trabalhos 2011-2014

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LEO AYRES trabalhos 2011-2014

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Trabalhos realizados entre 2011 e 2014.

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L E O AY R E St r a b a l h o s 2 0 1 1 - 2 0 1 4

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Existe um sexto sentido. E um sétimo, um oitavo, um nono,

um décimo... Existem vinte sentidos. Manipular as luzes,

transfigurá-las, gerar desequilíbrio e confusão são táticas

para estimulá-los. Os espectadores podem circular livremente

pelos trabalhos e participar, trazer o elemento do acaso,

sempre presente.

Os trabalhos se desenvolvem na junção de objetos

previamente elaborados com objetos encontrados no

local onde é instalado, o que produz situações caóticas e

ocupações do espaço com proposições poéticas por meio de

reflexos, luzes e espelhos. O resultado final também podem

ser vestígios de performances. A conclusão das instalações

pode ocorrer minutos antes da abertura da exposição, ou

estar em contínuo processo.

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Vista da exposição Tananan Opera Chanchada no Centro Cultural Ibeu (Rio de Janeiro, RJ), 2013

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Ta n a n a n O p e r a C h a n c h a d aindividual realizada em junho de 2013 na Centro Cultural Ibeucuradoria de Ivair Reinaldim

assista ao vídeo

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E s c a d a p a r a s u b i r n a m e s a d a g a l e r i a , 2013escada, mesa, computador e pessoa trabalhando

80 x 80 x 90 cm

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S e m t í t u l o , 2013banco de madeira com almofada, televisor, dvd player com monitor, fita adesiva prateadao vídeo mostra uma mão acendendo repetidamente um isqueiro, onde se lê FUCK80 x 50 x 50 cm

assista ao vídeo

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S e m t í t u l o , 2013base de abajur, rede plástica, bolinhas espelhadas e luz dicroica160 x 30 x 30 cm

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S e m t í t u l o , 2013lâmpada amarela, braço de gesso, purpurina, grafite e floresdimensões variáveis

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S e m t í t u l o , 2013lustre, cúpula de abajur, ralador, rede, bola espelhada, luzes piscando230 x 50 x 50 cm

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De repente, começamos a espiar, a observar à distância, a nos colocar no lugar do artista, na posição de voyeurs. E é estranha a sensação de ambiguidade despertada: um pouco de desconforto e muito de curiosidade. Quase como se estivéssemos invadindo um mundo íntimo, particular, uma situação da qual não nos ca-beria participar, e, ao mesmo tempo, experimentássemos uma espécie de familiaridade, de proximidade com aqueles que são observados, com o lugar que acolhe essa relação aparentemente distanciada. Como não sentir empatia? Por que não nos deixar seduzir?

Partilhar é também abandonar-se. E se é de afeto que trata Leo Ayres, do processo recíproco de afetar e afetar-se, Discoteca de Mão só pode ser uma súmula poética. Podemos aí vislumbrar um pouco de cada um dos seus trabalhos, um apanhado das questões que instigam e interessam o artista, mas também a insinuação de novas possibilidades a serem exploradas. Tanto quanto o gesto lúdico da lanterna que ilumina o globo espelhado, sensibilizamo--nos pelo desejo-inquietação do estar junto através da consti-tuição co-partilhada de um tecido afetivo, pelo anseio subjacente da amizade como modo de vida.

Esse desejo-inquietação é a matéria pulsante trabalhada pelo ar-tista, desdobramento de anseios íntimos transplantados para a dimensão pública da exposição. Assim, a galeria passa a ser um

ambiente múltiplo, um misto de espaço expositivo e coleção de fragmentos de uma disco club imaginária. Na parede o instante congelado, o rastro de uma passagem, como se estivéssemos diante de uma fotografia desumanizada, porém desejante da pre-sença daqueles que a animariam. Não são mais as frações de espelho que projetam pontos de luz sobre nós, mas nós que nos projetamos – que projetamos nossos desejos – sobre essas su-perfícies marcadas na escuridão do dancefloor.

Ao sugerir, dissimular e estender poeticamente a abrangência de sua proposta para dentro e fora da galeria, Leo reafirma o convi-te à participação. Não basta alimentar o sentimento de empatia, mas também a vontade de co-atuar, de passar de observante a observado, colocar-se de fato no lugar do outro. Desse modo, so-mos instigados a completar aquilo que não nos é dado, a inventar uma relação ainda sem forma. Na grande performance por ele su-gerida, precisamos somar para tecer a trama imaginária que nos une, para construir a amizade possível, mesmo que hipotética, entre espectador e artista, entre um eu e um outro.

Ivair ReinaldimAgosto 2011

Discoteca de mão, ou da amizade como modo de vida

Terão que inventar de A a Z uma relaçãoainda sem forma que é a amizade: isto é, asoma de todas as coisas por meio das quais

um e outro podem se dar prazer.Michel Foucault

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D i s c o t e c a d e m ã o , 2011vídeo3’45”

assista a um trecho do vídeo

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D e i x e a s l u z e s a c e s a s individual realizada em 2012 no Centro Cultural do Banco do Nordeste

(Fortaleza, CE) com curadoria de Luiza Interlenghi

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S e m t í t u l o , 2012parquet criado com mil tacos feitos de acrílico espelhadodimensões variáveis

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Deixe as luzes acesas

Cada mar tem seu farol. A intermitência das marés e a força do vento insistem em fazer e desfazer desenhos nas dunas do litoral. Por um momento, o brilho noturno do Farol do Mucuripe, há muito apagado, volta a iluminar a cidade de Fortaleza, poeticamente refletida na ga-leria do Centro Cultural do BNB. A orla da Beira Mar é redesenhada por Leo Ayres, com um chão de espelhos iluminado pelo brilho tênue de uma pequena réplica deste farol. Nesta mesma paisagem em que a galeria é transformada, certas luzes que pontuam a noite do Rio de Janeiro, onde vive o artista, reaparecem em mapas, desenhos e víde-os, como um duplo, um improvável espelhamento.

Mapas – do Rio e de Fortaleza – traçam rotas possíveis em cada uma das cidades. Por vezes, evocam deslocamentos solitários e, por sua pragmática, levam à desorientação do viajante que não encontra ali vestígios de espaços vividos. Mas, nas dobras de seus labirintos, todo mapa também leva a aproximações. A excitação desses possíveis en-contros produz fagulhas no escuro, que o artista registra em desenhos com perfurações feitas com agulha. A cada ponto alguma luz atraves-sa o papel negro. O brilho das ruas, então, extravasa o risco minucio-so e vazio daqueles traçados.

Na série Ritmo da noite, o glamour das discotecas e o erotismo com-partilhado entre luz e sombra são revividos. Sobre um fundo preto no formato de antigas capas de vinil, o artista captura com desenhos e colagens reflexos de um globo de espelhos, como se registrasse o rit-mo destas fugazes aparições. A pintura, aplicada como máscara num exemplar da capa da trilha de Saturday Night Fever, filme antológico de 1977 com John Travolta, apaga os elementos da imagem. As luzes coloridas do piso, porém, restam acesas. Os vestígios do corpo de-saparecem quando a mão que quer tocar estrelas, na capa do álbum Time (1970), também recoberta com tinta negra, se torna uma som-bra ambivalente, notada por sua presença opaca. A década que Leo Ayres não viveu é resgatada como emblema de uma ambígua experi-ência contemporânea: a intensidade aumentada das paixões vividas à sombra e sua atração pelo brilho revelador do espetáculo.

No jogo poético de Deixe as luzes acesas esse glamour, até então construído pelo artista entre a intimidade do quarto (como no vídeo Discoteca de mão, 2011) e o caráter público da obra (Strangers in the Night, 2011), é traduzido como o encontro ficcional entre as luzes de duas cidades. A capital do estado conhecido como “terra da luz”, onde o artista por dez dias fotografou, é observada em paisagens íntimas, como a dos seus pés sobre o tapete de banheiro do quarto de hotel em que se hospedou – cujo nome é vertido em amar-se. Mas, também a céu aberto, com enquadramentos que incluem a cúpula espelhada do planetário do Dragão do Mar, apresentada em um monitor na galeria. Sua imagem invertida, posicionada próximo ao piso espinha de peixe de espelhos, pode ser confundida com um globo espelhado suspenso em uma das pistas de dança da cidade, quando exposto à luz do dia.

Um mapa sensível do Rio de Janeiro orienta a aproximação do artista com Fortaleza. Se as evidências geográficas mostram que ambas as cidades abrem-se para um vasto horizonte onde, quando perdidos, buscamos o rumor de um farol, o artista indaga até que ponto a trilha que anima o jogo de luz das casas noturnas cariocas coincide com a pulsação da noite dessa outra cidade. Os vídeos Discoteca de Mão e Strangers in The Night, de ações com objetos de espelho criados pelo artista, registram a aproximação de desconhecidos, na intermitência da penumbra e na ausência da palavra. Ambos sugerem o quanto essa delicada atividade noturna cria seus próprios traçados urbanos. Deixe as luzes acesas reúne registros imaginários de uma espera e cria inesperadas estratégias de sedução, como um encontro às cegas.

Luiza InterlenghiMaio 2012

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F a r o l d e M u c u r i p e , 2012maquete com luz piscando, areia

30 x 30 x 40 cm (farol)

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S e m t í t u l o , 2012mapa da cidade de Fortaleza feito com pepel preto perfurado,

acrílico, luzes coloridas80 x 50 x 30 cm

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S e m t í t u l o , 2012detalhe

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P a r a t a p a r o s o l , 2011cartão postal perfurado10 x 15 cm

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C a m p o m i n a d o , 2014instalação realizada durante o evento #obaoba no Ateliê 397 (São Paulo)Os tacos da sala, que estavam soltos, foram retirados e embaixo deles foram colocadas pequenas lanternas de led. Ao final, as lanternas foram levadas pelos participantes.

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C a m p o m i n a d o , 2014detalhe

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F a z v i s t a s , 2014lâmpada fluorescente amarela

dentro de sacola com padronagem de tigre com os olhos perfurados

50 x 40 x 30 cm

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Ta n a n a n O p e r a C h a n c h a d a ( v i t r i n e r e m i x ) , 2013série de 10 entrevistas realizadas dentro de instalação executada no Armazém Artur Fidalgo

assista ao vídeo de uma entrevista

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S e m t í t u l o Instalação realizada no sótão da galeria durante a Bienal Anual de Búzios em 2013. Os visitantes podiam subir a escada e conhecer oespaço modificado com luzes coloridas e objetos encontrados no próprio local. A sala possui dimensões aproximadas de 2 x 3 m.

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S e m t í t u l o , 2013vista da instalação

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S e m t í t u l o , 2013vista da instalação

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S e m t í t u l o , 2013vista da instalação

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S e m t í t u l o , 2013vista da instalação

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S e m t í t u l o ( b u b b l e b u t t ) , 2014vídeo, corda de varal, pregadores, cueca vermelha, short azul, meias brancasdimensões variáveis

A exposição foi realizada no 8.Salon em Hamburg, Alemanha. Cada artista recebeu uma bandeira de um país participante da Copa do Mundo. Recebi a Rússia e brinquei com o fato de ser um país homofóbico. O vídeo mostra um rapaz rebolando com as roupas do varal

assista ao vídeo.

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A i n d a q u e a t a r d i n h a , 2014espelhos, projetor e materiais encontradosinstalação realizada em 2014 no Palácio das Artes (Belo Horizonte, MG) dentro da exposição Improvável, com curadoria de Paula Borghi500 x 500 cm

assista ao vídeo

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A i n d a q u e a t a r d i n h a ( d e t a l h e )

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O B A B A R , 2014guarda sol, lâmpadas coloridas giratórias, carrinho de compras, isopor,

fitas adesivas, cerveja, gelo200 x 120 x 120 cm

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#OBAOBAO projeto #obaoba consiste em chamar artistas contemporâneos para ocupar boates com seus trabalhos. Atuei como mediador/curador/organizador/divulgador. Não havia texto de parede ou qualquer identificação dos trabalhos, tornando tudo como uma grande instalação. Foram realizadas três edições em 2014, sendo duas no Rio de Janeiro (La Paz e Fosfobox) e uma em São Paulo (Ateliê 397). A ideia era criar novos espaços para a circulação dos trabalhos e pensar no que a cena artística tem se tornado. Com o advento das redes sociais, as exposições parecem ser pensadas não no espaço em si, mas em um evento fotografável e com artistas que “bombem” no instagram, face-book e twitter.

Por isso pensar na ideia da festa e sua efemerabilidade.

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Morte Súbi ta2013

performance com diversas duplas dançando com copos e velas até que os copos caíssem e as velas se apagassem

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L e o A y r e s ( R i o d e J a n e i r o , 1 9 7 5 )Estudou de 2005 a 2009 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Foi

selecionado em 2010 no Novíssimos do Ibeu (Rio de Janeiro, RJ) e no Programa de Exposições do MARP (Ribeirão Preto, SP). Expôs individualmente no Centro Cultural Ibeu (Tananan

Opera Chanchada, 2013), Centro Cultural do Banco do Nordeste (Deixe as luzes acesas, 2012), Galeria Oscar Cruz (Como eu, 2011), Cosmocopa (Discoteca de mão, 2011) e Furnas Cultural (Operação:

Camuflagem, 2008).

foto

: Isa

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