Trabalho Lia

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O autor expõe sua proposta de que a música serve como mecanismo para a criação de uma identidade nacional, estratégia política utilizada pela Alemanha na sua tentativa de congregar todos os reinados germânicos em um Estado-Nação que, apesar de suas pequenas diferenças culturais, partilhavam de uma cultura musical em comum: A música de Johann Sebastian Bach. No Brasil, a estratégia é similar, porém propõe-se que a identidade nacional autentica encontra-se na cultura popular, ou melhor, no folclore e no canto. Isso de fato se vê presente na ideologia musical nacionalista encabeçada por Mario de Andrade no início do século XX e que se manteve firme mesmo por boa parte do século XX. Textos como “Ensaio sobre a Música Brasileira”, livro utilizado como paradigma para a tentativa de construir uma identidade musical nacional, baseava-se na premissa de que a identidade nacional encontra-se nas expressões culturais mais autenticas de um povo: O canto e o folclore. Essas expressões culturais por vezes aparecem como intocáveis pelas flutuações econômicas, pelos avanços tecnológicos e pela proporção continental do nosso país, são como se fossem embalsamadas, livres das ações do tempo e espaço. O autor logo ao início do texto observa que há um descompasso entre o desenvolvimento musical e econômico no Brasil: “Em todos os momentos em que teve desenvolvimento econômico, o Brasil soube acompanhá-lo de explosão criativa em sua produção cultural,

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O autor expõe sua proposta de que a música serve como mecanismo para a

criação de uma identidade nacional, estratégia política utilizada pela Alemanha na sua

tentativa de congregar todos os reinados germânicos em um Estado-Nação que, apesar

de suas pequenas diferenças culturais, partilhavam de uma cultura musical em comum:

A música de Johann Sebastian Bach.

No Brasil, a estratégia é similar, porém propõe-se que a identidade nacional

autentica encontra-se na cultura popular, ou melhor, no folclore e no canto. Isso de fato

se vê presente na ideologia musical nacionalista encabeçada por Mario de Andrade no

início do século XX e que se manteve firme mesmo por boa parte do século XX. Textos

como “Ensaio sobre a Música Brasileira”, livro utilizado como paradigma para a

tentativa de construir uma identidade musical nacional, baseava-se na premissa de que a

identidade nacional encontra-se nas expressões culturais mais autenticas de um povo: O

canto e o folclore.

Essas expressões culturais por vezes aparecem como intocáveis pelas flutuações

econômicas, pelos avanços tecnológicos e pela proporção continental do nosso país, são

como se fossem embalsamadas, livres das ações do tempo e espaço.

O autor logo ao início do texto observa que há um descompasso entre o

desenvolvimento musical e econômico no Brasil: “Em todos os momentos em que teve

desenvolvimento econômico, o Brasil soube acompanhá-lo de explosão criativa em sua

produção cultural, menos agora.” (SAFATLE, V.) Isso se baseia na dialética de Marx

onde a infraestrutura é interdependente a superestrutura, pode-se entender que um

desenvolvimento econômico está atrelado ao desenvolvimento cultural. O problema

com o pensamento musical nacionalista brasileiro defendido por Mario de Andrade está

no fato de que a tentativa de manter as expressões intactas impede que a música

nacional acompanhe o ritmo de desenvolvimento social e econômico de um país.

A defasagem trouxe conseqüências para o desenvolvimento musical e social da

música. O autor aponta no texto que: “A música brasileira foi paulatinamente perdendo

sua relevância, para se transformar apenas na trilha de fundo da literalização de

nossos horizontes.” (SAFATLE, V.).

A perda de relevância está, também, diretamente condicionada à perda de

qualidade musical. A música mais elaborada, principalmente a música de concerto,

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acaba recebendo o rótulo de música elitista, estrangeira e dissimulada. Direcionando a

música séria (apropriando-se do termo alemão para música erudita) para um ostracismo

cultural gigantesco. Cria-se um abismo entre a música popular e erudita.