nominal como uma classe de formas, podemos analisar e verificar a sua estrutura interna: o sintagma nominal (SN) compe-se de um substantivo, ou de artigo + substantivo, ou de pronome pessoal, etc., e podemos afirmar que o sujeito sempre formado de um SN, assim como o objeto direto, e que o objeto indireto compe-se de preposio + SN (a no ser o objeto indireto representado por lhe). Leia este trecho do romance de Joo Ubaldo Ribeiro, Viva o povo brasileiro. Texto 2 Viva o povo brasileiro (Joo Ubaldo Ribeiro) Dia lavadssimo, esta tera-feira, vspera de Santo Antnio, em que Perilo Ambrsio estuprou a negra Da, mais chamada por Venncia. Lavado mesmo, porque choveu at de manhzinha, chuva grossa, chuvarada como os aguaceiros de vero, nada dessas brueguinhas regelantes que nunca vo embora e ficam ensopando os ossos das criaturas durante os meses de junho e julho, muitas vezes passando por agosto, quantas e quantas vezes entrando mais ou menos por setembro, vindo as primeiras guas desde abril, chuvas mil. E esta ilha, j diziam os antigos, verdadeiramente o bispote do cu, por assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para arrebanhar-se antes de seguir viagem. Desde segunda-feira pelas onze da noite que bateu uma pancada, bateu outra, bateu mais outra, chuva mesmo, das que fazem aluvies, das que levantam um cheiro de terra to safado que muita gente fica perturbada, os comedores de barro no se agentando e metendo os dentes at em telhas e cacos de moringa molhados. Logo depois o tempo clareia de repente, o cu aparece com um azul muito levinho, o sol vai esquentando sem ficar to quente como em fevereiro e o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpssimo, muitas novidades em cada canto, grande movimentao de bichos e uma certa alegria despropositada, uma certa crena em que, lavado assim, luminoso assim, o universo no indiferente, mas propcio. Pesquise sobre Joo Ubaldo Ribeiro na Internet. Comentrio sobre o texto 2

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No nosso contato com um texto, importante perceber no s o assunto tratado, mas tambm como o texto estruturado. Assim, podemos observar que essa descrio potica de um dia de chuva est organizada em cinco perodos (lembre-se de que perodo uma unidade gramatical que contm uma ou mais oraes e que pode funcionar como frase.) No primeiro perodo temos a introduo do tempo, do tema e dos personagens: Dia lavadssimo, esta tera-feira, vspera de Santo Antnio, em que Perilo Ambrsio estuprou a negra Da, mais chamada por Venncia. O segundo perodo detm-se na descrio da chuva: Lavado mesmo, porque choveu at de manhzinha, chuva grossa, chuvarada como os aguaceiros de vero, nada dessas brueguinhas regelantes que nunca vo embora e ficam ensopando os ossos das criaturas durante os meses de junho e julho, muitas vezes passando por agosto, quantas e quantas vezes entrando mais ou menos por setembro, vindo as primeiras guas desde abril, chuvas mil. No terceiro perodo, aparece a justificativa para tanta chuva, fornecendo argumentos, a razo para o perodo anterior: E esta ilha, j diziam os antigos, verdadeiramente o bispote do cu, por assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para arrebanhar-se antes de seguir viagem. No quarto perodo, de conotao negativa, temos a repercusso, os efeitos da chuva nas pessoas e na terra: "Desde segunda-feira pelas onze da noite que bateu uma pancada, bateu outra, bateu mais outra, chuva mesmo, das que fazem aluvies, das que levantam um cheiro de terra to safado que muita gente fica perturbada, os comedores de barro no se agentando e metendo os dentes at em telhas e cacos de moringa molhados." E, finalmente, no quinto perodo, h uma espcie de corte introduzindo o aspecto positivo da chuva: "Logo depois o tempo clareia de repente, o cu aparece com um azul muito levinho, o sol vai esquentando sem ficar to quente como em fevereiro e o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpssimo, muitas novidades em cada canto, grande movimentao de bichos e uma certa alegria despropositada, uma certa crena em que, lavado assim, luminoso assim, o universo no indiferente, mas propcio." Cada perodo assim estruturado vai apresentar tambm a sua feio, a sua organizao. Como j foi dito, o primeiro perodo traz a introduo do tempo, do tema e dos personagens. Nele encontramos vrios SN, na verdade ele formado basicamente de SN. "Dia lavadssimo, esta tera-feira, vspera de Santo Antnio, em que Perilo Ambrsio estuprou a negra Da, mais chamada por Venncia. 2.1 Constituintes do sintagma nominal O sintagma nominal apresenta um ncleo, que pode ser um substantivo (prprio ou comum); pode ser ainda um pronome substantivo (pessoal, demonstrativo, indefinido, interrogativo, possessivo ou relativo). No exemplo acima, cada ncleo de SN marcado em negrito representado por substantivo prprio ou comum. No segundo perodo, encontramos que nunca vo embora , no terceiro, que as nuvens escolhem; nesses casos o ncleo um pronome relativo. J no quarto perodo, temos: bateu outra, bateu mais outra, chuva mesmo, das que fazem aluvies, das que levantam um cheiro de terra to safado... em que o ncleo um pronome indefinido outra, um pronome demonstrativo as, ou pronome relativo que. No

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quinto perodo... desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a areia assentadas, encontramos ncleos representados por um substantivo comum jeito, por pronome relativo que e ainda o caso de dois ncleos terra / areia, dois substantivos comuns. Quando o ncleo for um pronome substantivo, este por si s representar o SN. Pode acontecer tambm o caso da ausncia do SN, como em Lavado mesmo, porque choveu at de manhzinha, no segundo perodo. Dizemos que nesse caso o SN sujeito no se atualiza ou que sua posio no est lexicalmente preenchida. Alm do ncleo, o SN pode apresentar determinante(s), e/ou modificador(es). Os determinantes antecedem o ncleo e os modificadores so antepostos ou pospostos. Voltemos ao texto: Dia lavadssimo, esta tera-feira, vspera de Santo Antnio, em que Perilo Ambrsio estuprou a negra Da, mais chamada por Venncia. Lavado mesmo, porque choveu at de manhzinha, chuva grossa, chuvarada como os aguaceiros de vero, nada dessas brueguinhas regelantes que nunca vo embora e ficam ensopando os ossos das criaturas durante os meses de junho e julho, muitas vezes passando por agosto, quantas e quantas vezes entrando mais ou menos por setembro, vindo as primeiras guas desde abril, chuvas mil. E esta ilha, j diziam os antigos, verdadeiramente o bispote do cu, por assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para arrebanhar-se antes de seguir viagem. Desde segunda-feira pelas onze da noite que bateu uma pancada, bateu outra, bateu mais outra, chuva mesmo, das que fazem alvies, das que levantam um cheiro de terra to safado que muita gente fica perturbada, os comedores ( ... ) ...e o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpssimo, muitas novidades em cada canto, grande movimentao de bichos e uma certa alegria despropositada, uma certa crena em que, lavado assim, luminoso assim, o universo no indiferente, mas propcio. Como podemos observar, as marcaes em negrito indicam que artigo, numeral e pronome adjetivo podem funcionar como determinantes do ncleo e que alguns podem vir juntos, outros, no. Assim, em esta ilha, esta tera-feira temos um nico determinante, o pronome demonstrativo; j em uma certa alegria despropositada, uma certa crena temos dois determinantes. Isto porque o artigo e o pronome demonstrativo se excluem, mas o mesmo no acontece entre os artigos e os pronomes indefinidos, nem entre artigos e numerais, como em: as primeiras guas; o mesmo se d entre pronomes possessivos e numerais e entre pronomes demonstrativos, possessivos e numerais. Dissemos que o SN pode ainda apresentar modificador ou modificadores. Retomando o texto, percebemos logo no incio o SN Dia lavadssimo, em que o ncleo Dia est sendo modificado por lavadssimo. O mesmo vai acontecer em vrios SN deste texto, isto , vrios ncleos sero "modificados" por adjetivos ou por locues adjetivas; em certos casos, o modificador pode ser um advrbio ou locuo adverbial. Podemos ento afirmar que o SN apresenta mais de uma possibilidade de estruturao, isto , o SN no fixo, imutvel. Ele formado ora por determinante ( Det ) + ncleo ( N ) + modificador (Mod); ora por N + Mod; ora por Det+ Mod + N + Mod; ora por Det + N. Enfim, no h grande rigidez na sua formao. o texto que vai nos ajudar a entender bem todas essas siglas: os aguaceiros de vero essas brueguinhas regelantes as folhas com lustro Det + N + Mod

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o ar limpssimo muitas novidades em cada canto chuva grossa N + Mod uma certa crena Det + Det + N a terra e a areia assentadas Det + N + Det +N + Mod grande movimentao de bichos Mod + N + Mod uma certa alegria despropositada Det + Det + N + Mod Vamos ler o texto em que Jorge Amado descreve as roas de cacau: Texto 3 So Jorge de Ilhus (Jorge Amado) A sombra das roas macia e doce, como uma carcia. Os cacaueiros se fecham em folhas grandes que o sol amarelece. Os galhos se procuram e se abraam no ar, parecem uma rvore subindo e descendo o morro, a sombra de topzio se sucedendo por centenas e centenas de metros. Tudo nas roas de cacau em tonalidades amarelas, onde, por vezes, o verde rebenta violento. De um amarelo aloirado so as minsculas formigas pixixicas que cobrem as folhas dos cacaueiros e destroem a praga que ameaa o fruto. De um amarelo desmaiado se vestem as flores e as folhas novas que o sol pontilha de amarelo queimado. Amarelos so os frutos precoces que pecaram ao calor demasiado. Os frutos maduros lembram lmpadas de oiro das catedrais antigas, fulgem com um brilho resplandecente aos raios do sol, que penetram a sombra das roas. Uma cobra amarela uma papa-pinto - acalenta o sol na picada aberta pelos ps dos lavradores. E at a terra, barro que o vero transformou em poeira, tem um vago tom amarelo, que se prende e colore as pernas nuas dos negros e dos mulatos que trabalham na poda dos cacaueiros. Dos cocos maduros se derrama uma luz doirada e incerta que ilumina suavemente pequenos ngulos das roas. O sol que se filtra atravs das folhas desenha no ar colunas amarelas de poeira, que sobem para os galhos e se perdem alm, por cima das folhas mais altas. Os jupars, macacos plantadores de cacau, pulam de galho em galho, numa algazarra, sujando o oiro dos cacaueiros com o seu amarelo fosco e sujo. A papa-pinto desperta, estira seu dorso cor de gema de ovo, parece uma vara de metal que fosso flexvel. Seus olhos amarelos de cobia fitam os macacos que passam, bando bulioso e alegre. Caem gotas de sol atravs dos cacaueiros. Vo rebentar em raios no cho, quando batem nas roas de gua lhe do um colorido de rosa-ch. Como se houvesse uma chuva de topzio caindo do cu, virando ptalas de rosa-ch no cho de poeira ardente. H todos os tons de amarelos na traqilidade da manh nas roas de cacau. E, quando corre uma leve brisa, todo aquele mar de amarelo se balana, as tonalidades se confundem, criam um amarelo novo, o amarelo das roas de cacau, ah! O mais belo do mundo! Um amarelo como s os grapinas vem nos dias de vero do paradeiro. No h palavras para descrev-lo, no h imagem para compar-lo, um amarelo sem comparao, o amarelo das roas de cacau! Comentrio sobre o texto 3 Para descrever as roas de cacau, o autor coloca-se em ntimo contacto com a natureza, em uma descrio afetiva, pessoal, atribuindo caractersticas humanas a seres inanimados, personificando elementos da natureza: De um amarelo demasiado se vestem as flores e as folhas novas... Encontramos tambm muitas imagens baseadas nos sentidos, principalmente impresses visuais: Tudo nas roas de cacau de tonalidades amarelas...

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O texto extremamente rico em metforas, que ajudam a construir a descrio, essencial ao desenvolvimento da narrativa. Vamos agora examinar o sujeito da frase: Uma cobra amarela acalenta o sol. Nesse sujeito, a palavra mais importante cobra, o seu ncleo. As palavras uma e amarela limitam o sentido do ncleo cobra, so seus determinantes os determinantes do sujeito. Quando construmos nossos textos, usamos esses elementos determinantes para limitar, como em uma cobra, ou para dar mais um sentido aos substantivo, como em cobra amarela. Assim, algumas palavras e expresses servem para limitar ou dar mais um sentido aos substantivos que acompanham: Os cacaueiros se fecham em folhas grandes. Quando corre uma leve brisa, aparece um amarelo novo. Veja s a frase: Os frutos maduros lembram lmpadas de ouro de catedrais antigas. Para descrever os substantivos frutos, catedrais e lmpadas, o autor empregou adjetivos e locues adjetivas: substantivos frutos catedrais lmpadas olhos gotas adjetivos/locues maduros antigas de ouro amarelos de sol

Podemos concluir, portanto, que o texto todo construdo com elementos que vo caracterizando, descrevendo as roas de cacau. Alm de adjetivos e locues adjetivas, o autor usou tambm vrias oraes que tm o valor de um adjetivo: so as oraes adjetivas. Elas se referem ao termo anterior e vm sempre introduzidas por um pronome relativo: Amarelos so aqueles frutos precoces que pecaram ao calor demasiado. aqueles frutos precoces que pecaram ao calor demasiado. Nestas outras frases tambm se realiza esse processo de detalhamento do substantivo: O sol que se filtra atravs das folhas desenha colunas no ar. As colunas amarelas de poeira que sobem para os galhos. A "papa-pinto" que parece uma vara de metal. Usamos as oraes subordinadas adjetivas para ampliar o sentido dos nomes. Observe: Os jupars pulam de galho em galho. Os jupars, que so macacos plantadores de cacau, pulam de galho em galho. Dos cocos maduros se derrama uma luz doirada e incerta. Dos cocos maduros se derrama uma luz doirada e incerta que ilumina suavemente pequenos ngulos das roas. O sol desenha no ar colunas amarelas de poeira. O sol que se filtra atravs das folhas desenha no ar colunas amarelas de poeira. O sol que se filtra atravs das folhas desenha no ar colunas amarelas de poeira que sobem para os galhos e se perdem alm.

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2.2 O nome como ncleo funcional No nosso dia-a-dia, fazemos um uso muito freqente de nomes, para dois tipos de funo: a) identificar seres e objetos (substantivos); b) caracterizar, especificar, especializar seres e objetos (adjetivos). Substantivos e adjetivos fazem parte da ampla classe dos nomes. Existe uma diferena entre eles, mas essa diferena s se evidencia funcionalmente, quando aparecem combinados no sintagma nominal, numa ordem linear, o substantivo funcionando como ncleo, e o adjetivo como modificador. Quando isolados, nem sempre possvel uma distino ntida entre substantivos e adjetivos, porque eles tm caractersticas mrficas semelhantes, isto , flexionam-se para expressar as categorias de gnero e nmero. Percebemos que os substantivos podem ser modificados por adjetivos, elementos capazes de precisar o seu sentido, e que esse processo constitui um mecanismo produtivo na lngua, dada a capacidade dos adjetivos de expandir a idia bsica definida pelos substantivos. Texto 4 Rios de Petrpolis A poluio faz rios coloridos. No to feia assim. Como atrao reproduz, em matizes escolhidos, as belas cores da televiso. (Carlos Drummond de Andrade) Comentrio sobre o texto 4 Neste texto podemos observar a relao ncleo (termo determinado) e modificador (termo determinante) de maneira muito clara. modificador (adjetivos) feia belas ncleo (substantivos) poluio cores

ncleo modificador (substantivos) (adjetivos) rios coloridos matizes escolhidos O nome substantivo , por excelncia, o ncleo do sintagma nominal. Os pronomes pessoais tm, como uma de suas caractersticas bsicas, a possibilidade de constiturem, sozinhos, um SN. Exemplo: Ele chegou atrasado. Outros pronomes podem tambm funcionar como ncleos de SN ou constiturem, sozinhos, um SN. Exemplos: Tudo era silncio em Manarairema. Mas no consegui entender ainda qual melhor: se isto ou aquilo. (Ceclia Meieles) Qualquer vocbulo de outra classe, que ocupe a funo de ncleo do sintagma nominal, ser entendido como um substantivo.

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Exemplos: "Viver muito perigoso " (Guimares Rosa) Recebi um sonoro no como resposta ao meu pedido. Os elementos determinantes do sintagma nominal so representados pelos artigos, pelos pronomes, e pelos numerais. Texto 5 O engenheiro (Joo Cabral de Mello Neto) A luz, o sol, o ar livre envolvem o sonho do engenheiro. O engenheiro sonha coisas claras: superfcies, tnis, um copo de gua. O lpis, o esquadro, o papel; o desenho, o projeto, o nmero: o engenheiro pensa o mundo justo, mundo que nenhum vu encobre. (Em certas tardes ns subamos ao edifcio. A cidade diria, como um jornal que todos liam, ganhava um pulmo de cimento e vidro). A gua, o vento, a claridade, de um lado o rio, no alto as nuvens, situavam na natureza o edifcio crescendo de suas foras simples. Comentrio sobre o texto 5 Esse poema focaliza a funo do engenheiro, que dar forma matria. O substantivo a classe que indica a corporificao da matria representada. Por isso, na construo do poema, o autor privilegiou a seqncia de substantivos (as palavras destacadas). Como podemos perceber, h inmeros SN com seus ncleos substantivos, determinados por artigos e pronomes, como destacamos nos quadros abaixo: Sintagma nominal a luz o sol o ar livre o engenheiro a gua as nuvens um jornal um copo d' gua nenhum vu certas tardes suas foras simples Determinante a (artigo) o (artigo) o (artigo) o (artigo) a (artigo) as (artigo) um (artigo) um (artigo) nenhum (pronome) certas (pronome) suas (pronome) Texto 6 Trecho de entrevista Ncleo luz sol ar engenheiro gua nuvens jornal copo vu tardes foras

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(...) a sala, apesar de no ser grande, d dois ambientes perfeitamente separados. O primeiro ambiente da sala de estar tem um sof de couro, uma forrao verde, as almofadas verdes, ladeado com duas mesinhas de mrmore, abajur, um quadro, reproduo de Van Gogh. Em frente tem uma mesinha de mrmore e em frente a esta mesa e portanto defronte do sof tem um estrado com almofadas areia, o aparelho de som, um ba preto. esquerda desse estrado tem uma televiso enorme, horrorosa, depois tem em frente televiso duas poltroninhas vermelhas, de jacarand, e a termina o primeiro ambiente. Depois, ento, no outro, no alargamento da sala tem uma mesa grande com seis cadeiras com um abajur em cima... (Projeto NURC/RJ - entrevista sobre o tema Casa, informante do sexo feminino, com idade entre 25 e 35 anos) O nome adjetivo, do ponto de vista funcional, ocupa a posio de modificador do ncleo do sintagma nominal. Sintagma nominal Determinantes Ncleos dois ambientes dois ambientes o primeiro ambiente o, primeiro ambiente duas mesinhas de mrmore duas mesinhas duas poltroninhas vermelhas duas poltroninhas seis cadeiras seis cadeiras Em alguns casos, como nos exemplos destacados do Texto 4 (Rios de Petrpolis), a relao entre ncleo e modificador do sintagma nominal pode ser facilmente observada. Em outros, verifica-se uma forte semelhana entre o adjetivo e o substantivo, por isso preciso recorrer ao critrio funcional para perceber qual o vocbulo determinado (substantivo) e qual o vocbulo determinante (adjetivo). Observe estas frases: O campeo da Copa de 94 foi o Brasil. O time campeo marcou muitos gols. Quando dizemos "O campeo da Copa de 94 foi o Brasil", a palavra campeo o ncleo do sintagma, a base, o centro da informao contida em o campeo da Copa de 94. Estamos falando do campeo. Quando dizemos "O time campeo marcou muitos gols", o centro da informao contida no sintagma o time campeo a palavra time. Estamos falando do time. No trabalho com a produo de textos, importante mostrar a semelhana de funo entre o adjetivo e a locuo adjetiva, ambos modificadores do ncleo do sintagma nominal. A locuo formada por uma preposio mais um substantivo (sintagma preposicionado). No poema O Engenheiro temos: o sonho do engenheiro, um pulmo de cimento e vidro, um copo de gua. No texto retirado da entrevista temos: sof de couro, mesinha de mrmore, duas poltroninhas vermelhas de jacarand. Na funo de modificadores, os adjetivos e as locues adjetivas podem especificar, caracterizar ou expressar uma avaliao do falante sobre os substantivos. Para especificar e caracterizar os substantivos, usamos, com maior freqncia, as locues adjetivas; para avaliar, so mais freqentes os adjetivos simples. Especificao bola de futebol de basquete de gude panela de arroz de feijo de pipoca forma de bolo de queijo de pudim de pizza pista de corrida de atletismo de dana

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Caracterizao bola de plstico de couro de meia santo de barro de madeira de gesso Avaliao estragada educado velha honesto bola juiz nova ladro bonita trabalhador muito importante que o usurio da Lngua Portuguesa do Brasil perceba essas diferenas para aplic-las na produo de sintagmas mais complexos. 2.3 Processos de ampliao do sintagma nominal Os processos de ampliao do SN compreendem, alm do acrscimo de adjetivos, as locues adjetivas e as oraes adjetivas. Para refletir um pouco mais sobre essa questo, vamos examinar esses trechos, publicados no Jornal do Brasil: Texto 7 a) A histria do brasileiro pobre que ficou rico fazendo gols, do garoto talentoso que virou dolo internacional e do craque rebelde que virou heri nacional j no nos pertence mais, do mundo. (JB, 18/7/94 - p.24) Comentrio sobre texto 7 Enquanto no texto a os ncleos so especificados por adjetivos, os substantivos do texto b no apresentam um nico adjetivo. H, portanto, textos em que substantivos se bastam (texto b), enquanto em outros o centro da expresso especificado, especializado, precisado, embelezado, caracterizado, enfim, por adjetivos. A adjetivao do substantivo pode se dar tambm por meio: a) de uma locuo (expresso): Enquanto houver um passe de calcanhar, um gol de placa, um drible de craque, valer a pena torcer pelos campees do mundo. b) de uma frase: O pblico que lota os estdios vibra com os lances. O time que jogou contra o Brasil era muito bom. Vejamos outros exemplos: Aquele time europeu virou um verdadeiro balco de negcios. O tcnico da seleo brasileira no ouve os apelos que a torcida faz. O jogador, que ontem se apresentou nas Laranjeiras, custou duas vezes o valor do passe. Desde que assumiu a direo tcnica do Milan, conquistando dois ttulos de campeo italiano, foi o mais aplicado e bem sucedido adepto da marcao por zona. Seu prestgio continua intacto : alm do convite para dirigir a seleo japonesa, nos ltimos meses Tel recebeu convites de times de Roma e da Arbia Saudita. b) As dvidas e os atrasos esto levando o clube falncia. JB, 11/12/93) panela de barro de ferro de alumnio

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Em 94, pelo menos trs selees surpreenderam : Nigria e Arbia Saudita, alm dos Estados Unidos, que eliminaram a Colmbia, que foi apontada como uma das favoritas e que se revelou a grande decepo do torneio. O futebol alegre dos nigerianos uma das atraes da Copa. Vimos que atravs do acrscimo de adjetivos, locues adjetivas e oraes subordinadas adjetivas que se d a expanso do substantivo - base, ncleo da expresso. Observe o texto abaixo: Texto 8 Bola Carij J estou comeando a ficar encafifado com essa pelota malhada, com esse couro branco, pintalgado de preto ou preto, salpicado de branco, que os altssimos mentores da FIFA oficializaram para o Mundial de 66. Embora corintiana tambm como eu, olho-a com suspeio e desconfiana a rolar enganosamente pelo gramado: bola-no-bola, brancano-branca, preta-no-preta, branca-ou-preta, preta-ou-branca, branca-epreta, preta-e-branca, prenca, branta. E cinza quando em alta rotao. Que diabo de nem-bola essa afinal? Caleidoscpica, hipcrita, camuflada, mesmrica-bola-de-Tria? (Dcio Pignatari) Pesquise sobre Dcio Pignatari na Internet, na (Dcio Pignatari) Comentrio sobre o texto 8 Nesta crnica, o autor descreve a bola de futebol que foi usada na Copa do Mundo de 66. Ela era bicolor, com gomos pretos e brancos. A presena da adjetivao contribui para a ampliao dos ncleos substantivos (especificando, especializando, precisando, caracterizando, enfim) pelota malhada couro branco, pintalgado de preto ou preto, salpicado de branco altssimos mentores da FIFA (bola) Caleidoscpica, hipcrita, camuflada (bola) corintiana Texto 9 Os Tubares (Revista Cincia Hoje das Crianas) Os tubares so bichos interessantssimos. Infelizmente, no so to conhecidos pelo pblico, que acha que eles so assassinos cruis e devoradores de homens. Os estudiosos acreditam que os primeiros tubares surgiram h mais ou menos 300 milhes de anos. Isso muito tempo. Os dinossauros surgiram h cerca de 220 milhes de anos e desapareceram h 65 milhes. Quer dizer, os tubares apareceram bem antes deles e ainda continuam nadando por oceanos e mares do mundo. Os tubares tm esqueleto feito de cartilagem e no de ossos. So parentes das arraias e das quimeras, que tambm tm esqueleto cartilaginoso. O maior tubaro do mundo o tubaro-baleia, que pode medir at 18 metros de comprimento e s come peixes pequenos. Muito interessante a gestao dos tubares. H algumas espcies, como o caogata, que botam um "ovo" na vegetao marinha. Dentro dele o filhote se desenvolve at

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o momento de romper a casca. Na maioria das outras espcies, o filhote passa toda a gestao dentro do tero materno. O olfato dos tubares to desenvolvido que muitos pesquisadores os apelidaram de "narizes nadadores". Experincias comprovam que o tubaro consegue localizar, pelo cheiro, uma gota de sangue misturada em um milho e meio de gotas de gua, e isso a uma distncia de 30 metros. Seria assim como pingar uma gota de sangue numa piscina olmpica. Uma coisa que quase ningum fala que os homens esto matando muitos tubares. Hoje em dia j existem pesquisadores preocupados com este problema, porque os tubares comem uma grande quantidade de animais marinhos, ajudando a manter o equilbrio do ecossistema. Mas no s por isso que devemos proteger os tubares. Eles so tambm uma rica fonte de protena animal, que muito til na medicina. Comentrio sobre o texto 9 O texto explica, em uma linguagem acessvel, como so os tubares, o seu processo de gestao, o seu tempo de vida na Terra, os seus sentidos, e principalmente o olfato. Apresenta ainda algumas razes para justificar a preocupao com a matana e a extino dos tubares, alertando para o papel dos tubares na manuteno do equilbrio ecolgico do ecossistema. Muitos sintagmas nominais foram empregados pelo autor para descrever os tubares, os substantivos (ncleos) os substanivos nomeando algumas partes do tubaro, os adjetivos (modificadores) fornecendo detalhes sobre essas partes do animal. substantivos bichos esqueleto olfato narizes protena assassinos peixes piscina animais pesquisadores adjetivos interessantssimos cartilaginoso desenvolvido nadadores animal cruis pequenos olmpica marinhos preocupados

Alm dos adjetivos, podemos combinar uma preposio e um substantivo (sintagma preposicionado) quando queremos descrever as caractersticas de algum objeto, de algum animal ou pessoa. locuo adjetiva = preposio + substantivo substantivo protena bichos esqueleto tero pesquisadores animais adjetivo animal interessantssimos cartilaginoso materno preocupados marinhos locuo adjetiva dos animais de muito interesse de cartilagem da me com preocupao do mar

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Veja outros exemplos de locues adjetivas no texto: substantivo mares oceanos gestao olfato gota gota equilbrio fonte adjetivo do mundo do mundo dos tubares dos tubares de sangue de gua do ecossistema de protena

Existe uma outra maneira de incluir informaes novas em nossos textos, alm do uso de adjetivos e locues adjetivas: Esse um filme O tubaro fonte de protena animal assustador que assusta til na medicina que til na medicina

Os adjetivos podem ser substitudos por oraes completas, chamadas de oraes subordinadas adjetivas. Isso muito comum tanto na nossa linguagem do dia-a-dia quanto na linguagem formal escrita. fcil entender como essas oraes so formadas: o rapaz meu amigo + o rapaz subiu no nibus o rapaz que subiu no nibus meu amigo - orao adjetiva Essa combinao das duas frases s foi possvel porque usamos o pronome relativo que. Ele tem a funo de substituir o vocbulo repetido, quando uma frase se encaixa na outra. O tubaro-baleia pode medir at 18 metros de comprimento. + O tubaro-baleia s come peixes pequenos que = O tubaro-baleia, que s come peixes pequenos, pode medir at 18 metros de comprimento. ou O tubaro-baleia s come peixes pequenos. O tubaro-baleia pode medir at 18 metros de comprimento. que = O tubaro-baleia, que pode medir at 18 metros de comprimento, s come peixes pequenos. Texto 10 De onde vem o ouro (Revista Cincia Hoje das Crianas) O ouro um dos metais mais valiosos e procurados em todo o mundo. Tamanho

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sucesso se deve principalmente a dois motivos: seu brilho to bonito e sua resistncia corroso, isto , o ouro no enferruja. Essas caractersticas o tornam muito bom para a fabricao de diversos objetos, desde jias e moedas at peas de aparelhos eletrnicos e blocos para obturaes de dente. As pessoas se sentem atradas pelo ouro h muito tempo. Cerca de 3.200 anos antes de Cristo, os egpcios j se serviam dele acredita-se que como dinheiro. Mais tarde, a corrida em busca desse metal, que foi chamada "febre do ouro", levou os homens a explorar outros lugares do mundo, como as Amricas e a frica. O Brasil um dos pases que mais tm ouro no mundo. Mas, afinal, onde est o ouro e como podemos consegui-lo? O ouro, assim como outros metais, fica escondido em muitos lugares do nosso planeta. Pode estar em uma enorme montanha, embaixo da terra, na praia ou no fundo do mar. O ouro e outros metais ficam dentro de um material, chamado minrio. A rea que rene os minrios denominada reserva mineral. Ele est espalhado em pequenas quantidades no meio do minrio: preciso explorar aproximadamente uma tonelada de minrio para conseguir no mais do que 4 ou 5 gramas de ouro no final! Depois de encontrado, o ouro precisa passar por um tratamento industrial para que tenha alguma utilidade. A primeira etapa do processo quebrar o minrio em pedaos menores, para que o ouro se solte. Esta etapa feita com a ajuda de equipamentos chamados britadores e moinhos. Tambm so usadas peneiras, que ajudam a separar o ouro do minrio. Aps a quebra, o minrio levado a tanques enormes, com uma soluo que capaz de dissolver o ouro. Essa soluo feita da mistura de gua com cianeto de sdio, um sal venenoso, parecido com o sal que usamos na cozinha (cloreto de sdio). Forma-se uma polpa e o ouro vai se soltando do minrio e se misturando soluo. Depois disso, a soluo passa por um filtro e misturada ento com pedaos de carvo ativado. O ouro fica grudado nesse carvo e passa novamente pelo cianeto de sdio para desgrudar-se do carvo. A etapa seguinte a eletrlise, que feita numa banheira com chapas de metal eletrificadas. Quando a soluo colocada sobre as chapas, forma-se uma fina camada slida de ouro, que fica grudada na chapa e pode ser retirada como se fosse uma fita adesiva. A seguir, ele derretido e solidificado, ficando pronto para ser vendido. Comentrio sobre o texto 10 O texto, alm de fornecer informaes de ordem geral sobre o ouro, como as suas caractersticas, os lugares onde encontrado, as razes pelas quais considerado um metal valioso, etc., descreve com detalhes as diversas etapas de tratamento desse metal. Observe com cuidado os sintagmas nominais utilizados no texto para descrever o ouro e o processo de tratamento: substantivos metal metal brilho adjetivos valioso procurado bonito

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Os vocbulos que aparecem na coluna substantivos se referem ao ouro, enquanto os que aparecem na coluna adjetivos descrevem avaliaes sobre seu valor. Outros sintagmas nominais ocorreram no texto: Sintagmas nominais substantivos aparelhos montanha reserva quantidades tratamento pedaos tanques sal carvo chapas fita adjetivos eletrnicos enorme mineral pequenas industrial menores enormes venenoso ativado eletrificadas adesiva

Alm dos adjetivos, podemos combinar uma preposio e um substantivo (sintagma preposicionado) quando queremos descrever as caractersticas de algum objeto, de algum animal ou pessoa. locuo adjetiva = preposio + substantivo substantivo reserva tratamento sal chapas fita adjetivo mineral industrial venenoso eletrificadas adesiva locuo adjetiva de minrio da indstria com veneno com eletricidade com adesivo

Veja outros exemplos de locues adjetivas do texto: substantivo febre lugares fundo tonelada cianeto cloreto chapas adjetivo do ouro do mundo do mar de minrio de sdio de sdio de metal

Existe uma outra maneira de incluir informaes novas em nossos textos, alm do uso de adjetivos e locues adjetivas. Podemos empregar oraes subordinadas adjetivas. Essa uma histria assustadora que assusta

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O ouro um metal

muito valorizado que muito valorizado

Observe como essas oraes so formadas: o ouro atrai muito os homens + o ouro um metal valorizado o ouro que um metal valorizado atrai muito os homens orao adjetiva A combinao das duas frases foi possvel porque usamos o pronome relativo que. Ele tem a funo de substituir o vocbulo que se repete, quando uma frase se encaixa na outra. Observe: A corrida em busca do ouro enlouquece os homens. A corrida em busca do ouro chamada "febre do ouro". que = A corrida em busca do ouro, que chamada "febre do ouro", enlouquece os homens ou A corrida em busca do ouro chamada "febre do ouro". + A corrida em busca do ouro enlouquece os homens. que = A corrida em busca do ouro, que enlouquece os homens , chamada "febre do ouro". 2.4 Funes do sintagma nominal Retomando o trecho extrado do romance Viva o povo brasileiro, de Joo Ubaldo Ribeiro, vamos agora avanar um pouco mais no nosso estudo do SN: considerar a possibilidade que ele tem de exercer diversas funes sintticas. Consideremos o quinto perodo em que h uma espcie de corte introduzindo o aspecto positivo da chuva: Logo depois o tempo clareia de repente, o cu aparece com um azul muito levinho, o sol vai esquentando sem ficar to quente como em fevereiro e o dia nasce desse jeito lavado que todo mundo conhece, a terra e a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpssimo, muitas novidades em cada canto, grande movimentao de bichos e uma certa alegria despropositada, uma certa crena em que, lavado asssim, luminoso assim, o universo no indiferente, mas propcio. O assunto aqui gira em torno do universo - tempo, cu, sol, dia e exatamente esses so os ncleos dos SN na funo de sujeito. Vejamos: o tempo o cu o sol o dia o universo clareia de repente aparece com um azul muito levinho, vai esquentando nasce desse jeito lavado no indiferente, mas propcio

Ainda neste perodo, vamos encontrar o SN como modificador nominal aposto: a terra e a areia assentadas, as folhas com lustro, o ar limpssimo,

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muitas novidades em cada canto, grande movimentao de bichos e uma certa alegria despropositada, uma certa crena ... [ em que, lavado asssim, luminoso assim, o universo no indiferente, mas propcio.] O SN na funo de predicador vai aparecer no terceiro perodo: E esta ilha, j diziam os antigos, verdadeiramente o bispote do cu, por assim falar, um ponto que as nuvens escolhem para arrebanhar-se antes de seguir viagem. No primeiro perodo, em que temos a introduo do tempo, do tema e dos personagens, vamos encontrar o SN na funo de objeto direto: "Dia lavadssimo, esta tera-feira, vspera de Santo Antnio, em que Perilo Ambrsio estuprou a negra Da, mais chamada por Venncia." Tambm o segundo perodo, que se detm na descrio da chuva, vai apresentar o SN na funo de objeto direto: ... essas brueguinhas regelantes (...) ficam ensopando os ossos das criaturas durante os meses de junho e julho, Portanto, o SN pode ser sujeito, objeto direto, predicativo, aposto ... Alm disso, preciso considerar as oraes subordinadas substantivas, que so verdadeiros SN formados pelas conjunes integrantes que ou se + orao. Nesse caso, essas oraes exercem, no perodo composto, as mesmas funes que o SN no perodo simples. Esse assunto ser abordado com mais detalhes nos prximos temas - Coordenao e Subordinao. 3. A questo da transitividade Transitividade: Carter dos nomes e verbos que exigem algo para lhes integrar o sentido. o que ocorre com os verbos transitivos. Tambm substantivos, adjetivos e advrbios podem exigir complemento: necessidade de, necessrio a, referente a, etc. A transitividade admite graus, indo do zero (intransitividade) necessidade absoluta: Pedro danava. Maria danava uma valsa. Ela til ao pai. Tem preciso de assistncia. (Zlio dos Santos Jota - Dicionrio de Lingstica) A transitividade costuma ser tratada em nossas gramticas somente quanto aos verbos. Ora, preciso considerar tambm a transitividade nominal. Vejamos o texto abaixo, adaptado de matria publicada na Revista Veja (29/07/98). Texto 11 O outro vestibular A disputa por um emprego nas maiores empresas brasileiras est comeando para os estudantes que concluiro a faculdade no final do ano. Quem j passou pela experincia sabe que, perto dela, o funil do vestibular parece brincadeira. Dos numerosos jovens que se candidataram a uma vaga da firma Cargill, que atua no ramo de alimentos, apenas uma pequena parcela revelou inclinao para o tipo de trabalho a ser desenvolvido. Em todas as grandes companhias que adotam a poltica de recrutar profissionais recm-formados, a disputa por uma vaga mais pesada do que nas mais concorridas universidades brasileiras.

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Durante o programa de treinamento, o jovem trainee ter acesso a diferentes departamentos da empresa. Se ele tiver domnio do uso de computadores, suas chances de ser escolhido aumentaro. "Hoje as empresas querem pessoas com senso crtico, que saibam apontar problemas e sugerir solues", afirma a responsvel pelo programa de treinamento da Gessy Lever. A primeira triagem feita entre os currculos que chegam s empresas. Nesta fase, mais da metade dos candidatos eliminada. A capacidade para trabalhar em equipe e a desenvoltura para lidar com problemas sero muito teis ao candidato que estiver lutando por uma vaga como jovem trainee. () Comentrio sobre o texto 11 Nesse texto, o assunto abordado a dificuldade de conseguir uma vaga como trainee em uma grande empresa. Existe uma diferena entre ser estagirio e ser trainee: o estgio pressupe uma permanncia curta na empresa, com data para comear e terminar, enquanto para os trainees a proposta ficar. A concorrncia muito grande, pois as empregadoras oferecem pouqussimos postos em relao ao nmero de candidatos que se apresentam. O salrio inicial atraente; alm disso, existe a chance de fazer carreira. Escolhemos esse texto, escrito em linguagem clara, para mostrar a questo da transitividade de verbos e de nomes. Para isso, fizemos algumas modificaes no que foi originalmente publicado na revista. Como lemos na definio, existem verbos que exigem algo para lhes integrar o sentido. Isso acontece com os seguintes verbos do texto: concluiro (verbo transitivo direto) a faculdade (SN - objeto direto) se candidataram (verbo transitivo indireto) a uma vaga da firma Cargill (SP - objeto indireto) querem (verbo transitivo direto) pessoas (SN - objeto direto) apontar (verbo transitivo direto) problemas (SN - objeto direto) sugerir (verbo transitivo direto) solues (SN - objeto direto) lutar (verbo transitivo indireto) por uma vaga (SP - objeto indireto) Existem tambm nomes (substantivos, adjetivos e advrbios) "que exigem algo para lhes integrar o sentido". As expresses abaixo servem para comprovar essa afirmao. disputa (substantivo) por um emprego inclinao (substantivo) para o tipo de trabalho acesso (substantivo) a diferentes departamentos da empresa domnio (substantivo) do uso de computadores responsvel (adjetivo) pelo programa de treinamento da Gessy Lever capacidade (substantivo) para trabalhar em equipe desenvoltura (substantivo) para lidar com problemas teis (adjetivo) ao candidato Nos exemplos acima, os termos que completam o sentido dos substantivos e adjetivos (por um emprego, para o tipo de trabalho, a diferentes departamentos da empresa, etc) so sintagmas preposicionados que recebem o nome de complemento nominal.

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Embora com menor freqncia na lngua, os advrbios tambm podem ser complementados por sintagmas preposicionados. Exemplos: A oposio votou favoravelmente ao governo. SP - complemento nominal Nada ser resolvido relativamente a esse problema. SP - complemento nominal

2. O SINTAGMA VERBALSintagma verbal (SV) o conjunto de elementos que se organizam em torno de um verbo. O SN e o SV so os elementos bsicos, obrigatrios de uma orao. Enquanto o SN, como vimos, pode desempenhar funes diferentes (sujeito, objeto direto, objeto indireto, por exemplo) o SV desempenha sempre a funo de predicado. Texto 2 Meninos carvoeiros (Manuel Bandeira) Os meninos carvoeiros Passam a caminho da cidade. - Eh, carvoero! E vo tocando os animais com um relho enorme. Os burros so magrinhos e velhos. Cada um leva seis sacos de carvo de lenha. A aniagem toda remendada. Os carves caem. (Pela boca da noite vem uma velhina que os recolhe, dobrando-se com um gemido.) - Eh, carvoero! S mesmo estas crianas raquticas Vo bem com estes burrinhos descadeirados. A madrugada ingnua parece feita para eles Pequenina, ingnua misria! Adorveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincsseis! - Eh, carvoero! Quando voltam , vm mordendo num po encarvoado, Encarapitados nas alimrias, Apostando corrida, Danando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados! Comentrio sobre o texto 2 Este poema, que faz parte do livro "Ritmo dissoluto", escrito em 1924, se caracteriza pelo emprego de versos livres, isto , versos em que o autor no se prende a um nmero prestabelecido de slabas, a um esquema conhecido. Esto presentes no poema as cenas do cotidiano, descritas em uma linguagem simples e acessvel. Manuel Bandeira, nesses versos livres, est mais prximo do ritmo da prosa, evidenciando o carter afetivo da linguagem. As oraes que compem os versos do poema, sobretudo as da primeira estrofe, so oraes curtas, em que os elementos constituintes, o SN e o SV, podem ser identificados com facilidade. Sintagma nominal Sintagma verbal Os meninos carvoeiros passam a caminho da cidade.

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(Os meninos carvoeiros) vo tocando os animais com um relho enorme. Os burros so magrinhos e velhos. Cada um leva seis sacos de carvo de lenha. A aniagem toda remendada... Os carves caem. Uma velhinha vem pela boca da noite. Estas crianas raquticas vo bem com estes burrinhos descadeirados. A madrugada ingnua parece feita para eles. Como podemos ver, os sintagmas verbais podem apresentar diferentes constituies. Podem ter somente a forma verbal, como em Os carves caem. ou serem formados de verbos combinados com outros elementos, como em: leva + seis sacos de carves de lenha vo tocando + os animais com um relho enorme vem + pela boca da noite passam + a caminho da cidade A presena ou no de outros termos no SV, termos que completam ou modificam o sentido do verbo, vai depender do tipo de verbo que ocorrer. A estas diferentes possibilidades de se constituir o sintagma verbal, em funo do verbo, damos o nome de predicao verbal. 2.1 Constituintes do sintagma verbal Como anteriormente dito, a presena do verbo o que caracteriza o sintagma verbal. Alm do verbo, outros termos podem fazer parte do SV, dependendo do verbo que funciona como ncleo. Esses outros elementos so, por sua vez, sintagmas - nominais ou preposicionados. Esses sintagmas desempenham diferentes funes no SV: complementos diretos, indiretos, adjuntos adverbiais, agentes da passiva Texto 3 O anjo das pernas tortas (Vinicius de Moraes) A um passe de Didi, Garrincha avana Colado o couro aos ps, o olhar atento Dribla um, dribla dois, depois descansa Como a medir o lance do momento. Vem-lhe o pressentimento; ele se lana Mais rpido que o prprio pensamento Dribla mais um, mais dois; a bola trana Feliz, entre seus ps --- um p-de-vento! Num s transporte a multido contrita Em ato de morte se levanta e grita Seu unssono canto de esperana. Garrincha, o anjo, escuta e atende: --- Gooooool! pura imagem: um G que chuta um O Dentro da meta, um L. pura dana! Comentrio sobre o texto 3 Esse poema de Vinicius de Moraes conta um pouco da arte de Garrincha, lendrio jogador de futebol brasileiro. Com as pernas tortas, Garrincha era considerado um gnio do futebol, driblando todos os seus adversrios.

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O futebol o esporte mais amado pelos brasileiros. Para narrar seus jogos, os locutores esportivos usam diversas palavras estrangeiras, inventam novas palavras, criam apelidos para os jogadores e para as jogadas. Tudo isso para atrair a ateno do pblico e tornar a narrao do jogo mais interessante. No poema que voc leu, encontramos vrios verbos que exigem a presena de sintagmas nominais para completarem seu sentido. Garrincha Garrincha Garrincha A multido Garrincha dribla mede faz grita escuta driblar => quem? = um jogador medir => o qu? = o lance escutar => o qu? = o grito fazer => o qu? = um gol gritar => o qu? = um canto um jogador o lance um gol um canto de o grito

Todos os termos que serviram para responder as perguntas quem?, o qu? vieram acrescentar uma informao aos verbos driblar, medir, escutar, fazer, gritar, completando o sentido do verbo. Repare ainda que todos esses complementos ligaram-se diretamente ao verbo, isto , no foi usada nenhuma preposio entre o verbo e seu complemento. So sintagmas nominais que funcionam como objeto direto. E o verbo transitivo direto. H no poema vrios verbos que no exigem qualquer sintagma para completar seu sentido. Veja s: avanar Garrincha avana. descansar Garrincha descansa. gritar A multido grita. Dizemos que os verbos que no precisam de nenhuma espcie de complemento so os verbos intransitivos. Texto 4 Plantas Carnvoras Uma joaninha aproxima-se inocentemente da planta. D umas rodeadas e pousa. A planta um tanto peluda, e nos plos h gotas que parecem de orvalho, brilhando luz do sol. As cores so bonitas e a joaninha acha lindos os plos. Mas o que a joaninha no sabe que eles soltam uma substncia viscosa na qual ela vai ficar presa. A joaninha pousou numa 'planta carnvora'. Diferentemente das que aparecem no cinema, as plantas carnvoras de verdade so pequenas e delicadas. Elas tm em mdia 15 centmetros. As maiores podem chegar a medir dois metros de altura. S tm capacidade de capturar e digerir animais midos, em geral insetos. Por isso, os pesquisadores preferem chamar essas plantas de insetvoras. As plantas carnvoras no dependem somente dos insetos para se alimentar: elas tambm fabricam seu prprio alimento. Mas como vivem em locais midos, em terrenos pantanosos, o alimento que produzem no suficiente para suprir suas necessidades vitais. Os insetos que elas capturam e digerem com auxlio de uma substncia viscosa so um complemento alimentar. Existem, no mundo, 450 espcies de plantas carnvoras, divididas em seis

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famlias diferentes. No Jardim Botnico, no Rio de Janeiro, existe uma estufa de plantas insetvoras. L esto exemplares das seis famlias dessas plantas que, na estufa, so cultivadas em condies especiais para se adaptarem ao clima carioca. (por Vera L.G.Klein e L.Massarani, Revista Cincia Hoje das Crianas) Comentrio sobre o texto 4 Neste texto, as autoras procuram explicar, numa linguagem bastante acessvel, o que so plantas carnvoras, quais so suas caractersticas, por que podem ser chamadas de plantas insetvoras, quantas espcies existem de plantas carnvoras. Agora vamos observar melhor a estrutura de algumas frases do texto. Encontramos verbos que exigem a presena de um substantivo para completar seu sentido. uma relao diferente entre o verbo e o substantivo que funciona como ncleo do SN. As plantas carnvoras As plantas carnvoras As plantas carnvoras As plantas maiores O Jardim Botnico capturam digerem produzem medem coleciona os insetos insetos midos uma substncia viscosa dois metros de altura plantas carnvoras

capturar => quem? = os insetos produzir => o qu? = uma substncia viscosa colecionar => o qu? = plantas carnvoras Esses verbos pertencem a um grupo de verbos que, como vimos anteriormente, tm seu sentido complementado por sintagmas nominais que funcionam como objeto direto. Vamos ler agora as seguintes frases: Uma joaninha aproxima-se da planta As plantas carnvoras no dependem dos insetos As plantas carnvoras se adaptam ao clima carioca aproximar-se => de quem? = da planta depender => de quem? = dos insetos adaptar-se => a qu? = ao clima Esses verbos tm seu sentido complementado por sintagmas preposicionados (sintagmas nominais introduzidos por preposio) que funcionam como objeto indireto. Dizemos, neste caso, que o verbo transitivo indireto. Vamos agora observar com cuidado estas outras frases retiradas do texto: As plantas so insetvoras A planta peluda As cores so bonitas As plantas carnvoras so pequenas e delicadas O alimento no suficiente Os insetos so um complemento alimentar Estas frases tm a mesma estrutura: adjetivo ou substantivo substantivo verbo ser predicativo do sujeito (descreve caractersticas do sujeito) sujeito cpula

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sintagma nominal

sintagma verbal Texto 5

sintagma nominal

A televiso (Chico Buarque de Holanda) O homem da rua Fica s por teimosia No encontra companhia Mas pra casa no vai no Em casa a roda J mudou, qua a roda muda A roda triste a roda muda Em volta l da televiso No cu a lua D uma volta graciosa Pra chamar as atenes O homem da rua Que da lua est distante Por ser nego bem falante Fala s com seus botes O homem da rua Com seu tamborim calado J pode esperar sentado Sua escola no vem no A sua gente Est aprendendo humildemente Um batuque diferente Que vem l da televiso No cu a lua Que no estava no programa Cheia e nua, chega e chama Pra mostrar evolues O homem da rua No percebe o seu chamego E por falta doutro nego Samba s com seus botes Os namorados J dispensam o seu namoro Quem quer riso, quem quer choro No faz mais esforo no E a prpria vida Ainda vai sentar sentida Vendo a vida mais vivida Que vem l da televiso O homem da rua Por ser nego conformado

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Deixa a lua ali de lado E vai ligar os seus botes No cu a lua Encabulada e j minguando Numa nuvem se ocultando Vai de volta pros sertes. Comentrio sobre o texto 5 Na letra de msica que Voc leu, Chico Buarque critica o enorme espao que a televiso vem ocupando, cada vez mais, na vida das pessoas: afastando da msica, afastando das conversas, afastando da natureza, afastando das relaes sociais. As conversas, o namoro, a dana, atividades que pressupem mais de uma pessoa, so substitudas pela tela da televiso, numa atividade isolada e solitria. Encontramos no texto inmeras formas verbais. Elas podem ser agrupadas, de acordo com o tipo de sintagma com que se combinam. Grupo 1 : verbos que tm seu sentido complementado por sintagmas nominais. encontrar => o qu? O homem da rua no encontra companhia. ligar => o qu? O homem da rua vai ligar os seus botes. perceber => o qu? O homem da rua no percebe o seu chamego. Grupo 2: verbos que tm o seu sentido complementado por dois tipos de sintagmas: nominais e preposicionados. ganhar o qu ? de quem?

A garota ganhou um livro de seu padrinho vendeu o qu ? para quem?

O comerciante vendeu muitas bandeiras do Brasil para os torcedores Grupo 3: verbos que tm seu sentido complementado por preposicionados. falar => com quem? O homem da rua fala com seu botes. ansiar => pelo qu? Estamos todos ansiando por um Brasil mais justo. Grupo 4 : verbos que no precisam de complemento. chegar dormir gemer A lua, encabulada, chega. O beb fechou os olhos e dormiu. O acidentado no parava de gemer. 2.2 Processos de ampliao do sintagma verbal Alm de os sintagmas que servem como complementos dos verbos (objetos diretos e indiretos), h tambm inmeros sintagmas que expressam as circunstncias da ao: onde?,

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quando?, por qu?, como?, com quem? Essas informaes sobre as circunstncias da ao verbal so expressas por advrbios, por expresses adverbiais, ou por oraes adverbiais. cair O jogador caiu antes do trmino do primeiro tempo. quando? O jogador caiu na porta do gol. onde ? O jogador caiu rapidamente. como ? Antes do trmino do primeiro tempo, o jogador caiu, rapidamente, na porta do gol. chorou Garrincha chorou ao final do jogo. quando? Garrinha chorou nos vestirios. onde ? Garrincha chorou de dor. por qu? Ao final do jogo, Garrincha chorou de dor nos vestirios. brilhar onde? como por qu ? viver onde? como? acordar quando? onde ? por qu ? sair quando? onde ? como ? As gotas de gua brilham luz do sol. As gotas de gua brilham intensamente. As gotas brilham por causa do sol. As plantas carnvoras vivem em locais midos. As plantas carnvoras vivem constantemente com fome. Joo acordou s dez horas. Joo acordou no meio da praa. Joo acordou com o barulho das crianas. Joo saiu s dez horas. Joo saiu de casa. Joo saiu com pressa. Texto 6 As praias e as ondas Praia no serve apenas para tomar banho de mar. Serve tambm de defesa para os terrenos do continente, continuamente atacados pelo mar. Embora no reparemos nisso, os gros de areia esto sempre em movimento, levados de um lado para outro pelas ondas. Mas enquanto as ondas fazem isso, elas deixam de destruir casas, avenidas, jardins que ficam logo depois da faixa de areia. Deve haver, portanto, espao suficiente para as ondas se esparramarem sem alcanar as construes. Durante as ressacas, ou tempestades do mar, as ondas sobem mais do que o habitual e acabam carregando mais areia do que quando o mar est fraquinho. Essa areia toda levada da parte alta da praia para dentro do mar, sendo depositada ao largo da zona de arrebentao. Passada a tempestade, voltam as ondas caractersticas de tempo bom e o nvel mdio do mar desce. A areia passa a ser depositada na parte alta da praia, recompondo sua forma original. As ondas so capazes tambm de levar os gros de areia de um lado para o outro, ao longo do comprimento da praia. Na verdade, quando um banco de areia cresce quase a olhos vistos, ou quando

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uma mancha de leo passa pela embocadura de um rio, ou ainda quando sai de uma lagoa um cheiro forte e desagradvel, estamos diante de diversos processos que resultam tanto da ao da prpria natureza -- tamanho das ondas, nvel do mar, correntes marinhas, tipo de sedimentos etc. -- quanto da ao do homem. Deve haver um equilbrio entre a capacidade que as ondas tm de transportar areia e a quantidade de gros disponveis para serem transportados. Se alguma coisa interferir nesse processo, pode haver desequilbrio, isto , eroso (falta de areia) ou assoreamento (sobra de areia). (Texto extrado da Revista Cincia Hoje das Crianas) Comentrio sobre o texto 6 O texto acima faz uma anlise da ao das ondas do mar. Explica por que a praia considerada uma defesa para os terrenos no litoral de uma regio, informa como que as ondas atuam sobre a areia das praias. Alm disso, apresenta as etapas do processo de eroso. Uma caracterstica interessante do texto forma como foram usados os vocbulos, de acordo com suas semelhanas de sentido. Observe os grupos abaixo: onda, corrente marinha, praia, banho de mar, ressacas, arrebentao, mar rio, lagoa terrenos, continente, sedimentos, casas, avenidas, jardins, construes, terra banco de areia, gros de areia Quando damos uma explicao cientfica sobre algum fenmeno da natureza ou sobre o funcionamento do nosso corpo, por exemplo, precisamos fornecer algumas informaes essenciais para que todos possam entender os detalhes da nossa explicao: . onde acontece? . quando acontece? . como acontece? . por que acontece? . para que acontece? Na nossa lngua, essas informaes podem ser expressas por advrbios, expresses adverbiais ou oraes adverbiais. Os advrbios informam o lugar, a poca, o modo, a causa dos acontecimentos. As expresses adverbiais e as oraes adverbiais so sintagmas que tm a mesma funo dos advrbios nas frases. A nica diferena que as oraes adverbiais contm um verbo e permitem passar uma informao mais completa e detalhada. Estas so algumas oraes adverbiais que aparecem no texto. Repare como ajudam a explicar o funcionamento das ondas: enquanto as ondas fazem isso, elas deixam de destruir casas e avenidas tempo quando um banco de areia cresce a olhos vistos, quando uma mancha de leo passa pela estamos diante de diversos processos que embocadura de um rio, resultam da ao da natureza e do homem. quando sai de uma lagoa um cheiro forte e desagradvel, tempo para tomar banho de mar praia no serve apenas finalidade

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deve haver espao suficiente

para as ondas se esparramarem finalidade

se alguma coisa interferir nesse processo pode haver desequilbrio condio embora no reparemos nisso os gros de areia esto sempre em movimento contradio Alm das circunstncias expressas nas oraes anteriores o tempo, a finalidade, as condies e as contradies podemos tambm expressar as causas e as conseqncias: os gros de areia se movimentam constantemente gua mole em pedra dura tanto bate porque so impulsionados pelas ondas do mar causa at que fura conseqncia Texto 7 As trs mortes das estrelas As estrelas parecem ser eternas mas no so. Elas nascem, vivem e morrem. At mesmo o Sol, que uma estrela ( e no das maiores), um dia tambm vai acabar. Um dia, daqui a dez milhes de anos ... Com telescpios poderosos e a ajuda de observatrios espaciais, os astrnomos conseguem ver as transformaes das estrelas. E descobriram, entre outras coisas, que, quando olhamos para o cu, uma parte das estrelas que vemos j morreram h muito tempo. A sua distncia de ns era to grande que, quando a luz que emitiram chega at aqui, elas mesmas j no existem. As estrelas 'nascem', ou seja, formam-se quando uma enorme nuvem de gs comea a se concentrar, ficando cada vez menor e mais quente. As partes mais externas da nuvem comeam, ento, a cair em direo ao centro. Esse 'nascimento' pode levar um milho de anos, o que no muito tempo quando se fala em estrelas. Depois disso, a parte interna da nuvem fica to quente que se transforma num enorme reator nuclear, uma verdadeira fbrica de luz, composta principalmente de hidrognio, responsvel pela produo de energia. Comea a a parte mais longa da vida da estrela. um perodo que pode durar muitos bilhes de anos. Depois desse tempo, o combustvel acaba e a estrela comea a 'morrer'. Ela ainda pode usar outros combustveis, como o hlio, aquele gs que faz os bales ficarem bem leves. Mas isso s aumenta um pouquinho a vida das estrelas. As estrelas no 'morrem' todas do mesmo jeito, nem a durao da 'vida' a mesma para todas elas. As maiores e mais pesadas gastam mais rapidamente seu combustvel e por isso duram muito menos, apenas alguns milhes de anos. 'Desligado o reator' ( quando acaba o hidrognio), a estrela no consegue suportar mais o peso das camadas que esto perto do centro. Essas camadas comeam a desabar sobre o centro, aumentando a temperatura e empurrando para fora as camadas externas da estrela, que fica inchada e menos quente na superfcie. Se a estrela for das mais 'magrinhas', como o Sol, ela comea a tremer, at expulsar de uma s vez a sua camada externa, que se espalha pelo espao. A parte interna vai ficando cada vez menor e mais fria, virando uma espcie de cinza de estrelas. Se a estrela for mais 'gordinha', oito vezes mais pesada que o Sol, sua morte mais violenta e espetacular. Ela tambm comea a tremer, mas a matria tanta que a queda

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sobre o ncleo muito violenta. A estrela pode at acabar explodindo, formando uma supernova. Se a estrela for muito maior, trinta vezes mais pesada que o Sol, quando acaba o combustvel as partes externas caem sobre o ncleo de uma forma violentssima. A atrao to grande, que nada consegue escapar, nem mesmo a luz. Como a luz no escapa, esse corpo escuro. Por isso recebe o nome de buraco negro. (Verso resumida de texto de Walter Junqueira Maciel, Revista Cincia Hoje das Crianas, n 20) Comentrio sobre o texto 7 O texto explica, de uma maneira muito interessante, como 'nascem' e 'morrem' as estrelas. Ele faz comparaes entre as estrelas e coisas das quais ouvimos falar em nosso diaa-dia, como um reator nuclear, um balo de gs. De forma bastante acessvel, o autor procura nos familiarizar com fatos que, apesar de estarem presentes na nossa vida, so, muitas vezes, ignorados por ns. Essa explicao cientfica sobre o nascimento e a morte das estrelas foi acompanhada de informaes relevantes para entendermos o contedo do texto. A respeito do fato, temos os seguintes dados: . onde acontece? . quando acontece? . como acontece? . por que acontece? . para que acontece? Na nossa lngua, essas informaes podem ser expressas por advrbios, expresses adverbiais ou oraes adverbiais. Os advrbios so vocbulos que informam o lugar, a poca, o modo, a causa dos acontecimentos. As expresses adverbiais e as oraes adverbiais tm a mesma funo dos advrbios nas frases, com a seguinte diferena: as oraes adverbiais contm um verbo e nos permitem passar uma informao mais completa e detalhada. As oraes adverbiais que aparecem no texto contriburam para ajudar a explicar o nascimento e a morte das estrelas: quando olhamos para o cu, tempo quando uma enorme nuvem de gs comea a se concentrar tempo como a luz no escapa causa a parte interna da nuvem fica to quente se a estrela for das mais magrinhas condio a matria da estrela muito pesada + a morte da estrela muito violenta a atrao em direo ao ncleo muito grande + uma parte das estrelas j morreram h muito tempo as estrelas nascem esse corpo escuro que se transforma num enorme reator nuclear conseqncia ela comea a tremer a matria da estrela to pesada que a sua morte muito violenta. conseqncia a atrao em direo ao ncleo to grande que nem mesmo a luz consegue escapar.

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a luz no consegue escapar conseqncia No desenvolvimento do texto, extremamente importante relacionar e encadear as idias de maneira inteligvel para o leitor. Podemos estabelecer relaes de oposio, causa, contradio, concluso, condio, fim. Para exemplificar essas correlaes, vamos combinar as idias: "conseguir emprego" e "morrer de fome": causa - No Brasil, muitos homens morrem de fome porque no conseguem um emprego. finalidade - No Brasil, os homens deveriam ter emprego para que no morressem de fome. conseqncia - No Brasil, muitos homens ficam tanto tempo desempregados que terminam morrendo de fome. condio - Se os homens tivessem sempre emprego, no morreriam de fome. Veja as relaes entre as idias: "tomar uma deciso" e "conhecer todas as possibilidades" finalidade - Para tomar uma deciso, preciso conhecer todas as possibilidades. condio - Se no conhecermos todas as possibilidades, no poderemos tomar uma deciso. causa - preciso conhecer todas as possibilidades, porque temos de tomar uma deciso. Essas relaes esto sempre presentes quando falamos e quando escrevemos. Na fala, muitas vezes no preciso utilizar as conjunes, porque o nosso interlocutor pode perceber isto, segundo a situao. Mas, quando estamos escrevendo um texto, uma carta ou um requerimento, por exemplo, precisamos ser bem claros para sermos corretamente entendidos. Resumindo:

1.

relao de causa - efeito: expressa pelas conjunes porque, pois, como, visto que, j que, uma vez que, por causa de, por, em conseqncia de, por motivo de, devido a, em virtude de. Ex: O nazismo foi responsvel por um dos regimes mais brbaros j vistos porque se apoiou na idia que existem homens superiores e homens inferiores.

2.

relao de condio: expressa pelas conjunes se, caso, contanto que, desde que, a menos que, a no ser que. Ao expressar a condio, existe uma exigncia de que os tempos verbais das duas oraes se relacionem. Ex: Se tudo isso que foi previsto pela cartomantes se realizasse (imperfeito do subjuntivo) de fato, o mundo j teria (futuro do pretrito do indicativo) acabado algumas centenas de vezes.

3.

relao de finalidade: expressa pelas conjunes para, a fim de, com o propsito de, com a inteno de, com o objetivo de. Ex: preciso enviar a carta o mais cedo possvel, para que se possa ter certeza de que ela chegar no prazo previsto.

4. 5.

relao de conseqncia: expressa pelas conjunes tanto...que, to ... quanto. Ex: Mandei tantas cartas para o concurso, que minhas chances de ganhar so muitas. relao de oposio: expressa pelas conjunes embora, apesar de. Ex: O computador no est funcionando, apesar de ter acabado de chegar do conserto. Texto 8 Como se conjuga um empresrio (Mino) Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraou. Beijou. Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou.

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Cumprimentou. Assentou-se. Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Conferiu. Vendeu. Vendeu. Ganhou. Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou. Depositou. Depositou. Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. Repreendeu. Suspendeu. Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. Lucrou. Lesou. Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou. Beijou. Convidou. Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraou. Deitou-se. Mexeu. Gemeu. Fungou. Babou. Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Presenteou. Saiu. Despiu-se. Dirigiu-se. Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu. Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu. Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se... Comentrio sobre o texto 8 Nesse texto, o autor mostra o dia-a-dia de um empresrio, utilizando uma seqncia ordenada de verbos: acordou, levantou... Uma pequena histria contada, e por meio dela podemos descobrir as alegrias e tristezas de uma pessoa, envolvida nas diferentes situaes cotidianas. A ocorrncia de todos os verbos no pretrito perfeito do indicativo d um certo carter narrativo ao texto, como se fosse uma seqncia de aes em um dia de trabalho j concludo. Dessa forma, a presena de elementos coesores (conectivos e advrbios) pode ser dispensada. No texto, no aparecem substantivos, adjetivos, artigos, pronomes, preposies, conjunes. S aparecem verbos. Entretanto, a coerncia depreendida da seqncia ordenada dos verbos com os quais o autor mostra o dia-a-dia de um empresrio. Verbos como lesou, burlou, explorou, safou-se... transmitem um julgamento de valor do autor do texto em relao figura de um empresrio. Os verbos do texto podem ser arrumados em grupos, de acordo com as atividades descritas. 1. aes cotidianas - ao sair de casa preparao do corpo para sair acordou levantou aprontou-se 2. aes profissionais atos profissionais leu despachou examinou alimentao lanchou gestos sociais locomoo abraou saiu beijou entrou cumprimentou chegou atos ilegais vendeu ganhou lucrou dificuldades lamentou justificou-se

atos de poder orientou controlou advertiu insnia apanhou rasgou

3. aes cotidianas - noturnas aes amorosas aes fsicas bolinou saiu beijou chegou

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convidou despiu-se bebeu negou abraou deitou-se engoliu lamentou Se Voc prestar bastante ateno nos grupos de verbos que aparecem no texto, poder constatar que eles foram reunidos de acordo com suas semelhanas de sentido. Observe: com o corpo lavou-se, barbeou-se, enxugou-se, perfumouse, escovou operaes financeiras vendeu, comprou, depositou, sacou deitou-se, relaxou-se, dormiu, roncou, sonhou, acordou, ato de dormir despertou, levantou Vamos agora fazer o inverso do autor do texto. Vamos ampliar as frases, anexando sintagmas que complementem o sentido dos verbos. Para fazer isso de maneira organizada, voc precisar, inicialmente, separar os verbos em grupos, dependendo do tipo de sintagma que ser utilizado. cuidados higinicos Vamos ver como podemos ampliar frases que tenham os seguintes verbos: Grupo 1 : verbos que tm seu sentido complementado por sintagmas sem o auxlio de uma preposio. sacar => o qu? O empresrio sacou o dinheiro. cumprimentar => quem? O empresrio cumprimentou a secretria. Grupo 2 : verbos que tm seu sentido complementado por sintagmas nominais ou preposicionados. => o qu ? ganhar => de quem? O empresrio ganhou muito dinheiro dos seu scios. => o qu ? vendeu => para quem? O empresrio vendeu aes s pessoas interessadas. Grupo 3: verbos que tm seu sentido complementado sintagmas preposicionados. telefonar => a quem? A secretria telefonou ao empresrio. ansiar => pelo qu? O empresrio anseia por lucros cada vez maiores. associar-se => a quem? O empresrio associou-se a pessoas desonestas. Grupo 4 : verbos que no precisam de complemento. acordar O empresrio acordou cedo. sair Depois de pronto, ele saiu. dormir Chegando em casa, dormiu. 3. A questo da transitividade Transitividade - Carter dos nomes e verbos que exigem algo para lhes integrar o sentido. o que ocorre com os verbos transitivos. Tambm

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substantivos, adjetivos e advrbios podem exigir complemento: necessidade de, necessrio a, referente a, etc. A transitividade admite graus, indo do zero (intransitividade) necessidade absoluta: Pedro danava. Maria danava uma valsa. Ela til ao pai. Tem preciso de assistncia. (Zlio dos Santos Jota Dicionrio de Lingstica)

A transitividade costuma ser tratada em nossas gramticas somente quanto aos verbos. Ora, preciso considerar tambm a transitividade nominal. Vejamos o texto abaixo, adaptado de rmatria publicada na Revista Veja (29/07/98). Texto 9 O outro vestibular A disputa por um emprego nas maiores empresas brasileiras est comeando para os estudantes que concluiro a faculdade no final do ano. Quem j passou pela experincia sabe que, perto dela, o funil do vestibular parece brincadeira. Dos numerosos jovens que se candidataram a uma vaga da firma Cargill, que atua no ramo de alimentos, apenas uma pequena parcela revelou inclinao para o tipo de trabalho a ser desenvolvido. Em todas as grandes companhias que adotam a poltica de recrutar profissionais recm-formados, a disputa por uma vaga mais pesada do que nas mais concorridas universidades brasileiras. Durante o programa de treinamento, o jovem trainee ter acesso a diferentes departamentos da empresa. Se ele tiver domnio do uso de computadores, suas chances de ser escolhido aumentaro. "Hoje as empresas querem pessoas com senso crtico, que saibam apontar problemas e sugerir solues", afirma a responsvel pelo programa de treinamento da Gessy Lever. A primeira triagem feita entre os currculos que chegam s empresas. Nesta fase, mais da metade dos candidatos eliminada. A capacidade para trabalhar em equipe e a desenvoltura para lidar com problemas sero muito teis ao candidato que estiver lutando por uma vaga como jovem trainee. () Comentrio sobre o texto 9 Neste texto, o assunto abordado a dificuldade de conseguir uma vaga como trainee em uma grande empresa. Existe uma diferena entre ser estagirio e ser trainee: o estgio pressupe uma permanncia curta na empresa, com data para comear e terminar, enquanto para os trainees a proposta ficar. A concorrncia muito grande, pois as empregadoras oferecem pouqussimos postos em relao ao nmero de candidatos que se apresentam. O salrio inicial atraente; alm disso, existe a chance de fazer carreira. Escolhemos esse texto, escrito em linguagem clara, para mostrar a questo da transitividade de verbos e de nomes. Para isso, fizemos algumas modificaes no que foi originalmente publicado na revista. Como lemos na definio, existem "verbos que exigem algo para lhes integrar o sentido". Isso acontece com os seguintes verbos do texto: concluiro (verbo transitivo direto) a faculdade (SN - objeto direto) se candidataram (verbo transitivo indireto) a uma vaga da firma Cargill (SP - objeto indireto)

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querem (verbo transitivo direto) pessoas (SN - objeto direto) apontar (verbo transitivo direto) problemas (SN - objeto direto) sugerir (verbo transitivo direto) solues (SN - objeto direto) lutar (verbo transitivo indireto) por uma vaga (SP - objeto indireto) Existem tambm nomes (substantivos, adjetivos e advrbios) "que exigem algo para lhes integrar o sentido". As expresses abaixo servem para comprovar essa afirmao. por um emprego para o tipo de trabalho a diferentes departamentos da empresa do uso de computadores pelo programa de treinamento da Gessy responsvel (adjetivo) Lever capacidade (substantivo) para trabalhar em equipe desenvoltura (substantivo) para lidar com problemas teis (adjetivo) ao candidato Nos exemplos acima, os termos que completam o sentido dos substantivos e adjetivos (por um emprego, para o tipo de trabalho, a diferentes departamentos da empresa, etc.) so sintagmas preposicionados que recebem o nome de complemento nominal. Embora com menor freqncia na lngua, os advrbios tambm podem ser complementados por sintagmas preposicionados. Exemplos: A oposio votou favoravelmente ao governo. SP - complemento nominal Nada ser resolvido relativamente a esse problema. SP - complemento nominal 4. Perspectivas quanto ao ensino E o ensino, como ser que o estudo do sintagma nominal e do sintagma verbal pode contribuir para o aperfeioamento da expresso oral e escrita do aluno? Antes de mais nada, precisamos acreditar realmente que as aulas de portugus e de literatura podem ser prazerosas e que, para um ensino produtivo, podemos apontar caminhos, no necessariamente novos. Ao examinar mais detalhadamente o SN e o SV, a sua estrutura e a sua funo, ocorre a pergunta: E o aluno, como fica? Como trabalhar essas questes tendo em vista o desligamento do Marcos, a falta de ateno da Agatha, ou a motivao dessa meninada despertada por concorrentes to empolgantes nossa volta? Essa no uma pergunta fcil de responder e nem poderia ser, uma vez que estamos frente a constataes do tipo: s aprendemos o que do nosso interesse ou sem motivao no h disponibilidade para o aprendizado. Apesar de muitas teorias a respeito, na verdade, sabemos que na prtica isso acontece mesmo, principalmente em se tratando de adolescentes. disputa inclinao acesso domnio (substantivo) (substantivo) (substantivo) (substantivo)

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De uns tempos para c, os livros didticos tm procurado incentivar os estudantes por meio de ilustraes interessantes; claro que isso pode ajudar, mas no basta. O aluno precisa descobrir o que h de importante no material ou na matria que lhe est sendo apresentada. E a que, no caso do SN e do SV, temos a grande chance de mostrar como um texto se organiza em torno de ncleos, de idias centrais, inclusive fazendo ganchos com o seu dia-a-dia, com os seus assuntos preferidos, a sua leitura do mundo. Pensando nessas questes, inmeras atividades de sala de aula podem ser propostas pelo professor, de modo a que o aluno compreenda e exercite a capacidade de criar estruturas mais complexas a partir de estruturas mais simples, reconhecendo a funo de cada elemento dentro do conjunto em que ele se insere. Isso possibilitar ao aluno aprimorar a sua produo de textos. Perceber como um texto se constri, como os vocbulos se organizam, uma aventura diante de qualquer texto, seja ele oral ou escri