Trabalho Nação Crioula

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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE GOIS

ANASTCIA TAMIRES COQUEIRO LUZ SARAH CRISTINA FERNANDES FEITOSA

ANLISE NAO CRIOULA

GOINIA 2011

ANASTCIA TAMIRES COQUEIRO LUZ SARAH CRISTINA FERNANDES FEITOSA

ANLISE NAO CRIOULA

Trabalho apresentado para fins de obteno de nota parcial na disciplina de Literatura Portuguesa do curso de Letras da Pontifcia Universidade Catlica de Gois, sob superviso do Professor Dr. Sebastio Augusto Rabelo.

GOINIA 2011

SUMRIO

1 2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 3 4

INTRODUO .................................................................................................... 3 ANLISE LITERRIA ......................................................................................... 4 ENREDO ............................................................................................................. 4 TEMPO ............................................................................................................... 5 ESPAO ............................................................................................................. 5 FOCO NARRATIVO/ NARRADOR ...................................................................... 6 PERSONAGENS ................................................................................................. 6 CONCLUSO ..................................................................................................... 7 REFERNCIAS ................................................................................................... 8

1 INTRODUOEste trabalho prope a anlise literria de Nao Crioula, publicado em 1997, uma das principais obras de Agualusa. Jos Eduardo Agualusa, jornalista e escritor com formao em Agronomia e Silvicultura, j publicou 15 livros, quase todos traduzido em diversos idiomas. V-se na sua obra uma necessidade de registrar a histria de seu pas. Escreve crnicas para a revista LER e membro da Unio dos Escritores Angolanos. Beneficiou de trs bolsas de criao literria para escrever Um estranho em Goa, O ano em que Zumbi tomou o Rio e Nao Crioula. A obra em questo mostra o romance entre o aventureiro Fradique e Ana Olmpia, que embora nascida escrava tornou-se uma das mulheres mais ricas de Angola. Por obra do destino, Ana acaba retornando condio de escrava e assim permanece at ser resgatada por Fradique e fugirem para o Brasil no Nao Crioula, o ltimo navio negreiro da histria. A anlise literria contida aqui foi idealizada com base nos elementos estruturais da narrativa, a saber: enredo, tempo, espao, foco narrativo e personagens.

2 ANLISE LITERRIA 2.1 ENREDOCarlos Fradique Mendes, um aventureiro portugus, desembarca em Luanda com seu companheiro Smith e ficam hospedados no casaro do coronel Arcnio de Carpo. Durante o baile do governador, Fradique fica horrorizado com a figura de Gabriela Santamarinha, mulher extremamente feia e cruel. Logo, surpreende-se ao conhecer a bela Ana Olmpia, ento esposa de Victorino Vaz de Caminha. Aps a morte de Victorino, Fradique e Ana vivem um romance secreto, comunicando-se atravs de cartas. Surge Jesuno Vaz de Caminha, que se aproveita do fato de seu irmo no haver deixado testamento ou carta de alforria para Ana, tomando toda sua fortuna e fazendo de Ana sua escrava. Jesuno vende Ana para a cruel Gabriela Santamarinha. Ana sofre uma srie de torturas enquanto aguarda resgate. O coronel Arcnio acaba sendo morto em Luanda durante a tentativa de matar Jesuno. Seu filho, Arcnio, acerta um tiro no peito de Jesuno, que no morre, mas fica incapacitado tempo suficiente para libertarem Ana. Arcnio, Fradique e Ana embarcam em direo ao Pernambuco no Nao Crioula, o ltimo navio negreiro na histria. J em Pernambuco, Fradique se separa de Ana temporariamente e parte para a Bahia, onde compra uma fazenda para viver com a amada. Liberta todos os escravos do Engenho e, em seguida, conhece os abolicionistas Jos do Patrocnio e Lus Gama. Fradique passa a fazer parte de uma sociedade antiescravista e parte para a Europa em busca de apoio. Algum tempo depois, Ana vai Paris ao encontro de Fradique para apresentar uma conferncia sobre trfico negreiro. Ana volta para o Recife e logo Fradique recebe a notcia de que vai ser pai. Nasce a menina Sophia. Os trs vivem na fazenda de Fradique na Bahia at o mesmo falecer, vtima de uma rara doena. Aps a morte de Fradique, Ana vende a fazenda e muda-se com a filha para Angola, onde casa-se com Arcnio de Carpo.

2.2 TEMPONessa obra predomina o tempo cronolgico e a narrativa segue a ordem de acontecimento dos fatos, todas as cartas possuem data. Apenas na carta de Ana a Ea de Queiroz o tempo psicolgico, quando Ana relembra como conheceu Fradique e comearam seu romance. Relembra tambm os terrveis dias que passou sob tortura de Gabriela Santamarinha. Naquele tempo, noite, Luanda inteira cheirava a jinguba (amendoim), pois era com o leoextrado das sementes desta planta que se iluminavam as ruas. Fradique dizia que as cidades, como as mulheres, se podiam distinguir pelo odor. Pg. 140 Fiquei presa, naquelas condies, durante uma semana. Deitava-me sobre a esteira hmida, respirando com dificuldade o ar de musgo, e pouco a pouco sentia que me afundava num sono escuro, sem sonhos, que era uma maneira de esquecer o medo e a vergonha. Pg 156

2.3 ESPAOEm Nao Crioula, o protagonista Fradique desembarca em Luanda, onde ocorrem os principais fatos do romance:Desembarquei ontem em Luanda s costas de dois marinheiros cabindanos. [...] Pouco a pouco comecei a perceber um outro odor [...] como o de um corpo em decomposio. a este cheiro, creio, que todos os viajantes se referem quando falam de frica. Pg. 11

Fradique passa uma temporada em Paris, onde vive sua madrinha Madame de Jouarre, sempre enviando cartas sua amada Ana. Fradique encontra-se em Lisboa quando recebe a notcia de que Ana est presa como escrava em Luanda:Recebi esta manh uma carta do velho Arcnio de Carpo expondo a terrvel situao em que te encontras. A carta, infelizmente, chegou-me s mos muito atrasada, pois Smith remeteu-a inicialmente para Coimbra[...] pg. 49

O navio Nao Crioula parte de Novo Redondo em direo ao Pernambuco, no Brasil: Enquanto comamos Arcnio explicou-me o plano de fuga: [...]Em Novo Redondo esperanos um brigue com um carregamento de escravos para Pernambuco. Pg. 63

No Brasil, Fradique passa por Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Em seguida, parte para a Europa: Estou agora no Rio de Janeiro, e embarco segunda-feira para Lisboa, onde tencionopermanecer um ms ou dois antes de seguir para Paris e depois para Londres. Pg.101

2.4 FOCO NARRATIVOFoco Narrativo, ou Ponto de Vista, o elemento da narrao que compreende a perspectiva atravs da qual se conta uma histria. , basicamente, a posio a qual o narrador, enquanto instncia narrante ou voz que articula a narrao, conta a histria. Os pontos de vista mais conhecidos so dois: Narrador-Observador e Narrador-Personagem. (O Ofcio Literrio, Joo Felipe Brando Jatob) Em Nao Crioula, temos um narrador personagem, mais especificamente narrador protagonista. Todo o romance narrado atravs das cartas de Fradique e uma de Ana Olmpia, o que nos remete tambm a narrativa epistolar, tcnica muito utilizada pelos autores romnticos, por sua vez, inspirada nos narradores do sculo XVIII que abusavam desse recurso.

2.5 PERSONAGENSA personagem um ser fictcio que responsvel pelo desempenho do enredo; em outras palavras quem faz a ao. [...] A personagem um ser que pertence histria e que, portanto, s existe como tal se participa efetivamente do enredo. (Como analisar narrativas, Cndida Vilares Gancho) Fradique Protagonista e autor das cartas. Faz parte da alta sociedade portuguesa e contra o regime escravista. Vive um romance com a ex-escrava Ana Olmpia. Arcnio de Carpo Tem ttulo de coronel apesar de no ser militar. Portugus, degredado para a Angola. Fez fortuna com a compra e venda de escravos. Arcnio de Carpo (filho) Filho do Coronel Arcnio com uma negra. Ele quem gerencia a fortuna do pai. Bastante inteligente e interessado por poltica. Nicolau dos Anjos - Padre, negro, um tanto rude, conhecido por seus milagres, respeitado por todos. Possui afeto especial por Fradique.

Gabriela Santamarinha Mulher extremamente feia e ftida. Sempre muito cruel ao castigar seus escravos. Sofre de transtornos psicolgicos e nutre um dio intenso por Ana Olmpia. Victorino Vaz de Caminha Velho escravocrata, comprou uma escrava grvida e catorze anos mais tarde casou-se com a filha, Ana Olmpia. Ana Olmpia Filha de escrava, ao se casar com Victorino Vaz de Caminha, tornou-se uma das mulheres mais ricas de Angola. Muito bonita, inteligente e bem instruda. Jesuno Irmo de Victorino. Aps a morte do irmo, toma posse de suas riquezas e faz de Ana sua escrava.

3 CONCLUSONa obra Nao Crioula colocado em questo o trfico negreiro. uma poca de transio na qual surgem os primeiros abolicionistas. Os colonizadores acreditavam que os negros eram um atraso para o desenvolvimento do pas, pois recusavam-se a adotar a lngua portuguesa e abandonar seus costumes e crenas. O autor mescla personagens fictcios e reais, como na relao de amizade entre Ea de Queiroz e Carlos Fradique Mendes (personagem criado pelo prprio Ea). Alm de citar personagens da nossa histria como Jos do Patrocnio, Gonalves Dias e Castro Alves. A estrutura da obra uma compilao das cartas de Fradique, recolhidas e publicadas pelo personagem Ea de Queiroz.

4 REFERNCIASAGUALUSA, Jos Eduardo. Nao crioula: A Correspondncia Secreta de Fradique Mendes, Lisboa, Publicaes Dom Quixote, 1997. GANCHO, Cndida Vilares. Como analisar narrativas. 7 Ed. So Paulo: tica:2000. (Srie princpios; 2007). SENDAY, Bia. Anlise da narrativa; 2010 Jan 12 [acesso 2011 Dez 05]. Disponvel em: http://www.artigonal.com/authors/284540 Biografia Jos Eduardo Agualusa, 2002 2010, by aguarosa bivels. Disponvel em: http://www.agualusa.info/cgi-bin/baseportal.pl?htx=/agualusa/div&page=biografia&lg=pt&cs JATOB, Joo Felipe Brando. O Ofcio Literrio; 2007 Dez 14 [acesso 2011 Dez 05]. Disponvel em: http://oficioliterario.com.br/2007/12/14/foco-narrativo/