Trabalho de PI - Diptera
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RESUMO
A entomologia forense, explica como os insetos podem ser usados como
vestígios e indícios na criminalística. Descrever as principais famílias de
Diptera de interesse forense e relacionar a abundância dessas famílias com a
determinação do intervalo pós morte é o objetivo deste trabalho. Entre as
familias encontradas, Muscidae, Calliphoridae e Sarcophagidae foram as mais
representativas. O estudo foi realizado em base nas pesquisas realizadas pela
Drª. Janyra Oliveira Costa no estado do Rio de Janeiro. Essas pesquisas visam
o aperfeiçoamento do método através de descobertas sobre as faunas
regionais, preferências e hábitos das espécies necrófagas, seus
comportamentos de acordo com variações climáticas, sucessão da fauna
entomológica considerando variáveis como temperatura e umidade. Será
descrito as principais ordens de dípteros envolvidos e a associação desses
insetos com as fases de decomposição.
PALAVRAS-CHAVE: Diptera, Insetos necrófagos, Intervalo pós morte,
Entomologia Forense.
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SUMARIO
Páginas
RESUMO _____________________________________________________ 1
CAPITULO I
1.1 – INTRODUÇÃO ____________________________________________ 3
1.2 – OBJETIVO _______________________________________________ 5
1.2.1 – OBJETIVO ESPECÍFICO __________________________________ 5
1.5 - ORGANIZAÇAO DO ESTUDO ________________________________5
CAPITULO II
2.1 - METODOLOGIA ___________________________________________6
CAPITULO III
3.1 – RESULTADOS ____________________________________________7
REFERENCIA BIBLIOGRAFICA __________________________________15
ANEXO ______________________________________________________16
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CAPITULO I
1.1- INTRODUÇÃO:
A ordem dos dípteros é muito vasta e muitos são de importância
econômica e por serem hematófagos e vetores de doenças, se tornam sérias
pragas para o homem e animais. Outros são saprófagos (se alimentam de
restos orgânicos em putrefação) como moscas varejeiras, que também podem
ser vetores de doenças (OLIVEIRA-COSTA, 2003). Os dípteros são insetos
que apresentam apenas um par de asas transparentes com nervuras,
localizadas anteriormente. As asas posteriores foram transformadas em
estruturas menores denominadas halteres que são importantes na estabilidade
ou equilíbrio durante o voo. Essa ordem pode variar muito de estilo de vida,
alimentação e tamanho. O tamanho é uma característica importante no estudo
de moscas necrófagas (que se alimentam de animais ou substâncias em
decomposição), visto que são atraídas pelo odor que o vento leva até elas, isso
indica que ela tem que voar contra o vento para alcançar o corpo. “Não é
surpreendente que um dos primeiros insetos a alcançar o corpo sejam grandes,
de voo forte e com extrema mobilidade, tipicamente a varejeira” (Turner, 1987).
Conforme Oliveira-Costa (2003) a identificação dos dípteros é feita através da
observação das antenas, pernas, asas, tamanho e quetotaxia (disposição das
cerdas, cabeça, tórax e pernas). Os dípteros se dividem em três subordens,
Nematocera, Brachycera e Cyclorrhapha. Por ser muito grande a diversidade
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de moscas, serão descritas as principais famílias de interesse forense, que
pertencem em sua maioria da subordem Cyclorrhapha, compreendida por uma
subordem caracterizada pela pupação dentro de um casulo endurecido,
formado da última pele larval denominada pupário. No Brasil os principais
Dípteros de interesse forense são:
Calliphoridae
Sacophagidae
Muscidae
Fanniidae
Phoridae
Uliididae
Os estágios de decomposição serão divididos em cincos estágios:
Fresco
Gasoso
Deterioração Inicial
Deterioração avançada
Restos
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1.2 - OBJETIVO:
Descrever as principais famílias de Dipteras encontradas no Rio de Janeiro e
informar a sucessão conforme os estágios de decomposição.
1.2.1 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
i. Relacionar as principais famílias de Dipteras de importância forense
encontradas no Rio de Janeiro.
ii. Listar os estágios de decomposição utilizados na entomologia forense.
iii. Estabelecer uma relação dos adultos de Dipteras com os estágios de
decomposição.
1.3 - Organização do Estudo:
O estudo será realizado em três etapas dividas em capítulos, no primeiro
capitulo será apresentado o conteúdo do estudo e objetivo do presente estudo,
no segundo capitulo será apresentado a metodologia que será utilizada para
coletar os dados e formação dos resultados. No terceiro e ultimo capitulo
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vamos elaborar o resultado alcançado com os dados coletados com planilhas e
tabelas e descrever a sucessão das famílias estudadas conforme os estágios
de decomposição.
CAPITULO II
2.1 – METODOLOGIA
Para a elaboração deste estudo foram utilizados dados coletados pela Drª
Janyra Oliveira-Costa, na Universidade Castelo Branco do Campus de
Realengo, no ano de 2010, em seu projeto de entomologia forense, para
realizar o experimento foi utilizado um suíno fêmea da raça Large White, com
aproximadamente 15kg, o animal foi morto com dois tiros de arma de fogo
calibre 9mm na região do encéfalo, simulando uma situação de morte violenta.
O animal abatido foi coberto por uma armadilha entomológica de intercepção
de voo do tipo Shannon, com 1m² de área e 1,20m de altura, no ápice uma
armadilha de garrafa pet, que vamos chamar de Pote Coletor, o pote coletor foi
utilizado para captura de animais adultos voadores. A armadilha Shannon fica
suspensa do chão 20cm mas protegida por uma tela de arame com abertura de
3cm, impedindo a entrada de animais carniceiros maiores como cães e urubus.
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O pote coletor era coletado e trocado diariamente, com exceção dos domingos,
quando não era feita a coleta. Após a coleta, a armadilha era levada para o
laboratório do Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Castelo Branco, onde
os animais ainda vivos eram abatidos e preservados em álcool para
identificação com a utilização da “chave de identificação para as espécies
comuns de Diptera da América do Sul de interesse forense”, que se encontra
anexada ao final do estudo.
CAPITULO III
3.1 – RESULTADOS
Entre as famílias estudadas, foram coletados 1031 exemplares, onde 454 eram
da família Calliphoridae e por isso é a Família com maior importância para a
entomologia forense, Calliphoridae se destacam pela coloração metálica azul,
bronze ou verde, com tamanho em torno de 4-16mm.
A segunda família com maior representatividade foi a Sarcophagidae também
conhecida como mosca varejeira, que tem como característica as faixas
longitudinais em seu dorso e seu tamanho em torno de 4-20mm, uma
característica importante é o fato de a fêmea carregar os ovos em seu
abdômen e ao invés de depositar os ovos na carcaça ela deposita as larvas.
Com uma representatividade bem próxima com a Sarcophagidae, Mucidae com
225 exemplares foi a terceira família com maior importância para o estudo, as
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características de Mucidae são o segmento apical das suas antenas que é
plumoso e a sua porção basal que é lisa.
Phoridae e Ulidiidae tiveram 32 exemplares coletados cada. Phoridae são as
menores moscas conhecidas, seu tamanho pode variar de 0.5-6 mm com uma
gama de cores de preto ou castanho-amarelado, os ulidiideos tem por
características manchas negras nas asas.
Encontramos 29 exemplares da família Fanniidae, que caracteriza-se pelos
adultos apresentarem a veia A1 + CuA2 curta e a veia subcostal não sinuosa e
pernas de cores claras, geralmente amareladas.
Gráfico I - Principais Famílias de Dipteras Encontradas, Rio de Janeiro, 2010
Fonte: OLIVEIRA-COSTA, 2010
Calliphoridea45444%
Sharcophagidae25925%
Muscidae22522%
Faniidae293%
Ullididae323%
Phoridae323% Calliphoridea
Sharcophagidae
Muscidae
Faniidae
Ullididae
Phoridae
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Os estados de decomposição do corpo são medidos conforme as alterações
que ocorre no corpo, entretanto hoje em dia na perícia forense são utilizados
cinco estágios conhecidos, Após a morte o corpo começa a passar por
transformações devido as desordens bioquímicas decorrentes da morte celular.
Com a baixa do pH intra e extracelular, as membranas celulares se rompem e
os tecidos se desintegram. Com a ação de microrganismos e suas toxinas
ocorre a putrefação, que está dividida em fases. O tempo de duração varia de
acordo com fatores intrínsecos (idade, causa da morte, características
corporais) e extrínsecos como a temperatura e umidade. Bem como a
denominação e quantidade de fases também variam de acordo com o autor.
1º) Fresco - Logo após a morte, observa-se massas de ovos. Duração 1-2 IPM.
Figura I- Estado de Decomposição, Fresco. Rio de Janeiro, 2013.
Fonte: OLIVEIRA-COSTA, 2013.
2º) Gasoso - começa com o aparecimento de uma mancha verde no baixo
ventre, onde o organismo acumula mais gases. Ocorre o descoramento e
inchamento da face, escroto e vulva. Então os gases inflam e os tecidos
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promovem a liberação de sangue escumoso e fétido pelos orifícios naturais do
corpo e a vascularização fica visível, onde se acham larvas recém-eclodidas
nos orifícios do corpo (nariz, olhos, boca) besouros começam a aparecer.
Duração 2-6 IPM.
Figura II - Estado de Decomposição, Gasoso. Rio de Janeiro, 2013.
Fonte: OLIVEIRA-COSTA, 2013.
3º) Deterioração Inicial - A pele se rompe e as partes moles começam a
desmanchar reduzindo o volume pela desintegração, grande atividade de
larvas por todo o corpo. Duração pode variar, devidos a estados de
conservação como mumificação e saponificação o mesmo pode durar meses,
mas normalmente dura de 4-30 IPM.
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Figura III - Estado de Decomposição, Deterioração Inicial. Rio de Janeiro, 2013.
Fonte: OLIVEIRA-COSTA, 2013.
4º) Deterioração Avançada – Ossos expostos e diminuição da massa de
putrefação, odor fétido diminui. Diminui a atividade das larvas e os besouros
estão presentes. Duração também pode variar conforme estados de
conservação, mas normalmente tem duração de 10-65 IPM.
Figura III - Estado de Decomposição, Deterioração Avançada. Rio de Janeiro, 2013.
Fonte: OLIVEIRA-COSTA, 2013.
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5º) Restos – Ossos sem nenhuma massa de putrefacção e pode apresentar
musgos, roedores e vespas podem construir ninhos nos ossos. Duração em
condições normais a partir do IPM 25.
Figura III - Estado de Decomposição, Restos. Rio de Janeiro, 2013.
Fonte: OLIVEIRA-COSTA, 2013.
Vários fatores podem influenciar na estimativa do IPM, podendo alterar a
chegada dos insetos e a colonização. A temperatura e umidade têm grande
influência na decomposição dos corpos e na sucessão dos insetos. Um caso foi
citado por Oliveira-Costa (2003), onde larvas de Calliphora vomitoria foram
observadas sem nenhuma pupa por perto, demonstrando que insetos que
costumam ser os primeiros na sucessão podem acelerar a decomposição em
função do clima quente. Os outros fatores que influenciam a estimativa de IPM
são: comportamento noturno, tempo de oviposição; mistura de populações de
mosca com sua descendência, calor metabólico, efeitos de drogas, tóxicos e
parasitoides, padrões sazonais e outros.
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Após identificarmos os exemplares coletados, foi feito uma catalogação
conforme os estágios de decomposição, demostrado no Gráfico II.
Gráfico II - Sucessão das Principais Famílias de Dipteras Conforme Estágios de
Decomposição. Rio de Janeiro, 2010.
Fonte: OLIVEIRA-COSTA, 2010
Como observado no gráfico, Calliphoridae e Sarcophagidae foram as primeiras
famílias a aparecerem, logo no estágio de decomposição fresco, e uma
crescente sucessão durante o estágio gasoso, desta forma observamos que as
duas famílias dão início a decomposição da carcaça e são predominantes
durante estes estágios. Mas após o estágio de decomposição gasoso a uma
leve queda na sucessão de Calliphoridae e Sarcophagidae e o aparecimento
da família Muscidae em grande quantidade, utilizando a carcaça em seu estado
de deterioração inicial, também foi encontrado os primeiros exemplares de
Fanniidae. Durante o estágio de deterioração avançada observamos que a
grande maioria dos exemplares de Calliphoridae e Sarcophagidae eram
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Calliphoridae
Sarcophagidae
Muscidae
Faniidae
Ulidiidae
Phoridae
5
4
0
0
0
0
146
116
0
0
0
0
123
82
86
3
0
0
110
42
116
17
26
20
70
15
23
9
6
12
Calliphoridae Sarcophagidae Muscidae Faniidae Ulidiidae Phoridae
Fresco 5 4 0 0 0 0
Gasoso 146 116 0 0 0 0
Deterioração Inicial 123 82 86 3 0 0
Deterioração Avançada 110 42 116 17 26 20
Restos 70 15 23 9 6 12
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moscas recém emergidas e desta forma não se utilizavam mais da carcaça
para oviposição e larviposição, Muscidae continuou com um crescimento da
sucessão durante todo o estágio de deterioração avançada e Fanniidae teve
seu ápice durante esse estágio. Porém mais duas famílias de importância
forense tiveram exemplares coletados pela primeira vez no estudo durante este
estágio, Phoridae e Ullidiidae. Durante todo o estágio de Resto houve uma
queda na sucessão de todas as famílias estudadas, até que o número de
exemplares coletados fosse insignificante.
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Bibliografia:
CARVALHO, L. M. L., LINHARES, A. X., THYSSEN, P. J., PALHARES, F. A. B.
A checklist of arthropods associated with pig carrion and human corpses in
southeastern Brazil. Memórias da Fundação Oswaldo cruz, 95 (1): 135-138.
2000.
OLIVEIRA-COSTA, J. Entomologia Forense: Quando os insetos são vestígios.
São Paulo: Editora Millenium, 2003, 257p.
OLIVEIRA-COSTA, J. Entomologia Forense: Quando os insetos são vestígios.
2d São Paulo: Editora Millenium, 2008, 420p.
OLIVEIRA-COSTA, J. Entomologia Forense: Quando os insetos são vestígios.
3d São Paulo: Editora Millenium, 2011, 520p.
MOURA, M. CARVALHO, C. A preliminary Analysis of Insects of Medico-legal
Importance in Curitiba, State of Paraná. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de
Janeiro, Vol. 92920: 269-274, Mar/Apr. 1997.