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Transcrição da Teleconferência Resultados do 2T11 Braskem (BRKM3 BZ) 15 de agosto de 2011 1 Operadora: Bom dia e obrigada por aguardarem. Sejam bem vindos à teleconferência da Braskem para discussão dos resultados referentes ao segundo trimestre de 2011. Estão presentes hoje conosco os senhores Carlos Fadigas Diretor-Presidente; Marcela Drehmer, Vice- presidente de Finanças e de RI; e Luciana Ferreira, Diretora de Relações com Investidores. Informamos que esse evento está sendo gravado e que todos os participantes estarão apenas ouvindo a teleconferência durante a apresentação da Companhia, e, em seguida, iniciaremos a sessão de perguntas e respostas, quando mais instruções serão fornecidas. Caso algum dos senhores necessite de assistência durante a conferência, queiram, por favor, solicitar a ajuda de um operador, digitando *0. Esse evento também está sendo transmitido, simultaneamente, pela internet, via webcast, podendo ser acessado no endereço www.Braskem.com.br/ri , onde se encontra disponível a respectiva apresentação. A seleção dos slides será controlada pelos senhores. O replay deste evento estará disponível logo após seu encerramento. Lembramos que os participantes do webcast poderão registrar antecipadamente, no website, perguntas a serem respondidas durante a sessão de perguntas e respostas. Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas durante essa teleconferência, relativas às perspectivas de negócios da Braskem, projeções e metas operacionais e financeiras, constituem-se em crenças e premissas da diretoria da Companhia, bem como em informações atualmente disponíveis. Considerações futuras não são garantias de desempenho. Elas envolvem riscos, incertezas e premissas, pois se referem a eventos futuros e, portanto, dependem de circunstâncias que podem ou não ocorrer. Investidores devem compreender que condições econômicas gerais, condições da indústria e outros fatores operacionais, podem afetar o desempenho futuro da Braskem, e podem conduzir a resultados que diferem, materialmente, daqueles expressos em tais considerações futuras. Agora, gostaríamos de passar a palavra a Luciana Ferreira, Diretora de Relações com Investidores da Braskem, que iniciará a apresentação. Por favor, Luciana, pode prosseguir. Luciana Ferreira: Bom dia senhoras e senhores, gostaria de agradecer a todos pela participação em mais uma teleconferência trimestral da Braskem. Hoje discutiremos os resultados do 2T11. Inicialmente lembramos que, em atendimento à lei 11.638/07, os resultados aqui demonstrados refletem a adoção de regras contábeis internacionais IFRS. Além disso, a não ser que expresso em contrário, para todos os períodos demonstrados, o resultado consolidado da Braskem reflete a consolidação pro forma, incluindo 100% dos resultados de Quattor participações e Sunoco Chemicals, ativos adquiridos em abril de 2010. As demonstrações financeiras contemplam ainda a consolidação proporcional da RPR, refinaria de petróleo rio-grandense, e a consolidação integral da Cetrel a partir do 2T11, com retroatividade a janeiro de 2011. As informações aqui apresentadas foram revisadas por auditores externos independentes, com exceção da Sunoco Chemicals no 1T10. Vamos então para o slide seguinte, de número 3, por onde iniciaremos nossos comentários. No primeiro slide, o de número 3, veremos os principais destaques da

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Operadora: Bom dia e obrigada por aguardarem. Sejam bem vindos à teleconferência da Braskem para discussão dos resultados referentes ao segundo trimestre de 2011. Estão presentes hoje conosco os senhores Carlos Fadigas Diretor-Presidente; Marcela Drehmer, Vice-presidente de Finanças e de RI; e Luciana Ferreira, Diretora de Relações com Investidores. Informamos que esse evento está sendo gravado e que todos os participantes estarão apenas ouvindo a teleconferência durante a apresentação da Companhia, e, em seguida, iniciaremos a sessão de perguntas e respostas, quando mais instruções serão fornecidas. Caso algum dos senhores necessite de assistência durante a conferência, queiram, por favor, solicitar a ajuda de um operador, digitando *0. Esse evento também está sendo transmitido, simultaneamente, pela internet, via webcast, podendo ser acessado no endereço www.Braskem.com.br/ri, onde se encontra disponível a respectiva apresentação. A seleção dos slides será controlada pelos senhores. O replay deste evento estará disponível logo após seu encerramento. Lembramos que os participantes do webcast poderão registrar antecipadamente, no website, perguntas a serem respondidas durante a sessão de perguntas e respostas. Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer que eventuais declarações que possam ser feitas durante essa teleconferência, relativas às perspectivas de negócios da Braskem, projeções e metas operacionais e financeiras, constituem-se em crenças e premissas da diretoria da Companhia, bem como em informações atualmente disponíveis. Considerações futuras não são garantias de desempenho. Elas envolvem riscos, incertezas e premissas, pois se referem a eventos futuros e, portanto, dependem de circunstâncias que podem ou não ocorrer. Investidores devem compreender que condições econômicas gerais, condições da indústria e outros fatores operacionais, podem afetar o desempenho futuro da Braskem, e podem conduzir a resultados que diferem, materialmente, daqueles expressos em tais considerações futuras. Agora, gostaríamos de passar a palavra a Luciana Ferreira, Diretora de Relações com Investidores da Braskem, que iniciará a apresentação. Por favor, Luciana, pode prosseguir. Luciana Ferreira: Bom dia senhoras e senhores, gostaria de agradecer a todos pela participação em mais uma teleconferência trimestral da Braskem. Hoje discutiremos os resultados do 2T11. Inicialmente lembramos que, em atendimento à lei 11.638/07, os resultados aqui demonstrados refletem a adoção de regras contábeis internacionais IFRS. Além disso, a não ser que expresso em contrário, para todos os períodos demonstrados, o resultado consolidado da Braskem reflete a consolidação pro forma, incluindo 100% dos resultados de Quattor participações e Sunoco Chemicals, ativos adquiridos em abril de 2010. As demonstrações financeiras contemplam ainda a consolidação proporcional da RPR, refinaria de petróleo rio-grandense, e a consolidação integral da Cetrel a partir do 2T11, com retroatividade a janeiro de 2011. As informações aqui apresentadas foram revisadas por auditores externos independentes, com exceção da Sunoco Chemicals no 1T10. Vamos então para o slide seguinte, de número 3, por onde iniciaremos nossos comentários. No primeiro slide, o de número 3, veremos os principais destaques da

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companhia neste período: A receita líquida atingiu US$ 5,2 bilhões, 18% superior ao 1t11 e 39% quando comparada ao 2T10, refletindo os maiores preços de resinas e petroquímicos básicos no período, em linha com a tendência de alta do mercado internacional. No acumulado do ano, a receita líquida atingiu US$ 9,7 bilhões, um crescimento de 31% em relação ao 1S10. A Braskem apresentou EBITDA recorde de R$1,2 bilhão no 2T11, explicado, principalmente, pela melhor margem de contribuição no 2T. Nos últimos 12 meses, o EBITDA alcançado também é recorde, US$2,5 bilhões ou R$4,2 bilhões. A Companhia segue comprometida com solidez financeira e o indicador dívida líquida/EBITDA apresentado em 30 de junho foi de 2,30x, uma queda de 3% em relação a março e de 19% em relação ao mesmo período do ano anterior; demonstrando a intenção da companhia de permanecer num patamar de alavancagem abaixo de 2,5x bem como sua decisão de manter a maior parte de seu endividamento em dólares, o que equilibra o efeito negativo da apreciação do real no EBITDA com o positivo da redução de juros e principal desse mesmo impacto na dívida. A conquista do investment grade permitiu acesso a um novo mercado. Em julho de 2011 a Braskem concluiu a emissão de US$500 milhões em bônus de 30 anos, com yield de 7,25% a.a. E cupom de 7,125% a.a. Os recursos serão utilizados para o pré-pagamento de dívidas de curto e médio prazo, em linha com sua estratégia de reestruturação do perfil de endividamento. Em relação às sinergias provenientes da aquisição da Quattor, dos R$377 milhões estimados para 2011, R$163 milhões foram capturados neste 1s11, sendo os principais ganhos nas frentes industrial e logística. Por fim, em linha com seu plano de crescimento, a Braskem anunciou ao final de julho a aquisição do negócio de polipropileno da Dow Chemicals pelo valor de US$323 milhões. Com capacidade total de 1.050 KT/ano de PP, e plantas localizadas nos EUA e Europa, a companhia dá um importante passo no seu processo de internacionalização. Além da expansão global dos ativos industriais, a Braskem terá acesso a um novo portfolio de produtos e clientes, trazendo sinergias às operações atuais, em linha com sua estratégia de crescimento e criação de valor. Passando agora para o próximo slide, o de nº 4. No slide de número 4 veremos o desempenho dos principais segmentos da companhia no 2º trimestre de 2011 versus o trimestre anterior. A receita em USD, de todos os segmentos, apresentou alta em relação ao mesmo período do ano anterior. No caso de poliolefinas, as vendas totais ficaram em linha com a apresentada no primeiro trimestre do ano. A receita em dólares, no entanto, foi 8% superior, positivamente influenciada pelos maiores preços praticados no período. No caso de vinílicos, as vendas totais de PVC apresentaram crescimento de 12% no período, enquanto as vendas de soda cresceram 7%, ambas influenciadas pela recuperação nos volumes de produção. Somando a alta de preços no trimestre, a receita em dólares apresentou um crescimento de 19% em relação ao 1T11. Em relação a insumos básicos, as vendas totais de eteno e propeno apresentaram alta de 8% em relação ao 1T11, enquanto as vendas de butadieno cresceram 9%, reflexo da recuperação gradativa na taxa de operação do cracker da Bahia, que havia sido afetada pela queda de energia em fevereiro último.

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A alta dos preços de petróleo, paradas programadas e não programadas de manutenção, associadas ao maior uso do gás ao invés da nafta, têm impulsionado os preços de eteno e diversos coprodutos do cracker, influenciando positivamente a boa performance de insumos básicos. O segmento de negócios internacionais apresentou crescimento de receita de 18%, influenciado por maiores preços de polipropileno. Passando agora para o próximo slide, de nº 5. No slide 5 observamos o desempenho do mercado brasileiro de resinas termoplásticas, bem como o desempenho das vendas da Braskem por setor. A demanda doméstica do 2T11 apresentou crescimento moderado de 2% quando comparada ao 2T10, atingindo cerca de 1,2 milhão de toneladas, influenciada pela volatilidade de mercado e expectativa de menores preços no mercado internacional, que acabou revertida em julho. Já as vendas da Braskem foram de 764 mil toneladas, estáveis em relação ao trimestre anterior e ao 2T10, ainda impactadas pela recuperação da taxa de utilização no período. Destaque para os setores de bens de consumo e construção civil, que apresentaram crescimento no trimestre. As importações mantiveram participação relevante, com market share de 29% para poliolefinas e 37% para PVC, refletindo (i) o deficitário mercado de PVC, cujo volume de importação foi superior a 100 mil toneladas; (ii) a apreciação do real; (iii) e o maior volume de material importado ofertado na região durante o período, que aproveita a janela de oportunidade via porto incentivado, que concede o benefício de crédito de ICMS, recentemente julgado inconstitucional pelo CONFAZ, conselho nacional de política fazendário. A estratégia para o ano contempla a recuperação de parte deste market share. Seguindo para o slide de número 6. Neste slide de número 6, apresentamos os fatores que influenciaram o EBITDA do segundo trimestre de 2011 na comparação com o primeiro trimestre. O EBITDA consolidado da companhia atingiu patamar recorde de R$1.152 milhões, uma alta de 25% em relação ao trimestre anterior, impactado positivamente pelo crescimento do volume de vendas, em R$50 milhões, e pela margem de contribuição, em R$263 milhões. A alta dos preços de resinas e petroquímicos básicos, em linha com o mercado internacional, compensou os maiores preços de matéria-prima. A apreciação do real de 4% no período gerou um efeito negativo de R$84 milhões, sendo R$376 milhões negativos na receita e R$292 milhões positivos no custo. Passando para o próximo slide. No slide 7, apresentamos a evolução do EBITDA do 2T10 comparado ao EBITDA do 2T11. Novamente, apesar da alta de matéria-prima, a margem de contribuição teve impacto positivo de R$381 milhões, influenciada pelos melhores preços de resinas e petroquímicos básicos, que acompanharam os maiores preços praticados no mercado internacional. O impacto cambial foi de R$231 milhões negativos, sendo R$800 milhões positivos no custo e R$1.031 milhões negativos na receita, decorrente da apreciação do real em 11% entre os períodos. Seguindo para o slide número 8. O slide 8 ilustra a situação de endividamento da Braskem em 30 de junho de 2011, quando a Companhia apresentou dívida bruta de US$ 7,9 bilhões, 2% superior à registrada em 31 de março de 2011. Em reais, a dívida bruta foi de R$12,3 bilhões, uma redução de 2% explicada pela desvalorização do dólar em 4,2% no período. A parcela em dólares ficou em 60%. O saldo de caixa e aplicações em dólar apresentou queda de 4% totalizando US$1,7 bilhão. Em Reais, esta queda foi um pouco mais significativa, de 8%, ficando em R$2,6 bilhões. Com essa disponibilidade, a Braskem tem uma cobertura de 21 meses de amortização de dívida e, considerando a

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linha de crédito rotativo, stand by, de US$ 350 milhões, a cobertura é de 27 meses. Do total da dívida, apenas 10% tem vencimento em 2011. Por consequência, a dívida líquida consolidada da companhia foi de US$6,2 bilhões, 4% superior à apresentada no final do primeiro trimestre de 2011. Quando medida em reais, a dívida líquida foi de R$9,7 bilhões, em linha com a apresentada em março de 2011. O crescimento de 3% do EBITDA nos últimos doze meses, associado à manutenção da dívida líquida em reais dada a apreciação da moeda e a manutenção de grande parte da dívida em dólar, resultou na queda da alavancagem financeira medida pela relação dívida líquida/EBITDA de 2,37 vezes no primeiro trimestre para 2,30 vezes no segundo trimestre de 2011, em linha com o objetivo da companhia de manter sua alavancagem em torno de 2,5 vezes. Quando expressa em USD, a alavancagem foi de 2,47 vezes, uma queda de 2%. O prazo médio do endividamento no 2T11 foi de 10,3 anos, reduzido em relação ao prazo médio de 12,4 anos registrado no 1T11, devido principalmente ao exercício do call, em abril, do bônus perpétuo emitido em 2006, no valor de US$200 milhões, com custo de 9% a.a. No mesmo período, a companhia conduziu uma operação de liability management que envolveu a emissão de US$750 milhões em bônus com vencimento em 2021 e utilizou essa captação para recomprar cerca de US$400 milhões de parte de títulos antigos da companhia, cujos custos eram menos atrativos. Ao final de julho de 2011, a Braskem emitiu ainda US$500 milhões em bônus com vencimento em 2041, com yield de 7,25% a.a. E cupom de 7,125% a.a. Esta foi a primeira emissão da Companhia com prazo de 30 anos, e possibilitou o acesso a um novo perfil de investidores. Considerando os pré-pagamentos já realizados no liability management e os que serão realizados com esta última captação, o prazo médio da dívida da Companhia será estendido para aproximadamente 12 anos, mantendo seu custo médio em patamares competitivos, 6,1% em USD e 83,9% do CDI em Reais. Passando para o slide 9. O slide 9 mostra as sinergias referentes à integração da Quattor A captura de sinergias no 1S11 totalizou R$163 milhões, com ganhos provenientes principalmente das frentes industrial e logística em decorrência (i) da melhor eficiência operacional, com destaque para a otimização de produção do cracker, com maior valorização de produtos como gasolina e butadieno; (ii) da redução do número de grades de resinas e (iii) da melhor integração do planejamento de 1ª e 2ª geração. Em 2011, a Companhia espera capturar R$377 milhões em EBITDA anual e recorrente, alcançando R$495 milhões em 2012. As frentes industrial e logística representam a maior concentração das sinergias identificadas. Na frente industrial, destaca-se o refinamento do planejamento de produção e vendas de coprodutos dos crackers, como aromáticos e butadieno; melhor mix das plantas de segunda geração, com redução do número de grades por planta; e centralização do planejamento de manutenção dos ativos, com otimização das equipes e escalonamento das paradas. Na frente logística, os ganhos são em grande parte provenientes do melhor planejamento de vendas, distribuição e armazenagem. Em suprimentos, destaca-se a compra integrada de insumos e renegociação de contratos de terceiros. Passando para o slide 10. No slide 10 detalhamos um pouco mais a aquisição do negócio de polipropileno da Dow. A transação está perfeitamente em linha com a estratégia da Braskem, de crescimento com criação de valor, e de seu interesse claro de aumento da presença no mercado das Américas. Adicionalmente, traz o benefício de expandir suas

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operações industriais para a Europa, cujas plantas estão localizadas na Alemanha, o país mais sólido do bloco econômico europeu e a 4ª maior economia do mundo. A capacidade de 1.050 KT/ano está dividida em quatro plantas industriais, sendo duas nos EUA e duas na Europa. A capacidade dos EUA, que é de 505 KT/ano, nos levou à liderança do mercado de PP neste país, um dos maiores consumidores de resinas termoplásticas do mundo. Ao se tornar líder do segmento no país, a Braskem se candidata a ser a fornecedora preferencial dos seus clientes e, com isso, ganhar uma participação maior de mercado, podendo, no futuro, também ter uma vantagem de precificação. Adicionalmente, o portfolio de produtos adquirido é complementar ao nosso, com importante participação no segmento de embalagem rígida e não tecido. A presença na Europa, por sua vez, traz acesso a um novo portfolio de clientes, o que pode trazer sinergia comercial com outros produtos da Companhia. Em relação às sinergias, a estimativa é de que a Braskem seja capaz de capturar US$140 milhões em valor presente líquido. As frentes identificadas estão relacionadas à otimização de produtos, compra de matéria-prima e logística. Em um futuro breve poderemos precisar um cronograma e mais detalhes a respeito desta captura. Passando para o último slide, o de número 11. Neste slide apresentamos a perspectiva para a indústria e as principais concentrações da administração, a expectativa para o 2º semestre da indústria petroquímica mundial é de recuperação do spread resina-nafta em relação ao 2º trimestre do ano. Os principais fatores que influenciam este cenário são: (i) paradas programadas na Ásia e da recuperação da demanda regional; (ii) contínua instabilidade operacional das operações no oriente médio – problemas no fornecimento de gás associado à produção de petróleo nesta região; (iii) e das menores taxas de operação – problemas operacionais na Europa e paradas programadas e não programadas nos EUA. Pontos de atenção continuam relacionados ao risco de desaceleração da demanda dos países emergentes e volatilidade nos preços de matéria-prima, afetada por fatores exógenos ao balanço de oferta e demanda global como as dificuldades financeiras e a economia mais fraca nos EUA e Europa. Uma forte demanda por resinas ao final de 2010 e um cenário volátil da economia mundial acabaram impactando o crescimento do mercado doméstico de resinas termoplásticas no 1º semestre. Entretanto, a expectativa de demanda para o 2º semestre permanece positiva, sendo sazonalmente mais favorável. Neste cenário, a Braskem continua focada no abastecimento do mercado brasileiro, trabalhando junto com os clientes para o fortalecimento da cadeia petroquímica e de plásticos brasileira. Outro foco prioritário continua a ser a captura de sinergias e a contínua agregação de valor às suas aquisições, a exemplo do que foi realizado em 2010 em termos de melhorias operacionais tanto na Quattor como na Braskem América; e futuramente no negócio de polipropileno recentemente adquirido. Buscando assegurar a liderança das américas, a Braskem mantém como prioridades do curto e médio prazo a conclusão da expansão de PVC com previsão de entrada no 2T12; finalização da estruturação do project finance do México para obtenção do final investment decision pelo CA até o final do ano; estudos de expansão da oferta no Brasil, através do uso de gás e de possíveis novos projetos nos EUA para aproveitamento da matéria-prima competitiva proveniente do shale gas.

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Encerramos aqui a nossa apresentação e passamos para a sessão de perguntas e respostas. Paula Kovarsky, Itaú BBA: Bom dia. Eu queria começar com duas perguntas. A primeira delas, sobre mercado global, entendendo o quanto é difícil responder essa pergunta no momento de volatilidade que estamos vivendo, mas nós vimos uma melhora de spreads ao longo dessa semana, que muito provavelmente reflete mais a queda do preço de petróleo do que qualquer perspectiva de melhora de demanda lá fora, mas gostaríamos muito de ouvir qual é a visão de vocês para 2S. Vocês mencionam menores taxas de operação em Estados Unidos e Europa por conta de paradas; só gostaria de entender um pouco qual seria o impacto disso, e se essa eventual melhora de spreads para o 2S está levando em consideração o restante das entradas de capacidade para esse 2S, ou se vocês já estão contando com algum atraso nessas entradas por conta dessa situação de volatilidade e de crise. Essa seria a primeira pergunta. A segunda, com relação a mercado doméstico, vocês mencionam crescimento de 2% trimestre contra trimestre, mas, se eu entendi direito, esse é o crescimento das vendas da Braskem em resina. Vocês poderiam nos dar um pouco mais do panorama de crescimento de demanda doméstica no mercado total, e o que vocês estão vendo em julho e início de agosto, se tem, de fato, um pick up de demanda, e de que maneira isso está refletindo em preço, se existe uma tendência mais baixista de preço de resina nesse momento de recuperação de mercado. Carlos Fadigas: Eu vou começar pela sua segunda pergunta. Quando falamos de 2% na apresentação, estávamos nos referindo ao mercado total. A Braskem ficou em linha com o que tinha tido no anterior. O que cresceu do 2T10 para o 2T11 em 2% foi o mercado total. Esse é o dado de passado. O dado de futuro, meu primeiro comentário sobre volume andando para frente é que o 3T tem sempre um efeito favorável de sazonalidade. Você pega o mercado brasileiro do 3T contra o 2T, no número do ano passado você tem um crescimento de mais ou menos 200.000 toneladas, que no tamanho do mercado dá alguma coisa entre 15% e 20%. Então, independente de crescimento de mercado, tendemos a ter um trimestre melhor no 3T por conta da sazonalidade normal. Em termos de crescimento de mercado para frente, tirando sazonalidade e falando de crescimento de PIB e de mercado para frente, eu diria que essa é uma leitura, a essa altura, um pouco mais difícil de ser feita. Nós estamos em um ano com uma avaliação um pouco mais otimista, a partir de um crescimento de PIB esperado àquela altura de 4,5% a 5%, e dois fatores mudaram um pouco a nossa visão; não só o próprio desempenho dos meses, mas dois outros fatores: uma revisão da projeção de PIB para o Brasil, que criou uma dinâmica de crescimento de mercado menor; mas também o próprio USD, que terminou favorecendo um pouco mais as importações. Então, eu ficarei com um foco mais no curto prazo, 3T contra 2T, em cima da sazonalidade, e por conta do cenário internacional muito instável, eu gostaria de aguardar um pouco mais para fazer uma leitura do crescimento de mercado neste ano. Mas já adianto que naturalmente será um número razoavelmente mais modesto do que prevíamos no começo do ano.

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Paula Kovarsky: Você poderia dividir conosco, talvez, o que vocês viram em julho? Carlos Fadigas: Conceitualmente, posso. Sua pergunta deve ser na direção conceitual. Em julho já tivemos alguma recuperação, fruto de sazonalidade. Não vimos nada muito material em relação a julho do ano anterior. O comportamento não está tão diferente do que vimos até agora, como conceito. Paula Kovarsky: Existe alguma pressão de preço Fadigas? No mercado doméstico, especificamente. Carlos Fadigas: Paula, mercado doméstico, Braskem como price maker, na verdade, o que temos feito para determinar preço no mercado é a mesma política que sempre adotamos que é o realinhamento com o preço internacional. Então, tem um pequeno delay, mas a política da Braskem é essa e não pretendemos mudar, até porque tem uma dinâmica de mercado aí fora, e sempre colocamos que a determinação de preço do mercado interno é feita pela dinâmica de mercado externo, com algum delay. Tem uma pressão de volumes, Paula, por uma questão de importação. Mas aí tem três fatores, um mais estável, que é câmbio, mas dois outros que são importantes de comentarmos. O primeiro foi o problema operacional em Camaçari, no 1T e no 2T, que afetou em primeiro lugar PVC, e em certa medida PE, e isso criou um aumento de importações mais pontuais. E o segundo é um movimento que vem crescendo e ganhando relevância, de porto incentivado, que acreditamos que começa a se reverter gradualmente, e temos duas evidências para isso: a primeira foi o Estado do Paraná, que tem o mesmo incentivo que Santa Catarina, mas tem volumes menores por uma questão de infraestrutura portuária e já reviu o incentivo que dava; dos 12% de ICMS interestadual, onde 9%, já tem uma previsão para, no começo do ano que vem, a vantagem do importador cair de 9% para 3%. E tem também julgamento recente do Supremo Tribunal Federal tratando como inconstitucional os benefícios dados por alguns estados. Além disso, nós sabemos, tem uma prioridade absoluta do Governo Federal, no momento em que o Governo está se forçando, abrindo mão de receita para dar apoio à indústria. O Governo está fazendo um esforço enorme para apoiar a indústria, e do outro lado a indústria está perdendo competitividade para o porto incentivado. Isso não é dinâmica só para petroquímica, é para vários setores, e achamos que alguma medida mais forte deve vir. Tem uma emenda transitando no Congresso para tratar desse assunto. Então, para voltar para o seu comentário de pressão de preço, na verdade não como pressão de preço, dado que Braskem determina, mas como pressão de volume, vemos que os market shares do importado cresceram na primeira metade deste ano e essa

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pressão continua, mas achamos que há dois fatores que podem reduzir este número ao longo do ano. Relembrando, não teremos mais o problema que tivemos no 1T, com o apagão, e além disso, a questão de porto incentivado, que esperamos que comece a mudar. Deixe-me só comentar sua primeira pergunta, porque as duas perguntas são abrangentes, vão bem na questão de dinâmica do setor; você pergunta de spreads no 2S. O que vemos no mercado internacional é que, apesar de alguma elevação de preço, e de spread principalmente, no começo do 2S, em julho, pontualmente, no 2S11 o movimento de preço de matéria-prima continuou. Temos visto isso recentemente, é só pegar o comportamento agora em agosto de matéria-prima, por conta especialmente da crise, e em algum momento acreditamos que as resinas terão o mesmo comportamento. Então, matéria-prima cai mais rápido, resina vem na sequência, e eu não vejo uma mudança significativa de spread. A elevação de spread do começo do trimestre, pela queda rápida da nafta, como você mesmo colocou na sua pergunta, eu não vejo esse aumento de spread se sustentando, daí porque em termos de spread internacional eu não vejo muita diferença no 3T em relação ao que tivemos no 2T, por exemplo. Paula Kovarsky: Está ótimo. Muito obrigada. Auro Rozenbaum, Bradesco: Bom dia a todos. Minha pergunta vai seguir um pouco a linha do assunto que está sendo tratado. Eu queria falar um pouco de mercado local, saber como anda o nível de estoques. Tivemos volatilidade em preço de petróleo, e isso costuma gerar um pouco de desestocagem. Queria saber como está o sentimento com relação aos estoques. E eu queria que você comentasse um pouco, Fadigas, se possível, sobre Oriente Médio. Como vocês estão vendo o desenrolar desse cenário para os próximos meses? Carlos Fadigas: Auro, bom dia. Vou lhe falar sobre estoques, porque estoque afetou um pouco o comportamento de demanda do 1S. O que vimos ao longo do 1T e especialmente do 2T foi um aumento constante de preço, tanto de matéria-prima, quanto de resina, o que fez com que alguns clientes preferissem consumir produto do que reestocar, aguardando o momento de retorno dessa curva. Esse momento começou a acontecer, por uma questão da instabilidade econômica internacional, já dentro do mês de agosto, e isso tende a refletir em um maior volume de demanda de resina. Neste exato momento, Auro, não vemos um comportamento uniforme de todos os segmentos. Eu esperava uma demanda mais forte, um pouco do que eu comentei na pergunta anterior, na medida em que essa curva de preços se invertesse, com o setor vindo buscar mais resina, mas começamos a trabalhar também com a probabilidade de que, por conta da instabilidade econômica, ninguém está querendo refazer estoque de forma material.

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Ainda que o preço estimule por alguma redução, ou por expectativa de redução, tem também agora uma incerteza com relação ao cenário econômico. Então, é difícil fazer uma leitura clara de estoque, resumindo minha resposta. Nossa expectativa era exatamente a de aumento de volume de demanda quando a curva de preço se invertesse. Não estamos vendo isso de maneira material; vimos alguma coisa, mas aí também tem a própria sazonalidade de 3T, e eu não vi na materialidade que gostaria de ter visto. Isso pode estar sendo causado por incerteza em relação ao cenário econômico, e eu espero que seja esse o caso, porque isso significa que em algum momento esse estoque será refeito. Por enquanto, não estamos vendo esse benefício. Eu vou passar para a Marcela, ela vai comentar um pouco a questão de Oriente Médio, sua segunda pergunta. Marcela Drehmer: Auro, bom dia. Com relação ao Oriente Médio, não estamos vendo nenhuma grande alteração no que temos visto até agora. As taxas de operação continuam abaixo de 80%, então ainda é um cenário de pouca disponibilidade de matéria-prima, muito associado à produção de petróleo, também. E com essa reversão de tendência, essa crise que estamos vendo daqui para frente, também não estamos esperando nada diferente. Com relação ao cenário de Oriente Médio, muito em linha do que temos visto até agora. Auro Rozenbaum: E o que acaba motivando isso lá? Marcela Drehmer: Se você vê o mundo crescendo com taxas relativamente baixas, a produção de petróleo é relativamente baixa, e o gás associado a essa produção também. Então, tem uma indisponibilidade de matéria-prima, matéria-prima escassa, e, junto com isso, algumas sanções que continuam, com relação ao Irã, também. É um cenário muito parecido com o que temos visto desde o ano passado. Auro Rozenbaum: OK. Obrigado. Gustavo, BTG Pactual: Bom dia. O curioso é que eu comecei o call com algumas perguntas, mas depois das suas palavras, Fadigas, acho que vou mudar um pouco o ângulo que eu estava procurando. A primeira pergunta que eu gostaria de lhe fazer, Fadigas, é a seguinte: escutando você falar agora, o que tiramos de sensação aqui é que eu estou tendo, primeiro, uma queda de preço, que eu imagino que seja aqui no Brasil, de forma até relevante, para estar levando a essa expectativa de melhora de venda, e uma frustração, também aqui no Brasil, dessa expectativa de venda. Duas coisas que podem ter total e completo cunho de curto prazo, mas é um pouco curioso, ao menos para mim, ouvir a ênfase que está sendo colocada nisso da sua parte. Então, a primeira coisa que eu queria entender é o seguinte: já passamos por alguns resultados nesses dias em que o pessoal mandou uma sinalização bastante cautelosa

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para o 3T. A cabeça de vocês, realmente o cenário está tão pior assim? Os dados preliminares que temos de julho e agosto são realmente suficientes para esse tipo de postura, ou o que estamos enxergando agora é algo normal, que pode ser que daqui a duas semanas sua cabeça esteja completamente diferente? Só queria entender a materialidade desse movimento. Carlos Fadigas: Gustavo, deixe-me colocar o primeiro ponto. Sua pergunta é muito boa, tem a ver com nossa visão de futuro. Gustavo: Minha preocupação maior não é nem sua visão de futuro, é o quanto que os dados estão realmente suportando essa visão e o quanto ainda é só cautela. Carlos Fadigas: Deixe-me lhe dizer o seguinte: o primeiro ponto, quando falamos de volume de venda e crescimento de volume de venda, vamos isolar duas coisas. Tem um crescimento de volume de venda por sazonalidade; o 3T sempre foi o trimestre mais forte da petroquímica nacional. Você pega o número do ano passado, de vendas, e vê que as vendas cresceram mais ou menos 200.000 toneladas, em um mercado nacional que consome 1,2 milhão de toneladas, em média, por trimestre. Estou lhe dando grandes números. Quando falamos de maiores vendas no 3T, isso tem a ver com sazonalidade, um trimestre que é historicamente mais forte, como o do ano passado também foi. Segundo dado importante na dinâmica de volume: nós não estamos vendo volumes melhores que no ano de 2010. O 2T foi 2% melhor que no ano passado, é um número baixo, e não estamos vendo nenhum crescimento em relação ao ano anterior de forma material. Essa é a dinâmica de volume. Você comentou de queda de preço na sua pergunta. Nós não estamos reduzindo preço no mercado doméstico para conquistar mais volume. Então, isolando, volume eu já comentei qual é a dinâmica, e preço, estamos realinhando com o preço internacional. Esses preços internacionais cresceram ao longo da primeira metade do ano, entraram julho ainda crescendo, final de julho e agosto, por conta da crise, cederam um pouco, e essa é um pouco da visão de dinâmica de preço. Sobre conservadorismo, Gustavo, a volatilidade da semana passada, e a revisão, inclusive, feita de forma continuada de PIB brasileiro para baixo, saindo de 4,5% a 5% como intervalo e vindo para 3,5% a 4% como intervalo novo, e aí talvez 3,7%, 3,8%, o consenso de mercado; esses dois fatores, um mais de longo prazo, o Brasil vem revendo para baixo a questão de PIB há algum tempo, e uma volatilidade muito grande, essas duas coisas estão nos sugerindo certa cautela. Os números que tem vindo são esses que estamos divulgando, são números em linha com os do ano passado. Então, onde eu gostaria de ver um crescimento de 7%, 8%, para um PIB que cresce 3,7%, não estamos vendo, o 2T deu uma indicação disso, e daí a cautela.

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Os números reais não nos autorizam nenhum pessimismo, nenhum grande receio. Eu estou vendo só um ano cujo crescimento, até a primeira metade do ano, não se mostrou de forma material. Por isso estamos sendo um pouco mais cautelosos. Gustavo: Perfeito. Mas, mesmo assim, o curioso para nós é que o ano sob a óptica do que você tem conseguido ter de preço, de margem, de retorno por unidade vendida, Fadigas, pelo menos no meu lado está relativamente bom. O que você está querendo dizer é que por enquanto isso ainda não está mudando, o que você está realmente vendo é uma mudança do trend de volume do ano passado para cá. É isso? Carlos Fadigas: É exatamente isso. Gustavo: Perfeito. Deixe-me pular para uma segunda pergunta, porque essa resposta acabou por desarmar minha outra. Mas eu queria entender de vocês o seguinte, Fadigas: hoje, quando olhamos para vocês, vemos uma empresa que ainda está tomando grandes passos; agora vimos a Dow, mas tem um esforço todo de arrumar a casa com tudo o que foi comprado nesses últimos anos. Eu só queria saber se o cenário ficar um pouco mais desacelerado para o mercado em geral, muda alguma das suas prioridades; você ficaria mais comprador de ativo? Tem alguma coisa que muda na postura de vocês, para pensar em como devemos pensar na Braskem daqui a um ou dois anos? Carlos Fadigas: Não muda muito, Gustavo. E até para repassar um pouco qual é nossa visão para frente brevemente, não muda. E qual é nossa visão hoje: o Brasil continua sendo uma prioridade, tem duas plantas sendo construídas neste exato momento, de butadieno no Sul, PVC em Alagoas; 100.000 de butadieno e 200.000 toneladas por ano de PVC. Comperj é uma prioridade absoluta para a Braskem. Boas notícias recentes, confirmação por parte da Petrobras. O Diretor de Abastecimento, Paulo Roberto, já tinha se manifestado dizendo que o Comperj seria feito a partir de gás; a Diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Foster, também se manifestou, dizendo que o complexo será feito essencialmente a partir de gás, e inclusive que a Petrobras tomou a decisão de adiar uma unidade de liquefação de gás em alto mar, para trazer por duto esse gás para a costa para alimentar o Comperj. O Governo Brasileiro colocando ênfase na industrialização do País, o pacote Brasil Maior. Essa é a primeira grande prioridade da Braskem, crescer com o mercado brasileiro. 2011 pode não estar sendo o melhor ano, mas o Brasil vai continuar crescendo. Tem a macroeconomia arrumada, todo mundo sabe disso, e a Braskem tem a obrigação de liderar esse crescimento na petroquímica. Essa é a primeira prioridade. Fora do Brasil, eu separaria a parte externa em três frentes: tem a frente de América do Sul, que vocês têm acompanhado, Venezuela e Peru, não tem grandes novidades. Cada um terá seu timing, e quando o momento certo chegar, a Braskem fará o movimento que precisa fazer. Já que eu separei em três, a segunda parte é o México, projeto que caminha muito bem, tem uma equipe grande trabalhando em engenharia, e esperamos ter a terceira e última

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fase do detalhamento de engenharia, que chamamos de FEL, o FEL 3 no final deste ano, junto com o pacote financeira, para, na virada do ano, aprovar o projeto no Conselho. E a terceira e última vertente, América do Norte, agora Estados Unidos especificamente, a Braskem se posicionou bem em PP – pelo menos eu acredito –, comprando ativos no momento de margem um pouco mais desafiada, portanto comprado ativo a 30% do valor de reposição, se não menos que isso, e agora nossa estratégia caminhará em uma estratégia de matéria-prima para os ativos de PP e estudar um projeto integrado em PE. Em PE não faz muito sentido comprar ativo, eles continuam muito valorizados por conta da vantagem do etano vindo de gás; daí porque não faz muito sentido comprar ativo. Ainda que compremos em um múltiplo interessante, seria em cima de um EBITDA historicamente alto. Se você pega os anúncios de resultado na América do Norte, todo mundo que faz PE está batendo recorde de EBITDA, também. Então, na cadeia de PE, a lógica é achar. Mas é um projeto mais de longo prazo, toma seu tempo, também, para ser estruturado. Então, não muda muito a estratégia de Braskem. Em termos de integração de ativo, o ativo da Sunoco está integrada, o EBITDA cresceu no ano passado 73%; Quattor está integrada também, em fevereiro deste ano o CADE autorizou, já montamos uma estrutura única, estamos rodando com estrutura única desde o começo deste ano. O EBITDA no ano passado já tinha reagido, e este ano vamos acelerar a captura de sinergias. Capturamos, no ano passado, R$170 milhões de sinergias, e para este ano nossa meta é R$377 milhões, estamos na direção certa de capturar. Eu não sei Gustavo, se era esse cenário que você tinha na cabeça de estratégia de Braskem para frente, mas aproveitei sua pergunta para repassar brevemente, e ele não muda, a menos que o cenário externo continue mudando muito. Mas, em princípio, essa continua sendo nossa estratégia. Gustavo: Está ótimo. Se eu puder só fazer dois pedidos, eu adoraria saber quanto foi a contribuição do lucro bruto, tanto da Quantic quanto da negociação de nafta de vocês, para entender um pouco se tem alguma coisa extraordinária nesse trimestre. E em um futuro próximo, eu realmente adoraria se vocês pudessem, também, colocar os dados de receita abertos, pro forma, de 2009, só para seguir esse mesmo padrão que vocês passaram a usar a partir desse 1T11. Mas isso, depois, quando vocês puderem, está ótimo. Obrigado. Pedro Medeiros, Citigroup: Bom dia. Eu tenho três perguntas, um pouco mais objetivas e, se possível, até quantitativas. Conversamos bastante já sobre o estoque de produtos acabados e os cenários para o 2S, mas diante da volatilidade recente, eu queria que vocês pudessem comentar um pouco sobre como seu volume médio de estoque de nafta está em dias ao final do 2T, se você puder comentar alguma coisa, para o final de julho. A segunda pergunta é mais uma curiosidade, queria olhar um pouco sobre sua estrutura de capacidade para o curto e médio prazo. Se você puder resumir um pouco o seu cronograma de paradas programadas para o 2T, e se teve alguma atualização sobre o timing para entrada das novas expansões, especialmente da planta de PVC, que é esperada para o ano que vem.

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E nesse caso das capacidades, também, eu observei que houve uma mudança no perfil da estrutura de capacidade das plantas da Braskem Americas, com algumas plantas crescendo capacidade e outras caindo. Você poderia explicar um pouco o que aconteceu ali? E a última pergunta seria sobre as expectativas de recuperação de crédito fiscal do ICMS. Nesse trimestre, tivemos uma redução mais forte dessa conta no balanço; pelo que eu entendo, nesse trimestre houve a redução integral para compra de nafta em Camaçari. É possível fazer alguma estimativa de se teremos alguma aceleração nessa recuperação, ou não? E quanto isso pode ter afetado, ou impactado seu resultado nesse trimestre? Carlos Fadigas: Eu anotei aqui, deixe-me conversar pela parte de estoque de nafta. Não tem variação importante no estoque de nafta, Pedro, por uma questão muito objetiva: não temos capacidade de estocagem grande de nafta. A capacidade no Rio Grande do Sul é de, no máximo, 15 dias, na Bahia uma capacidade de sete dias, e aqui no Sudeste, no Rio de Janeiro é praticamente nenhuma, porque ela opera com gás, e estocagem de gás é muito difícil. Nos Estados Unidos, por exemplo, se estoca gás tipicamente em cavernas. Nós não temos essa estrutura de cavernas aqui, então é praticamente uma planta operando em linha. E a antiga PQU, o cracker central aqui do ABC Paulista, também tem um estoque baixo. Quando você faz uma média disso tudo, a Braskem não tem muito mais que 8, 9 dias de média, no máximo 10 dias de estoque de nafta. Esse é o extremo. Então, a Companhia não usa esse estoque para tentar fazer um preço de estoque médio. Na verdade, tentamos operar com um estoque não muito alto, exatamente para não deixar o capital de giro aplicado. Então, não tem um número de variação grande nisso, porque não tem muita amplitude nesse número. Em termos de paradas, nós concluímos a parada do cracker de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, antiga Riopol. É um cracker com capacidade máxima de 520.000 toneladas por ano de eteno; ele ficou parado por volta de 30 dias, começou a parada no final de junho, e o efeito material dessa parada ficará dentro do mês de julho. E temos só mais uma parada, que é uma parada de 40 dias em uma das duas linhas do cracker de Triunfo. O cracker de Triunfo, em números redondos, é um cracker de 1,2 milhão de toneladas de eteno, é composto por duas linhas, uma original, do final da década de 80, e uma segunda linha, maior, que foi construída em 1999. É essa segunda linha maior de eteno, que chamamos de Olefinas 2, exatamente por ter sido a segunda, que para em novembro e dezembro, por 40 dias, uma parada um pouco mais longo. Se você fosse pegar 1,240 milhão, 1,250 milhão de toneladas e dividir entre os dois crackers, eu recomendo que você não divida meio a meio. A segunda linha, como eu comentei, é maior, é uma linha de aproximadamente 700.000 toneladas de eteno, você divide isso por 365, considera 40 dias de parada e verá um pouco do efeito disso. Em termos de Braskem America, quando a compramos, anunciamos uma capacidade de aproximadamente 920.000 toneladas. Quando anunciamos agora a aquisição dos ativos da Dow, eles foram somados a uma capacidade, e não teve uma variação muito grande de capacidade nas plantas dos Estados Unidos.

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Você tem a taxa de utilização; a planta do nordeste, do Estado da Pensilvânia, o fornecedor tem tido alguma dificuldade de fornecimento de matéria-prima, mas não tem nenhum grande efeito. Depois da aquisição, naturalmente a Braskem passou a operar a Braskem America dentro do modelo de operação que tínhamos no Brasil. Eu vou passar para a Marcela responder sobre crédito fiscal, e depois eu gostaria de lhe pedir, talvez para esclarecer um pouco mais a origem da sua pergunta, para entrarmos em mais detalhes na questão de Braskem America. Marcela Drehmer: Pedro, com relação à questão do ICMS, o que temos em função dos acordos assinados, tanto com Rio Grande do Sul quanto com Bahia, é a possibilidade de monetizar R$17,350 milhões por mês. O que aconteceu especificamente nesse trimestre é que acabamos monetizando um pouco mais; estávamos esclarecendo uma dúvida com relação a um procedimento específico, mas vamos devolver essa monetização. Então, para suas análises e projeções, o que tem que ser utilizado é esse valor, que é o máximo, é o limite baseado nos nossos acordos. Essa monetização extraordinária, vamos devolver no próximo trimestre. Pedro Medeiros: OK. E Marcela, ao fazer a redução integral em Camaçari, você tem algum impacto positivo no seu resultado no trimestre? Marcela Drehmer: Na realidade, não, porque como já estava vindo aos poucos, e nós temos uma venda expressiva, já estávamos utilizando todo o limite que o Governo do Estado nos autoriza a compensar. Então, estamos limitados ao valor máximo. Se não estivéssemos limitados ao valor máximo, aí sim teríamos um efeito. Mas como eu tenho um valor máximo por mês a monetizar, não vai ter um impacto. Pedro Medeiros: Perfeito. E Fadigas, quanto à questão da Braskem America, não sei se você prefere que eu entre em contato depois, mas pelo site de vocês, eu vi que teve uma mudança na composição entre West Virginia e Texas, com a Virginia subindo em mais ou menos 30.000 toneladas, e a capacidade no Texas caindo aproximadamente 60.000 toneladas em termos de capacidade nominal. Fiquei curioso em relação a isso. Carlos Fadigas: Perfeito, Pedro. Deixe-me comentar, porque eu também aproveitei para pegar mais dois ou três dados aqui. Quando a Braskem comprou a Sunoco, compramos as três plantas: Pensilvânia, West Virginia e Texas. Anunciamos a aquisição das três plantas etc. No Texas, tinha uma linha muito antiga, que o vendedor já tinha começado o processo de fechamento da linha, que é uma planta slurry, muito antiga. E ele, por conta do processo de venda, interrompeu o fechamento dessa linha. Quando a Braskem assumiu, a linha não remunerava direito o custo, e nós seguimos para fazer o fechamento dela.

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Não afetou materialmente a capacidade de operação. A Braskem continua nos Estados Unidos com as três plantas, duas delas Spheripol, uma delas Unipol, e não mudou muito. Mas esse fechamento foi feito, se não estou enganado, por volta de setembro do ano passado. Foi inclusive anunciado em mercado, repercutiu um pouco nos Estados Unidos, muito pouco no Brasil, porque de fato era uma linha muito pouco material, 50.000, 60.000 toneladas nominal, e estava rodando, inclusive, abaixo isso. Isso responde pela alteração que você viu no site do Texas. No site de West Virginia, o que houve foi uma avaliação da nossa equipe de que a planta tinha capacidade de rodar em uma taxa horária mais alta; a Braskem tem muita experiência em operação de planta Spheripol, e a planta de West Virginia é Spheripol. Temos cinco plantas Spheripol no Brasil, e isso respondeu por um aumento de capacidade na West Virginia. Quando você ajusta os dois números, chega a uma diferença de 30.000 toneladas. 950.000 quando anunciamos a aquisição, para eu aproveitar e corrigir o número; então, quando anunciamos, em fevereiro de 2010, anunciamos o número de 950.000, o número atual é 920.000, e esses 30.000 é o líquido desses dois movimentos, que eu chamaria de ajuste fino na capacidade da Braskem nos Estados Unidos. Pedro Medeiros: Perfeito. Então, inclusive, pelo seu comentário isso foi feito em setembro, e quando olhamos trimestre a trimestre a capacidade operação se mantém inalterada, é até talvez positiva. OK. Obrigado. Emerson Leite, Credit Suisse: Bom dia a todos. Eu tinha quatro pontos que gostaria de discutir com vocês. O primeiro deles é em relação a PVC. Dada a dinâmica do mercado interno, e dada a expansão que vocês estão efetuando em Alagoas, eu gostaria de saber como está sua visão para outras oportunidades de aumento de capacidade em PVC aqui no Brasil, e como se equacionaria a questão de matéria-prima, se for o caso. E uma segunda pergunta, mas de certa forma relacionada ao que eu estou querendo debater aqui, qual é o espaço que existe hoje no complexo industrial da Braskem para fazer debottleneckings adicionais? Essa foi uma fonte de geração de valor com altas taxas de retorno no passado, e eu queria saber até que ponto esse processo já se esgotou em termos de oportunidades de desgargalamento. Depois, eu tenho outra questão relacionada ainda ao assunto importações. Uma questão é a dos portos incentivados, que parece que vai caminhar para uma direção mais razoável daqui para frente. Mas outro ponto, que vocês sempre mencionaram no passado, é que havia uma dificuldade logística de importação, que a entrada de produtos importados no País esbarraria em uma dificuldade natural de logística, de que vocês tinham vantagem na questão de serviço ao cliente etc. No entanto, com esse aumento significativo do percentual de importados, eu me pergunto se de fato essas dificuldades existem, ou se talvez elas estejam superadas de forma mais fácil do que imaginaríamos há um tempo. E a última questão é relacionada às sinergias. Uma dificuldade que eu sempre tive, desde a época do Braskem Mais, é a questão da mensuração das sinergias. Como vocês fazem no dia a dia para medir se de fato vocês estão conquistando aquelas sinergias, e como tentamos enxergar isso nos resultados? Intuitivamente, as sinergias estão lá, mas

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muitas vezes é difícil visualizar financeiramente que elas de fato estejam acontecendo. Então, se houver alguma boa ideia para nós, seria legal. Obrigado. Carlos Fadigas: Emerson, obrigado pelas suas perguntas. Você cobriu uma área grande com elas, espero ter anotado tudo. Vou começar pela questão de entrada de capacidade e outras oportunidades de entrada de capacidade. Vou aproveitar para comentar que a previsão de entrada de capacidade, tanto de butadieno quanto de PVC, não mudaram. A planta de PVC de 200.000 toneladas, sendo construída hoje em Alagoas, deve começar a operar em maio do ano que vem, e a planta de butadieno, de 100.000 toneladas, entra no 2S13. Existe, sim, espaço para adição de capacidade de PVC. As importações hoje em PVC, exatamente por conta de Braskem e do outro produtor local não conseguirem suprir o mercado, estão altas, estamos falando de números entre 35% e 40%. Esse número já cai quando nossa planta entrar, em janeiro do ano que vem, mas tem espaço para adições de capacidade, sim. Para adicionar PVC no Brasil, você tem uma cadeia longa, como vocês sabem, saindo do sal e indo para o cloro, para o soda, e depois disso para o EDC, para o MVC e, por fim, para o PVC. A Braskem opera hoje de forma integrada, e o ponto de atenção para uma expansão de PVC será sempre o preço de energia elétrica, e o Brasil não é competitivo hoje em energia elétrica, muito pelo contrário, e também, em certa medida, o próprio preço de eteno. A planta de Alagoas promete ser tão fácil, eu diria, em certa medida, ter uma boa taxa de retorno porque ela tem certo ar de debottleneck. A Braskem já era e continua sendo, até essa planta entrar, uma exportadora de EDC. Então, estamos, na verdade, investindo em uma planta de MVC e em uma planta de PVC. Isso esta sendo feito em Alagoas, nós não precisamos voltar e construir a cadeia toda. Falando na próxima planta, depois dessa de maio do ano que vem, temos algumas alternativas. Uma delas é achar um espaço dentro do Comperj para construção de uma planta de capacidade de PVC, fazendo a cadeia toda, entendendo que o Comperj terá eteno competitivo. O que vamos precisar descobrir aí é se acharemos uma forma de ter energia também competitiva para fazer a quebra do cloro e da soda. Essa é uma alternativa. Outra alternativa, que não pode ser descartada, é de fato investir no Brasil, na produção, de novo, de MVC e PVC, e usar a produção de EDC disponível hoje no mundo, mais competitiva, para trazer o EDC e fazer o processo de industrialização em MVC e PVC. É um pouco como fazemos hoje com a parte da nafta. 70% da Braskem hoje vem da Petrobras, uma produção local; o Brasil estaria integrado da extração do petróleo, produção de nafta e produção de petroquímica, pois uma parte vem de fora, porque a Braskem consome mais nafta do que a Petrobras é capaz de fornecer. Nesse caso, essa segunda alternativa para PVC seria um desenho parecido, trazendo o EDC de fora. Avançando nos outros pontos da sua pergunta, DBN. Tem sim algumas possibilidades de DBN que estamos estudando. A Braskem tem uma planta de polipropileno na Bahia pequena, uma planta que era da Quattor; na verdade, era da Suzano Petroquímica lá atrás, e essa planta pode ceder espaço para uma planta nova, utilizando a capacidade de propeno que a Braskem tem na Bahia. Isso é só um exemplo.

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Vou dar outro exemplo: estamos estudando utilização de HLR em outras centrais petroquímicas. A central de São Paulo, aqui de Mauá, usa HLR que vem da refinaria do Vale do Paraíba, da Revap, e vem da própria refinaria de Capuava, também; mas existe HLR disponível, por exemplo, na Duque de Caxias, que está muito próxima à nossa central. HLR é hidrocarboneto leve de refinaria, é um corte de gás que a refinaria produz, e essa é uma alternativa que estamos discutindo com a Petrobras. Estou lhe dando dois exemplos, Emerson, para não ser exaustivo. Hoje, com 28 plantas no Brasil, esses exemplos são um pouco mais abundantes e as equipes da Braskem estão trabalhando neles também, até porque precisamos da comparação dessas alternativas com a construção do cracker integrado do Comperj. A questão de porto incentivado e logística, que você comentou. Eu já comentei aqui as minhas expectativas de que achemos uma solução para porto incentivado, e as dificuldades de logística continuam existindo, Emerson. Escoamento, por exemplo, do porto de Itajaí, em Santa Catarina, é um escoamento complicado. Existem discussões sobre se não deveria se fazer um investimento na BR que sobe de Santa Catarina para São Paulo, exatamente para dar conta desse escoamento; fala-se da construção de uma pista adicional. Eu não sei se isso é bom ou ruim. É claro que o Brasil precisa investir em infraestrutura rodoviária, em benefício de todo mundo, e essa construção, pontualmente atendendo uma porta de entrada enorme em prejuízo da indústria brasileira que eu não sei se é boa ou ruim. Então, os gargalos existem, e talvez eles estejam até freando um pouco a entrada de produto importado. A Braskem continua mantendo sua proximidade com seus clientes, e eu acho que com a compra da Quattor, discutimos muito internamente a questão do second source, o desejo de o cliente de ter segundo fornecedor. Nós vemos nos Estados Unidos que nossos clientes têm três, quatro fornecedores, isso pode ter transformado o importado, o percentual do consumo de alguns clientes nossos que vão puxar 10%, 15% do importado, até para ter uma segunda fonte de matéria-prima, especialmente nos grades mais commodity. Mas a Braskem continua próxima dos seus clientes. Não vou entrar no detalhe do programa que Braskem lançou, que é o programa VISIO, de parceria com clientes. Desenvolvimento de produto, desenvolvimento de mercado, crédito, apoio na competitividade do próprio cliente, isso tudo continua existindo e continua sendo uma das forças que a Braskem tem. Nosso empenho agora é exatamente reverter a tendência de crescimento de importação, atacando todos os pontos possíveis. Falei de redução de custos, e isso vem via sinergia, R$377 milhões o número deste ano, contra R$170 milhões do ano passado. Estamos trabalhando para anular o efeito da inflação sobre os custos fixos em Reais da Companhia, temos um programa agressivo de corte de custo em curso dentro da Braskem. Tudo isso faz parte do nosso esforço de manutenção de share de Braskem e de aumento de rentabilidade. Deixe-me aproveitar para comentar seu último ponto, que é a questão de mensuração de sinergia. Eu concordo com você: é difícil, olhando o DRE de fora para dentro da Companhia, achar precisamente onde está a sinergia. Primeiro porque ela está em várias

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linhas, não é só custo: você tem sinergia de receita, de acessar um portfólio de clientes menor, você isso em DVGA, despesas com venda, a parte logística também tem um efeito. Se você olhar o DRE em USD, você verá um aumento de rentabilidade da Braskem expresso em USD. Olhamos em Reais e essa tradução já diminui a expressão dos números, porque uma margem EBITDA com USD maior termina perdendo um pouco de expressão quando se faz em Reais. Só como efeito de comparação, se pegamos o 2T11 contra o 2T10, cresceu 25% em USD, e quando você vai olhar em Reais, cresceu só 11%. Então, no meio de várias peças que se movem, USD, preço, inflação, você achar a sinergia no detalhe é um pouco mais difícil para quem está de fora da Companhia. Nós temos discutido aqui dentro como dar um pouco mais de transparência. Nós temos, sim, dentro de casa uma forma bem objetiva de comparar. Essa sinergia é quebrada em diversas iniciativas, que têm um responsável, têm uma discrição do que é a sinergia, têm um ponto de partida como referência, e têm um delta entre o ponto de partida e a situação atual para acompanhar. Mas isso é com a disponibilidade das informações dentro de casa. Eu estou muito seguro com a forma como medimos internamente a sinergia, mas, ao mesmo tempo, concordo com você, não temos conseguido explicar de forma transparente. Isso vem lá de trás; seu desconforto é igual ao meu. Vem lá de trás, quando discutíamos onde estavam as sinergias no EBITDA da Braskem, porque isso vem junto com uma série de outros fatores. Eu vou ficar com o desafio colocado por você, eu e minha equipe, de tentar pelo menos no DRE apontar em quais linhas estão os efeitos de R$377 milhões em sinergia, porque em meio a essa variação dos outros fatores, de fato é difícil identificar. Emerson Leite: OK, Fadigas. Obrigado. Vicente Falanga, Banco Santander: Bom dia. Obrigado pelo call. Eu tenho duas perguntas: primeiro, como está essa dinâmica de reajuste no preço de contrato de vocês por conta da depreciação do USD? Eu lembro que no último call que fizemos, no 2T, vocês já estavam fazendo isso no 2T, e eu queria saber se isso continuou acontecendo no 3T, e se sim, se isso pode afetar a margem EBITDA em Reais no 3T ao ponto de vermos um EBITDA flat em relação ao 2T. Essa é a primeira pergunta. Minha segunda pergunta, em relação a essa questão da votação no porto de Santa Catarina, eu não ouvi direito: quando vocês esperam que essa votação aconteça? Está mais para o começo do ano que vem? Obrigado. Carlos Fadigas: Vicente, deixe-me começar pela segunda, e aí vou para a primeira pergunta. Porto de Santa Catarina: existem três indicações de que essa tendência de concessão de benefícios para importação deve mudar. Primeiro, foi um estado vizinho, o Estado do Paraná, que reviu seu modelo e está reduzindo em 77% o benefício dado ao importador,

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que cai de 9% do ICMS interestadual para 3%. Então, se sai de 9% para 3%, uma redução de 2/3 do benefício que era dado. Essa é a primeira indicação. A segunda indicação é o Supremo Tribunal Federal Brasileiro começando a se envolver nesse assunto e julgando alguns casos como inconstitucionais. O Supremo tipicamente julga a ação que é proposta a ele. O Supremo não legisla, então ele não tem como dizer que o benefício todo é inconstitucional. O que ele pode é julgar o caso que foi levado à apreciação do Tribunal e dizer que, neste caso, esse benefício não pode ser aplicado. Mas, em termos de votação, existe uma emenda proposta no Congresso Nacional para eliminar esse benefício, para mudar a forma como ele é regulado, que tem um efeito na prática de eliminar esse benefício, e eu espero que seja votada este ano. Isso porque o assunto virou prioridade do Governo Federal. Esperava-se, inclusive, que alguma menção a isso já fosse feita no anúncio do programa Brasil Maior, feito 15 dias atrás. Essa menção não foi feita, por questão de prudência, mas é prioridade absoluta do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do MDIC. O próprio Ministério da Fazenda também está envolvido; o Governo Federal, portanto, de maneira mais ampla, está envolvido para resolver esse assunto. A discussão é se o Brasil já faria uma revisão tributária, uma reforma tributária mais ampla ou não, e a tese que prevalece parece ser a de deixar a reforma tributária para depois, o que eu acho prudente, dada a complexidade de se aprovar alguma coisa desse tipo, e fazer um ajuste na questão de porto incentivado de forma mais rápida no curto prazo. Indo agora para sua primeira pergunta, quando você fala de reajuste de preço, meu entendimento é que você está falando de venda para os nossos clientes, não de matéria-prima. Então, vou comentar venda para os nossos clientes. Vicente Falanga: Correto. Carlos Fadigas: O reajuste de preço tem sempre, sim, algum delay, algum atraso, depende um pouco do período. Esse delay é tipicamente de 60 dias. Ele varia no tempo, Vicente. Quando temos, por exemplo, uma desaceleração mais aguda de economia com queda de preço lá fora, como aconteceu, por exemplo, em 2008, a redução de preço no mercado interno tende a ser um pouco mais rápida. E quando a oscilação de preço é menor, especialmente quando isso combina com um momento estável de economia, nem uma aceleração forte, nem uma desaceleração muito forte, nesse cenário o delay é maior. Nós vamos repassando com um pouco mais de calma, exatamente por conta de um cenário mais estável. Essa é a dinâmica geral. Em termos de preços no mercado internacional, vimos um aumento de spread no começo do trimestre, porque a nafta caiu mais rápida que as resinas, mas a expectativa para o mercado internacional é de uma redução do preço médio de resina do 3T quando comparado com o 2T. E a Braskem vai, no tempo, também fazer esse reajuste. Eu não sei se respondi a sua pergunta ou se você queria algum detalhe mais específico.

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Vicente Falanga: Na verdade, Fadigas, era mais um reajuste voltado para o câmbio, porque os contratos de vocês são ajustados ao câmbio, e temos visto uma desvalorização do USD bem acentuada neste ano. Se esse reajuste pelo câmbio continua sendo feito e se isso pode afetar margem no 3T. Carlos Fadigas: De fato, o câmbio altera os preços dados no Brasil em Reais. Mas o câmbio bate da mesma forma também na matéria-prima. A Braskem acompanha a evolução do preço em USD lá fora, faz uma projeção de câmbio para Brasil, que tipicamente não é muito diferente da manutenção da taxa de câmbio atual, e estabelece o preço com o qual ela vai trabalhar no próximo mês essencialmente, e se o cenário estiver muito volátil, pode ser até nas próximas semanas. Como teve alguma variação – que não foi muito grande – com o USD se fortalecendo, saindo de R$1,55 a taxa de câmbio para R$1,61, R$1,62, isso significa preços em Reais que tendem a subir um pouco mais para compensar essa variação do câmbio. Um Real um pouco mais fraco, portanto você aumenta o preço um pouco mais em Real. Eu não vejo isso, Vicente, afetando a rentabilidade no 3T. Não será o câmbio que vai afetar materialmente a rentabilidade da Braskem no 3T. Se fosse para falar de rentabilidade no 3T, eu diria que um ponto positivo é o aumento de volume em relação ao 2T, e veria uma estabilidade de margem nesse exato momento no 3T contra o 2T. Ainda que o preço de resina sofra alguma redução, isso está acontecendo um pouco em linha com a redução também de matéria-prima. Essa é minha visão para o 3T. Vicente Falanga: Está ótimo. Muito obrigado, Fadigas. Operador: Não havendo mais perguntas, gostaria de passar a palavra para o Sr. Carlos Fadigas para considerações finais. Sr. Carlos, por favor, pode prosseguir. Carlos Fadigas: Eu queria agradecer a todos a presença no call, agradecer a todos pelo interesse. Um comentário final de minha parte é de que, independente do cenário que vocês têm visto, é uma Braskem que tem buscado da forma mais ágil possível se adequar ao cenário. Terminamos o 2T com um EBITDA recorde, de R$1,2 bilhão aproximadamente; temos também um EBITDA recorde dos últimos 12 meses, de R$4,2 bilhões, US$2,5 bilhões, isso em um cenário no qual a demanda de resina não cresceu muito, um cenário um pouco mais desafiador. Então, esse é nosso compromisso. Independentemente do cenário, uma Empresa que vai buscar e vai achar sua forma de crescimento, via aquisições, via construção de planta, e que vai buscar sua rentabilidade via sinergias, via redução de custo, e via manutenção das suas margens da melhor maneira possível. Esse é o nosso compromisso.

Transcrição da Teleconferência Resultados do 2T11

Braskem (BRKM3 BZ) 15 de agosto de 2011

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De novo, obrigado a vocês pelo interesse, pela participação no call, e desejo um bom dia e uma boa semana a todos. Operador: Obrigado. A teleconferência de resultados da Braskem está encerrada. Desconectem suas linhas, e tenham um bom dia. “Este documento é uma transcrição produzida pela MZ. A MZ faz o possível para garantir a qualidade (atual, precisa e completa) da transcrição. Entretanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais falhas, já que o texto depende da qualidade do áudio e da clareza discursiva dos palestrantes. Portanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais danos ou prejuízos que possam surgir com o uso, acesso, segurança, manutenção, distribuição e/ou transmissão desta transcrição. Este documento é uma transcrição simples e não reflete nenhuma opinião de investimento da MZ. Todo o conteúdo deste documento é de responsabilidade total e exclusiva da empresa que realizou o evento transcrito pela MZ. Por favor, consulte o website de Relações com Investidor (e/ou institucional) da respectiva companhia para mais condições e termos importantes e específicos relacionados ao uso desta transcrição.”