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Curso de Extensão Universitária Políticas e Estratégias de

Sistemas e Organizações de Saúde

Seminários temáticos em Políticas e

Estratégias de Saúde

Tema: Turismo de saúde: Diferentes experiências em Portugal

Análise do Artigo: Turismo de saúde – conceitos e mercados

(Cunha, 2010)

Fernando Biscaia Fraga

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Introdução

O turismo, sendo um importante setor económico em Portugal, tem contribuído para

minimizar uma das grandes preocupações – o desemprego. Além disso, o

desenvolvimento turístico tem ainda impactos nos circuitos económicos, nas finanças

locais, na evolução sócio demográfica, etc. (Gouveia, 1996).

O produto “Saúde e Bem-Estar” é identificado no Plano Estratégico Nacional do

Turismo como um dos produtos turísticos em que deverá assentar a estratégia de

desenvolvimento turístico de Portugal. O crescente interesse pelo culto do corpo e da

mente, por experiências únicas e individualizadas, em locais com arquitetura e meio

envolvente diferenciadores, caracterizam um potencial de crescimento deste produto, no

contexto nacional e internacional. Portugal desfruta de uma grande diversidade de águas

termais com fins terapêuticos.

O conceito “Turismo de Saúde” é utilizado para abarcar as atividades desenvolvidas

com vista a proporcionar cura e bem-estar com a utilização de recursos naturais e que

implicam uma deslocação, que ganha cada vez mais força e que se configura como o

mais adequado, embora muitos recusem identificar o termalismo ou a talassoterapia

como turismo o que radica na preocupação de não perder benefícios financeiros mas

não tem qualquer consistência conceptual. Os aquistas são turistas como quaisquer

outros e não é o facto de efetuarem uma cura que lhes retira essa qualidade, tal como o

termalismo é uma forma (ou um produto, como se quiser) de turismo como o é o sol e

mar ou o turismo desportivo (Cunha, 2010).

Desenvolvimento

- Os recursos disponíveis

Portugal dispõe de abundantes recursos termais e instalações de spa & wellness

sofisticadas.

O primeiro fator a considerar aquando da avaliação da capacidade competitiva de

Portugal no sector de viagens de Saúde & Bem-Estar diz respeito à quantidade e

qualidade dos seus recursos de base.

Neste contexto, é necessário, em primeiro lugar, fazer uma distinção entre as tipologias

dos recursos de base existentes no sector: Estâncias Termais que estão tradicionalmente

vocacionadas para a terapia. Nestes estabelecimentos ingerem-se águas medicinais

quentes, realizam-se diversos tipos de banhos, quentes, frios, a vapor, de chuva, etc.

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Instalações de Spa & Wellness: realizam diversos tipos de tratamentos de beleza,

relaxamento, etc.

Portugal tem recursos termais adequados para competir no mercado internacional.

Conta com uma grande variedade de estâncias termais, localizadas junto a nascentes de

águas medicinais. As estâncias termais concentram- se no Norte e Centro de Portugal,

devido à riqueza hidrogeológica destas regiões. Entretanto, algumas estâncias termais,

numa tentativa de se adaptarem às novas necessidades e hábitos de consumo, estão a

desenvolver esforços no sentido de diversificar e promover a sua oferta, investindo em

novos equipamentos e qualificação dos recursos humanos.

O primeiro passo a dar será a classificação do tipo de infraestruturas, o artigo refere que

durante muitos anos, os conceitos para designar e identificar as atividades relacionadas

com os tratamentos baseados em recursos naturais localizados em sítios caracterizados

pela existência de fatores ou elementos específicos não sofriam contestação e estavam

bem estabelecidos: termalismo, talassoterapia e climatismo.

Cada um deles identificava cabalmente a respetiva atividade e não levantava qualquer

dúvida tanto para consumidores como para instituições públicas ou privadas. Todos

determinavam a existência de um conjunto complexo de equipamentos e serviços de

diferente natureza localizado num espaço delimitado, como acontece em qualquer

destino turístico. Contudo, nenhum deles era considerado como tal. Algumas atividades

eram classificadas como turísticas, como é o caso de uma parte do alojamento e

restauração, mas outras já o não eram, como é o caso dos balneários e das instalações

recreativas. Os utilizadores não entravam na categoria dos turistas, as estâncias termais

estavam excluídas do turismo e só os atos médicos e terapêuticos lhes conferiam

identidade e estatuto.

- O produto

Já há quem estabeleça a distinção entre health tourism e spa tourism o que talvez não

tenha muito sentido mas se esta diferenciação ganhar consistência poderá favorecer os

destinos termais desde que estes ofereçam um produto diferenciado mais credível e mais

competitivo.

Algumas experiências bem sucedidas mostram que a coexistência entre a terapêutica

curativa, os tratamentos de bem-estar e de recuperação física são possíveis e desejáveis

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e que foi a compatibilização entre eles que garantiu o revigoramento de estâncias que

pareciam condenadas a desaparecer.

O desenvolvimento de um destino de wellness, sendo esta a primeira razão de viagem

dos turistas a Portugal, implica a criação no território português das condições

necessárias para que as empresas que operam no sector sejam estimuladas a investir em

determinada região. A melhoria das condições da oferta, designadamente no sentido da

qualificação dos recursos humanos e do desenvolvimento de uma oferta de serviços

complementares e periféricos de qualidade, como sejam, por exemplo, alojamento e

restauração, contribuirá, certamente, para que Portugal se posicione internacionalmente

como um Wellness destinations.

- Perspetiva de Desenvolvimento

O crescente entusiasmo que hoje se verifica pela recuperação da forma, pelo bem-estar e

pelos cuidados com o corpo e que a evolução esperada dos modos de vida e da

sociedade fará aumentar em simultâneo com o alargamento das motivações turísticas,

abre perspetivas cada vez mais vastas ao turismo de saúde. A demonstrá-lo está a

extraordinária expansão mundial dos “spas” em geral, Como geralmente acontece em

todas as atividades, as termas esforçam-se por manter a distinção entre elas e os recém-

chegados mas ao recusarem ou ao resistirem às novas técnicas não o fazem da melhor

forma o que a longo prazo pode revelar-se uma estratégia desaconselhável.

Com efeito, muitas vezes, fazem-no para não perder benefícios da segurança social mas

poderão vir a perder os fundos dos sistemas de seguro privados (THR (Asesores en

Turismo Hotelería y Recreación, S.A.), 2006).

-A capacidade competitiva de Portugal

Portugal tem uma ampla e variada oferta de recursos termais, assim como, de

instalações de spa & wellness. Porém, as estâncias termais estão pouco estruturadas

para poder competir no sector turístico de Saúde & Bem-Estar. São poucas as estâncias

termais que dispõem de serviços e atividades dirigidas aos turistas. Para além disso, as

instalações são antigas e algumas mantêm um aspeto ‘hospitalar’, característica pouco

atrativa para a atividade turística.

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As infraestruturas hoteleiras onde se inserem as termas são, por sua vez, também pouco

atrativas turisticamente. Há exemplos de importantes investimentos na requalificação de

estâncias termais e hotelaria, mas são insuficientes para posicionar Portugal como um

destino competitivo neste sector.

Relativamente aos centros de spa & wellness, a maioria das instalações apresenta uma

variada oferta de serviços de qualidade e estruturas sofisticadas, adequadas a competir

internacionalmente. Porém, não existem em número suficiente, nem se diferenciam dos

destinos concorrentes. Para além de que, os turistas consumidores de spas não têm como

motivação principal utilizar as instalações mas usufruir de variados serviços de saúde,

beleza, relaxamento, entre os quais se inclui o spa.

Em suma, pode considerar-se a atual oferta de spa & wellness competitiva no âmbito de

wellness facilities, i.e., Portugal dispõe de instalações modernas, inseridas em hotéis de

categoria, mas em quantidade insuficiente para posicionar-se internacionalmente como

um wellness destination (THR (Asesores en Turismo Hotelería y Recreación, S.A.),

2006).

Para que Portugal se torne competitivo no mercado de wellness genérico é necessário

desenvolver uma oferta suficientemente variada e inovadora que seja capaz de penetrar

no mercado internacional.

Conclusão

O artigo analisado apresenta alguns dos argumentos a favor da diversificação das

estâncias termais e da extensão da sua base de clientes àqueles que buscam o bem-estar.

As estâncias termais devem dar prova da sua capacidade em se ajustarem às mudanças

de cada época e para isso terão de agregar as novas tendências transformando-se nos

verdadeiros destinos de turismo de saúde sem deixarem de ser termalismo. Se o não

fizer outros assumirão o seu lugar e restar-lhes-á transformarem-se em “museus” do

passado. O seu maior desafio é o de se livrarem da imagem de caducidade sem

perderem a imagem médica que é o maior garante da sua credibilidade. Contudo a

separação entre termas e “spas” é perigosa porque deixa terreno livre aos novos

concorrentes que, oferecendo produtos de substituição mais atraentes, ficam em

melhores condições para conquistar o mercado deixando para as termas franjas residuais

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de mercado que mais cedo ou mais tarde se virão a revelar insuficientes para manterem

as estâncias termais como destinos turísticos.

Com este objetivo, propõe-se que Portugal desenvolva clusters turísticos em regiões

onde existam recursos naturais adequados à realização das atividades relacionadas com

o bem-estar físico e psíquico, como por exemplo as regiões da Madeira e Açores.

Um dos principais objetivos da criação de wellness destinations é fazer com que

Portugal conquiste notoriedade no mercado internacional de wellness, fazendo chegar

ao conhecimento dos consumidores finais e intermediários turísticos uma imagem de

marca turística forte neste mercado.A opinião vinculada no artigo refere como caminho

a seguir transformação o termalismo português num produto turístico credível com

futuro e com projeção internacional.

Bibliografia Cunha, L. (1 de Dezembro de 2010). Turismo de saúde – conceitos e mercados n.10. Obtido em

10 de Novembro de 2013, de

http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rhumanidades/article/view/1274/1033

Gouveia, M. L. (1996). Zonas balneares : elementos e critérios sanitários determinantes para a

sua avaliação. Revista portuguesa de saúde pública Vol. 14 , Nº 2 (Abr.-Jun. 1996), 23-

35.

THR (Asesores en Turismo Hotelería y Recreación, S.A.). (2006). 10 Produtos estratégicos para

o desenvolvimento do turismo em Portugal. Lisboa: Turismo de Portugal, ip.