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UNIVERSIDADE CATÓ LICA DE B RASÍ LIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA E EXISTENCIA POLO DE LUENA TRABALHO INVESTIGATIVO DE FILOSOFIA E EXISTÊNCIA TÍTULO: Todas as ciências são mais importantes do que essa, mas nenhuma lhe é superior.” PROFESSORA: LUCIANA S.M. FERRREIRA ESTUDANTE: ANATOLI JOSÉ ABEL GINGA MATRICULA: UC11602397

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UNIVERSIDADE CATÓ LICA DE B RASÍ LIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA E EXISTENCIA

POLO DE LUENA

TRABALHO INVESTIGATIVO DE FILOSOFIA E EXISTÊNCIA

TÍTULO:

“Todas as ciências são mais importantes do que essa, mas nenhuma lhe é superior.”

PROFESSORA: LUCIANA S.M. FERRREIRA

ESTUDANTE: ANATOLI JOSÉ ABEL GINGA

MATRICULA: UC11602397

ANGOLA-SAURIMO, ABRIL DE 2011

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TITULO:

“Todas as ciências são mais importantes do que essa, mas nenhuma lhe é superior.”

ESTUDANTE: ANATOLI JOSÉ ABEL GINGA

MATRICULA UC11602397

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Roteiro

Introdução

1-Definição da Metafísica

1.1- Origem e Historia da Metafísica

2- A metafísica em Aristóteles

2.1- A metafísica como Ciência Primeira

2.2-A física como Ciência Segunda

3- Conclusão

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INTRODUÇÃO

Todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer: uma prova disso é o prazer das sensações,

pois, fora até da sua utilidade, elas nos agradam por si mesmas e, mais que todas as outras, as

visuais.

O desejo de conhecer leva o homem a um estado permanente de dúvidas. A gritante busca pelo saber

imbuído pelo desejo de conhecer e ser, transporta o homem para uma realidade metafísica, para uma

realidade que esta acima dele.

A perene pergunta sobre a origem do mundo, o sentido da vida, a existência de um Ser Superior e

outras demonstram a superioridade da metafísica em relação às outras ciências.

O desejo de ultrapassar o físico, como parte do todo, e patentear-se no metafísico como o todo,

levou-nos a fazer o presente trabalho, onde procuramos fazer um exclaracio terminorum, isto é, um

esclarecimento do conceito metafísica, definindo-o e posteriormente, fazendo o seu enquadramento

histórico.

Na segunda parte fizemos, um status questione, onde vimos com Aristóteles definiu a metafísica,

como a tratou e expos. Fizemos ainda um enquadramento da metafísica como ciência primeira,

lembrando que os naturalistas trataram da física (natureza) com categorias metafísicas. E

apresentamos o estudo da física como ciência segunda, fazendo anuência de que foi graças aos

fenómenos físicos que Aristóteles postula a filosofia primeira.

Tecemos algumas considerações e concluímos a questão, aclarando que Todas as ciências são mais

importantes do que essa, mas nenhuma lhe é superior.

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1.DEFINIÇÃO DA METAFISICA

O termo metafísica vem do grego á (Além) á (Física) termo atribuído por Andronico de Rodes, no

século. I a.C., quando na pretensão de organizar os escritos de Aristóteles ou Corpus Aristotelicum

deu conta que haviam assuntos que não tinha lugar nos livros de física. Rode perplexo com isso,

recorreu ao expediente e deu um nome que apenas significou a ordem de série nas obras do

Estagirita.1 Então, a Metafísica passou a significar o nome dos livros quem vem depois dos livros de

física.

Mas ao longo da história, outros autores definiram a metafísica de diferente maneira como vamos

expor aqui:

A metafísica foi definida como conhecimento obtido, não pela razão, mas por revelação do tipo

religioso das realidades imateriais alem das realidades físicas matérias;

Foi ainda definida como ciência suprema ou ciência primeira, tendo por objecto o absoluto;

Ciência do ser enquanto ser; Preocupação de descobrir as razões supremas da realidade.

Bacon diz que a Metafísica consiste na busca das formas que são eternas e imóveis;

Kant chama a metafísica o terreno onde se travam o combate sem fim;

Schopenhauer entende por metafísica tudo que tem a pretensão de ser um conhecimento que supera

a experiência, quer dizer os fenómenos dados e que tenda a explicar o que condiciona a natureza num

ou noutro sentido, ou para falar mais, simplesmente, mostrar o que esta por detrás da natureza e que a

torna possível;

Para Sartre a Metafísica não é uma discussão estéril sobre as noções abstracta que escapa a

experiencia, é um esforço vivo para agarrar por dentro a condição humana na sua totalidade.2

1 AAVV Enciclopédia Polis da Sociedade, Lisboa 1997

2 Dicionário de Filosofia, Conceitos e Filósofos, RUSS Jacquiline, Didáctica Editora

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A metafísica também foi definida em sentido pejorativo pode ser entendida ainda como ciência que

tem por objecto as abstracções, sendo portanto, uma acção desnecessária ou uma ilusão, que escapa

ao critério da objectividade da ciência positiva.3

1.1- A ORIGEM E BREVE HISTORIA DA

METAFISICA

A metafísica é considerada ciência sem nome, pois nasce com a filosofia e a acompanha em todo o

seu desenrolar, mas a sua nomenclatura só foi possível no século I a.C. quando Andronico fez a

classificação das obras de Aristóteles e a classificou como física como a primeira ciência particular e

a metafísica como aquela ciência que vem depois da física.

Isto deu-se da seguinte forma: Aristóteles ao morrer deixou sua biblioteca com seu discípulo

Teofasto, nesta biblioteca para além de obras pública existiam também obras de outros filósofos e

alguns escritos particulares mestre, reservados ao círculo do discípulo, nesta encontramos a

metafísica.

Ao morrer Teofasto, fez o mesmo que o mestre, confia sua biblioteca onde estão incluídas as obras de

Aristóteles à Neleu, seu colega quando discípulo de Aristóteles e também discípulo. Este transferiu-

se para Trôades, em Scepsi sua cidade natal, onde estavam os seus herdeiros. Estes depois de sua

morte, esconderam a biblioteca num subterrâneo, onde permaneceu escondida quase um século, pois

os reis de Pergamos e Alexandria, desejavam enriquecer-se com todas as produções literárias mais

importante de seu tempo.

Decorrido isto, Apelicone, bibliófilo, descobriu-as e adquirindo-as levou-as à Atenas, no ano 86 a. C.

e posteriormente para Roma, onde foram confiados a Andronico de Rodes, afim de que ele cuidasse

da edição completa.

Andronico de Rodes subdividiu-as em obras lógicas, físicas, metafísica, morais e poéticas. Mas

depois de ter organizado a obra de física, deparou-se como uma serie de livros sem nome, e decidiu

chama-los de Livros que vem depois da física (α αα ).

Este nome que surgiu de forma tão casual, corresponderia com o nome que desde o Originários vem

se procurando dar e que nem Aristóteles consegui dar, mas foi chamada de filosofia primeira: “Ora,

visto andarmos à procura desta ciência, devemos examinar de que causas e de que princípios a

3 Dicionário de Filosofia, José Ferreta Mora, Tomo II, Editora Loyola, São Paulo 2001

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filosofia é a ciência. Se considerarmos as opiniões que existem acerca do filósofo, talvez o problema

se nos manifeste com maior clareza. Nós admitimos, antes de mais, que o filósofo conhece, na

medida do possível, todas as coisas, embora não possua a ciência de cada uma delas por si. Em

seguida, quem consiga conhecer as coisas difíceis e que o homem não pode facilmente atingir.”4

A metafísica é a ciência primeira que tem como objecto, o objecto de todas outras ciências, é como

um princípio que condiciona a validade de todos os outros.

Neste caso a designação Metafísica, obedeceu apenas um critério prático de catalogação bibliotecária

e não possuiria conteúdo real e problemático. A metafísica foi sempre chamada de filosofia primeira,

a sua ligação com a metafísica deu-se posteriormente. 5

A metafísica significa o que esta para alem da física, da natureza no sentido grego e original do

termo. Physis ou em língua latina natura, é o que nasce e morre, o que esta sujeito à geração e à

corrupção, o que aparece e desaparece, o que se move no espaço e no tempo, no mundo dos homem.

Para os antigos gregos eram chamadas ciência físicas, aquelas que tratavam das realidades sujeitas ao

nascimento e à morte, às mudanças contínuas e às transformações. Mas os gregos deram conta, que

existem substâncias móveis e corruptíveis, mas com fundamento imóvel, eterno e necessário, existe

as substancias ou seres cujas propriedades eram diferentes dos entes materiais, a metafísica seria a

ciência que estuda estes seres, que demonstra a sua existência e explica os seus atributos, assim para

os antigos, a metafísica seria a ciência daqueles seres que estão para além da experiência imediata ou

possível.6

Nesta senda Platão aparece como o grande metafísico, pois separa o mundo inteligível das ideias, do

mundo sensível da experiencia. Só as ideias são verdadeiras, enquanto as coisas deste mundo são

desta ou daquela maneira, agora são logo não são e por conseguinte, não são simplesmente; reflectem

como sobras a autentica realidade do mundo das ideias. Sem usar o nome metafísica Platão inaugura

a eterna problemática da metafísica, aquela que o homem se escapa fugindo a pensar. Neste sentido a

metafísica é a ciência do transcendente, do que esta para além do mundo da experiência. E o mundo

transcendente é pensado como fundamento inteligível e ontológico do mundo sensível. A metafísica

é vista como ciência do fundamento e do fundamental.

Antes de Platão, já Sócrates e os Originários obedeceram o movimento da inteligência que busca

entender o todo a partir de uma fonte originária. O pensamento de Parménides e Heraclito, é

4 COCCO Vincenzo, Metafísica de Aristóteles, Livro I e Livro XI, editora Victor Cativa, S. Paulo 1984 5 AAVV Dicionário Prático de Filosofia, Editora Terramar Lisboa 19946 IBIDEM

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entendido como metafísica em certo sentido pois com eles a metafísica deixa de ser uma simples

aspiração e passa a ser uma realidade autêntica ao indicar o ser como principio supremo e único de

todas ao coisas, induzindo a metafísica para um âmbito que permaneceu até o presente momento.

Mas Aristóteles reconheceu isto quando diz: “Todos os homens têm, por natureza, desejo de

conhecer: uma prova disso é o prazer das sensações, pois, fora até da sua utilidade, elas nos

agradam por si mesma e, mais que todas as outras, as visuais. Com efeito, não só para agir, mas até

quando não nos propomos operar coisa alguma, preferimos por assim dizer, a vista ao demais. A

razão é que ela é, de todos os sentidos, o que melhor nos faz conhecer às coisas e mais diferenças

nos descobre.”7

Mas a metafísica ganha roupagem com Aristóteles, pois ele marcou o objecto, a estrutura e o rumo,

na sua obra a Metafísica, onde coloca como objecto da filosofia primeira, as primeiras causas e

princípios, o ser enquanto ente, a ciência da substância, o ente e a primeira substância.

Com esta colocação e solução dada ao problema da metafísica, dada por Platão e Aristóteles, a

especulação posterior, sofreu uma forte e decisiva influência. Traços podemos encontrar nos estóicos,

neo-platónicos, padres da igreja, na escolástica e na maior parte dos filósofos modernos. O estudo do

ser dos entes finitos e contingente, levou-os a postular a existência de um ser infinito absoluto e

necessário. Este é o Logus para os Estóicos, Uno para os Neo-platónicos Deus para os Padres da

Igreja; Substância para Spinoza e Monadas para Leibnitz. 8

A metafísica desenvolveu-se essencialmente na Idade Média, pois conseguiu dar resposta a vários

problemas difíceis que permaneceram obscuros durante séculos. Mas com a relação entre entes

finitos e o Ser subsistente, respondeu a inquietude sobre a Criação, onde concluiu-se que sem Deus o

mundo não é absolutamente nada, e antes de ter sido criado por Ele, não possuía realidade alguma.

O problema metafísico abrange grande parte da especulação filosófica até o século XIX, mas já a

partir de Descartes que ela foi vendo a sua supremacia a esvaziar-se, pois o problema passou a ser do

âmbito do conhecimento (gnoseológico), onde se coloca o homem como o centro do pensamento.

A situação da metafísica, não melhorou nos nossos dias, pois, muitos autors afirmam que a melhor

maneira de resolver esse problema é não partir do ser, nem do conhecer, mas o actual problema da

metafísica deve ser voltado para a linguagem. A mais importante hoje questão hoje é o sentido das

nossas palavras.

7 COCCO Vincenzo, Metafísica de Aristóteles, Livro I e Livro XI, editora Victor Cativa, S. Paulo 1984

8 MONDIN,Battista, Introdução à Filosofia, Problemas-Sistemas-Autores e obras; Paulus; S. Paulo 1980

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A metafísica ficou abandonada, devido a afrontação feita pelas ciência positivas, mas aos poucos vai

encontrando respostas nas ciências positivas, de história ou nas ciência humanas. Apesar desta

tentativa, nota-se que o objecto destas ciências, não chegam se quer a arranhar o problema da

metafísica, o problema último da toda a realidade «todas as ciências são mais importantes do que

essa, mas nenhuma lhe é superior.»

Mas há também, uma tendências actual, a metafísica se esta a dividir em teórica e em uma

necessidade existencial, esta última está viva e justifica a teoria de Kant quando afirma que o homem

é um animal essencialmente metafísico.9

2- A METAFÍSICA EM ARISTÓTELES

Todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer: uma prova disso é o prazer das sensações,

pois, fora até da sua utilidade, elas nos agradam por si mesmas e, mais que todas as outras, as

visuais. Com efeito, não só para agir, mas até quando não nos propomos operar coisa alguma,

preferimos por assim dizer, a vista ao demais. A razão é que ela é, de todos os sentidos, o que melhor

nos faz conhecer às coisas e mais diferenças nos descobre.

É partindo desse pressuposto que em que nos colocaremos para fazer uma analise da metafísica em

Aristóteles. Afirmando que a expressão acima, é o resumo de toda a história da filosofia, e também

da própria metafísica. O desejo do conhecimento, é tida por Aristóteles como algo positivo, é o

denominador comum que une de todos os homem e os separa dos restantes entes. A capacidade de

conhecer coloca o homem acima de todos e tudo, por isso Pascal vai chamar ao homem o Pastor do

ser.

A reviravolta antropológica começada por Descartes também já se encontra sua raiz aqui, pois

Aristóteles diz, que de todos os sentidos a razão é aquela que nos faz conhecer, isto não quer dizer

que os restantes sentidos não trazem conhecimentos, mas ajudam a razão a aprimora-la.

E criando uma metáfora, daquilo que se fala da razão e dos sentidos ad entro ao tema proposto,

vejamos, o homem tem cinco sentido, se os quais é impossível conhecer, mas estes, confluem na

razão, passando a ser o elemento por excelência. A metafísica é assim também todas as outras

9 MONDIN,Battista, Introdução à Filosofia, Problemas-Sistemas-Autores e obras; Paulus; S. Paulo 1980

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ciências são mais importante, mas nenhuma lhe é superior, pois todas passam por ela e nela todas a

completam.

Os sentidos nos levam a conhecer, mas cabe a razão fazer a mistura de tudo e processar cada uma

segundo sua veracidade, ignorando a falsidade. Assim também a ciência sem nome, a metafísica faz

o seu papel, lembra ao homem que existem conhecimentos inteligíveis, aquele que a razão não

conhece, parafraseando Blaise Pascal o coração tem conhecimento que a razão não conhece. Aqui

demonstramos a superioridade da metafísica em relação as outras ciências, elas podem estudar o

coração, (biologicamente é um órgão musculoso que bombeia o sangue em toda a parte do corpo)

mas nunca entenderão as razões do coração, nunca entenderemos a lágrima humana, o martírio, o

sacrifício e o amor.

Kant é muito claro, na sua obra Crítica da Razão Pura, quando afirma que a razão é cega, pois há

circunstância em que algumas categorias do pensamento, como são o caso do tempo do espaço e da

eternidade, criando um muro para a razão, onde a solução vai ser acender a lanterna de teologia ou

Filosofia primeira (metafísica).

Feita esta abordagem, vamos ver como Aristóteles entendeu a Metafísica e debruçar-nos-emos ainda

sobre algumas considerações.

2.1-A METAFÍSICA COM CIÊNCIA PRIMEIRA

Aristóteles define a Metafísica em quatro grandes categorias agrupando-a em várias ciências:

º Ciência Teorética, isto é, ciência que busca saber em si mesma.

º Ciência Prática, isto é, ciência que busca o saber através dele alcançar perfeição moral.

º Ciência Poéticas ou Produtiva que buscam o saber em função do fazer, isto é, com o objectivo de

produzir determinado objecto.

Aristóteles tem como Teorética as ciências Metafísica como ciência Primeira, a Física como ciência

Segunda e a Matemática como ciência Terceira; Nas ciências práticas ele coloca a Psicologia, a

Biologia a Química e a Astronomia; e a Arte como ciência produtiva.

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A metafísica entra nas ciências práticas e é considerada a mais elevada entre todas, pois é por ela que

todas às outras adquirem seu justo significado. Para Aristóteles como já vimos a metafísica é a

Filosofia primeira, aquela que se ocupa das realidades que ultrapassam as realidades físicas, aquela

que ultrapassa todo o pensamento humano e alcança às realidades meta-empíricas. É essa mesma

realidade que levou os filósofos originários a se postularem sobre a origem de tudo o que existe,

quando procuraram a causa última encontrando os quatros elementos da natureza (a água, o fogo, o

ar, e a terra) como resposta para a questão. Sócrates ignorou a questão, deixando-a para os deuses,

mas Platão levanto-a quando procurou o inteligível no mundo das ideias.

Aristóteles vai partir de aqui e vai dar quatro definições que são: a filosofia primeira investiga as

causas e os princípios primeiros e últimos; ela indaga o ser enquanto ser; ela investiga a substância;

ela indaga Deus e a substância supra-sensível.10

Nestas quatro definições Aristóteles chega a conclusão que a metafísica é a ciência mais elevada,

porque não esta ligada as necessidades materiais, não é uma ciência voltada para objectivos práticos

ou empíricos; mas as ciências que têm estes objectos submetem-se a ela, pois não valem em si nem

por si mesmas. A metafísica é uma ciência que vale por si mesma, já que tem em si mesmo o seu

corpo, assim ela é uma ciência livre por excelência, ela não responde a realidade material, apenas às

espirituais.

A metafísica surge quando as necessidades físicas são satisfeitas; a metafísica surge quando a pura

necessidade de saber e conhecer é verdadeira, a necessidade radical de responder aos porque

especialmente aos porque últimos, por isso Aristóteles afirma que todas as ciências podem ser mais

necessária ao homem mas superior a esta nenhuma.11

Uma vez feita esta exaustiva dissertação, vamos tecer algumas considerações usando o método da

maiêutica de Sócrates: “Todas as ciências são mais importantes do que essa, mas nenhuma lhe é

superior.”

10 AAVV, UEA 01- O modo de conceber e Fazer filosofia em Alguns pensadores Gregos pg. 5711 Reale Geovanni, Historia de Filosofia Vol.I 5 edição Editora Paulus, S.Paulo 1990

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2.2 A FISICA COMO CIÊNCIA SEGUNDA

A física é a segunda ciência, que tem como objectivo o estudo a substância sensível, intrinsecamente

caracterizada pelo movimento. Aristóteles considera ainda a física, como a ciência da forma e das

essências onde se revela uma ontologia ou metafísica sensível.

Aristóteles chama-nos atenção, pelo facto de nos livros de física encontrarmos algo relacionado com

a metafísica, ele afirma que as duas ciência se intercomunicam uma vez que o supra-sensível é a

causa e razão do sensível. Assim tanto a metafísica como a física têm o mesmo método de estudo.

É da física onde Aristóteles, sem dúvidas, vai buscar alguns elemento para dar roupagem e

fundamentar a filosofia primeira como mostra o texto abaixo: « Que as causas enumeradas na Física'

são as próprias que todos parecem procurar, e que fora delas nenhuma mais poderíamos indicar,

resulta também das considerações [dos filósofos] que nos precederam. Fizeram-no, contudo,

confusamente. e, sob certo sentido, já foram todas tratadas »12.

Aristóteles transformou ainda a teoria do movimento da física, em problema filosófico, e com ela

justificou o vir-a-ser dos seres, criticada e ignorado pelos pluralistas e pelos eleáticos, que chamavam

a este movimento uma pura ilusão, pois para eles existia o não-ser.

Aristóteles chama-lhe atenção, afirmando que o ser tem dupla realização, ou seja, o ser tem um

movimento duplo, que ele vai chamar ser-em-acto e ser-em-potência. Relacionando-o ele diz que o

ser-em-potência, pode ser considerado não-ser, mas é um não-ser-em-acto relativo, pois a potencia é

real, é a capacidade produtiva de se chegar ao acto. Assim o movimento é a passagem do ser-em-

potência, para o ser-em-acto. O movimento, não pressupõem em absoluto o não-ser, mas sim o não-

ser como potência, que é uma forma de ser, assim se desenvolve no acto do ser, sendo a passagem do

ser (potencial) para o ser (actuado).13

Aristóteles vai para além do acto e da potência, e me função do movimento cria outras teorias, para

apoiar a metafísica como o helemorfísmo a sinolo …, todo com vista a a justifica que a

potencialidade é a raiz de todo movimento.

12 Metafísica de Aristóteles, Livro I e Livro XI tradução de COCCO Vincenzo, editora Victor Cativa, S. Paulo 1984

13 Reale Geovanni, Historia de Filosofia Vol.I 5 edição Editora Paulus, S.Paulo 1990

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3.CONCLUSÃO

“Todas as ciências são mais importantes do que essa, mas nenhuma lhe é superior.”

O tema proposto tem uma abrangência colossal, sobretudo na era em que nos encontramos, onde

pouco ou quase nada se fala da metafísica, mas apenas da opulência das ciência positivas, empíricas e

experimentais.

O homem deixou de se questionar sobre o fim último de tudo, a exemplo dos filósofos da natureza,

passando apenas a se preocupar ou sentir-se cómodo com o quê das coisas ( na visão de Aristóteles

diríamos que o homem esqueceu-se dos princípios e passou a dedicar-se pelas causas).

Mas este mesmo homem, se mostra um ser insaciável na aprendizagem, onde dá-se conta que nem a

ciência empírica, nem a positiva, o enquadram como tal, e muitas vezes se sente apenas como parte

do cosmo ou ainda solitário, então começa a questionar-se, procurando respostas.

As respostas na ciência, no mundo e no próprio homem já não o satisfazem, levam-no ao vazio ao

vazio e este vai busca-las acima dele, num mundo que ele não conhece, mas compreende porquê lhe é

familiar (Kant o homem é um animal essencialmente metafísico).

Imbuídos nesta senda, afirmamos que é impossível não falar da metafísica, é impossível filosofar sem

falar dela, é impossível falar do homem do homem e seus problemas sem tecer-se nela. A metafísica

completa e encerra o homem colocando-o como ser em constante movimento, mas que nenhum dele

o leva a não-ser. A metafísica completa este ser de pergunta X e respostas Y encerrando-o no ser

pensante.

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BIBLIOGRAFIA

AAVV Dicionário Prático de Filosofia. Terramar: Lisboa 1994

AAVV Enciclopédia Polis da Sociedade, Lisboa 1997.

AAVV, UEA 01- O modo de conceber e Fazer filosofia em Alguns pensadores Gregos pg. 57

COCCO, Vincenzo. Metafísica de Aristóteles, Livro I e Livro XI. Tradução. Victor Cativa: S.

Paulo 1984.

MONDIN, Battista. Introdução à Filosofia, Problemas-Sistemas-Autores e obras. Paulus: S. Paulo

1980.

MORA, José Ferreta. Dicionário de Filosofia, Tomo II. Loyola: São Paulo

REALI, Geovanni. Historia de Filosofia. Vol.I 5ª edição Paulus: S.Paulo 1990

RUSS, Jacquiline. Dicionário de Filosofia. Conceitos e Filósofos. Didáctica Editora. Porto 1990

Paulo 2001

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