Trabalhando um projeto

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Projeto: Palavras, cores e sabores do Sítio “A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos- viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama. Pisca e anda. Pisca e brinca. Pisca e estuda. Pisca e ama. Pisca e cria filhos. Pisca e geme os reumatismos. Por fim, pisca pela última vez e morre. E depois que morre, perguntou o Visconde. __Depois que morre, vira hipótese. É ou não é? “

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Projeto: Palavras, cores e sabores do Sítio

“A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar

é abrir e fechar os olhos- viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste

mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama. Pisca e anda. Pisca e brinca. Pisca e estuda.

Pisca e ama. Pisca e cria filhos. Pisca e geme os reumatismos. Por fim, pisca pela última vez e morre. E depois que morre, perguntou o

Visconde.

__Depois que morre, vira hipótese. É ou não é? “

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Para chamar a atenção das crianças do 1° ano sobre o tema do Sítio do Picapau Amarelo, levei para a

sala de aula uma caixa grande e encapada com papel de presente. Disse às crianças que aquela era uma

caixa surpresa e que dentro dela havia algo muito legal para eles, mas que somente poderiam abrir, caso

acertassem o que nela havia. Pedi que todas as crianças a segurassem, balançassem e pensassem em algo

para falar. Como foi a primeira vez que estávamos fazendo esta atividade, as crianças imaginaram que

cada criança iria ganhar um presente para levar para casa. Gabriel perguntou: “Cada um poderá levar seu

presente para casa?” Logicamente as crianças projetaram seus desejos e todos os meninos disseram que

era carrinho e todas as meninas, bonecas. Conversei com o grupo dizendo que o que havia na caixa não

eram presentes individuais, mas algo que seria de toda a turma. Eles ficaram intrigados!

Comecei a dar dicas sobre a surpresa, mas ninguém queria mudar de ideia. Sendo assim, as meninas

acabaram descobrindo que era uma boneca. Entretanto, antes de abrir a caixa, disse que era uma boneca

especial e que ela desejaria ser a mais nova companheira daquelas crianças. Quando abrimos a caixa todos

disseram em coro: “É a Emília!” Quer dizer que vocês a conhecem? De onde? Todas as crianças conheciam

a boneca e foram dizendo:

Maria Luiza: É a Emília do Sítio do Picapau Amarelo!

Professora: Onde fica esse Sítio?

Gabriel: Será aqui no Cuiabá?

Maria Antônia: Ela fala!

Professora: Quem inventou essa boneca que fala?

Maria Antônia: Foi um homem que eu vi na televisão.

Professora: quem mora nesse sítio?

As crianças foram nomeando todos os personagens e demonstrando que conheciam o Sítio e suas histórias. Disseram já conhecer através da

televisão, pois assistiam os episódios.

Propositadamente, quando criei esta boneca para levar para a classe, coloquei em seu interior muitos saches de chá de Camomila. E o

cheiro estava no ar. Quando as crianças começaram a manuseá-la acharam estranho aquele cheiro e começaram a perguntar o que era.

Quando a boneca chegou nas mãos de Maria Antônia, depois de alguns instantes disse: “Eu conheço esse cheiro. Isso é chá! Minha mãe faz

lá em casa e o cheiro é igual!”

Eu disse para todos que teríamos que descobrir e verificar todas essas informações. Notei que os alunos ficaram entusiasmados com

tudo aquilo. Propus que aprendêssemos a escrever a palavra Emília. Todos gostaram da ideia.

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EMÍLIA Levei um texto para a sala e entreguei uma cópia para cada criança. Pedi que prestassem atenção, pois ele desvendaria algumas de

nossas perguntas...

BONECA TAGARELA

EMÍLIA É O PERSONAGEM MAIS DIVERTIDO DO SÍTIO. ELA É UMA BONECA FEITA COM RETALHOS

DE PANO E RECHEIO DE UMA ERVA CHAMADA MACELA, QUE É O OUTRO NOME DA CAMOMILA.

NO COMEÇO ELA NÃO FALAVA, MAS TOMOU UMAS PÍLULAS MÁGICAS E NÃO PAROU MAIS DE

TAGARELAR.

ALEGRE E ESPEVITADA, EMÍLIA INVENTA, MIL MALUQUICES E SEMPRE DIZ TUDO O QUE PENSA.

HÁ HORAS EM QUE ELA DEIXA A TURMA MEIO TONTA. NOS LIVROS ÀS VEZES ELA SE DIRIGE

DIRETAMENTE AO AUTOR, MONTEIRO LOBATO, DIZENDO QUE NÃO TEM DE OBEDECÊ-LO SÓ

PORQUE É UM PERSONAGEM INVENTADO POR ELE.

RECREIO. SÃO PAULO;ABRIL; ANO 2, SET 2001

Depois da leitura do texto comentamos que Emília era feita de macela, outro nome da camomila. Maria Antônia: “Eu não disse!

Com camomila se faz chá. Lá em casa tem de maçã também!”

As crianças fizeram o desenho da boneca de pano! Todos gostaram da ideia de poderem levar a boneca para visitar suas casas, mas

enquanto isso não acontece, Emília fica sentada com as crianças, participa das atividades, como a roda da leitura e brinca com

todos no recreio.

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Através do texto lido, desvendamos o nome do “tal homem” que criou o Sítio. Achei importante que

conhecêssemos um pouco sobre a sua vida e obra. Assim, levei para a sala de aula várias informações sobre o

autor. As informações foram lidas aleatoriamente. Então sugeri que organizássemos o texto de modo que ficasse

bem entendido e de preferência que houvesse uma cronologia. Após, as crianças ilustraram o texto, desenharam

personagens para a montagem de um painel informativo sobre Monteiro Lobato.

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Levei uma caixa de chá de Camomila para sabermos qual era o gosto que tinha. Yuri afirmou: “Eu nunca bebi chá!” Depois que

provamos o chá entreguei várias palavras para as crianças e montamos um texto sobre os benefícios da camomila. Também conhecemos,

além do chá, outros produtos feitos à base de camomila.

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Pedi às crianças que pesquisassem nomes de chás e Gabriel foi o aluno que mais nomes de chás conseguiu listar. Os chás conhecidos

foram: CAMOMILA, MAÇÃ, MATE, ERVA DOCE, CAPIM CIDREIRA, CHÁ VERDE, BOLDO, CAPIM LIMÃO, CHÁ PRETO, CHÁ DE

ALHO, CHÁ DE QUEBRA-PEDRA, MORANGO, AGRIÃO, SALSA, MACELINHA E HORTELÃ. Disse para as crianças que durante o

projeto iríamos ampliar os conhecimentos sobre os chás. E todos quiseram saber se iriam provar vários chás.

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Como estava aproximando-se o dia 18 de abril, nascimento de Monteiro Lobato e dia do livro infantil; resolvemos fazer na escola um

dia bem diferente para todas as crianças. Neste dia, apresentaríamos para outras turmas os conhecimentos adquiridos até então.

Começamos a nos envolver com este evento. Numa conversa, em sala de aula, decidimos que cada criança teria um papel a cumprir no evento

e que todos seriam responsáveis por falar o que havia aprendido.

Achamos importante que fizéssemos um convite para o evento e sugeri que fizéssemos chá de camomila para os visitantes. Falei que

deveríamos falar sobre como a boneca Emília começou a tagarelar. Ana Carolina disse que podíamos mostrar umas pílulas. Aproveitei esta

excelente ideia de trazer “pílulas”. Tínhamos o convite para escrevermos, o que foi feito coletivamente. Luis Eduardo anotou o texto da

camomila para distribuição e eu montei uma bula de remédio (Pílulas da Emília), para lermos em sala de aula e distribuirmos para os

pequenos da Educação infantil. Atribuições de cada criança no Evento do Dia do Livro Infantil:

ALUNOS ATRIBUIÇÕES

LUIS EDUARDO SERVIR CHÁ PARA AS VISITAS

MANUELA RECOLHER COPOS E MANTER O AMBIENTE EM ORDEM

ANA CAROLINA E TAINÁ ENTREGA DAS PÍLULAS FALANTES

GABRIEL E LUIS FILIPE RECEBER AS VISITAS E ENCAMINHÁ-LAS AOS SEUS LUGARES

STEPHANIE E AYRES ENTREGA DAS BULAS

MARIA CLARA E MARIA LUIZA ENTREGA DE TEXTO INFORMATIVO SOBRE A CAMOMILA

MARIA ANTÔNIA E MARIA VITÓRIA ENTREGA DOS CONVITES E MARCAÇÃO DO HORÁRIO DE VISITAS

SAMUEL E YURI AJUDA A PROFESSORA

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CONVITE

EM HOMENAGEM AO DIA NACIONAL DO

LIVRO INFANTIL

CONVIDAMOS A SUA TURMA PARA

CONHECER

OS TRABALHOS REALIZADOS PELOS

ALUNOS DO 1° ANO

LOCAL: CASA DO 1° ANO

DATA: 18 DE ABRIL

HORÁRIO: A COMBINAR COM A

PROFESSORA

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Pensei que poderíamos escolher um nome significativo para o projeto e numa roda de leitura

manuseamos alguns livros de Monteiro Lobato. Na roda, perguntei o que que o Sítio lembrava para

cada um. As respostas foram interessantes.

Ayres: O Visconde. Ele gosta de ler livros.

Professora: E o que tem nos livros?

Crianças: Histórias!

Professora: E como essas histórias se apresentam?

Maria Antônia: Escritas. A Dona Benta também lê para as crianças.

Professora: Então nosso projeto também está ligado a leitura e a escrita?

Crianças: Sim!

Maria Luiza: Personagens, lanche delicioso! Hum!

Luis Filipe: Plantas

Luis Eduardo: Aroma, saborear, cheiros.

Maria Vitória: Riacho, animais

Maria Clara: Frutas.

Gabriel: Cores.

Resolvemos então classificar essas palavras dentro de outras. Por exemplo, as frutas

entram no grupo dos sabores, as plantas no grupo das cores, os livros no grupo das palavras e

assim acabamos por encontrar um nome bem bonito para o nosso projeto: PALAVRAS, CORES E

SABORES DO SÍTIO! Que englobaria tudo o que leríamos, observaríamos e aprenderíamos.

Começamos a leitura do livro Reinações de Narizinho porque ele conta como surgiram os

personagens e inicia as aventuras mais conhecidas. Através dele, descobrimos como a boneca

Emília começou a falar, como foi o casamento entre Emília e Rabicó, o encontro entre Narizinho

e o Príncipe Escamado no Reino das Águas Claras, o casamento entre eles e muito mais...

Num desses momentos li uma parte do livro entitulado “O enterro da Vespa”. Narizinho foi picada por uma vespa sai chorando para a

casa a procura de ajuda. Emília fica largada no jardim e acabou tomando sereno. Quando Narizinho encontrou Emília novamente, esta já

estava irritadíssima! Queria um vestido novo para tampar a sujeira do joelho. Lúcia sugeriu-lhe um banho, mas a boneca logo recusou a

oferta dizendo que ficaria mofada se tomasse banho, afinal era recheada de macela...

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Professora: O que é macela?

Crianças: O outro nome da camomila.

Professora: O que podemos fazer com a camomila mesmo?

Crianças: Chá!!!!!!

Professora: E o que é chá?

Crianças: ?????????

Um silêncio ficou no ar! Fiquei perplexa! Como podia não saberem o que era chá se até havíamos bebido o

chá de camomila. Ana Carolina disse que era um saquinho que botava na água. Então perguntei: “E o que tem

dentro desse saquinho? Chá é feito de quê? Vamos pensar naquilo que já sabemos e o que queremos saber e

depois registraremos tudo isso.

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Começamos novas investigações. Fomos para o fundo da sala na mesa branca para abrir um sache. As crianças ficaram intrigadas.

Levantei as hipóteses das crianças a respeito do que era chá. Cada aluno deu a sua opinião e depois desenharam suas ideias.

O QUE É CHÁ?

ALUNO HIPÓTESE JUSTIFICATIVA

Ana Carolina Sementes Porque parece.

Ayres Terra Porque é preto e macio igual terra.

Érica Café É da mesma cor.

Gabriel Sementes Eu vi pedacinhos.

Luis Eduardo Pó mágico Porque coloca o sache na água e vira chá.

Luis Filipe Sementes Parece.

Manuela Folhinhas Porque tinha uns pedacinhos verdes.

Maria Antônia sementes Tá igual semente.

Maria Clara Sementes Parece.

Maria Luiza

Pó mágico Usou a justificativa de Luis Eduardo.

Maria Vitória Pó mágico Usou a justificativa de Luis Eduardo.

Samuel Pó mágico Usou a justificativa de Luis Eduardo.

Stephanie Pó de planta Pedacinho de planta bem pequeno.

Tainá Pó mágico Usou a justificativa de Luis Eduardo.

Yuri folhas Acho que é isso.

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Levei para a sala de aula várias caixas de chá com sabores diferentes. As crianças

gostaram e perguntaram se iriam beber algum. Eu respondi que ao longo do tempo iriamos

experiementá-los. Todos ficaram contentes. Maria Luiza disse que iria fazer um esforço porque

não gosta de chá!

Professora: Todos os chás são iguais?

Alunos: Não!

Professora: Vocês já viram? Não podemos afirmar o que não vimos. Que tal abrirmos

vários saches para verificar?

As crianças cheiraram, manipularam e observaram com uma lupa os diversos chás. Depois

colocamos os conteúdos em saquinhos e escrevemos seus nomes para lembrar qual era. Após, em

forma de desenhos todos registraram suas ideias.

As descobertas foram interessantes:

As cores dos chás são diferentes

Os pós são diferentes: uns são mais grossos, outros mais finos

Os cheiros do pós são diferentes

Maria Antônia disse que os chás são diferentes porque os seus nomes são

diferentes.

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Começamos a fazer as visitas da “Emília em minha casa”. Resolvemos que íamos fazer um sorteio para ver quem a levaria primeiro.

Todos ficaram torcendo para serem contemplados. Os alunos levavam a Emília, que passava dois dias em sua casa. A visita era registrada

pelos pais em um diário. Quando a boneca retornava a criança contava como havia sido a hospedagem e eu lia para todos os registros.

“ Ana Carolina ficou doente e Emília acompanhou sua recuperação.” Lívia

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VERIFICAÇÃO DE HIPÓTESES: O QUE É CHÁ?

SERÁ QUE CHÁ É SEMENTE?

Ana Carolina, Luis Filipe, Gabriel, Maria Clara e Maria Antônia defendiam a ideia de que o

pó dos saches eram sementinhas. Para verificar esta hipótese plantamos um sache de chá

de camomila. Se chá fosse semente nasceria uma linda planta, entretanto nada

aconteceu.

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“CHÁ NÃO É SEMENTE PORQUE NÃO NASCEU NENHUMA PLANTA.”

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VERIFICAÇÃO DE HIPÓTESES: O QUE É CHÁ?

SERÁ QUE CHÁ É TERRA?

Ayres defendia a ideia de que o pó dos saches era terra. Para verificar esta hipótese

comparamos terra e chá. Depois colocamos a terra e o chá na água para compararmos os

resultados.

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“CHÁ NÃO É TERRA PORQUE O CHÁ BOIOU E A TERRA AFUNDOU, PORTANTO, SÃO COISAS DIFERENTES.”

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VERIFICAÇÃO DE HIPÓTESES: O QUE É CHÁ?

SERÁ QUE CHÁ É CAFÉ?

Érica defendia a ideia de que o pó dos saches era café. Para verificar esta hipótese

comparamos café e chá. Depois colocamos pó de café em água quente

para sentirmos o gosto.

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“OS LÍQUIDOS TÊM GOSTOS E CHEIROS DIFERENTES, PORTANTO CHÁ NÃO É CAFÉ.”

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VERIFICAÇÃO DE HIPÓTESES: O QUE É CHÁ?

SERÁ QUE CHÁ É PÓ MÁGICO?

Luis Eduardo, Samuel, Tainá, Maria Luiza e Maria Vitória

defendiam a ideia de que o pó dos saches era um pó mágico. Para

verificar esta hipótese colocamos na água outros pós: gelatina, açúcar,

leite em pó e suco em pó para verificar o que aconteceria.

O leite em pó virou leite líquido que a maioria toma em casa.

O açúcar desapareceu, mas todos perceberam seu gosto na água,

então concluímos que ele apenas havia dissolvido.

Ao misturar a gelatina na água, esta ficou vermelha e com gosto

de gelatina. Concluímos que aconteceu a mesma coisa com o açúcar.

Todos quiseram provar o suco de jabuticaba, que misturado na

água ficou com uma cor bem escura. Muitos gostaram, outros nem tanto.

As crianças ficaram um pouco descontentes, pois não viram

nenhuma mágica no que estávamos fazendo. Logo Luiz Eduardo disse,

muito a contragosto, que os pós apenas dissolviam-se na água e que era

possível ainda, comprovar a sua existência na água através do gosto e

portanto isso não era uma mágica!

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“OS PÓS SE DISSOLVERAM MISTURANDO-SE NA ÁGUA. ISSO NÃO É MÁGICA, PORTANTO CHÁ NÃO É UM PÓ MÁGICO.”

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VERIFICAÇÃO DE HIPÓTESES: O QUE É CHÁ?

SERÁ QUE CHÁ É FEITO DE PLANTA?

Manuela, Stephanie e Yuri defendiam a ideia de que o pó dos saches era de folhas, plantinhas.

Para verificar esta hipótese comparamos folhas de hortelã com o conteúdo do sache. Depois

fizemos chá de hortelã (de sache) e chá de hortelã (da planta), e comparamos os gostos.

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“CHÁ É FEITO DE PLANTA PORQUE OS LÍQUIDOS TÊM O MESMO GOSTO.”

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Através dessa experiência, confirmamos que chá é uma bebida feita com ervas e ainda fizemos a distinção entre chá caseiro e chá

industrializado.

Ayres: Chá é feito de folhas, sai um caldinho da planta!

As crianças confirmaram a hipótese de que chá era feito de plantas, entretanto, achavam que era somente de folhas. Levei para a

sala de aula imagens de um morangueiro. Analisamos as fotos e distinguimos as partes e as cores da planta.

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Depois fizemos chá de morango e os alunos tiveram uma surpresa porque o chá ficou vermelho. Então, como já havíamos

estudado as partes de um vegetal, pudemos concluir que o chá pode ser feito de outras partes de uma planta, não somente das folhas.

Nossas descobertas:

1) Quando colocamos o sache na

água quente ela ficou vermelha.

2) O chá de morango é feito do

fruto.

3) Podemos fazer chá das diversas

partes de uma planta.

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Após terem feito a descoberta de que chá era feito de ervas, partimos para as hipóteses de quem teria descoberto o chá.

Professora: Quem criou o chá?

Stephanie, Érica, Tainá, Manuela, Maria Vitória, Maria Antônia e Samuel

disseram que foi Deus porque Deus criou tudo, é bom e fez coisas bonitas.

Maria Luiza, Luis Filipe e Maria Clara disseram que foram as cozinheiras,

mas não souberam especificar quais cozinheiras eram essas.

Gabriel, Ayres e Ana Carolina disseram que foi a fábrica porque vem na

caixa.

Luis Eduardo disse que foi Pedro Álvares Cabral porque ele descobriu muitas

coisas.

VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES: QUEM CRIOU O CHÁ?

DEUS?

Começamos a pensar nas hipóteses de cada um. Assistimos a um vídeo pela

internet chamado “A criação” e lemos um texto informativo para sabermos

melhor o que Deus criou e como isso se deu. As crianças prestaram atenção e

pude perceber através de perguntas que os alunos compreenderam bem o

assunto. Eles compreenderam que Deus criou as plantas, mas não o chá.

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A Criação

No início Deus criou os céus e a terra. A terra era sem forma, vazia, escura e coberta de água. O Espírito de Deus flutuava sobre a água. E Deus disse: “Haja luz”, e ela apareceu. Deus viu que a luz era boa.

Ele separou a luz da escuridão, e chamou a luz de “dia” e a escuridão de “noite”. A tarde e a manhã foram o primeiro dia.

E Deus disse : "Que haja um grande espaço entre as águas debaixo do céu e as de cima".

E Ele chamou o espaço de "céu". A tarde e a manhã foram o segundo dia.

Deus disse: "Que as águas debaixo do céu se ajuntem em um lugar, e que haja um espaço seco".

Ele chamou o lugar seco de “terra”; e chamou de “mares” o ajuntamento de águas. Deus viu que isso era bom. E Deus disse: "Que a terra produza ervas, plantas e árvores frutíferas"; e isso aconteceu, e Deus viu que tudo era bom. A noite tarde e a manhã foram o terceiro dia.

Deus disse: "Que haja luzes no céu para determinarem as estações, os dias e os meses". Deus criou duas grandes luzes; o Sol para governar o dia, e a Lua para governar a noite. Ele criou também as estrelas, e as espalhou pelo céu para que iluminassem a Terra. Deus viu que isso era bom. A noite e a manhã foram o quarto dia.

Deus disse: "Que as águas fiquem cheias de criaturas vivas, e que as aves voem pelo céu". Deus criou grandes animais marinhos e tudo o que se move nas águas. Criou peixes e aves, e viu que tudo era bom, e os abençoou dizendo: "Sejam frutíferos e se reproduzam". E a tarde e a manhã foram o quinto dia.

Deus disse: "Que a terra se encha de criaturas vivas". Então ele criou os animais da terra, o gado e tudo que rasteja, para se reproduzirem; e Deus viu que isso era bom.

E Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança". E o Senhor formou o homem do pó da terra, e assoprou em suas narinas o sopro da vida, e o homem tornou-se uma alma vivente.

Assim Deus criou o homem à sua imagem. Deus chamou o primeiro homem de Adão; mais tarde, Adão chamou a mulher de Eva.

Deus viu o que havia criado, e tudo era muito bom. A noite e a manhã foram o sexto dia.

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Os céus e a terra ficaram prontos; no sétimo dia Deus terminou seu trabalho. Ele abençoou esse dia e o santificou. Deus também criou um jardim no Éden, onde plantou árvores bonitas e frutíferas por todos os lados.

Ele plantou duas árvores no meio do jardim: a Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.

O Senhor mandou que o homem cuidasse de tudo o que havia no Jardim do Éden, e deu-lhe uma ordem: "Você pode comer à vontade de todas as árvores, menos da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Jamais coma o fruto daquela árvore. No dia em que fizer isso, você morre".

Para mostrar quanto amava Adão e Eva, Deus supriu todas as suas necessidades, e um pouco mais, para que aproveitassem a vida ao máximo.

Deu-lhes também a capacidade de fazer escolhas, e a chance de usar bem esta capacidade. Deus queria que Adão e Eva mostrassem quanto o respeitavam, obedecendo a uma ordem apenas: a de não comer de uma única árvore. Adão e Eva podiam usufruir todas as coisas.

Para viverem felizes e em paz no lindo jardim, só precisavam confiar na sabedoria de Deus, e respeitar a autoridade dele. Deveriam ser gratos e felizes pela vida e liberdade que tinham. Mas a liberdade só traz alegria quando sabemos fazer boas escolhas.

ILUSTRAÇÕES SOBRE O TEXTO “A CRIAÇÃO”:

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VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES: QUEM CRIOU O CHÁ?

PEDRO ÁLVARES CABRAL?

No mesmo dia assistimos um Vídeo de uma música chamada “Pindorama”, que conta como foi a chegada dos portugueses no Brasil e a

relação entre estes e os indígenas.

Professora: Na floresta tinha farmácia?

Crianças: Não!!!!!!

Professora: Pois é, para curar as doenças eles usavam as plantas! Portanto, já conheciam a utilidade dos chás medicinais. Então, Luis

Eduardo, foi Pedro Álvares Cabral quem criou o chá?

Luis Eduardo: Não, porque os índios já conheciam e se fosse ele os índios ainda não conheceriam.

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VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES: QUEM CRIOU O CHÁ?

AS FÁBRICAS?

Em outra ocasião, li para as crianças um texto falando sobre o surgimento das fábricas e descobrimos que elas surgiram no século XVIII e

sabíamos que antes de Cristo já se bebia chá, portanto era impossível que o chá tenha sido inventado dentro de uma fábrica. Provavelmente

as crianças tenham pensado nesta hipótese devido ao chá industrializado, criado muitos anos depois.

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VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES: QUEM CRIOU O CHÁ?

COZINHEIRAS?

Professora: Maria Luiza, Luis Filipe e Maria Clara, vocês me disseram que o chá foi descoberto pelas cozinheiras, mas quais cozinheiras?

As crianças não souberam responder, então, conversei com todos dizendo que realmente muitas cozinheiras inventam receitas gostosas,

mas que em muitos casos sabemos o nome das pessoas que inventam as coisas. Thomas Edison, por exemplo, foi o inventor da lâmpada.

Sendo assim, ficaria muito difícil para sabermos qual cozinheira e que precisávamos pesquisar mais.

Page 42: Trabalhando um projeto

E agora?...

Professora: Como vamos saber quem inventou o chá se todas as

nossas hipóteses já foram verificadas?

Gabriel: Tem que ler num livro.

Professora: Em qual livro?

Gabriel: Não sei.

Professora: Tem outro lugar pra pesquisar?

Luis Eduardo: Na internet.

Professora: Vou pesquisar então e vejo se consigo achar alguma

coisa.

Depois que pesquisei a origem do chá, descobri que existiam várias lendas a esse respeito, entretanto, a mais conhecida e divulgada era a do imperador Shen Nung, a qual levei para que os alunos ouvissem e ilustrassem.

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MANEIRAS DE FAZER CHÁ

Levei para a classe 3 imagens e pedi que explicassem o que estavam vendo e as principais diferenças. Rapidamente começaram a falar:

Dois bules e uma xícara de chá

Fogo aceso e fogo apagado

Bolinhas azuis (expliquei que simbolizava a água)

Folhas

Pedi que pensassem como estavam as folhas nos dois bules:

Perceberam que no primeiro, elas estavam distribuídas pelo bule e no segundo caso, estavam

somente na parte de cima.

Perguntei por que estavam diferentes. As crianças compreenderam que o fogo estava aceso e as

folhas ferviam junto com a água e no segundo caso o fogo estava apagado e as folhas boiavam na

água.

Montamos um cartaz explicando as maneiras de fazer chá. De forma industrializada, com o sache

e de forma caseira: por cozimento ou infusão.

Page 44: Trabalhando um projeto

O USO DOS CHÁS EM NOSSA CASA

As crianças fizeram uma entrevista com um familiar para identificar que tipo de chá que é usado em casa: caseiro, industrializado ou os

dois. Também deveriam descobrir quais os chás mais utilizados e com qual finalidade.

Os dados coletados na entrevista foram analisados e discutidos em sala de aula. Além disso, fizemos um gráfico sobre o tipo de chá

que utilizam e um cartaz com os chás que são utilizados.

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As crianças pesquisaram os preços das caixinhas nos

mercadinhos e mercados da redondeza.

Descobriram que os preços variam de uma loja

para a outra e que é necessário pesquisar antes de

comprar, mas o mais interessante foi a

conclusão de Stephanie:

“ Melhor ter um

canteirinho em casa e plantar algumas

ervas, assim o chá sai de graça.”

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Em sala de aula, à medida que fomos aprendendo sobre o assunto, escrevemos o Livro das descobertas. Este continha as informações adquiridas durante o projeto. Este foi

nosso produto final. Com intuito de ajudar e esclarecer o leitor, este guia, continha informações úteis, como a utilidade dos chás mais conhecidos. Além das curiosidades aprendidas.

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Em nossa sala fizemos a exposição dos materiais confeccionados durante todo o projeto.

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“Um processo que pode parecer inicialmente excessivo por todas as mudanças que implica, já que nos desequilibrou, nos propôs

questões para depois ressituarmos, mas também foi progressivamente atraente porque levava implícita a ruptura com a monotonia e

a sedução ante as novas expectativas.”

Professores da E. P. Pompeu Fabra, de Barcelona.

Este projeto foi realizado entre março e julho de 2011 na Escola Santo Antônio com uma turma de 1º ano composta de 15 alunos, da

qual fui professora. Para mim, trabalhar com projetos sempre foi um objetivo. Entretanto, posso afirmar que este foi a primeira vez que

pude compreender o sentido deste em toda sua plenitude. Foi uma descoberta “batatal” saber que o projeto parte de uma pergunta, ou de

várias, de algo que se quer investigar! Isso abriu muito minha mente. Neste sentido, agradeço aos profissionais envolvidos neste meu

processo de construção. No caso do projeto especificamente, esta descoberta deu novos rumos ao o que estávamos fazendo e nos

proporcionou ao longo do tempo muitas aprendizagens. O estudo de Hernandez através do livro A organização do currículo por projetos de

trabalho, trouxe muito entendimentos e esclarecimentos. Para mim ficou a vontade de acertar e aplicar o que estava aprendendo.

Para os alunos também acredito que tenha sido uma experiência impar, pois aprenderam por si mesmos apoiados pela investigação e

pesquisa. Aprenderam fazendo! Além disso, percebi no olhar e nas falas de cada criança que estavam gostando muito do que faziam. Os pais

também contavam nas reuniões sobre a empolgação dos seus filhos e das conversas que tinham em casa com seus familiares a respeito do

que aprendiam.

Acredito que isso é o que se espera da escola! As crianças querem e são movidas pelo desejo de aprender. Gostam de participar e de

investigar coisas. Cabe a nós, professores e envolvidos, traçar os caminhos iniciais que serão compartilhados por todos. E finalmente, gozar

da felicidade de ver algo novo brotando nos olhos brilhantes das nossas crianças.

Ana Lúcia Pinto Antunes