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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ANA CAROLINA DA SILVA Trabalho de Iniciação Científica A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NO TRANSPORTE INTERNACIONAL DE CARGAS PERIGOSAS NO MODAL AÉREO ITAJAÍ 2014

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ANA CAROLINA DA SILVA

Trabalho de Iniciação Científica A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NO TRANSPORTE INTERNACIONAL DE

CARGAS PERIGOSAS NO MODAL AÉREO

ITAJAÍ 2014

ANA CAROLINA DA SILVA

Trabalho de Iniciação Científica A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NO TRANSPORTE INTERNACIONAL DE

CARGAS PERIGOSAS NO MODAL AÉREO

Trabalho de Iniciação Científica desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Comércio Exterior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Prof. Leonardo Specorte Russi

ITAJAÍ 2014

Agradeço a Deus por me dar esta oportunidade, a minha família, meu

noivo e amigos pelo carinho e apoio para que pudesse completar esta

importante jornada. Também agradeço ao meu orientador pelo

comprometimento e auxílio durante a realização desse trabalho.

“Dizem que a vida é para quem sabe viver, mas ninguém nasce pronto. A

vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde

o bastante para aprender”. (Clarice Lispector)

EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário Ana Carolina da Silva b) Área de estágio Transporte Internacional c) Orientador de conteúdo Prof. Leonardo Specorte Russi d) Responsável pelo Estágio Prof ª MSc. Natalí Nascimento

RESUMO

Este trabalho apresenta uma visão sobre o transporte de cargas perigosas focado nas importações. A extensão do comercio internacional, e a demanda de produtos surgiu as exigências de prazos de entrega, e o modal aéreo como o meio mais eficaz de transporte transformou-se essencial para a evolução do comércio mundial. Além do que, a forma mais segura e rápida de transporte, as aeronaves podem transportar todos os tipos de cargas, inclusive as que apresentam perigo em potencial para o homem e ao meio ambiente, basta tomar as devidas precauções exigidas em âmbito nacional e internacional. Nesse contexto o objetivo geral deste trabalho é apresentar a importância da logística no transporte internacional de cargas perigosas no modal aéreo, no entanto os objetivos específicos foram alçados identificando o regulamento de cargas perigosas, apresentando os procedimentos, e enfatizando a importância da logística. Já a metodologia aplicada foi por meio de pesquisa qualitativa com meios de estudos bibliográficos, e com fins descritivos. As cargas perigosas possuem exigências especificas para cada classificação, e essas exigências são ordenadas por órgãos reguladores. O embarque deste tipo de carga possui um conjunto de normas padronizadas pela IATA international Air Transport Association. Conclui-se que o transporte de cargas perigosas necessita de uma logística diferenciada em todas as etapas, que agregará segurança no manuseio, na armazenagem e no carregamento. Palavras-chave: Transporte internacional. Modal aéreo. Cargas perigosas.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7 1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 8 1.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 8 1.3 Justificativa da realização do estudo ................................................................ 8 1.4 Aspectos metodológicos ................................................................................... 9

1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados ......................................................... 10

2 COMÉRCIO EXTERIOR .................................................................................... 11

2.1 Comércio exterior ........................................................................................... 11 2.2 Importação ...................................................................................................... 13 2.3 Logística ......................................................................................................... 16 2.3.1 Transporte ................................................................................................... 17 2.3.2 Transporte Marítimo .................................................................................... 19

2.3.3 Transporte Rodoviário ................................................................................. 20 2.3.4 Transporte Ferroviário ................................................................................. 21

2.3.5 Transporte Aéreo ........................................................................................ 22 2.3.5.1 Tipos de Aeronaves .................................................................................... 23

2.3.5.2 Equipamentos de unitização no transporte aéreo ...................................... 25 2.3.5.3 Conhecimento de embarque aéreo (AIR WAYBILL) ................................... 25

3 CARGAS PERIGOSAS NO TRANSPORTE AÉREO ......................................... 27 3.1 Cargas perigosas ........................................................................................... 27

3.2 Regulamentação de cargas perigosas ........................................................... 28 3.3 Procedimentos de cargas perigosas .............................................................. 30 3.3.1 Classificação ............................................................................................... 30

3.3.2 Etiqueta ....................................................................................................... 31 3.3.3 Embalagem ................................................................................................. 37 3.3.4 Marcações .................................................................................................. 37

3.4 Documentos ................................................................................................... 38 4 IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NO TRANSPORTE DE CARGAS PERIGOSAS 40

4.1 Infraestrutura brasileira ................................................................................... 42 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 46 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48

ANEXOS (Somente se houver no trabalho) .............................................................. 52 ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS ...................................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

Nas últimas três décadas, o transporte aéreo cresceu com rapidez, por ser um

transporte que reduz o tempo percorrido em longas distâncias. O transporte de

cargas inicio após a obsolescência de alguns aviões, e muitos começaram a ser

reaproveitados e adaptados para aviões cargueiros. Os aviões de cargas novos

podem ser comprados direto do fabricante, mas, geralmente, as empresas desse

segmento adotam aviões que foram de passageiros presentemente.

Há dois tipos de serviços de transporte de cargas, o primeiro é a expedição

por companhias aéreas, que além de transportarem passageiros com suas

respectivas bagagens, também fazem o uso do transporte de cargas

desacompanhadas. No outro caso é utilizado o avião cargueiro, um serviço regular

que explora apenas o transporte de carga.

O transporte aéreo necessita de muitas precauções, já que é essencial o fator

segurança para todos os envolvidos, de acordo com suas responsabilidades. As

cargas perigosas são mercadorias que apresentam perigo em potencial, sendo que

as características de periculosidade não as tornam seu transporte pelo ar perigoso,

desde que sejam tomadas as devidas precauções.

É dever do requerente de uma carga perigosa considerar o regimento do

transporte internacional de cargas aéreas devidamente regulamentadas pela IATA

International Air Transport Association, principalmente quando se refere às cargas

perigosas, onde há distinção no modo de embalar, manusear e armazenar.

A logística tem um papel importante no transporte de cargas perigosas, no

qual seu dever é possibilitar flexibilidade para desafiar as limitações impostas por

cada categoria de carga.

As cargas perigosas são divididas em nove classes, e cada categoria possui

restrições distintas, e peculiaridades no seu embarque. O transporte de cargas

perigosas possui padrões que devem ser cumpridos para que a carga chegue em

perfeitas condições no destino final, e não resulte em acidentes nas transições.

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1.1 Objetivo geral

O objetivo geral é apresentar a importância da logística no transporte

internacional de cargas perigosas no modal aéreo.

1.2 Objetivos específicos

Identificar o regulamento vigente de cargas perigosas no transporte aéreo

Apresentar os procedimentos de importação de cargas perigosas

Especificar a relevância da logística no transporte de cargas perigosas

1.3 Justificativa da realização do estudo

A finalidade do transporte é promover o desenvolvimento econômico pelo fato

de escoar bens e mercadorias. O transporte aéreo é o único capaz de movimentar-

se com tanta rapidez e confiabilidade, sendo assim, é notório o interesse das

empresas nas características desse modal.

A viabilidade deste artigo decorre do crescimento do transporte aéreo, e seus

benefícios e atrativos em proveito ao comércio internacional, baseando-se na

eficiência logística.

A pesquisa realizada teve a finalidade de salientar a importância da logística

no transporte de cargas perigosas, e identificar o regulamento e procedimentos

vigentes ao transportar carga com periculosidade.

Para a universidade, o presente trabalho foi uma fonte de pesquisa, e

recursos para futuros estudos a serem realizados sobre o assunto, já que este setor

esta em evolução no Brasil.

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Para a acadêmica foi de suma importância a realização deste artigo, o qual

permitiu o aprofundamento do estudo do transporte internacional de cargas

perigosas, e a busca de um mercado que requer profissionais especializados.

Para a sociedade, irá contribuir como base de dados, e fonte para obter

discernimento para futuros confrontos de procedimentos e informações desta área

que permanece em constante crescimento.

1.4 Aspectos metodológicos

O desenvolvimento deste trabalho apresenta método qualitativo, para que o

tema abordado possa conceder compreensão sobre os fatos citados.

De acordo com o Richardson (1999, p. 80) “Os estudos que empregam uma

metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema,

analisar a interação de certas variáveis e compreender e classificar processos

dinâmicos vividos por grupos sociais […]”.

Quanto aos meios, a pesquisa foi fundamentada pelo método bibliográfico

que segundo Köche (1997, p. 122): “[...] é a pesquisa que se desenvolve tentando

explicar um problema, utilizando o conhecimento disponível a partir das teorias

publicadas em livros ou em obras congêneres.”.

Para a finalidade, a pesquisa apresentada foi descritiva. As pesquisas

descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de

determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre

variáveis. (GIL, p. 42).

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1.5 Técnicas de coleta e análise dos dados

Os dados coletados deste trabalho se deram por meio de materiais

publicados, sites oficiais e artigos científicos que abordam o tema de forma

pertinente.

Após a coleta, os dados foram analisados e executados em forma de

descrição científica.

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2 COMÉRCIO EXTERIOR

Este capítulo abrangerá o comércio internacional e as relações entre os

países, inclusive constatar o início do comercio exterior no Brasil, e seu cenário atual

na importação, salientando a relevância do transporte, e da logística para o comércio

exterior brasileiro.

2.1 Comércio exterior

As trocas de mercadorias realizadas no passado impulsionaram o comércio

internacional da atualidade. Hoje as trocas são realizadas entre diversas nações, e

para que elas sejam favoráveis, é necessário que haja interesses mútuos entre as

partes, para que todos os relacionados adquiram algo que represente valor

econômico. Maia (2013, p. 2) ratifica dizendo, “Em épocas pré-históricas, as trocas

ocorriam entre habitantes da mesma tribo. Com a evolução do relacionamento

humano, o campo de ação das trocas amplia-se, sucessivamente, para as cidades,

nações e, finalmente, para o mundo.”.

Grieco (1994, p. 207) complementa, “[...] as trocas de mercadorias e a

prestação de serviços constituíram fator básico ao acúmulo dos recursos financeiros

essenciais à manutenção do equilíbrio dos balanços de pagamento.”.

O intercâmbio e a integração entre os países ultrapassaram barreiras,

surgindo assim o Comércio Exterior, tendo como principal função a comercialização

de bens e serviços, representados pela exportação e importação, simbolizando

venda e compra respectivamente.

[…] podemos considerar operação de compra e venda internacional como aquela que em dois ou mais agentes econômicos sediados e/ou residentes em países diferentes negociam uma mercadoria que sofrerá um transporte internacional e cujo resultado financeiro sofrerá uma operação de câmbio. (SOARES, 2004, p. 13).

O Estado executa no seu território a missão de regular e controlar as trocas

comerciais, bem como intervir nas atividades econômicas, sejam elas na importação

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como na exportação, segundo Sosa (1995 p. 33): “A regulamentação do comércio

exterior inscreve-se no contexto dos objetivos permanentes do Estado na promoção

do processo sócio-econômico-cultural da nação.”.

O mesmo autor afirma “O papel do Estado em Comércio Exterior pode ser

visto como o do negociador, no plano internacional, e como o do regulador, no plano

nacional.” (SOSA, 1995, p. 49).

As relações comerciais são vantajosas para todos os Estados, que permitirá a

abertura de fronteiras internacionais desenvolvendo tanto na produção interna

quanto na concorrência entre os produtos nacionais e importados, ocasionando a

estabilidade politica e progredindo a produtividade das empresas nacionais.

No cenário atual, o comércio tem sido visualizado como forma estratégica, ou

seja, os países não produzem somente para sua necessidade, mas também para

obter lucros com a finalidade de estimular o seu desenvolvimento. Iniciando-se a

circulação de capitais, e o fortalecimento da economia.

[...] são óbvias as vantagens da expansão do comércio pela racionalização da divisão internacional de trabalho, expansão e melhora dos padrões mundiais de consumo, transferência de tecnologia, e redistribuição de fluxos de capital e poupanças aos países em processo de desenvolvimento. (GRIECO, 1994, p. 207).

A partir do intensivo processo de globalização no século XX, eclodiu a

necessidade de implantação de um organismo internacional com o intuito de regular

a desigualdade comercial e econômica. Considerando seu objetivo fundamental a

liberalização comercial, diante deste fato, inicia-se oficialmente em janeiro de 1995 a

OMC (Organização Mundial do Comércio), sediada na cidade de Genebra na Suíça,

causando evidência no cenário mundial.

O Brasil ao tornar-se integrante da OMC, efetivou sua mudança comercial

vista pelo mundo. Essa visão alterada também foi influenciada pela sua integração

no BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e ainda com a sua peculiar

atenção no grupo G20 (Grupo dos países em desenvolvimento). O país também faz

parte do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), Sistema Geral de Preferências

(SGP), Organização das Nações Unidas (ONU), e da Associação Latino-americana

de integração (ALADI). Além de que o país pode executar várias atividades

econômicas, por possuir um vasto território e rico em recursos naturais.

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Atualmente, o Brasil possui relevância para economia Global, porém ainda é

considerado um pais em desenvolvimento e emergente, mas que o país busca

excessivamente pela expansão econômica. “[...] à história econômica verificamos

que o desenvolvimento econômico das nações vai-se processando sempre com a

ajuda do Comércio Exterior [...].”. (SILVA, 1987, p. 180).

2.2 Importação

A importação efetua-se por meio da entrada de bens ou serviços de origem

estrangeira no território nacional. O ato de importar segundo Keedi (2012, p.18): “[...]

é adquirir em outro país, ou trocar com este, mercadorias de seu interesse, que

sejam úteis à sua população e seu desenvolvimento, isto é, a entrada de bens

produzidos no exterior.”.

A necessidade da importação surgiu para que as empresa obtivessem no mercado externo outras opções em sua carteira de fornecedores, e consequentemente, diminuir os seus riscos de crise de mercado como aumento de preços e política governamental. (KEEDI, 2007, p. 23).

Nenhum país do mundo possui autossuficiência, mesmo o Brasil considerado

um dos maiores detentores de diversidades naturais. As importações brasileiras se

beneficiam na compra de bens/serviços diferenciados que pode ser encontrados em

abundância em certas localidades, ou para fins de concorrência de preço e produção

nacional.

No Brasil as normas de controle de fiscalização do Comércio Exterior estão

presentes na Legislação Aduaneira expostas no regulamento aduaneiro. Seus

órgãos gestores são: RFB (Receita Federal do Brasil) responsável pela

administração dos tributos da União, BACEN (Banco Central do Brasil) que atua no

sistema financeiro. “A SECEX normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e

avalia as atividades de comércio exterior. órgão específico singular do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, tem entre suas funções a condução

das políticas de comércio exterior e gestão do controle comercial. A SECEX

normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as atividades de comércio

exterior.”. (COMEXBRASIL)

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Figura 1: Principais Produtos Importados pelo Brasil Janeiro-Maio 2012.

Fonte: MDIC – Compilação www.desenvolvimento.gov.br 2013.

Conforme a figura 1 mostra-se a relação de produtos que se destacaram nas

importações brasileiras de 2012. Em primeira posição se destaca o petróleo bruto

com 6,36% isto expõe que o Brasil está longe da autossuficiência do petróleo e

derivados como óleo combustíveis com 3,34%, naftas com 2,41%, gasolina com

1,52% e o gás natural com 1,42% encontrado através das jazidas de petróleo.

O Brasil considerado um dos maiores exportadores de commodities, um

termo utilizado para produtos de matéria-prima que indispõe de industrialização,

entretanto na importação acontece ao contrario, muitos dos produtos que se

destacam são de maior valor agregado conforme figura 1.

Na figura 2 pode-se visualizar os principais mercados fornecedores do Brasil

de janeiro a maio de 2012, onde se percebem as maiores participações da Ásia,

especificamente da China localizada no Oriente Médio integrante junto do Brasil no

BRICS, União Europeia, América Latina e Caribe (Mercosul, demais da AL e

Caribe).

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Figura 2: Principais Mercados Fornecedores ao Brasil Janeiro-Maio 2012.

Fonte: MDIC – Compilação www.desenvolvimento.gov.br 2013.

No Gráfico 1 é possível identificar a evolução das importações brasileiras com

aumento de 464,6% em pontos percentuais de 2003 a 2012. Nota-se recessão de

US$ 45 bilhões em 2009, devido à crise econômica mundial decorrente do

desequilíbrio econômico nos Estados Unidos conceituado como potencia mundial.

Gráfico 1: Evolução das Importações Brasileiras – 2003-2012.

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Fonte: MDIC – Compilação www.desenvolvimento.gov.br 2013.

2.3 Logística

A logística é um ramo de gestão que prevê e provê recursos voltados ao

planejamento dinâmico e estratégico de armazenagem, movimentação e distribuição

de produtos, tendo como principal objetivo conceder as mercadorias a seu destino

final em tempo e custo reduzido, de forma segura. Sua função é reduzir estoques

aumentando o giro de mercadoria.

Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como serviços e informações associadas, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. (NOVAES, 2004, p. 36).

No Brasil, a logística é recente ema surgiu a partir dos anos 70, mas a prática

constante deu-se por meio da liberalização e estabilidade econômica brasileira na

década de 90, a partir daí, a logística começou a participar nas grandes e médias

empresas brasileiras. Atualmente, as empresas atuam de forma competitiva e

buscam disponibilidade de estoque. A logística entra, nesse sentindo, com sua

eficiência de gestão.

Vieira (2009, p.13) discorre a ideia de quando o Brasil tende a desenvolver-se

nesse setor “Segundo dados da ABML – Associação Brasileira de Movimentação e

Logística estima-se que, no Brasil, os custos logísticos representam até 18% do PIB,

cerca de 230 milhões de reais, enquanto nos Estados Unidos o percentual é de

apenas 11%.”.

O transporte é uma das operações mais importantes da logística que dá

movimentação no bem comercializado. Já a armazenagem é a atividade de apoio da

logística que controla o espaço físico, assim, todas as mercadorias ao serem

transportadas devem ser embaladas de forma segura para protegê-las de roubo,

avarias e possíveis riscos. No processo de armazenagem a unitização de carga

facilitará sua movimentação e armazenagem da carga. Segundo Keedi (2011, p. 67):

“A unitização de carga é o ato de juntar certa quantidade de pequenos, médios ou

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grandes volumes como caixas, sacos, etc., em uma unidade apropriada para

transformá-la em um volume maior [...]”.

As formas mais utilizadas para a unitização de carga são container marítimo e

o pallet. O container marítimo é um dos meios mais utilizados no manuseio de

cargas constituído por um material resistente que dá segurança no transporte da

mercadoria. Segundo Keedi (2011, p. 74): “O container marítimo pode ser definido

como uma caixa de metal, retangular, contendo portas e travas para seu

fechamento, e também lugares para colocação de lacres [...].”.

A respeito dos pallets Keedi afirma (2010, p. 69): “O pallet pode ser entendido

como qualquer estrutura própria para acomodação de carga, feito de madeira,

plástico, metal, fibra, papelão ou qualquer material que se adapte a seu proposito e

não interfira com a carga [...]”.

Com o passar do tempo e o uso inadequado do espaço surge a

armazenagem, com o intuito de agregar o sistema logístico, sendo um elo para

atender a demanda causada pelos mercados. A armazenagem compreende-se em

atividades que integram o processo de entrada e saída de produtos. Ballou afirma

(2012, p. 152): “Armazenagem e manuseio de mercadorias são componentes

essenciais do conjunto de atividades logísticas.”.

As cargas podem ser divididas em carga geral e carga a granel, sendo que a

carga geral pode ser solta ou unitizada, já a carga a granel pode ser líquida ou

sólida. O operador logístico deve ter o conhecimento de qual tipo de carga será

transportada, visto que existem convenções internacionais que impõem direitos e

deveres a serem cumpridos de acordo com cada tipo de carga. Os tipos de cargas

são: normais, frágeis, perecíveis, de dimensões ou pesos em excesso e cargas

perigosas.

2.3.1 Transporte

Com progresso do comércio exterior, faz-se necessário salientar a

importância do transporte internacional, e sua parte fundamental na constituição dos

custos dos bens comercializados, um meio essencial para o desenvolvimento do

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comércio exterior. Segundo Vieira (2009, p. 13): “O transporte nada mais é do que o

translado de uma mercadoria de um lugar ao outro e sua necessidade está

diretamente relacionada com as atividades de comércio.”.

As mercadorias geralmente não são produzidas no local onde são

consumidas. Para vencer a distância entre produtores e consumidores, os produtos

devem ser transportados e estocados em depósito. (Ballou, 2012).

Os modais utilizados no transporte podem ser: marítimo, rodoviário, ferroviário

e aéreo. Cada modal possui sua peculiaridade, porém a escolha irá depender da

mercadoria transportada, já que algumas mercadorias possuem necessidades

especificas.

Segundo Rodrigues (2004) para a escolha correta do modal deve-se entender

e analisar todas as variáveis envolvidas para melhor atender às complexas

necessidades decorrentes das transações comerciais locais, regionais e

internacionais.

No transporte, existem operações especiais que utilizam mais de um meio de

transporte conhecidas como intermodalidade, multimodalidade e transbordo. A

operação que utiliza apenas um único modal é chamada de unimodal. Segundo

Keedi (2011, p. 63): “É comum sua utilização para transporte de mercadorias entre

países fronteiriços, no mesmo continente ou entre continentes vizinhos e limítrofes,

ainda que se transite por um terceiro pais.”.

A intermodalidade utiliza-se de mais de um modo de transporte, porém cada

modalidade exige a emissão do conhecimento de embarque emitido pelo

transportador. Segundo Keedi (2010, p. 125): “É o documento que será utilizado pelo

importador para retirada e tomado de posse da mercadoria no local de destino.”.

Compreende-se por multimodalidade o transporte de certa mercadoria

utilizando mais de um modo de transporte. As empresas que praticam a

multimodalidade assumem a responsabilidade de transportar certa mercadoria

desde sua origem até o destino final considerando apenas um conhecimento de

embarque.

Já o transbordo é a transferência de um veículo ao outro utilizando o mesmo

documento emitido, ou seja, se inicia por um veículo e finaliza em outro.

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2.3.2 Transporte Marítimo

O transporte marítimo é definido como transporte aquaviário segundo Keedi

(2010, p. 53): “Transporte aquaviário é a navegação realizada por navios, barcos,

barcaças [...].”.

De acordou com Vieira (2009 p. 33): “Foi o tráfico de escravos da África e

com as migrações da Europa para a América que o transporte de cargas passou a

diferenciar-se do transporte de passageiros”.

Rodrigues (2004, p.17) descreve o fato que deu inicio a criação dos navios:

“Durante a Revolução Industrial, a invenção da máquina a vapor e a substituição de

madeira pelo aço possibilitaram a construção de embarcações cada vez maiores,

barateando os custos do transporte sobre as água.”.

A antecipada evolução do transporte marítimo foi estimulada pela população

litorânea, e zonas fluviais tornando-se referência cultural e econômica. Antigamente

os barcos eram movidos pelo vento, após o avanço da tecnologia da energia a vapor

surgiu o primeiro barco a propulsão que facilitou os desenvolvimentos posteriores.

O meio de transporte mais utilizado na comercialização internacional é o

transporte marítimo, pois possui poucas restrições de embarque e há grande

capacidade de carga com baixo custo, porém tem a desvantagem do tempo

percorrido. De acordo com Keedi (2011 p. 92): “A navegação marítima tem sido a

mais importante forma de transporte de carga em toda a história da humanidade.”.

Para a viabilidade deste transporte é necessário infraestrutura portuária para

a carga e descarga dos navios, armazenamento das cargas, alteração de modal e o

incremento de atividades comerciais ligadas ao transporte. Segundo Vieira (2009 p.

21): “Define-se porto como um espaço de terra e agua provido de instalações e

equipamentos que permitam o acolhimento de navios [...]”.

Denomina-se Longo Curso ao transporte marítimo internacional, abrangendo

tanto os navios que oferecem serviços regulares (liners) quanto os de rotas

irregulares (tramps). (Rodrigues, 2007, p. 91).

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2.3.3 Transporte Rodoviário

O transporte rodoviário é realizado em ruas, estradas e rodovias por meio de

veículos automotores. Segundo Mendonça e Keedi (1997) “No final do século XIX, o

homem criou a indústria automobilística, que trouxe o caminhão.”.

Os principais equipamentos utilizados no modal rodoviário são: caminhões

plataformas, caminhões baú, caminhões tremonha ou basculhante, caminhões

aberto, caminhões tanque, caminhões graneleiro ou silo, semi-reboques, treminhões

semi-reboques e reboques

No Brasil, a partir do governo de Juscelino em 1950, nasceram as indústrias

automobilística e as pavimentações ao longo do território, que as tornaram possível

o uso do transporte rodoviário.

Atualmente, este meio de locomoção mostra uma caraterística flexível que o

diferencia dos demais modais, que é a habilidade de se movimentar em qualquer via

podendo alterar sua rota, mas suas desvantagens são alto custo, pouca capacidade

de carga e adversidades com relação à segurança. “A rápida ampliação da

infraestrutura rodoviária explica-se pelo menor custo de implantação por quilometro

e menor prazo de maturação do que o correspondente na malha ferroviária.”.

(Rodrigues, 2007, p. 47).

Este modal é considerado um dos mais utilizados tanto na importação quanto

na exportação, por possuir disponibilidade de transportar qualquer tipo de carga, e é

adequado para viagens de curta distância segundo Keedi (2011, p.161): “Sua

capacidade de redução de manuseios é de ir até onde a carga precisa ser

embarcada, bem como fazer sozinho um transporte, é um grande atrativo”.

Inúmeros estudos internacionais, inclusive alguns deles ratificados pela Associação Brasileira de Logística, comprovam matematicamente que, em distâncias superiores a um raio máximo de 500 km, o transporte rodoviário torna-se antieconômico pelo elevado custo energético. (RODRIGUES, 2007, p. 49).

O fácil acesso ao modal rodoviário é um dos seus pontos fortes, o mesmo

autor ratifica Rodrigues, (2011, p.161): “Apresenta-se como veículo ideal para

auxiliar os demais modos, que não conseguem conviver sem ele.”.

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2.3.4 Transporte Ferroviário

O transporte ferroviário de acordo com Keedi (2011, p. 167): “significa o modo

de transporte com os veículos circulando em vias com uma superfície de rolamento

formada por um par de trilhos equidistantes.”.

A ferrovia é basicamente um transportador de longas distâncias e baixa

velocidade para matérias-primas (carvão, madeira, produtos químicos) e para

produtos manufaturados de baixo custo (alimentos, papel e produtos florestais), e

prefere mover cargas completas (BALLOU, 2006).

A vantagem do transporte ferroviário é a grande quantidade de carga que

pode ser transportada em longas distancias com pouca restrição de embarque. Já a

desvantagem é baixa velocidade sujeita a roubo. Segundo Keedi (2011, p. 167):

“Significa um modo de transporte com os veículos circulando em vias com uma

superfície de rolamento formada por um par de trilhos equidistantes”.

De acordo com Rodrigues (2004, p. 57): “[...] o gênio empreendedor de Irineu

Evangelista de Souza – Barão de Mauá – implantou em 1854 a primeira ferrovia do

Brasil – a Estrada de Ferro de Mauá, com 15 km de extensão, ligando a Praia da

Estrela e Petrópolis.”.

Aproximadamente entre 1870 e 1930 as ferrovias brasileiras desempenharam um papel decisivo no escoamento de produtos agrícolas – sobretudo o café – do interior para os portos, articulando-se logisticamente com a navegação de longo curso. (RODRIGUES, 2004 p. 57).

Este modal tem pequena participação na América-Latina, contudo traria

muitas vantagens. No Brasil, traria benefícios a infraestrutura e aos agricultores

localizados no interior do país que transportariam seus produtos até os portos e

centros urbanos e para o escoamento de mercadorias para todo o país.

No Brasil existe a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários –

(ANTF) que é uma entidade civil sem fins lucrativos, de âmbito nacional, cujo fim é

promover o desenvolvimento e o aprimoramento do transporte ferroviário do país.

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2.3.5 Transporte Aéreo

O transporte aéreo realizado por aeronaves surgiu no século XX, é

considerado o meio de transporte mais recente, e o que mais rápido se desenvolveu.

Segundo Vieira (2009, p. 115): “A principal vantagem do transporte aéreo é a sua

maior rapidez [...].” O mesmo autor afirma (2009, p. 115): “[...] a principal

desvantagem do transporte aéreo refere-se à sua pouca capacidade de carga,

devido ao pequeno espaço disponível nas aeronaves.”.

O setor aéreo pode ser executado em território nacional (doméstico) e

internacional definido como continental e intercontinental respectivamente. Apesar

de ser dividido em atividades internacionais e nacionais, o transporte aéreo segue o

mesmo padrão tanto para o transporte de cargas, quanto para o de passageiros.

O setor aéreo é regulado pela associação internacional de transporte aéreo

em âmbito internacional Vieira afirma (2009 p. 116): “[...] a IATA (International Air

Transport Association), associação de caráter comercial que reúne empresas de

todo o mundo.”.

Keedi e Mendonça afirmam que a IATA (2010, p. 151): “[...] regula o

transporte aéreo, e aos quais as empresas e os agentes de carga são filiados”. A

missão da IATA é promover segurança no transporte aéreo padronizando este setor

que está ainda em grande evolução, de acordo com Vieira (2009) os interesses da

IATA são: defender os interesses de seus representantes que atualmente são 240

membros. Esses membros são empresas que exploram o setor aéreo, divididas em

internacionais consideradas membros ativos e as domésticas conhecidas como

membros associados.

Outro órgão que atua em âmbito internacional é a ICAO, organização de

aviação civil internacional (Internacional Civil Aviation Organization), fundada em

1944 na convenção de Chicago por 52 Estados, para fomentar o desenvolvimento

seguro da aviação civil. A ICAO estabelece o objetivo de que seus membros podem

criar e preservar a paz entre as nações, ou seja, todos os membros devem praticar o

princípio da paz, pois ela é também uma agência das Organização das Nações

Unidas (ONU). Hoje a ICAO conta com 191 membros que cooperam com o domínio

da aviação civil.

23

No Brasil, o transporte aéreo é regulamentado pelo governo federal, por meio

dos seguintes órgãos Ministério da Aeronáutica responsável pela navegação aérea e

aeroportos do Brasil, ditando as normais a serem seguidas pela ANAC (Agência

Nacional da Aviação Civil), e estruturado pela INFRAERO (Empresa Brasileira de

Infraestrutura Aeronáutica), empresa estadual responsável pela administração e

construção dos aeroportos.

2.3.5.1 Tipos de Aeronaves

As aeronaves utilizadas no transporte de carga são basicamente três tipos:

full cargo, combi e full pax. De acordo com Vieira (2009) As aeronaves Full cargo

conhecido como avião cargueiro conforme figura abaixo são destinadas

exclusivamente para o transporte de cargas, visto que apresentam grande

quantidade de arqueação bruta, conforme figura 3.

Figura 3 – Aeronave Full Cargo

Fonte: Airliners

A figura 4 mostra uma aeronave do tipo combi conhecida como aeronave

mista utilizada tanto no transporte de cargas quanto de passageiros, normalmente

são aeronaves de grande porte, que o aproveitamento de seu espaço é utilizado de

acordo com sua configuração.

24

Figura 4 – Aeronave Combi

Fonte: Alaskaworld

As aeronaves do tipo full pax, conforme figura 5, também têm o espaço físico

também é dividido entre passageiros e cargas, mas esse tipo de aeronave é

exclusivo para passageiros. Os passageiros são acomodados na parte superior, e

suas bagagens na parte inferior no porão da aeronave.

Figura 5 – Aeronave Full Pax

Fonte: Azul Linhas Aéreas

25

2.3.5.2 Equipamentos de unitização no transporte aéreo

Os equipamentos utilizados no transporte aéreo são chamados de ULD –

(Unit Load Devices) que podem ser containers ou pallets se distinguem pelo seu

formato ou tamanho.

Esse equipamento dispõe de grande variedade de tamanho e forma com

mensuração em polegadas. Segundo Keedi e Mendonça (2000, p. 161): “Os ULDs

não podem transportar artigos submetidos a restrições no manual de cargas

perigosas, animais vivos, carga valiosa e restos humanos.”.

De acordo com Keedi e Mendonça (2000) existem dois tipos de ULDs aqueles

que fazem parte do equipamento da aeronave conhecidos como Aircraft ULDs, e o

ULD comum que não faz parte do equipamento da aeronave, e não se adequam a

mesma que deve conciliar as especificações da IATA.

2.3.5.3 Conhecimento de embarque aéreo (AIR WAYBILL)

O transporte aéreo de carga é documentado por meio do conhecimento de

embarque AWB (AIR WAYBILL). Esse documento possui algumas finalidades,

segundo Keedi e Mendonça (1997). O conhecimento de carga aéreo internacional

serve como contrato de transporte entre transportador e embarcador, prova de que a

carga foi recebida. Tem caráter de fatura de frete, título de crédito e certificado de

seguro, em casos em que o exportador solicita seguro da carga.

O conhecimento de embarque inicia-se após sua emissão e assinatura, em

seguida o embarcador recebe a carga, e o contrato finaliza-se na entrega ao

destinatário.

O exportador é responsável por todas as informações disponíveis no AWB,

inclusive a aplicação dos padrões da IATA. De acordo com Keedi e Mendonça

(1997, p. 117): “[...] devem constar todos os dados da mercadoria, voo, cálculo do

frente, tipo de tarifa utilizada dentro do código IATA, que vão paldar o pagamento do

frete.”.

26

Esse documento deve ser preenchido na sua totalidade, de acordo com os

campos solicitados, e mencionar entre outras coisas, o voo, data e empresa aérea;

os aeroportos de partida, de trânsito e de chegada; nome e endereço do

transportador, do expedidor e do destinatário da mercadoria; descrição da

mercadoria e suas quantidades e peso, moeda e taxa cambial, valor do seguro (se o

mesmo foi feio pelo transportador e pedido do embarcador), valor declarado para

transporte ou para efeitos alfandegários etc. (KEEDI; MENDONÇA, 1997, p.119)

Keedi afirma (2012, p. 133): “No transporte aéreo é o air waybill – AWB,

podendo se transformar no house air waybill – HAWB e master air waybill – MAWB

se a carga for consolidada”.

No processo de importação o Brasil utiliza o sistema MANTRA (Manifesto de

Trânsito Aduaneiro e Armazenamento), para acompanhar a chegada da carga no

aeroporto de destino, e em zonas secundárias. Esse sistema autoriza o importador e

seu representante legal a acompanhar o andamento da disponibilização da carga

importada. Logo na chegada a companhia aérea disponibiliza o registro da chegada

da carga no MANTRA e apresenta a carga para vistoria e vigilância da Receita

Federal do Brasil, o importador deve consultar o sistema mantra por intermédio do

número máster do AWB.

Após a checagem da RF o agente de carga realiza a separação do AWB

máster em vários lotes, e cada lote possui um AWB house, ou seja, os agentes de

carga praticam a chamada desconsolidação para vários importadores.

O agenciamento de carga aérea só pode ser explorado através de

autorização deferida pelo Departamento de Aviação Civil. As companhias aéreas

internacionais emitem o MAWB e os agentes de carga emitem o HAWB que são

vários embarcadores que consolidam suas cargas.

Segundo Keedi e Mendonça (1997) O AWB é composto por três vias originais

e nove copias dos originais são distinto pelas cores: via verde para o transportador

emissor, via rosa para o destinatário, e a última azul para o expedidor. As nove

cópias serão para: recibo de entrega, aeroporto de destino, agente, alfandega,

primeiro segundo e terceiro transportador e duas vias extras.

27

3 CARGAS PERIGOSAS NO TRANSPORTE AÉREO

Este capítulo compreende o transporte aéreo de cargas perigosas exibindo

procedimentos realizados na importação, frisar a legislação internacional e nacional

vigentes, e por fim destacar a relevância da logística para o transporte aéreo de

cargas perigosas, principalmente os líquidos inflamáveis.

3.1 Cargas perigosas

As cargas perigosas de acordo o portal do transportador de carga “São

substâncias encontradas na natureza ou produzidas por qualquer processo que

coloquem em risco a segurança pública, saúde de pessoas e meio ambiente.”.

Muitas mercadorias de aparência inocente poderão ser perigosas, devendo- se tomar o máximo cuidado no seu transporte e solicitar autorização à empresa aérea para seu embarque. Algumas delas são comuns, podendo ser mencionadas aqui, como os aerossóis, materiais bélicos, barômetros (podem conter mercúrio); baterias (podem conter ácidos); materiais de branqueamento/alvejamento; aparelhagem de respiração (com cilindro de gás comprimido); partes de carro (baterias, tintas de celulose etc.); gelo seco; equipamentos elétricos; inseticidas (inflamáveis); vacinas etc. (KEEDI; MENDONÇA, 1997, p. 124 e 125).

Todos os responsáveis devem cumprir as regras estabelecidas pela IATA, e

pela ICAO. A carga perigosa pode ser transportada apenas por operadores de

transporte aéreo autorizados pela ANAC, de acordo com Keedi (2011, p. 147): “As

cargas perigosas sofrem restrições rígidas, precisando ser autorizadas pelas

empresas.”.

Quando a autorização da empresa for aceita, o exportador deve informar ao

operador os possíveis riscos e as exigências aplicáveis. A aceitação da carga não

dispensa o operador da verificação se aquele tipo de carga pode ser transportado

por aeronaves. Segundo a ANAC (2011) “As informações devem ser legíveis e

exibidas em locais onde possam ser vistas”. A carga perigosa deve ser

acompanhada da declaração do expedidor mostrando que a carga está adequada

para seu transporte, esta declaração deve ser assinada e datada pelo expedidor.

28

O autor (KEEDI, 2011) expõe os documentos que acompanham as cargas

perigosas: declaração do embarcador, ficha de emergência, certificado da empresa

produtora da embalagem e atestado de produto aeronáutico aprovado.

Toda companhia aérea parte do princípio da segurança e de forma correta

deve acatar todas as regras, sendo assim, todos os indivíduos envolvidos devem

manter-se cientes de todas as regulamentações inerentes ao transporte de cargas

perigosas, inclusive as orientações de que todos os profissionais que lidam com este

tipo de carga tenham treinamentos adequados.

A IATA como fonte de segurança, porém de caráter comercial fornece

mundialmente o manual para manuseio de cargas perigosas o DGR “DANGEROUS

GOODS REGULATIONS”, que auxilia a todos os envolvidos, principalmente as

companhias aéreas.

De acordo com a ANAC (2011) as cargas perigosas só podem ser

transportadas em aeronaves com peso máximo de decolagem aprovado igual ou

inferior a 5.670 kg, e devem estar alocadas em lugares inacessíveis a pessoas que

não façam parte de tripulação, sendo assim, a carga não pode ser transportada na

cabine de comando e junto dos passageiros em casos de aeronaves mistas ou full

pax. Sempre que houver troca de piloto, o novo piloto deve ser notificado da

existência de qualquer substância que possa trazer perigo, sendo por escrito, pelo

documento chamado NOTOC.

3.2 Regulamentação de cargas perigosas

De acordo com VIEIRA (2003, p.116) “o principal órgão regulador do

transporte aéreo em âmbito internacional é a IATA, associação de caráter comercial

que reúne empresas e agentes de todo o mundo.”.

As funções da (IATA) de acordo com (KEEDI E MENDONÇA, 2003) são:

Garantir a segurança na prestação de serviços aéreos.

Prestar orientação quanto à construção e modernização de aeroportos.

Defender interesses de seus representados.

Estimular a colaboração entre as empresas de aviação civil.

29

Tornar viável as rotas aéreas, garantindo a realização de um transporte

aéreo regular no âmbito internacional.

A IATA estimula além da segurança a colaboração de empresas aéreas

garantindo a viabilidade de rotas aéreas e estabilidade nas tarifas de frentes tanto no

transporte de passageiros quanto no de cargas.

A IATA não tem caráter politico, mas comercial, trabalhando pelo interesse de seus associados bem como dos usuários do transporte aéreo. A participação das companhias aéreas na IATA é voluntaria, porem a empresa que não fizer parte do grupo não terá a assistência e facilidade encontrada pelas associadas. Isto em face de não contar com a estrutura e os Estabelecer tarifas de fretes uniformes entre as companhias associadas segundo instrumentos disponíveis da organização. (KEEDI E MENDONÇA, 2003, p. 152)

De acordo com a ANAC o transporte de artigos perigosos em aeronaves civis

brasileiras ou estrangeiras com origem, destino, trânsito e sobrevoo em território

brasileiro, bem como a embalagem, a identificação, o carregamento e o

armazenamento desses artigos, ficam condicionados aos cuidados e restrições

previstos da Organização da Aviação Civil Internacional – ICAO através do anexo

18, elaborado nos anos 80, pela necessidade de uma aplicação regulamentada em

âmbito internacional, garantindo a segurança do transporte aéreo internacional de

cargas.

A IATA fundamentou-se do anexo 18 da ICAO e de sua regulamentação para

a criação do manual DGR que compreende as práticas especifica de como

embarcar, transbordar e desembarcar cargas perigosas.

No Brasil, a ANAC segundo KEEDI (1997, p. 114): “[...] departamento ligado

ao Ministério da Aeronáutica, que controla a aviação nacional e internacional no

país, regulamentando e instrumentalizando as normas internacionais da aviação civil

internacional.”.

A ANAC substitui o Departamento de Agência Civil (DAC) que atuou até 1999.

“[...] vinculada à Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, é uma

autarquia especial, caracterizada por independência administrativa, autonomia

financeira, ausência de subordinação hierárquica e mandato fixo de seus dirigentes,

que atuam em regime de colegiado.”. (ANAC)

A Infraero segundo Vieira (2009, p. 117) “[...] Empresa Brasileira de

Infraestrutura Aeroportuária, encarregada da construção e administração dos

aeroportos do Brasil [...]”

30

3.3 Procedimentos de cargas perigosas

A imensa gama de produtos perigosos existentes no mercado, levou ao

desenvolvimento de procedimentos específicos para o transporte de cargas

perigosas, que devem proporcionar melhores condições de proteção, de modo que

minimize as consequências de contingências. Os procedimentos devem concluir

maior segurança, e prover o fácil reconhecimento do tipo de carga, sendo

classificada, embalada e marcada em condições internacionais.

3.3.1 Classificação

No regulamento a ANAC (2011) expõe o “número da ONU significa número

de quatro dígitos designado pelo Comitê de Peritos em Transporte de Artigos

Perigosos das Organizações das Nações Unidas – ONU que serve para identificar

uma substância ou um determinado grupo de substâncias.”. A carga perigosa se

divide em Classes, que também podem ser subdivididas devido à grande quantidade

de produtos e riscos. São assim divididas e subdivididas:

Classe 1 - Explosivos. - Divisão 1.1 - São artigos e substâncias que possuem um risco de explosão de massa, isto é, uma explosão virtualmente instantânea de toda a carga; - Divisão 1.2 - São artigos e substâncias que possuem uma projeção, mas não uma explosão de massa; - Divisão 1.3 - Artigos e substâncias que possuem um risco de fogo, um risco pequeno de explosão ou um risco pequeno de projeção, mas não um risco de explosão de massa; - Divisão 1.4 - Artigos ou substâncias que não apresentam risco significante; - Divisão 1.5 - Substâncias muito pouco sensíveis que possuem um risco de explosão de massa; - Divisão 1.6 - Artigos muito pouco sensíveis que não possuem um risco de explosão de massa.

Classe 2 - Gases. - Divisão 2.1 - Gases Inflamáveis; - Divisão 2.2 - Gases não inflamáveis e não tóxicos;

31

- Divisão 2.3 - Gases Tóxicos.

Classe 3 - Líquidos Inflamáveis. Esta classe não possui divisões.

Classe 4 - Sólidos Inflamáveis, substâncias passiveis de combustão espontânea, substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis.

- Divisão 4.1 - Sólidos inflamáveis; - Divisão 4.2 - Substâncias passíveis de combustão espontânea; - Divisão 4.3 - Substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis.

Classe 5 - Substâncias Oxidantes e Peróxidos Orgânicos. - Divisão 5.1 - Oxidantes; - Divisão 5.2 - Peróxidos Orgânicos.

Classe 6 - Substâncias tóxicas e Infecciosas. - Divisão 6.1 - Substâncias Tóxicas; - Divisão 6.2 - Substâncias Infecciosas.

Classe 7 - Material Radioativo. Esta classe não possui divisões.

Classe 8 - Corrosivos. Esta classe não possui divisões.

Classe 9 - Miscelâneas. Esta classe não possui divisões.

3.3.2 Etiqueta

A etiqueta supre a importância da identificação da carga, principalmente se

referindo a cargas perigosas. Ela auxilia a compreensão do tipo de mercadoria

transportada, para que todos os envolvidos consigam identifica-las e que possam

evitar risco, ou até mesmo a falta de identificação durante o trajeto.

De acordo com a ANAC (2011): “A etiquetagem das embalagens será feita

com as etiquetas de risco – equivalentes às nove classes de perigo – e com as

etiquetas de manuseio [...].”.

O exportador é responsável por averiguar as etiquetas necessárias, e

certificar-se que a etiqueta seja classificada conforme a carga transportada, se

adequando em forma, cor, símbolo e texto, sendo que a etiqueta deve ser adesiva e

de durabilidade, inclusive fixa-las nas posições corretas e de forma segura, para que

o transportador identifique-as. Antes da etiquetagem deve ser notado se há alguma

etiqueta anterior, e elimina-la. Existem dois tipos de etiquetas, a de risco que toda

carga perigosa deve conter de acordo com sua classificação, que são as seguintes:

32

Figura 6 – Classe 1 - Explosivos

Fonte: Moppbrasil

Figura 7 – Classe 2 - Gases

Fonte: Moppbrasil

33

Figura 8 – Classe 3 – Líquidos inflamáveis

Fonte: Moppbrasil

Figura 9 – Classe 4 – Sólidos Inflamáveis

Fonte: Moppbrasil

Figura 10 – Classe 5 – Substancias oxidantes

Fonte: Moppbrasil

34

Figura 11 – Classe 6 – Substancias toxicas

Fonte: Moppbrasil

Figura 12 – Classe 7 – Material radioativo

Fonte: Moppbrasil

Figura 13 – Classe 8 – Corrosivos

Fonte: Moppbrasil

35

Figura 14 – Classe 9 – Miscelâneas

Fonte: Moppbrasil

O segundo tipo de etiqueta é a de manuseio conforme figuras 15 e 16

requeridas para algumas cargas perigosas que devem ser fixadas de forma visível

que não confunda com a etiqueta de risco. Elas servem para evitar acidentes, pois

elas indicam informações de onde a carga deve ser alocada e agrega informações

ao transportador. O expedidor deve notar que a carga embarcada em ULDs também

deve ser etiquetada conforme descrito.

Para a ANAC (2011): “Os quadros demonstrativos das etiquetas de risco e

manuseio de artigos perigosos deverão ter dimensões mínimas de 100 cm x 150 cm

[...].”. As etiquetas devem ser adquiridas em fabricantes homologados, de acordo

com Keedi (2011, p.183): “[...] a homologação é dada peto CTA – Centro

Tecnológico da Aeronáutica. A habilitação de um agente de carga aérea para

trabalhar com carga perigosa somente é dada pela ANAC [...]”.

As etiquetas apresentadas devem ser utilizadas em cargas conforme suas

restrições. Segundo a figura 15 apresentam-se as seguintes etiquetas: cargas

magnéticas, cargas que podem ser embarcadas apenas em aeronaves cargueiras,

cargas que não podem ser viradas, cargas contendo líquidos em temperaturas muito

baixas, carga que contenha substância auto-reativas, cargas que devem ficar longe

do calor, carga danificada e por fim as cargas radioativas.

36

Figura 15 – Etiquetas de manuseio

Fonte: ANAC 2011

Figura 16 – Etiquetas de manuseio

Fonte: ANAC 2011

37

3.3.3 Embalagem

Com a sucessão de produtos perigosos e diversificados, o desenvolvimento

das embalagens necessitou de adaptações para cada tipo de carga. Keedi (2011, p.

183): Mercadorias perigosas devem ser tratadas e manipuladas adequadamente, por

isso, precisam ter embalagens especiais, sempre dependentes do grau de risco

apresentado. As embalagens dividem-se em:

Grupo de embalagem I – substâncias que apresentam alto riscos.

Grupo de embalagem II – substâncias que apresentam riscos médios.

Grupo de embalagem III – substâncias que apresenta baixo riscos.

Toda carga perigosa embarcada de acordo com Keedi (2011, p.185) deve

acompanhar o: “Atestado de Produto Aeronáutico Aprovado, emitido pelo Centro

Aeroespacial aprovando a embalagem, para caso de embarque aéreo.”.

São determinadas pela ANAC as embalagens utilizadas em aeronaves:

tambor, bombona, caixa, saco. As embalagens devem ser compostas dos seguintes

materiais: aço, alumínio, madeira natural, compensado, madeira reconstituída,

papelão, material plástico, têxtil, papel multicapa, metal e vidro. As sobre

embalagens também são usuais na importação de cargas perigosas, para tornar

vários volumes em uma única unidade, e também faz o uso das etiquetas e

marcações.

As embalagens serão aceitas, desde que estejam em conformidade para um

transporte seguro e acompanhada dos documentos necessários.

3.3.4 Marcações

Segundo (MEDONÇA, KEEDI, 2007): A marcação de volumes é a

identificação das mercadorias e do lote a ser embarcado, que permite a

individualização das mesmas trazendo a todos os envolvidos, o fácil reconhecimento

da mercadoria, evitando confusão, mistura de cargas, extravios, etc.

38

A ANAC afirma que o exportador é responsável pelas marcações de volumes,

as marcações de volumes são que dividas em dois tipos. O primeiro tipo é para as

embalagens homologadas e o segundo para as embalagens, não homologadas, e

devem reunir os requisitos abaixo:

As marcas que identificam o desenho ou a especificação de uma embalagem,

independente de sua utilização para um embarque, isto é, independente de seu

conteúdo, expedidor, consignatário, etc., devem reunir os seguintes requisitos de

especificação;

para embalagens de quantidades limitadas (LTD QTY), não se requer marcas

de especificação de embalagem; e

as marcas que identificam o uso de uma embalagem, para um embarque

particular, por exemplo, indicação do conteúdo, expedidor, consignatário etc.

A ANAC exige alguns requisitos para as marcações nas embalagens e sobre

embalagens que são: todas as marcas devem ser colocadas em locais que não

sejam cobertos por qualquer parte da embalagem ou qualquer outra marca ou

etiqueta e as marcações devem ser resistentes, e não perder sua efetividade

quando expostas à água; os líquidos inflamáveis devem ser marcados com a

quantidade líquida da carga; orientação de posição (etiqueta ou flechas) com as

palavras "Keep Upright, Do not Drop - Handle With Care" (manter em pé, não deixar

cair - tratar com cuidado) para gases liquefeitos refrigerados; o nome completo de

expedidor e destinatário e o número "UN" de identificação.

3.4 Documentos

Na importação de cargas perigosas é obrigatório o acompanhamento de

alguns documentos exigidos em âmbito nacional e internacional que são:

Conhecimento de embarque.

Declaração do expedidor de artigos perigosos.

Copia do APAA “Atestado de produto aeronáutico aprovado”.

Certificado de conformidade da empresa produtora da

embalagem.

39

Certificado emitido pela autoridade estrangeira homologando a

embalagem, para que seja apresentado ao Instituto de Fomento

Industrial do Centro Técnico Aeroespacial para cadastro, antes

de ser utilizada no transporte nacional.

Assim que a carga perigosa chegar ao terminal de logística de carga o

operador do terminal deve checar os documentos exigidos, e principalmente se

estão padronizados, de acordo com as normas nacionais e internacionais.

Os documentos exigidos darão mais segurança ao transporte de cargas

perigosas, visto que, todas as informações da carga estarão disponíveis para

consulta, mesmo que aconteça algum incidente de remoção de etiqueta, os

documentos trarão todas as informações necessárias.

40

4 IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NO TRANSPORTE DE CARGAS PERIGOSAS

Segundo Hara (2005, p. 17): “Etimologicamente “logística” é oriunda do

radical grego logos, que significa razão. Pode se depreender disso que a logística

implica “a arte de calcular” ou a manipulação dos detalhes de uma operação.”.

Hara (2005, p. 18) indica como a logística iniciou-se no campo militar para

designar atividades de suprimentos, estocagem, movimentação e transporte de bens

como remédios, uniformes e tropas. A logística se desenvolveu após Segunda

Guerra Mundial e se moldando nos dias atuais.

A prática foi incorporada em novos destinos, expandindo para as indústrias,

serviços e comércio. Em visão abrangente, a acelerada evolução tecnológica,

modificou a fragmentação da produtividade. O deslocamento de matéria prima e

produtos acabados aumentaram consideravelmente no Brasil e no mundo, a partir

da década de 90, com a intensificação da globalização e da tecnologia. Para

Ludovico (2002, p. 2): “A importância da globalização da economia é tão grande e se

faz presente de maneira tão intensa no dia-a-dia das pessoas e das empresas que

não chega a causar espanto, pela facilidade de penetração dos produtos na

economia.”.

Visto que há um novo cenário competitivo e globalizado, e com empresas

internacionalizadas, ampliou-se a importância da logística, pela capacidade de

agregar diferencial e eficiência nas organizações competitivas, no atendimento ao

cliente e redução de custos. O Brasil em geral expressa elevado custo logístico, o

que atesta o dever das organizações de dispor de ações para redução destes

custos.

[...] numa economia livre, é responsabilidade dos empresários promoverem as ações logísticas necessárias; as empresas enfrentam esta responsabilidade com notável grau de eficácia e eficiência. Contudo, as empresas operam dentro de um ambiente que muda constantemente, devido avanços tecnológicos, às alterações na economia e na legislação e a disponibilidade de recursos. Portanto, a filosofia da administração se altera com o tempo, de forma a se adaptar as novas exigências de desempenho para as firmas. A logística assim representa uma nova visão empresarial, uma nova ordem das coisas. (BALLOU, 1993, p. 17)

É por meio da gestão logística que as matérias primas regressam até as

indústrias, e comparecem no mercado para os consumidores finais. Para que esse

41

processo ocorra criteriosamente, a infraestrutura é o ponto crucial para desempenho

desta aplicação.

As organizações buscam excessivamente por resultados operacionais e

seguros para se manterem participantes no mercado, e o sucesso das operações se

tornam vitais para que haja bom desempenho.

Devido à velocidade do modal aéreo a logística deve ser ágil e segura, pois

normalmente, o modal aéreo é utilizado para cargas que são de grande prioridade.

Para as cargas perigosas a logística pratica além da gestão do processo para o

cliente final, a segurança. No Brasil, a ANAC é responsável pela averiguação dos

cumprimentos das exigências, e prática orientações devidas para regular o

transporte aéreo e também operacionalizar e fiscalizar os terminais logísticos de

cargas (TECA), para que tenha segurança e estrutura adequada para o recebimento

de cargas perigosas.

A logística tem o potencial de atribuir segurança no transporte de cargas

perigosas, e por isso possui um papel importante nessas expedições, e em todos os

procedimentos padronizados internacionalmente devem ser cumpridos

rigorosamente. Os procedimentos de cargas perigosas são exigidos pelos

responsáveis de cada país, já que tipo de carga possui limitações, e para cada

categoria é necessário um procedimento distinto.

É relevante ressaltar que a desatenção dos procedimentos pode conduzir

acidentes de grandes proporções tanto ambiental quanto humano e econômico,

causando advertência de multa para a companhia aérea, agentes de carga,

importadores e exportadores.

A mão de obra para movimentação da carga perigosa deve ser especializada,

para que sejam notados quais são os tipos de carga, para a separação, e

carregamento da pista para o TECA, e alocada de forma correta, já que estas cargas

necessitam de cuidado e manuseio especial. Esses operadores devem ser treinados

para identificação e manuseio da carga, e para quaisquer focos de incêndio e reação

química inesperada.

A ANAC orienta que todo operador logístico deve possuir e utilizar exemplar

físico ou eletrônico, ou regulamentação equivalente para constante consulta, e

somente aceitar carga perigosa mediante aprovação e verificação do exemplar.

Todos operadores que lidam com cargas perigosas devem ser certificados pelo

curso de transporte aéreo de artigos perigosos atualizados, já que a validade é de

42

vinte e quatro meses. O curso deve ser presencial e executado por pessoa jurídica

habilitada pela ANAC.

De acordo com a ANAC (2014) a segurança, assim como o sucesso da

operação, somente será alcançada por meio do cumprimento das responsabilidades

por parte do expedidor, do operador de transporte aéreo, do operador de terminal de

carga e dos demais envolvidos no transporte aéreo dispostos na regulamentação

vigente.

Os operadores logísticos devem utilizar o EPI (Equipamento de proteção

individual), para proteção do individuo, e também para evitar eventuais acidentes no

transporte de cargas perigosas.

O importador deve observar a prática da segurança após o desembaraço da

mercadoria, pois ao retirar a carga do TECA, ela pode causar riscos que devem ser

evitados no manuseio e escoamento.

4.1 Infraestrutura brasileira

No Brasil, a logística é deficiente em alguns aspectos relacionados a falta de

linha de transporte para escoamento da carga. Nesse sentido, o transporte mais

utilizado é o rodoviário, se tornando mais inflexível na redução de custo de

transporte. Outra dificuldade é a carência de infraestrutura, e armazenagem para

cargas com cuidados especiais. Nos países desenvolvidos o modal mais utilizado

para escoamento da carga é o modal ferroviário com grandes expectativas de

redução de custo, e com a vantagem de transportar elevados números de carga e

com pequeno impacto ambiental, pelo baixo consumo de energia.

O modal aéreo no Brasil é estruturado pela INFRAERO detentora de 31

terminais logísticos de carga, chamados de TECA (Terminais de logística de Carga)

anexados aos aeroportos brasileiros.

A INFRAERO (2014) informa que no mês de março de 2014 a movimentação

com importação, nos terminais de logística de carga da Rede Infraero, teve um

crescimento de 4,16%, se comparado com o mês de fevereiro.

43

Os aeroportos com mais movimentação de cargas são Guarulhos, Viracopos,

Galeão e Manaus. No gráfico 2 demonstra-se a movimentação de cargas em

toneladas efetivas de 2011 a 2013, e a projeção para 2014 e 2015. A análise desta

movimentação é para os aeroportos internacionais de Campinas, Guarulhos e

Brasília.

Gráfico 2 - Movimentação de Cargas – De 2011 a 2015

Fonte: Infraero – Compilação www.infraero.gov.br 2014.

As infraestruturas nos aeroportos do Brasil deixam a desejar por falta de

investimento e incentivo do governo, e uma das alternativas para a melhoria dos

aeroportos foi a privatização.

A figura 17 evidencia os terminais logísticos de carga no Brasil, e também os

privatizados que são: Brasília, Campinas e Guarulhos. Pode-se perceber que a

região litorânea no Brasil dispõe de maiores estruturas para as importações.

44

Figura 17 – Rede Infraero Cargo

Fonte: Infraero – Compilação www.infraero.gov.br 2014.

Ballou (1993) afirma o que se refere armazenagem, a administração do

espaço necessário para manter estoques. A ANAC (2009) afirma que a

armazenagem da carga área deve ser pré-definida e delimitada, identificada com os

dizeres “ARTIGOS PERIGOSOS”. Esta área deve conter um quadro com etiquetas

de risco e de manuseio e a tabela de segregação de artigos perigosos, atualizados

e em dimensões adequadas para visualização.

As cargas perigosas devem ser segregadas pela possibilidade de ocorrer

reações químicas entre substâncias de classes distintas, assim evitando que as

cargas possam reagir, entre si.

45

Conforme Ferreira (2003 p. 77): “Aos volumes contendo cargas perigosas que

possam reagir perigosamente com qualquer outro, não deverão ser acondicionados

próximos uns aos outros numa aeronave ou em uma posição que permitirá interação

entre eles, no caso de vazamento”.

A armazenagem de carga perigosa é diferenciada das outras, por causar

riscos. De acordo com o Comando da Aeronáutica, os armazéns devem possuir

áreas especiais e isoladas, de modo que facilite o acesso de serviços contra

incêndio em casos de acidente. Essa aérea restrita deve ser visível para que os

operadores possam identificar as etiquetas, extintores e neutralizadores para um

imprevisto de foco de incêndio. Para todos os depositários de carga que forem de

controle da aduana, devem ser exigidos os treinamentos e identificações

adequadas.

Segundo a Infraero, o TECA conta com todas essas exigências do Comando

da Aeronáutica, e estabelece orientações para todos os envolvidos. Após a chegada

da carga o operador do TECA verifica a documentação obrigatória e segrega a

carga em ambiente apropriado.

Para incentivar a importação pelo modal aéreo a INFRAERO está

disponibilizando mensamente o chamado rancking de eficiência logística: um

programa que possui o propósito de identificar as organizações que salientam a

eficiência logística por meio dos terminais de logística de carga da INFRAERO,

sendo referência para os demais importadores, e reconhecida por sua logística

eficiente, visto que as empresas podem mensurar o tempo total gasto em cada

importação. A INFRAERO iniciou o incentivo em 2003 no aeroporto de Viracopos.

Após o enorme sucesso decidiu-se a implantação do programa para incentivo

nacional.

46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a evolução da globalização, e consequentemente a ascensão do

comércio internacional, o transporte de cargas aéreas tornou-se o grande atrativo

pela sua rapidez, e por apresentar um grau de avarias e extravios inferiores aos

demais modais, ou seja, obtendo maior confiabilidade e segurança.

As empresas especializadas em importação de cargas perigosas devem se

atentar a todos os procedimentos criteriosamente determinados pela IATA, que

regula e legisla o transporte aéreo internacional com normas rígidas, que devem ser

cumpridas criteriosamente. O conjunto de normas varia de acordo com sua

classificação, por se tratar de cargas com alto risco ao meio ambiente e ao homem.

O importador deve observar se o expedidor esta tomando os devidos

cuidados com o manuseio da carga, já que o exportador é responsável pelo “aceite”

da companhia aérea, ou agente de carga filiado a IATA. Para que a carga seja

aceita é necessário que exportador identifique, classifique, embale, etiquete e

apresente a devida documentação para os operadores logísticos.

Os operadores logísticos suplementam de segurança o transporte de cargas

perigosas, e devem ser especializados para conduzir este tipo de carga, visto que é

de responsabilidade dos operadores: a aceitação da carga, armazenagem,

carregamento, inspeção, e abundância de informações. Isto mostra a relevância da

logística par o comércio de cargas perigosas.

Diante desse contexto, esse trabalho portou como base toda dimensão

relativa aos procedimentos e padronizações regulamentadas internacionalmente,

através do modal aéreo, e também as etapas a serem seguidas com segurança.

Todas as exigências são definidas por órgãos reguladores, que indicam as nove

classificações, bem como os tipos de cargas que podem ser transportados em

aeronaves.

Esse trabalho foi realizado em quatro capítulos, para seu desenvolvimento

lógico, facilitando sua compreensão e rápido entendimento ao tema abordado. O

primeiro capítulo apresenta-se as características do artigo, bem como ele trouxe e

trará benefícios para a acadêmica e a sociedade. Já o segundo capítulo apresenta

o cenário atual do comércio exterior brasileiro, e mundial, assim como, sua base e

como se iniciou. Para complementar o segundo capítulo, foram caracterizados os

47

modais existentes, e suas vantagens e desvantagens e como a logística é paralela

ao comércio exterior.

Atendendo o primeiro objetivo específico, que foi identificar o regulamento

aéreo de cargas perigosas, notou-se a abrangência de regulamentações, a

importância das mesmas e sua padronização internacional, para a ocorrência do

transporte seguro.

Já o segundo objetivo específico, que foi apresentar os procedimentos de

cargas perigosas na importação, percebeu-se a amplitude de procedimentos para

transportar uma carga perigosa, por se tratar de diferentes classificações, já que

cada uma possui características distintas e a importância da importação para o

comercio internacional.

Referente ao terceiro e último objetivo específico, que foi especificar a

relevância da logística no transporte de cargas perigosas, percebeu-se que a

logística assegura o transporte de cargas, e notou-se a deficiência de infraestrutura

que o Brasil possui com relação a infraestrutura, e auto custos.

Com os três objetivos realizados tornou-se possível atingir o objetivo geral do

trabalho que foi apresentar a importância da logística no transporte internacional de

cargas perigosas no modal aéreo.

O estudo foi viável, por agregar conhecimento a acadêmica, significativo para

os demais acadêmicos que pretendem realizar pesquisas nessa aérea, que dispõe

de pouco material disponível, e principalmente para os importadores e operadores

logísticos.

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REFERÊNCIAS

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51

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52

ANEXO A – NOTIFICAÇÃO AO COMANDANTE (NOTOC)

53

ANEXO B – AIR WAYBILL (AWB)

54

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Nome do estagiário Ana Carolina da Silva

Orientador de conteúdo Prof. Leonardo Specorte Russi

Responsável pelo Estágio Prof. ª MSc. Natalí Nascimento