Trabalho
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Em um cenário de demanda aquecida, carência de mão de obra e cronogramas atrasados, a
construção civil aposta em soluções industrializadas para queimar etapas e reduzir o tempo de
trabalho nos canteiros de obras.
Mesmo mais caros, os novos materiais têm sido utilizados intensivamente, principalmente
para atender a obras comerciais em que a entrega das chaves mais cedo significa pagamento
de aluguel antecipado.
A evolução tecnológica tem sido de grande importância para a melhoria das condições de
trabalho no setor da construção civil, principalmente no que se refere à qualidade dos
materiais e à melhoria do processo de produção, incidindo diretamente na produtividade.
Entre os novos materiais que mais contribuem para a redução dos prazos está o steel framing,
estrutura metálica de aço galvanizado revestido internamente com placas de gesso acartonado
e externamente com placa cimentícia. Com steel framing é possível em reduzir o tempo de
construção para um sexto do tempo normal, mais isso aumento o custo da obra em 20%.
Hoje, a falta de mão de obra é apontada pelo setor como um de seus maiores gargalos. A falta
de profissionais qualificados, em conjunto com a falta de equipamentos, já se reflete em
atrasos de 25% dos cronogramas em alguns estados.
O steel framing, uma tecnologia americana que começa a ganhar espaço no Brasil como
alternativa à alvenaria tradicional. É uma obra limpa e muito mais rápida. Depois de nivelar o
terreno, o construtor faz uma laje, que chamamos de radier. Depois, vem a montagem dos
painéis. O processo é muito rápido. Outra das vantagens,é a facilidade de manutenção do
imóvel, se furar um tubo, você corta a placa e conserta em 15 minutos. Sem quebradeira.
Entre os preconceitos, está o receio em relação à segurança, já que a alvenaria dá a impressão
de uma solidez maior.
Uso de parede de gesso interna cresce 35,7% no ano.
Na mesma linha do steel framing, mas restrito às paredes divisórias internas dos imóveis, está
o drywall. A expressão que, em inglês, significa “parede seca”, é uma alusão à dispensa de
argamassa para sua construção, como ocorre com a alvenaria. Segundo a Associação Brasileira
dos Fabricantes de Chapas para Drywall, o consumo nacional cresceu 35,7% no primeiro
semestre deste ano. No mercado mineiro, no entanto, o novo sistema construtivo ainda
encontra resistência.
A parede drywall é composta por uma estrutura rígida formada por perfis de aço, nos quais
são parafusadas as chapas de gesso acartonado, as mesmas utilizadas na parte interna do steel
framing.
Mas a troca da alvenaria pelas estruturas de aço galvanizado recobertas de placas ainda
encontra resistência. Mais leves e sem a solidez dos tijolos, as placas de gesso acartonado dão
a impressão de fragilidade. Fora do Brasil, o drywall é bem aceito, mas por aqui o pessoal não
gosta, diz que dá a impressão de BNH (antigo Banco Nacional da Habitação).
Para o diretor da Agmar, o grande entrave para a maior parte das novas tecnologias é o preço.
“Não adianta ter uma obra mais rápida se, ao mesmo tempo, ela sai mais cara”, pondera.
Com uma solução para construção de edifícios comerciais e residenciais ainda pouco
difundida, a Usiminas trabalha para mudar a cultura do mercado brasileiro e consolidar seu
produto: a estrutura metálica. Para vencer barreiras culturais e econômicas, a siderúrgica
oferece consultoria especializada para a utilização do seu produto, aceita receber ao final da
obra e estuda, até, participar com terrenos próprios em alguns empreendimentos.
Com a redução de prazo de 20%, em média, como principal ganho, e o preço superior como
impedimento, a companhia aposta na corrida contra o tempo dos cronogramas da Copa do
Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, para deslanchar na construção
civil.
A filosofia é a mesma de outros produtos que surgem para encurtar o tempo das
obras: parte do processo é levado para dentro da indústria. No canteiro, é feita apenas a
montagem, o que dá ao construtor um ganho de velocidade.
Na construção convencional, a construtora utiliza o vergalhão para a montagem da
armação e preenchimento com concreto. Com a solução da Usiminas, o vergalhão é
substituído por colunas de aço, produzidas na usina e levadas prontas para o canteiro de obras
para montagem. Outra vantagem da construção em aço é o baixo índice de erros durante a
obra, devido à alta industrialização do processo.
O superintendente de vendas de construção civil da Usiminas, André Cotta de
Carvalho, rebate a principal crítica do mercado – de que os preços dos perfis da siderúrgica são
superiores ao modelo convencional, com o argumento de que o problema é cultural. “Falta
informação. Se você conceber um projeto para concreto armado e utilizar perfis de aço, sairá
mais caro”.
Para o concreto, os vãos são menores e o número de colunas é maior, diferentemente
da obra em aço. Se, ao contrário, a concepção for para perfis de aço, e o concreto armado for
utilizado, o preço também será superior. “É difícil conseguir um preço bom quando se faz a
adaptação de um projeto concebido para outro material”, afirma Carvalho.
Para mudar a cultura do setor e estimular a utilização da estrutura metálica, a empresa
criou um grupo formado por técnicos especialistas em construção metálica para ajudar
arquitetos e projetistas na concepção de projetos. “A ideia é auxiliar na melhor modulação, de
forma a aproveitar ao máximo as chapas”, explica.
Dentro da filosofia de transformar o canteiro de obras em uma linha de montagem,
outra solução que começa a ganhar espaço nas grandes construções é o uso da tecnologia
europeia de paredes duplas pré-fabricadas sob encomenda. Quando há demanda por um
elevado volume de unidades em um curto espaço de tempo, como no “Minha Casa, Minha
Vida”, também tem se tornado frequente a utilização de paredes de concreto, no lugar da
alvenaria tradicional.
As paredes duplas são levadas semi-prontas para a obra, onde duas chapas de aço são
montadas em paralelo e concretadas, daí o nome parede duplas. As paredes são
autoportantes e dispensam o uso de vigas.
Ganho de tempo de até 50% com parede dupla. No entanto, os custos são, em média,
20% superiores aos da alvenaria convencional. A solução é competitiva para prédios e
conjuntos habitacionais. A tecnologia de paredes duplas foi trazida com exclusividade ao Brasil
pela Sudeste, em 2009. Após instaladas, as paredes dispensam acabamentos, como massa fina,
e podem ser pintadas.
Já o uso de concreto tem se tornado comum, de acordo com o vice-presidente de
Materiais, Tecnologia e Meio Ambiente do Sinduscon-MG, Geraldo Jardim Linhares Júnior,
para atender à demanda do “Minha Casa, Minha Vida”. O concreto é fundido em moldes,
feitos sob encomenda, na própria obra. “É uma solução interessante, mas para grandes
conjuntos, a partir de 500 unidades. Abaixo disso, não vale a pena, porque os moldes
metálicos são caros. É preciso ter várias repetições para compensar”, avalia Jardim. Segundo o
vice-presidente, o ganho de velocidade varia entre 10% e 12%.
Dentre as soluções que vêm sendo utilizadas pelas construtoras para reduzir prazos, a
mais comum tem sido a fachada aerada. Em substituição à técnica tradicional, que inclui
chapisco, reboco e colagem do revestimento, na fachada aerada há eliminação de etapas, já
que o revestimento que pode ser cerâmica, porcelanato ou granito – é parafusado
diretamente no prédio.
O processo é muito mais rápido e há uma redução do serviço de pedreiro. A fachada
de um prédio de dez andares, por exemplo, que leva seis meses para ficar pronta, é entregue
em três meses com a utilização dos inserts metálicos. Há um custo 30% maior, mas o ganho de
prazo é bem significativo.
Há, também, a solução de corte de dobra de aço automatizada da Arcelor Mittal, o
Belgo Pronto, que retira do canteiro de obras a armação das estruturas, reduzindo o tempo de
execução das lajes. Além do serviço de corte e dobra na indústria, a empresa disponibiliza os
serviços de pré-montagem, corte de tela e corte de cordoalha.
Apesar do crescimento do uso de novas tecnologias pelas construtoras, sua
disseminação ainda é muito pequena entre as pessoas físicas que partem para a construção do
próprio imóvel. Além do custo superior, a maioria dos materiais só é viável economicamente
em grande escala. Essas soluções pré-fabricadas ainda são caras. É preciso ter volume para ter
um ganho de tempo que faça valer a pena.
A exceção é o uso do laminado em substituição ao uso de taco ou assoalho. Sem
necessidade de pedreiro ou marceneiro, o laminado pode ser assentado em menos da metade
do tempo de um assoalho. A ideia de que o laminado é um produto inferior já está
ultrapassada. Hoje, tem imóvel de R$ 3 milhões com laminado. O metro quadrado varia de R$
20 a R$ 150.
Uma tecnologia desenvolvida pela equipe do professor Antônio Ferreira Ávila, do
departamento de Engenharia Mecânica da Escola de Engenharia promete, literalmente,
revolucionar as estruturas da construção civil. Ela transforma garrafas plásticas de refrigerante
e água mineral num compósito (produto reciclado) de alta resistência e baixo custo, que pode
ser usado como azulejos, pisos e engrenagens. "Os testes indicam um produto leve, resistente
e dez vezes mais barato que materiais utilizados na construção civil, como a madeira", afirma o
professor Ávila.
Além do seu potencial econômico, o compósito é um produto ecologicamente correto.
"O material reduz o acúmulo de resíduos plásticos nos aterros sanitários e, ao substituir a
madeira, contribui para a diminuição do desmatamento", "A redução dos custos das casas
populares só pode ser feita através da adoção de novas técnicas de construção", afirma Ávila.
O produto desenvolvido joga por terra a crença de que materiais reciclados
apresentam fragilidade ou baixa resistência mecânica. "Os compósitos suportaram um peso
máximo de 2,5 toneladas, revelando-se mais resistente que a própria madeira. Queremos
agora aumentar essa resistência para 10 toneladas", adianta o professor, que pretende
continuar desenvolvendo novos compósitos, a partir de diferentes materiais e combinações.
Exemplos de outros materiais reciclados utilizados na construção civil.
ALUMÍNIO: no banheiro o ECOBOX, feito de esquadrias em alumínio reciclado e
plástico reciclado para as divisórias.
FIBRAS VEGETAIS E RESÍDUOS PARTICULADOS: capachos para a entrada de residências
e estabelecimentos comerciais. Têm alta durabilidade, maior retenção da sujeira, além de
fungicida natural. Em fibra de coco, PET reciclado ou retalhos de tecelagem.
TIJOLOS: de solo-cimento, sem necessidade de queima de madeira - 80% terra areno -
argilosa, 10% areia, 10% cimento.
BLOCOS: blocos cerâmicos para revestimento e fechadura de paredes, feitos de argila
e resíduos de papelão.
REVESTIMENTO DE PAREDES: placas de fibras de juta ou coco reaproveitadas,
prensadas a frio com resina de óleo de mamona ou a quente, com resina vegetal de acácia
negra (leguminosa).
ARGAMASSA VEGETAL: em cimento e pó de serra de pinus, para vasos, caixas de
passagem, lajotas e nivelamento de pisos.
LONGA VIDA: estas embalagens dão origem a mantas isolantes para telhados. O
produto não propaga fogo. Este reciclável combinado com resíduos de plástico permite
produzir placas super-resistentes a impactos, capazes de receber tintas, colas, adesivos, além
de ser um excelente isolante térmico. Podem ser usados como pisos, bancos de jardim,
divisórias, revestimentos, etc.
PAPEL: impermeabilizantes e isolantes termos-acústicos à base de aparas de papel e
outros materiais reciclados. Garantem estabilidade da temperatura interna e são atóxicos para
habitantes do local.
PNEUS: a borracha de pneu reciclada transforma-se em assoalho para áreas externas e
solados de tênis.
ECOBAGS, BOLSAS E SACOLAS: em câmara de pneus reaproveitada e couro vegetal
ecológico (látex vulcanizado sem o uso de enxofre).
VIDROS: objetos de decoração.