Trabalho de ResumoResumo Do Livro Édipo Um Complexo Que Nenhuma Criança Escapa

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Alho O Complexo de Édipo é definido como um conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta relativamente aos pais. Sob a forma positiva apresenta-se como na história de Édipo-Rei: desejo de morte do rival que é o personagem do mesmo sexo e desejo sexual da personagem do sexo oposto. Sob a sua forma negativa, apresenta-se inversamente amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. O complexo de Édipo é vivido no seu período estimado no máximo entre os três e cinco anos, durante a fase fálica*, e o seu declínio marca a entrada do período de latência. Além disso, desempenha um papel fundamental na estruturação da personalidade na orientação do desejo humano. Na menina, a relação do complexo de Édipo com o complexo de castração é muito diferente, enquanto o complexo de Édipo no rapaz é minado pelo Complexo de castração, o da menina torna-se possível e é introduzido pelo complexo de castração. Nela a renúncia ao pênis só se realiza após uma tentativa para obter uma compensação. A menina resvala, ao longo de uma equivalência simbólica, do pênis para o filho, e o seu complexo de Édipo culmina no desejo de obter como presente um filho do pai/de dar-lhe um filho. * A fase fálica é despertada pelas diferenças anatômicas dos sexos e passa a perceber a mãe como um objeto total. Há uma mudança não apenas na relação do bebê com a sua mãe, mas também em sua percepção de mundo. Se dá conta do vínculo que existe entre seu pai e sua mãe.

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a abordagem do Egipo.

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Alho O Complexo de Édipo é definido como um conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta relativamente aos pais. Sob a forma positiva apresenta-se como na história de Édipo-Rei: desejo de morte do rival que é o personagem do mesmo sexo e desejo sexual da personagem do sexo oposto. Sob a sua forma negativa, apresenta-se inversamente amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto.

O complexo de Édipo é vivido no seu período estimado no máximo entre os três e cinco anos, durante a fase fálica*, e o seu declínio marca a entrada do período de latência. Além disso, desempenha um papel fundamental na estruturação da personalidade na orientação do desejo humano.

Na menina, a relação do complexo de Édipo com o complexo de castração é muito diferente, enquanto o complexo de Édipo no rapaz é minado pelo Complexo de castração, o da menina torna-se possível e é introduzido pelo complexo de castração. Nela a renúncia ao pênis só se realiza após uma tentativa para obter uma compensação. A menina resvala, ao longo de uma equivalência simbólica, do pênis para o filho, e o seu complexo de Édipo culmina no desejo de obter como presente um filho do pai/de dar-lhe um filho.

* A fase fálica é despertada pelas diferenças anatômicas dos sexos e passa a perceber a mãe como um objeto total. Há uma mudança não apenas na relação do bebê com a sua mãe, mas também em sua percepção de mundo. Se dá conta do vínculo que existe entre seu pai e sua mãe.

DESENVOLVIMENTO

O COMPLEXO DE CASTRAÇÃO NA MENINA

O complexo de castração feminino organiza-se de maneira muito diferente do complexo de castração masculino, a despeito de dois traços comuns. O ponto de partida de ambos é distinção anatômica dos sexos. A crença na universalidade do pênis é, portanto, a pré-condição necessária à constituição do complexo de Édipo em ambos os sexos. E o segundo traço comum refere-se ä importância do papel da mãe, a mãe continua sendo o personagem principal até

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o momento em que o menino se separa dela com angústia, e a menina com ódio.

Primeiro tempo: todo mundo tem um pênis ( o clitóris é um pênis)à Nesse primeiro tempo, a menina ignora a diferença entre os sexos e a existência de seu próprio órgão sexual, isto é, a vagina. Está perfeitamente feliz pôr possuir, como todo mundo, um atributo clitoriano, que ela assemelha ao pênis e ao qual atribui o mesmo valor que o menino confere a seu órgão. Quer se apresente sob a forma de órgão peniano, ou de órgão clitoridiano, na menina, o pênis é para os dois sexos, portanto, um atributo universal.

Segundo tempo: o clitóris é pequeno demais para ser um pênis: "fui castrada" à Esse é o momento em que a menina descobre visualmente a região genital masculina. A visão do pênis a obriga a admitir definitivamente que ela não possui o verdadeiro órgão peniano. De imediato, ela julga e decide. Viu aquilo, sabe que não o tem e quer tê-lo. A menina reconhece que foi castrada.

Terceiro tempo: a mãe também é castrada; ressurgimento do ódio pela mãe à No momento em que a menina reconhece a sua castração, no sentido de que seu clitóris é menor que o pênis, ainda se trata apenas de um "infortúnio individual"; progressivamente, porém, ela toma consciência de que as outras mulheres- dentre elas sua própria mãe – sofrem da mesma desvantagem. A mãe é então desprezada, rejeitada pela filha, por não ter podido transmitir-lhe os atributos fálicos e, além disso, pôr não ter sabido ensinar-lhe a valorizar seu verdadeiro corpo de mulher. O ódio primordial da primeira sensação da mãe, soterrado até esse momento, ressurge então na menina sob a forma de recriminações incessantes. Assim, a descoberta da castração da mãe leva a menina a separar-se dela pela Segunda vez, e a partir daí, a escolher o pai como objeto de amor.

Tempo final: as três saídas do complexo de castração a nascimento do complexo de Édipo à Diante da evidência de sua falta de pênis, a menina pode adotar três atitudes diferentes que decidirão o destino de sua feminilidade. Claro está que essas três saídas nem sempre se distinguem com nitidez na realidade.

A primeira reação da menina diante da falta é ficar tão assustada com sua desvantagem anatômica a ponto de se desviar de maneira generalizada de toda a sexualidade. Ela se recusa a entrar em

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rivalidade com o menino e, por conseguinte, não é habitada pela inveja do pênis.

A segunda reação da menina, sempre diante dessa falta, é obstinar-se em acreditar que um dia ela poderá possuir um pênis tão grande quanto ao que viu no menino e, desse modo, torna-se semelhante aos homens. Nesse caso, ela nega o fato de sua castração e preserva a esperança de um dia ser detentora de um pênis. A inveja do pênis consiste, nesse caso, na vontade de ser dotada do pênis do homem. O clitóris continua, na qualidade de "penizinho", a ser a zona erógena dominante.

A terceira reação da menina é o reconhecimento imediato e definitivo da castração. Esta última atitude feminina, que Freud qualifica de "normal", caracteriza-se por três mudanças importantes: a mudança do parceiro amado: a mãe cede lugar ao pai, a mudança da zona erógena: o clitóris cede lugar à vagina e a mudança do objeto desejado: o filho cede lugar a um filho.

Desse modo, é para o pai que passam então a se dirigir os sentimentos ternos da menina. Assim se inicia o complexo de Édipo feminino, que persistirá ao longo de toda a vida da mulher. E no correr dos anos que se estendem da infância à adolescência, o investimento do clitóris se irá transpondo progressivamente para a vagina. A inveja do pênis significa, nesse caso, gozar com o pênis no coito, e a vagina ganha então valor como continente do pênis. Assim, o deslocamento dos investimento erógenos do clitóris para a vagina traduz-se pela passagem da vontade de colher no corpo o órgão peniano para a vontade de ser mãe.

CONCLUSÃO

O Complexo de Édipo é muito importante para o desenvolvimento do indivíduo. A maneira como se introduz e como é abandonado deixa efeitos marcantes.

Nas meninas, é a ameaça de castração que as leva à situação do complexo de Édipo. A fase do complexo de Édipo normal seria a menina ligada ao pai, ao passo que seu relacionamento com a mãe seria predominantemente hostil.

Pode-se constatar que o complexo de Édipo feminino é uma formação secundária, enquanto o do menino é uma formação

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primária. A feminilidade é, definitivamente, um constante dever, tecido por uma multiplicidade de trocas, todas destinadas a encontrar para o pênis o melhor equivalente.

BIBLIOGRAFIA

NASIO, J.D. Lições sobre os 7conceitos cruciais da Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

LAPLANCHE JL, PONTALIS JB. Vocabulário de Psicanálise. Moraes Editora, Lisboa, 1979.

O complexo de Édipo compõe uma das problemáticas fundamentais da teoria e da clínica psicanalítica. Para a teoria psicanalítica, o momento crítico da constituição do sujeito situa-se no campo da cena edípica. Dessa forma, o Édipo não é somente o "complexo central" das neuroses, mas também o ponto decisivo da sexualidade humana. Será a partir do Édipo que o sujeito irá estruturar e organizar o seu vir-a-ser, sobretudo em torno da diferenciação entre os sexos e de seu posicionamento frente à angustia de castração.

A Psicanálise acredita que o processo de constituição do sujeito já comece a se configurar antes mesmo do nascimento. Quando um casal pensa em ter um filho, já se começa a enredar uma trama, na qual o sujeito ao nascer será inserido. Essa trama, que inclui questões sobre o que os pais pensam e o que desejam para os filhos, por exemplo, é totalmente influenciada pela cultura. De acordo com Charlot, ao nascer, a criança entra em contato com relações e processos que irão constituir sistemas de sentido e nesses a criança deve construir as noções de "quem sou eu?", "o que é o mundo?" e "quem são os outros?". A constituição desses sistemas requer tempo – que funciona de acordo com uma lógica individual – e a relação com os pais é fundamental para o processo de desenvolvimento de uma criança.

Não houve uma preocupação da Psicanálise em demonstrar o desenvolvimento infantil de uma maneira linear. A descoberta da sexualidade infantil, fundamental para o desenvolvimento da teoria

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Freudiana, acabou por retirar a conservadora noção de que o sexual se restringe ao genital. Para compreender isso, é necessário pensar em sexual no sentido daquilo que favorece prazer – ou melhor, retira do desprazer.

Segundo Freud, o "desenvolvimento sexual infantil" privilegia a primazia das zonas erógenas e as noções de "fixação" e "regressão". No texto "A Organização genital infantil" (1923), Freud sugere as fases pré-genitais: oral e anal e a fase genital fálica. Ele relata que o primeiro objeto que retira a criança do desprazer é o seio da mãe, quando ela é amamentada e alimentada.  Ao mamar, há uma erogenização da boca da criança e é através dessa parte do corpo que ela começará a conhecer o mundo (fase oral). Na fase seguinte, o ânus passa a ser percebido como uma parte do corpo que também pode proporcionar prazer (fase anal). Em seguida, normalmente por volta dos cinco a sete anos, vem a fase fálica, "caracterizada pela dominância imaginária do atributo fálico", na qual a manipulação dos órgãos genitais é fonte de prazer e angústia para a criança. Essa fase é primordial, pois nela é que deve estar se configurando o Complexo de Édipo, que deve culminar no Complexo de Castração.

Após a resolução do complexo de Édipo, a criança entra no período de latência, onde sua curiosidade sexual tem uma diminuição e um declínio das tensões que lhe permite desviar a atenção de seu corpo e buscar satisfação em outros interesses socialmente valorizados. Esta fase perpassa até a puberdade quando se organiza o último estágio do desenvolvimento psicossexual, a etapa genital propriamente dita, que ordena as correntes pulsionais e possibilita ao sujeito a capacidade de amar.

É importante salientar que, para que o desenvolvimento se consolide, não há necessidade de que a criança atravesse todas as fases. Um indivíduo já adulto, certamente ainda é influenciado por coisas que aconteceram na sua remota infância. Existem fixações nessas fases propostas por Freud e essas são maneiras de revivê-las e afastar a angústia causada pela perda dos objetos implicados nelas.

Falando de angústia, é impossível não associar esta a experiência do Complexo de Édipo e Castração. Nessa fase, ocorre a constatação das diferenças sexuais anatômicas. No Édipo encenam pai, mãe e filho(a), sendo que, a vivência dessa experiência ocorre de maneira diferenciada para meninos e meninas.

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Este complexo, no menino, inicia-se com o desejo dele pela mãe, ele passa-se a considerar falo desta, aquele que a completa. O pai – ou função paterna – deve entrar nessa relação e fazer o filho perceber que não pode ter a mãe como objeto de desejo. Isso deve fazê-lo buscar outros objetos no mundo. Vale ressaltar que esta é uma experiência inconsciente.

De acordo com Nasio, a castração no menino se dá em quatro fases. Na primeira a criança acredita que todo mundo tem pênis, sendo esta crença precondição para a experiência psíquica da castração. Na segunda fase, há uma ameaça ao pênis. Acontece na época em que começam a ser feitas proibições verbais por parte dos pais à manipulação do órgão sexual. Nasio diz que,

"essas ameaças colocam a criança em guarda contra a perda do seu membro, caso venha a perseverar em suas apalpações, mas a meta implícita das advertências parentais é tirar do menino toda e qualquer esperança de um dia tomar o lugar do pai na relação com a mãe". 

Nesse momento começa a haver a formação do superego. No terceiro momento, o menino constata que a menina não tem pênis. Isso se dá através da descoberta visual da região genital feminina. Saber que existem seres sem pênis o remetem às proibições e ameaças da fase anterior. Essa associação o leva a crer que a ameaça da castração é real. Nessa fase o menino, para afastar a angústia, cogita a possibilidade de o pênis vir ainda a crescer na menina. Na última fase, ele constata que o pênis não vai crescer mesmo e que a mãe também é castrada. Esse é o momento que realmente surge a angústia de castração. Nasio conclui que,

"é sob o efeito da irrupção da angústia de castração que o menino aceita a lei da proibição e opta por salvar o seu pênis, mesmo tendo que renunciar à mãe como parceira sexual. Com a renuncia à mãe e o reconhecimento da lei paterna encerra-se a fase de amor Edipiano".

Esse processo é estruturante, já que o menino assume sua falta, produz seus limites e dessa forma é possível a identificação com o masculino.

Com as meninas, como já foi dito, esse processo se dá de maneira diferente. A começar pelo fato de que o Complexo de Castração na menina abre o Complexo de Édipo desta, enquanto nos meninos o

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Édipo nasce e se encerra com a Castração. Ainda, existe a necessidade de ocorrer a separação mãe-menina, já que a mãe é o primeiro objeto de desejo desta. Nasio afirma que o "papel da mãe é muito mais importante na vida sexual da menina do que o pai".

O processo das meninas se dá em três tempos. No primeiro, assim como no menino, a menina crê na universalidade do pênis. Ignora a existência do seu órgão sexual, a vagina, e atribui ao clitóris o valor de órgão genital. No segundo momento, há a descoberta visual do pênis e a constatação de que ela é castrada. Daí o que Freud chamou de inveja do pênis. Nasio distingue que "menino vive a angústia da ameaça, enquanto a menina vivencia a inveja de possuir aquilo que viu e do qual foi castrada". No terceiro tempo, a menina percebe que sua mãe também é castrada. Dessa forma, a mãe é rejeitada pela filha, pois não pode transmitir os atributos fálicos. Daí, a menina escolhe o pai como objeto de amor, passando do Complexo de Castração para o Édipo. Com o tempo a menina vai admitir que também não pode ter o pai e a saída do Complexo de Édipo pode se dar de três formas:

A menina deixa de lado a sua sexualidade, aceitando a sua desvantagem anatômica;

A menina entra num complexo de masculinidade, no qual crê que um dia e poderá ter um pênis, negando dessa forma, a sua castração. Essa saída pode concluir-se numa escolha homossexual; ou

A menina aceita a sua castração e favorece o desenvolvimento da sua feminilidade. Essa saída é a considerada mais saudável, passa-se a procurar outros objetos no mundo, o clitóris deve ceder lugar à vagina e o objeto de desejo – o falo – passa a ser um filho.

Em sua teoria, Freud determinou a existência de três estruturas clínicas fundamentais e elas estão relacionadas à maneira como o sujeito se colocou diante da experiência do Édipo e da Castração. Quando há uma aceitação do limite imposto pela lei paterna tem-se a formação de uma estrutura neurótica. No caso de não ter sido feita a castração, ou seja, o pai não tenha entrado na relação mãe-filho, tem-se a psicose. E quando não há a aceitação da castração e negação desta, forma-se uma estrutura perversa e o indivíduo enquadrado nesta, por conseguinte, não atenta para as leis e limites, agindo como se eles não existissem.

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