Tradi o Bon-po Parte 1

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    Copyright

    Todos os direitos reservados a E.I.E. CAMINHOS DA TRADIO

    Adaptaes e comentrios por

    Frater Magister X.

    Frater Bapphomet VIII

    Frater ArcanumVIII

    Out Head of Order

    Society O.T.O.Brasil

    Edies

    E.I.E. CAMINHOS DA TRADIO

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    TAMBA SP

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    por qualquer meio eletrnico, mecnico, inclusive por meio de processos

    xerogrficos, incluindo ainda o uso da Internet sem a permisso expressa

    da E.I.E. CAMINHOS DA TRADIO, na pessoa de seu editor.

    (Lei n. 9.610, de 19.2.98).

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    Escrito no Templo da Ordem emAnno IV: XV

    Sol in Pisces, Luna in Aries

    Dies Martis

    20/03/2007 e.v.

    IntroduoA Magia Bon-Po um Sistema de Magia originrio do Tibet. uma

    Tradio religiosa e filosfica, ou seja, muito mais do que uma simples

    seita. Pouqussimas Ordens e msticos beberam nas fontes de

    Conhecimento Tradio Bon-Po. Mas o objetivo desse estudo

    demonstrar que a Doutrina Bn no mais sinistra, nem mais perigosa do

    que qualquer outro sistema mgicko ou filosfico existente no planeta.Como qualquer sistema, ela tem dois lados numa mesma moeda.

    Durante a era Nazista na Alemanha, acredita-se terem sido vistos

    membros da seita Bon-Po freqentando a cpula do poder. Outro nome

    pelo qual a seita Bon-Pa ou Bon-Po conhecida como "A Fraternidade

    Negra ou Secreta numa tentativa de fazer uma associao a Ordem

    Illuminati entre outras.

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    Sabemos que muitos chefes de Estado, artistas famosos e pessoas

    de destaque na sociedade de um modo em geral, so vinculados

    Sociedades Verdadeiramente Secretas tais como: a Skull and Bones

    (Caveira e Ossos); a FOGC - Freemasonic Order of Golden Centurion (

    Ordem Manica da Centria Dourada); Ordo Illuminatti (antiga Ordem

    dos Iluminados da Baviera), Nova Ordem do Sculo ou ainda Nova Era - e

    que toda essas Ordens, seus membros so obrigados a juramentos,

    atravs de "pactos" feitos com as Foras Telricas. Vale notar que, na

    Alemanha Nazista, as Ordens Hermticas foram perseguidas e proscritas,

    ficando somente aquelas consideradas secretas tais como a Ordem de

    Vril ou ainda a Ordem de Thule, ou mesmo as famigeradas FOGC, que

    falaremos mais adiante. Na China, aps a tomada do poder por Mao Tse

    Tung, todas as seitas foram perseguidas e proscritas - exceto a Tradio

    Bon-Po. Mas fato, como dissemos, que inmeros msticos e ocultistas

    modernos e contemporneos estudaram sua filosofia e sistema, dentre

    eles, Mme. Blavatsky, Eckart, Crowley, Franz Bardon, Alan Bennet (mestre

    de Crowley que depois se converteu ao budismo), onde muita coisa lhes

    foi revelada sobre suas prticas.

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    - A doutrina gua Branca(Chabdkar) que lida com assuntos

    esotricos;

    - A doutrina gua Negra (Chab-nag) que lida com narrativas,

    magia, ritos funerais e ritos de resgate;

    - A doutrina da Terra de Phan ('Phanyul) que contm as regras

    monsticas e exposies filosficas;

    - A doutrina do Mentor Divino (dPon-gasa) contendo

    exclusivamente os ensinamentos da grande perfeio; e finalmente,

    - O Cofre (mTho-thog) que engloba os aspectos essenciais detodos os quatro portais.

    A segunda classificao, os Nove Caminhos do Bn (Bn theg-pa

    rim-dgu) so:

    - O Caminho da Predio (Phyva-gshen Theg-pa), que descreve

    sortilgio, astrologia, ritual e prognstico;

    - O Caminho do Mundo Visual (sNang-shen theg-pa), que explica o

    universo psicofsico;

    - O Caminho da Iluso ('Phrul-gshen theg-pa), que d detalhes de

    ritos para se dispersar foras adversas;

    - O Caminho da Existncia (Srid-gshen theg-pa), que explica os

    rituais de funeral e morte;

    - O Caminho de um Seguidor de um Programa (dGe-bsnyen theg-

    pa), que contm os dez princpios para uma atividade beneficiente;

    - O Caminho de um Monge (Drnag-srnng theg-pa), no qual as regras

    e regulamentaes monsticas so colocadas;

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    - O Caminho do Som Primordial (Adkar theg-pa), que explica a

    integrao de um praticante exaltado numa mandala de iluminao

    superior;

    - O Caminho do Shen Primordial (Ye-gshen theg-pa), que explica as

    guias mestras para a procura de um verdadeiro mestre tntrico, e,

    finalmente,

    - O Caminho de Suprema Doutrina (Bla-med theg-pa), que discute

    somente a doutrina da grande perfeio.

    Os Nove Caminhos foram depois sintetizados em trs; os primeiros

    quatro constituram os Caminhos Causais (rGyui-theg-pa), os quatro

    subseqentes formaram os Caminhos Resultantes ('Brns-bu'i-theg-pa) e o

    nono se tornou, o Caminho Insupervel ou o Caminho da Grande

    Completude (Khyad-par chen-po'i-theg-paor rDzogs-chen).

    Tudo isto encontrado no cnone Bn compilados em mais de 200

    volumes classificados em quatro sesses: os sutras (mDa), a perfeio

    dos ensinamentos de sabedoria ('Bum), os tantras (rGyud) e oconhecimento (mDzod). Alm deles, o cnone lida com outros assuntos

    tais como os rituais, artes e trabalhos manuais, lgica, medicina, poesia e

    narrativas. interessante notar que na sesso do Conhecimento (mDzod)

    concernente cosmologia e cosmogonia bem particular do Bn, apesar

    de haver especulaes acadmicas de que exista uma forte afinidade com

    certas doutrinas Nyingma.

    A histria nos mostra que com o aumento do patrocnio real ao

    Budismo, a doutrina Bn foi desencorajada, e foi tambm perseguida e

    banida de muitos locais. Praticamente nada se sabe a respeito do Bn no

    perodo que vai do sculo VIII ao sculo XI. Entretanto, com a implacvel

    devoo e esforo de verdadeiros seguidores como Drenpa Namkha

    (sculo IX), Shenchen Kunga (sculo X) e muitos outros, a doutrina Bn, a

    religio indgena de Tibet, foi resgatada do obscurantismo e re-

    estabelecida ao lado do Budismo no Tibet.

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    Desde o sculo XI, com o estabelecimento de mosteiros como Yeru

    Ensakha, Kyikhar Rishing, Zangri e os ltimos Menri eYungdrung Ling no

    Tibet Central; e Nangleg Gon, Khyunglung Ngulkar e outros, mais de

    trezentos mosteiros Bn foram estabelecidos no Tibet antes da ocupao

    Chinesa. Destes, os mosteiros de Menri eYungdrung foram as principais

    universidades para o estudo e prtica da doutrina Bn.

    Uma nova avaliao do Bn ocorreu no sculo XIX sob a

    assistncia de Sharza Tashi Gyeltsen, cuja obra escrita compreendia em

    dezoito volumes que deram tradio Bn um novo impulso. Seu

    seguidor Kagya Khyungtrul Jigmey Namkha treinou muitos discpulos

    no s na religio Bn, mas em todas as cincias Tibetanas. Entretanto,com a invaso Chinesa no Tibet, como as outras tradies espirituais, o

    Bnismo tambm sofreu irreparveis perdas.

    Pelos esforos do Abade Lungtok Tenpai Gyeltsen Rinpoche, do

    Venervel Sangyey Tenzin e outros poucos monges mais velhos, uma

    pequena parte da comunidade Bn se restabeleceu com sucesso no

    mosteiro de Tashi Menri Ling em Dolanji nas colinas perto de Solan em

    Himachal Pradesh, ndia, com o aval de Sua Santidade o Dalai Lama e do

    Conselho para Assuntos Religiosos e Culturais. Por algum tempo este

    mosteiro foi o nico centro importante onde os monges mais jovens

    podiam receber um treinamento completo dentro da filosofia Bn, mais

    disciplinas monsticas, e rituais e danas religiosas. Completados ainda

    com estudo de gramtica, medicina, astrologia e poesia, os monges so

    ainda orientados com uma educao moderna.

    Ao se concluir com sucesso o curso completo de estudos, que

    acessado tanto por meios de exames escritos quanto dialticos, um

    monge conquista o Grau Geshey (Doutorado em Bnismo). Este passa

    ento a servir sua comunidade atravs de ensinamentos, de escritos e

    assim por diante.

    Alm do Mingye Yungdrungling existe tambm o Tashi Thaten Ling

    e outros quatorze mosteiros Bn na ndia e Nepal. Esforos tm sido feito

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    para se estabelecer um Instituto Internacional do Bn no Nepal para

    fortalecer as atividades religiosas Bn e para apresentar sua doutrina

    para o resto do mundo.

    Atualmente o Bonismo, apesar de ter perdido sua posio

    proeminente, possui muitos seguidores em muitas tribos Tibetanas e em

    algumas reas isoladas. Os rituais e as crenas do Bonismo formam umaparte integral da cultura Tibetana. A tradio Bn tem recebido apoio de

    Sua Santidade o Dalai Lama, que recentemente fez uma visita de dois dias

    Dolanji, onde ficou impressionado pelo grau de conquistas

    educacionais. Alm disto, ele fez uma declarao em 1988 na Conferncia

    Tulku em Sarnath onde enfatizava a importncia de se preservar a

    tradio Bn, como representante das fontes indgenas da cultura

    Tibetana, e reconhecendo o papel importante que teve na construo daidentidade XEGAR.

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    O mais antigo Mosteiro Sakya principal dos mosteiros Bon-Po e o

    mais importante do Tibet. O enorme mosteiro representa o antigo poder

    da Seita Sakyapa fundada no sculo XI. Ele contm a mais valiosa

    coleo de itens religiosos que ainda permanecem no Tibet.

    Deus Darmapala

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    Ordem Manica da CentriaDourada

    Uma Ordem ou Loja de carter puramente mgicka e mstica foi

    fundada em 1840 em Munich por alguns ricos industriais alemes e

    cidados bem situados financeiramente. Segundo informaes esta Loja

    teria existido somente at 1933, mas outras fontes nos afirmam que ela

    ainda exista em carter secreto. Assim consideramos ainda a sua

    existncia e as informaes que passaremos aqui, ser at onde

    pudemos chegar atravs de nossos contatos. Mas, para estabelecermosum padro lingstico, consideremos as informaes que este grupo

    ainda exista. Esta Loja Secreta era formada somente por 99 pessoas que

    poderia ser de ambos os sexos. Ao todo na Ordem somam 99 Lojas

    espalhadas pelo mundo.

    Esta Sociedade Secreta no tem realmente ligao com a

    Maonaria regular. No existem graus, sendo que o membro possui

    somente nveis reais de realizao. O avano do aprendiz ao peregrino e

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    do peregrino ao mestre somente de carter simblico. Todos os

    segredos so passados durante a Iniciao. As outras classificaes

    no representam nenhum nvel. Uma pedra negra fornecida com um

    nmero e um nome mgicko de identificao. A inteno da Ordem

    trabalhar com o domnio sobre foras elementais e demonacas (vide:

    Magia de Abramelin), onde os membros so orientados a efetivar uma

    aliana com foras espirituais reinantes, para obter a influncia, o poder e

    fortuna pessoal. Um demnio de elevada grandeza (geralmente Bael,

    Astaroth, Belial ou Asmodeus) era convidado a ocupar o centsimo lugar

    na Loja e sua obrigao para com a Ordem era a proteo mgicka de

    seus membros, a formao de um Egrgora para a proteo de seus

    membros, alm da concesso de favores materiais ou espirituais e de um

    servo espiritual, um demnio de menor grandeza designado para cada

    servir a cada membro.

    Conta lenda, que a cada cinco anos (caso nenhum membro da

    Loja houvesse morrido) era feita uma votao para eleger o candidato da

    morte que ocorria na noite (23 junho) antes do dia de So Joo. Este

    candidato da morte serviria como o sacrifcio para os servios dospoderes transcendentais em que a Loja acreditou. O candidato era

    sorteado ao retirar uma esfera negra, numa caixa com 98 esferas brancas

    e 1 negra. Aquele que extrasse a pedra ou esfera negra, de acordo com a

    Constituio da Ordem, passaria ser de propriedade do suposto Demnio

    da Loja, isto , teria que consumir um veneno mortal durante a reunio de

    Loja. Suas posses passariam a ser propriedade da Loja que se

    encarregaria de cuidar e zelar pela famlia do falecido membro. Outrosestudos sugerem que a Ordem executaria magickamente um desafeto do

    membro que fosse sorteado com a esfera negra. Todas essas

    informaes em verdade so duvidosas, e desprovidas de um senso de

    maior lgica. Para efeitos, a Ordem cuida zela, de fato, da famlia de

    qualquer membro que venha a faltar.

    O Superior e fundador desta organizao, cujo nome sempre foi

    mantido em sigilo, s sendo conhecido pelos membros mais elevados e

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    antigos, balizou uma grande parte dos estudos mgickos da Ordem junto

    aos Monges Bon-Po, aos Sufis, aos Hindus e a Qabalah Hebraica. Sua

    autoridade superava uma votao contrria de at trs vezes se o fato

    fosse contrrio a sua vontade. Um percentual da fortuna e do capital do

    membro vinha para a Tesouraria da Loja. Quando um dos noventa e nove

    membros morria, deveria ser imediatamente substitudo por um nefito

    que passava por trs classificaes: aspirante, nefito e aprendiz-de-

    mago, at que pudesse assumir de fato, a cadeira na Loja. Para conseguir

    ocupar a cadeira, entretanto, o nefito deveria assimilar determinados

    ensinamentos mgickos e domina-los na teoria e na prtica. Cada novo

    membro era obrigado a assumir juramentos assinados com sangue

    ritualisticamente. Seu juramento de fiel compromisso com a Ordem e com

    seus Irmos era sagrado e caso ousasse a ir contra os preceitos da

    Ordem ou ainda trasse qualquer irmo, este seria julgado e

    eventualmente expulso ou at executado magickamente. Os rituais, os

    mais importantes eram feitos atravs de trabalhos de magia cerimonial.

    Instrumentos radinicos e eletromagnticos eram desenvolvidos e

    usados para combates telepticos. Um desses instrumentos era

    conhecido como Tepaphone, capaz de destruir uma pessoa distncia

    causando a extrao do Prana, que levaria a pessoa a morrer como se o

    seu corpo ficasse desidratado, ou ainda o Luxferion capaz de elevar a

    temperatura corporal da vtima distancia, causando morte por

    combusto espontnea.

    Concluso: As Lojas da FOGC ainda existem nos dias de hoje. Mas

    por uma razo especial eu assumi o compromisso de no revelar alm

    dos fatos enumerados abaixo. Isto se d simplesmente porque qualquer

    sociedade verdadeiramente secreta tem suas razes, de no quererem ser

    notados, por motivos que so mais do que bvios. Apesar de tudo,

    podemos dizer que os 99 membros de qualquer Loja dessa Organizao

    deveriam ser polticos, e gente de finanas elevadas. Muitos de ns s

    vezes supomos de como podem surgir do nada, polticos e dinheiro

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    farto. Nem sempre esse dinheiro vem de meros apoios de empresrios,

    ou de vias tortas. Muitas vezes este recurso advindo de alguma

    Organizao Mgicka. Uma sociedade como essa, no cabe na mente de

    uma sociedade moderna e informatizada, formada por gente de crebro

    mecanizado, ou pela mdia ou pela grande massa de informaes. Tais

    pessoas jamais pertenceriam a uma Loja ou Organizao sria. Por qu?

    Porque a grande gama de Ordens e Organizaes modernas se afastou

    daquilo que consideramos como termos, propsitos e finalidades

    mgickas e so incapazes de acenderem os reatores msticos.

    Assim a fora que motiva a existncia de uma sociedade

    verdadeiramente secreta, atingir a maestria da vida se tornando umparadoxo vivo. Eu no penso que pertencer a uma dessas organizaes

    seja um esnobismo. Os esnobes no entram em um territrio to perigoso

    conscientemente. O que quer seja a motivao para existncia de uma

    Sociedade como esta - no mais to importante na presente era

    moderna cuja injustia social seja uma realidade, alm da criminalidade,

    guerras e destruio em massa so manchetes corriqueiras. Tais

    atrocidades da vida moderna sequer se nivelam a simples frmulas deMagia Branca ou Negra. Entretanto, as Sociedades Secretas nos dias de

    hoje tem sua funo, seus objetivos, alguns compreensveis outros no,

    aos olhos do vulgo.

    O que permitido dizer sobre esta Ordem eu farei agora. As razes

    das FOGC no vo para muito longe no passado em termos de tradio

    ritualstica ou histrica. Na O.T.O. (Ordo Templi Orientis), na Golden

    Dawn, na AMORC, e tantas outras ordens modernas, vemos alguns leves

    traos caractersticos das FOGC ou outras sociedades antigas, mas que

    diferem, entretanto, pois alm de no poderem se considerar como

    Ordens Secretas, nada exigem como pr-requisito para selecionar

    membros e ministrar seus ensinamentos. A quantidade tomou conta da

    qualidade.

    O nmero da Sociedade FOGC era 3 x 33, conseqentemente 99,isto , eram 99 classes, e cada classe era assumida por um nico

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    membro. O 100 lugar pertencia assim ao que chamado de Egrgora de

    Proteo da Loja, ou o demnio de elevada estirpe, com que cada

    membro deve estar mentalmente ligado. O nefito assina o juramento sob

    sua vontade, e doar parte de suas conquistas Loja.

    No havia nenhuma classificao especial ou ttulos, cada membro

    tinha um nmero. O Mestre de Loja tinha o nmero um.

    Do nmero 1 aos 33 representa os graus de aprendiz, dos 34 aos 66

    os graus de peregrino ou companheiro-ofcio e dos 67 aos 99 os graus

    elevados e mestres.

    O ornamento para os graus do aprendiz era: Uma tnica negra com

    capuz e uma cinta azul, e uma corrente de ouro com um pentagrama

    duplo, verso e inverso sobrepostos.

    Do grau 34 aos 66 uma tnica negra com uma cinta vermelha, o

    pentagrama acima descrito e um anel de ouro com inscries cabalsticas

    tendo nele incrustado uma turmalina negra.

    As classes de 67 99, tnicas pretas e douradas, cinta vermelha,

    com punhal ou espada na cinta, um anel dourado com um pentagrama,

    sinais cabalsticos e um rubi incrustado. O Mestre tem uma tnica

    dourada, com manto negro e sinais tais como um pentagrama e um

    hexagrama sobreposto, mas os demais ornamentos. No aperto de mo se

    toca o pulso, com o dedo indicador.

    Todos os rituais tm como seu objetivo alcanar nveis elevados deconscincia espirituais, principalmente na iniciao, mas era sempre a

    inteno dos membros obterem atravs destes ritos, obterem

    magickamente a influncia, o poder e o mximo de riqueza acumulada

    possvel. A observncia fiel s regras era absolutamente exigida. A

    estrutura hierrquica requeria o reconhecimento da palavra do mestre.

    Exigia-se tambm que o nefito fosse preferencialmente influente na vida

    pblica, que fosse independente economicamente e que tivesse pelo

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    menos alguns amigos prximos influentes. Como se pode ver que no era

    fcil a entrada neste crculo.

    Ao nefito era fornecido, aps sua admisso real, um demnio

    chamado de familiar. Como o objetivo era o enriquecimento e uma ajuda

    real era destinada ao nefito, em termos de favorecimentos em negcios

    e abertura de caminhos.

    A primeira coisa que o nefito devia aprender era os rituais de

    adorao ritualstica aos deuses e suas prtica evocatrias.

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    A Difuso Mgicka Bon PoE apenas recentemente, nos tempos vitorianos, que a cincia

    arqueolgica estabeleceu o notvel fato de que as origens mgickas da

    Alta sia influenciaram comunidades do outro lado do globo. Existe

    tambm uma fascinante histria da migrao ao Ocidente dos pr-

    histricos acdios, povo turaniano que trouxe os meios asiticos ao

    Mediterrneo, encontrando as civilizaes assria e babilnia. Muitos dos

    assustadores ritos taumatrgicos dos magos tibetanos durante o

    desenvolvimento da era pr-semta foram preservados nos tabletes Maqlu("Ardentes") e na vasta biblioteca do rei Assurbanpal.

    O tipo de "curandeirismo" (xamanismo) praticado pelas tribos

    tibetanas aliadas, tem suas razes, na China, Monglia e no Japo. Esses

    rituais incluem fenmenos psquicos familiares a mdiuns ocidentais e

    so repetidos novamente sob inspirao tibetano-monglica entre os

    finlandeses e lapes e mesmo pelos ndios americanos das Amricas do

    Norte e do Sul. Naturalmente no existem provas histricas da migrao

    ao Ocidente desses povos. Penosas dedues foram feitas, dentro dos

    limites de uma srie de cincias, para estabelecer que haja muitas

    probabilidades de que tais migraes realmente tenham acontecido.

    No entanto, no eram apenas os povos de origem tibetana que

    praticavam as artes mgicas de seus antepassados. Conforme nossos

    estudos e dedues os escandinavos pr-histricos, por exemplo,herdaram desses povos uma considervel tradio. Outro fator

    importante na descoberta da comunicao pr-histrica entre povos

    estava mais prxima do que em geral se supe. comum imaginar-se que

    essas sociedades antigas eram mais ou menos independentes e se

    desenvolviam isoladas umas das outras: algumas em remotas

    montanhas, desertos e plancies, outras em cidades e vilas. No

    normalmente conhecido o fato de que alm do comrcio, as relaes

    tanto intelectuais como sociais entre povos amplamente separados por

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    cultura, lngua e distncia eram bastante considerveis. A diferena entre

    esse contato, e o relacionamento entre povos familiares em nossos dias

    era simplesmente que os fatores geogrficos tornavam a comunicao

    mais lenta. As mesmas consideraes so talvez responsveis pela maior

    simpatia entre os povos, pois parece que havia menos hostilidade

    "inevitvel" entre os diferentes grupos.

    Durante sculos, talvez milhares de anos, a magia fluiu

    vagarosamente, mas com fora, atravs da raa humana. Em sua forma

    ritualista, o fluxo era distintamente do Oriente para o Ocidente.

    Em data alegadamente situada nos tempos do Velho Testamento,depois das supostas migraes tibetanas, conta a lenda celta que as

    migraes arianas da sia Central passaram pelo atual Oriente Mdio e

    Egito, absorvendo certamente a mitologia e a mgicka em seu curso.

    Os antigos gregos e romanos desempenharam tambm seu papel

    na adoo da tradio mgicka semita e egpcia, transmitindo-a a Europa.

    A magia latina e grega, mais recente, era uma mistura de frmulas e

    encantamentos que podem quase sempre ser ligados a essas razes.

    A inter-relao da magia do Egito e a dos pases circundantes so

    menos claras. Pensa-se, entretanto (conforme se estudar mais adiante

    neste material) que a frica e mais tarde a Arbia do sul influenciaram os

    magistas do vale do Nilo.

    Com a ascenso de sistemas de pensamento comparativamente

    recentes, tais como o budismo, cristianismo e islamismo, as crenas

    mgicko-religiosas dos cultos mais antigos sofreram uma rebaixa agora

    familiar: suas divindades tornaram-se espritos inferiores e mesmo seu

    sacerdotado assumiu carter mais marcadamente mgicko e secreto:

    Religio pode suceder a religio, mas a mudana apenas multiplica

    os mtodos pelos quais o homem procura suplementar sua impotncia de

    conseguir controle sobre as foras sobrenaturais e proteger sua fraqueza,levantando o vu do futuro. Os ritos secretos da crena suplantada se

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    tornaram a magia proibida de sua sucessora. Seus deuses se tornaram

    maus espritos, corno os Devas ou divindades de Beda se tornaram os

    Devas ou demnios de Avesta, como o culto ao touro dos antigos

    hebreus tornou-se idolatria debaixo dos profetas, como os deuses da

    Grcia e de Roma eram diabos malignos para os padres cristos.

    Em alguns casos, processos superados permaneciam apenas como

    ritos mgickos, tolerados e mesmo adaptados aos novos cultos. Seria

    isso devido ao fato de, conforme alguns acreditam, existirem segredos

    conhecidos pelos sistemas mais antigos que realmente comprovavam

    algumas provas estranhas da fora sobrenatural, que podia ser domada

    pela humanidade para seu prprio uso? Ou, como supe a posiocontrria, 'seria isso porque a magia se tornara to supersticiosamente

    enraizada na mente do homem que a nica maneira de control-la seria

    desvi-la para canais "legalizados"?

    As religies organizadas tendiam a absorver encantos e feitios,

    cuja crena era muito profundamente enraizada. Entre grupos africanos

    ou descendentes, verificamos que o cristianismo foi adotado lado a lado

    com a magia tradicional: s em raros casos suplantou os demnios e

    foras do sobrenatural. Quase sempre, tambm, milagres atribudos a

    feiticeiras nativas mais antigas simplesmente foram atualizados e

    acrescentados s novas crenas. Evidncias dessa psicologia so

    abundantes e tm sido exaustivamente estudadas em outras partes.

    Queiramos ou no a magia e a religio em todo o mundo esto

    ligadas como poucos outros fenmenos humanos. Se voc acredita, porexemplo, que curas podem ser efetuadas pelo toque, ento voc acredita

    em magia, em suas definies mais amplas, e em algumas formas de

    religio. Por outro lado, h um notvel desenvolvimento do pensamento

    ocultista, que pode apenas ser discernido atualmente em suas origens.

    Essa a terceira possibilidade. A magia um campo em que o estudo

    intenso e criativo pode demonstrar que muitos dos chamados poderes

    sobrenaturais so de fato reflexos de foras at agora pouco

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    compreendidas, que podero muito possivelmente ser controladas para

    vantagem individual e coletiva.

    Se existiam de fato certas verdades conhecidas daqueles que so

    nebulosamente chamadas de "antigos", s existe uma maneira para

    redescobri-las: o mtodo cientfico. E o mtodo cientfico requer a

    seleo de todo fato, toda sugesto, toda pista, ao longo da cadeia de

    transmisso. No contexto mgicko isso significa que devemos ter nossa

    disposio o material real do qual brota o ocultismo ocidental. Assim, um

    rito que encontrado, digamos, na verso latina da Chave de Salomo

    pode vir a ser meramente a transcrio de algum encanto destinado a

    combater, talvez, uma enchente na Assria. Maiores investigaespodero demonstrar que o encantamento se baseia em algo inteiramente

    irrelevante, tal como invocar o nome de um suposto gnio cujas iniciais,

    por alguma feliz coincidncia, correspondem palavra que quer dizer

    "seca". E assim se comea de novo a busca. Portanto, seja voc um

    estudante em geral, antroplogo ou apenas interessado no oculto, aqui

    esto alguns dos materiais. Eles em geral no esto disponveis em

    nenhum outro lugar.

    Quanto mais fundo se vai ao estudo do sobrenatural e seus

    devotos, mais claramente se percebe que diferentes tendncias de

    pensamento fizeram as mentes humanas trabalharem de maneira

    semelhante - entre comunidades to diversas, que poderiam mesmo

    pertencer a mundos diferentes.

    Segundo o prisma ocultista essa estranha identidade dos rituais ecrenas mgickas significa que existe apenas uma nica cincia arcana,

    revelada aos seus adeptos e doada a todos os povos. Os que advogam a

    teoria do fluxo cultural diro que o ocultismo uma daquelas coisas cuja

    difuso acompanhou as naturais relaes entre povos.

    Qualquer que seja a verdade, o estudo dos milagreiros em muitos

    pases constitui uma das mais fascinantes ocupaes. No Tibet, viveu um

    homem santo, que se acreditava ter poderes msticos. Ningum passava

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    perto de sua cabana temendo que ele lanasse pragas sobre os invasores

    - acreditava-se em geral que ele era parente do prprio sat. Algumas

    vezes, salteadores de fronteira, cujas depredaes os levavam at

    prximo de sua casa, chegaram a v-lo. Para esses, ele se tornou algum

    cujos bons conselhos procuravam, para garantir seu sucesso no roubo.

    A fora de seu nome se tornou tamanha que ele era chamado

    diversamente de Esprito das Montanhas ou Esprito do Ar -, sendo que,

    quando ele morreu, sua cova tornou-se um altar. O ninho do eremita me

    foi mostrado quando passei por ali. Em comum com suas contrapartidas

    ocidentais, ele colecionara estoques de serpentes secas, e uma pilha de

    figuras de cera espetadas de alfinetes enchia um canto da caverna. Aindahoje devotos esperanosos oram ou expressam um desejo sobre um

    trapo que ento amarrado a uma rvore solitria do lado de fora da casa

    do santo. Enterrado de rosto para baixo a fim de que qualquer mal que

    houvesse nele passasse diretamente para a terra, seu corpo jaz, segundo

    o costume tibetano, sepultado no lugar onde foi encontrado.

    Mais ou menos ao mesmo tempo, na fronteira tibetana, vivia uma

    notvel bruxa, que poderia ter sado diretamente de Macbeth, florescia

    como comerciante de encantos e mgicka em geral. Ela se tomava de

    violentas e incontveis antipatias por pessoas. Dizia se que ela sabia tudo

    sobre a vida privada das pessoas - o que pode ou no ter determinado

    suas predilees. Seu maior prazer, no entanto, era punir aqueles que

    haviam causado infelicidade a outros e por essa razo ela era venerada

    por muitos, como santa. Diziam dizia ter ela mais de 150 anos. O mtodo

    de convocar a bruxa era o seguinte: pessoas em dificuldades, maridos

    dominados, esposas cujos maridos eram cruis, os doentes e

    necessitados iam ao teto de sua prpria casa e chamavam o nome dela

    trs vezes. As corujas locais, funcionando como seus espritos familiares,

    levavam-lhe prontamente a mensagem. Na manh seguinte o ofensor

    seria tomado de fortes dores de cabea. Ao mesmo tempo, um pouco de

    boa sorte viria para aquele que a invocou. Aqui um relato:

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    Quando cheguei sua cabana de gravetos, armado do bolo de

    frutas que parecia ser sua paixo, ela pareceu pouco diferente de

    qualquer velha normal daquela parte do mundo. Falou a maior parte do

    tempo, e com bastante liberdade, do valioso trabalho que estava sempre

    fazendo ao prevenir as jovens contra o mau carter dos homens. Apesar

    de parecer muito velha, seus olhos eram estranhamente claros. Em vez

    dos ombros cados e das faces cavadas da bruxa clssica, ela era

    bastante mais alta que a mdia e movia-se com surpreendente agilidade.

    Algo de seu monlogo franco, entretanto, parecia confuso e quando lhe

    perguntavam de que maneira se conseguia efeitos sobrenaturais ela me

    olhou como uma criana perversa e disse que eu nunca entenderia.

    Muitas vezes negado que o sucesso mgicko pudesse ser atribudo a

    auto-sugesto por parte dos clientes, mas admitiu que isso era fenmeno

    bastante conhecido. Dizia tambm ter recebido todos os seus

    ensinamentos de sua me e ter repudiado livros do oculto e toda religio

    formal como engodo fraudulento. No se podia dizer que sua

    personalidade fosse magntica ou atraente ou que tivesse qualquer das

    estranhas caractersticas sentidas pelos meros mortais na presena do

    poder oculto. A nica coisa que impressionava as pessoas era o fato dela

    ter descrito coisas que iriam acontecer com mincias e essas coisas

    realmente terem acontecido depois.

    Mais de uma autoridade aceita que pode muito bem haver uma

    continuidade de tradio oculta transmitida entre os povos tibetanos. As

    prticas xamansticas dos chineses, japoneses e outros magos do

    Extremo Oriente, tm claros paralelos com os ritos dos esquims e dealgumas tribos monglicas de amerndios: notvel exemplo disso pode

    ser visto, no estado de transe medinico que leva profecia e

    clarividncia, comum a todos. Na ndia, Mxico e Egito antigo todos

    tinham seu culto da serpente. A serpente , de fato, um dos mais

    importantes smbolos partilhados pela alta tradio esotrica do Velho, e

    do Novo, Mundo - o que tem sido usado como um argumento para

    sustentar a teoria da Atlntida.

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    Quetzalcatl ou Kukulkan de Yaxchilan

    O deus-serpente mexicano Quetzalcatl exigia no somente o

    sacrifcio da vida humana, mas tambm que se bebesse seu sangue.

    Quando uma serpente jovem, selvagem, era capturada, no se tornava

    divindade at que seis sacrifcios humanos tivessem sido celebrados em

    seu nome e presena. O sangue do sacrifcio tinha de ser bebido tambm

    pela serpente, "potencializando-o" assim como um poder mgico. Na

    ndia, atualmente, o culto serpente generalizado - os encantadores de

    serpentes representam apenas uma faceta popularizada desse importante

    culto. As serpentes trazem boa sorte, guardam as almas e os tesouros

    escondidos, formam a via de escape para os desejos secretos. Tanto no

    Uruguai - muito ao sul do Mxico - como em Konia que est bem longe da

    ndia - encontramos traos distintos de cultos serpente. Como os

    feiticeiros mexicanos, os xams-serpente do Tibet tm de se submeter a

    um rgido treinamento antes de atingir o estgio em que podem manipular

    e privar com cobras. Tanto no Mxico como no Tibet, o mesmo critrio

    aceito para testar se uma pessoa est suficientemente desenvolvida para

    se tornar mestre do ritual da serpente: os olhos precisam estar muito

    abertos, as pupilas contradas em dois pontos minsculos. bastante

    possvel que esse culto ao rptil tenha viajado com alguma migrao

    humana da ndia e da frica para a Amrica Latina. Pode-se ainda

    encontrar ndios guaranis (amerndios brasileiros) que ainda do muita

    importncia escultura de uma cobra pintada de vermelho. O simbolismo

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    do sangue e a nota sacrifical, descendentes da inspirao mexicana so

    muito bvias para escapar ateno.

    No Mxico os ritos da serpente tinham suas prprias peculiaridades

    particulares. Era to grande a competio pela honra de vir a ser um

    sacrifcio serpente, que se tinha a maior dificuldade em evitar que as

    filhas provocassem as serpentes a pic-las.

    Certamente no faltavam vtimas aos sacerdotes. Em muitos casos

    famlias que tinham assim perdido mais de uma filha compravam

    encantos contra serpentes das prprias bruxas. Como os adoradores deserpente indianos, os seguidores mexicanos do rito costumavam fazer

    um guisado da carne desse rptil e com-lo. Em ambas as comunidades

    acreditava-se que a ingesto da carne sagrada conferia todos os tipos de

    bnos. O tabu e os ritos propiciatrios pode ser a origem de muitas

    supersties que ainda hoje existem entre ns, no Oriente e Ocidente.

    Nos antigos templos egpcios e gregos havia sempre um ponto que era

    proibido de ser tocado ou pisado. Era dedicado aos deuses - e em

    especial aos deuses maus (demnios?) - em troca de sua concordncia

    implcita de no assolar provncias onde poderiam molestar os homens. A

    mesma idia existe em partes da Esccia. Pedaos de terra eram

    deixados no cultivados e chamados de sitio dos bons seguindo um

    costume celta de chamar de bons queles que eram temidos. Folcloristas

    tm tratado extensivamente a questo de que as fadas, ou "gente boa",

    eram, na verdade, muito mais o oposto, sendo meramente espritos maus,

    homenageados.

    A instncia da Igreja, muitos desses lugares foram arados na

    Esccia, Irlanda e Gales. Diz tradio que tempestades e m sorte seria

    a conseqncia desse distrbio e conta-se que a lavra teve de ser

    protegida por poderes ocultos. Os objetos de magia so conhecidos da

    maioria das pessoas: por certo, pelo menos daqueles que estudam de

    alguma forma o assunto. Os rituais tambm esto em muitas obras,descritos por "adeptos" ou criticados por seus oponentes. J mencionei a

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    possvel importncia histrica e etnolgica de um estudo das razes das

    prticas ocultas. Haver ainda certo nmero de pessoas que no estar

    interessado no fluxo cultural, mas querer saber: "H alguma verdade na

    magia?". A resposta a isso que, muito possivelmente, h bastante

    "verdade" na magia. Qual e aonde pode levar, fica, no entanto para os

    pesquisadores demonstrarem.

    O que existia na alquimia foi aproveitado pela qumica moderna;

    apesar de no ser de minha competncia dizer o que sobrou. A hipnose,

    atualmente no apenas fato aceito, mas uma tcnica muito valiosa vem

    diretamente da magia. O que existe no moderno espiritismo, descendente

    do xamanismo tibetano, tambm no compete a mim dizer. Uma coisa, noentanto certa: que a magia enquanto tal, na mera repetio dos rituais

    disponveis ao leitor comum, de muito pouca valia para quem quer que

    seja. Segundo os ocultistas hindus, conforme descrito nestas pginas,

    muitas formas de magia e, portanto certos supostos e bem

    documentados milagres so atribudos existncia de uma fora no-

    descoberta (akasa) que parece ter alguma conexo com o magnetismo.

    Autores arbico-islmicos (que deram ao mundo a cincia moderna)tambm suspeitam a presena dessa fora. Se ela existe, tarefa de ns

    experimentadores descobri-Ia.

    O homem um "animal inventor de smbolos". Esse fato levou

    antroplogos a concluir que a estranha similaridade entre ritos arcanos

    de comunidades aparentemente sem nenhum contato social recproco

    coincidente. O homem - argumentam eles, - limitado por sua prpria

    definio. Seu mbito de experincias, suas esperanas e temores,

    desejos e dios variam muito pouco aonde quer que se v. No

    significaria isso que ele pode chegar a concluses similares a respeito de

    assuntos sobrenaturais, independentemente do que se chama de

    inspirao ou comunicao oculta?

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    O objetivo deste trabalho no procurar provar que toda magia tem

    suas razes em alguma revelao nica e original. Na verdade, duvidosoque se possa provar algum dia essa suposio. Porm, sepultada no

    folclore oriental, em manuscritos e lendas no traduzidos, h uma enorme

    quantidade de informao que lana uma luz considervel nas origens da

    magia que floresceu na Europa at o comeo do sculo 19.

    A prtica real da magia ainda existe, tanto na Europa quanto na

    sia. No meu objetivo investigar quo difundida a prtica. Ao mesmo

    tempo, amplamente aceito que o estudo da magia de considervel

    interesse histrico, cultural e etnolgico.

    A magia parte da Histria humana. Ela desempenhou algumas

    vezes um papel decisivo, como no caso de Moiss diante da corte do

    fara. Mais freqentemente ela tem sido de menor importncia, apesar de

    ainda grande. Em ambos os casos, no pode ser ignorada.

    Muitssimas das caractersticas da magia contidas em manuais

    ocidentais foram atribudas por autoridades como tendo origem em

    fontes orientais e particularmente mediterrneas. O crculo mgicko,

    recurso pelo qual o mago pode invocar espritos, foi atribudo Assria e

    as mandalas (crculos de proteo artisticamente desenhados em tapetes)

    aos Tibetanos e Hindus, sendo importante em quase todas as operaes

    ritualistas dessa natureza no Extremo Oriente. Saber o nome dos

    espritos e a possesso de palavras mgicas, conhecidas at mesmo

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    pelos leitores juvenis de histrias de fadas, igualmente, seno mais,

    difundido e tido em alta conta. As palavras mgicas pelas quais os DJins

    ou gnios eram invocados por Salomo formam parte importante do

    antigo ensinamento egpcio.

    Mandala Tibetana do Despertar

    A difuso do estilo de maldio da imagem de cera to grande

    quanto de qualquer outro encantamento. Est em uso ainda hoje, e

    importante em quase todas as operaes ritualsticas dessa natureza no

    Extremo Oriente. Exemplo muito antigo preservado numa encantao

    do tablete bilnge de Assurbanpal, de origem Acdia e provavelmente

    derivado dos ritos das tribos tibetanas e monglicas da sia Central.

    Esse tablete, do palcio real de Ninive, contm 28 encantos e

    mesmo em 700 a.C. era considerado como perpetuador de ritos

    extremamente antigos. Parte dele assim:

    Aquele que forja imagens, aquele que enfeitia o aspecto malvolo, o

    olho mau, A boca malvola, a lngua m, o lbio malvolo, a bruxaria mais

    fina, Espritos dos cus, conjurai-o! Esprito da Terra, conjurai-os!

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    Todos esses termos proibidos ainda so constituintes bsicos de

    processos mgickos.

    A magia partilha com a religio mais aspectos do que se do ao

    trabalho discutir. O inevitvel conflito baseado na suposio de que os

    extremos se tocam mais marcado nas campanhas organizadas contra a

    bruxaria, levadas a efeito por entidades tais como os tribunais da

    Inquisio na Espanha. Talvez devido a isso, talvez por ter a Igreja

    insistido em que os magos eram servos do diabo, a magia na Europa

    assumiu uma caracterstica de mal, que no to marcada em outros

    lugares. Os telogos cristos assumiram a posio de que a servido a

    qualquer esprito ou deus, implicava uma automtica reduo da crenaque deveria ser reservada apenas a Deus. A partir dessa tese e de certas

    referncias bblicas, tomou-se por certo que magia significava adorao

    do diabo. Nessa atitude geral, o catolicismo seguiu o precedente rabino

    em relao ao crescimento das atividades mgicas entre os judeus.

    O segundo grande instrumento que, conscientemente ou no,

    estimulou o estudo da magia no Ocidente foi a Igreja Catlica.

    Compelidos por referncias no Velho e Novo Testamento a reconhecer a

    realidade dos fenmenos sobrenaturais, inclusive o poder de bruxas e

    feiticeiras, os telogos catlicos romanos tomaram posio contra a

    bruxaria ("A feiticeira, no deixar que vivas") - xodo XXII, 18, o que fez

    que o assunto fosse considerado digno de investigao. A atitude

    referente s cincias ocultas continua, naquela Igreja, de forma muito

    pouco alterada em relao que existia no tempo da Santa Inquisio.

    Segundo a Enciclopdia Catlica, a bruxaria definitivamente existe, sendo

    o fato provado pela Bblia. Muitos dos cdices da magia judaica e

    salomnica que foram preservados at hoje em exemplos Iatinos e

    franceses mostram traos distintos de interpolao crist. Muitos dos

    ritos da Chave de Salomo, por exemplo, foram "cristianizados" - quase

    que seguramente por mos de padres - para dar a impresso que

    resultados taumatrgicos podem ser conseguidos atravs deles com as

    adies crists.

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    Entre os muulmanos e outras grandes religies do Oriente, um

    compromisso trouxe baila a teoria da diviso da magia em permitida e

    proibida, ligeiramente paralela distino ocidental entre magia branca e

    negra.

    A magia, entretanto permaneceu, e ainda permanece, algo que a

    religio organizada nem absorveu efetivamente, nem destruiu. Como a

    religio, tem base sobrenatural: o apelo a uma fora maior que o homem.

    Da crena nessa fora decorre o desejo de proteo, seguido da positiva

    demanda de maior poder sobre os outros homens, sobre os elementos,

    sobre o prprio destino. Em comum com as religies est a parafernlia

    da magia: os instrumentos de arte, os mantos e vestimentas, asfumigaes e repeties de palavras, frases e preces. Depois da f na

    realidade do poder sobrenatural vem o desejo de estabelecer relaes

    contratuais com o poder; da o pacto. H um contrato entre homem e

    Deus, entre homem e esprito. Telogos da Idade Mdia e posteriores

    gostavam de reclamar que os livros mgickos imitavam os ritos da Igreja;

    que eles procuravam fazer tratados com o diabo, da mesma maneira que

    Deus compactuava com os homens. Quando tudo precisamente ocontrrio. A Igreja imita a liturgia pag. O sacrifcio de sangue, o

    exorcismo, etc. Pesquisas mais recentes demonstraram que o elemento

    contratual da magia pelo menos to velho quanto a prpria magia e

    data, portanto, de antes de muitas das grandes religies organizadas que

    sobrevivem atualmente. Mesmo quanto ao local sagrado de

    funcionamento, a magia e a religio operam paralelamente.

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    A influncia Bon Po na Magiados Faquires

    O homem perfeito ganha seu poder atravs do desenvolvimento da fora

    mstica inerente a seu corpo. Isso se centraliza nos cinco rgos

    secretos: o Lataif. So eles: o centro do corao, o centro do esprito, o

    centro secreto, o centro oculto, o centro mais misterioso... - Xeque

    Ahmed El-Abbassi: Segredos do Poder Sufi, desenvolvimento do livro do

    Shah Muhammad Gwath, Segredos do Caminho Mstico (Asrar-ut-Tariqat,

    da Ordem Naqshbandyya).

    O Ocidente, que se orgulha com alguma razo de ter salvo do

    esquecimento muitos aspectos da cultura e do conhecimento orientais,

    foi profundamente influenciado pelo Tasawwuf a doutrina dos faquires.No entanto, quantas pessoas alm de um punhado de orientalistas so

    capazes de dizer o que isso? Ioga, Shinto, budismo, taosmo e

    confucionismo, todos tm seus devotos na Europa e na Amrica. O

    sufismo, no entanto - ltima das sanes msticas dos rabes, persas,

    turcos e do resto do mundo muulmano - permanece como o ltimo livro

    fechado do Oriente misterioso.

    o sufismo uma religio? Um culto oculto? Um modo de vida? ,

    em parte, todas essas coisas e em parte nenhuma delas. Dentre os 400

    milhes de seguidores do islamismo, o tasawwuf detm um poder que

    nenhum credo poltico, social ou econmico conhece ali ou em qualquer

    outra parte. Suas origens ancestrais e similaridades a Religio Bn so

    mais do que evidentes. Os transes nas danas circulares Dervixes so

    idnticos s danas circulares dos monges Bon-po. Muito do seu

    contedo filosfico se assemelha com a doutrina sufi.

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    Organizada de maneira semimonstica e semimilitar essa incrvel

    filosofia era partilhada por elementos to distintos quanto os antigos

    alquimistas rabes - os irmos da pureza - os guerreiros Mahdist do

    Sudo e os grandes poetas clssicos da Prsia. Sob o nome de faquir

    (literalmente: humilde) os dervixes do Imprio Turco assolaram Viena.

    Estimulados pela poesia mstica sufi (e, diz-se, por seu poder

    sobrenatural), os afegos conquistaram a ndia.

    E, no reverso da moeda, a literatura e cultura sufis foram

    responsveis por parte da notvel arquitetura e arte da sia.

    Quais so as origens desse estranho culto que mesmo os

    pesquisadores modernos reconhecem ser a maior fora individual do

    Oriente Mdio atualmente? A despeito do fato de existir considervel

    quantidade de obras em lnguas orientais, se sabe com absoluta certeza

    que os primeiros passos do culto surgiram por influncia dos Bon-Po.

    Historiadores sufis atribuem sua fundao ao prprio Maom, masj se disse que esse culto esotrico data das primeiras tentativas do

    homem para liberar seu ego das coisas materiais. Esse , de fato, o

    objetivo principal do movimento. O sufismo um modo de vida distinto e

    muito completo, tendo como alvo a realizao do suposto papel do

    homem (e da mulher) na vida.

    O homem, dizem os santos sufis, parte do todo eterno, do qual

    derivam todas as coisas e ao qual retornaremos. Sua misso preparar-

    se para esse retorno. Isso s pode ser obtido atravs da purificao.

    Quando a alma humana corretamente ligada ao corpo e obtm completo

    controle sobre ele, ento o homem parece em sua forma perfeita: o

    homem perfeito emerge, de fato, muito semelhante ao super-homem,

    possuindo poderes notveis, que figuram tanto nas aspiraes do

    ocultismo oriental quanto nas do ocidental.

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    So estes os passos pelos quais um devoto progride em direo a

    seu fim. Organizado em ordens que lembram as ordens monsticas da

    Idade Mdia (que segundo alguns foram moldadas no sufismo), a primeira

    condio para aceitao do aspirante que ele esteja "no mundo, mas

    no seja do mundo". Esse o primeiro aspecto importante em que o culto

    difere de quase todas as outras filosofias msticas. Pois fundamental

    que cada sufi devote sua vida a alguma ocupao til. Sendo seu objetivo

    tornar-se um membro ideal da sociedade, conclui-se naturalmente que ele

    no pode isolar-se do mundo. Na palavra de uma autoridade:

    O Homem se destina a viver uma vida social. Seu papel estar

    com outros homens. Ao servir ao sufismo ele est servindo ao infinito,servindo a si mesmo e servindo sociedade. No pode se desligar de

    nenhuma dessas obrigaes e continuar ou vir a ser um sufi. A nica

    disciplina que vale a pena aquela que obtida em meio tentao. Um

    homem que, como a anacoreta, abandona o mundo e se afasta das

    tentaes e distraes no pode chegar ao poder. Pois o poder aquilo

    que extrado do meio da fraqueza e da incerteza. O asceta vivendo uma

    vida monstica est se iludindo!

    Apesar de a palavra faquir ter vindo a ser usada no Ocidente para

    indicar um acrobata ou mgico itinerante, seu sentido real meramente

    "humilde". A humildade do que busca o primeiro requisito. Ele deve

    renunciar sua luta por objetivos meramente mundanos at que tenha

    sua razo de viver na perspectiva correta. Isso, na verdade, no

    contraditrio. Pois um homem pode legitimamente gozar as coisas do

    mundo, desde que tenha aprendido a humildade em sua aplicao.

    O que deu aos sufis - em seus papis de faquires e dervixes - esse

    elo de invulnerabilidade, infalibilidade e superioridade a aplicao dessa

    doutrina. No h dvidas de que a concentrao mental conseguida pelos

    sufis responsvel pelo que se poderia classificar como manifestaes

    realmente sobrenaturais. H exemplos, registrados com tanta preciso

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    histrica quanto seria de esperar-se do estranho poder de alguns desses

    homens. Abordando a questo de maneira to cientfica quanto possvel,

    so muitos os exemplos de mistificadores sufis que brincam com a

    ingenuidade das massas. Por outro lado, dezenas de milhares de pessoas

    no predispostas esto convencidas do fato de que o tasawwuf pode dar

    um grau inusitado de poder a alguns de seus seguidores.

    necessrio apontar aqui, assim como em outras partes deste

    material de estudo, que tais manifestaes podem ser verdadeiras, ser a

    mera aplicao de segredos da natureza que ainda so imperfeitamente

    compreendidos pela cincia ortodoxa.

    Quais so os milagres e poderes atribudos aos santos sufis? Se

    bem que quase no haja fenmenos taumatrgicos que no tenham sido

    reivindicados por alguma autoridade como j realizados pelos dervixes,

    alguns milagres so mais caractersticos do culto que outros. O primeiro

    (conforme a crena de que o tempo no existe) a anulao do tempo

    convencional. As histrias sobre esse fenmeno - algumas das quais

    narradas por autoridades histricas meticulosamente acuradas - so

    muitas e variadas.

    Talvez a mais famosa seja o caso do xeque Shahab-el-Din. Diz-se

    que ele podia induzir a apario de frutas, pessoas e objetos

    absolutamente segundo a sua vontade. Conta-se que uma vez ele pediu

    ao sulto do Egito que mergulhasse a cabea num recipiente com gua.

    Instantaneamente o sulto se viu transformado num marinheiro de um

    navio naufragado, jogado praia de alguma terra inteiramentedesconhecida.

    Ele foi recolhido por lenhadores, levado cidade mais prxima

    (jurando vingana contra o xeque, cuja magia o havia colocado nessa

    situao), e comeou a trabalhar como escravo. Depois de alguns anos

    ganhou sua liberdade, comeou um negcio, casou-se e se estabeleceu.

    Mais tarde veio a empobrecer outra vez e tornou-se carregador autnomo,

    na tentativa de sustentar sua esposa e sete filhos.

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    Um dia, acontecendo estar na praia de novo, mergulhou na gua

    para banhar-se. Imediatamente encontrou-se de novo em seu palcio no

    Cairo, novamente rei, rodeado de cortesos, com um xeque muito grave

    sua frente. A experincia toda, que lhe pareceu ter durado anos, tinha

    levado apenas alguns segundos. Essa aplicao da doutrina de que "o

    tempo no sentido para os sufis" refletida no famoso exemplo da vida

    de Maom. Conta-se que o profeta, quando se preparava para sua

    milagrosa "marcha noturna", foi levado ao cu, ao inferno e a Jerusalm

    pelo anjo Gabriel. Depois de quatro vintenas e dez conferncias com

    Deus, retornou terra: a tempo de agarrar um copo de gua que tinha

    sido derrubado quando o anjo o levou.

    Alm da inexistncia do tempo, o espao quase no importa ao

    adepto sufi que quer viajar. O transporte metafsico de muitos dos mais

    famosos professores sufis tido como fato corriqueiro. Sufis j foram

    vistos ao mesmo tempo em lugares separados por muitos milhares de

    quilmetros. O xeque Abdul-Qadir Gelani, um dos mais celebrados santos

    do sufismo, era capaz de viajar milhares de quilmetros num piscar de

    olhos, a fim de estar presente ao funeral de algum amigo adepto.

    Caminhar sobre a superfcie das guas e voar enormes distncias

    vista das pessoas no solo so outras que se diz serem regularmente

    feitas pelos iniciados.

    Milagres, enquanto tais so tidos como possveis apenas para

    profetas. Mas sustenta-se que as maravilhas (karmt) so possveis a

    grande nmero de sufis. As atividades dos mgicos - que so geralmenteuma forma de engodo para a ingenuidade das pessoas - so classificadas

    como istidraai, que quer dizer meros truques e trabalhos furtivos. A magia

    propriamente dita, que significa taumaturgia atravs do auxlio de

    espritos, um ramo inteiramente diferente da cincia oculta.

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    Organizao das OrdensOrdens mgickas desse tipo determinam rgidas regras de um dado

    padro para os aspirantes ao poder sufi. parte aqueles que buscam

    apenas o culto, todos os novos recrutas devem ser aceitos segundo uma

    frmula de um pir, ou professor. Os filhos seguem os passos de seu pai

    para entrar na ordem qual pertenciam seus pais, e s aqueles que foram

    recomendados por certos patrocinadores podem ser aceitos como

    discpulos no primeiro grau do salik, "buscador".

    As ordens, que so batizadas em nome de seu fundador

    (Naqshbandyya, Chishtyya, Odriyya etc.), so organizadas em grupos,

    que estudam com mestres reconhecidos. A promoo de um grau para o

    outro se d atravs de uma patente ou declarao do mestre do grupo a

    que o aclito pertence. A fim de estudar um ramo particular da arte, os

    estudantes podem viajar do Marrocos a Java ou at mesmo do Tibet

    Lbia, para se juntar ao haIka (crculo) de um professor famoso. Depois,

    se esse ltimo concordar, o candidato ser colocado em prova por alguns

    meses. Vivendo com pobreza, vestindo apenas os mantos amarelos e

    fazendo tarefas domsticas o "buscador" deve, durante o perodo de seus

    estudos, ficar ligado ao seu mestre com uma devoo que excede, em

    muito, mesmo a mais rigorosa disciplina de qualquer fora militar.

    Deve participar de recitaes rituais de certos textos santos e

    secretos, deve observar as cinco preces e ablues rituais, o ms anualde jejum da manh at o pr do sol e ler as obras dos mestres.

    As OrdensSo conhecidas vrias ordens ou tariqat (caminhos) distintas no

    sufismo. Todas tm sua origem no prprio Maom e tambm em seuscompanheiros. Afirma-se que elas so originrias de uma fraternidade

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    mstica dos seguidores imediatos do Profeta - a AshbUs-Saf, ou

    companheiros de banco. Esses homens, 'sobre os quais pouco se sabe

    com certeza, mergulhavam em boas obras, contemplao, jejum e orao.

    As teorias mais difundidas rezam que eles foram batizados por causa de

    suas roupas de l (souf, l, em rabe) ou por causa da saf, pureza.

    As principais ordens hoje em dia so a Naqshbandyya, Chishtiyya,

    Qdriyya e Suharwardyya. So completas em si mesmas: nenhuma

    inimiga da outra. Os santos e prticas so s vezes tidos em comum; os

    objetivos da humanidade e particularmente dos sufis so quase idnticos

    em cada uma delas.

    H grande nmero de outras ordens, espalhadas do Marrocos a

    Java, atravs da ndia, Tibet e do Afeganisto - na verdade, em toda parte

    por onde se espalhou o islamismo. Em todos os casos, os ritos e escritos

    so altamente simblicos.

    Em todos os casos a admisso a uma ordem depende de patrocnio

    e iniciao.

    Os sufis tradicionalmente ocupam lugar importante, apesar de

    indefinido, tanto na sociedade como na Histria. Os dervixes do Sudo

    eram - e ainda so - de uma ordem sufi, organizados como uma sociedade

    militante e atualmente filantrpica. Nos dias do Imprio otomano, as mui

    temidas tropas janizaras eram uma fraternidade militar sufi, ligada ao que

    atualmente conhecido como a Naqshbandyya. O atual rei da Lbia

    chefe de uma ordem sufi e a maioria, seno todos de seus sditos seconsideram sufi. O faquir de lpi - essa Marca de Fogo da Fronteira

    Nordeste da ndia" - um lder sufi. Esses breves fatos podem dar a

    impresso de que outros aspectos do culto so menos conhecidos no

    Ocidente, mas a referncia a eles fora de contexto serviria apenas para

    confundir o leitor.

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    Objetivos do SufismoA teoria do sufismo de que o homem, em seu estado normal,

    parte animal, parte esprito, incompleto. Toda a doutrina e ritual sufis se

    dedicam a purificar aquele que busca e transform-lo, portanto em Insni-

    Kmil - homem perfeito ou homem completo. Considera-se que uma

    pessoa pode estar apta a atingir esse estado de contemplao por si

    mesmo ou mesmo atravs de outros meios que no o sufismo. Porm

    est implcito que o sufismo o caminho estabelecido, com seu mtodo

    prescrito e a orientao dos mestres que j trilharam o caminho.

    Quando o aspirante atingiu o estado de integridade, que o

    objetivo do culto, est ento com o infinito; e os conflitos e incertezas,

    aos quais ele como mero mortal estava sujeito, j no mais existem. Esse

    ltimo estgio de desenvolvimento conhecido como wasl - unio.

    A vida monstica, no entanto, profundamente evitada por todos

    os pensadores sufis. Seus motivos so que, se um homem priva asociedade de seus servios e atividade, est sendo anti-social. Sendo

    anti-social, ele est indo contra o plano divino. Deve, portanto, nas

    palavras do primeiro princpio do sufismo "estar no mundo, mas no ser

    do mundo!" (Dar dunya bsh: az dunya mabsh!).

    A hierarquia dos santos sufis muulmanos , portanto, conhecida

    por suas ocupaes assim como por seus ttulos. Assim, um (Attr) era

    qumico, outro (Hadrat Bahuddin Naqshband) era pintor, e assim por

    diante. Certos reis da ndia e da Prsia ao se tornarem sufis assumiram

    outras ocupaes extras para pagar por sua manuteno, permanecendo

    como governantes e no tomando nada do tesouro por sua prpria conta.

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    O Governo Invisvel do SufismoO chefe de todo o sistema sufi o Qutub: ele o mais iluminado de

    todos os sufis, atingiu o grau de wasl ("unio com o infinito") e, segundo

    alguns, detm o poder sobre todo o organismo sufi. Outros afirmam que o

    Qutub tem tambm considervel poder poltico ou temporal. De qualquer

    forma, sua identidade conhecida de muito poucos. Ele se comunica

    apenas com os lideres das ordens. As conferncias so feitas

    telepaticamente ou ento atravs da anulao do "tempo e espao". Diz-

    se que o ltimo fenmeno significa que os sufis do grau de wasl podemtransportar-se a qualquer parte instantaneamente, fisicamente, pelo

    processo de desmaterializao corprea.

    O Qutub servido por quatro deputados, os awtd, ou pilares,

    cujas funes so de manter o controle e o poder sobre os quatro cantos

    da Terra e relatar-lhe constantemente o estado de coisas em cada pas.

    Abaixo dos awtd esto os 40 abdal (aqueles que se transformaram

    espiritualmente), e abaixo deles 70 nobres, que por sua vez comandam

    300 senhores. Os santos sufis que no ocupam um posto determinado

    nessa hierarquia so chamados santo: wal.

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    Evocao dos Espritos com ainfluncia da cultura Bn

    A crena na existncia de espritos e outras foras formidveis est

    h apenas um passo do desejo de cham-los, obrig-los e faz-los efetuar

    as ligaduras astrais do feiticeiro.

    costume - pelo menos entre os velhos autores - dividir essa forma

    de espiritualismo em grupos ou assuntos para fins de estudo. Pode-se

    dizer que os espritos podem ser distinguidos em bons e maus, em almas

    humanas e aqueles que nunca tiveram uma forma corprea (elementais,

    demnios e anjos). E tambm alguns espritos aparecem com forma

    humana, outros com forma animal e outros com formas mais alarmantes.

    Mas esse mtodo de examinar os espritos, se bem considerado, pouco

    contribui para o real conhecimento da arte.

    Interessante que a evocao em si tibetana, crist, budista,

    rabe, egpcia ou caIdia - est contida em limites aceitos de mtodo e

    idias. H a consagrao do operador, seus instrumentos (se os h) e,

    geralmente, o crculo mgicko ou mandala mgicka. H a invocao em si

    e a evocao. Quando o esprito aparece, segue-se a fase de comando ou

    inquisio. Finalmente vem a inevitvel licena para partir, sem a qual o

    operador poder ser prejudicado pela apario. Duas coisas so

    consideradas indispensveis: alguma conexo com a morte ou os

    mortos, e a possesso de palavras mgickas ou mantras.

    Muito da importncia e interesse da invocao de espritos, em

    nossa opinio, devido ao fato de grande parte de toda a magia depender

    de ajuda espiritual: seja ela maldio, cura ou meramente poder mgicko

    acima e alm do que tido por outros. Pode-se mesmo definir magia

    como a suposta arte de obter poder atravs de foras sobrenaturais(espritas). Portanto os espritos - ou alguma outra fora no identificada,

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    convenientemente chamada assim - formam o prprio corao da magia

    cerimonial, popular ou supersticiosa.

    Geralmente se subestima o fato de que o espiritismo - evocao do

    esprito dos mortos - conforme conhecido na Europa e na Amrica

    contemporneas, apenas um ramo da magia, um ramo que

    tradicionalmente exercido pelos feiticeiros da frica, amerndios tribais e

    operadores xamansticos na China, Tibet e Japo para no mencionar

    grande nmero de outras comunidades.

    Considera-se que a invocao de espritos, especialmente os de

    parentes mortos, requer muita dedicao e preparao. Apesar de seaceitar quase sempre que h algumas pessoas (como os mdiuns

    modernos) para as quais esses poderes vm facilmente, algumas vezes

    esquecido o fato de que os livros ou grimrios trazem relatos detalhados

    dos procederes que podem assim ser seguidos por pessoas comuns.

    s vezes se considerava necessrio, em processos atribudos aos

    caldeus, saber a data de nascimento da pessoa a ser evocada. Se

    pudesse ter um horscopo, tanto melhor. Isso queria dizer que o esprito

    poderia ser chamado em nome dos planetas que presidiram seu

    nascimento e na hora exata e em que se deu o nascimento.

    Em seguida o invocador meditava em completa recluso por um

    perodo de at 48 horas. Escolhia-se um dia claro e luminoso. Ento, em

    algum lugar determinado pela prtica da magia (o mago geralmente usava

    seu prprio quarto ou alguma caverna ou lugar santo em runas), eradescrito o crculo mgico. Dentro de seu dimetro de seis ps estava o

    espao-tabu que protegia o mgico e que nenhum gnio do mal poderia

    cruzar. No crculo, quase sempre dentro de um anel concntrico, era

    escrito com giz, no solo, o nome de Deus.

    Talvez o registro mais antigo de frmula para consagrar um crculo

    ou uma mandala seja o tirado da srie de tbuas Tibetanas Bon-Po:

    Guarde! Guarde! Barreira que ningum pode passar,

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    Barreira dos deuses que ningum pode quebrar,

    Barreira do cu e da Terra, que ningum pode mudar,

    Que nenhum deus pode anular,

    Nem deus ou homem pode relaxar,

    Armadilha sem sada, armada para o mal,

    Rede que ningum atirar, espalhada para o mal.

    Seja mau esprito, ou mau demnio, ou mau fantasma,

    Ou diabo mau, ou deus mau, ou gnio mau,

    Ou demnio, ou vampiro, ou duende-ladro,

    Ou fantasma, ou espectro da noite, ou criada do fantasma,

    Ou praga m, ou molstia da febre, ou suja doena,

    Que tenham atacado as guas brilhantes de Ea,

    Possa a armadilha de Ea apanhar;

    Ou que tenham assolado a comida de Nisaba,

    Possa a rede de Nisaba prender;

    Ou que tenham rompido a barreira, No permita a barreira dos deuses, A

    barreira do cu e da Terra, que sigam livres; Ou que no reverenciam os

    grandes deuses, Que os grandes deuses prendam, Que os grandes

    deuses amaldioem; Ou que atacam a casa, Que num quarto fechado

    entrem; Ou que circulam ao lu, Que a um lugar sem sada sejam levados;

    Ou que vigiam porta da casa, A uma casa sem sada sejam levados a

    entrar; Ou que passam a porta e G ferrolho, Com porta e ferrolho, uma

    tranca imvel, possam ser fechados; Ou que sopram o limiar e adobradia, Ou que foram o caminho contra a tranca e a aldrava, Que

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    como gua sejam vertidos, Como uma taa se partam em pedaos, Como

    um ladrilho se quebrem; Ou que pulam o muro, Suas asas sejam

    cortadas; Ou que jazem num quarto, Suas gargantas sejam cortadas; Ou

    que se trancam num quarto lateral, Suas faces possa-se esbofetear; Ou

    que resmungam numa cmara, Suas bocas possa-se fechar; Ou que

    vagam num quarto superior, Com um "bason" sem abertura possa-se

    cobri-los; Ou que escurecem ao amanhecer, Ao amanhecer sejam levados

    a um lugar ensolarado.

    E se nenhum esprito aparece mesmo depois de repetida

    concentrao? A maioria dos livros no prev essa possibilidade. Um

    deles, no entanto, nos diz que o fracasso significa que algum erro ouomisso tem de ser remediada. A experincia pode ser repetida vezes e

    vezes, at o sucesso. Os egpcios dinsticos (e provavelmente pr-

    dinsticos), os babilnios e assrios acreditavam que a alma podia

    retornar Terra. Sob certas circunstncias ela podia tambm re-habitar o

    corpo. Elaboradas cerimnias mgicas eram praticadas para que a alma

    fosse feliz e no precisasse voltar, tornando-se assim um esprito

    inquieto. Esses espritos eram invocados e considerava-se que podiamser usados em rituais mgickos.

    De maneira semelhante, os espritos de curandeiros reverenciados

    e falecidos eram conjurados para aconselhar suas tribos em tempos de

    privao em muitas partes da frica, especialmente a parte central do

    continente. Seus ossos so preservados e embebidos no sangue de

    recm-falecidos, misturados com mel, leite e perfumes. Supe-se que

    isso faa que a alma retorne Terra. Assim como as cerimnias dos

    espritos eram realizadas no Egito nos sepulcros das pirmides, outros

    lugares, cemitrios, ptios de igrejas ou o local onde a morte teve forma

    violenta, so stios especialmente bem vistos para esse tipo de

    exorcismo.

    Espritos que no os dos mortos podem tambm ser invocados de

    maneira semelhante. A seguinte consagrao cristianizada do crculo tpica dos ritos caldeu-semticos.

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    Depois de feito o crculo o invocador entoa:

    Em nome da santa, abenoada e gloriosa Trindade, procedemosao nosso trabalho neste mistrio para conseguir aquilo que desejamos:

    ns, portanto, em nome dos acima ditos, consagramos este pedao de

    solo para nossa defesa, de forma que esprito de nenhuma espcie possa

    atravessar estas fronteiras, nem causar injria ou detrimento a qualquer

    dos aqui reunidos.

    (Era costume dos magos estarem acompanhados de um ou dois

    ajudantes.)

    Mas que eles sejam convencidos a ficar diante do crculo e

    responder sinceramente nossas demandas, se isso agradar a Ele, que

    viveu para todo o sempre e que diz: "Eu sou alfa e mega, o comeo e o

    fim, que , foi e ser, o todo-poderoso. Eu sou o primeiro e o ltimo, o que

    est vivo e foi morto; e eis que vivo para todo e sempre; e tenho as

    chaves da morte e do inferno. Abenoai, Senhor! Esta criatura da terraem que pisamos. . . " (A terra, como todos os outros elementos, tem seu

    prprio esprito referido como a criatura da Terra.)

    Confirmai, Deus, vossa fora em ns, para que nenhum

    adversrio e nenhuma coisa m possam nos fazer fracassar, pelos

    mritos de Cristo. Amm.

    Um certo nmero de informaes tem de estar disposio do mago,alm das invocaes e das palavras mgickas. De incio h os nomes das

    horas. Estas, conforme dadas por um texto mgico ocidental formam uma

    estranha mistura de nomes arbicos, semitas e egpcios junto com alguns

    gregos. So os seguintes e provvel que sejam de fato os nomes dos

    espritos das horas:

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    Nomes das Horas

    Dia Hora Noite

    Yain 1 Beron

    Janor 2 Barol

    Nasina 3 Thami

    Salla 4 Athar

    Sadedali 5 Methon

    Thamur 6 Rana

    Ourer 7 Netos

    Thamie 8 Tafrae

    Neron 9 Sassur

    Jayon 10 Agle

    Abai 11 Calerva

    Natalon 12 Salam

    Esses nomes so memorizados e o apropriado inscrito no mais

    externo crculo concntrico da evocao, junto com as palavras mgicas,

    o nome da estao e o nome do arcanjo da hora. Considera-se que os

    nomes das estaes so equivalentes aos nomes dos anjos das

    estaes: primavera (caracasa), com Core, Amatiel, Commissoros. O

    vero vem sob Gargatel, Tariel e Gariel. Dois anjos regulam o outono:

    Tarquam e Guabarel. O inverno completa o ciclo com Anabael e o anjoCetatari.

    A evocao ser feita na primavera? Ento, o signo da primavera

    deve ser includo no crculo e nas invocaes; assim como o nome da

    Terra na primavera e os nomes do Sol e da Lua nessa estao. Quatro

    conjuntos de informao adicionais so agora necessrios:

    nome do signo da primavera: Spugliguel

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    nome da Terra na primavera: Amadai

    nome do Sol na primavera: Abraym

    nome da Lua na primavera: Agusita

    no vero. no outono no inverno

    Nome da Terra: Festativi Rabirmana Geremiah

    Nome do Sol: Athenay Abragini Com-mutoff

    Nome da Lua: Armatus Mastasignais Affaterin

    Signo do vero: Tubiel Signo do outono: Torquaret

    Signo do inverno: Attarib

    Uma vez dominados esses importantes nomes, o mago purifica-se

    com esta prece:

    Vs me purificareis com Hyssop, senhor, e serei limpo: vs melavareis e serei mais branco que a neve.

    O crculo ser ento borrifado com o perfume correto (que ser

    descrito mais adiante) e o exorcista se enrola numa capa de linho branco

    amarrada na frente e atrs. Enquanto se veste, diz:

    Ansor, Amacon, Amides, Theodonias, Aniton: pelos mritos dos

    anjos, senhor, eu vestirei o paramento da salvao; que aquilo que eu

    desejo eu consiga realizar, por vosso intermdio, mais santo Adonai, cujo

    reino dura para todo o sempre. Amm.

    O texto cristianizado que estamos seguindo, apesar de reter a

    maioria das marcaes ritualistas do sistema semita e outros, acrescenta

    a admoestao de que aqueles que desejam riqueza e poder ou qualquer

    coisa de material para si mesmos no conseguiro atrair espritos. Essa

    no , no entanto, uma posio estabelecida. "Primeiro o corao e a

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    mente devem ser limpos, de desejos e, se a habilidade for em qualquer

    tempo usada para fins pessoais e egostas, o poder ento renunciado.

    S aqueles com a habilidade de tocar as alturas sabem disso."

    Na necromancia encontramos o crculo mgicko e as palavras

    mgicas ainda em uso. Os procederes so exatamente os mesmos em

    ambos os tipos de processo. Quando o feiticeiro Tibetano Chiancungi e

    sua irm bruxa Napala invocaram maus espritos, ordenaram a Bokim que

    aparecesse e lhes desse sua ajuda infernal. Cobriram de preto uma

    profunda caverna e depois desenharam o crculo, com sete tronos e

    nmero igual de planetas inscritos nele. Mesmo para esses notrios

    feiticeiros passaram meses antes que Bokim aparecesse de verdade.Quando o fez, garantiu-lhes 155 anos de vida extra e muitos outros

    favores mais. Como a teoria de "vender a alma" no to conhecida no

    Oriente, a nica penalidade que os feiticeiros tinham de pagar era servir o

    demnio naquele perodo. Em seu trabalho, assim como na maioria dos

    encantos de invocao, eles faziam livre uso de perfumes e outras

    fumigaes.

    Quando o planeta em questo era Saturno (isto , quando a

    operao era na hora ou dia de Saturno), o perfume utilizado no

    defumador era pimenta, com almscar e incenso. Enquanto isso

    queimava, podiam-se ver espritos em forma de gatos e lobos. Jpiter

    requeria oferendas de plumas de pavo, uma andorinha e um pedao de

    lpis-lazli. Suas cinzas eram ento misturadas ao sangue de uma

    cegonha. Os espritos de Jpiter tinham a aparncia de reis,

    acompanhados de trombeteiros. Sob Marte o fogo era alimentado com

    goma aromtica, sndalo e incenso, mirra e o sangue de um gato preto.

    Para o Sol, almscar, incenso, mirra, aafro, trevos, louros e canela eram

    misturados ao crebro de uma guia e ao sangue de um galo branco

    informados em bolas e colocados nas chamas. Os espritos que surgiam

    sob a gide de Vnus pediam espermacete, rosas, coral, alos,

    misturados com o crebro e sangue de um pombo branco. Pode-se ver

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    E.I.E. Caminhos da Tradio A Tradio Mgicka dos Bon Poque muitos dos itens citados acima so familiares a vrias prticas

    ocultas.

    Mercrio pedia incenso misturado com o crebro de uma raposa.

    Os fogos deviam ser feitos Ionge das habitaes dos homens. Os

    espritos da Lua eram tidos como os mais difceis de propiciar. Eles

    apareciam como fantasmas envoltos em tecidos muito finos, com rostos

    plidos e luminosos. Para eles o fogo precisava de sementes de papoula,

    sapos secos, cnfora, incenso e olhos de touro misturados com sangue.