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TRABALHO PLANTAS MEDICINAIS -...
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ISSN 1983-4209 - Volume 01 – Numero 01 – 2007.1
PLANTAS MEDICINAIS COMERCIALIZADAS NO MUNICIPIO DE CAMPINA GRANDE, PB.
Ivan Coelho Dantas - 1 Mestre em Saúde Coletiva, na área de concentração Saúde e Sociedade, linha de Pesquisa Epidemiologia. Universidade Estadual da Paraíba
Flávio Romero Guimarães - Doutor em Biologia – Professor Titular – Universidade Estadual da Paraíba
RESUMO
Este trabalho tem como objeto de estudo a indicação terapêutica realizada pelos
ervanários das plantas medicinais comercializadas na cidade de Campina Grande – PB, baseada
no senso comum, e a identificação experimental dos compostos ativos das referidas plantas. Até
os dias atuais, não foram realizados estudos mais aprofundados, do ponto de vista etnobotânico,
farmacológico e fitoquímico das espécies fitoterápicas comercializadas neste município. Nesta
pesquisa, foram adotados os métodos de procedimento analítico-descritivo, o correlacional e o
experimental. A pesquisa foi realizada no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2001, no
município de Campina Grande - PB, com os raizeiros existentes na cidade e com as espécies por
eles comercializadas. As indicações terapêuticas das plantas, realizadas pelos raizeiros, são
cientificamente pertinentes, considerando-se a presença de princípios ativos
farmacologicamente ativos que efetivamente combatem as doenças sugeridas pelo uso popular.
Palavras-chave: fitoterapia, etnobotânica, raizeiros.
EL RESUMEN
Este trabajo tiene como objeto de estudio la indicación terapêutica realizada por los hierbateros de las plantas medicinales comercializados em la ciudad de Campina Grande – Paraíba, basada em el sentido común, y la identificación experimenta de los princípios activos de las referidas plantas. Hasta los días actuales, no han sido realizados estudios más aprofundandos, del punto de vista e etnobotânico, farmacológico y fitoquímico, de las espécies fitoterápicas comercializadas en este municipio y con las especies para ellos comercializó. Las indicaciones terapéutica de las plantas, realizadas por los vendedores de raíces, son cientificamente pertinetes, considerándose la presencia de los fitoquímicos compuestos farmacológicamente activos que efectivamente combaten las enfermiedades sugeridas por el uso pupular.
Palabras-clave: fitoterápia, etnobotánica, hierbateros.
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INTRODUÇÃO
A fitoterapia é a área do conhecimento que busca a cura das doenças através das plantas
medicinais. Repousa sobre uma tradição secular, sendo amplamente difundida através dos
raizeiros, curandeiros e benzedeiras. As plantas também são amplamente utilizadas pelas
famílias, principalmente em forma de chás, infusões e lambedores. Na verdade, o uso de
espécies vegetais com fins terapêuticos remonta ao início da civilização humana, confundindo-
se com a própria origem do homem.
As informações sobre o uso e as virtudes terapêuticas das plantas medicinais foram sendo
acumuladas através dos séculos e a utilização de suas propriedades representa uma forma de
tratamento e cura das doenças. Apesar do uso de plantas medicinais ter sua propagação
associada ao conhecimento popular empírico, paulatinamente vem sendo reconhecido e
incorporado ao saber científico.
Neste sentido, vários ramos das ciências têm contribuído para a difusão da utilização
terapêutica das plantas medicinais. Entre estes ramos, destaca-se a etnobotânica que, por sua
própria natureza, potencializa as relações com outras disciplinas, favorecendo a realização de
estudos e pesquisas interdisciplinares.
O presente estudo, que tem como objeto a utilização de plantas medicinais, pode vir a ser
um ensaio importante na busca de encontrar um eixo norteador de uma pesquisa interdisciplinar
na área da etnobotânica.
Com a realização do presente trabalho, buscou-se fazer uma releitura da utilização das
plantas medicinais pela população. Esta prática, amplamente incorporada aos saberes populares,
deve ser revista através das lentes da ciência e do seu método que vai além dos fatos
observados, inferindo o que pode haver por trás deles. Tal requisito deve considerar que não há
uma descontinuidade radical entre a Ciência e este conhecimento popular, buscando ressaltar
que estes saberes populares não se distinguem do conhecimento científico nem pela veracidade
nem pela natureza do objeto, mas, sim, através da forma do modo, do método e dos
instrumentos de “conhecer” ou de apreender a realidade.
Assim, buscando entender como se procede a apreensão da realidade do objeto pelos
sujeitos da pesquisa, a partir de um novo olhar sobre o saber popular, realça-se a interface entre
os dois conhecimentos – o popular e o científico. Para tanto, sem perder de vista a dimensão da
disciplinaridade que delimita o objeto de estudo, na busca de enriquecê-lo, adotou-se a
abordagem interdisciplinar como eixo norteador da pesquisa.
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Neste estudo foram utilizados os métodos de procedimento descritivo-analítico, o
correlacional e o experimental. A coleta de dados foi realizada junto aos 43 raizeiros existentes
na cidade de Campina Grande – PB. A fase experimental da pesquisa foi realizada no
Laboratório de Farmacognosia da UEPB, procedendo-se estudos farmacológicos e fitoquímicos
das espécies fitoterápicas comercializadas na cidade de Campina Grande – PB, cujos princípios
ativos não estavam devidamente determinados.
Portanto, com a realização deste trabalho, constatou-se que os elementos de correlação
entre o conhecimento popular e o conhecimento científico são muito mais consistentes e que
estes conhecimentos não são dicotômicos, mas, sim, representam olhares diversos sobre um
mesmo objeto. Finalmente, espera-se que esta pesquisa possa trazer uma contribuição no
sentido de promover um estudo contextualizado com a realidade regional, que poderá impactar
positivamente na qualidade de vida da população, ao favorecer o acesso aos medicamentos
naturais e de baixo custo.
MATERIAL E MÉTODO
1. Delimitação geográfica e temporal, sujeitos e objetos da pesquisa
A presente pesquisa foi realizada no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2001 na
cidade de Campina Grande - PB, nas feiras Central, da Liberdade, da Prata e no centro
comercial do município, entre os raizeiros existentes a partir das espécies de plantas medicinais
comercializadas por eles.
2. Métodos de procedimento
No presente trabalho foi adotado como métodos de procedimentos o descritivo-analítico,
o correlacional e o experimental. O método descritivo foi utilizado no estudo do perfil sócio-
econômico dos ervateiros, através da aplicação de questionário e do levantamento e
classificação das plantas medicinais.
O método experimental foi utilizado quando do estudo em laboratório de Farmacognosia,
do Departamento de Farmácia e Biologia da Universidade Estadual da Paraíba, através de
reações químicas para identificação dos compostos ativos existentes nas plantas.
O método correlacional foi adotado quando foram estabelecidas as associações entre o
senso comum e o conhecimento científico.
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3. Coleta e caracterização da amostra
A coleta dos vegetais, objeto deste estudo, foi realizada em campo, com exceção do bom-
nome, embira, jenipapo-bravo, mão fechada, prá-tudo e umbigo-de-bezerro. Nestas amostras
tivemos o cuidado de observar as boas condições fitossanitárias destes vegetais.
A amostra que foi objeto do estudo experimental compreendeu 29 espécies de plantas,
que não tinham os compostos ativos estudados, selecionadas através dos seguintes critérios:
• Após cadastramento dos vegetais chegou-se a 173 vegetais comercializados por 43
(quarenta e três) raizeiros do município de Campina Grande - PB;
• procedeu-se um levantamento em bibliografia especializada para verificar, nas plantas
comercializadas, quais as que não possuíam os compostos ativos determinados. A amostra
correspondeu, portanto, ao total das espécies que não possuíam os compostos ativos
determinados. Na pesquisa para catalogar as 173 plantas medicinais comercializadas,
utilizou-se a ficha 01.
Ficha 01 – Ficha de orientação ao levantamento bibliográfico:
Nome vulgar: Sinônimos populares: Família: Espécie (Sinônimos): Origem: Fitocompostos: Parte usada: Indicação do raizeiro: Comparar o uso popular com o científico: Uso fármaco-terapêutico:
4. Técnicas
Foram utilizadas as seguintes técnicas:
a) Técnicas laboratoriais:
No laboratório de Farmacognósia da Universidade Estadual da Paraíba, foram feitos os
experimentos, com as plantas selecionadas na amostra, onde os compostos bioativos foram
identificados por reações químicas através de precipitação, coloração ou floculação, segundo
protocolo específico a seguir detalhado para cada composto químico. As plantas passaram cada
uma por 4 testes, sendo dois testes com veículo aquoso e dois com veículo alcoólico. Para tanto,
utilizou-se o mesmo método usado pelos raizeiros em suas preparações, ou seja, infuso, decocto
e maceração, em que se aumentou a concentração para 50% com a finalidade de se tornar mais
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visível as reações químicas. Para infuso e decocto utilizou-se como veículo a água e para a
maceração o álcool a 70º GL.
Para a identificação em laboratório dos compostos ativos das plantas escolhidas para
amostra, usou-se ficha 02, construída a partir das informações colhidas nos trabalhos de Morita
et al. (1972), Matos (1997) e Costa (1975c):
FICHA 02: Identificação dos compostos ativos das plantas selecionadas na amostra.
REAGENTES: Solução aquosa ( ) Solução alcoólica
Planta: Parte Família: Espécie Fortes: +++ Médios: ++ Fracos: + Suspeito: ? Ausente:- TANINO: 01 Sol. de cloreto de sódio Forma ppt 02 Cloreto férrico aquoso Coloração azul (pirogálico), verde (catéquico) 03 Cloreto férrico alcoólico Coloração azul (pirogálico), verde (catéquico) FENÓIS 03 Cloreto férrico alcoólico Coloração azul a vermelho 04 Reagente de Candússio Forma ppt ou coloração ANTOCIANINA, ANTOCIANIDINA, FLAVONÓIDES 05 Com pH 1-3 Cor vermelha (antocianina e antocianidina) e
(Chalconas e auronas)
06 Com pH 8,4 Cor lilás (antocianina a antocianidina)
07 Com pH 11 Cor azul(antocianina a antocianidina); Cor amarelo ( flavonas, flavonóis e xantonas) Cor vermelho/purpúreo (Chalconas e auronas) Cor vermelho/laranja (flavonóides)
LEUCOANTOCIANIDINAS, CATEQUINA, FLAVANONAS 08 Com HCl pH 1-3
Aqueça Cor vermelha (leucocianidina) Cor amarela parda (tanino catéquico)
09 Com NaOH pH 11, aqueça Cor laranja (flavona) CONT. FICHA 01: Identificação dos Princípios ativos das plantas selecionadas na amostra. FLAVONÓIS, FLAVONAS, XANTONA 10 Com Mg e HCL, pH 1-3 Cor vermelho 11 Sol. Cloreto férrico 4,5% Cor verde, amarelo, castanho, violeta SAPONINA 12 Saponina (Agitação) Formação de espuma por mais de 15 minutos RESINA 13 Com etanol/água ppt flosculoso ALCALÓIDES 14 Solução de Marquis Coloração 15 Reagente de Mayer ppt branco em meio ácido 16 Solução de ácido tânico ppt branco ou amarelo 17 Reagente de Bouchardat ppt marrom 18 Reagente de Erdmann Coloração 19 Ácido pícrico ppt ALBUMINA 20 Rg de Molisch + H2SO4 Cor vermelha ou violeta 21 Rg de Robert Camada branca ou turva
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22 Rg de Claudius ppt GLICOSE 23 Reagente de Benedict ppt vermelho a verde CATEQUINA Embeba a madeira de um fósforo na solução aquosa extrativa, evapore quase à secura, umedeça-a em ácido clorídrico concentrado e seque-a ao calor de uma chama forte, evitando a sua carbonização. O aparecimento de cor vermelha indica a presença de catequina. QUINONA, ANTRANÓIS e ALDEÍDOS 24 Quinona Antranóis 25 Feder (aldeído) turva
b) Escolha da amostra
Conforme se ressaltou na metodologia, a escolha da amostra se deu após levantamento
em bibliografia especializada, no qual foram identificadas as plantas que não possuíam os seus
compostos ativos devidamente determinados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
5. Percentual das espécies utilizadas pelos raizeiros
Quando questionados sobre quais os fitoterápicos que comercializavam e indicavam
como medicamentos, os 43 ervatários citaram 173 plantas. Na Tabela 01, o n representa o
número de vezes que a planta foi citada entre os raizeiros. A origem dos vegetais foi extraída na
bibliografia especializada, cujos percentuais foram obtidos com o auxílio do Programa de
Estatística (SPSS – 99 para Windows).
Tabela 01 – Identificação, percentual de citação e origem das plantas medicinais
comercializadas pelos raizeiros em Campina Grande – PB.
Nome Popular Nome Científico n % Origem Abacate Persea americana Mill. 31 72,10% Exótica Acônito Pfaffia glomerata (Spreng) Pedersen. 10 23,30% Nativa Agave Agave americana L. 10 23,30% Exótica Agrião Lepidium virginicum L. 22 51,20% Exótica Agrião-do-Pará Spilanthes Acmella Murr. 9 20,90% Nativa Alcachofra Vernonia condensata Beker. 19 44,20% Exótica Alcaçuz Periandra dulcis Mart. 15 34,90% Nativa Alcanfora Artemisia alba Turra. 9 20,90% Exótica Alecrim Rosmarinus officinalis L. 42 97,70% Exótica Alecrim-Caboclo Croton zehntneri Pax e Hoffm. 33 76,70% Nativa Alecrim-Pimenta Lippia sidoides Cham. 10 23,30% Exótica Alfavaca-Brava Hyptis mutabilis Briq. 26 60,50% Nativa
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Alfazema Lavandula Spica L. 39 90,70% Exótica Alfazema-Brava Hyptis suaveolens Poir. 28 65,10% Dúvida Algodoeiro Gossypium hirsitum L. 31 72,10% Exótica Ameixa Ximenia americana L. 40 93.00% Nativa Angico Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan 39 90,70% Nativa Anil-Estrelado Illicium verum Hook f. 34 79,10% Exótica Araticum Annona Marcgravii Mart. 21 48,80% Nativa Aroeira Myracrodruom urundeuva Fr. All. 40 93,00% Nativa Arruda Ruta graveolens L. 34 79,10% Exótica Artemísia Artemisia vulgaris L. 10 23,30% Exótica Avelós Euphorbia Tirucalli. 5 11,60% Exótica Babosa Aloe vera L. 35 81,40% Exótica Balsamo Myroxylon peruiferum L.f. 23 53,50% Exótica Banana Musa sapientum L. 9 20,90% Exótica Barbatimão Stryphnodendron coriaceum Benth. 41 95,30% Nativa Barriguda Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. 27 62,80% Nativa Batata-de-Purga Operculina macrocarpa Horgan. 40 93,00% Nativa Boldo Peumus boldus Molina. 42 97,70% Exótica Boldo-Chileno Origanum Majorana L. 11 27,90% Exótica Bom-Nome Maytenus rigida Mart. 38 88,40% Nativa Bordão-de-Velho Samanea tubulosa (Benth) Barneby e Grimes. 5 11,60% Nativa Braúna Schinopsis brasiliensis Engl. 24 55,80% Nativa Cabacinha Luffa operculata Cogn. 39 90,70% Nativa Cabeça-de-Nego Cayaponia tayuya Cong. 40 93,00% Nativa Cajueiro Anacardium occidentale L. 40 93,00% Nativa Camomila Matricaria chamomilla L. 37 86,00% Exótica Cana-de-Macaco Costus spiralis Roscoe. 21 48,80% Exótica Cana-do-Brejo Costus spicatus Swartz. 21 48,80% Nativa Canela Cinnamomum zeylanicum Blume. 40 93,00% Exótica Capim-Santo Cymbopogon citratus (D. C) Stapf. 41 95,30% Exótica Capitãozinho Gomphrena demissa Mart. 35 81,40% Nativa Cardeiro Cereus jamacaru DC. 29 67,40% Nativa Cardo-Santo Argemone mexicana L. 31 72,10% Exótica Carqueja Baccharis trimera DC. 21 48,80% Nativa Catingueira Caesalpinia pyramidalis Tul. 16 37,20% Nativa Catolé Syagrus cearensis Noblick . 36 83,70% Nativa Catuaba Anemopaegma mirandum DC. 36 83,70% Exótica Cebola-Branca Allium ascalonicum L. 41 95,30% Exótica Cedro Cedrela fissilis Vell. 36 83,70% Nativa Chá-Preto Thea sinensis Linn. 32 74,40% Exótica Chambá Justicia pectoralis Vahl. 24 55,80% Exótica Cipó-Mil-Homens Aristolochia brasiliensis Mart. et Zucc. 11 25,60% Nativa Coco Cocos nucifera L. 16 28,00% Exótica Coentro Coriandrum sativus L. 35 81,40% Exótica Colônia Alpinia speciosa Schum. 40 93,00% Exótica Confrei Symphytum officinalis L. 30 69,80% Exótica
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Copaíba Copaiba cearensis Hub. 13 30,20% Nativa Cordão Leonotis nepetaefolia R. Brow. 19 44,20% Nativa Coroa-de-Frade Melocactus bahiensis Werdern. 14 32,60% Nativa Cravo-da-Índia Syzygium aromaticum (L) Merril et Perry. 29 67,40% Exótica Cuité Crescentia Cujete L. 27 62,80% Exótica Cumaru Amburana cearensis (Fr. All.) A. Smith. 40 93,00% Nativa Cuminho Cuminum cyminum L. 17 39,50% Exótica Embira Xylopia frutescens Aubl. 35 81,40% Exótica Endro Anethum graveolens L. 41 95,30% Exótica Erva-Cidreira Lippia geminata H.B.K. 38 88,40% Exótica Erva-Doce Pimpinella anisum L. 40 93,00% Exótica Erva Mate Ilex paraguayensis St. Hill. 12 27,90% Exótica Erva-Santa Mentha Piperita L. 27 62,80% Exótica Espinheira Santa Maytenus ilicifolia Mart. ex. Reiss.f. 10 23,30% Nativa Eucalipto Eucalyptus citriodora Hook. 41 95,30% Exótica Falso-Boldo Coleus barbatus (Andr) Benth. 24 55,80% Exótica Favela Cnidosculus phyllacanthus (Mart.) Pax. e Hoff. 40 93,00% Nativa Fedegoso Heliotropium indicum L. 30 69,80% Nativa Funcho Foeniculum vulgaris L. 40 93,00% Exótica Gengibre Zingiber officinalis Rosc. 40 93,00% Exótica Gergelim Sesamum orientale L. 39 90,70% Exótica Girassol Helianthus annuus L. 38 88,40% Exótica Gogóia Solanum aculeatissimum Jacq. 18 41,90% Nativa Graviola Annona muricata L. 18 41,90% Exótica Guiné Petiveria alliacea L. 36 83,70% Exótica Hortelã-Graúda Coleus amboinicus L. 40 93,00% Exótica Hortelã-Miúda Mentha crispa L. 38 88,40% Exótica Imbaúba Cecropia palmata Willd. 27 62,80% Nativa Imburana Bursera leptophloeos Engl. 37 86,00% Nativa Insulina Cissus verticilata L. 9 20,90% Nativa Ipê-Rox Tabebuia avellanedae Lor. Ex. Griseb. 37 86,00% Nativa Japecanga Smilax Japicanga Griseb. 22 51,20% Nativa Jaramatáia Vitex garderiana Schau. 12 27,90% Nativa Jatobá Hymenaea Courbaril L. 41 95,30% Nativa Jenipapo Genipa americana L. 30 69,80% Exótica Jenipapo-Bravo Tocoyena guianensis Schum. 28 65,10% Nativa Juazeiro Ziziphus joazeiro Mart. 37 86,00% Nativa Jucá Caesalpinia ferrea Mart. Ex Tul. 36 83,70% Nativa Junço Cyperus esculentus L. 35 81,40% Nativa Jurema Branca Pithecolobium verrucosa Benth. 31 72,10% Nativa Jurema-Preta Mimosa acutistipula Benth. 33 76,70% Nativa Jurubeba Solanum panniculatum L. 29 67,40% Nativa Jurubeba-Branca Solanum albidum Dum. 31 72,10% Nativa Laranjeira Citrus aurantium L. 35 81,40% Exótica Liamba Vitex agnus-castus L. 28 65,10% Exótica Lima-de-Umbigo Citrus limetta Risso. 29 67,40% Exótica
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Linhaça Leucaena leucocephala (Lam.) De Wit. 27 62,80% Exótica Losna Artemisia absinthium L. 14 32,60% Exótica Louro Ocimum gratissimum L. 31 72,10% Exótica Louro-Comum Laurus nobilis L. 33 76,70% Exótica Macassá Aeolanthus suaveolens Mart. Ex. Spreng. 34 79,10% Exótica Macela Egletes viscosa Cass. 42 97,70% Nativa Madre-Cravo Pluchea Quitoc DC. 13 30,20% Nativa Manjerona Origanum vulgare L. 29 67,40% Exótica Maliça Mimosa debilis Humb. & Bonpl. ex Willd. 17 39,50% Nativa Malva-Rosa Pelargonium graveolens Art. 38 88,40% Exótica Mamona Ricinus communis L. 9 20,90% Exótica Manjericão Ocimum Basilicum L. 33 76,70% Exótica Manjerioba Senna occidentalis (L) Link. 31 72,10% Nativa Mão-Fechada Selaginella convoluta Spring. 33 76,70% Nativa Maracujá Passiflora cincinnata Mart. 16 37,20% Nativa Marmeleiro Croton hemiargyreus Muell. Arg. 21 48,80% Nativa Mastruz Chenopodium ambrosioides L. 36 83,70% Exótica Melãozinho Momordica Charantia L. 18 41,90% Exótica Mentrasto Ageratum conyzoides L. 8 18,60% Nativa Mororó Bauhinia Cheilanta Steud. 37 86,00% Nativa Mostarda Brassica integrifólia G. E. Schulz. 31 72,10% Exótica Mucunã Cratylla floribunda Benth. 32 74,40% Nativa Mulungu Erythrina velutina Willd. 38 88,40% Nativa Mussambê Cleome spinosa L. 28 65,10% Exótica Mutamba Guazuma ulmifolia Lam. 16 37,20% Nativa Noz Moscada Myristica fragrans Houtt. 24 55,80% Exótica Oiticica Licania rigida Benth. 29 67,40% Nativa Oliveira Syzygium Jambolana DC. 5 11,60% Exótica Orégano Origanum vulgare L. 13 30,20% Exótica Pega Pinto Boerhaavia diffusa L. 36 83,70% Nativa Penicilina Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze. 2 4,70% Nativa Pepaconha Hybanthus ipecacuanha (L) Oken. 37 86,00% Nativa Pereiro Aspidosperma pirifolium Mart. 29 67,40% Nativa Picão-Preto Bidens pilosus L. 7 18,60% Exótica Pimenta Dalha Piper tuberculatum Jacq. 26 60,50% Exótica Pimenta Do Reino Piper nigra L. 16 37,20% Exótica Pinhão Manso Jatropha curcas L. 4 9,30% Exótica Pinhão Roxo Jatropha gossypiifolia L. 31 72,10% Exótica Piqui Caryocar coriaceum Wittm. 21 48,80% Nativa Pitanga Stenocalyx Michelli (Lam.) Berg. 32 74,40% Nativa Poejo Mentha polegium L. 10 23,30% Exótica Pra - tudo Simaba mayana Casar. 12 27,90% Nativa Quebra-Faca Croton rhamnifolius H.B.K. 27 62,80% Nativa Quebra-Pedra Phyllanthus niruri L. 40 93,00% Exótica Quiabo Hibiscos sculentus L. 36 83,70% Exótica Quina-Quina Coutarea hexandra (Jack) Schum. 39 90,70% Nativa
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Quixaba Bumelia sartorum Mart. 39 90,70% Nativa Rabo-de-Raposa Conyza bonariensis (L.) Cronq. 17 39,50% Nativa Romã Punica Granatum L. 41 95,30% Exótica Sabugueiro Sambucus australis Cham e Schlecht. 39 90,70% Nativa Saião Bryophyllum calycinum Salisb. 34 79,10% Exótica Salambaia Tillandsia usneoides L. 17 39,50% Nativa Salsa-Caroba Jacaranda semisserrata Cham. 21 48,80% Nativa Salvia Salvia officinalis L. 9 20,90% Exótica Sândalo Vetiveria zizanioides Stapf. 20 46,50% Exótica Sena Cassia angustifolia Vahl. 36 83,70% Exótica Sete-Sangria Cuphea balsamona Cham. 2 4,70% Exótica Sucupira Bowdichia Virgilioides H.B.K. 39 90,70% Nativa Tanchagem Plantago major L. 27 62,80% Exótica Ubiratam Bombax coriaceum Mart. 36 83,70% Nativa Umbigo-de-Bezerro Helicteres baruensis Jacq. 26 60,50% Nativa Urinana Zornia diphylla Pers. 35 81,40% Dúvida Urtiga-Branca Urtica urens L. 40 93,00% Nativa Urtiga-Cansanção Cnidosculus urens L. 24 55,80% Nativa Urucum Bixa Orellana L. 18 41,90% Nativa Vassourinha Scoparia dulcis L. 3 7,00% Exótica Erva-de-Botão Borreria verticilata (L) G.F.W. Meyer. 26 60,50% Nativa Velame Croton campestris ST.Hill. 24 55,80% Nativa Zabumba Datura Stramonium L. 14 32,60% Exótica
Pelos dados da tabela anterior, observa-se que 87 espécies comercializadas são
nativas (correspondente a 50,3%) e 85 são exóticas (correspondente a 49,1%) e apenas
uma espécie (correspondente a 0,6%) não tem sua origem esclarecida. Estes dados não
confirmam que existe maior número de plantas comercializadas de natureza exótica em
relação às nativas, embora não haja diferença significativa. Portanto, há uma
distribuição eqüitativa de plantas quanto a sua origem.
O mesmo fato não se verificou quando na análise total dos fitoterápicos utilizados,
entre as 173 plantas, 87 são nativas o correspondente a 50,3%, destas 29 (Tabela 2) não
possuíam substâncias ativas determinadas, o que correspondente a 34,5%.
Os dados da tabela 2, demonstram que 27 espécies (correspondente a 90,0%) são
de origem nativa e 2 (correspondente a 6,7%) são de origem exótica e que uma espécie
da amostra selecionada (correspondente a 3,3%) não tem a sua origem definida. Trata-se
da urinana que segundo Corrêa (1931), é planta de origem africana ou brasileira. Desta
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forma, comprova-se a hipótese de que as plantas de origem brasileira são pouco
estudadas e possuem os seus compostos ativos pouco determinados.
Tabela 2 – Relação das plantas medicinais, que não possuíam os compostos ativos
determinados e origem da amostra.
Nome científico Nome vulgar Origem
Annona Marcgravii Mart Araticum Nativa
Aspidosperma pyrifolium Mart Pereiro Nativa
Bursera leptophloeos (Lam) De Wit. Imburana Nativa
Bombax coriaceum Mart Ubiratam Nativa
Caesalpinia pyramidalis Tul Catingueira Nativa
Ceiba Glaziovii. Barriguda-de-espinho Nativa
Cereus jamacaru DC Cardeiro Nativa
Cnidosculus phyllacanthus (Mart.) Pax. & Hoffmann Favela Nativa
Cyperus esculentus L. Junço Nativa
Gomphrena demissa Mart Capitãozinho Nativa
Helicteres baruensis Jacq Umbigo-de-bezerro Nativa
Lepidium virginicum (L.) Cronq. Agrião Exótica
Licania rigida Benth Oiticica Nativa
Maytenus rigida Mart. Bom-nome Nativa
Melocactus bahiensis Werdern Coroa-de-frade Nativa
Mimosa debilis Humb. & Bonpl. ex Willd Maliça Nativa
Passiflora cincinnata Mart Maracujá Nativa
Pithecolobium verrucosa Benth Jurema-branca Nativa
Schinopsis brasiliensis Engl Braúna Nativa
Selaginella convoluta Spring. Mão-fechada Nativa
Solanum aculeatissimum Jacq Gogóia Nativa
Solanum albidum Dum Jurubeba-branca Nativa
Simaba mayana Casar Pratudo Nativa
Syagrus cearensis Noblick Catolé Nativa
Tocoyena guianensis Schum Jenipapo-bravo Nativa
Vitex garderiana Schau Jaramatáia Nativa
Ximenia americana L Ameixa Nativa
Xylopia frutescens Aubl Embira Exótica
ISSN 1983-4209 - Volume 01 – Numero 01 – 2007.1
Zornia diphylla Pers Urinana Indef.
Os resultados finais demonstraram que em 90,5 % das plantas objeto do presente
estudo, os compostos ativos identificados confirmam a indicação terapêutica realizada
pelos raizeiros (Tabela 3). Ou seja, há coerência entre a indicação procedida com base
no conhecimento ou saber popular e conhecimento científico, uma vez que houve a
confirmação experimental da presença dos fitocompostos nas espécies que constituíram
a amostra desta pesquisa. Observa-se que não foram pesquisados todos os compostos
ativos existentes nas plantas da amostra.
TABELA 3: Freqüência das indicações dos raizeiros e sua confirmação na literatura pesquisada.
NOME CIENTÍFICO PLANTA
USO CONFIRMADO
NÃO CONFIRMADO
Annona Marcgravii Araticum 5 - Aspidosperma pirifolium Pereiro 9 2 Bursera leptophloeos (Lam) Imburana 7 - Bombax coriaceum Ubiratam 10 2 Caesalpinia pyramidalis Catingueira 12 1 Ceiba glaziovii Barriguda 9 - Cereus Jamacaru Cardeiro 5 1 Cnidosculus phyllacanthus Favela 19 - Cyperus esculentus Junço 10 - Gomphrena demissa Capitãozinho 6 1 Helicteres baruensis Umbigo-de-bezerro 5 2 Lepidium virginicum Agrião 14 2 Licania rigida Oiticica 5 - Maytenus rigida Bom-nome 12 2 Melocactus bahiensis Coroa de frade 7 1 Mimosa sensitiva Maliça 6 2 Passiflora cincinnata Maracujá 4 2 Pithecolobium verrucosa Jurema 3 1 Schinopsis brasiliensis Braúna 7 3 Selaginella convoluta Mão-fechada 14 3 Simaba mayana Prá-tudo 12 - Solanum aculeatissimum Gogóia 5 1 Solanum albidum Jurubeba-branca 15 1 Syagrus cearensis Catolé 4 - Ximenia americana Ameixa 12 Tocoyena guianensis Jenipapo-bravo 8 - Vitex garderiana Jaramatáia 8 1 Xylopia frutescens Ameixa 12 - Zornia diphylla Urinana 4 -
ISSN 1983-4209 - Volume 01 – Numero 01 – 2007.1
TOTAL 247 26 Estes resultados demonstraram que em 90,1 % das plantas objeto do presente estudo, os
compostos ativos identificados confirmam a indicação terapêutica realizada pelos raizeiros. Ou
seja, há coerência entre a indicação procedida com base no conhecimento ou saber popular e
conhecimento científico, uma vez que houve a confirmação experimental da presença dos
fitocompostos nas espécies que constituíram a amostra desta pesquisa. Observa-se que não
foram pesquisados todos os compostos ativos existentes nas plantas da amostra.
CONCLUSÃO
Na análise das plantas utilizadas como medicinais conclui-se que:
• As plantas medicinais nativas do semi-árido no municipio de Campina
Grande estão pouco estudadas, possuem alto poder medicinal e precisam de
maior investigação e atenção;
• As indicações das plantas pelos raizeiros baseadas no uso popular são
comprovadas pelos estudos científicos.
• Em relação à utilização de plantas medicinais pode-se afirmar que tanto o
conhecimento popular como o conhecimento científico, podem levar a
conhecimentos válidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORRÊA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil, e das exóticas cultivadas. Rio de
Janeiro: Nacional, Vol. II 1931.
COSTA, A. F. Farmacognosia. 3. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, vol. III, 1975.
MATOS, F. J. de A. Introdução à fitoquímica experimental. 2. ed. Fortaleza: UFC, 1997.
MORITA, T. & ASUMPÇÃO, R. M. V. Manual de soluções, reagentes e solventes. 2. ed. São
Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda. 1972.