Trabalho Escrito de Fundações

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1 UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Curso de Engenharia de Civil Disciplina de Fundações Professor Marcos Porto

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Trabalho da disciplina de fundacoes

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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR

Centro de Ciências Tecnológicas – CCT

Curso de Engenharia de Civil

Disciplina de Fundações

Professor Marcos Porto

Fortaleza, outubro de 2015.

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EQUIPE:

Pedro Victor Feitosa

Danubia Maria

Ulisses Lages

TRABALHO DE FUNDAÇÕES

Trabalho apresentado para obtenção de nota parcial (2ª NP), sobre o ensaio de integridade de estacas (PIT) e as investigações com métodos geofísicos, da disciplina de fundações, do Curso de Engenharia Civil, do Centro de Ciências e Tecnológicas, da Universidade de Fortaleza (UNIFOR)

Fortaleza, outubro de 2015.

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SUMÁRIO

1. Introdução..............................................................................................042. Ensaio de Integridade de Estacas (PIT)..............................................05

2.1. Vantagens e desvantagens do ensaio PIT...............................082.2. Softwares de processamento do ensaio PIT...........................09

3. Cross Hole.............................................................................................104. Down Hole..............................................................................................125. Teste Geofísico de Resistivdade Elétrica....................................................15

5.1. Amostragem Física do Solo......................................................165.2. Método da variação da profundidade.......................................165.3. Método dos dois pontos............................................................16

5.4. Método dos quatro pontos........................................................165.5. Prospecção geotécnica subsolo, refração sísmica................215.6. Aplicações..................................................................................25

6. Conclusões...........................................................................................277. Questionário.........................................................................................288. Referências Bibliográficas..................................................................29

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1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho visa descrever o ensaio de integridade de estacas (também conhecido como ensaio “PIT”) e as investigações com métodos geofísicos, que serão mostradas ao decorrer do trabalho. Será mostrado, de maneira detalhada, o funcionamento prático e a metodologia, por meio de vídeos e de informações coletadas a respeito desses ensaios. Alguns aspectos também serão mostrados, tais como: vantagens e desvantagens, limitações, etc.

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2. ENSAIO DE INTEGRIDADE DE ESTACAS (PIT)

O ensaio de integridade de estacas – PIT (Pile Integrity Tester) visa, principalmente, determinar a variação ao longo da profundidade das características do concreto de estacas de fundação, pode-se também avaliar a integridade estrutural de fundações profundas. Esse tipo de ensaio consiste na colocação de um acelerômetro de alta sensibilidade no topo da estaca sob teste, e na aplicação de “golpes” com um martelo de mão. O ensaio de integridade PIT é chamado também de “Low Strain Method” – Teste de Integridade com Impacto de Baixa Deformação (tendo em vista que é necessário o impacto de um “martelo”).

Para a realização desse ensaio, são feitos os seguintes procedimentos: O acelerômetro é fixado com um material viscoso (por exemplo: cera de petróleo); os golpes criam uma onda de tensão, que percorre ao longo da estaca e sofre reflexões ao encontrar qualquer variação nas características do material (área de seção, peso específico ou módulo de elasticidade).  As reflexões causam variações na aceleração que é medida pelo sensor. Logo em seguida, é feito um registro da evolução dessa aceleração com o tempo (na realidade é mais usual converter-se a aceleração para velocidade, mediante integração do sinal). 

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Figura 1 – Desenho esquemático do procedimento do ensaio PIT.

Como a onda trafega com uma velocidade fixa, conhecendo-se a velocidade de propagação da onda e o tempo transcorrido entre a aplicação do golpe e a chegada da reflexão correspondente à variação de características pode-se determinar a exata localização dessa variação.  É recomendada a aplicação de vários golpes sequenciais, para que o equipamento PIT tire a média dos sinais correspondentes. Isso permite a "filtragem" de interferências aleatórias, sobressaindo no sinal apenas as variações causadas pelas reflexões da onda.

O PIT pode ser usado em estacas tipo hélice contínua, estacas moldadas in loco, outras estacas pré moldadas, ou estacas de madeira. O equipamento detecta defeitos potencialmente perigosos, como fissuras significativas, reduções de diâmetro e descontinuidades no concreto.

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Em algumas situações o PIT pode ajudar na determinação do comprimento de estacas pré existentes, e em determinadas circunstâncias é possível utilizá-lo para testar estacas de pontes ou torres existentes. O teste com o PIT não exige planejamento antecipado ou tubos de acesso, e é executado de maneira simples e rápida, tornando possível a avaliação da integridade de todas as estacas de uma obra.

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2.1. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO ENSAIO PIT

Sua principal vantagem é a possibilidade de se testar todo o estaqueamento de uma obra com custo e prazo reduzidos.

É capaz de detectar danos na superfície do fuste.

Não exige preparo durante a execução da estaca. Assim, pode ser feito em qualquer estaca da obra.

Equipamento leve e portátil, exigindo um mínimo de recursos da obra durante os ensaios.

Em contrapartida, as desvantagens (ou limitações) são listadas a seguir:

Pouca precisão na avaliação da intensidade do dano. Isso pode fazer com que sejam detectados danos que não comprometeriam a utilização da estaca, com consequente perda de tempo para a obra.

Dificuldade de detecção de segundo dano abaixo de uma grande variação de características do material da estaca.

Difícil interpretação dos sinais obtidos em alguns casos, inclusive por influência do atrito lateral (que também provoca reflexões da onda).

Impossibilidade de distinguir entre variação de área de seção e variação de qualidade do concreto (peso específico e/ou módulo de elasticidade).

Limitação de comprimento da estaca (30 vezes o diâmetro equivalente).

Dificuldade de detecção de dano muito próximo da ponta.

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2.2. “SOFTWARES” DE PROCESSAMENTO DO ENSAIO PIT

O PIT é oferecido em dois modelos:

- velocidade (PIT-V),

- força-velocidade (PIT-FV).

O PIT-FV, acompanhado da versão “PRO” do software “PIT-W” permite uma melhor definição dos defeitos próximos ao topo da estaca, torna possível o cálculo da velocidade de onda na estaca quando utilizado com a opção de 2 acelerômetros e facilita a detecção de defeitos.

Figura 2 – Interface do “Software” de processamento do método PIT.

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3. CROSS HOLE

No mundo todo a avaliação da integridade das estacas moldadas in loco tem

seguido uma tendência do uso de métodos indiretos e não destrutivos,

baseados em fundamentos de emissão e recepção de ondas acústicas. Entre

os ensaios que empregam esse recurso o mais conhecido é o PIT (veja

quadro). O mais recente deles, no entanto, o “Cross Hole Sonic Logging”

(CSL), está disponível no Brasil desde o ano passado. Conhecida como

tomografia, essa tecnologia é uma importante ferramenta para a verificação da

qualidade de fundações profundas. Segundo a engenheira Cristiana Sanches

Andreo, da In Situ Geotecnia, empresa que trouxe o equipamento ao País, o

ensaio tem como objetivo a verificação da qualidade da concretagem do fuste.

Figura 3 – Desenho esquemático do Cross-Hole.

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A tecnologia envolve a geração de pulsos elétricos em uma unidade de

controle e aquisição de dados. Em uma sonda transmissora, os pulsos são

convertidos em ondas ultra-sônicas, que são captadas por uma sonda

receptora e convertidas novamente em sinais elétricos. A resposta da sonda

receptora é filtrada em torno de sua freqüência de ressonância, procedimento

que permite minimizar o ruído eletrônico. 

O transmissor e o receptor operam no interior de tubos preenchidos com

água, previamente incorporados à fundação durante a concretagem. Para

garantir uma varredura completa do interior do fuste, são empregados tubos

dispostos em círculo (geralmente um tubo para cada 25 a 30 cm de diâmetro),

instalados próximos à periferia da estaca e ao longo de todo seu comprimento.

Os tubos podem ser metálicos ou de PVC, sendo usualmente fixados na

própria armadura da fundação.

A execução do ensaio envolve o posicionamento do transmissor e do

receptor na porção inferior de dois tubos. Em seguida, faz-se com que as

sondas percorram simultaneamente a estaca, registrando-se continuamente a

profundidade, o tempo transcorrido entre a emissão do pulso e sua chegada no

receptor e a energia do sinal recebido.

O movimento ascendente das sondas dentro dos tubos se dá mediante o

acionamento manual ou mecânico de cabos apropriados. O ensaio é repetido

diversas vezes, selecionando-se novas combinações de tubos. Com isso,

possíveis regiões defeituosas poderão ser mapeadas espacialmente ao longo

da profundidade e também por quadrante.

Os sinais monitorados em campo são analisados com software

específicos.  A interpretação é efetuada com base no tempo de transmissão do

pulso de ultra-som. O princípio físico consiste no fato de que a presença de

material de má qualidade no fuste retardará ou impedirá a chegada do sinal

emitido. Muitos dos fatores que podem causar um atraso na chegada do pulso

de ultra-som - tais com o intrusões de solo (ou lama bentonítica), concreto de

baixa qualidade ou formação de vazios - levam também a uma diminuição da

energia do sinal transmitido, de modo que esta grandeza também é

considerada na análise.

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4. DOWN-HOLE

Os testes sísmicos Down-Hole são realizados com o objetivo de obter

uma detalhada estratigrafia vertical da velocidade das ondas sísmicas, tanto

compressivas (Vp) como de corte (Vs), que se propagam a partir da

superfície do terreno em profundidade.

O terreno é energizado na superfície, em proximidade da cabeça do furo,

e o registro ocorre no furo graças a um geofone triassial colocado à

profundidade crescente. O geofone registra os deslocamentos

(traduzidos em forma de impulsos elétricos) ao longo de três direções

ortogonais entre eles (x, y, z).

As  ondas  sísmicas  podem  ser  geradas  energizando o terreno  na

direção vertical ou na direção transversal (paralelamente ao solo). No

primeiro caso serão geradas, na maioria, ondas de compressão (ondas P),

que se propagam em profundidade e são mais bem registradas pelo geofone

vertical (eixo z). No segundo caso, serão geradas, na maioria, ondas de

corte (ondas S), visíveis principalmente pelos geofones com o eixo colocado

horizontalmente (eixos x e y).

  

                        

Figura 5 – Desenho esquemático do funcionamento do método Down Hole.

   

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As ondas de corte (S) têm velocidades inferiores em relação às ondas de

compressão, portanto alcançarão o geofone triassial quando a primeira

frente de onda compressiva já tiver passado. Essa passagem, infelizmente,

constitui um distúrbio para a medida das ondas transversais enquanto a

componente horizontal do geofone triassial se encontra ainda em movimento

no momento da chegada da onda S. Portanto, para melhorar a relação entre

a energia da onda de compressão P e a energia da onda transversal S a

favor dessa última, é realizada uma dupla energização horizontal, com verso

oposto. A subtração das formas de onda relativas a essas duas aquisições

reduz sensivelmente a componente de compressão presente no sinal.

Figura 6 –

A medida dos tempos das primeiras recepções das ondas sísmicas deve

ser realizada com precisão e com um detalhamento não inferior ao décimo

de milésimo de segundo. Cada atraso entre o momento da energização do

terreno e o início do registro no sismógrafo se traduz em um erro significativo

nos valores das velocidades medidas.

Para anular todo efeito de atraso, é posicionado um segundo geofone em

proximidade ao ponto de batida à cabeça do poço. A forma de onda

restituída por esse geofone é capturada por um canal do sismógrafo e é

analisada separadamente em relação àquele que avança em profundidade,

para poder assim avaliar cada possível antecipação ou atraso do trem de

onda. O valor do tempo da primeira frente de chegada a este geofone é

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sempre o mesmo para todas as batidas, e o sinal é rico de altas frequências

graças à proximidade com a origem: portanto, o tempo medido é muito

preciso. O fechamento de um circuito elétrico é um sistema alternativo que

não gera atrasos.

A análise dos dados prevê que as batidas executadas em diversos

momentos, avançando em profundidade, sejam usadas para reconstruir um

único sismograma, idêntico àquele que teria sido recebido por uma série de

tantos geofones quantas forem as posições de medida no furo.

Em particular são apresentadas em um sismograma as formas de onda

relativas ao geofone vertical (eixo z) e, em um outro sismograma, as formas

de onda relativas aos geofones horizontais (eixos x e y). Sendo que se

dispõe de  dois geofones horizontais (posicionados entre eles a 90º) e só de

um sismograma, será necessário que as formas de onda venham entre elas

compostas seguindo um certo ângulo (diferente de 90º) que é

oportunamente modificado pelo programa de interpretação para procurar o

plano de oscilação principal da onda de corte (S).

A progressiva modificação do ângulo de composição entre x e y,

acompanhada da gráfica em tempo real da forma de onda composta, permite

individualizar o valor do ângulo para o qual é mínima a energia da onda

de compressão e máxima aquela da onda transversal. Esse valor do ângulo

de composição, diferente para cada profundidade, é utilizado para a criação

do sismograma que refere-se às ondas de corte (S).

 

Deve ser feita uma observação: Nenhum teste "Down-Hole" ou "Cross-

Hole" terá sucesso se os revestimentos dos furos não forem cimentados

adequadamente. A cimentação deve ser executada de baixo para acima até

o preenchimento total do interstício entre o terreno e a tubulação. É oportuna

também uma avaliação dos metros cúbicos de cimento efetivamente

utilizados e a comparação com o volume previsto.

 

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5. TESTE GEOFÍSICO DE RESISTIVIDADE ELÉTRICA

Resistividade elétrica é uma medida da oposição de um material ao fluxo de corrente elétrica. Quanto mais baixa for a resistividade mais facilmente o material permite a passagem de uma carga eléctrica. A unidade SI da resistividade é o ohm metro. Já a resistividade elétrica de um solo é a resistência entre faces opostas do volume de solo, consistindo em um cubo homogêneo e isótropo cuja aresta mede uma unidade de comprimento (NBR 7117).

A condutividade elétrica do solo (CE) tem se destacado como meio de medida indireta de propriedades do solo, podendo ser usada como indicador no monitoramento de características do solo, como salinidade, textura e estratificação, umidade, densidade, matéria orgânica e derivados, definição de bordas em classificação de solos, classes de drenagem, recarga de lençol freático, entre outras (CORWIN & LESCH, 2005).

O solo tem uma composição bastante heterogênea, sendo que o valor da sua resistividade pode variar de local para local em função do tipo (argila, calcário, areia, granito, etc.), do nível de umidade (seco, molhado), da profundidade das camadas, da idade de formação geológica, da temperatura, da salinidade e de outros fatores naturais. A resistividade do solo geralmente é afetada também por fatores externos, como contaminação e compactação do solo. O projeto da ABNT NBR 7117 apresenta a Tabela 1 com exemplos da variação da resistividade do solo, reproduzida a seguir:

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Existem diversos métodos de medição da resistividade do solo, como:

Amostragem física do solo Método da Variação da profundidade Método dos dois pontos Método dos quatro eletrodos, com os seguintes arranjos:

Arranjo do eletrodo centralArranjo de LeeArranjo de WennerArranjo Schlumberger – Palmer.

5.1. Amostragem Física do Solo

Este método é utilizado geralmente como um critério comparativo com os resultados obtidos em campo pelo método dos quatro pontos. Neste método são levantadas, em laboratório, as curvas de resistividade em função da quantidade de água adicionada ao solo e também da capacidade que o solo tem de retê-la.

5.2. Método da variação da profundidade

Este método consiste em ensaios de medição de resistência de terra executados para várias profundidades (L) do eletrodo de ensaio de diâmetro (d). Por este motivo também é conhecido como “método de três eletrodos”.

É possível se estimar o valor da resistividade aparente em função do valor da resistência média e dos valores do comprimento (L) da haste. Assim, quando colocado graficamente em função de L, fornece uma ajuda visual para a determinação da variação da resistividade do solo com a profundidade.

5.3. Método dos dois pontos

Este método também apresenta valores aproximados servindo para avaliar a ordem de grandeza da resistividade de pequenos volumes de solo.Neste método, dois eletrodos iguais são cravados em uma mesma profundidade, afastados a uma distância adequada (maior ou igual a 5 x L). Os eletrodos são interligados por um cabo isolado eletricamente e mede-se a resistência em série destes eletrodos com um terrômetro tipo alicate, com a pinça enlaçando o cabo de interligação.

5.4. Método dos quatro pontos

Este método também apresenta valores aproximados servindo para avaliar a ordem de grandeza da resistividade de pequenos volumes de solo. Neste método, dois eletrodos iguais são cravados em uma mesma profundidade, afastados a uma distância adequada (maior ou igual a 5 x L). Os eletrodos são interligados por um cabo isolado eletricamente e mede-se a resistência em

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série destes eletrodos com um terrômetro tipo alicate, com a pinça enlaçando o cabo de interligação.

Vários arranjos podem ser utilizados nesse método, são eles:

Arranjo de Lee que requer duas medidas por espaçamento e permite detectar variações nas espessuras das camadas do solo. Este arranjo utiliza 5 hastes.

Figura 7 – Arranjo de Lee (ou das 5 hastes).

O arranjo dos quatro pontos igualmente espaçados, mais conhecido como arranjo de Wenner é o mais conhecido e utilizado. Antes da revisão, a NBR 7117 tratava apenas deste método. C1 e C2 são os eletrodos de corrente. A tensão é medida entre os eletrodos P1 e P2 do arranjo. Sendo “a” a distância entre eletrodos adjacentes e “b” a profundidade de cravação destes, a resistividade em função de a e b é dada por:

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Figura 8 – Arranjo de Wenner.

Na prática, são usados quatro eletrodos localizados em uma linha reta em intervalos ‘a’, enterrados a uma profundidade que não exceda a 10% de “a”. Quando b ≤ a/10, a equação pode ser simplificada pela fórmula:

Devem ser realizadas diversas medições com vários espaçamentos entre eletrodos para a obtenção da variação da resistividade com a profundidade.

O arranjo de Schlumberger é uma configuração do arranjo de 4 pontos em que o espaçamento central é mantido fixo (geralmente a uma distância de 1 metro), enquanto os outros espaçamentos variam de forma uniforme.

Figura 9 – Arranjo de Schlumberger.

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A norma define como “uma medição” o conjunto de leituras obtidas em uma mesma direção de cravamento e diversos espaçamentos entre hastes, realizado conforme o método de medição dos quatro pontos pelos diversos arranjos descritos acima.

O número mínimo de linhas de medição, sua direção e localização dos pontos dependem da geometria, da área e das características locais do terreno sob estudo. A norma ABNT NBR 7117 apresenta uma tabela e uma figura (aqui reproduzidas como Figura 10 e Tabela 2) onde é possível se obter o número mínimo de linhas de medição em função da área do terreno. A tabela considera áreas de até 20.000 m². Para áreas superiores, deve-se dividir o terreno remanescente em áreas de até 10.000 m², acrescentando-se linhas de medição equivalentes às descritas na tabela.

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Medição da resistividade do solo - Método de Wenner:

O método, como é conhecido, consiste na colocação de 4 eléctrodos numa linha que atravessa a parte do terreno onde se pretende medir a resistividade do solo.

1. Os eléctrodos deverão ser colocados em linha, respeitando escrupulosamente a distância entre eles, que deverá ser constante e no mínimo 3 vezes o comprimento dos eléctrodos.

2. Os eléctrodos deverão ser colocados a uma profundidade mínima de 1/3 da distância entre eles.

3. Bastará agora colocar o selector em 4 poles e carregar em start.

De modo a minimizar uma leitura incorrecta é aconselhável que se repita este teste em vários eixos e em várias profundidades de modo a que se obtenha um padrão estatístico da resistividade do solo a medir.

Para calcular a resistividade do terreno teremos que usar a seguinte fórmula:

a equivale à distância entre estacas e R é o valor medido no equipamento, por exemplo 75,4 ohms. Se estivermos usando a distância de 3 metros entre estacas podemos realizar o seguinte cálculo:

Este valor indica-nos que estamos perante um terreno com uma resistividade muito alta. A interpretação dos resultados obtidos nas medições deve ser bastante criteriosa e necessita de grandes cuidados para a sua validação. É muito importante estabelecer uma equivalência simples para a estrutura do solo. Esta equivalência depende da exatidão e extensão das medições, do método utilizado, da complexidade matemática envolvida e da finalidade das medições. Para a maioria das aplicações, a estratificação do solo obtida para duas camadas já é suficiente, porém não se deve tomar essa afirmação como regra. Há casos que um detalhamento matemático mais complexo se faz necessário para se determinar o modelo estratificado para a terceira e até a quarta camada.

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5.5. PROSPECÇÃO GEOTÉCNICA DO SUBSOLO, REFRAÇÃO SÍSMICA

São os métodos que se baseiam na emissão de ondas sísmicas artificiais em sub-superfície ou no mar (geradas por explosivos, ar comprimido, queda de pesos ou vibradores), captando-se os seus "ecos" depois de percorrerem determinada distância para o interior da crosta terrestre, serem refletidas e refratadas na sua descontinuidade e então retornando à superfície.

Os principais tipos de métodos sísmicos são: reflexão e refração. O método da refração sísmica consiste na medição dos tempos de propagação das ondas elásticas, geradas por uma fonte de energia (marreta, queda de peso, explosivos), que percorrem os materiais em subsuperficie, sofrem refração nas interfaces entre meios com diferentes velocidades e retornam à superfície, sendo captadas pelos geofones.

O sinal sísmico é registrado em um sismógrafo para posterior análise e interpretação dos resultados. O sismograma constitui o registro básico para a interpretação dos dados de refração, no qual são identificados os tempos de chegada das ondas compressionais (ondas P). Com estes dados, são elaborados gráficos “tempo x distância” que, devidamente interpretados, fornecem os valores de velocidades dos estratos sísmicos, espessuras e profundidades dos mesmos.

A velocidade de propagação das ondas sísmicas depende de diversos fatores. Valores baixos de velocidade (menores que 1000 m/s) são associados a solos, enquanto valores elevados (maiores que 4000 m/s) correspondem a rochas mais resistentes, normalmente sãs. Valores em torno de 1600 m/s podem corresponder a material inconsolidado, saturado com água ou então a uma zona de transição solo/rocha. Uma condição necessária para a aplicação do método da refração sísmica é a de que as velocidades em subsuperficie aumentem com a profundidade.

Figura 11 – Esquema de Sísmica de refração

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A velocidade de propagação das ondas elásticas é registada através do tempo que estas demoram a chegar aos geofones.

 

Figura 12 – Sismograma de sísmica de refração

É medido o tempo entre o momento do disparo e a chegada da primeira perturbação a cada geofone. As ondas diretas são as primeiras a chegar, a partir da chamada distância crítica chegam as ondas refratadas que são as que se propagam pelo subsolo.

O registo do tempo de chegada da primeira onda em função da distância percorrida pela mesma resulta em uma função linear, Figura 12. Com estes dados é possível calcular a velocidade e profundidade que se encontra a superfície de refração. O declive da reta (m) permite saber a velocidade de propagação através da relação:

  e é possível determinar a profundidade da superfície de refração através da relação :

  

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Onde:

Z – profundidade da camada

t1 – Tempo de chegada da 1ª onda

V1 e V2 – Velocidade de propagação da onda no meio 1 e 2 respetivamente

  

   

Figura 13 – Tempo de chegada das ondas sísmicas aos vários geofones

  

O grau de alteração das rochas condiciona a velocidade de propagação das ondas sísmicas, assim como os diferentes tipos de materiais. Na Figura 14 estão representados alguns valores de velocidade de propagação das ondas sísmicas para diversos materiais.

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  Figura 14 – Velocidade de propagação das ondas P para diferentes materiais.

 

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5.6. Aplicações

A velocidade de propagação das ondas sísmicas constitui o parâmetro mais representativo para definir a escavabilidade do terreno. A velocidade das ondas reflete o grau de compacidade, alteração e fraturação dos materiais, sendo estes fatores importantes na escavabilidade. Na Figura 15a encontra-se a classificação de escavabilidade com base na velocidade das ondas sísmicas e na 15b a classificação de ripabilidade de vários solos e rochas usando um ripper D9.

Figura  15a – Classificação de escavabilidade  com base na velocidade das ondas sísmicas

 

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As informações obtidas por este método geralmente são de áreas em grande escala, trazendo informações pouco detalhadas das regiões abaixo da superfície, situadas entre o ponto de detonação e o ponto de captação.

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6. CONCLUSÃO

Foi possível conhecer de maneira aprofundada os tipos de métodos utilizáveis para os ensaios de análise de integridade e as investigações por meio dos métodos geofísicos mostrados. Tendo em mente a importância da fundação no desempenho de uma construção e, a frente da impossibilidade de efetivar um laudo visual à integridade de estacas escavadas, a utilização de ensaios pós-executivos e a sua devida interpretação são de suma importância.

É importante observar que somente obras com grandes recursos e investimentos usam métodos de análise para verificar as estacas e estabelecem o contrato de consultores capacitados para tal. Com isso, percebe-se que o Brasil ainda tem muito para evoluir, principalmente na política das construtoras que, para reduzir os custos, desconsideram a importância dessa etapa da obra.

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7. QUESTIONÁRIO:

a) Qual a principal informação que o ensaio de integridade PIT visa determinar?

b) Quais os procedimentos, em sequência, para a realização do ensaio de integridade PIT?

c) Em que tipo de fundações o ensaio PIT é realizado?

d) Em que tipo de estacas o ensaio PIT pode ser utilizado?

e) DETALHE COMO É FEITO O ENSAIO “CROSS-HOLE”?

f) QUAIS OS FATORES QUE PODEM RETARDAR OU IMPEDIR A CHEGADA DO SINAL AO RECEPTOR NO ENSAIO CROSS-HOLE?

g) DETALHE COMO É FEITO O ENSAIO “DOW-HOLE”?

h)

i)

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ensaios de integridade PIT-FV, “Sete Engenharia”. (Disponivel em: sete.eng.br/ensaios-de-integridade-i-37834-servico-37836)

BRITO, José Luis Wey de. Fundações do edifício. São Paulo, EPUSP, 1987.

Ensaio de Integridade, PDI ENGENHARIA. (Disponível em: www.pdiengenharia.com/technical_info/3/).

ESTACAS FRANKI LTDA.,Catálogo. Rio de Janeiro, Estacas Franki Ltda., s.d.

CORWIN, D.L.; LESCH, S.M. “Apparent soil electrical conductivity measurements in agriculture”. “Computers and Electronics in Agriculture”, Amsterdam, v.46, p.11-43, 2005

ABNT NBR 7117, 2012.