Trabalho VIII Congreso Áreas Protegidas - Cuba 2013

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    ENVOLVIMENTO COMUNITRIO E EDUCAO AMBIENTAL NA

    CONSERVAO E MANEJO DOS RECURSOS NATURAISUMA EXPERINCIA

    COM CRIANAS E ADOLESCENTES NAS UNIDADES DE CONSERVAO DE

    ITIRAPINA, SO PAULO, BRASIL.

    Antonio Carlos MOMETTI

    Helena DUTRALUTGENS

    Os problemas ambientais e a crescente demanda energtica mostram queprecisamos rever nossa postura e comportamentos diante do uso dos recursos

    naturais. Urge encontrar o equilbrio entre desenvolvimento econmico econservao ambiental. Entretanto, as solues para a sustentabilidade esto longede serem estritamente tcnicas, nada se obter sem a realizao de um trabalhointenso de educao com vistas a um processo de formao contnua de cidadosaptos a opinarem e a usufrurem com conscincia de seu prprio ambiente. Otrabalho apresentado teve por objetivo promover o envolvimento da comunidade deItirapina, Estado de So Paulo, com os problemas ambientais locais e globais,valorizando a conservao do meio ambiente, a conscientizao acerca da utilizaodos recursos naturais e energticos, a cidadania, bem como a colaborao nomanejo e conservao das Estaes Ecolgica e Experimental. Utilizou-se demtodos didticos - pedaggicos tais como, oficinas, visitas monitoradas s reas deconservao, mostra de vdeos, debates sobre diversos problemas locais e globais.As atividades foram distribudas em mdulos, sendo desenvolvidas de forma prtico terica, ligadas por temas transversais com abrangncia local, porm com umaperspectiva global. Durante o trabalho houve grande participao por parte dosjovens e das crianas, no prprio andamento e ao final de um ano de seudesenvolvimento foi possvel identificar indicadores de envolvimento da comunidadelocal com relao s reas protegidas, por exemplo, o apoio da Secretaria Municipalde Educao e Cultura e de segmentos do terceiro setor.

    PALAVRAS CHAVE: Educao Ambiental, Unidades de Conservao, reasProtegidas, Manejo Participativo, Envolvimento Comunitrio.

    Departamento de Fsica, Universidade Federal de So Carlos; Rodovia Washington

    Lus Km 225. So Carlos , So Paulo, Brasil. [email protected]

    Pesquisadora Cientfica do Instituto Florestal de So Paulo. Estaes Ecolgica e

    Experimental de Itirapina SP. Itirapina, So Paulo, Brasil. Rua 7 s/n. CEP 13530-000. [email protected]

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    ENVOLVIMENTO COMUNITRIO E EDUCAO AMBIENTAL NA

    CONSERVAO E MANEJO DOS RECURSOS NATURAISUMA EXPERINCIA

    COM CRIANAS E ADOLESCENTES NAS UNIDADES DE CONSERVAO DE

    ITIRAPINA, SO PAULO, BRASIL.

    Antonio Carlos MOMETTI

    Helena DUTRALUTGENS

    Departamento de Fsica, Universidade Federal de So Carlos; Rodovia Washington

    Lus Km 225. So Carlos , So Paulo, Brasil. [email protected]

    Pesquisadora Cientfica do Instituto Florestal de So Paulo. Estaes Ecolgica eExperimental de Itirapina SP. Itirapina, So Paulo, Brasil. Rua 7 s/n. CEP 13530-000. [email protected]

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    1. INTRODUO

    Os inmeros problemas ambientais e a crescente necessidade de recursos

    energticos que vivemos, atualmente, nos mostram que precisamos rever nossapostura e comportamentos diante do uso dos recursos naturais. Torna-se urgente a

    necessidade de se encontrar o equilbrio entre desenvolvimento econmico e

    conservao ambiental, ou seja, precisamos de um novo modelo de

    desenvolvimento, que vise sustentabilidade. O desenvolvimento sustentvel deve

    oferecer melhor qualidade de vida s geraes presentes e, permitir as mesmas

    oportunidades s geraes futuras. O que importa que o desenvolvimento de um

    pas precisa, necessariamente, garantir meios de produo que no esgotem de

    forma permanente, por exemplo, os recursos hdricos que so destinados ao uso

    comum e que estabelea leis voltadas para todos os setores econmicos,

    possibilitando um melhor destino aos resduos produzidos a partir dos processos

    produtivos e garantindo, desta forma, um incio para um modelo de sustentabilidade.

    Sabe-se que enfrentamos vrios problemas ambientais que so muitos e que no

    sero citados aqui - e suas solues esto longe de serem estritamente tcnicas,

    sendo por isso necessrio repensar o papel e a contribuio de cada indivduo,

    tornando necessrio novos comportamentos diante da conservao ambiental e,

    tambm, da utilizao dos recursos naturais e energticos. Nesse sentido nada se

    obter sem a realizao de um trabalho intenso de educao visando construo

    de um processo que resulte na formao contnua de cidados aptos a opinarem e a

    usufrurem com conscincia acerca do seu prprio ambiente.

    O processo educativo para o meio ambiente deve fomentar a discusso de temas e

    conceitos ecolgicos, mas, principalmente, deve colocar o indivduo como

    participante do ecossistema, como um ser social atuante e corresponsvel pela sua

    dinmica, uma vez conhecido seu poder de transformao, isto , precisamos

    considerar o ambiente em sua forma mais genrica, num dinmico e reflexivo dilogo

    com o sujeito educando e entre todos os saberes. Desta forma, a preparao para

    mudanas necessrias depende da compreenso coletiva da natureza sistemtica

    das crises que ameaam o futuro do planeta. As causas primrias de problemas

    como o aumento da pobreza, da degradao humana e ambiental e da violncia

    podem ser identificadas no modelo de civilizao dominante, que se baseia emsuperproduo e superconsumo para uns e em subconsumo e falta de condies

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    para produzir para a maioria (SATO 2003), o que torna necessrio o estabelecimento

    de polticas pblicas voltadas para a realizao de uma educao ambiental, em

    todos os seus sentidos.

    Com a criao da lei 9.975 que estabelece a Poltica Nacional de Educao

    Ambiental promulgada em1999, o Brasil deu mais um passo para o desenvolvimento

    de uma educao que no visa apenas s formas e os meios de produo, mas

    tambm uma educao formadora, emancipatria e dialgica que d ao sujeito

    educando as condies necessrias para desenvolver uma postura crtica perante a

    sociedade e seus inmeros problemas, bem como uma formao que permita a

    construo de comportamentos flexveis, pois por sua capacidade de agir e pensar, o

    indivduo educando consegue estabelecer o que de mais importante para o

    desenvolvimento socioambiental de sua comunidade. De acordo com tal lei, a

    Educao Ambiental definida como o conjunto de processos por meio dos quais o

    indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,

    atitudes e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso

    comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

    Estabelece que tal forma de educar e, trabalhar a educao, seja obrigatrio em

    todos os nveis de ensino, desde o fundamental at o superior, o que j fortalece a

    ideia de que desenvolver Educao Ambiental no se trata somente de um trabalho

    para bilogos ou eclogos, abrindo caminho para uma linha de pesquisa com o

    objetivo de se estudar metodologias e meios a partir dos quais este trabalho pode ser

    mais efetivo, alm de se estudar casos j realizados tanto em escolas como em

    outros lugares no formais, por meio da pesquisa qualitativa, obtendo-se, assim,

    padres e aspectos relevantes para o debate e, tambm, para a reflexo da

    comunidade cientfica em geral.

    Ao considerarmos neste processo educativo todas as formas de ambiente e odilogo de saberes, importante destacar os conceitos de territorialidade,

    cotidianidade e prxis, onde a partir dos quais se estabelece uma forma para se

    entender como o processo de Educao Ambiental se constitui. Por territorialidade

    entende-se a sntese integradora entre o natural e o humano localizada histrica e

    espacialmente, ou seja, o lugar de atuao cotidiana e educativa no qual ocorre a

    transformao das relaes sociais na natureza (LOUREIRO, 2002). Logo, no

    desenvolvimento de um trabalho em Educao Ambiental preciso levar emconsiderao o lugarlocal, costumes, culturano qual os sujeitos educandos esto

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    inseridos, da iniciarmos a reflexo, pois a eficcia ser maior quando apontados os

    problemas, comportamentos e formas de manejo ambiental local e, conhecidas dos

    sujeitos educandos.

    Por outro lado, a cotidianidade no rotina, mas o espao imediato de realizao e

    desenvolvimento do indivduo a partir de suas caractersticas definidoras enquanto

    espcie, vinculando o particular (sujeito) com o todo (LOUREIRO, 2004). Desta

    forma, ao se desenvolver reflexes com o sujeito educando de fundamental

    importncia o destacar como ser integrante do ambiente e seu respectivo papel no

    ecossistema inserido, pois assim a temtica ambiental passa a ser vista de uma

    perspectiva mais universal. Logo, pode-se inferir que um dos principais objetivos da

    Educao Ambiental, em todas as suas diversas formas de se apresentar como tal,

    a de formar um indivduo crtico e emancipatrio.

    J no que se situa o prprio sujeito educando e, tambm, o sujeito educador, h em

    ambos os objetos que so os meios de transformao com a natureza, meios que

    atuam como agentes transformadores e dispersores de informao, meio pelo qual a

    educao em todas suas linhas concretizada. Neste aspecto, entende-se por prxis

    a atividade concreta pela qual o sujeito se afirma no mundo, modificando a realidade

    objetiva e sendo modificado, no de modo espontneo, mecnico e repetitivo, mas

    reflexivo, pelo autoquestionamento, remetendo a teoria prtica (KONDER, 1992).

    Neste sentido, sero as atividades que formaro o individuo e fornecero meios para

    se localizar na biosfera, entendendo-se como um ser participante e atuante em toda

    sua dinmica, visando assim ao desenvolvimento de uma viso para o conservare

    o utilizarcom conscincia conservacionista-social e, principalmente, crtica.

    As Unidades de Conservao so, sem dvida, uma estratgia fundamental para a

    conservao e a promoo da Educao Ambiental participativa, pois a partir da

    aproximao da comunidade com as UCs, tem-se o desenvolvimento de um trabalhoeducativo ambiental eficiente. Porm, em meio a um processo de desenvolvimento

    catico, esses remanescentes naturais constituem-se na principal esperana, e em

    muitos casos, na nica, de sobrevivncia para muitas espcies. Entretanto, para que

    possam contribuir efetivamente com a conservao da biodiversidade e com o

    desenvolvimento regional sustentvel, as reas protegidas devem ser manejadas de

    forma condizente com seus objetivos e pautadas em um planejamento que considere

    suas peculiaridades ambientais, regionais e as comunidades por elas abrangidas. Oapoio e a participao da sociedade so fundamentais e indispensveis para a

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    conservao dessas reas e dependem de estratgias de manejo que envolva

    visitantes e moradores das comunidades vizinhas.

    No municpio de Itirapina, Estado de So Paulo, localizam-se a Estao

    Experimental e a Estao Ecolgica de Itirapina, administradas pela Diviso de

    Florestas e Estaes Experimentais do Instituto Florestal de So Paulo, com uma

    rea de cerca de 5 500 ha, que desenvolvem juntas um leque de atividades que

    abrangem desde a conservao de recursos naturais produo florestal, passando

    por pesquisa cientfica, uso pblico, recuperao de reas alteradas, etc.

    (DELGADO et al. 2004). Em 1991, iniciou-se a implantao do Programa de Uso

    Pblico da Estao Experimental e Ecolgica de Itirapina, com atividades de

    recreao, interpretao da natureza e educao ambiental, recebendo, em mdia,

    35.000 visitantes por ano, entre estudantes e pblico em geral (DUTRA-LUTGENS,

    et.al, 2003).

    A principal zona de uso intensivo das unidades de Itirapina faz divisa com a zona

    urbana do municpio, localizada na Estao Experimental, e que conta com uma

    paisagem construda, porm agradvel. Portanto o acesso do pblico, em especial de

    jovens, bastante facilitado.

    Considerando a necessidade de conscientizao de jovens e crianas com relao

    aos recursos naturais e energticos, para o estabelecimento de um processo

    educativo que vise ao desenvolvimento sustentvel local, a realizao de atividades

    didticas e culturais de extrema importncia, uma vez que so os jovens os

    responsveis pela produo seja de bens de consumo, tecnologia, servios ou

    cientfico futuramente. Nesta linha, foi desenvolvido nas UCs de Itirapina este

    projeto, que conta com uma infraestrutura da prpria Unidade e com o apoio da

    Secretaria Municipal de Educao e Cultura do municpio de Itirapina, que auxiliou

    no fornecimento de lanche aos participantes do clube. Este projeto surgiu h seisanos como uma parceria entre a Associao Ambientalista Valorizando o Ambiente

    Limpo, com sede em Itirapina SP, e o Instituto Florestal de So Paulo, com o

    objetivo de promover a Educao Ambiental e a conservao das Unidades de

    Itirapina. As atividades pedaggicas desenvolvidas no clubinho Amigos da

    Naturezaso de natureza diversificada, no se constituindo apenas por atividades

    com temas ecolgicos, mas tambm sociais. Temas como preconceito, racismo,

    igualdade de gneros, diversidade tanto biolgica quanto social foram trabalhados.Os encontros eram semanais nos perodos da manh e da tarde, com um momento

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    para lanche e outro para atividades diversificadas, como ir ao playground ou passeio

    pela rea de uso pblico da Estao Experimental.

    A categorizao dos sujeitos educandos participantes segue quela apresentada

    pelos estgios de desenvolvimento humano da teoria psicogentica de Jean Piaget

    (1896 1980). Em tal teoria, o desenvolvimento do indivduo classificado em

    quatro fases, a saber: perodo sensrio motor (0 a 2 anos), perodo pr-operatrio

    (2 a 7 anos), perodo de operaes concretas (7 a 11 ou 12 anos) e perodo de

    operaes formais (11 ou 12 anos em diante). Todas as atividades aplicadas aos

    participantes seguiram, de certo, tal categorizao.

    2. MATERIAL E MTODOS

    2.1 CARACTERIZAES DA REA DE ESTUDOS

    O presente projeto desenvolveu-se nas Estaes Experimental e Ecolgica de

    Itirapina, que so unidades vizinhas, localizadas na Regio Centro Oeste do Estado

    de So Paulo, nos municpios de Itirapina e Brotas.

    A Estao Ecolgica, criada em 1984, possui uma extenso de aproximadamente2300 hectares, coberta principalmente por campo cerrado, com pores de matas

    ciliares e uma rea significativa de vegetao de banhado. Seus objetivos so:

    conservao da biodiversidade, pesquisa cientfica e promoo da educao

    ambiental.

    Guardando um dos ltimos remanescentes de cerrado do Estado de So Paulo, a

    Estao Ecolgica de Itirapina possui extrema importncia na conservao e no

    conhecimento desse ecossistema.Criada em 1957, a Estao Experimental possui rea de 3212 hectares, coberta por

    reflorestamento de Pinus sppe Eucalipytus spp, vegetao de cerrado e mata ciliar.

    Onde so desenvolvidas atividades de manejo florestal, pesquisa cientfica,

    conservao da biodiversidade, recreao, interpretao da natureza, educao

    ambiental, entre outras.

    Elaborado sob a filosofia do desenvolvimento sustentvel, em 1993 foi lanado o

    Plano de Manejo Integrado das Unidades de Itirapina (publicado em 2004), que

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    prope a unio da Estao Experimental Estao Ecolgica, tratando-as como

    Unidade de uso mltiplo dos recursos.

    Embora as duas unidades continuem separadas legalmente, o zoneamento e os

    programas de manejo foram propostos de forma a integr-las entre si. O Plano

    procurou desfazer o conceito de que produo e conservao so coisas dspares e

    que os objetivos dessas duas unidades so antagnicos. Dessa forma elas

    passariam a ser vistas, a partir da implantao do Plano, como partes integrantes de

    um todo, desenvolvendo uma ampla gama de atividades, desde a conservao de

    recursos naturais produo florestal, passando por pesquisa e uso pblico.

    O Plano de Manejo Integrado visa ampliar as relaes entre as unidades e a

    comunidade local, buscando sua participao no manejo para melhor atender s

    suas necessidades. Para tanto, foram realizadas, durante o processo de elaborao

    do Plano, consultas peridicas aos diversos segmentos da comunidade em questo,

    propondo programas de manejo adaptados aos problemas locais e regionais.

    2.2 PBLICOS ALVO

    Jovens do municpio de Itirapina com idade entre 5 e 15 anos.

    2.3 CAPACIDADES E NECESSIDADES

    O projeto Clubinho Amigos da Natureza atende 40 integrantes, sendo 20 no

    perodo matutino e 20 no vespertino, em encontros semanais por um perodo de

    cerca de duas horas cada, ou em eventos mais longos que so realizados de forma

    espordica.

    Para a realizao deste projeto foi necessrio:

    Espao para a realizao dos encontros semanais; Equipamentos para cozinha (geladeira e utenslios domsticos).

    Uma televiso e um aparelho de DVD.

    Estudante de nvel superior das reas de Licenciatura em Cincias.

    Materiais didticos de consumo (lpis, canetas, hidrocor, lpis de cor, tinta

    guache, borrachas, pincis, cartolina, Papel, livros, cola, fita crepe, etc.).

    Veculo para translado;

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    2.4 METODOLOGIA

    Por meio de atividades ldicas, oficinas, palestras, reciclagem e outros, o projeto

    procurou facilitar a obteno do entendimento e o auto-questionamento,

    proporcionando a obteno de conhecimento voltado para a temtica ambiental eenergtica, reflexo acerca dos principais problemas socioculturais, diversidade

    tnica, religiosa, sexual, alm de desenvolver novos mtodos de pesquisa em

    Educao Ambiental.

    Entretanto, todo o projeto foi desenvolvido a partir de atividades que possuem por

    objetivo aquilo descrito no item dois deste documento, alm de promover um dilogo

    entre todos os saberes aprendidos na escola com aqueles que so construdos

    dentro das UCs. A aplicao das atividades foi realizada de forma sistemtica,

    sendo distribudo em mdulos de atividades, cada um com durao de um ms,

    totalizando, assim, quatro atividades em cada mdulo. Tais atividades so de

    natureza prtica e terica, sendo desenvolvidas juntas ou de forma separada. Os

    mdulos so temticos e, todas as atividades foram relacionadas sobre um mesmo

    tema, a fim de facilitar a compreenso do sujeito educando acerca do tema

    desenvolvido e um melhor aproveitamento do mesmo. Os oito mdulos aplicados

    neste trabalho, com a descrio do nmero de atividades prticas e tericas bem

    como o tema esto descritos na tabela 1.

    MS M DULO TEMA TRABALHADO ATIVIDADESPRTICAS

    ATIVIDADESTERICAS

    Agosto 1 Invases Biolgicassolturade espcies na represa da

    E.E.I

    2 4

    Setembro 2 rvores 1 4

    Outubro 3 Biomas brasileiros: Cerrado 1 5

    Novembro 4 Sustentabilidade 1 4

    Maro 5 Desastres Ambientais 1 4

    Abril 6 Energia e Meio Ambiente:sustentabilidade

    4 4

    Maio 7 Bullyng 2 4

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    Junho 8 Ecossistemas e as UCs 2 4

    Tabela 1: Mdulos de atividades desenvolvidas no projeto

    As atividades prticas realizadas durante cada mdulo foram passeios dentro darea de uso pblico da Estao Experimental, visita monitorada na Estao

    Ecolgica, identificao de rvores na trilha ecolgica do Beija-Flor e preparao de

    cartazes e placas, alm da fabricao de desenhos e textos, pinturas em tela. J as

    de natureza tericas, so, majoritariamente, textos e desenhos.

    Na figura 1 apresentado um esquema geral da metodologia adotada neste projeto.

    Figura 1: esquema da metodologia adotada

    3.1 RESULTADOS E DISCUSSO

    Os resultados deste projeto so aqui apresentados, alm disso, so de natureza

    qualitativa-especulativa, uma vez que se situa no mbito da subjetividade de cada

    sujeito educando e, tambm, do sujeito educador. Sero apresentados os quatro

    primeiros mdulos com as respectivas atividades desenvolvidas, seguida da

    discusso do mdulo de uma forma geral.

    Mdulo 1tema desenvolvido: Invases biolgicas

    A preparao deste tema se deu a partir da soltura ilegal, realizada pela Rede

    Social de Itirapina, coordenada pelo SENAC, de aproximadamente dez mil

    exemplares de duas espcies de peixes na represa da sede da Estao

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    Experimental de Itirapina SP. O objetivo foi o de proporcionar aos participantes

    uma reflexo sobre o papel da UC na comunidade de Itirapina, e de forma recproca,

    o papel da comunidade nas UCs.

    Os subitens deste mdulo foram:

    Cadeia alimentar

    Relaes ecolgicas

    Interferncia antrpica nos meios naturais

    Legislao ambiental

    As atividades desenvolvidas foram duas de natureza prtica e quatro de natureza

    terica. A primeira atividade prtica foi uma dinmica de grupo com o tema cadeia

    alimentar, onde os participantes foram divididos em subgrupos representando cada

    um a ona (nvel trfico mximo da cadeia), a capivara (nvel trfico secundrio da

    cadeia) e o capim (nvel trfico primrio da cadeia) respectivamente. Os

    participantes de cada subgrupo possuam um sistema de rodzio conforme as

    capivaras eram caadas pelas onas e os capins eram comidos pelas capivaras. Ao

    inicio de cada rodada, as capivaras eram soltas no espao onde a dinmica se

    realizaria e a fim de reconhecerem o espao. Depois de certo tempo, as onas

    chegavam ao espao e corriam para caar as capivaras, enquanto estas comiam os

    capins. A cada rodada, era reduzido o nmero de capins e aumentado o de onas,

    ou aumentado o de capivaras e reduzido o de capins, para que fosse discutido, num

    momento posterior, o desequilbrio ecolgico causado no ecossistema quando se

    acrescenta espcies sejam nativas ou exticas. J as atividades prticas foram

    discusses acerca dos subitens descritos acima, e a partir destas discusses, foi

    solicitado aos participantes a produo de algum texto ou desenho, por exemplo, se

    todas as rvores da Estao Experimental fossem cortadas, alguns dos resultados

    esto nas figuras seguintes.

    Os participantes expressaram seus pensamentos de diferentes formas, utilizando

    desenhos, frases, textos etc.

    Nas figuras 2 e 3 esto alguns dos momentos na sala de atividades durante este

    mdulo.

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    Figuras 2 e 3: participantes na sala de reflexo.

    Mdulo 2tema desenvolvido: rvores

    Neste mdulo foram aplicadas uma atividade de natureza prtica e quatro de

    natureza terica. Tal tema foi escolhido por sugesto dos participantes, e foram

    trabalhados desde os conceitos biolgicos das rvores conceitos de germinao,

    reproduo e desenvolvimentoat os temas socioeconmicos, como produo de

    madeira e manejo da Estao Experimental. Para introduzi-los ao tema, foramapresentados os processos de reproduo das rvores, bem como conceitos

    elementares de taxonomia das plantas. Na atividade prtica, com o nome Brincando

    de ser cientista, foi proposta aos participantes a classificao das principais rvores

    conhecidas popularmente e que existe na Estao Experimental, para isso foi

    utilizada a trilha ecolgica do Beija-Flor. Munidos de um livro-catlogo das principais

    rvores brasileiras, os participantes foram classificar as rvores a partir do tronco,

    sementes, folha e existncia ou no de flor e fruto. Nas figuras 4 e 5 soapresentados os participantes no dia da atividade.

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    Figuras 4 e 5: participantes na atividade prtica Brincando de ser cientista.

    Nesta atividade foi notado um enorme interesse dos participantes com relao

    cincia e, tambm, aos diversos tipos de rvoresnativas e exticasexistentes na

    Estao Experimental. Muitos dos participantes se queixaram por nunca ter

    realizado uma atividade desta natureza, e mencionaram que nas aulas de cincias a

    nica coisa que era mostrada do tema eram imagens contidas em livros e revistas.

    Mdulo 3tema desenvolvido: Biomas brasileiros: Cerrado

    Este mdulo foi, propositadamente, encaixado como sendo o terceiro, pois teve

    como objetivo trabalhar tudo que at aqui fora desenvolvido, porm na prtica das

    Unidades de Conservao. Ou seja, a partir de todas as reflexes, discusses,

    momentos de produo de conhecimento e trabalhos, os sujeitos educandos

    entrariam em contato com a Estao Ecolgica e trabalhariam o tema Cerrado,

    sempre buscando relacionar-se com a Unidade e as influncias que estes causam

    sobre ela e vice-versa.

    Os assuntos desenvolvidos neste mdulo foram:

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    Aspectos ecolgicos do bioma Cerrado;

    Coletivismo/trabalho em grupo;

    Aspectos socioeconmicos das Unidades de Conservao de ItirapinaSP;

    Na primeira atividade terica foi exibido para os sujeitos educandos o documentrio

    produzido pela equipe tcnico-cientfica da unidade sobre o Cerrado, a fim de

    introduzi-los as tema e promover uma familiarizao com a Estao Ecolgica. Nas

    figuras 8 e 9 aparecem os participantes durante a exibio do documentrio.

    Figuras 6 e 7: Participantes durante a exibio do documentrio

    Aps a exibio do documentrio, foi aberta uma roda de discusso sobre o que

    tinha visto no filme, foi notado que muitos dos participantes grande maioriano

    possuam o conhecimento do tipo de vegetao e, tambm, da fauna do bioma em

    questo, o que nos mostra que o assunto no muito trabalhado nas escolas do

    municpio. Houve, tambm, uma enorme dificuldade dos participantes ao observar o

    mapa do pas contendo as Unidades em destaque, onde foi possvel relacionar como contedo aprendido na escola.

    Mdulo 4tema desenvolvido: sustentabilidade

    Neste mdulo foram realizadas quatro atividades tericas e uma prtica,

    correlacionando tudo que at aqui foi trabalhado e refletido. Nas atividades tericas

    foram solicitados desenhos e textos, sendo que alguns deles sero apresentados noitem anexo deste documento. J a atividade prtica consistiu em uma caminhada

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    pela rea de uso pblico da Estao Experimental a fim de observarmos as

    depredaes e atos de vandalismo dentro da Unidade. Foram encontrados diversos

    equipamentos do playground destrudos, com marcaes e, tambm, muito lixo

    disperso pela rea. Durante a caminhada foram discutidos sobre a importncia de se

    ter uma Unidade de Conservao, qual a funo da rea de uso pblico, e qual

    seria o papel da comunidade em conserv-la.

    Os assuntos trabalhados durante este mdulo foram:

    Recursos Energticos e Naturais;

    Para que conservar?

    Influncia da comunidade nas UCs;

    Como podemos utilizar as UCs para a promoo da sustentabilidade local?

    Na figura 8 esto as sacolinhas-surpresa distribudas para os participantes,

    construdas com caixas de leite, e o momento da confraternizao de encerramento

    da primeira parte deste trabalho.

    Figura 8: Sacolinhas - surpresa construdas com caixas de leite

    4. CONSIDERAES FINAIS

    Durante as discusses e reflexes realizadas foi notado que:

    1. Os sujeitos educandos possuam um pensamento antropocntricodurante as

    discusses, o que os colocava como seres dominantes e no-dependentes da

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    natureza, como observado nas discusses realizadas no segundo mdulo,

    onde muitos participantes no viam outra importncia da rvore a no ser a

    de fazer sombra ou produzir mveis.

    2. O projeto at ento era realizado com crianas na idade de 5 a 12 anos,

    porm neste a faixa etria foi expandida de 5 at 15 anos, o que foi notado

    grande discrepncia em relao a verses anteriores, como por exemplo, no

    comportamento quando na presena de indivduos com faixa etria menor e

    vocabulrio. Mas, a participao foi ativa em todas as atividades.

    3. Durante o perodo matutino havia uma quantidade maior de participantes do

    que em relao ao perodo vespertino, o que ocorreu devido faixa etria dos

    estudantes da manhque geralmente so pr-adolescentes e desenvolvem

    outras atividades no perodo oposto e, tambm, a falta de divulgao do

    projeto de uma forma mais intensa para estes alunos.

    4. Como um indicador de participao da comunidade no desenvolvimento de

    uma perspectiva conservacionista, tem-se o apoio dado pela Secretaria

    Municipal de Educao e Cultura, atravs da Prefeitura do municipal de

    Itirapina, com o fornecimento de lanches para todos os participantes. Tal

    indicador revela o envolvimento de rgos e pessoas para a promoo de um

    trabalho que vise sustentabilidade e a conservao das Unidades de

    Itirapina.

    5. No foi verificada a participao dos professores e da escola com relao ao

    projeto.

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    CARVALHO, I. C. M. Em direo ao mundo da vida: Interdisciplinaridade eEducao Ambiental. Secretaria de Meio Ambiente. Cadernos de EducaoAmbiental. So Paulo, SP. 1998. 102 p.

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