Universidade Federal do Rio de Janeiro / Instituto de Filosofia e Cincias SociaisLicenciatura em Cincias Sociais2 Semestre de 2014 (6 perodo)Didtica e Prtica de Ensino de Cincias SociaisProf. Anita HandfasLeandro Maia Gonalves DRE: 112084003

DAYRELL. Juarez T. A juventude no contexto do ensino da sociologia: questes edesafios. In: BRASIL. Sociologia: ensino mdio / Coordenao Amaury Csar Moraes. Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Bsica, 2010. p. 65-84 (ColeoExplorando o Ensino; v. 15).

Resenha

O Doutor em Educao e Professor Associado da Universidade Federal de Minas

Gerais, Juarez Tarcsio Dayrell, nos apresenta um texto muito bem elaborado e que nos

permite uma anlise primria satisfatria a respeito da condio na qual a juventude se

encontra no contexto do ensino da Sociologia. Com uma abordagem complexa e detalhada,

possibilita a reflexo no que se refere s questes e desafios que envolvem a dinmica do

comportamento dos jovens na atual conjuntura das mudanas que se aprofundaram na

sociedade contempornea ocidental, onde o Brasil possui um perfil especfico diferenciado,

em funo da realidade social, poltica e econmica na qual estamos inseridos.

A situao dos jovens no Brasil tratada sob a tica de sua especificidade, pois envolve

aspectos como a condio social e econmica das famlias no contexto das populaes mais

pobres da periferia, assim como nas questes que envolvem a motivao, o incentivo ou a

necessidade encontrada em cada caso, pois a realidade social de cada um pode determinar

sobre seu futuro, sobre poder se dedicar a atividades culturais que possam dar ao jovem a

condio de no precisar trabalhar muito jovem para ajudar no sustento da famlia, assim

como em se dedicar aos estudos na esperana de um futuro melhor, anda que no presente

muitos no vislumbrem sequer o sentido da educao que vem a partir da escola.

Questes raciais, religiosas e de valores morais e ticos tambm so levantadas pelo

autor, assim como a relao entre o jovem e o trabalho. Muitos precisam conciliar os estudos

com a necessidade de renda, mas que em outros tantos casos isso no se torna possvel, e

jovens acabam abandonando ou ao menos atrasando seus estudos em razo da realidade

socioeconmica na qual se encontram.

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As culturas juvenis so mostradas com vrios exemplos. Pela maneira com a qual os

jovens se inserem ou se desligam de um grupo ou pelo modo como se apresenta socialmente.

O uso de tatuagens e piercings, a identificao com algum ritmo ou estilo musical, o modo

como ostentam o corpo ou como exibem seus bens materiais, como celulares, seriam formas

bem relevantes de se destacar individualmente ou de se ligar a um grupo por meio daquilo que

seus membros tem em comum. Tudo isso faria parte da construo da identidade do jovem

diante dos demais e da sociedade como um todo, da mesma forma que serve para dar um

recado, pois s vezes seu comportamento e estilo de vida seriam suficientes para demonstrar

sua insatisfao com o mundo ao seu redor. Nem sempre a expresso verbal a mais usada.

O autor trata da questo da expresso dos jovens por meio da arte, da msica, dana e

outras formas de se reunir em grupos, seja como simples modo de comunicao corporal ou

como forma de atuao social, pois tambm seria um meio de protestar e de questionar. A

sociabilidade vem como uma tentativa de libertao, e quando os jovens esto reunidos,

preferencialmente nos programas noturnos, a que conseguem encontrar compreenso a

respeito daquilo que os aflige durante a rotina de compromissos aos quais so submetidos,

geralmente contra a sua vontade. Ainda que sempre lhes ensinem sobre a importncia e a

necessidade dos estudos e do trabalho, parece que se dependesse apenas da vontade deles,

dificilmente deixariam de estar juntos em um ambiente que lhes parece mais favorvel, onde

no h obrigaes e tarefas, cobranas e fiscalizao, seja por parte dos pais ou dos

professores e patres.

De acordo com o texto, durante o processo de amadurecimento, na transio para a vida

adulta, o jovem passa por transformaes, como em sua afetividade, quando o no

comprometimento sentimental com a cultura do ''ficar'' se multiplica a se difunde. Alguns

sinais dessa transio seriam tradicionalmente o abandono da escola, o primeiro emprego e o

casamento, entre outros fatos, mas a cada dia fica mais difcil tal definio, pois as mudanas

sociais que temos vivido do conta de uma transitoriedade prpria do comportamento dos

jovens, onde a necessidade do autoconhecimento e da experimentao fazem com que haja

uma constante alterao das vontades, desejos e at das necessidades, que variam conforme a

circunstncia e o momento. No h uniformidade de comportamento. Encontramos jovens

acomodados com a situao, mas tambm os obstinados a planejar o futuro, que percebem na

educao um caminho necessrio a ser percorrido. Uma grave consequncia da falta de

perspectiva, da ausncia de apoio e de motivao leva muitos a se envolverem com lcool ou

drogas, numa tentativa de fuga da realidade.

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Muitos jovens, em virtude da falta de acompanhamento adequado, acabam sendo

levados dependncia e ao vcio, o que induz muitos deles aos atos de delinquncia e prticas

criminosas, fazendo com que promissores pensadores, excelentes profissionais, assim como

muitos grandes talentos nas artes e nas diversas formas de expresso cultural se tornem

marginais, ou seja, os deixando margem da sociedade, abandonados e largados ao relento do

esquecimento.

As recentes mudanas da sociedade teriam afetado diretamente as relaes entre os

jovens e seus pares, mas tambm a relao entre a juventude e o Estado, a famlia, a escola,

assim como com outras instituies, e uma das origens de tais mudanas pode ser encontrada

na mdia. A tecnologia tem permitido uma rpida multiplicao da exposio e dos efeitos dos

novos valores que so pregados, substituindo por vezes aqueles que os jovens receberam

desde sua formao familiar e escolar.

O autor fala da complexidade que pode ser analisada no que diz respeito formao

moral, intelectual e social do jovem. Todo o contexto onde ele est inserido pode influenciar

sua trajetria de vida, e o professor teria o papel de educador e intermediador entre o aluno e o

contedo a ser apresentado, mas tambm teria tambm, como socilogo, condies de

problematizar a relao do jovem com tudo sua volta, abrindo um leque de possibilidades a

serem trabalhadas, tanto em sala de aula como na prpria comunidade, se valendo de

materiais e de ideias que podem auxiliar a todos a encontrarem um caminho para a

compreenso e o entendimento sobre como se relacionar com o jovem, que vive dilemas e

conflitos onde quase sempre no h uma preocupao com aquilo que ele pensa ou quer. O

modelo educacional ultrapassado, no construdo com base em uma realidade heterognea

e diversa, e assim dificulta o desenvolvimento do processo de aprendizagem.

Como uma excelente sugesto ou proposta de trabalho, o autor fala sobre a pesquisa e a

pesquisa de opinio, que abrem muitas possibilidades, haja vista que colocam o aluno em

contato com vrios contedos, em contato com sua prpria realidade e com opinies que

podem tanto confrontar como concordar com sua viso sobre o mundo, permitindo uma

adequao na maneira como se pensa a educao voltada para os jovens, e isso em parte

atravs da desnaturalizao e do estranhamento que possvel quando analisamos

determinado contexto por meio das diversas possibilidades perceptveis pela comparao e

confronto com realidades distintas e controversas.

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Possibilidades Didticas

Esse texto pode ser trabalhado de modo a fazer o jovem pensar em todas as

possibilidades, ainda que admitindo as dificuldades oriundas de uma composio familiar

prejudicada pela ausncia do pai, da me ou de ambos. Ele precisa compreender que, apesar

da necessidade de trabalhar, de alterar seus planos em razo de uma circunstncia adversa,

ainda assim possvel insistir na tentativa de construir um futuro melhor, mesmo que no

ideal, tendo que abrir mo de algum projeto ou se adaptando a uma nova realidade.

O jovem tem condies de perceber que, independente de sua condio social ou

econmica, independente de suas origens, de sua formao familiar, de sua cultura, gostos e

hbitos, modo de pensar ou de se relacionar, de sua religio ou da localizao geogrfica onde

ele se encontra, independente de suas amizades ou experincias de vida, apesar de tudo isso

ele pode vislumbrar uma gama de opes para seu futuro, seja com relao s artes e sua

vocao cultural ou profissional, possvel aprender a pensar, e ver o mundo sob vrios

pontos de vista, e assim encontrar motivao e despertar o interesse em apostar em si mesmo,

com a ajuda daqueles que esto sua volta, contando com a participao de familiares,

vizinhos, de sua comunidade, professores, amigos e colegas para construir e fortalecer suas

perspectivas com relao ao caminho em que deseja seguir em frente, tendo o direito de

escolha, sob pena de no alcanar seus objetivos ou sonhos simplesmente pelo fato de desistir

de si mesmo.

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Texto Didtico

Concordamos que no fcil a vida de estudante, de jovem, principalmente no atual

contexto mundial, e em especial no caso do Brasil, pois so muitos os desafios, as

dificuldades, os impedimentos, os conflitos e tantas outras situaes que podem travar o

jovem em sua busca pelo autoconhecimento, pela compreenso, ainda que limitada de mundo

e da sociedade. O jovem levado e s vezes forado a querer se capacitar para o mercado de

trabalho, a entender sobre a importncia de estudar, de pensar no futuro e ser algum na vida.

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A matemtica, gramtica, qumica, fsica, biologia e cincias sociais, entre tantas outras

matrias e disciplinas, que na maioria das vezes so encaradas como parte de suas obrigaes

enquanto jovem cidado em sua preparao para a vida adulta e para o sucesso pessoal e

profissional.

Tudo isso parece ser muito entediante, e muitas vezes se ouve a frase: ''falar fcil''',

pois em muitos casos o jovem ouve conselhos de quem no se realizou, mas que se utiliza de

suas frustraes e fracassos para tentar convenc-lo a se comportar de forma diferente para

conseguir escapar de um destino quase previsvel, em virtude da realidade social que em

grande escala afasta os jovens de suas potencialidades e os empurra para um abismo de

conformismo e comodidade.

Para ser bem objetivo, utilizarei um trecho de uma letra de msica que penso ser bem

aplicvel neste caso:

(...) Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.A gente muda o mundo na mudana da mente.E quando a mente muda a gente anda pra frente.E quando a gente manda ningum manda na gente.Na mudana de atitude no h mal que no se mude nem doena sem cura.Na mudana de postura a gente fica mais seguro, na mudana do presente a gente molda ofuturo!(...) At quando vai ficar sem fazer nada? ()

(''At quando?'', de Gabriel o Pensador)

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:

DAYRELL. Juarez T. A juventude no contexto do ensino da sociologia: questes edesafios. In: BRASIL. Sociologia: ensino mdio / Coordenao Amaury Csar Moraes. Braslia: Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Bsica, 2010. p. 65-84(Coleo Explorando o Ensino; v. 15).Disponvel em http://www.labes.fe.ufrj.br/?cat_id=7&sec_id=19

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