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CLIMA E AGRICULTURA:

Abordagem conceitual e influencia das mudanas climticas 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS JANDERSON CLAYTON DE OLIVEIRA SANTOSCLIMA E AGRICULTURA:Abordagem conceitual e influencia das mudanas climticasBELO HORIZONTE2012

CLIMA E AGRICULTURA:

Abordagem conceitual e influencia das mudanas climticas

Orientador

Prof. Wellington Lopes AssisBELO HORIZONTE2012

SUMRIO1INTRODUO.........................................................................................

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2MATERIAIS E MTODOS.......................................................................

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2.1Clima e agricultura..................................................................................5

2.2Azares climticos.....................................................................................7

2.2.1Geada......................................................................................................8

2.2.2Seca.........................................................................................................10

2.2.3Granizo.....................................................................................................11

2.2.4Vento........................................................................................................12

2.3O clima e o planejamento do desenvolvimento agrcola.........................13

2.4Teoria do aquecimento global e implicaes para a agricultura..............14

3CONSIDERAES FINAIS.....................................................................

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Referncias BIBLIOGRFICAS......................................................................

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1 INTRODUO

Historiadores afirmam que a agricultura surgiu no perodo Neoltico, quando o homem mudou seu modo de vida nmade para o sedentrio, a fim de estabelecer suas bases territoriais.

Seu surgimento foi um passo essencial para o desenvolvimento da humanidade. Para que isso se tornasse realidade, foi necessrio aprender a lidar no apenas com o solo, mas tambm com um fator determinante e fundamental que perdurara por muito tempo: o clima.Dentre os fatores naturais que interferem na agricultura temos o solo o clima e o relevo, sem dvida, o clima o que exerce maior influncia no desenvolvimento da agricultura, pois ela uma atividade altamente dependente de fatores climticos, como temperatura, pluviosidade, umidade do solo e radiao solar. Esta influncia pode ocorrer de duas formas, primeiramente na espacializao geogrfica dos cultivos no globo terrestre devido as caracterstica destes ltimos mencionados. E atravs dos imprevistos nas lavouras tambm chamados de azares climticos.Apesar dos constantes desenvolvimentos tecnolgicos e das novas tcnicas aplicadas atividade agrcola, o clima permanece como a sua mais importante varivel. Por isso, pretende-se nesse trabalho visualizar os conceitos bsicos relacionados ao clima e sua influncia na agricultura, analisando os processos de mudanas climticas, os cenrios previstos e a contribuio da agricultura no efeito estufa.2 MATERIAIS E MTODOS O desenvolvimento deste trabalho se deu atravs da formao de um grupo de estudos composto por seis pessoas. Este grupo realizou um levantamento bibliogrfico sobre o tema a ser trabalhado. Os materiais analisados por cada membro foi disponibilizado aos demais componentes do grupo. Aps a aquisio do embasamento terico mnimo necessrio foram feitas discusses a cerca do tema e selecionados os artigos, livros e stios eletrnicos para a composio do trabalho em questo.2.1 Clima e agriculturaSegundo Ayoade (2011), os elementos climticos de maior importncia que influenciam na produo agrcola, so os mesmo que afetam a vegetao natural. Sendo os parmetros fundamentais a radiao solar, a temperatura, a umidade e o vento.A escolha das reas para a prtica agrcola , basicamente, orientada pelas condies climticas, pois nenhuma outra atividade econmica to subordinada s oscilaes do tempo e do clima. De um modo geral, o xito ou insucesso das colheitas dependem em 30 a 40% do comportamento do tempo (ROSS, 2000).Ainda segundo Ross (2000), a distribuio mundial dos cintures agrcolas assemelha-se bastante ao das faixas macroclimticas. Por este motivo a prtica da agricultura tem mais sucesso quando exercida nas chamadas reas core dos domnios climticos, isto , onde suas caractersticas so bem individualizadas. As faixas perifricas ou de transio so sempre de alto risco porque so mal definidas e podem apresentar flutuaes meteorolgicas de um ano para o outro.Os modos pelos quais os principais parmetros climticos influenciam a produtividade e o crescimento e dos cultivos so descritos a seguir. Ressaltando que uma varivel climtica pode se modificar mediante outra varivel, pois so inter-relacionadas na influncia que exercem sobre a lavoura. H tambm as variveis dirias, sazonais e anuais.Para Ayoade (2011), a temperatura do ar e do solo afeta todos os processos de crescimento das plantas. Todos os cultivos possuem limites trmicos mnimos, timos e mximos para cada um de seus estgios de crescimento. Temperaturas abaixo de 6C podem ser letais a maior parte das plantas. As temperaturas letais mais altas para a maior parte das plantas situam se entre 50 e 60 C, dependendo da espcie, estagio de crescimento e tempo de exposio alta temperatura. As baixas temperaturas matam ou prejudicam as plantas. O resfriamento prolongado das plantas, com temperaturas acima do ponto de congelamento, retarda o crescimento vegetal e pode matar as plantas adaptadas somente a condies quentes. Apesar de que o resfriamento pode no possa matar diretamente as clulas vegetais, ele reduz o fluxo de gua das razes e ento interfere na transpirao e na nutrio do vegetal.

Geralmente as altas temperaturas, no so to destrutivas para as plantas quanto s baixas temperaturas, desde que o suprimento da umidade seja suficiente para evitar o murchamento e que a planta esteja adaptada referida regio climtica. O calor excessivo pode destruir o protoplasma vegetal. Ele tem um efeito ressecante sobre as plantas e as rpidas taxas de transpirao podem levar ao murchamento (AYOADE, 2011).Ainda de acordo com Ayoade, a maior parte dos cultivos no pode ser feita com sucesso a menos que a temperatura exceda alguns valores crticos.Outro parmetro climtico que interfere diretamente na agricultura a gua, em todas as suas formas ela desempenha um papel vital no crescimento dos vegetais e na produo de todos os cultivos, pois propicia o meio pelo qual os agentes qumicos e os nutrientes so carregados atravs da planta. A gua tambm o principal constituinte do tecido fisiolgico vegetal e um reagente na fotossntese (AYOADE, 2011).Para Ayoade (2011), a umidade do solo a fonte de gua significativa para a lavoura e o estado da umidade do solo controlado pela precipitao, taxa de evaporao e pelas caractersticas do solo.

Ainda segundo Ayoade, temperaturas extremamente altas ou baixas e gua insuficiente ou em excesso, no constituem condies favorveis para um bom desempenho da agricultura. Quando a umidade do solo excessiva, todos os seus poros so completamente preenchidos de gua, predominando o encharcamento. No outro extremo est a condio de seca, na qual a quantidade de gua exigida pela evapotranspirao excede a quantidade de gua disponvel no solo.

O papel da umidade na agricultura de grande importncia nos trpicos, principalmente pela ao das temperaturas elevadas durante todo o ano, e tambm porque so constantemente elevados os valores da evapotranspirao. Por outro lado, a precipitao marcadamente sazonal em grandes extenses dos trpicos. Pelo fato das temperaturas serem altas durante todo o ano, elas garantem o crescimento das culturas na maior parte dos trpicos (com exceo de poucas reas montanhosas), sendo que a estao de crescimento, ao contrrio da regio temperada, passa a ser determinada principalmente pela disponibilidade da precipitao (AYOADE, 2011).Segundo Casaroli (2007), a disponibilidade de radiao solar (outro parmetro fundamental) um dos fatores que mais limitam o crescimento e desenvolvimento das plantas. Toda energia necessria para a realizao da fotossntese, processo que transforma o CO atmosfrico em energia metablica, proveniente da radiao solar. J Ayoade (2011), considera a radiao solar vital importncia, pois essa energia que aciona o sistema agrcola, como qualquer outro ecossistema, determinando as caractersticas trmicas do ambiente, principalmente as temperaturas do ar e do solo, a durao do dia ou fotoperodo; a fotossntese (processo bsico de produo de alimentos na natureza), e o fotoperiodismo, resposta dos vegetais luminosidade.Ross (2000), define fotoperiodismo como o nmero necessrio de horas de luz que permite as plantas realizar processos fotossintticos.Quando as plantas recebem adequado suprimento de gua e nutrientes, a produo de fitomassa seca controlada pela radiao solar disponvel, no entanto, altas intensidades de radiao solar absorvidas pelas plantas podem lev-las a saturao luminosa (CASAROLI, 2007).Na fotossntese os raios visveis so os mais eficientes, apesar de que os raios ultravioletas influenciam a germinao, na energia e a qualidade das sementes. Algumas plantas so indiferentes durao do dia, enquanto outras so muito sensveis. Os cultivos podem ser classificados de cultivos de dias curto ou longos, dependendo do perodo em que alcanam seu crescimento timo durante ou seu tempo de maturao (AYOADE, 2011).

Ayoade (2011), afirma tambm que o vento, ar em movimento, outro parmetro climtico que afeta a agricultura. Positivamente constitui um agente eficiente na disperso das plantas (processo de polinizao). Negativamente pode causar danos fsicos, ressecamento devido transpirao. No transporte de plen e sementes, o vento transporta tambm plantas indesejveis como as ervas daninhas. O vento pode causar eroso nas terras boas e retirar a camada fina do solo.

2.2 Azares climticos

na prtica da agricultura que o clima tem enfatizada sua condio de recurso natural. Cada planta necessita de determinadas quantidades de gua, calor e luz em pocas certas de seu desenvolvimento, e qualquer desvio pode comprometer seu ciclo vegetativo e, portanto, a produo pretendida (ROSS, 2000).Estes imprevistos climticos que podem ocorrer e ocasionar danos s prticas agrcolas denominado azar climtico. Segundo Ayoade (2011), os principais fenmenos que constituem azares para a agricultura so geadas, secas, granizos e ventos. Os riscos para agricultura e as tcnicas de controle so descritas na sequncia.2.2.1 GeadaA geada um processo atravs dos qual, cristais de gelo podem ou no serem depositados sobre uma superfcie exposta ao relento em noites de intenso resfriamento. O vapor de gua presente no ar sublima, ou seja, passa do estado gasoso direto para o estado slido, sem passar pelo lquido devido ao frio, formando os cristais de gelo sobre qualquer superfcie. De acordo com Ayoade (2011), o fenmeno da geada ocorre se a temperatura do ar em contato com o solo (geada superficial), ou num nvel mais elevado, estiver abaixo de 0 c. A geada superficial significa temperatura mnima no nvel do solo de 0 C.

Do ponto de vista meteorolgico, considera-se a ocorrncia da geada quando a temperatura no abrigo meteorolgico menor que 2 C, o que em noites caractersticas de geada corresponde a -2 C na relva, ou seja, na superfcie gramada exposta ao relento. Com relativa frequncia, os observadores meteorolgicos anotam temperaturas de ar de 3 C ou 4 C, ao mesmo tempo em que se observa a geada, pois, o termmetro se localiza no interior do abrigo meteorolgico a uma altura de 1,50 m do solo (AGUIAR e MENDONA, 2004). As geadas so de ocorrncias tradicionais no sul do Brasil. Ocorre em boa parte do mundo, mas tem diferentes consequncias. A regio sul do Brasil, Uruguai, Argentina, sudeste dos Estados Unidos, entre outros, sofrem srios danos agricultura. Quanto a sua formao as geadas so classificadas como:

Geada de adveco ou de vento frio ou de massa de ar: O principal dano causado pelo vento que resseca a parte da planta batida por ele levando a morte do tecido vegetal nessa rea. Ocorrem danos apenas na face da planta batida pelo vento. A geada de adveco ocorre quando uma rea invadida por uma massa de ar frio (AYOADE, 2011, p.270).

Geada de radiao: Provocada pelo resfriamento intenso da superfcie que perde energia durante as noites de cu limpo, sem vento, com baixa umidade. A geada de radiao resulta do rpido resfriamento da camada de ar prximo ao solo, devido a grandes perdas de radiao terrestre em noites claras e calmas (AYOADE, 2011, p. 270).

Quanto ao aspecto visual as geadas so classificadas como Geada Branca e Geada Negra, ambas esto relacionadas com a agricultura:

Geada Branca: geada de radiao, de ocorrncia mais comum, e que no ar a concentrao de vapor suficiente para que haja condensao do vapor dgua nas superfcies e posteriormente seu congelamento. quando se forma apenas uma camada externa de gelo branca na superfcie. A temperatura de ponto de orvalho est ligeiramente acima de 0 C. A geada branca menos severa, pois com a condensao e o congelamento da gua h liberao de calor latente para o ambiente reduzindo a taxa de resfriamento.

Geada negra: geada de radiao e costuma congelar a parte interna das culturas. quando a seiva das plantas se congela. uma geada muito devastadora para a agricultura, mas s ocorre em regies muito frias, no Brasil so restritas a algumas cidades serranas do sul. Podem se formar devido ao do vento que ocorrem em horrios do dia em que o ar est mais seco. A temperatura letal das plantas atingida antes que haja a condensao do vapor dgua presente no ar (temperatura do ponto de orvalho menor que a temperatura letal). Ocorre a morte do tecido vegetal sem que haja na superfcie a formao de gelo. A temperatura atinge valores muito baixos.

De acordo com AYOADE (2011), so condies que favorecem a ocorrncia de geada de radiao: massa de ar estvel e fria; cu sem nuvens, para permitir a perda de radiao trmica da superfcie da Terra; condies calmas para prevenir a mistura de ar prximo da superfcie com ar mais quente acima; temperatura do ponto de orvalho relativamente alta; formas topogrficas que favoream a drenagem do ar frio para as baixadas. So fatores agravantes naturais das geadas mata ou vegetao de porte alto jusante que propicia acmulo de ar frio na rea destinada ao plantio de culturas perenes e a vegetao de porte baixo montante que favorece o escoamento do ar frio, formada acima pela encosta.

Com a ocorrncia de geadas na agricultura, ocorre a desidratao das clulas, perda do potencial de turgescncia, reduo do volume celular, ruptura da membrana plasmtica, nas folhas ocorre flacidez e colorao verde escura passando a ficar seca com o tempo, com colorao palha em algumas plantas e marrom em outras. No caule os vasos condutores ficam necrosados, com tom escuro. Nos frutos danos generalizados interna ou externamente. A temperatura letal dos vegetais depende da espcie, da fase do desenvolvimento do vegetal, do estado fitossanitrio, do estado nutricional.De acordo com AYOADE (2011), pouco pode ser feito para prevenir o risco apresentado por uma geada, especialmente as de adveco, sendo mais fcil a preveno dos prejuzos provocados pela geada de radiao. mais fcil prever a ocorrncia de geada advectiva, avaliando as caractersticas das massas de ar e seus movimentos do que a geada de radiao.

Apesar de difcil, h como prevenir grandes perdas agrcolas. necessrio consultar centros de pesquisas governamentais para obter aconselhamento. Utilizar tcnicas simples ajuda, como por exemplo, cobrir as hortalias com um plstico formando uma estufa, utilizar mudas de plantaes, ao final da tarde, enterra-las na terra ou envolve-las com plstico ou papelo, nas grandes plantaes, como a do caf, a dificuldade em salvar a cultura maior, sendo necessrio modificar a tcnica da plantao. A Construo de audes para represar gua acima dos cafezais boa prtica de defesa preventiva contra as geadas.Tambm necessrio fazer um seguro agrcola como forma de reduzir os possveis prejuzos agrcolas, no plantar em baixadas e em encostas baixas, selecionar culturas resistentes s geadas, cultivar espcies sensveis a baixas temperaturas em ambientes protegidos, aplicao de neblina artificial (nebulizao) sobre a cultura para evitar a perda de calor do solo, aquecer o ar prximo superfcie do solo, implantar barreiras vegetais nas encostas para evitar que o ar frio desa para as baixadas, cultivar em estufas e tneis de polietileno transparente que permite que o solo absorva radiao solar durante o dia e no perca o calor recebido, formando-se uma espcie de cmara aquecida, manipulao do solo, com uso de cobertura morta como palha, restos vegetais entre outros, realizar levantamento climtico local e da espcie a ser cultivada (EMBRAPA, 2008).2.2.2 SecaA seca um fenmeno climtico causado pela falta ou insuficincia de chuvas numa regio, por um longo perodo de tempo, o que provoca vrios desequilbrios hidrolgicos. Ocorre quando a evapotranspirao ultrapassa por algum tempo a precipitao. Caracteriza-se pelo esgotamento de umidade do solo e como consequncia problemas na agricultura. A seca constitui um grave risco para a agricultura, tanto nas regies temperadas quanto nas regies tropicais (AYOADE, 2011).

Alm de ser um problema climtico, uma situao que gera dificuldades sociais. Com a falta de gua, torna-se difcil o desenvolvimento da agricultura e criao de animais, gerando fome, falta de recursos econmicos e misria em especial no serto nordestino. A seca no Brasil, no atinge toda a regio nordeste, se concentra na regio do polgono das secas (Alagoas, Bahia, Cear, parte do norte de Minas Gerais, Paraba, Pernambuco, Piau, Rio Grande do Norte e Sergipe). As secas incidem com maior frequncia sobre os espaos diretamente influenciados Zona de Convergncia Intertropical (ZCIT).

Os principais tipos de secas so a permanente, sazonal, irregular e varivel e a invisvel. A seca permanente caracterstica dos climas desrticos, a vegetao adaptada s condies de aridez. impossvel a prtica de agricultura sem a irrigao durante todo o ciclo vegetativo das plantas. A seca sazonal tpica de climas semiridos e a vegetao consegue se reproduzir porque as plantas geram sementes e morrem pouco depois, ou devido vida latente durante a estiagem. A agricultura s pode ter xito se o cultivo for feito em perodo chuvoso ou com processo de irrigao em perodos secos. A seca irregular e varivel (contingente) pode ocorrer em qualquer lugar, de clima mido ou submido. So secas breves e incertas em questo de tempo e espao, imprevisveis e ocorrem com mais frequncia no vero, quando as plantas necessitam mais de gua e os valores de evapotranspirao real se elevam. A seca invisvel, no h interrupo das precipitaes, mas elas so insuficientes para compensar a evapotranspirao, mesmo quando as chuvas de vero so frequentes. A necessidade de irrigao para combater a seca invisvel difcil de ser estabelecida, pois os cultivos no murcham, eles no crescem em seu nvel timo, que parcialmente determinado pela qualidade da semente e dos nutrientes do solo (AYOADE, 2011).

De acordo com os pesquisadores da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria), a seca pode reduzir significativamente os rendimentos em lavouras e restringir s reas onde espcies comercialmente importantes podem ser cultivadas, mas que a falta da gua pode em alguns casos ser total ou parcialmente amenizadas, porm, no se pode cultivar economicamente plantas no adaptadas ao clima.. Em relao soja, por exemplo, a disponibilidade de gua importante, principalmente em dois perodos de desenvolvimento da soja: germinao e florao dos gros. A semente de soja necessita absorver no mnimo 50% de seu peso total em gua para assegurar uma boa germinao. A necessidade de gua na cultura da soja vai aumentando com o desenvolvimento da planta, atingindo o mximo durante a florao. A planta busca um ajuste entre a absoro de gua e a transpirao. O limite a este ajustamento representa o inicio do dficit hdrico. As plantas da cultura da soja, com a falta de gua, so pouco desenvolvidas, de pequena estatura, com folhas pequenas, os tecidos vegetais apresentam-se com aspectos murchos e os fololos tendem a fechar para diminuir a rea foliar exposta. Secas na poca da reproduo causam reduo drstica no rendimento do gro. Dficit hdrico expressivo durante a florao provocam alteraes fisiolgicas na planta, aumentando a queda prematura de flores e abortamento das vagens. O estresse hdrico prejudica a atividade fotossinttica pelo fechamento estomtico e a consequente diminuio da assimilao do CO2.

necessrio o investimento agrcola adaptado ao clima e solo da regio e utilizao de sistemas de irrigao. De acordo com AYOADE, 2011, algumas prticas de cultivo ajudam a preservar a umidade do solo e devem ser desenvolvidas em regies afetadas pela seca. Os legumes e as gramneas melhoram a capacidade de reteno da gua do solo, assim como o uso de matria orgnica e de fertilizantes. As ervas daninhas devem ser controladas, uma vez que aceleram a perda de gua pela transpirao em detrimento das culturas..2.2.3 Granizo

O granizo um fenmeno caracterizado pela precipitao de gua no estado slido, ou seja, em forma de gelo. Essas partculas so transparentes ou translcidas e apresentam tamanhos e pesos variados. Ele formado principalmente nas nuvens do tipo cumulonimbus, que se desenvolvem verticalmente e atingem grandes altitudes. Gotculas de gua adentram essas nuvens e, em seguida, so congeladas em razo das condies trmicas (temperaturas inferiores a 0 C). Nesse momento, as partculas de granizo so formadas e, por meio das correntes de ar, se deslocam fato que proporciona o aumento das pedras de gelo. Ao atingirem um peso suficiente para superar as correntes de ar, ocorre a precipitao de granizo (BRASIL ESCOLA, 2012).Segundo esta mesma fonte em alguns casos, as partculas de granizo so to pequenas que podem atingir o solo terrestre j na forma lquida. Esse processo depende das condies de umidade, peso e velocidade que o granizo atinge. Contudo, quando as condies atmosfricas so propcias para uma intensa precipitao de granizo, as consequncias podem ser desastrosas.De acordo com Ayoade (2011), o granizo pode danificar fisicamente os cultivos no campo, destruindo plantaes ou provocando a queda de rvores, constituindo-se em risco para agricultura onde ocorre com mais frequncia.Ainda segundo Ayoade, vrias so as medidas para mitigar ou prevenir os danos causados por este fenmeno. A tcnica mais empregada semeadura de nuvens com iodeto de prata, lanado atravs de avies ou por bombas de artilharia, objetivando a formao de granizos e gelos de tamanhos menores, reduzindo os danos s lavouras.2.2.4 Ventos

O vento transporta a umidade do ar e o calor na atmosfera e apresenta certo efeito sobre a produo agrcola. O vento tambm influncia as taxas de evapotranspirao e exerce presso diretamente sobre os cultivos, no transcurso de seu desenvolvimento (AYOADE, 2011).

Ainda de acordo com Ayoade, o vento pode constituir-se em riscos mecnicos, trmicos e erosivos para a agricultura:

Se o vento for muito veloz pode danificar a lavoura, pois a presso exercida sobre os cultivos aumenta em sua trajetria com a crescente velocidade; ventos quentes estimulam maiores taxas de evapotranspirao e podem causar dissecao das lavouras e aumentando o risco de incndio; em condies de baixas temperaturas ele acelera o resfriamento das plantas.Alm disso, o vento pode favorecer a eroso do solo, quando a velocidade exceder certo valor limite crtico para um dado ambiente, soterrando as culturas pelos sedimentos carregados e causando abraso nos caules e folhas atravs do impacto das partculas de areias.A mitigao ou preveno dos danos causados pelo vento se d pelo uso de quebra-ventos (faixas de abrigo). Estes so barreiras naturais (rvores, arbustos ou sebes) ou artificiais (muros, cercas) para abrigar os animais. O nvel de abrigo fornecido pelo quebra-vento depende da altura da barreira, de sua extenso lateral, permeabilidade e ngulo de incidncia do vento.2.3 O clima e o planejamento do desenvolvimento agrcola

Considerando os estudos realizados at aqui possvel perceber que o clima tem influencia direta e indireta na produo agrcola, portanto deve ser considerado no planejamento de suas operaes.Thornthwaite & Mather (1955) apud Ayoade (2011), props uma metodologia de estimar o armazenamento mdio de gua do solo ao longo do tempo. O balano hdrico fornece estimativa da evapotranspirao (evapotranspirao real), da deficincia Hdrica, do excedente hdrico e do armazenamento de gua do solo.Para que no haja nem excesso nem deficincia hdrica, a chuva deve ser igual evapotranspirao.Estas consideraes salientam a fala de Stigter (2008), sobre a necessidade de mudana na agrometeorologia, indo no sentido da pesquisa e extenso. Estas devem ser focadas na preparao dos sistemas agrcolas locais para lidar com os riscos e incertezas.A fala de Stigter exemplificada pelo estudo realizado Aguiar e Mendona (2004), onde a distribuio da geada foi analisada ao longo de 24 anos. De acordo com as pesquisadoras, a ocorrncia da geada promove problemas econmicos e sociais e que Santa Catarina um dos estados mais atingidos pelo fenmeno e que no raramente, as temperaturas caem abaixo de zero em muitos locais e que fatores geogrficos como latitude a martimidade e o relevo exercem importncia na distribuio das geadas em Santa Catarina. A geada afeta a agricultura, e os danos s plantaes dependem do nmero de dias consecutivos com geadas e das suas intensidades. As pesquisadoras consideram importante estudar o fenmeno para auxiliar a previso da ocorrncia da geada e dessa forma promover aes para a diminuio dos prejuzos na produo agrcola. Por esses motivos, analisaram a ocorrncia da geadas no perodo de 1980 a 2003 em Santa Catarina e a distribuio e espacial temporal das ocorrncias.J o pesquisador Stigter (2008), analisou tcnicas utilizadas na agricultura levando em conta, solo, chuva, radiao solar, etc. O pesquisador cita, por exemplo, uma tcnica agrcola, a Alia, um importante sistema agroflorestal muito til para melhorar o solo e protege-lo das chuvas fortes, sendo uma forma simples de combinar rvores e culturas. Alias um sistema agroflorestal em que as culturas so cultivadas em becos formados por rvores e a biomassa podada usada como cobertura morta. Este incorporado no solo, proporcionando fertilidade do solo e reteno de gua.

Visualizando estes dois estudos, como a prtica da agricultura afetada pelos fenmenos climticos, necessrio que os agricultores os conheam e busquem solues para que a atividade possa ser planejada e dessa forma, sofrer menos impactos.

2.4 Teoria do aquecimento global e implicaes para a agricultura

De acordo com Pellegrino et al (2007), as evidncias de que ocorrero mudanas climticas globais, em funo do aumento da concentrao de gases de efeito estufa tm se apresentado cada vez mais consistentemente e sido aceitas pela comunidade cientfica internacional.

Segundo o relatrio do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanas Climticas) apud EMBRAPA (2008), a produo de alimentos em todo o mundo pode sofrer um impacto dramtico nas prximas dcadas por conta das mudanas climticas provocadas pelo aquecimento global. Segundo o painel, o aumento da temperatura ameaa o cultivo de vrias plantas agrcolas e pode piorar o j grave problema da fome em partes mais vulnerveis do planeta.Para alguns pesquisadores, a agricultura tambm responsvel pelo aumento do efeito estufa. De acordo com os pesquisadores da EMBRAPA (PELLEGRINO et al, 2007), a agricultura agrava o efeito estufa e as mudanas climticas e que no Brasil a emisso a partir de queimadas, desmatamento e expanso agrcola muito significativa e que diante do quadro de mudanas globais como resultado das emisses de gases do efeito estufa necessrio a contabilizao do balano do carbono nos sistemas agrcolas.No entanto de acordo com Martins et al (2010), fundamental refletir que a magnitude do impacto da mudana climtica sobre um sistema produtivo depende de sua vulnerabilidade aos fenmenos climticos associados a esta mudana. Ento, diferentes sistemas ou formas de produo agrcola podem apresentar distintos graus de vulnerabilidade aos efeitos da mudana climtica, que podem ser eventualmente atenuados atravs do desenho de estratgias de adaptao apropriadas.3 CONSIDERAES FINAISCom este trabalho foi possvel conhecer o histrico da agricultura e a evoluo das tcnicas a ela aplicadas, a propenso dos domnios climticos para cada cultivo, como os parmetros climatolgicos a influenciam, os processos de mudanas climticas e a contribuio da agricultura no efeito estufa de acordo com as referncias consultadas.Tendo em vista os conceitos analisados observamos que mesmo com novas tcnicas aplicadas a agricultura o clima ainda constitui a mais importante varivel para seu desenvolvimento

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASAGUIAR, D.; MENDONA, M. Climatologia das geadas em Santa Catarina. In: SIMPSIO BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS, 1., 2004, Florianpolis: GEND/UFSC, 2004. p 762-773. AYOADE, J.O. O clima e a agricultura. In:_______. Introduo climatologia para os trpicos. 11 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECURIA EMBRAPA. Aquecimento Global e a Nova Geografia da Produo Agrcola no Brasil. So Paulo: CEPAGRI/UNICAMP, 2008. Disponvel em: www.climaeagricultura.org.br. Acesso em: 24 Out. 2012.FRANA, J. L. et al. Manual para normalizao de publicaes tcnico-cientficas. 8. ed. rev. e aum. Belo Horizonte: UFMG, 2004. 242 p. (Aprender).MARTINS, S.R. et al. Mudanas climticas e vulnerabilidade na agricultura:desafios para desenvolvimento de estratgias de mitigao e adaptao. Revista Brasileira de Cincias Ambientais - Nmero 17. Santa Catarina: Set./2010.PELLEGRINO, G.Q., ASSAD, E.D., MARIN, F.R. Mudanas Climticas Globais e a Agricultura no Brasil. Revista Multicincias- Edio no. 8 -| Mudanas Climticas. Campinas: Maio 2007.ROSS, Jurandyr (Org.). Geografia do Brasil. So Paulo: Ed USP, 2000. 3ed.STIGTER, Kess. Coping with climate risk in agriculture needs farmer oriented research and extension policies. Scientia Agricola. Piracicaba: USP/ESALQ. Dec. 2008. Vol.65.Trabalho apresentado Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, como requisito da disciplina Climatologia do Ensino Superior em Geografia modalidade licenciatura.