Trabalho de quedas

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INTRODUÇÃO

Há cerca de 50 anos vêm ocorrendo mudanças na demografia populacional mundial.

Especificamente no Brasil, em termos relativos, o grupo etário de pessoas com idade de

60 anos ou mais foi o que mais cresceu, principalmente a partir da década de 60.

Estatísticas demonstram o envelhecimento das populações como sendo conseqüência do

desenvolvimento econômico e social, aliado à diminuição das taxas de natalidade e

fecundidade, o aumento da expectativa de vida e a melhoria nas condições de infra-

estrutura básica.

Apesar do envelhecimento humano ser um processo gradual, irreversível e incontrolável

de declínio das funções fisiológicas, ele não resulta, necessariamente, em incapacidade,

mas à medida que o indivíduo envelhece, as chances de sofrer lesões provocadas por

acidentes aumentam.

As quedas são importantes fatores causais para aumentar o nível de dependência do

idoso, tornando-se uma preocupação específica, já que podem afetar sua capacidade

funcional por estar associada a modificações anatômicas atribuídas ao processo natural

de envelhecimento e a diversas patologias.

Neste contexto, as lesões causadas por acidentes estão em quinto lugar como causa de

óbito em pessoas idosas, sendo que as quedas representam cerca de dois terços desses

acidentes, tornando-se um dos principais previsores de morbimortalidade entre essa

população(4), apesar de sua grande maioria ser evitável.

A segurança dos idosos deve ser motivo de preocupação para a sociedade, pois, para

essas pessoas, as quedas podem ter repercussões desastrosas, uma vez que idosos com

traumas têm perda na sua autonomia e aumento da sua dependência, refletindo em

acréscimo de trabalho e estresse para o cuidador e familiares.  Para se prevenirem

desses acontecimentos, cuidadores e familiares devem se mobilizar em torno de

cuidados especiais, adaptando o ambiente em que o idoso vive e tendo o cuidado de

observar alguns itens de segurança, como o uso de calçados adequados, tapetes

antiderrapantes e disposição da mobília em casa.

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A enfermeira deve procurar na sua prática com idosos identificar os fatores que

influenciam na sua mobilidade, quer sejam eles físicos, psicológicos, sócio-culturais ou

ambientais, a fim de que possam realizar suas atividades diárias sem riscos de sofrerem

lesões por quedas. Prevenção de quedas é uma situação que envolve cuidadores,

familiares e profissionais de saúde. Em relação à enfermagem, considera-se que o Risco

para quedas representa um diagnóstico de enfermagem, isto é, uma situação que

demanda intervenções de enfermagem. A partir da identificação da clientela sujeita aos

riscos para quedas, a enfermeira deve programar ações visando a diminuição ou mesmo

supressão da ocorrência do fenômeno.

Com o aumento da idade, alguns fatores biológicos, doenças e mesmo outras causas

externas podem influenciar a fase de envelhecimento. A queda é uma dentre outras

causas externas que trazem mais problemas aos idosos.

DEFINIÇÃO

Existem muitas definições para o evento queda. (Carvalhaes et al). Consideram queda

como um evento não-intencional, que tem como resultado a mudança de posição do

indivíduo para um nível mais baixo em relação à sua posição inicial. Pereira et al.

Dizem que queda é o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior a

sua posição inicial, com a incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por

circunstâncias multifatoriais que comprometem a estabilidade postural. Para Cunha &

Guimarães7 (1989), a queda se dá em decorrência da perda total do equilíbrio postural,

podendo estar relacionada à insuficiência súbita dos mecanismos neurais e

osteoarticulares envolvidos na manutenção da postura. Alguns autores referem-se à

queda como uma síndrome geriátrica por ser considerada um evento multifatorial e

heterogêneo.

Pessoas de todas as idades apresentam risco de sofrer queda. Porém, para os idosos,

elas possuem um significado muito relevante, pois podem levá-lo à incapacidade,

injúria e morte. Seu custo social é imenso e torna-se maior quando o idoso tem

diminuição da autonomia e da independência ou passa a necessitar de

institucionalização.

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RISCO DE QUEDAS

A resposta humana Risco de Quedas foi encontrada em 57,1% da amostra. É definida

como “Suscetibilidade aumentada para quedas que podem causar dano físico”. Os

fatores de risco para quedas identificados nos idosos foram: idade maior que 65 anos

(75,0%), histórico de quedas (56,2%), dificuldades auditivas (31,2%), dificuldades

visuais (25,0%), uso de álcool (6,2%) e ausência de material antiderrapante em escada

(6,2%).

As quedas podem ser causadas por alterações fisiológicas do processo de

envelhecimento, doenças, efeitos provocados pelo uso de alguns medicamentos e o

meio-ambiente inadequado às condições físicas dos idosos. Este incidente é causa

crescente de lesões, custos de tratamento e morte. As conseqüências das lesões sofridas

em uma idade mais avançada são mais graves do que entre pessoas mais jovens,

podendo inclusive ocasionar a imobilidade. Quanto à gravidade das lesões, as pessoas

idosas experimentam mais incapacidades, período de internação mais longo, extensos

períodos de reabilitação, maior risco de dependência posterior e de morte, se

comparadas aos jovens.

O déficit visual e auditivo esteve ligado a dificuldade de enxergar os obstáculos, ouvir a

aproximação de pessoas e veículos automotores. O uso de bebidas alcoólicas interferiu

no equilíbrio e marcha destes gerontes.

Os idosos relataram histórico de quedas no ambiente domiciliar, vias públicas, e um

sujeito no ambiente hospitalar. No ambiente hospitalar, a queda representa fator

negativo à qualidade de assistência. Considerando os fatores de risco presentes nos

idosos intrínsecos da saúde e os profissionais devem atentar-se para possibilidades de

quedas em idosos desde sua admissão.

Medidas de prevenção de quedas podem ser viáveis, dentre elas destaca-se, presença de

corrimão, leitos apropriados, boa iluminação e, pisos antiderrapantes. Essas promovem

uma dignidade e promoção da incapacidade e dependência de terceiros para sua

locomoção.

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CLASSIFICAÇÃO DE QUEDAS

Podem ser classificadas a partir da freqüência com que ocorrem e do tipo de

conseqüência advinda do evento. A queda acidental é aquele evento único que

dificilmente voltará a se repetir e é decorrente de uma causa extrínseca ao indivíduo, em

geral pela presença de um fator de risco ambiental danoso, como um piso escorregadio,

um degrau sem sinalização ou devido à atitudes de risco como por exemplo,subir em

banquinhos.  Em contrapartida, a queda recorrente, expressa a presença de fatores

etiológicos intrínsecos como doenças crônicas, poli farmácia, distúrbios do equilíbrio

corporal, déficits sensoriais, dentre outros. 

A queda pode ainda ser dividia de acordo com a presença ou não de lesões. As quedas

com lesões graves são consideradas aquelas cuja conseqüência é uma fratura, trauma

crânio-encefálico ou luxação. Abrasões, cortes, escoriações e hematomas são

considerados lesões leves. 

Há ainda, a classificação de acordo com o tempo de permanência no chão.  A queda

prolongada no chão é aquela em que o idoso permanece caído por mais de 15 a 20

minutos por incapacidade de levantar-se sem ajuda. Os idosos que são mais

predispostos a sofrerem quedas prolongadas são os idosos com 80 anos ou mais, com

dificuldade em atividades de vida diária, que têm disfunções em membros inferiores,

tomam sedativos e moram sozinhos ou permanecem por longos períodos do dia ou noite

desacompanhados. 

Hoje, busca-se não só identificar o perfil dos idosos mais vulneráveis a cair, como

também se procura distinguir quais terão maior suscetibilidade a sofrerem uma lesão

grave decorrente deste evento ou que têm uma maior propensão a experimentarem

quedas recorrentes o que aumenta a probabilidade de perda de capacidade funcional,

seja ela decorrente de um único evento grave ou da perda de confiança e do senso de

auto-eficácia o que com o tempo acaba por provocar uma restrição de atividades e um

declínio na mobilidade, expondo este idoso a um maior risco de tornar-se frágil. 

ETIOLOGIA DAS QUEDAS

As causas de uma queda podem ser de natureza intrínseca (relacionada com o

indivíduo), ou extrínseca (que é relacionada com o ambiente). Os fatores intrínsecos

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incluem alterações fisiológicas relacionadas ao envelhecimento, doenças e

medicamentos que acarretam risco de queda para os idosos. As causas extrínsecas

incluem perigos ambientais, como chãos escorregadios e áreas pouco iluminadas. E pela

análise e interpretação de cada queda isoladamente pode - se chegar a um plano de

tratamento.

Causas intrínsecas:

Alterações fisiológicas do processo de envelhecimento:

Diminuição da visão (redução da percepção de distância e visão periférica e adaptação

ao escuro); Diminuição da audição (não ouve sinais de alarme); Distúrbios vestibulares

(infecção ou cirurgia prévia do ouvido, vertigem posicional benigna); Distúrbios

proprioceptivos – há diminuição das informações sobre a base de sustentação – os mais

comuns são a neuropatia periférica e as patologias degenerativas da coluna cervical;

Aumento do tempo de reação à situações de perigo; Diminuição da sensibilidade dos

barorreceptores à hipotensão postural; Distúrbios músculo-esquelético: degenerações

articulares (com limitação da amplitude dos movimentos), fraqueza muscular

(diminuição da massa muscular); Sedentarismo; Deformidades dos pés.

Patologias específicas:

Cardiovasculares: hipotensão postural, crise hipertensiva, arritmias cardíacas, doença

arterial coronariana, insuficiência cardíaca congestiva, síncope vasovagal (calor,

estresse, micção) e insuficiência vértebro basilar;

Neurológicas: hematoma subdural, demência, neuropatia periférica, AVC e seqüela de

AVC, acidente vascular cerebral isquêmico transitório, parkinsonismo, delirium,

labirintopatias e disritmia cerebral;

Endócrino-metabólicas: hipo e hiperglicemias, hipo e hipertireoidismo e distúrbios

hidroeletrolíticos;

Pulmonares: DPOC e embolia pulmonar;

Miscelânia: Distúrbios psiquiátricos (exemplo: depressão), anemia (sangramento

digestivo oculto), hipotermia e infecções graves (respiratória, urinária, colangite, sepse).

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Tratamento Medicamentoso:

Ansiolíticos, hipnóticos e anti-psicóticos;

Antidepressivos;

Anti-hipertensivos;

Anticolinérgicos;

Diuréticos;

Anti-arritmicos;

Hipoglicemiantes;

Antiinflamatórios não-hormonais;

Polifarmárcia (uso de 5 ou mais drogas associadas).

Deve-se considerar como de alto risco para quedas, aqueles pacientes do sexo feminino,

com 80 anos ou mais, equilíbrio diminuído, marcha lenta com passos curtos, baixa

aptidão física, fraqueza muscular dos membros inferiores, deficiência cognitiva, uso de

sedativos e/ou polifarmácia.

Causas extrínsecas

Mais de 70% das quedas ocorrem em casa, sendo que as pessoas que vivem só

apresentam risco aumentado. Fatores ambientais podem ter um papel importante em até

metade de todas as quedas.

Iluminação inadequada;

Superfícies escorregadias;

Tapetes soltos ou com dobras;

Degraus altos ou estreitos;

Obstáculos no caminho (móveis baixos, pequenos objetos, fios);

Ausência de corrimãos em corredores e banheiros;

Prateleiras excessivamente baixas ou elevadas;

Calçados inadequados e/ou patologias dos pés;

Maus-tratos;

Roupas excessivamente comprida;

Via pública mal conservada com buracos ou irregularidades.

PROCESSO DE ENFERMAGEM

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Anamnese específica

Onde caiu?

O que fazia no momento da queda?

Alguém presenciou a queda?

Faz uso de benzodiazepinicos, neurolépticos, antidepressivos, anticolinérgicos,

ipoglicemiantes, medicação cardiológica ou polifarmácia (5 ou mais medicamentos

diários)?

Houve introdução de alguma droga nova ou alteração das dosagens?

Faz uso de bebida alcoólica?

Houve convulsão ou perda de consciência?

Houve outras quedas nos últimos 3 meses? Em caso positivo, permaneceu caído mais de

5 minutos sem conseguir levantar-se sozinho?

Houve mudança recente no estado mental?

Fez avaliação oftalmológica no ano anterior?

Há fatores de risco ambientais?

Há problemas sociais complexos ou evidências de maus-tratos?

Há problemas nos pés ou calçados inadequados?

Os idosos que apresentam fatores de risco conhecidos para quedas devem ser

questionados, periodicamente e de forma incisiva, pois devido ao temor de serem

institucionalizados, freqüentemente, omitem a ocorrência desses acidentes10(D).

Exame físico

Sinais vitais;

Orientação (data, local); sinais de localização neurológica;

Estado de hidratação, sinais de anemia, estado nutricional;

Exame cardiorrespiratório;

Situação dos pés;

Sinais de trauma oculto (cabeça, coluna, costelas, extremidades, pelve, quadris);

Atenção para apresentações atípicas das doenças;

Avaliação do equilíbrio e marcha:

Instabilidade ao ficar de pé;

Instabilidade ao ser puxado ou empurrado com uma leve pressão no esterno;

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Instabilidade ao fechar os olhos em posição de pé;

Instabilidade com extensão do pescoço ou ao virar para os lados;

Instabilidade ao mudar de direção;

Dificuldade de sentar-se e levantar-se;

Diminuição da altura e comprimento dos passos;

Teste “get-up and go” (levante-se e ande): o paciente sentado em uma cadeira sem

braços deverá levantar-se e caminhar três metros até uma parede, virar-se sem tocá-la,

retornar à cadeira e sentar-se novamente, à medida que o médico observa eventuais

problemas de marcha e/ou equilíbrio

REPERCUSSÕES

Para uma pessoa idosa, a queda pode assumir significados de decadência e fracasso

gerados pela percepção da perda de capacidades do corpo potencializando sentimentos

de vulnerabilidade, ameaça humilhação e culpa. A resposta depressiva subseqüente é

um resultado esperado.

Aqueles que sofrem quedas apresentam um grande declínio funcional nas atividades de

vida diária e nas atividades sociais, com aumento do risco de institucionalização. A fim

de evitar a síndrome da imobilidade, por medo de andar é mister a intervenção

psicológica. Esta pressupõe estudo atento e percepção compreensiva da realidade em

questão, que devem orientar a organização de procedimentos técnicos articulados que,

no seu conjunto, implique num planejamento realista que leve em conta as

possibilidades e os limites gerados pela situação. A ruptura com o cotidiano e a

estranheza da nova situação de cuidados pode radicalizar a dissolução da identidade,

desencadeando ou agravando alterações mentais.

CONSEQÜÊNCIAS MAIS COMUNS EM IDOSOS QUE SOFRERAM QUEDA

Quedas são a causa mais comum de fraturas. A freqüência de queda entre os idoso é

devido, em parte, a uma incidência elevada de condições clínicas de base, já citadas

acima.

Fratura do úmero proximal

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Fratura de colles

Fraturas do fêmur

Fratura do colo do fêmur

Fratura intertrocantérica

Fratura de vértebra

Síndrome do imobilismo

PREVENÇÃO / TRATAMENTO

A gravidade potencial das quedas nos idosos confere à prevenção um lugar privilegiado.

Seguem as diretrizes a serem tomadas:

1. Orientar o idoso sobre os riscos de queda e suas conseqüências. Esta informação

poderá fazer a diferença entre cair ou não e, muitas vezes, entre a instalação ou não de

uma capacidade.

2. Avaliação geriátrica global, com medidas corretivas adequadas enfocando: função

cognitiva; estado psicológico (humor); capacidade de viver só e executar as atividades

de vida diária; condição econômica.

3. Racionalização da prescrição e correção de doses e de combinações inadequadas.

4. Redução da ingestão de bebidas alcoólicas.

5. Avaliação anual: oftalmológica, da audição e da cavidade oral.

6. Avaliação rotineira da visão e dos pés.

7. Avaliação com nutricionista para correção dos distúrbios da nutrição.

8. Fisioterapia e exercícios físicos (inclusive em idosos frágeis) visando: melhora do

equilíbrio e da marcha; fortalecimento da musculatura proximal dos membros

inferiores; melhora da amplitude articular; alongamento e aumento da flexibilidade

muscular; atividades específicas para pacientes em cadeiras de rodas; identificação dos

pacientes que caem com freqüência, encorajando a superar o medo de nova queda

através de um programa regular de exercícios. Idosos que se mantêm em atividade,

minimizam as chances de cair e aumentam a densidade óssea evitando as fraturas.

9. Terapia ocupacional promovendo condições seguras no domicílio (local de maior

parte das quedas em idosos); identificando “estresses ambientais” modificáveis;

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orientando, informando e instrumentalizando o idoso para o seu autocuidado e também

os familiares e/ou cuidadores.

10. Denunciar suspeita de maus-tratos.

11. Correção de fatores de risco ambientais (por exemplo: instalação de barra de apoio

no banheiro e colocação de piso antiderrapante).

12. Medidas gerais de promoção de saúde: prevenção e tratamento da osteoporose:

cálcio, vitamina D e agentes anti-reabsortivos; imunização contra pneumonia e gripe;

orientação para evitar atividades de maior risco (descer escadas, por exemplo) em

idosos frágeis desacompanhados.

É consenso que a queda é um evento de causa multifatorial de alta complexidade

terapêutica e de difícil prevenção, exigindo dessa forma uma abordagem

multidisciplinar. O objetivo é manter a capacidade funcional da pessoa, entendendo esse

novo conceito de saúde particularmente relevante para os idosos como a manutenção

plena das habilidades físicas e mentais, prosseguindo com uma vida independente e

autônoma.

A instabilidade postural com a ocorrência de quedas é uma característica do processo

de envelhecimento e constitui desafio na medicina geriátrica. A elevada incidência de

fraturas reforça esta afirmativa, mas o trauma é apenas uma das seqüelas da falta de

equilíbrio: muitos idosos com quedas convivem diariamente com o medo de cair,

limitando progressivamente suas atividades. Além da elevada morbidade (secundária às

fraturas, traumas, dor e incapacidades), há aumento expressivo da mortalidade em

idosos com quedas freqüentes. Muitos episódios sem causas evidentes são

premonitórios de doenças agudas: a queda nestes casos se manifesta como sintoma

prodrômico de eventos agudos como pneumonia, infecção urinária e insuficiência

cardíaca. Daí ser considerada como um dos "gigantes da Geriatria", por ser

manifestação atípica de doenças agudas ou estar relacionada às comorbidades ou à

polifarmácia e iatrogenia.

Muitas vezes as quedas não são relatadas espontaneamente, devendo ser interrogadas

na anamnese geriátrica. São diversas as causas, intrínsecas ou extrínsecas (ambientais),

geralmente de etiologia multifatorial, sobretudo nos muito idosos. O equilíbrio postural

depende do perfeito funcionamento e da integração do sistema nervoso central, do

sistema sensorial, do estado hemodinâmico e do sistema osteoarticular. Dentro deste

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conceito, o "cair" pode ser a manifestação de problemas nestes sistemas ou estar

relacionado a fatores extrínsecos.

Os trabalhos têm mostrado que a ocorrência de quedas em idosos é proporcional ao

grau de incapacidade funcional (quanto mais debilitados e funcionalmente dependentes,

maior a incidência de quedas daqueles que deambulam). Devido à complexidade deste

tema, sugere-se que a avaliação isolada do estado funcional possa ser um importante

fator independente para avaliar o risco de quedas e suas complicações.

PROBLEMAS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

Fraqueza muscular de MMII - Programa de fortalecimento muscular de

quadríceps e dorsiflexores de tornozelo. Exercícios excêntricos são

recomendados. A eficácia é maior se forem realizados para grupos de idosos de

alto risco e se forem supervisionados por fisioterapeuta

Distúrbio de equilíbrio - Treino de equilíbrio em relação à integração das

informações sensoriais, ao controle dos limites de estabilidade, ao controle da

rotação de tronco e na eficácia das estratégias motoras. Recomenda-se a prática

de Tai Chi. Podem ser realizados em casa, mas, devem ser monitorados por

fisioterapeuta.

Distúrbios de marcha - Adequação e ou prescrição de dispositivos de auxílio à

marcha. O treino de uso adequado é recomendável. Visita regular ao podólogo.

Déficit visual - Adequação de lentes corretivas. Visita anual ao oftalmologista.

Evitar o uso de lentes bifocais. Acompanhamento cuidadoso do equilíbrio

corporal após cirurgia de catarata.

Déficit auditivo - Prescrição e uso adequados do aparelho de amplificação

sonora.

Hipotensão Postural - Revisão da medicação, elevação da cabeceira da cama,

orientação de movimentos de MMII antes de se levantar.

Uso de medicações psicotrópicas - Rever a necessidade de uso de anti-

psicóticos, antidepressivos e benzodiazepínicos (curta e longa duração).

Prescrever um número reduzido de medicações e levantar o uso de medicações

sem prescrição médica

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Presença de riscos ambientais - Modificação ambiental só foi eficaz na

redução das quedas quando realizada após avaliação feita por profissional de

terapia ocupacional e fornecido as adaptações necessárias.

Presença de queixa de tontura - Inquérito sobre tontura. Se presença de quadro

de tontura (vertigem, cabeça oca, flutuação, afundamento, etc) encaminhamento

ao otoneurologista. Se diagnosticada síndrome vestibular, implementar

Reabilitação Vestibular.

Necessidades específicas nas eliminações - Evitar ingesta hídrica antes de

dormir. Acender luz ao ir ao banheiro durante a noite ou deixar luz noturna

acesa.Utilização de fraldas noturnas Realizar reabilitação funcional do assoalho

pélvico.

Distúrbios de comportamento - Avaliar se há presença de quadro de estado

confusional agudo. Adequar o ciclo vigília-sono. Implementar medidas de

higiene do sono. Evitar eventos estressores. Usar terapia de validação. Evitar

restrição física ou medicamentosa. Vigilância contínua.

Doença de Parkinson, parkinsonismo, acidente vascular encefálico, artrite,

neuropatias, demência - Manejo farmacológico específico. Fisioterapia

especializada. 

Distúrbio de atenção - Avaliação específica do desempenho por meio do Timed

up & go modificado. Treino de Equilíbrio associado ao treino cognitivo

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Dentro de casa

Deixe os caminhos livres, retirando móveis e entulhos;

Retire tapetes soltos, cordões e fios (telefone, extensões) do assoalho;

Não deixe animais soltos;

Prenda tacos soltos e bordas soltas de carpetes;

Não encere pisos;

Coloque uma iluminação adequada para a noite, principalmente no caminho do

banheiro;

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As escadas devem ter corrimãos, boa iluminação e faixa colorida e

antiderrapante na borda dos degraus;

Substitua ou conserte móveis instáveis;

Evite cadeiras muito baixas e camas muito altas (deve ter a altura do joelho do

idoso);

Evite o uso de chinelos, salto alto e sapatos de sola lisa;

Não deixe o idoso andar de meias;

Guarde itens pessoais e objetos mais usados ao nível do olhar ou um pouco mais

embaixo.

No banheiro

Instale barras de apoio no chuveiro e no vaso sanitário;

Instale um vaso sanitário mais alto;

Mantenha um banquinho para lavagem dos pés;

Use capachos e tapetes antiderrapantes;

Não use chaves na porta dos banheiros.

Fora de casa

Conserte calçadas e degraus quebrados;

Remova soleiras altas das portas;

Limpe caminhos e remova entulhos;

Instale corrimão em escadas e rampas;

Instale iluminação adequada em calçadas, portas e escadas.

Com relação ao idoso

Evite que ele se levante rapidamente após acordar: esperar alguns minutos antes

de sentar e de caminhar;

Atravesse a rua sempre nas faixas de segurança;

Dar medicamentos somente sob orientação médica; cuidado especial para os

diuréticos, remédios para pressão e calmantes;

Estimule o idoso à prática de atividades de coordenação e concentração como

dança artesanato, palavras cruzadas e jogos.

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CONCLUSÃO

As quedas na população idosa são freqüentes e determinam complicações que alteram

negativamente a qualidade de vida dessas pessoas. Sua ocorrência pode ser evitada com

medidas preventivas adequadas, identificando causas e desenvolvendo métodos para

reduzir sua ocorrência.

Seguindo o que estabelece a Política Nacional de Saúde do Idoso, em relação à

promoção do envelhecimento saudável com manutenção da pessoa idosa em seu

ambiente familiar e com capacidade funcional preservada, um programa que trabalhe a

conscientização da sociedade e dos próprios idosos sobre medidas que diminuam os

riscos para a queda é imperioso e urgente.

Vale ressaltar que, em comunidades de baixa renda, como é o caso da área de moradia

dos idosos deste estudo, a urbanização desses espaços públicos seria um importante

passo para reduzir os riscos com que os idosos convivem em suas atividades diárias.

Com o acentuado crescimento de idosos na população brasileira e as dificuldades

enfrentadas por eles em relação à saúde e às condições socioeconômicas, advoga-se

aqui uma discussão de programas específicos que se voltem à prevenção das quedas e à

promoção do envelhecimento saudável com qualidade de vida.

 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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