Trabalho de Bioquimica

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3 INTRODUÇÃO Para que o colesterol seja sintetizado no fígado e no intestino delgado é preciso passar por várias etapas, chamadas vias de síntese, as quais envolvem inúmeras reações. Após a formação desse colesterol ele é transportado por lipoproteínas até o fígado. Destacamos neste trabalho, a degradação do colesterol, ressaltamos que em humanos, a estrutura cíclica do colesterol não pode ser degradada até CO2 e H2O. Assim, o núcleo esterol é eliminado intacto pela conversão em ácidos e sais biliares excretados nas fezes, e pela secreção de colesterol na bile, que o transporta até o intestino para eliminação. Apresentamos a estrutura e síntese dos ácidos biliares e a síntese de sais biliares bem como a ação da flora intestinal sobre os sais biliares, circulação entero-hepática e a deficiência de sais biliares que ocasiona a colelitíase ou formação das chamadas pedras de colesterol na vesícula. A síntese de colesterol é inibida por níveis elevados de colesterol intracelular. O colesterol e os ésteres do colesterol são transportados no sangue por meio de lipoproteínas plasmáticas. Lipoproteínas de densidade muita baixa (VLDL) transportam colesterol, ésteres de colesterol e triacilgliceróis do fígado para outros tecidos, onde os triacilgliceróis são degradados pela lípase lipoproteica, convertendo VLDL em lipoproteínas de baixa densidade (LDL). A LDL, rica e m colesterol e nos seus ésteres, é captada por endocitose mediada por receptores, nessa endocitose a

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INTRODUÇÃO

Para que o colesterol seja sintetizado no fígado e no intestino delgado é

preciso passar por várias etapas, chamadas vias de síntese, as quais envolvem

inúmeras reações.

Após a formação desse colesterol ele é transportado por lipoproteínas até o

fígado.

Destacamos neste trabalho, a degradação do colesterol, ressaltamos que em

humanos, a estrutura cíclica do colesterol não pode ser degradada até CO2 e H2O.

Assim, o núcleo esterol é eliminado intacto pela conversão em ácidos e sais biliares

excretados nas fezes, e pela secreção de colesterol na bile, que o transporta até o

intestino para eliminação. Apresentamos a estrutura e síntese dos ácidos biliares e a

síntese de sais biliares bem como a ação da flora intestinal sobre os sais biliares,

circulação entero-hepática e a deficiência de sais biliares que ocasiona a colelitíase

ou formação das chamadas pedras de colesterol na vesícula.

A síntese de colesterol é inibida por níveis elevados de colesterol intracelular.

O colesterol e os ésteres do colesterol são transportados no sangue por meio de

lipoproteínas plasmáticas. Lipoproteínas de densidade muita baixa (VLDL)

transportam colesterol, ésteres de colesterol e triacilgliceróis do fígado para outros

tecidos, onde os triacilgliceróis são degradados pela lípase lipoproteica, convertendo

VLDL em lipoproteínas de baixa densidade (LDL). A LDL, rica e m colesterol e nos

seus ésteres, é captada por endocitose mediada por receptores, nessa endocitose a

alipoproteína B-100 da LDL é reconhecida pelos receptores de LDL existentes na

membrana plasmática. As lipoproteínas de alta densidade (HDL) funcionam como

removedores do colesterol do sangue, transportando-o para fígado. As condições

dietéticas ou defeitos genéticos no metabolismo do colesterol podem levar as

pessoas a sofrerem de aterosclerose e de doenças cardíacas.

Os esteróides formam um grupo classificado como lipídeos complexos, sendo

que nos tecidos animais o colesterol é o mais abundante. O colesterol é sintetizado

naturalmente em diversas partes do organismo e para ser transportado pode ser

associado a proteínas ligadas a lipídios - as lipoproteínas plasmáticas. Em suas

variadas funções metabólicas o colesterol é precursor dos hormônios sexuais,

desenvolve importante papel na manutenção vital, além de também participar da

composição celular.

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1. COLESTEROL

É um esteróide dos tecidos animais e desempenha diversas funções no

organismo. É um tipo de lipídeo produzido no fígado, sendo posteriormente liberado

pela bile, sem sofre alterações ou é convertido em sais biliares secretados no lúmen

intestinal.

É precursor de ácidos biliares, de hormônios esteróides e da vitamina D.

O organismo precisa manter um suprimento de colesterol e para que isso

ocorra existem complexos sistemas de transportes de biossíntese e regulação.

1.1 Estrutura do Colesterol

Um composto hidrofóbico consiste em quatro anéis hidrocarbonetos fundidos,

ligado ao C-17 existe uma cadeia hidrocarbonada.

1.2 Síntese do colesterol

Todos os carbonos do colesterol são derivados de acetato, e o NADPH é o

doador dos redutores.

A energia necessária para síntese é fornecida pela hidrólise das ligações

tioéster do Acetil-Coenzima A (COA) e das ligações de fosfatos terminais de

trifosfato de adenosina ( ATP ).

1.2.1 A síntese pode ser dividida em quatro estágios

1.2.1.1 Síntese de 3-hidroxi-3-metilglutaril-CoA( HMG-CoA)

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Nesse estágio duas moléculas de acetil-CoA se condensam para formar

acetoacetil-CoA.

Em seguida é adicionada uma terceira molécula de acetil-CoA para produzir

HMG-CoA.

Enzima: hidroximetil glutaril-CoA sintase.

1.2.1.2 Síntese de Mevalonato

Essa etapa ocorre no citosol, usando duas moléculas de NADPH como

agente redutor e liberando CoA,tornando a reação irreversível.

Forma-se o ácido mevalônico.

Enzima catalisadora: HMG-CoA-redutase

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1.2.1.3 Síntese do colesterol

Ocorre em duas etapas, conversão do ácido mevalônico em 5-

pirofosfomevalonato.

Requer transferência de um grupo fosfato doado pelo ATP.

Enzimas participantes: mevalonato quinase e fosfomevalonato quinase.

Em seguida ocorre a descarboxilação do 5-pirofosfomevalonato formando o

isopentil-pirofosfato (IPP).

Esse IPP isomeriza-se a DPP.

Enzimas atuantes neste processo: difosfomevalonato descarboxilase e

isopentenil difosfato d-isomerase.

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Após a condensação do IPP com o DPP (3,3-dimetilalil-pirofosfato, forma-se o

Geranil-pirofosfato(GPP)com 10 carbonos.

Enzima: dimetilalil transferase;

Uma segunda molécula de IPP se condensa com o GPP e forma-se o

Farnesil-pirofosfato (FPP) com 15 carbonos.

Enzima: Geranil transferase;

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Condensação de duas moléculas e redução de FPP com liberação de

pirofosfato, gerando o composto de 30 carbonos chamado Escaleno,formado por sei

unidades isoprenóides.

Enzima: Farnesil transferase;

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O escaleno é convertido em Esterol lanosterol por uma sequência de reações

que utilizam oxigênio molecular e NADPH,formando o Lanosterol.

Várias etapas levam à conversão do lanosterol em colesterol.

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1.2.1.4 Regulação da síntese do colesterol

A HMG-CoA-redutase limita a velocidade e o controle da síntese do

colesterol.

Quando os níveis de colesterol estão baixos a HMG-CoA-redutase é ativada.

Juntamente pela ação da proteína-cinase ativada por monofosfato de adenosina

(AMp) e da proteína-fosfatase ativada por insulina.

As estatinas são inibidores da HMG-CoA-redutase.

Os esteróides formam um grupo classificado como lipídeos complexos, sendo

que nos tecidos animais o colesterol é o mais abundante. O colesterol é sintetizado

naturalmente em diversas partes do organismo e para ser transportado pode ser

associado a proteínas ligadas a lipídios - as lipoproteínas plasmáticas. Em suas

variadas funções metabólicas o colesterol é precursor dos hormônios sexuais,

desenvolve importante papel na manutenção vital, além de também participar da

composição celular.

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2. DEGRADAÇÃO DO COLESTEROL

Em humanos, a estrutura cíclica do colesterol não pode ser degradada até

CO2 e H2O. Assim, o núcleo esterol é eliminado intacto pela conversão em ácidos e

sais biliares excretados nas fezes, e pela secreção de colesterol na bile, que o

transporta até o intestino para eliminação. No intestino, parte do colesterol é

modificada por bactérias antes da excreção. Os principais compostos formados são

os isômeros coprostanol e colestanol, derivados reduzidos do colesterol. Junto com

o colesterol, esses compostos representam a maior parte dos esteróis neutros

fecais.

3. ÁCIDOS E SAIS BILIARES

A bile consiste em uma mistura aquosa de compostos orgânicos e

inorgânicos. A fosfatidilcolina e os sais biliares (ácidos biliares conjugados) são

quantitativamente os componentes orgânicos mais importantes da bile. Sintetizada

no fígado, a bile é liberada diretamente no duodeno, pelo ducto biliar, ou pode ser

armazenada na vesícula biliar quando não imediatamente necessitada para a

digestão.

3.1 Estruturas dos ácidos biliares

Os ácidos biliares têm 24 carbonos, com dois ou três grupos hidroxila e uma

cadeia lateral que termina em um grupo carboxílico. Os ácidos biliares são

compostos anfipáticos. Assim, esses compostos possuem uma face polar e outra

apolar e podem atuar como agentes emulsificadores no intestino, ajudando na

preparação dos triacilgliceróis e de outros compostos lipídicos da dieta para a

degradação pelas enzimas digestivas pancreáticas.

3.2 Síntese de ácidos biliares

Os ácidos biliares são sintetizados no fígado por uma rota metabólica

composta por muitas etapas enzimáticas e que acontece em várias organelas. Os

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compostos resultantes mais comuns são o ácido cólico (um triol) e o ácido

quenodesoxicólico (um diol), chamados de ácidos biliares “primários”.

3.3 Síntese de sais biliares

Antes de os ácidos biliares deixarem o fígado, são conjugados com uma

molécula de glicina ou de taurina (produto final do metabolismo da cisteína) por uma

ligação amida entre o grupo carboxila do ácido biliar e o grupo amino do composto

adicionado. E são chamadas sais biliares e incluem tanto os ácidos glicocólico como

glicoquenodesoxicólico, e os ácidos taurocólico e tauroquenodesoxicólico.Os sais

biliares são detergentes mais efetivos que os ácidos biliares, devido à sua natureza

anfipática aumentada. Assim, somente as formas conjugadas -os sais biliares- são

encontradas na bile.

Os sais biliares fornecem o único mecanismo significativo para a excreção do

colesterol, tanto na forma de produtos metabólicos do colesterol, como na forma de

agentes solubilizadores do colesterol na bile.

3.4 Ação da flora intestinal sobre os sais biliares

As bactérias no intestino podem remover a glicina e a taurina dos sais biliares,

regenerando os ácidos biliares. Podem também converter ácidos biliares em ácidos

biliares “secundários” pela remoção do grupo hidroxila, produzindo ácido deoxicólico

a partir do ácido cólico e ácido litocólico a partir do ácido quenodesoxicólico.

3.5 Circulação entero-hepática

Os sais biliares secretados no intestino são eficientemente reabsorvidos (mais

de 95%) e reutilizados. A mistura de ácidos biliares primários, secundários e sais

biliares é absorvida principalmente no íleo. Eles são transportados ativamente das

células da mucosa intestinal para circulação porta e eficientemente removidos pelas

células do parênquima hepático. A exemplo dos ácidos graxos no sangue, os sais e

os ácidos biliares são transportados ligados de forma não covalente à albumina. O

fígado converte os ácidos biliares primários e secundários em sais biliares pela

conjugação com glicina ou taurina e os secreta na bile. O processo contínuo de

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secreção de sais biliares na bile; a sua passagem através do duodeno,onde parte é

convertida em ácidos e sais biliares; e seu subseqüente retorno ao fígado como

mistura de ácidos e sais biliares é chamada de circulação entero-hepática.

3.6 Deficiência de sais biliares: colelitíase

A passagem do colesterol do fígado para a bile deve ser acompanhada pela

secreção simultânea de fosfolipídeos e sais biliares. Se a secreção conjunta desses

lipídeos for prejudicada e entrar na bile mais colesterol do que pode ser solubilizado

pelos sais biliares e lectina, o colesterol precipita na vesícula biliar, iniciando a

colelitíase- ou a formação das chamadas pedras de colesterol na vesícula. Essa

doença é causada pela diminuição dos ácidos biliares na bile, que pode ter origem:

1) na deficiência de absorção de ácidos biliares no intestino;

2) na obstrução do trato biliar, com interrupção da circulação entero-hepática;

3) na disfunção hepática grave,levando à diminuição na síntese de sais

biliares, ou a outras anormalidades na produção de bile;

4) na excessiva retroinibição da síntese de ácidos biliares resultante de uma

velocidade acelerada da reciclagem dos ácidos biliares. A colelitíase também pode

ter origem no aumento da excreção biliar de colesterol, como a produzida pelo uso

de fibratos.

4. LIPOPROTEÍNAS PLASMÁTICAS

O colesterol e os ésteres do colesterol, como os triacilgliceróis e fosfolipídios,

são essencialmente insolúveis em água. Esses lipídios precisam, entretanto, ser

transportados do tecido de origem para os tecidos nos quais eles serão

armazenados ou consumidos. Eles são transportados de um para outro tecido pelo

plasma sanguíneo na forma de lipoproteínas plasmáticas, que são complexos

moleculares de proteínas transportadoras especificas chamadas de apolipoproteínas

com combinações variadas de fosfolipídios, colesterol, ésteres do colesterol e

triacilgliceróis.

As apolipoproteínas (“apo” designa a proteína na sua forma livre de lipídios)

se unem aos lipídios para formar várias classes de partículas lipoprotéicas, estas

são complexos esféricos com os lipídios hidrofóbicos no centro e as cadeias laterais

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hidrofílicas dos aminoácidos das proteínas na superfície. Diferentes combinações de

lipídios e proteínas produzem partículas com densidades diferentes, variando desde

quilomícrons até lipoproteínas de densidade muito alta. (HDL). Essas lipoproteínas

podem ser separadas entre si por ultracentrifugação visualizadas com o emprego

da microscopia eletrônica .

Cada classe de lipoproteína tem uma função específica determinada por seu

lugar de síntese, composição lipídica e conteúdo de apolipoproteínas. Pelo menos

nove apolipoproteínas diferentes são encontradas entre as lipoproteínas do plasma

humano; elas podem ser distinguidas por seu tamanho, suas reações com

anticorpos específicos e sua distribuição características nas classes de

lipoproteínas. Essas partes protéicas agem como sinalizadoras, tanto dirigindo as

lipoproteínas para tecidos específicos, como ativando enzimas que agem sobre elas.

Todos os tecidos animais em crescimento necessitam de colesterol para a

síntese de membranas; alguns órgãos (glândula adrenal e gônadas, por exemplo)

usam o colesterol com um precursor para a produção dos hormônios esteróides. O

colesterol é também um precursor da vitamina D.

4.1 Quilomícrons

Eles são as maiores lipoproteínas e também as menos densas, contendo uma

lata proporção de triacilgliceróis. Os quilomícrons são sintetizados no retículo

endoplasmático das células epiteliais que recobrem a superfície interna do intestino

delgado e, então, são transportados através do sistema linfático e entram na

corrente sanguínea através da veia subclávia. As apolipoproteínas dos quilomícrons

incluem a apoB-48(exclusiva dessa classe de lipoproteínas), a apoE e a apoC-II.

ApoC-II ativa a lipase lipoprotéica nos capilares dos tecidos adiposo,

cardíaco, musculoesquelético e glândula mamaria em lactação, permitindo a

liberação de ácidos graxos livres para esses tecidos. Dessa forma, os quilomícrons

transportam os ácidos graxos obtidos na dieta para os tecidos em que serão

consumidos ou armazenados como combustíveis. Os remanescentes dos

quilomícrons, privados da maior parte dos seus triacilgliceróis, mais ainda contendo

colesterol, apõe e apoB-48, movem-se através da corrente sanguínea ate o fígado.

Existem, no fígado, receptores que se ligam à apoE nos remanescentes dos

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quilomícrons e promovem sua absorção por endocitose. No fígado, eles liberam o

colesterol e são degradados nos lisossomos.

4.2 Metabolismos das VLDL

Quando a dieta contém mais ácidos graxos que a quantidade imediatamente

necessária como combustível, estes são convertidos em triacilgliceróis no fígado e

unidos com apolipoproteínas específicas para formar lipoproteínas de muito baixa

densidade as VLDL. Os carboidratos que chegam a excesso pela dieta também

podem ser convertidos em triacilgliceróis e exportados como VLDL. Em adição aos

triacilgliceróis as VLDL contêm algum colesterol e ésteres do colesterol, bem como

apoB-100,apoC-I, apoCII, apoC-III e apoE. Essas lipoproteínas são transportadas do

fígado para os músculos e para o tecido adiposo, onde a ativação da lipase

lipoprotéica pela apoC-II provoca a liberação de ácidos graxos, livres dos

triacilgliceróis das VLDL. Os adipócitos captam esses ácidos graxos, ressintetizam

os triacilgliceróis a partir deles e armazenam os produtos em gotículas lipídicas

intracelulares: já os miócitos empregam esses ácidos graxos na produção por

oxidação. A maior parte dos remanescentes de VLDL é retirada da circulação pelos

hepatócitos. Como para os quilomícrons, essa captação depende da mediação de

receptores e da presença de apõe nos remanescentes de VLDL.

A perda dos triacilgliceróis converte algumas VLDL em remanescentes de

VLDL (também chamadas de lipoproteínas de densidade intermediária, ILD) e com a

saída de mais triacilgliceróis em lipoproteínas de densidade baixa, LDL.

4.3 Metabolismos das LDL

Muito ricas em colesterol e em ésteres do colesterol e contendo apoB-100

com sua principal apolipoproteína. As LDL transportam colesterol para os tecidos

periféricos (outros tecidos que não o fígado), que possuem receptores de superfície

específicos que reconhecem a apoB-100.Esses receptores intermedeiam a captação

do colesterol e dos ésteres de colesterol em um processo descrito adiante.

4.3.1 Endocitose mediada por receptores

Page 14: Trabalho de Bioquimica

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Cada partícula de LDL que circula na corrente sanguínea contém apoB-100

que é reconhecida por proteínas que são receptores de superfície específicos, os

receptores de LDL nas células que precisam captar o colesterol. A ligação de LDL

nas células que precisam captar o colesterol. A ligação de LDL em um receptor de

LDL inicia o processo de endocitose, o que traz a LDL e seu receptor associado para

o interior da célula dentro de um endossomo. Esse endossomo afinal se funde com

um lisossomo, o qual contém enzimas que hodrolisam os ésteres de colesterol,

liberando o colesterol e ácidos graxos no interior do citosol. A apoB-100 da LDL é

também degradada em aminoácidos, que são liberados no citosol, porém o receptor

da LDL escapa da degradação e retorna para a superfície celular, onde ele pode

funcionar novamente na captação de nova LDL. A ApoB-100 também está presente

nas VLDL mas seu domínio de ligação com o receptor de LDL. A conversão de

VLDL em HDL expõe esse domínio de ligação com o receptor da apoB-100. Essa

via para o transporte de colesterol no sangue e a sua endocitose mediada por

receptores nos tecidos-alvo foi elucidada por Michael Brown e Joseph Goldstein.

O colesterol que entra nas células por esta via pode ser incorporado nas

mebranas ou pode ser reesterificado pela ACAT para armazenamento no interior de

gotículas lipídicas citosólicas. O acúmulo de excesso de colesterol intracelular é

impedido pela redução da velocidade de síntese do colesterol quando as LDL no

sangue suprem colesterol suficiente para as necessidades celulares.

O receptor de LDL também se liga à apoE e desempenha um papel

importante na captação hepática dos remanescentes dos quilomícrons e VLDL.

Entretanto, se os receptores das LDL não estiverem disponíveis (com por

exemplo, em uma raça de camundongos que não possui a gene para a receptor da

LDL), os remanescentes das VLDL e dos quilomícrons ainda podem ser captados

pelo fígado mas não as LDL. Isso indica a existência de um sistema de apoio para a

endocitose mediada por receptores dos remanescentes das VLDL e dos

quilomícrons. Um sistema receptor de apoio é o da proteína relacionada com o

receptor de lipoproteínas (LRP) que se lia à apoE bem como a outros ligantes.

4.4 Metabolismos das HDL

O quarto tipo principal das lipoproteínas, a lipoproteína de alta densidade,

HDL, é sintetizada no fígado e no intestino delgado com partículas pequenas ricas

Page 15: Trabalho de Bioquimica

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em proteína e contendo relativamente pouco colesterol e nenhum éster de

colesterol. As HDL contêm apoA-1,apoC-I e apoC-II,entre outras apolipoproteínas

bem como a enzimas lecitina-colesterol aciltransferase(LCAT),que catalisa a

formação de ésteres do colesterol a partir da lecitina( fosfatidilcolina) e colesterol. A

LCAT existente na superfície de HDL recém-sintetizada converte essa fosfatidilcolina

e colesterol dos remanescentes dos quilomícrons e VLDL em ésteres do colesterol,

os quais entram no interior da HDL nascente, convertendo-a de um disco chato em

uma esfera uma HDL madura. Essas lipoproteínas ricas em colesterol voltam agora

ao fígado, onde o colesterol é descarregado e parte dele convertida em sais biliares.

As HDL podem ser captadas pelo fígado por meio da endocitose mediada por

receptores, mas ao menos algum colesterol nelas presente é liberado para outros

tecidos por um mecanismo diferente. As HDL podem ligar-se a receptores de

membrana para proteínas plasmáticas chamados SR-BI presentes no tecido

hepático e naqueles produtores de esteróides como a glândulas adrenal. Esses

receptores não fazem a mediação da endocitose, mas uma transferência parcial e

seletiva do colesterol e outros lipídios da HDL para a célula. A partícula de HDL sem

esses lipídios se dissocia para recircular na corrente sanguínea e extrair mais

lipídios dos remanescentes dos quilomícrons e das VLDL. Essas mesmas partículas

também podem captar o colesterol estocado nos tecidos extra- hepáticos e

transportá-los para o fígado por meio de vias de transporte reverso do colesterol.

5. HORMÔNIOS ESTERÓIDES

Hormônio, por definição, é uma substância que é produzida em uma glândula

e que pode agir em vários locais do corpo, fora da glândula que a produziu.

Dentre os alguns hormônios encontrados no organismo, encontram-se os hormônios

esteróides, que tem como seu precursor o colesterol.

Órgãos de secreção Hormônios

Córtex adrenal Cortisol, aldosterona e andrógenos

Ovários e placenta Estrógenos e progestágenos

Testículos Testosterona

Tabela1 – Órgãos e seus hormônios

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5.1 Síntese de Hormônios Esteróides

Sua síntese envolve o encurtamento da cadeia hidrocarbonada do colesterol

que tem 27 carbonos (27C) e hidroxilação do anel esteróide, onde sua reação inicial

e limitadora converte colesterol em pregnenolona, com 21 carbonos (21C),

precursora de todos os demais hormônios esteróides. Essa reação é catalisada pelo

complexo enzimático de clivagem da cadeia lateral do colesterol através da enzima

(desmolase) (CYP11A), que é uma proteína com um grupo prostético heme (ou

grupo ferro-porfirina, ver figura 6) e pertence ao grupo das mono-oxigenases, que

são enzimas que catalisam reações nas quais um átomo de oxigênio da molécula de

O2 é incorporado na molécula do substrato orgânico, o outro átomo é reduzido a

H2O, uma citocromo P450 (CYP) enzima oxidase de função mista localizada na

membrana interna da mitocôndria, no entanto para essa reação é preciso NAPH e

Oxigênio molecular e para isso, é necessário que o colesterol seja

transportado para dentro da mitocôndria.

Neste importante processo, é necessária uma proteína específica

(reguladora) chamada esteroidogênica aguda (PREA).

Após o colesterol ser convertido em pregnenolona pela desmolase, esta é

oxidada e então isomerada, formando a Progesterona (C21) realizada pela enzima

3-B-Hidroxiesteróide-desidrogenase, onde a cadeia de reações origina outros

hormônios esteróides por reações de hidroxilação que ocorrem no RE e na

mitocôndria. A partir deste ponto, a progesterona pode seguir duas reações: a

formação de 11-Desoxicorticosterona (21C) ou 17-α -Hidroxiprogesterona (C21).

A enzima 21-α-Hidroxilase converte a Progesterona em 11-

Desoxicorticosterona (21C), logo após é convertido em Corticosterona pela 11-ß-

Hidroxilase (CYP11B) e em seguida Aldosterona (21C) pela (CYP11B2).

O outro caminho de reações ocorre pela enzima 17-α-Hidroxilase (CYP17),

convertendo a progesterona em 17-α-Hidroxiprogesterona. Desta existem outras

duas possibilidades de reações:

11-Desoxicortisol (21C) pela enzima 21-α-Hidroxilase e em seguida em

Cortisol (C21) pela 11-ß-Hidroxilase.

Androstenediona (C19) através (CYP17), Testosterona (C19) pela 17-ß-

Hidroxiesteróide-desidrogenase e em seguida Estradiol (C18) pela Aromatase

(CYP19).

Page 17: Trabalho de Bioquimica

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5.2 Hiperplasias Adrenais Congênitas

Enzimas envolvidas:

3-ß-Hidroxidesidrogenase (pregnenolona e progesterona) – acentuada

excreção de sal na urina.

17-α-Hidroxilase (progesterona e hidroxiprogesterona) - hipertensão

21 -α-Hidroxilase (progesterona a Deoxicorticosterona e Deoxicortisol) –

masculinização.

11- ß-Hidroxilase (deoxicorticosterona a corticosterona/deoxicortisol a

coirtisol) – retenção hídrica, hipertensão e masculinização.

5.3 Secreção de hormônios esteróides pelo córtex da adrenal

A partir de sinais hormonais os esteróides são secretados pelos tecidos onde

se originam. O córtex da adrenal é responsável por sintetizar os corticoesteóides e

os andrógenos e secretá-los no sangue.

A secreção do cortisol é controlada pelo hipotálamo que é ligada à hipófise. O

cortisol comumente responde eventos inflamatórios onde estão envolvidos

hormônios como corticotropina e seu liberador - CRH que são liberados em

situações de estresse.

A aldesterona e induzida pela diminuição da razão de sódio/potássio no

plasma pelo hormônio angiotensina II, também é secretada pelo córtex adrenal na

região da camada externa.

Os andrógenos são secretados tanto na camada interna como na camada

média do córtex adrenal principalmente a desidroepiandrosterona e a

androstenediona. Nos tecidos periféricos os andrógenos são convertidos em

testosterona e em estradiol.

5.4 Secreção de hormônios esteróides pelas gônadas

Os hormônios necessários para o desenvolvimento e físico e pela reprodução

são sintetizados nos testículos e nos ovários – as gônadas. Hormônios como a

corticotropina, luteinizante e o hormônio folículo estimulante atuam via receptores

Page 18: Trabalho de Bioquimica

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específicos na superfície celular. O LH estimula os testículos a produzirem

testosterona e os ovários a produzirem estrógenos e progesterona.

5.5 Mecanismo de ação dos hormônios esteróides

Os esteróides se ligam a um receptor específico citosólico ou nucleat através

da membrana plasmática de suas células-alvo. Depois de acumulados no núcleo

esses complexos receptor-ligante ligam-se a uma sequência de DNA,ativa o

promotor do gene, causando a transcrição.

5.5 Mecanismo de ação dos hormônios esteróides

Os hormônios esteróides geralmente são inativados no fígado e destinados à

excreção. As estruturas resultantes das reduções de ligações insaturadas são

transformadas em produtos mais solúveis e 20 a 30% desses metabólitos são

secretados nas na bile e excretados nas feses.

Page 19: Trabalho de Bioquimica

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CONCLUSÃO

Assim sendo, estamos cientes da grande importância do presente assunto,

por isso ressaltamos com riquezas de detalhes o processo de a síntese do colesterol

e sua degradação, apresentando conteúdos e conceitos para o esclarecimento a

respeito dos compostos orgânicos e inorgânicos, assim como estrutura e síntese dos

ácidos biliares, síntese e ação e ação da flora intestinal sobre os sais biliares,

circulação entero-hepática e deficiência de sais biliares: colelitíase.

Existem dois tipos de colesterol o HDL que limpa a sujeira do organismo e o

LDL que se infiltra nas paredes das artérias e causa a chamada aterosclerose. O

LDL pode ser um dos responsáveis pelo entupimento das artérias, infartos e

derrames cerebrais.

A melhor maneira de prevenção é o controle da alimentação e a mudança do

estilo de vida, verificando também a importância do colesterol como precursor de

todos os hormônios esteróides que foram apresentados.

Page 20: Trabalho de Bioquimica

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAMPE, Pamela C, Bioquímica Ilustrada – 4ª Edição – Porto Alegre:

Artmed 2009.

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