Trabalho Leitura e Semiotica

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CURSO DE LEITURA SEMIÓTICA MODALIDADE: EXTENSÃO Cursos de Aperfeiçoamento ou Extensão Cultural FUNDAMENTOS SEMIÓTICOS E METODOLÓGICOS PARA O ENSINO DE TEXTOS Aluno:

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Trabalho detalhado sobre leitura e semiótica

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CURSO DE LEITURA SEMIÓTICAMODALIDADE: EXTENSÃO

Cursos de Aperfeiçoamento ou Extensão Cultural

FUNDAMENTOS SEMIÓTICOS E METODOLÓGICOSPARA O ENSINO DE TEXTOS

Aluno:

Presidente Prudente-SP 2007

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MÓDULOS

1) – Página 5 – Reflita primeiramente, sobre a concepção de intertextualidade.

PARA A REFLEXÃO PROPOSTA VOCÊ DEVERÁ: utilizar-se do conceito de Júlia Kristeva sobre intertextualidade, registrado na FICHA TÉCNICA – VOCABULÁRIO CRÍTICO, e tentar expor sua compreensão inicial das duas funções do texto: a redistributiva e a intertextual.

Resposta:

O termo intertextualidade surgiu e foi reutilizado por Julia Kristeva em 1969

para explicar o que Mikhail Bakhtin, na década de 20, entendia por dialogismo.

Intertextualidade ou dialogismo é uma referência ou uma incorporação de um

elemento discursivo a outro, podendo-se reconhecê-lo quando um autor constrói a

sua obra com referências a textos, imagens ou a sons de outras obras e autores e

até por si mesmo, como uma forma de referência, de complemento e de elaboração

do nexo e sentido deste texto ou imagem.

O texto é, pois uma produtividade e, isso significa que:

1. A sua relação com a língua da qual faz parte tem uma função redistributiva

(destrutiva-construtiva), sendo, por conseguinte, abordável através de categorias

lógicas mais do que por práticas puramente lingüísticas;

2. “É uma permutação de textos, uma intertextualidade: no espaço de um texto,

vários enunciados, vindos de outros textos, cruzam-se e neutralizam-se."

(KRISTEVA, 1972).

2) – Página 8 – AUTO-AVALIANDO-SE

Reveja o conceito de intertextualidade registrado na FICHA TÉCNICA e avalie o

registro da sua compreensão inicial das duas funções do texto, expostas até aqui.

Reposta:

Do conceito de intertextualidade de Kristeva (1973), podem-se extrair duas funções

principais:

1. A função redistributiva do texto que permite ao autor e também, ao leitor,

modificar (redistribuir) as normas lingüísticas, utilizando a criatividade; e,

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2. A função intertextual, através da qual se revelam as relações do texto e do

contexto, com o objetivo de dar uma formatação compreensível do mesmo. O

texto pode ser entendido como uma unidade lingüística concreta (perceptível

pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante,

escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa específica,

como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa

reconhecível e reconhecida, independentemente da sua extensão.

A SEGUIR

Reflita sobre a IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA TEORIA DA

INTERTEXTUALIDADE PARA A CONSTRUÇÃO DA CONDIÇÃO IDEAL DE

UMA LEITURA COMPLETA DO TEXTO.

Resposta:

Conhecer a Teoria da Intertextualidade é importante, porque ela permite a

compreensão da construção de textos, e permite entender como o leitor consegue

fazer uma leitura completa e ideal de um texto, através da decodificação dos signos

x signos, signos x usuários (palavras, figuras, cores, etc.), contidos no mesmo,

permitindo uma interpretação mais apurada, lembrando-se, contudo, que há

necessidade de que o leitor possua conhecimentos já adquiridos com a finalidade

de interpretar com maior clareza aquilo que lê.

3) – Página 9 – ATIVIDADES PROPOSTAS

Questão a. Com base na afirmação de Júlia Kristeva, de que o texto apresenta

duas funções – a redistributiva e a intertextual – comente a afirmação de Koch

(1997, p. 25) – “o sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele, no curso

de uma interação”.

a.1 Interação horizontal: Segundo Trevisan (2002, p. 37) “[...] a apreensão da

perspectiva do texto em si mesmo (movimento horizontal da leitura, delineado na

relação dialógica do leitor com os signos do texto)” constitui a interação horizontal

do texto, entre o autor, o texto e o leitor. É segundo Bakhtin, (1986) a aplicação da

dialogia que consiste no movimento horizontal e redistributivo de sentidos.

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a.2 Interação Vertical: Ainda segundo Trevisan (2002, p. 37), para a leitura completa

é necessária “[...] a captação da perspectiva do texto no sistema (movimento

vertical da leitura, traçado na relação dialógica do leitor com os elementos extra-

textuais, ou seja, os códigos (convenções sociais e literárias ativadas textualmente).

Complementando, pode-se dizer que é a interação entre o texto e contexto.

Questão b – Existe liberdade total no ato de leitura?

Resposta:

A intertextualidade nos faz reconhecer que nenhum texto é totalmente

autônomo, mas que qualquer texto é um apanhado de vários outros textos, conforme

diz Kristeva (1972), que todo texto é a junção de muitos outros textos. O aspecto

intertextual revela que nem sempre o que está escrito é o que se está dizendo.

No entanto, conferir liberdade total na interpretação do texto, significa negar a

natureza semiótica, ideológica, comunicacional do texto e da mensagem. Assim,

para a significação de um texto, devem ser levado em conta o autor, o leitor e o

contexto social da produção do mesmo.

Questão c – O que é uma leitura completa?

Resposta:

Para que haja uma leitura completa é necessário que o autor, o leitor e o

contexto social de produção estejam integrados de tal forma que o leitor possa

dialogar com o autor através do modelo textual (daquilo que se lê) e da situação

cultural na qual o modelo textual foi poduzido.

Questão d - Se o texto apresenta duas funções (a redistributiva e a intertextual),

reveladoras de dois movimentos (horizontal e vertical) de sentidos do texto, COMO

DEVE SE MOVER, o leitor no ATO DA INTERPRETAÇÃO?

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Resposta:

Ao utilizar o texto como o início do ato interpretativo, o leitor se moverá

horizontalmente ao perceber o diálogo o autor através dos signos do texto,

descobrindo dessa forma a fala criativa. Deverá, também, mover-se verticalmente

quando reconstrói o diálogo do texto através das condições extratextuais,

considerando-se a sua produção. Pode-se, assim, dizer que o leitor se move

duplamente ao interpretar o texto lido, transformando-se dessa forma em um leitor

ideal.

Questão e – Existem diferentes graus de desempenho dos leitores?

Resposta:

Segundo Trevisan(2002) para Umberto Eco (1980), um leitor quando lê, se

utiliza do seu próprio “patrimônio do saber”. Como “patrimônio do saber” Umberto

Eco quer dizer todo o conhecimento precedente já estruturado que funciona como

um catalizador semântico, ou seja, o conhecimento já adquirido anteriormente que

pode funcionar como uma ignição para um novo conhecimento.

Dessa forma, o desempenho dos leitores irá depender do maior ou menor

grau de “patrimônio do saber”, ou seja, alguns leitores terão condições de fazer

leituras mais completas e elaboradas, enquanto outros, farão leituras mais pobres e

menos aprofundadas.

Questão f – A leitura errada existe? Quando ela ocorre?

Resposta:

Sim, a leitura errada é mais constante do que seria o ideal. Ou seja, a leitura

para ser correta, há de ser completa.

A leitura errada ocorre quando o leitor toma apenas uma das partes do texto,

sem perceber que a estrutura deste texto representa uma totalidade significativa.

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Tomando apenas uma parte do texto, o leitor obviamente, terá uma ótica

focada apenas na parte lida, sem perceber o sentido dos demais segmentos do

texto.

Assim, desconhecendo a função intertextual do texto que leu, o leitor

fatalmente estará minimizando o contexto social da produção, e, reduz o texto

apenas ao que ele leu, guiando-se pela sua própria subjetividade, e, em

conseqüência, poderá ser induzido a erro.

Resposta:

Um exemplo importante é aquele em que o leitor lê apenas um dos capítulos

do texto, e pretende fazer uma idéia da totalidade do texto. Nem sempre um capítulo

é suficiente para se ter idéia do que o autor pretende dizer e nem, será possível, o

leitor ter a informação completa dos significados e dos signos que o autor pretende

através de sua fala.

Dessa forma, é importante, para o leitor, antes de formular o seu conceito a

respeito do texto, que o mesmo faça a leitura por completo, aplicando também o seu

“patrimônio do saber”, para que se possa chegar a uma opinião formada e

esclarecida daquilo que leu.

ATIVIDADES – P. 16

ATUVIDADE 1: Reflita sobre os MODELOS a e b (contidos no LIVRO BÁSICO 1, p.

56) e identifique:

1.1 o estilo réplica usado no modelo b confirma a intertextualidade dos modelos:

Resposta: SIM NÃO

1.2 Observando, ainda, os MODELOS a e b, descreva a seguir:

1.2.1 A intertextualidade ocorrida no sistema lingüístico:

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REGISTRE, A SEGUIR, SUAS REFLEXÕES E/OU DÚVIDAS sobre exemplos de leitura incorreta, citados no LIVRO BÁSIDO I.

X

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Resposta:

Percebe-se neste caso que o modelo b é uma “repetição” do modelo a, não

com o sentido de simplesmente “copiar” o modelo anterior, mas, expor a

interdiscursividade do modelo anterior, como recurso estratégico utilizado para

causar um impacto maior nos leitores, procurando despertar, nos mesmos, uma

maior curiosidade sobre um tema já bastante explorado pela imprensa.

1.2.2 A intertextualidade ocorrida no sistema fotográfico:

Resposta:

Quando ocorre um cruzamento de sistemas simbólicos (lingüístico,

fotográfico, das cores...). Segundo Trevisan (2002), a comunicação da publicidade

se torna mais eficaz, pois tais recursos fotográficos aumentam a eficácia do projeto

comunicativo, garantindo dessa forma, a curiosidade do leitor para a informação que

se pretende transmitir.

1.2.3 A intertextualidade ocorrida no sistema das cores.

Resposta:

Percebe-se claramente em ambos os modelos, que as cores foram usadas

intencionalmente, para ligar a notícia veiculada em 12/08/98 com a notícia de

26/08/98, como que interligando as duas edições que tomaram o formato colorido

parecido nas quais as palavras “FUI EU”, estão em destaque e nas mesmas cores,

no caso, branca e com fundo cinza a primeira, e preto a segunda, demonstrando

assim, uma clara intertextualidade cores entre ambas, objetivando é óbvio,

novamente, a atenção do leitor.

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1.3 Pode-se afirmar que esta repetição de procedimentos, percebida na leitura dos

MODELOS a e b, constitui:

1.3.1 Um mecanismo utilizado para garantir a eficácia do projeto comunicativo da

publicidade:

SIM NÃO

1.3.2 Um processo de intertextualidade (estilo – réplica), usado,

estrategicamente, para manter o impacto e o interesse do leitor.

SIM NÃO

1.3.3 Uma repetição desnecessária e inócua:

SIM NÃO

1.4 É possível identificar a função reprodutiva (dos signos) nos MODELOS a e b:

1.4.1 pelo caráter inaugural de cruzamento de dois sistemas simbólicos

diferentes: o sistema lingüístico e o sistema de cores?

SIM NÃO

Justificativa:

O sistema lingüístico e o sistema de cores levam ao processo semiótico, ou

seja, através do reconhecimento dos signos, o leitor com maior “patrimônio do

saber” será capaz de decifrar melhor esses signos, conseguindo dessa forma uma

maior intertextualidade. Como exemplo pode-se citar, a frase “FUI EU”, que procura

dar uma conotação de frieza e de mau caráter, através da confissão feita em ambos

os casos.

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X

X

X

X

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1.4.2 Pela utilização da equivalência dos significados existentes entre os verbos

“dizer” / “confessar”, usados nos MODELOS a e b?

SIM NÃO

1.4.2 Pela repetição das idéias de criminalidade e sexualidade, expressa no uso

do vermelho nos DOIS MODELOS (a e b)?

SIM NÃO

1.4.3 Pelo cruzamento inovador de dois sistemas simbólicos diferentes, o

fotográfico e o lingüístico?

SIM NÃO

Justificativa:

O cruzamento de dois sistemas simbólicos diferentes entre si, como o

lingüístico e o fotográfico, é uma maneira pouco comum de evidenciar a

inaugurabilidade dos sentidos, fazendo com que a função redistributiva dos signos

fique garantida.

CONCLUSÃO

PARTINDO DESTA CONCLUSÃO, reflita sobre a firmação de ORLANDI (1988, P.

18): “todo discurso nasce em outro (sua matéria prima) e aponta para outro (seu

futuro discursivo)”:

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X

X

O MODELO b é resultado inequívoco da existência preliminar do MODELO a.

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Resposta:

Um ponto importante a ser observado é que, se o autor retoma o discurso de

outrem, todo discurso reportado é polifônico e, dependendo da mensagem, será

também intertextual. Daí que a compreensão de textos depende da experiência de

vida do leitor, das vivências, das leituras anteriores do “patrimônio do saber”.

Determinadas obras só se revelam por meio do conhecimento de outras.

Segundo Trevisan (2002), através da afirmativa de Orlandi (1988, p. 18)

acima mencionada, na realidade, não se trata nunca de um discurso, mas de um

continuum.

Assim, a intertextualidade não é utilizada apenas em obras literárias. Pelo

contrário, cada vez mais é introduzida em textos de grande circulação social,

exigindo do leitor uma maior bagagem cultural.

APÓS A LEITURA E CONFRONTO DOS POEMAS, registre suas conclusões

reflexivas sobre:

Questão a: ninguém cria a partir do nada. Até mesmo para a linguagem poética

(altamente inventiva), é pertinente a afirmação de Orlandi (1988, p.18) “todo discurso

nasce em outro (seu futuro discursivo)”.

Resposta:

Na verdade, a intertextualidade está sempre implícita na produção e na

recepção dos textos, não importa seja um texto em prosa ou em verso. De qualquer

maneira há a necessidade do autor produzir o texto, a partir de uma idéia pré-

concebida com base em outros textos, e para que os signos de seu discurso sejam

decodificados há também, necessidade, de que o leitor por sua vez possa ter a

capacidade de entendê-lo, por meio de suas experiências anteriormente

assimiladas.

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Questão b: Um escritor é um leitor confirmado e um leitor é um autor em

potencial.

Resposta:

Parafraseando Orlandi de que “todo discurso nasce em outro”, quando o

escritor escreve, está sempre decodificando os signos de leituras que o mesmo fez

anteriormente e, um leitor quando lê um texto, poderá com base no mesmo,

produzir um novo texto. É o que estamos fazendo neste momento.

Questão c: “Um texto expandido encerra a possibilidade de um texto virtual” (ECO,

1979).

Resposta:

Para Trevisa (2002), segundo Eco (1979) as hipóteses e formulações teóricas

desenvolvidas em suas próprias obras se aplicam ao termo "texto" dentro de seu

conceito expandido: "(...) o conceito semiótico de texto é mais amplo do que aquele

meramente lingüístico, e as propostas teóricas, que apresento, aspiram, com os

oportunos ajustamentos, tornar-se aplicáveis também a textos não literários e não

verbais".

Da mesma forma, o autor acredita que o termo "leitor" também possui um

conceito expandido, podendo ser substituído pela terminologia "destinatário", que

melhor se aplica aos diferentes meios e suportes.

Questão d: Todo texto é constituído de um estilo-réplica e de um estilo-invenção.

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Resposta:

O texto é a fala criativa do autor, isto é, é o seu estilo-invenção e é também

chamada de função redistributiva. A presença no texto de sentidos previsíveis,

sedimentados culturalmente, corresponde à função intertextual, ou seja, aquilo que

foi dito, constituindo-se no estilo-réplica.

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