Trabalho de Antropologia - Franz Boas e Bronisław Malinowski

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Trabalho de Antropologia Os Pais Fundadores da Etnografia: Boas e Malinowski Angélica Nunes Luan Borges Luciana de Fátima Pablo Gomes Ribeiro

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Trabalho de Antropologia

Os Pais Fundadores da Etnografia:

Boas e Malinowski

Angélica Nunes

Luan Borges

Luciana de Fátima

Pablo Gomes Ribeiro

Rafael Gonçalves

Tiago Silva

Belo Horizonte

Page 2: Trabalho de Antropologia - Franz Boas e Bronisław Malinowski

2011

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Angélica Nunes

Luan Borges

Luciana de Fátima

Pablo Gomes Ribeiro

Rafael Gonçalves

Tiago Silva

Os Pais Fundadores da Etnografia:

Boas e Malinowski

Dissertação que aborda o tema “Os Pais

Fundadores da Etnografia: Boas e

Malinowski”, capítulo 4 do item I do livro

Aprender Antropologia de François

Laplantine.

Professora: Maria Júlia

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Belo Horizonte

2011

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A etnografia é o estudo descritivo dos aspectos sociais e culturais de

pessoas ou grupos, durante certo período de tempo através de trabalho de campo,

para conhecer o comportamento social de determinados povos, suas interações,

ações, enfim, sua realidade social.

No final do século XIX já havia homens (geralmente missionários e

administradores) que possuíam notável conhecimento das populações nas quais

viviam. Entretanto, a etnografia só começa a existir no momento que se percebe que

o pesquisador deve adentrar no campo de sua pesquisa e efetivamente sair de seu

gabinete.

Com a etnografia termina a divisão de tarefas entre o observador (viajante,

missionário, administrador), responsável por prover as informações, muitas vezes

obtida por tradutores e que geralmente residia fora, a sociedade indígena e o

pesquisador erudito que recebia analisavam e interpretavam as informações e,

geralmente, ficava na metrópole.

O pesquisador aprende a viver com o grupo pesquisado, falar sua língua,

refletindo sobre ela e sentindo as emoções dentro de si. O trabalho de observação

direta passa a ser parte integrante da pesquisa, orientando a abordagem da nova

geração de etnólogos. Ocorre uma revolução antropológica com a mudança radical

nas condições de estudo e a antropologia torna-se uma atividade ao ar livre.

Em 1906 e 1908, Radcliffe-Brown estudou os habitantes das ilhas

Andaman. Após a 1a Guerra, Evans-Pritchard estuda os Azandés e os Nuer. A partir

de então, as missões de pesquisas etnográficas e a publicação de obras delas

resultantes seguem ininterruptamente.

Essa pesquisa trata de dois pesquisadores que foram importantes na

elaboração da etnografia e da etnologia contemporâneas. São eles: Franz Boas e

Bronislaw Malinowski.

Um dos pais fundadores da antropologia moderna, Franz Boas, antropólogo

nascido em Minden (Prússia) no ano de 1858, contribuiu para que a base

antropológica se fizesse de forma científica através de estudos em campo. Estudou

Física e Geografia em heidelberg e concluiu seu doutorado em física na cidade de

Kiel, na Alemanha. Defendeu a tese de que as diferenças culturais dos povos não

eram por causa das suas inferioridades biológicas, mas sim por motivos de diversas

maneiras de desenvolvimento histórico de cada cultura, revolucionando a

antropologia, que até então tratava essas questões de forma etnocêntrica e, em

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alguns aspectos, de forma racista. Para Boas, o que a raça branca havia feito

durante seu processo evolutivo não indicava que era superior às outras raças, foi os

acontecimentos históricos que a civilizou.

Nas suas pesquisas, totalmente pioneiras, tudo era anotado. Tudo deveria

ser objeto da descrição mais meticulosa, da retranscrição mais fiel. Em Boas, pela

primeira vez o teórico e observador estão finalmente reunidos. Não se pode mais

confiar nos investigadores e, muito menos nos que da metrópole confiam neles.

Para Boas, o objetivo da pesquisa antropológica está em compreender os

fenômenos das culturas particulares e qual sentido que os membros de tais culturas

atribuem às suas práticas, ao invés de estabelecer leis gerais, como pensavam os

evolucionistas. Finalmente, ele foi um dos primeiros a mostrar não apenas a

importância, mas também a necessidade, para o etnólogo, do acesso à língua da

cultura na qual trabalha. As tradições que estuda não poderiam ser-lhes traduzidas.

Ele próprio deve reconhecê-las na linguagem de seus interlocutores. Enquanto

professor, foi o grande pedagogo que formou a primeira geração de antropólogos

americanos.

Bronislaw Malinowski nasceu na Cracóvia, Polônia, em 7 de abril de 1884.

Ingressou na área da antropologia após adquirir sua primeira formação no campo

das ciências exatas, pois, com 24 anos, obteve doutorado em física e matemática

pela universidade de Cracóvia. Malinowski se definiu na antropologia a partir do

contato com a obra “Ramo de Ouro” de James Frazer, que o influenciou na sua

formação antropológica. Ele então se dirigiu à Alemanha, onde em um curto espaço

de tempo, iniciou-se em sua nova vocação.

Malinowski dominou de forma incontestável a cena antropológica de 1922 a

1942. Ele não foi o primeiro antropólogo a conduzir uma experiência etnográfica de

forma científica, ou seja, ele não foi o primeiro a viver com as populações que

estudavam. Embora isso, ele radicalizou o modo de pensar e viver o “trabalho de

campo” e procurou romper os contatos com o mundo europeu, a fim de se integrar

plenamente à cultura que estava por ora estudando.

Ele se esforçou em penetrar, compreender a mentalidade, o pensamento, o

sentimento de homens e mulheres que pertencem a uma cultura diferente da nossa.

Houve uma busca por uma despersonalização no sentido de “tornar-se um

indivíduo” pertencente àquela cultura. Pensando assim, Malinowski rompeu com as

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teorias de sua época acerca do conceito de como estudar e entender outras

culturas.

Para ele, uma sociedade deve ser estudada em sua totalidade. Deve-se

observar a interação dos aspectos, dos elementos que a constituem. Com ele, a

antropologia se torna uma “ciência” da alteridade, ou seja, é preciso colocar-se no

lugar do outro.

Ele procura estudar as lógicas particulares de cada cultura, pois cada uma

dela possui sistemas lógicos perfeitamente elaborados. Malinowski elaborou a teoria

do Funcionalismo que se preocupa em estudar e explicar o funcionamento da cultura

em um dado momento, sem ser necessário estudar a história dessa mesma cultura.

Além disso, para ele, o homem deve ser estudado através da tripla articulação do

social, do psicológico e do biológico.

A obra de Malinowski “Os Argonautas do Pacífico Ocidental” e o autor foram

figuras extremamente controversas por duas razões: ele propõe que a antropologia

supõe uma identificação com a alteridade, e elabora a teoria do Funcionalismo, que

apregoa que as sociedades tradicionais são sociedades sem conflitos e estáveis,

visando a um equilíbrio através de instituições capazes de satisfazer às

necessidades dos homens. Apesar de todas as críticas que recebeu, as idéias de

Malinowiski permanecem até hoje.

Para Malinowiski efetuar uma pesquisa de campo é necessário que o

pesquisador não somente observe e questione, os indivíduos da cultura, é preciso

que o pesquisador faça parte daquele meio pesquisando, e dando importância para

aspectos considerados pouco importantes ou insignificantes para que o mesmo

tenha a vivência dos que estão sendo objeto de estudo.

Em seus livros “Os argonautas do Pacífico Ocidental” e “Os Jardins de

Coral” Malinowiski se introduziu profundamente na cultura do povo estudado

(Trobriandeses), podendo entender no primeiro a importância das canoas que são

fabricadas pelos nativos tendo um valor em seus rituais, enquanto no segundo ele

cita os métodos agrícolas nas ilhas Trobriand que envolve muito mais que somente

a agricultura.

Uma das grandes qualidades de Malinowiski é sua capacidade de

reconstruir o modo de viver do povo que fora estudado, sendo que aqueles que

tinham acesso a sua obra sentiam-se introduzidos naquela cultura, perdendo o

preconceito em relação a tribos como populações “selvagens”, causando a

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sensação de “ver” e “ouvir” o que ele tinha visto e ouvido. Seu livro “Argonautas do

Pacífico Ocidental” abre o caminho para o que desenvolverá a antropologia

audiovisual.