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    TRABALHO LABORATORIAL E PRTICAS DE AVALIAO DEPROFESSORES DE CINCIAS FSICO-QUMICAS DO ENSINO BSICO

    PHYSICS AND CHEMISTRY TEACHERS PERSPECTIVES ABOUTLABORATORIAL WORK AND ASSESSMENT PRACTICES

    Marisa Correia *

    Ana Freire **

    Resumo

    Na ltima dcada em Portugal, tem-se assistido a uma mudana nos currculos de cincie nas orientaes curriculares dirigidas avaliao. Neste contexto, pretendeu-s

    caracterizar as perspectivas de ensino e aprendizagem de professores de Cincias FsicQumicas do Ensino Bsico, analisando o trabalho laboratorial que desenvolvem e aformas de o avaliar. Este estudo envolveu trs professores em incio de carreira. Para recolha de dados recorreu-se a entrevistas, a observao de aulas e a documentos. Oresultados sugerem que o trabalho laboratorial no frequente nas aulas dos participante quando implementado apresenta um carcter verificativo e demonstrativo. O professores demonstraram dificuldades na avaliao das aprendizagens dos alunos, o qu coerente com uma perspectiva de ensino e aprendizagem tradicional.

    Palavras-chave:trabalho laboratorial; avaliao; perspectivas de ensino e aprendizagem.

    AbstractDuring the last decade in Portugal the curricula had undergone several changesespecially towards assessment. In this context, by the analysis of teachers laboratorwork and the ways of assessing it, we seek to identify and characterise teachers teachinand learning. This study involves three beginning teachers of chemistry and physicClassroom observation, interviews and documents were the instruments of collectindata. In this studys findings it seems clear that laboratorial work is not much developein teachers practices and often is described as demonstrative and illustrative. Al participants in this study revealed great difficulties in implementing laboratory worassessment, what is consistent with a teaching and learning perspective that still remaintraditional.

    Keywords: laboratory work; assessment; teaching and learning perspectives.

    * Escola Superior de Educao de Santarm, Portugal [email protected] ** Faculdade de Cincias da Universidade de Lisboa, Portugal [email protected]

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    capazes de criar oportunidades para aprender e de constituir fontes de informao tan para o professor como para o aluno (PONTEet al ., 1997). Abrantes (2001) salienta que a posio expressamente adoptada na Reorganizao Curricular do Ensino Bsico consisem entender o currculo e a avaliao como componentes integradas de um mesmsistema. Esta ideia de que a avaliao deve ser parte integrante do processo de ensino aprendizagem, com o objectivo de melhorar as aprendizagens, informar o professor e oalunos, das suas dificuldades e das suas aprendizagens defendida por diversos autore(DE KETELE, 1986; HADJI, 1994; VALADARES & GRAA, 1998; EARL, 2003FERNANDES, 2005). Mas estas novas ideias fazem importantes exigncias ao professores, implicando mudanas a nvel das suas concepes e das suas prtica

    (BORKOet al ., 1997). Numa altura em que passaram poucos anos de uma reorganizao curricular n

    Ensino Bsico, torna-se pertinente analisar a forma como professores de Cincias FsicQumicas, cuja formao acompanhou as recentes mudanas curriculares, avaliam aaprendizagens dos alunos no trabalho laboratorial que implementam nas suas aulas, dforma a caracterizar as suas perspectivas de ensino e de aprendizagem. Como forma dclarificar os objectivos do estudo, consideram-se as seguintes questes:

    1. Que tipo de trabalho laboratorial promovem os professores nas suas aulas?2. Que tcnicas e instrumentos utilizam os professores para avaliar as aprendizagens do

    alunos no trabalho laboratorial?3. Que perspectivas de ensino e de aprendizagem evidenciam os professores quand

    realizam trabalho laboratorial nas suas aulas?

    2. REVISO DE LITERATURA

    O ensino das cincias tem colocado a nfase nos contedos da cincia, entendidocomo produtos acabados, certos e infalveis e, como tal, inquestionveis, no problemticos e no negociveis (ALMEIDA, 2001). A estas ideias est subjacente umepistemologia empirista-indutivista que se caracteriza pela passividade cognitiva d

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    sujeito face aos conhecimentos cientficos que lhe so transmitidos. Face ao fracassglobal desta abordagem, vrios investigadores (HODSON, 1985, 1993; DRIVER, 198 propem uma renovao curricular e metodolgica da educao em cinciafundamentadas num novo quadro de referncia baseado em princpios construtivistas. educao em Cincia, em termos de finalidades, como refere Cachapuz (2000), devdeixar de se preocupar somente com a aprendizagem de um corpo de conhecimentos ode processos de cincia, mas antes garantir que tais aprendizagens se tornaro teis utilizveis no dia-a-dia no sentido de contriburem para o desenvolvimento pessoal social dos jovens, num contexto de sociedades tecnologicamente desenvolvidas que squerem abertas e democrticas.

    A importncia de repensar o papel e a prtica do trabalho prtico no ensino dacincias tem vindo a ser discutido por vrios autores (NRC, 1996; LUNETTA, 1998BYBEE, 2000; HOFSTEIN & LUNETTA, 2004) que defendem que este um meio densino eficaz e eficiente para atingir algumas das finalidades do ensino e aprendizagemdas cincias. Contudo, importa salientar que existem vrias definies para o conceito dTrabalho Prtico segundo diferentes autores. Tendo por base a distino de Hodso(1988), Trabalho Prtico o conceito mais geral e inclui todas as actividades qu

    exigem que o aluno esteja activamente envolvido, Trabalho Laboratorial, por seu turninclui actividades que envolvem a utilizao de materiais de laboratrio e o Trabalhexperimental inclui actividades que envolvem controlo e manipulao de variveis e qu podem ser laboratoriais, de campo ou outro tipo de actividades prticas. No mbito desestudo optou-se pela designao Trabalho Laboratorial, para nos referirmos actividades que podem ou no ser do tipo experimental, que podem ser realizadas emsalas de aulas normais ou em laboratrios e que requerem materiais de laboratrio maou menos convencionais.

    Para Hodson (1993), as actividades laboratoriais tm a possibilidade de permitimotivar os alunos, reforar a aprendizagem de conhecimento conceptual, ensinacompetncias laboratoriais e de metodologia cientfica e desenvolver atitudes cientficaContudo, o frequente recurso a demonstraes e ao tipo de actividades sugeridas emmanuais escolares contribuem para o desenvolvimento de um nmero muito limitado d

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    Ensino Bsico Competncias Essenciais sugere, para o temaSustentabilidade na Terra, a realizao de actividades experimentais de vrios tipos: i) investigativas, partindo duma questo ou problema, avaliando as solues encontradas; ii) ilustrativas de leicientficas; iii) aquisio de tcnicas (DEB, p.143).

    As actividades laboratoriais de cunho investigativo, segundo o NRC (2000), soactividades multifacetadas que envolvem: a realizao de observaes; a colocao dquestes; a pesquisa em livros e outras fontes de informao; o planeamento deinvestigaes; a reviso do que j se sabe sobre a questo; a utilizao de ferramenta para analisar e interpretar dados; a explorao, a previso e a resposta questo; e comunicao dos resultados. As actividades de investigao requerem a identificao d

    problema, usando um pensamento lgico e crtico e considerando explicaealternativas.

    Este processo de ensino experimental e reflexivo acolhe a perspectiva daconstruo social do conhecimento (VYGOTSKY, 1978) pois fortemente apoiada emestratgias de colaborao entre os alunos. Hofstein (2004) e Wellington (1998defendem que as actividades laboratoriais investigativas so oportunidades dos alunodesenvolverem competncias em termos da cooperao e da comunicao e onde este

    esto mais envolvidos na aprendizagem. Estas actividades apresentam diversas fases qu promovem o trabalho em colaborao: a negociao sobre o que fazer, desde a selecdos materiais planificao das estratgias experimentais; a negociao sobre oconhecimentos, ou seja, a definio pelo grupo de quais so os resultados experimentaisobter e os registos a fazer; e, ainda, o estmulo mtuo para a prossecuo da actividadPor sua vez, a discusso geral ps-laboratorial, ao proporcionar o confronto doresultados obtidos, das interpretaes que os alunos fizeram, bem como da avaliao do processos desenvolvidos, sem o constrangimento de se chegar resposta certa, encoraos alunos a (re)pensar acerca das ideias e dos processos (ALMEIDA, 1998).

    Estudos realizados em Portugal (CACHAPUZet al ., 1989; MIGUNS, 1991;ALMEIDA, 1995; SANTOS, 1999) evidenciam, por um lado, a fraca utilizao dtrabalho laboratorial nas aulas de cincias e, por outro, a predominncia de demonstrae verificaes. Alguns estudos (ALMEIDA, 1995; SANTOS, 1999) sugerem uma rela

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    entre crenas e prticas em sala de aula relacionadas com a realizao de trabalhlaboratorial. Salientam o predomnio de perspectivas empiristas/induvistas, prevalecendo entendimento do trabalho laboratorial como meio de recolha de dados ou informaefactuais, bem como a influncia do papel que cada professor lhe atribui no processo densino e aprendizagem das cincias. A interpretao das actividades laboratoriais comactividades de carcter investigativo, de acordo com uma perspectiva epistemolgicconstrutivista, aparece como minoritria nos estudos.

    Segundo Hodson (1990), o trabalho laboratorial simultaneamente infra-utilizad(porque se fazem poucas actividades laboratoriais) e superutilizado (porque no srentabilizam as actividades realizadas). Oliveira (1999) destaca que o tempo e a su

    gesto uma das problemticas importantes para a implementao do trabalholaboratorial especialmente quando os professores so confrontados com um programextenso e horrios com tempos lectivos compartimentados e manifestamenteinsuficientes. Sabe-se que o professor quando confrontado com um programa demasiadlongo tende a dar nfase ao conhecimento factual, concentrar a sua prtica lectiva nocontedos dando prioridade s demonstraes que confirmem esses contedos e asseguruma boa sequncia de actividades (HODSON, 1993). Equipamentos e materiais podem

    ser mediadores da aprendizagem. Contudo, sabe-se que a existncia de equipamento material no garante o desenvolvimento conceptual (HOFSTEIN & LUNETTA, 1982).

    A avaliao das aprendizagens dos alunos, como destaca Martins et al. (2002surge como outro obstculo para a no implementao do trabalho laboratorial na sala daula. Segundo estas autoras, os aspectos problemticos do sistema de avaliao e o processos de avaliao utilizados nas aulas de Fsica e Qumica, em consonncia com ametodologias e materiais de ensino utilizados, revelam uma prtica pedaggica centradno ensino de factos, pouco apelativa ao desenvolvimento de capacidades prticas, dcuriosidade, esprito crtico e criatividade nos alunos. A avaliao do trabalho laboratorideve por isso ser repensada, como reala Leite (2000), tal como a utilizao daactividades laboratoriais, tambm a avaliao dos alunos deve ser orientada pelafinalidades do ensino e aprendizagem das cincias. Deste modo, necessrio privilegiaravaliao formativa, os critrios de avaliao tm de ser explcitos e adequados

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    caractersticas das actividades e utilizar diversas tcnicas e instrumentos de avaliao, dmodo a avaliar a diversidade de conhecimentos associados s actividades laboratoria(LEITE, 2000). Se os instrumentos de avaliao forem constitudos apenas por testes relatrios que apresentam o produto (TAMIR, 1990), no ser possvel avaliar o percursseguido pelo aluno, da que seja necessrio complementar a informao recolhidrecorrendo a tcnicas de observao, como grelhas de observao e listas de verificao.

    3. METODOLOGIA

    Neste estudo optou-se por uma metodologia qualitativa de natureza descritiva

    interpretativa. Realizaram-se trs estudos de caso com o objectivo de compreender arazes das prticas utilizadas na sala de aula e as concepes manifestadas pelo professores, tendo em considerao o contexto em que se inserem. Seguidamentdescrevem-se os participantes, os processos de recolha de dados e de anlise dos dados.

    Participaram neste estudo professores com uma experincia profissional inferior quatro anos de servio e que leccionavam no 3 Ciclo do Ensino Bsico. Tm umformao acadmica concluda aps a Reorganizao Curricular do Ensino Bsico frequentaram a mesma licenciatura na mesma instituio. Embora com ainda poucos anode servio, estes professores apresentam uma experincia profissional diversificada dforma a evidenciarem diferentes prticas de avaliao do trabalho laboratorial perspectivas de ensino e aprendizagem. Os participantes foram devidamente informadodos objectivos deste estudo e foram-lhes dadas garantias quanto ao seu anonimatonomeadamente com a atribuio de nomes fictcios.

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    A recolha de dados recorreu a trs tcnicas apontadas por diversos autores(MERRIAM, 1988; PATTON, 1990; BOGDAN & BIKLEN, 1994; YIN, 2003), como amais aconselhveis para os estudos de caso qualitativos: a entrevista, de caractersticasemi-estruturadas; a observao directa, com pouco cariz de participao; e a anlisdocumental. A utilizao destes instrumentos constitui uma forma de obteno de dadode diferentes tipos, a qual proporciona a possibilidade de cruzamento de informao. entrevista inicial realizada est estruturada em trs grandes blocos percurso acadmico profissional, ensino e aprendizagem, e avaliao.

    O recurso entrevista pode, por si s, ser insuficiente para detectar as perspectivados professores. Por vezes, os professores apresentam um discurso que pouco tem a vcom as suas prticas, mas que aquele que reconhecem estar de acordo comdeterminadas orientaes. Desta forma, privilegiaram-se vrios tipos de entrevista

    nomeadamente a entrevista de relatos de aula e a entrevista aps a observao de aulaque posteriormente se confrontou com os dados recolhidos atravs da observao daaulas. A recolha de dados foi ainda complementada com a anlise de documentorecolhidos junto dos professores, promovendo-se com estes trs tipos de tcnicasapontadas por vrios autores (MERRIAM, 1988; PATTON, 1990; BOGDAN &

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    BIKLEN, 1994; YIN, 2003), a triangulao de dados, necessria para demonstrar adiscrepncias entre o discurso e o que observado nas prticas dos professores revelandas suas concepes.

    Pretendeu-se com a primeira entrevista (Anexo A) recolher dados que permitam(a) obter informao acerca da formao acadmica e, principalmente, do percurs profissional dos professores; (b) averiguar acerca do tipo de trabalho laboratoriaimplementado pelos professores; (c) averiguar acerca dos instrumentos de avaliautilizados pelos professores quando implementam trabalho laboratorial; e (d) averiguacerca das perspectivas de ensino e aprendizagem dos professores. As questes, apesar dconstarem do guio no obedeceram a uma ordem rgida. Estas foram exploradas

    aprofundadas de acordo com as respostas dos professores, permitindo fazer adaptaes ndecorrer da entrevista. As entrevistas foram gravadas e transcritas pela investigadorEstas entrevistas iniciais foram complementadas posteriormente por um conjunto dobservaes directas dos participantes em contexto de aula, das quais se fez um regisudio. Depois de cada observao de aula realizou-se outra entrevista (Anexo B), qu permitiu completar e aprofundar ideias suscitadas nas entrevistas e confront-las com prticas observadas.

    A entrevista sobre relatos de aula (Anexo C) foi concebida para levar o professor reflectir sobre os relatos de aulas e a manifestar o seu ponto de vista (FREIRE, 1991Este tipo de entrevista permite averiguar quais as perspectivas de ensino e deaprendizagem dos professores e comparar esses relatos com as suas prticas. No sambiciona descrever os comportamentos dos professores, mas sim lev-los a reflectsobre os relatos para, desse modo, chegar ao significado por eles atribudo a determinadaces da sua prtica profissional.

    O guio da entrevista foi concebido atendendo a diversos aspectos, para que professor revele as suas ideias acerca das aprendizagens proporcionadas aos alunos e davaliao das aprendizagens para cada relato de aula. Para cada relato, o professor d sua opinio acerca da adequao da aula, da qualidade de ensino e sugere alteraeCada relato corresponde a uma sugesto de aula que manifesta sobretudo, dua perspectivas de ensino. No relato A (Anexo D), apresenta-se uma actividade laboratori

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    de demonstrao sendo por isso centrada na figura do professor. Os alunos tm um pap passivo, intervindo apenas quando solicitados, respondendo s questes colocadas pe professor e tirando apontamentos sobre o que realizado na aula. Este relato exemplificuma aula de trabalho laboratorial com um carcter mais tradicional em que o professorvisto como um transmissor do conhecimento e os alunos como meros receptores dinformao. No relato B (Anexo E), o professor surge como um agente facilitador daprendizagem, organizando os alunos em grupo e dinamizando uma actividade qu proporciona uma maior autonomia aos alunos. Apresenta-se uma actividade laboratoride investigao em que cabe aos alunos a sua planificao, realizao e discussoorganizando a sua prpria aprendizagem.

    A anlise de contedo das descries das trs observaes realizadas nas salas daula dos trs professores constituiu um suporte de validao da interpretao daentrevistas. Atravs da observao de aulas conseguiram-se identificar as estratgias instrumentos de avaliao que os professores implementam nas suas aulas de realizade trabalho laboratorial.

    Foram recolhidos documentos oficiais e documentos pessoais de cada um dos tr participantes, que teve como objectivo a compreenso das prticas dos professores e

    cruzamento das informaes obtidas atravs do confronto entre o que os professoredizem que fazem e como actuam na realidade. Os documentos oficiais permitem informa interpretao da actuao dos professores nos diferentes contextos. Os documentoelaborados por cada professor permitem validar a interpretao realizada acerca da prticas e, simultaneamente, constituem elementos clarificadores das prticas.

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    A anlise de dados segue, em traos gerais, o modelo de Miles e Huberman(1994), que consiste em trs passos fases: a reduo de dados, a sua apresentao e interpretao/verificao das concluses. A apresentao dos dados seguiu um sistema dcategorias que emergiu dos prprios dados e que constitui uma forma de organizar informao obtida acerca do conhecimento e das atitudes dos professores. Partindo danlise dos dados procedeu-se assim elaborao de um sistema de categorias de acord

    com as questes de investigao. De seguida, realizou-se uma anlise comparativa entos trs casos, procurando responder s questes que orientaram o presente estudo simultaneamente compreender e explicar o significado dos dados reduzidos.

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    4. RESULTADOS

    A observao das aulas, as entrevistas e os documentos permitiu confrontar aquilque os professores pensam sobre a avaliao das actividades laboratoriais com aquilo qurealmente implementam nas suas prticas. A forma como o professor percepciona o papdo aluno, o papel do professor e as finalidades do ensino quando implementam trabalhlaboratorial demonstra a perspectiva de ensino e aprendizagem do professor.

    Francisco assume uma relao despreocupada com o currculo, defendendo que professor deve ter mais preocupaes com a forma como trabalha com os seus alunos dque em leccionar os contedos todos. Na sua perspectiva, as tarefas devem motivar oalunos para a Fsica e para a Qumica e permitir a sua participao activa, ficandreservado para o professor o papel de gestor da aprendizagem.

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    O trabalho laboratorial valorizado por Francisco, considerando-o indispensve para o ensino da Fsica e da Qumica, porque estar a falar de uma coisa e depois n praticar, passar para o abstracto (Entrevista do Relato A, Dezembro de 2005), mamanifesta-se condicionado pelas caractersticas dos alunos e pelas condies da escolDa que considera que as actividades laboratoriais no so to frequentes nas suas aulaquanto o desejvel.

    O tipo de actividade laboratorial que promove nas suas aulas pode variar, comalgumas turmas, opta por realizar com mais frequncia actividades laboratoriais com ugrau de abertura maior, mas com outras turmas opta pelas mais fechadas. A razessencial para esta deciso reside no desempenho dos alunos, nas turmas em que o

    alunos demonstram mais empenho nas actividades de investigao e parecem aprendemais com este tipo de estratgia. Acredita que os alunos desenvolvem todas acompetncias com este tipo de actividades, em que se parte de um problema e o prprialuno vai construindo a sua investigao, afirmando que o meu mtodo tpico nas aul prticas (Entrevista, Dezembro de 2005).

    Apesar de Francisco referir que avaliava o interesse dos alunos, as atitudes, oraciocnio, e o conhecimento processual (Entrevista do Relato B, Dezembro de 2005

    durante as actividades laboratoriais, verificou-se que nas suas prticas apenas faziregistos ao nvel das atitudes e ocasionalmente, pois segundo ele os registos devemsurgir em situaes extremas, de grande dificuldade ou o contrrio. Eu no fao registoexaustivos, s fao quando h algo que se destaca (Entrevista do Relato A, Dezembro d2005). Embora o questionamento e a observao dos alunos constituam as principaiestratgias de recolha de informao sobre os alunos, este professor praticamente no faregistos, da se conclui que a pouca informao recolhida pelos registos deficiente paa regulao do processo de ensino e aprendizagem.

    Francisco demonstra percepcionar as actividades laboratoriais essencialmentcomo mais uma hiptese dos alunos adquirirem conhecimentos que depois constaro nteste. Esta ideia clara quando interpela uma aluna aquando da realizao de umactividade laboratorial, afirmando Aproveita agora para melhorar porque isto vai sair nteste! (Observao de aula, Maro de 2006). Esta situao aliada ao facto do profess

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    praticamente no fazer qualquer registo escrito de observao dos alunos nem recolher documentos produzidos pelos alunos, levanta algumas reservas acerca da importncia quatribui a este tipo de estratgia de ensino, quer como um momento de aprendizagem quecomo um momento de avaliao das aprendizagens dos alunos.

    A observao da sua prtica lectiva revela que as estratgias e instrumentos davaliao parecem estar em consonncia com um ensino ainda centrado no professor, maonde o aluno j assume um papel mais interventivo, na medida em que as actividadelaboratoriais que implementa so sempre realizadas pelos alunos e apresentam umcarcter essencialmente investigativo.

    Leonor demonstrou ser uma professora dinmica que se preocupa em diversifica

    as estratgias de ensino. Na sua opinio, o professor deve ceder o papel principal aoalunos, mas o que se verifica nas suas prticas que o ensino centrado quase sempre n professor. As actividades laboratoriais so pouco implementadas e as que realiza so dcarcter maioritariamente fechado, do tipo verificativo. Segundo a professora, as raze para esta situao devem-se a vrios problemas, porque no h material na escola, por meninos serem muito traquinas ou ento por comodismo (Entrevista do Relato BDezembro de 2005) e porque com trinta alunos muito difcil (Entrevista ap

    observao de aula, Maio de 2006). No seu discurso, Leonor parece valorizar as actividades laboratoriais de carcte

    mais aberto, como as investigaes, quando afirma que estas actividades desenvolvemuito mais competncias, eles raciocinam, manipulam, tiram concluses, elescomunicam entre si, expressam-se com o professor, portanto, uma aula muito mais rica(Entrevista do Relato B, Dezembro de 2005). No entanto, a professora enumera vriarazes para o facto deste tipo de actividades no serem frequentes nas suas aulasreferindo que

    estas actividades so boas para eles e tm que se esforar mais, masinicialmente sentem-se muito perdidos. Eles esto habituados a seguirum protocolo e isso so capazes de fazer bem, com este tipo de aulasentem-se perdidos. Numa aula com a turma inteira acho que impraticvel (Entrevista do Relato B, Dezembro de 2005).

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    No esto habituados e, portanto, ns perdemos muitas aulas. Se calharno perda de tempo, ganho, mas quando ns temos um programaextensssimo para cumprir [] (Entrevista Sntese da observao deaulas, Julho de 2006).

    Na implementao das actividades laboratoriais, Leonor exibe um cuidadoconstante em recolher o mximo de evidncias sobre o desempenho dos alunos. Para es professora essencial a recolha de informao das aprendizagens dos alunos no trabalhlaboratorial, atravs de questionamento, de registo sistemticos do desempenho e dodocumentos produzidos pelos alunos. Baseia as suas decises numa observasistemtica. Para esse efeito afirma Utilizo uma folha de registos em que tenho vrio parmetros e coloco l o desempenho dos alunos com uma escala (Entrevista, Dezembde 2005).

    O Pedro revelou-se seguro nas suas prticas e na tomada de decises. Ocumprimento dos programas fundamental para si e por vezes tem que fazer sacrifcio para que a planificao seja cumprida. Esses sacrifcios so decididos por vezes emdetrimento do aluno na medida em que no modifica as suas estratgias de ensinconsoante as dificuldades dos alunos e quando o faz por motivos de calendarizaocomo evidente no seu discurso quando afirma Continuei a aplicar o mesmo tipo d

    aula []. Se mudasse seria muito pouco (Entrevista, Dezembro de 2005). Embora Pedafirme valorizar o trabalho laboratorial, como refere Extremamente importante. OHomem no vive s de teoria, isso v-se no dia-a-dia a maior parte das coisas com qutemos de lidar so coisas prticas no so tericas []. necessrio manusearcompreender os fenmenos, observar (Entrevista, Dezembro de 2005), o que sverifica de facto, que implementa muito pouco nas suas aulas.

    Pedro considera que uma demonstrao experimental s deve ser realizada em

    caso de necessidade. Porque os alunos a tm praticamente em toda a aula, um papmuito passivo (Entrevista do relato A, Dezembro de 2005), em situaes em que strabalha com substncias perigosas ou quando h poucos reagentes e material disponv para todos os alunos (Entrevista do relato B, Dezembro de 2005), no entanto, este tipo de actividade laboratorial que mais implementa nas suas aulas. As actividade

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    laboratoriais de carcter aberto, em que cabe ao aluno levar a cabo a investigao, sactividades em que considera que os alunos desenvolvem mais competncias como conhecimento substantivo, processual, raciocnio (Entrevista do Relato B, Dezembrde 2005), mas quando confrontado com o facto de promover poucas actividadelaboratoriais em que o aluno tem um papel mais activo, este justifica afirmando que

    no h tempo em sala de aula para fazer, porque os meninos necessitamde pelo menos trs horas, para descobrir as coisas sozinhos. Com estegnero de turmas muito mais fcil trabalhar com actividadeslaboratoriais mais fechadas, completamente orientadas () porque hmais controlo sobre o que eles fazem. (Entrevista do Relato D,Dezembro de 2005).

    Este professor no faz qualquer registo de observaes nas suas aulas, justificandque No sinto necessidade porque o tipo de comportamentos, respostas e motivaes mais ou menos homogneo ao longo do tempo (Entrevista aps a observao de aulMaro de 2006). A avaliao das aprendizagens dos alunos baseia-se na memria dobservao e do questionamento dos alunos e raramente recolhe os documento produzidos pelos alunos.

    O professor demonstra ter dificuldades na avaliao de certas competncias, com

    as atitudes e o conhecimento processual, afirmando que muito complicado avaliar acompetncias todas em todos os alunos. H muitas competncias que so complicadas davaliar (Entrevista, Dezembro de 2005). Deixa ainda transparecer que no tem emconsiderao estas competncias quando atribui classificaes aos seus alunos, indcontra os critrios de avaliao da sua escola, ao referir que esses parmetros davaliao supostamente obrigatoriamente utilizados, outras vezes escolhe-se s alguns(Entrevista, Dezembro de 2005), tal situao deixa evidente que o peso atribudo pel

    professor ao trabalho laboratorial muito pequeno ou quase inexistente. Nas aulas de Leonor e Francisco desenvolve-se um ambiente em que os aluno

    participam mais activamente na aprendizagem, parece que os professores tm maifacilidade em valorizar e em utilizar actividades laboratoriais. No caso de Francisco estaactividades so muito frequentes, enquanto Leonor implementa com menor frequnci

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    isto apesar de ter melhores condies e materiais sua disposio na escola. Quanto atipo de trabalho laboratorial, Francisco aposta em actividades de investigao e Leonotenta diversificar, mas sobretudo as suas aulas de trabalho laboratorial caracterizam-s pela implementao de verificaes com um protocolo rgido. Pedro praticamente nrealiza trabalho laboratorial nas aulas e quando o faz resume-se essencialmente demonstraes, embora tenha sua disposio os materiais e equipamentos necessrio para a realizao destas actividades pelos prprios alunos.

    Todos os participantes no estudo demonstram dificuldades na avaliao dosalunos durante a realizao de trabalho laboratorial, sendo que apenas Leonor procederegistos de observaes, os outros professores argumentam dispor de pouco tempo para

    utilizao de registos escritos, desta forma no clara a forma como avaliam acompetncias atitudinais e processuais. Salienta-se ainda o facto de nenhum do participantes se referir avaliao da competncia de comunicao. Os professorerevelam ter vrias dificuldades na integrao da informao que tm disponvel, que dnatureza diversificada. De um modo geral, nas prticas de todos os participantes destestudo verifica-se que avaliao do trabalho laboratorial tem um peso reduzido natribuio de classificaes aos alunos, denunciando uma nfase no desenvolvimento d

    conhecimento substantivo e do raciocnio em detrimento das atitudes e do conheciment processual, o que coerente com uma perspectiva de ensino e aprendizagem aindmarcadamente tradicional.

    5. CONCLUSO E DISCUSSO

    A prtica pedaggica dos professores participantes revela-se ainda demasiadocentrada no ensino de factos, pouco apelativa ao desenvolvimento de capacidade

    prticas, da curiosidade, esprito crtico e criatividade nos alunos. Estas prticacontrariam a ideia de um ensino direccionado para o desenvolvimento de competncias dnatureza diversa em que avaliar, como salientam Peralta (2002) e Alves (2004), implicobservar os alunos, na realizao de actividades, to prximas quanto possvel dsituaes autnticas, usando para tal um conjunto de instrumentos de avalia

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    diversificados que permitam a recolha de evidncias sobre o desenvolvimento dacompetncias do aluno.

    Os resultados evidenciam que os participantes na sua generalidade implementamcom pouca frequncia actividades laboratoriais e diversificam pouco o tipo de actividadlaboratoriais utilizadas nas aulas, promovendo sobretudo actividades de carcter fechadonde os alunos tm ainda um papel pouco activo. Os professores sentem dificuldades n preparao, realizao e avaliao das actividades laboratoriais. Esta dificuldade navaliao das aprendizagens dos alunos durante a realizao de trabalho laboratorianomeadamente de competncias atitudinais e processuais foi demonstrada peloresultados, em que apenas um dos participantes realiza um registo de observae

    sistemtico envolvendo estas competncias.As tcnicas e instrumentos de avaliao so muito pouco diversificadas, no

    permitindo a avaliao da diversidade de competncias associadas s actividadelaboratoriais nem a realizao da avaliao formativa a par com a realizao daactividades, deste modo o desempenho dos alunos no trabalho laboratorial reflecte-smuito pouco nas suas classificaes. Todos estes aspectos so aspectos coerentes comuma perspectiva de ensino ainda, marcadamente tradicional.

    Embora os discursos dos professores participantes demonstrem estar concordantecom o das orientaes curriculares, verifica-se que o trabalho laboratorial ainda poucvalorizado. Esta dificuldade em realizar na prtica aquilo em que dizem acreditar, podeindicar que outros factores de ordem externa condicionam as prticas, como acaractersticas dos alunos, as dimenses das turmas, os problemas disciplinares e acondies materiais da escola. Tillema (2000) tambm salienta que as condies d prtica so facilitadoras ou inibidoras da mudana, especialmente nos primeiros anos dservio, que um perodo complexo e desafiante.

    Os participantes que desenvolvem com menos frequncia o trabalho laboratoriaimplementam essencialmente verificaes e demonstraes, e prevalece neste professores a ideia de que as actividades laboratoriais exigem demasiado tempo de aulCom efeito, a transmisso expositiva de conhecimentos, acompanhada de demonstrae questes colocadas aos alunos, uma prtica recomendada na literatura educacional d

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    ensino das cincias, como uma boa alternativa simples exposio, quando no existequipamento para todos e/ou para a introduo de conceitos que iro posteriormente sestudados atravs de actividades experimentais a realizar pelos alunos. No entanto, o quse verificou no mbito do estudo foi que os participantes que apresentavam melhorecondies materiais recorriam mais a estas estratgias fechadas.

    As actividades de investigao so pouco implementadas nas aulas dos participantes, sendo que apenas um professor implementa este tipo de actividade comalguma regularidade. Estas actividades enfrentam muitos obstculos, tpicos de qualqueactividade laboratorial, como a falta de condies, a necessidade de uma grand planificao e preparao e o pouco tempo para o cumprimento dos programas. N

    entanto, o maior obstculo para a no implementao deste tipo de metodologias na sade aula deve-se dificuldade por parte dos professores em conferir maior autonomia aalunos e compreender a importncia de competncias como as atitudes e a comunica imprescindvel que as concepes dos professores evoluam no sentido de se afastarede uma perspectiva de ensino tradicional, para que ocorra de facto uma mudana real nsuas prticas de ensino.

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    ANEXO A GUIO DA ENTREVISTA INICIAL

    1. Percurso profissional1.1. Qual a sua idade?1.2. Qual a sua formao acadmica?1.3. Qual a tipologia da escola onde lecciona?1.4. Qual a tipologia das escolas onde leccionou anteriormente?1.5. Qual o seu tempo de servio?1.6. Qual o seu tempo de servio nesta escola?1.7. Quais as disciplinas que lecciona?1.8. Quais as disciplinas que leccionou?1.9. A que anos lecciona?1.10. A que anos a leccionou desde o incio da sua carreira profissional?1.11. Que cargos tem desempenhado desde o incio da sua carreira profissional?1.12. Que cargos desempenha actualmente na sua escola?

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    1.13. Tem participado em aces de formao, cursos, seminrios?1.14. Quais so as suas reas de interesse na Educao?

    2. Perspectivas de Ensino e Aprendizagem2.1. Descreva-me uma aula sua tpica.2.2. Se lhe pedisse para descrever as suas prticas como o faria? Porqu?2.3. O que que considera um bom aluno? Porqu?2.4. O que que considera um mau aluno? Porqu?2.5. Como que os alunos aprendem? Porqu?2.6. O que fazer com os alunos que no aprendem? Porqu?

    2.7. Quais so, em geral, as causas mais importantes das dificuldades de aprendizagemPorqu?

    2.8. A forma como trabalha permite-lhe cumprir os programas? Porqu?2.9. Quais os pontos fortes e fracos na forma como trabalha? Porqu?2.10. Qual a sua opinio sobre as orientaes curriculares para a disciplina de Cincia

    Fsico-Qumicas? Porqu?2.11. Que alteraes tem feito nas tuas prticas? O que faz de novo? O que gostaria d

    mudar? Porqu?2.12. Quais as actividades que devem ser privilegiadas nas aulas? Porqu?2.13. Que actividades prope habitualmente aos alunos? Porque razo? D exemplos.2.14. Costuma proporcionar aos seus alunos situaes em contextos reais, situaes d

    vida prtica? Que pensa da importncia destas situaes para a aprendizagemPorqu? D exemplos.

    3. Trabalho Laboratorial3.1. Que tipo de actividades laboratoriais faz habitualmente nas aulas com os seus alunos

    Porqu? D exemplos.3.2. Que pensa da importncia das actividades laboratoriais para a aprendizagem

    Porqu?3.3. Costuma realizar actividades de investigao? Porqu? D exemplos.

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    3.4. Que pensa da importncia das actividades de investigao para a aprendizagemPorqu?

    4. Avaliao4.1. Como se pode avaliar competncias? Como as avalia? Que instrumentos utiliza

    Porqu? 4.2. Introduziu alteraes nas suas prticas de avaliao relativamente ao que j fazia

    Porqu? 4.3. Costuma diversificar os instrumentos de avaliao? Porqu? 4.4. Quais so os instrumentos de avaliao, na sua opinio, mais utilizados nas escolas

    Porqu? 4.5. A avaliao pode ser frequente e totalmente integrada nas actividades do dia-a-dia d

    sala de aula ou deve, de preferncia, ter momentos especficos? Porqu? 4.6. Quais so os principais obstculos que encontra na avaliao dos seus alunos?

    Porqu? 4.7. De todos os instrumentos de avaliao que costuma utilizar, indique o/os que utiliz

    mais frequentemente. Porqu?

    4.8. Considera algum instrumento como tendo maior peso ou importncia? Porqu?

    4.9. Dada a forma como organiza as tarefas de ensino e de avaliao consegue fazer otem necessidade de fazer registos de qualquer espcie? Porqu?

    4.10. Quais os dados em que se baseia para tomar decises relativamente a um alunoPorqu?

    4.11. Como avalia os seus alunos durante a realizao de actividades laboratoriais?

    ANEXO B GUIO DA ENTREVISTA APS OBSERVAO DE AULAS

    Ambiente/ritmo de trabalho e relaes interpessoais1.1. Qual o tipo de trabalho realizado pelos alunos?1.2. Como trabalham os alunos na aula?

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    1.3. Que tipo de relaes interpessoais se estabelecem? Aluno-Aluno? Aluno professor?

    Trabalho laboratorial2.1. Qual o tipo de ensino que desenvolveu na sala de aula? Porqu?2.2. Como classifica o tipo de actividade laboratorial que realizou? Porqu?2.3. Porque planeou assim a aula? O que acha que os alunos aprenderam? Que

    evidncias tem disso?2.4. Porque organizou os grupos desta forma?2.5. Porque optou por este grau de abertura na actividade laboratorial? Que alterae

    faria a esta actividade laboratorial?2.6. Quais foram as suas maiores dificuldades? Porqu?2.7. Quais foram as dificuldades dos alunos? Porqu?2.8. Que tipo de disponibilidade e interesse manifestaram os alunos?2.9. Qual o grau de empenho dos alunos nas respectivas tarefas?2.10. Promoveu a reflexo e o debate entre alunos e professor? Porqu?

    Caracterizao das prticas de avaliao3.1. Colocou questes aos alunos. Com que fins?3.2. Com que instrumentos de avaliao avaliou os alunos? Porqu?3.3. Fez registos durante a aula do trabalho dos alunos? E dos trabalhos de casa?

    Porqu?3.4. Os alunos tm conhecimento da forma como esto a ser avaliados?3.5. Porque no fez/fez autoavaliao?

    3.6. Porque no deu/deu feedback aos alunos sobre os seus desempenhos?

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    ANEXO C GUIO DA ENTREVISTA DE RELATOS DE AULAS

    1. Adequao da aula

    1.1. Costuma pr em prtica este tipo de aula?1.2. Considera-a adequada? Porqu?

    2. Qualidade de ensino

    2.1. Se fosse classificar esta aula, como o faria? Porqu?2.2. Considera que uma boa aula para os seus alunos? Porqu?2.3. O que uma boa aula na sua opinio? Porqu?2.4. Quais os critrios para classificar uma aula boa? Porqu?

    3.

    Aprendizagens proporcionadas aos alunos3.1. Que aprendizagens so proporcionadas aos alunos? Porqu?

    4. Orientaes Curriculares

    4.1. A aula reflecte as Orientaes Curriculares? Porqu?

    5. Avaliao

    5.1. O que iria avaliar com esta aula, como e porqu? Porqu?5.2. Como recolheria as evidncias? Porqu?

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    6. Modificaes

    6.1. Que sugestes e/ou alteraes faria a esta aula? Porqu?

    ANEXO D RELATO A

    (Ler ao professor)

    O professor coloca umerlenmeyer com uma soluo cida e umas gotas deindicador universal sobre um retroprojector, depois adiciona aos poucos uma solu bsica. O professor solicita aos alunos que registem as mudanas de cor observadas

    medida que a soluo bsica adicionada. No fim o professor questiona os alunos sobqual o valor de pH para cada cor.

    ANEXO E RELATO B

    (Ler ao professor)

    O professor, no incio da aula, organiza os alunos em grupos de trs e quatro nmximo. Os alunos formulam as suas questes e relembram o que j sabem sobre estassunto. Cabe aos alunos propor uma resoluo para o problema, planear a experinciareferir quais os materiais que vai necessitar. O professor analisa o plano do aluno e depode aprov-lo fornece os materiais solicitados por este. O aluno realiza o procedimentregista as observaes e elabora as concluses. No fim da actividade, os alunos entrega

    a ficha da actividade ao professor.

    (Entregar a seguinte ficha ao professor)

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    Ficha da actividade 8 ano

    A questo do Sr. Joo a seguinte:

    O que j sei sobre este assunto

    Como posso fazer para testar as minhas ideias? Escrevo de seguida

    todos os passos que preciso seguir ou posso fazer um esquema

    O material de que necessito

    O Sr. Joo tem uma soluo cida em casae pretende deit-la fora, mas tem receio que possa prejudicar as suas canalizaes.

    O teu primeiro desafio

    ajudares o Sr. Joo a resolver o problema

    Penso e planeio

    Defendoas minhasideias

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    Comentrio do professor__________________________________

    Agora que j planeei o meu trabalho posso comear a realizar a experincia e

    a registar os resultados

    O que aconteceu (os resultados) foi

    Os resultados so diferentes daquilo que eu esperava?

    Tendo em conta todo o trabalho que desenvolvi considero que o problema do Sr. Joo se pode resolver da seguinte forma

    Apresento o meutrabalho e discuto-o com o professor

    Experimentoe registo

    Pensoe decido

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    Apresento as minhas razes para considerar que esta a soluo mais adequada.

    Se a soluo fosse bsica em vez de cida como devias proceder?

    Apresento aminha proposta

    Data de recebimento: 28/01/2008Data de aprovao: 19/05/2009Data de verso final: 22/05/2009