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Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede da Força-Tarefa da Operação LavaJato. No interesse do procedimento criminal 1.25.000.003350/2015-98, iremos proceder a oitiva da senhora Claudia Bueri Suassuna, devidamente acompanhada por seus advogados: Ernesto, Rafael e “Aribergue”, devidamente identificados no termo que segue anexo à presente mídia e, também, da presença dos procuradores da República, doutor Athayde Ribeiro, doutora Jerusa Burmann, doutor Roberson Pozzobon e na minha presença Júlio Noronha. Antes de iniciar o depoimento, é, a senhora foi convidada pra prestar esses esclarecimentos aqui perante a Força-Tarefa, mas, é, eu devo, como já lhe disse antecipadamente, é, lhe dizer que a senhora tem o direito de permanecer em silêncio, caso a senhora entenda que algum fato possa lhe incriminar... Claudia: Ou caso eu não saiba do que o senhor pergunta. Procurador: A senhora fica a vontade pra responder... Claudia: Sem dúvida. Procurador: Do que a senhora souber. Claudia: Ok. Procurador: Agora, caso a senhora entenda que é algo que lhe possa incriminar a senhora tem direito ao silêncio. Aquilo que a senhora não souber, também, pode dizer que não sabe... Claudia: Não sei. Procurador: Tudo bem? Claudia: Tudo ótimo. Procurador: Ótimo. Senhores, algum esclarecimento inicial? Não, ela tá também na condição de investigada, né, junto... Claudia: Informante ou investigada? Procurador: Na verdade, a situação da senhora ainda precisa ser esclarecida e a senhora vai nos ajudar. Claudia: Claro. Procurador: Então, é, por isso que nós resguardamos o direito da senhora de permanecer em silêncio. Doutores, algum esclarecimento inicial? Perfeito. Senhora Claudia, a gente sempre gosta de iniciar com um breve histórico da vida da senhora. Eu pergunto pra senhora, se a senhora, é, trabalha?

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Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA

Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede da Força-Tarefa da OperaçãoLavaJato. No interesse do procedimento criminal 1.25.000.003350/2015-98, iremos proceder aoitiva da senhora Claudia Bueri Suassuna, devidamente acompanhada por seus advogados:Ernesto, Rafael e “Aribergue”, devidamente identificados no termo que segue anexo à presentemídia e, também, da presença dos procuradores da República, doutor Athayde Ribeiro, doutoraJerusa Burmann, doutor Roberson Pozzobon e na minha presença Júlio Noronha.Antes de iniciar o depoimento, é, a senhora foi convidada pra prestar esses esclarecimentos aquiperante a Força-Tarefa, mas, é, eu devo, como já lhe disse antecipadamente, é, lhe dizer que asenhora tem o direito de permanecer em silêncio, caso a senhora entenda que algum fato possalhe incriminar...

Claudia: Ou caso eu não saiba do que o senhor pergunta.

Procurador: A senhora fica a vontade pra responder...

Claudia: Sem dúvida.

Procurador: Do que a senhora souber.

Claudia: Ok.

Procurador: Agora, caso a senhora entenda que é algo que lhe possa incriminar a senhora temdireito ao silêncio. Aquilo que a senhora não souber, também, pode dizer que não sabe...

Claudia: Não sei.

Procurador: Tudo bem?

Claudia: Tudo ótimo.

Procurador: Ótimo. Senhores, algum esclarecimento inicial? Não, ela tá também na condição deinvestigada, né, junto...

Claudia: Informante ou investigada?

Procurador: Na verdade, a situação da senhora ainda precisa ser esclarecida e a senhora vai nosajudar.

Claudia: Claro.

Procurador: Então, é, por isso que nós resguardamos o direito da senhora de permanecer emsilêncio. Doutores, algum esclarecimento inicial?Perfeito. Senhora Claudia, a gente sempre gosta de iniciar com um breve histórico da vida dasenhora. Eu pergunto pra senhora, se a senhora, é, trabalha?

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Claudia: Sim. Posso começar pela minha vida toda?

Procurador: Não, não é necessário, porque a ideia, também, é que nós sejamos bastante objetivosnesse ato.

Claudia: Perfeito.

Procurador: A senhora trabalha com o que?

Claudia: Eu, de 2009 pra 2010, até final do ano passado, eu fui a principal implementadora daFundação Roberto Marinho para os projetos de telecurso, implementação de projetos, né?Telecurso, Tecendo o Saber, qualificação profissional e etc. Eu tinha duas funções na FundaçãoRoberto Marinho: uma que era de implementadora, então eu tinha que ter uma equipe deformadores pra correr o Brasil inteiro e, outra, como vendedora de franquia, como responsável pelafranquia. O que que seria isso. A Fundação só conseguia vender os produtos para governos, nãotinha estrutura para vender seus produtos pra prefeituras, então, foi me dado.

Procurador: Só um instante, por favor.

Claudia: Foi me dado esta franquia pra que eu pudesse prospectar prefeituras. Isso durou até anopassado, quando eu tive um problema sério cardíaco. Comecei a frequentar cardiologista e resolvime aposentar por causa da minha saúde. É, e fechei o instituto em, fechei o exercício, trabalho doinstituto em dezembro e fechei efetivamente o instituto em junho. De lá pra cá, eu só apoio o meufilho que tá com uma microempresa, então, eu mesma não estou mais trabalhando oficialmentecom nada que seja meu. Anterior isso, anterior à Fundação Roberto Marinho, eu por quinze anosfui dona, fui a rainha do fitness no Brasil porque eu inaugurei uma nova maneira de se fazerexercícios, uma nova maneira de encarar a atividade física fazendo uns complexos esportivos. Sóque na época, eu sai porque entrou uma concorrência muito forte que era a Body Tech do “Acioli” erealmente não tinha condição de, realmente, eu continuar. E aí eu saí dessa operação. Essa foi aminha vida profissional.

Procurador: Excelente. Eu vou tentar, agora só recobrar alguns detalhes pra que a gente entendaum pouco melhor. A senhora disse que fez essa implementação do Telecurso e a senhoramencionou um instituto.

Claudia: sim, eu era presidente do Instituto Educação.

Procurador: O instituto se chama Instituto Educação?

Claudia: Educação.

Procurador: Certo. A senhora foi presidente do Instituto Educação durante qual período?

Claudia: 2010 à 2014.

Procurador: 2010...

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Claudia: Até o fechamento, né? Parei as atividades em dezembro de 2014.

Procurador: E a senhora, enquanto presidente do Instituto, trabalhava lá todos os dias?

Claudia: Todos os dias.

Procurador: Certo. A senhora ia lá presencialmente?

Claudia: Todos os dias.

Procurador: No Instituto?

Claudia: Todos os dias.

Procurador: Era um horário puxado, como é que era?

Claudia: O horário comercial, o horário normal. Atividade muito puxada, mas mais puxada prosformadores que viajavam o Brasil inteiro o tempo todo.

Procurador: A senhora cumpria a jornada de horário comercial toda hora?

Claudia: Cumpria quase toda não. Mas, não tinha, eu tinha flexibilidade porque eu era presidente,né, procurador?

Procurador: Mas o único local que a senhora ia trabalhar era o Instituto Educação?

Claudia: Sim, eu era funcionária, também, da Gol porque quando eu sai das minhas academias eufiquei sem plano de saúde, então uma forma do meu marido me colocar dentro do plano desaúde, eu também agregar muita ideia de marketing, porque eu fui uma marqueteira por quinzeanos em academia aí você acaba sendo marqueteiro. Eu também tinha essa, eu era funcionária daEditora, da Gol Records.

Procurador: Certo. Mas a senhora mencionou que por conta do plano de saúde, eu perguntei se asenhora...

Claudia: Somente pelo plano de saúde. Porque hoje em dia não existe mais plano pessoa física.Mas já me demiti também, porque o meu filho abriu uma empresa e eu entrei na empresa do meufilho.

Procurador: Qual é o nome da empresa do seu filho?

Claudia: “Libaiul”.

Procurador: “Libaiul”?

Claudia: É, de caçamba.

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Procurador: De caçamba?

Claudia: É, de caçamba. Coleta de caçamba.

Procurador: Qual é o nome do seu filho? Desculpa.

Claudia: João Paulo.

Procurador: Certo. Anteriormente, então a esse período de 2009, né, 2010 que a senhora começoua trabalhar no Instituto Educação, a senhora estava envolvido, envolvida, perdão, com o, aquelaparte de...

Claudia: Academia.

Procurador: Academias, né, a senhora disse a rainha do fitness...

Claudia: Eu sai em janeiro de 2007.

Procurador: Janeiro de 2007?

Claudia: Isso. Nesse ato eu fiz uma empresa de comunicação que não deu certo.

Procurador: Perfeito. E o relacionamento da senhora com o senhor Jonas Suassuna?

Claudia: Sim, casei com ele em 2013.

Procurador: Casou com ele em 2013.

Claudia: 08 de junho de 2013.

Procurador: Certo. Mas antes de 2013, a senhora disse, né, que integrou a empresa Gol...

Claudia: Sim, nós casamos em 2013. Eu conheci o Jonas em 2001, namoramos, éh, tentamos morarjuntos, só que ele tinha dois filhos e eu tinha um. Eu achei melhor num certo momento morarsozinha. Então eu morei de 2006 à 08 de junho de 2013 sozinha. Separada, apesar de estarnamorando ele.

Procurador: De 2006 à 2013...

Claudia: Foi o relacionamento não acabou, ele fortaleceu e a gente casou.

Procurador: Perfeito. Mas desde 2001...

Claudia: Eu conheci Jonas em 2001. Mas casei em 2013, fui morar junto em 2013.

Procurador: Nesse tempo de relacionamento que a senhora tem, né, com o Jonas, a senhora teve

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oportunidade de conhecer alguém da família Bittar?

Claudia: Sim.

Procurador: Quem que a senhora conheceu da família Bittar?

Claudia: Todos.

Procurador: A senhora poderia nos indicar os nomes?

Claudia: Sim, é, Fernando Bittar, esse, inclusive, no Instituto, com a interveniência e autorização daFundação, ele prospec..., nós tínhamos, é, nós tínhamos que trabalhar o sul e o sudeste. E na partede São Paulo, quem prospectava o Instituto com interveniência, com ciência, levando os prefeitospra dentro da Fundação Roberto Marinho para vender projeto pra prefeitura foi o Fernando Bittar,que era comissionado pelo Instituto para poder fazer essa prospecção, esse abre portas naprefeitura que não é uma coisa fácil na secretaria de educação. E eu, por ele, vendi e implementeitrês projetos aqui em São Paulo, aqui não, lá em São Paulo, que foi Hortolândia, esse, inclusive,esse prefeito almoçou com agente na Fundação Roberto Marinho com seu Nelson Savioli, naépoca com seu Ricardo “Piquet”, que era o diretor de franquia e com a senhora Vilma Guimarãesque é a responsável pela educação. Eh, Jaguariúna e Pedreira. Pedreira foi um negóciopequenininho que não tinha verba, Jaguariúna não quis renovar e Hortolândia, se eu não meengano, ela renovou porque em Hortolândia era uma coisa tão próxima da Fundação que euviajava sempre com alguém da Fundação, sempre com a senhora Aparecida.

Procurador: Desculpa até lhe interromper, mas assim, esse não é o nosso objeto, vamos tentaracertar, além do seu Fernando Bittar, quem mais que a senhora conhece da família Bittar?

Claudia: Conheço o Kalil, conheço seu Jaco.

Procurador: São os três...

Claudia: Mas conheço tá?

Procurador: O que que a senhora diz “conheço” assim, frisou esse conheço.

Claudia: Eu vi o seu Jaco umas cinco vezes na minha vida.

Procurador: Em que ocasiões?

Claudia: Quando eu fui ver o sítio ao lado do sítio do Fernando, que hoje em dia é do Jonas.Quando o presidente estava adoentado. Uma vez que ele foi ao Rio. E lhe confesso que não melembro mais das outras situações.

Procurador: Perfeito. E o senhor Kalil Bittar?

Claudia: Senhor Kalil Bittar, éh, ficava mais no Rio de Janeiro, éh, trabalhava, não plenamente,diariamente na Gol, mas ele ia à Gol. Eu não trabalha..., olha, eu não fazia cargo na Gol.

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Procurador: Exato. Como que a senhora sabe?

Claudia: Mas posso. Porque eu sei, porque a Gol era do meu marido, uma ou duas, três, quatrovezes que eu tive lá eu vi o Kalil.

Procurador: Certo. Mas duas, quatro vezes durante qual período? Durante um ano, de 2010 à2014?

Claudia: Acho que eu vi de 2010 até, eu parei muito de ir à Gol, em 2013 eu parei de ir à Gol,porque eu tava muito atribulada.

Procurador: Mas aí especificamente, a senhora teria umas duas, quatro vezes...

Claudia: O pedaço do Instituto, o pedaço do Instituto...

Procurador: Tá, mas em qual período? Qual período?

Claudia: Ah, entre 2011, 2013.

Procurador: Certo, então num período de 2 anos a senhora viu ele lá, umas duas, quatro vezes?

Claudia: Sim, as vezes que eu vi, eu fui muito mais, mas que eu vi isso.

Procurador: A senhora teve contato social com Kalil Bittar? Participar de festas, viagens juntos?

Claudia: Fiz uma viagem, não, nós, num período ficamos em Miami, alugamos uma casa em Miami,eu e o Jonas e ele passou lá três dias.

Procurador: O Kalil Bittar?

Claudia: Com a esposa dele.

Procurador: Certo. E o senhor Jaco Bittar alguma vez a senhora viajou junto?

Claudia: Não, muito senhor, ele tem alzheimer, Parkinson, quem treme é Parkinson.

Procurador: E o senhor Fernando Bittar?

Claudia: O senhor Fernando, todas as vezes que eu tava na Fundação Roberto Marinhoprospectando prefeitura ou conversando sobre, ele fazia parte da reunião na Fundação RobertoMarinho.

Procurador: Tá, mas especificamente, encontro sociais...

Claudia: Também em Miami, ficou, não ficou junto com o irmão no mesmo tempo, mas foi tambémporque eu fiquei 40 dias com essa casa alugada lá. Então, ele também nos visitou.

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Procurador: E tirando essa oportunidade, os senhores viajaram juntos? Festas juntos?

Claudia: Eu o vi, sim, na festa junina que ele fez no sítio dele duas vezes.

Procurador: Só?

Claudia: Só. Eu não tinha relações de amizade com nenhum deles, é apenas conhecidos. Atéporque eu não era casada e morava no mesmo lar que Jonas, então, as coisas ficam um poucomais afastadas, né, doutor.

Procurador: Perfeito. Mas a senhora era companheira do Jonas?

Claudia: Companhe..., namorada.

Procurador: Certo. E as ocasiões sociais, eu imagino...

Claudia: Foram essas.

Procurador: E a senhora, nas ocasiões sociais, festas, viagens, a senhora fazia em companhia doJonas?

Claudia: Sim. Poxa.

Procurador: A senhora mencionou...

Claudia: Mas eu não fazia companhia, oh doutor, em viagens profissionais.

Procurador: Perfeito. Mas viagens particulares...

Claudia: Essa de Miami foi uma.

Procurador: A senhora...

Claudia: Essa foi a única.

Procurador: Existem pessoais com as quais a senhora tenha viajado, amigos sem ser da famíliaBittar, outros amigos que a senhora tenha o costume de viajar junto?

Claudia: Não. Não.

Procurador: Certo.

Claudia: Viajamos muito sozinhos.

Procurador: Perfeito. A senhora disse que uma vez esteve ao sítio do Jonas ao lado do sítio doFernando, como é...

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Claudia: Tive pra conhecer.

Procurador: Certo. Esse sítio é um dos objetos, também da nossa investigação. O que que asenhora sabe desse sítio?

Claudia: O que eu sei é que o Jaco, em meados de 2010, 2011, eu não me recordo se foi em 2010ou 2011, estava com um interesse enorme de comprar um sítio, não tinha dinheiro pra esse sítio,convidou o Jonas, eu sempre fui uma incentivadora do Jonas de mobilizar, o Jonas é um cara muitoempreendedor, se deixar ele investe tudo nos negócios, tudo no futuro e, eu achei que era muitoimportante na vida dele ele começar a “imobilizar”. Eu sou uma ambientalista nata e quando eleme comentou sobre a hipótese deste sítio que é o Santa Denise, isso é importante colocar, doutor,eu achei bastante interessante e ele também porque eram 10 alqueires com água. E isso éinteressante em qualquer lugar do mundo porque a água é um produto que vai acabar. E aí eufalei: Jonas, muito interessante, isso aí vai valorizar, até porque, Jaco do lado, isso foi verdadedoutor, Jaco do lado, na época o Lula tinha quase noventa por cento de aprovação no país,logicamente que eles são muito grudados, eles são quase parentes.

Procurador: Quem?

Claudia: A família Bittar é muito próxima da família Lula. Muito próxima. Aí eu achei vai valorizarmuito mais se começar o presidente a frequentar o sítio do seu Bittar, que depois veio saber queera no nome de Fernando, porque pra mim até então era o sítio do seu Bittar. O sítio do Jonas queé do lado, nem edificação tem, então ficaria difícil da gente frequentar. Eu estive nesse sítio umasduas vezes que foram em duas festas juninas e, ao mesmo tempo, a gente tava com muitointeresse em construir em Angra, nós dois. E esse sítio acabou ficando pra trás por falta deinteresse em construção, até por minha parte porque eu não achei o lugar com nada pra fazer.Então não foi feito nada e tá lá até hoje do jeito que foi comprado.

Procurador: Perfeito. A senhora disse que só foi lá duas vezes?

Claudia: Só fui lá duas festas juninas.

Procurador: Que anos foram essas festas juninas?

Claudia: Ah, agora você me pegou. Acho que uma foi em 2013 e a outra foi ano passado.

Procurador: A senhora disse, até demonstrou essa preocupação com a parte de investimentos peloJonas...

Claudia: Sim, sempre me preocupei.

Procurador: Certo. A senhora participou, então, dessa decisão de investimento nesse sítio?

Claudia: Não, ele me perguntou.

Procurador: Ele perguntou?

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Claudia: O que que você acha da gente comprar um sítio no eixo Rio-São Paulo, falei: oh tem água,é grande, eu falei: poxa que legal, né. Não me opus, não.

Procurador: Perfeito. Aí a senhora disse que esse sítio poderia valorizar com a visita do ex-presidente.

Claudia: A minha lógica de raciocínio, sim.

Procurador: A senhora já falou...

Claudia: Não conseguiria imaginar que ia acontecer isso tudo que tá acontecendo.

Procurador: A senhora já disse isso nesse momento que o Jonas quando ele apresentou...

Claudia: Sim.

Procurador: Aí como que a senhora sabia que ele iria frequentar esse sítio?

Claudia: porque eles são muito unidos. Porque eles são muito unidos. Porque logicamente se eleteria um sítio, o compadre dele ia frequentar. Não tenho a menor dúvida.

Procurador: Certo. E o Jonas também já sabia que o ex-presidente iria frequentar o sítio?

Claudia: Claro.

Procurador: Certo. A senhora disse, também, que era uma possibilidade de imobilizar patrimônio.

Claudia: Ganhar, investir, ganhar ou se fosse muito agradável ficar.

Procurador: Perfeito. Já que a senhora participou, também, dessa decisão, a gente já ouviu,também, o Fernando Bittar aqui. E ele nos disse que tem obras que, a entrada do sítio, porexemplo, passa um pouco pelo Santa Denise até chegar o Santa Bárbara.

Claudia: Servidão, né?

Procurador: Exato. Tem uma parte que passa, também, pelo sítio do Jonas.

Claudia: Isso eu desconheço.

Procurador: Certo. Até a razão da minha pergunta, talvez a senhora não saiba, então, como quefaria, então, pra poder disponibilizar esse patrimônio, que de certa forma tá vinculado aopatrimônio do Fernando, ou dependeria de uma negociação com o Fernando, de uma decisãoconjunta?

Claudia: Não sei lhe responder, não entrei nesse mérito de detalhes, nem tenho essa, não existeessa liberdade de detalhes nem da minha parte, nem da parte dele, né. Eu não sabia nem que isso

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estava acontecendo. Quer dizer, servidão, metade, entrada, quer dizer, uma servidão, eudesconheço isso.

Procurador: A senhora participou da decisão estratégica de investir?

Claudia: Não, não, eu dei a minha opinião, eu não participei. Até porque o dinheiro não é meu. Eudei a minha opinião, eu falei: eu acho um bom negócio, dez alqueires com água do lado do sítiodo Jaco, muito interessante, no eixo Rio-Dutra, tá frio, to de saco cheio de calor, desculpe a gíria,me desculpe, to cansada de calor, acho legal. E aí depois ele chegou e falou: comprei, aí eu falei:legal, uma coisa natural.

Procurador: Ele mencionou à senhora o valor do sítio?

Claudia: Não, não.

Procurador: Certo. Falou sobre negociação...

Claudia: Nem isso, nem nada porque não é esse tipo de relacionamento que a gente tem. Jonas é omeu terceiro casamento e eu sou o segundo dele. Quando a gente vai casando a gente vaiaprendendo a respeitar os limites da linha amarela. Então, hoje em dia, quase com os meus 52anos, eu só, só vou onde sou chamada e não pergunto nada que não é de meu interesse.

Procurador: Perfeito. Agora, ele chegou a mencionar pra senhora naquele momento da aquisiçãodo sítio se existia alguma previsão de construção, se a ideia era comprar os dois sítios juntos praserem usufruídos por ambas as famílias?

Claudia: Não, a ideia era que seu Jaco não tinha dinheiro e que existiam dois sítios e que ele iacomprar um sítio.

Procurador: Então, houve um pedido de qual, do Jaco diretamente ao Jonas?

Claudia: Foi isso que o Jonas me falou. Eu não estava presente pra ouvir. Mas foi isso que o meumarido me falou. E digo mais, por falta de dinheiro. Por isso que eu questionei se era bom. É bom?É bom, são 10 alqueires, tem água, então eu falei: querido se tem água, vamo engarrafar águavelinho.

Procurador: Agora a pretensão, havia pretensão naquele momento de que esse sítio fosseadquirido pelo Jaco, posteriormente, a senhora cita uma situação que ele não teria dinheiro pracomprar ambas as propriedades.

Claudia: Acho que não vendia separado, eu acho isso. E eu sei que o Jaco é uma pessoa semgrandes recursos e meu marido é empresário, então ele foi lá, e acho que foi exatamente pra dizer:olha vamos comprar esses dois sítios, você compra um e eu compro o outro e você vai, que legal.Eu não sei mais nada, eu não posso lhe dizer o que eu não sei.

Procurador: Não, o que a senhor soube...

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Claudia: Até porque eu não morava com Jonas nessa época, eu morava na minha casa, tinha o meutrabalho muito árduo e eu não participava dos assuntos éh de invest..., até porque ele tem doisfilhos, é uma coisa complicada, patrimônio dele não é meu, é dos filhos, eu sou casada num regimede separação total.

Procurador: Estamos tentando somente reconstruir o que a senhora lembra da época...

Claudia: Não, desculpe, é que eu sou uma pessoa muito verdadeira, então eu quero, explicitamentecolocar a verdade.

Procurador: Excelente, isso nos auxilia, nós agradecemos. É, só ainda, especificamente, em relação aesse ponto, considerando que a senhora disse que viu o Jaco Bittar umas cinco vezes na vida.

Claudia: Sim.

Procurador: Essa decisão de investimento no sítio foi uma decisão por amizade ou uma decisão porinvestimento?

Claudia: Por investimento. Amizade tem limite, né?

Procurador: Exato.

Claudia: Até porque eu sou muito dura de falar: olha o futuro tá aí, já estamos com idade, eu nãotenho dúvida que por investimento. Até porque a vida inteira eu falei: eu quero comprar algumacoisa com água. Eu cheguei procurar muito em Itaipava, Petrópolis, Nogueira, mas só que aquilo alifavelizou, então, a gente.

Procurador: Agora uma outra questão, aí a senhora teve ciência que o sítio foi de fato comprado?

Claudia: Tive ciência que o sítio Santa Denise foi de fato comprado pelo Jonas.

Procurador: Perfeito. Quando a senhora foi nessas duas oportunidades lá no sítio, a senhoradormiu no sítio?

Claudia: Dormi as duas vezes. Uma vez eu dormi no sítio do Fernando e a outra vez eu dormi numhotel que tem ali do lado muito ruim por sinal.

Procurador: Certo. A senhora sendo proprietária do sítio, a senhora, né, ou melhor dizendo, omarido da senhora sendo proprietário do sítio, a senhora não estranhou o fato da senhora ter quedormir no hotel ao invés de dormir no sítio?

Claudia: Meu marido não é dono do sítio edificado. O Santa Denise não tem edificação nenhumaentão não tem como dormir lá, não tem casa.

Procurador: Mas eles não formam uma única propriedade?

Claudia: Não senhor.

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Procurador: Não são matrículas só diferentes?

Claudia: Não, acho que deveria o Ministério Público devia ir lá olhar.

Procurador: Não, nós já fomos e é assim.

Claudia: Não. Pelo menos o que eu vi não é não. Pelo menos o que eu vi a entrada, a entrada dosítio à esquerda é o sítio do meu marido.

Procurador: Sim.

Claudia: Se você seguir é o sítio do Fernando.

Procurador: Tem um muro separando eles?

Claudia: Não tem muro.

Procurador: Certo.

Claudia: Muro não.

Procurador: Certo. E deixa lhe perguntar uma outra coisa, quem dormiu no sítio nessaoportunidade que a senhora dormiu no hotel?

Claudia: Dormiu Fernando e a esposa.

Procurador: Quem mais?

Claudia: Dormiu seu Jaco.

Procurador: Certo.

Claudia: Dormiu Dona Marisa e o presidente.

Procurador: Presidente senhor...

Claudia: Dormiu Fábio, só, não dá mais pra dormir ninguém.

Procurador: Perfeito. E na oportunidade em que a senhora dormiu lá no sítio, quem dormiu lá?

Claudia: No sítio, não to falando nessa vez foi no sítio.

Procurador: Isso, a senhora disse que foi, falou duas oportunidades...

Claudia: Foi no hotel.

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Procurador: Isso, uma a senhora dormiu no hotel e teve uma outra oport...

Claudia: Várias pessoas dormiram no hotel.

Procurador: Não, não, a senhora disse que na oportunidade que a senhora dormiu no hotel, quemdormiu na casa foi Fernando e esposa, seu Jaco, a Dona Marisa.

Claudia: Isso.

Procurador: O ex-presidente Lula.

Claudia: O Fábio.

Procurador: E o Fábio. E na outra oportunidade em que a senhora dormiu no sítio, a senhora nãodisse que foram duas oportunidades.

Claudia: Duas oportunidades em que dormi no sítio.

Procurador: Isso. Quem dormiu lá?

Claudia: Dormiu Fernando.

Procurador: Certo.

Claudia: Fábio.

Procurador: Essa não é quando ela dormiu, dormiu Fábio, acho que ela tá trocando.

Claudia: Peraí

Alguém: Primeiro foi quando ela dormiu.

Procurador: Tá, vamo, vamo tentar reconstruir...

Claudia: Primeiro foi quando eu dormi, o que eu escrevi ai foi que eu dormi. A que eu não dormi,dormi no hotel foram muitas pessoas porque foi a outra festa junina anterior. Foi muitas pessoas.

Procurador: Certo. Essa que a senhora dormiu no sítio foi em 2013? A senhora mencionou 2013 e2015.

Claudia: Foi a primeira vez que eu fui lá, sim.

Procurador: Perfeito. Aí, então, na segunda oportunidade, a senhora recorda quem pernoitou nosítio?

Claudia: Quando eu fui dormir no hotel?

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Procurador: Isso.

Claudia: Não. A festa tava rolando, eu sai antes.

Procurador: Certo.

Claudia: Como eu vou saber.

Procurador: Perfeito.

Claudia: Era muita gente. Eram muitos poli..., era muita gente. Como eu vou saber.

Procurador: Certo. Quem foi nessa festa por exemplo? Fernando Bittar tava com você?

Claudia: Claro.

Procurador: O ex-presidente tava nessa festa?

Claudia: Claro.

Procurador: Seu Jaco tava nessa festa?

Claudia: Claro.

Procurador: Certo. A senhora chegou a conhecer nessa ocasião, em 2013, quando pernoitou nosítio, a senhora chegou, conhecia a propriedade, a edificação por inteiro, visitou...

Claudia: Por inteiro não. Porque o sítio...

Procurador: Porque a senhora não conheceu?

Claudia: As festas são realizadas à noite, você chega e entra na festa, então a festa é no ambienteda casa.

Procurador: Certo. Como que é?

Claudia: Uma casinha bem humilde.

Procurador: É uma só?

Claudia: Bem humilde. Uma casa só.

Procurador: E aí quando que vocês...

Claudia: Que eu via numa casa só. Não existe muita liberdade de você ficar rodando na casa dosoutros, né, ainda mais numa festa, então, que eu vi que eu dormi era um conglomerado só.

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Procurador: E nessa, foram as duas únicas vezes que a senhora esteve lá?

Claudia: Sim.

Procurador: A senhora não teve curiosidade de voltar lá pra poder ver a parte de água que o Jonastinha mencionado?

Claudia: Não, não porque Angra tava tomando todos os meus desejos na minha cabeça, então, euentrei profundamente na nossa, no nosso sonho de Angra.

Procurador: Certo. A senhora tem conhecimento se além dessa propriedade em Atibaia o Jonastem alguma outra propriedade em São Paulo, no estado...

Claudia: Tem um apartamento em São Paulo que foi até um motivo de um consenso entre nós dois,a palavra certa é essa, porque nós íamos casar em 2013, estávamos ajeitando nosso casamentodesde 2012, Jonas tinha comprado esse apartamento em São Paulo, queria ficar porque Jonas iamuito pra São Paulo, a vida inteira, antes de qualquer coisa, a vida inteira profissional do Jonas quefoi muito em São Paulo e ele ficava sempre em hotel, hotel, hotel, hotel e chegou um certomomento que ele resolveu comprar um apartamento, eu não gostei.

Procurador: Onde ficava esse apartamento?

Claudia: Não sei.

Procurador: Certo.

Claudia: Não conheço nada de São Paulo, sou muito fraca de São Paulo, pra falar sério eu nemgosto de São Paulo. Eu sou uma carioca nata.

Procurador: É o único apartamento que o Jonas tem em São...

Claudia: É o único apartamento que ele tem, eu não aceitei, se você montar esse apartamento pramorar que seja uma ou duas vezes na semana eu não caso contigo, porque não existe, na minhacabeça, isso.

Procurador: Isso em 2013?

Claudia: O cara que eu caso..., isso foi lá pra 2013, antes da gente casar, então 2012, 2013. E ai eu,realmente, dei a minha posição muito forte pra ele, eu falei: eu não caso enquanto você tiver umapartamento, eu não quero morar em São Paulo, eu não gosto de São Paulo. Você vao alugar seuapartamento ou você vai vender, e ele alugou.

Procurador: Ele alugou a partir de 2013?

Claudia: Eu não sei. Isso são os documentos dele, o senhor pode ver com ele.

Procurador: Perfeito. Mas a senhora disse que, né, nesse...

Page 16: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Claudia: Antes de casar eu já queria decidir a vida do apartamento porque eu não queria casar commeu marido tendo apartamento em São Paulo.

Procurador: Certo. Mas só pra gente entender um pouquinho melhor, a senhora disse que foi nessaépoca que os senhores chegaram a um consenso, foi até a palavra que a senhora usou...

Claudia: É porque houve um atrito porque se ele continuasse com esse apartamento em São Pauloe casasse comigo, esse apartamento não ficaria vazio, ou ele venderia esse apartamento ou elealugaria pra terceiros. Ele não ia ter um apartamento porque ele estava decorando, fazendoprojeto, eu falei: eu não tenho o menor interesse em morar em São Paulo, não tenho o menorinteresse em ter duas residências e eu não aceito que você fique com o apartamento sozinho emSão Paulo.

Procurador: Aí a senhora sugeriu que ele alugasse?

Claudia: Aí falei: ou você vende ou você aluga.

Procurador: Esse apartamento, antes, era frequentado pelo Jonas, ele ficava lá quando ele ia à SãoPaulo?

Claudia: Não, não, esse apartamento tava em construção, doutor.

Procurador: Tava em construção. A senhora citou que se casou com o Jonas em junho de 2013.

Claudia: Oito, dia oito.

Procurador: Oito de junho de 2013. Quanto tempo antes do casamento foi essa conversa sobre alocação?

Claudia: Seis meses. Esse período entre 2012, o tempo que a gente resolveu que a gente ia casarde novo e casamento, um ano.

Procurador: E o apartamento, quando ele decidiu por locar o apartamento já se encontrava...

Claudia: Não conheço o apartamento. Não quis conhecer. Não tenho interesse em São Paulonenhum.

Procurador: A senhora nunca visitou o local?

Procurador: Ele já te falou quantos quartos tinham?

Claudia: Deve ser quatro, né?

Procurador: Não sei. Eu to te perguntando.

Claudia: Eu não quis saber do apartamento. Eu também não sei.

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Procurador: A senhora falou que ele estava sendo mobiliado?

Claudia: Ele estava sendo feito o projeto, né? Mobiliado não, projeto.

Procurador: Perfeito.

Claudia: Você colocou o apartamento na planta, você consegue fazer modificação. Ele é o rei damodificação.

Procurador: Certo. E, ele não comentou com a senhora que terminou, executou o projeto antes delocar ou após locar?

Claudia: Não temos esse tipo de conversa, doutor, estou aqui pra falar a verdade, não temos essetipo de conversa, não sou mulher que tem esse perfil de saber minúcias.

Procurador: E ele relatou pra senhora pra quem locou esse apartamento?

Claudia: Claro, pro Fábio.

Procurador: Fábio?

Claudia: Fábio.

Procurador: Ele colocou esse apartamento na mobiliária? Ou como é que foi?

Claudia: Pergunte a ele.

Procurador: A senhora sabe?

Claudia: Não. Eu não sei, pergunte a ele.

Procurador: A senhora fala Fábio filho do ex-presidente?

Claudia: Sim, eu não tinha o contato com a vida profissional deles, nenhum, porque eu tinha outra,eu trabalhava o dia inteiro pra Fundação Roberto Marinho.

Procurador: A senhora frequentava eventos sociais com o Jonas, juntamento com o Fábio e aesposa?

Claudia: Foi quando lhe falei em Miami que estive com eles, não houve nenhum convívio social.

Procurador: A senhora me desculpe, desculpe...

Claudia: Nenhum.

Procurador: Só pra gente, né esclarecer,...

Page 18: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Claudia: Houve em Miami e houve no sítio.

Procurador: A senhora mencionou do senhor Fernando Bittar e do Kalil Bittar, salvo engano, oDoutor Roberson está perguntando agora do senhor Fábio Luis...

Claudia: Então, todas as vezes que eu estive com o Fábio, socialmente que é o que você estáfalando, foi os dias em que ele esteve em Miami.

Procurador: Ele também esteve em Miami então?

Claudia: também esteve em Miami, o Fernando esteve em Miami, o Kalil esteve em Miami, mastudo em fases separadas, ia um, voltava o outro, eles eram sócios do meu marido, eles são sóciosdo meu marido, mas eu vou lhe dizer, eu Claudia nunca tive intimidade com eles, apenas osconheço, não tenho nada contra eles. Nada.

Procurador: Perfeito. Éh...

Claudia: Eu sou uma pessoa meia reservada mesmo.

Procurador: E em relação, especificamente, a Dona Marisa Letícia e ao ex-presidente Lula, asenhora teve algum contato com eles?

Claudia: Muito pouco, intimidade zero.

Procurador: Quando?

Claudia: Nas festas juninas.

Procurador: Somente?

Claudia: Não, eu tive num jantar, eu estava em São Paulo com o Jonas, ele ia dar uma palestra se eunão me engano e teve um jantar aonde eu os vi, mas não consegui nem chegar perto.

Procurador: E o Jonas conseguiu chegar perto?

Claudia: Cumprimentou e sentou comigo. Cumprimentou a Presidente Dilma e sentou comigo.

Procurador: Tirando essas duas...

Claudia: Acho que a gente é menos importante pra eles do que vocês estão achando.

Procurador: Não é essa a questão.

Claudia: Mas isso eu queria só colocar, doutor, nós não somos tão importantes para presidenteLula, o quanto que eu pensei que eu seria, éh, nunca houve uma relação, eu nunca tive intimidadecom nenhum deles.

Page 19: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Procurador: O que que a senhora pensou que seria?

Claudia: Porque que eu pensei que seria?

Procurador: Isso.

Claudia: Porque se eu lhe encontro, uma vez e lhe encontro duas, na terceira vez o senhor estáfalando muito bem comigo, não existe essa relação, o presidente Lula é uma pessoa, também,muito fechada. Muito fechada.

Procurador: Então, tirando essas duas vezes nas festas juninas e essa vez nessa festa, a senhorateve algum outro encontro?

Procurador: O marido da senhora relatou algum outro encontro que ele tenha tido?

Claudia: Tive uma vez que eu os vi, mas não tive com eles porque eram muitas pessoas, a gente foiconvidado pro camarote do Eduardo Paes e eles estavam lá.

Procurador: Camarote do Eduardo Paes, onde?

Claudia: No carnaval.

Procurador: Carnaval. Quem é que foi responsável por esse convite? Foi do próprio Eduardo Paes oconvite? A senhora...

Claudia: Quem me fez o convite foi meu marido.

Procurador: Aí a senhora não sabe quem fez o convite a ele?

Claudia: Não. Eu acho que foi o cerimonial, né? Sempre é o cerimonial que liga, né?

Procurador: Nessa oportunidade a senhora chegou cumprimentar o ex-presidente?

Claudia: (gestos)

Procurador: Só cumprimentou?

Claudia: Prazer, presidente.

Procurador: O marido da senhora relatou algum outro contato que ele tenha tido com ex-presidente?

Claudia: Não.

Procurador: Nenhum outro encontro?

Page 20: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Claudia: Não. Não fazia parte da nossa conversa diária.

Procurador: Perfeito. Depois que essas notícias começaram a sair, a respeito do sítio, a senhoraconversou com o marido da senhora a respeito do que tava acontecendo?

Claudia: A gente não tinha ideia de que isso ia ser, virá o que virou, né? Mínima ideia. Na nossacabeça a gente tava, é proprietária de um sítio, do lado de outro sítio, aonde Fernando Bittar édono. O que a mídia fez.

Procurador: A senhora pensou em desfazer?

Claudia: É uma coisa surreal na nossa opinião.

Procurador: Como a senhora aconselhou, né, deu opinião pra fazer um investimento, a senhora...

Claudia: Eu dei opinião para fazer investimentos e não propriamente ali.

Procurador: Certo. E a senhora...

Claudia: Eu sempre quis comprar um sítio com água.

Procurador: Perfeito. E a senhora deu alguma opinião pra desfazer esse investimento?

Claudia: Não. Não me cabia. Acho que meu marido é um homem muito inteligente, muitoempreendedor e eu não senti no direito de ficar dando opiniões.

Procurador: Só voltando um pouquinho no sítio, sabe se foi feita alguma obra pelo seu Jonas lá?

Claudia: Pela mídia? Não, Jonas? Nenhuma.

Procurador: Nenhuma?

Claudia: Não tem edificação.

Procurador: Mas, muro?

Claudia: Eu sei que ele tentou, agora a gente sabe, né, porque ele tentou fazer uma cerca e nãoconseguiu, né, alguma coisa assim.

Procurador: E ele fez algum, participou de alguma obra lá, emitiu nota fiscal ou orçamento emnome dele?

Claudia: (gesto) Não sei. Se ele fez alguma coisa, ele é uma pessoa muito correta vai ter nota fiscal,agora se ele não fez. Eu não posso lhe responder o que eu não sei.

Procurador: Perfeito.

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Claudia: Agora no sítio dele não tem nada edificado. E ele não fez nada no sítio dele.

Procurador: Eu gostaria que a senhora nos relatasse das outras empresas do Jonas, quais asempresas?

Claudia: Se eu puder, se eu souber.

Procurador: O que a senhora sabe das empresas? Quais empresas que ele possui? As atividadesdessas empresas?

Claudia: Jonas é um mega empresário, foi um empresário a vida inteira, tem um grupo bom, éh, oforte do Jonas hoje em dia é informática. O Jonas tem uma editora há vinte anos que produz oslivros da Fundação Roberto Marinho.

Procurador: A senhora sabe o nome dessa editora?

Claudia: Gol, todas são Gol.

Procurador: Editora Gol. Quando a senhora fala grupo Gol envolve quais empresas pra genteentender?

Claudia: Editora Gol, Gol Mobile, o resto, e Gol Records.

Procurador: Certo. Mais alguma?

Claudia: Que eu saiba não.

Procurador: Então, éh, dentro, logicamente, do que a senhora conhece no seu relacionamento comele, quais as atividades que cada uma dessas empresas desenvolve?

Claudia: Gol Mobile são aplicativos.

Procurador: Quem é sócio dessa Gol Mobile?

Claudia: Os filhos do Jonas.

Procurador: Os filhos do Jonas. Ela é gerida pelo Jonas?

Claudia: Sim.

Procurador: Exclusivamente ou tem mais algum sócio que?

Claudia: Exclusivamente.

Procurador: Certo. A senhora sabe, éh, dizer quais são os principais contratantes dessa empresa?Se ela tem algum serviço exclusivo, exclusivo pra uma empresa?

Page 22: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Claudia: Você tá falando da Mobile?

Procurador: É.

Claudia: Poh, ele trabalha com as quatro operadoras.

Procurador: Quatro operadoras.

Claudia: Trabalha fora do Brasil, também, com operadora fora do Brasil. É um cara multinacional.

Procurador: Ela desenvolve aplicativos? É isso?

Claudia: Desenvolve sistemas, né? Você pergunta a ele mais especificamente porque eu não possodizer dos produtos, ele é um expert nos produtos dele, tá trazendo até um livro com os produtosdele, são milhares, por exemplo aquele 1746 da prefeitura, quem fez foi o Jonas. E é um sucesso noRio de Janeiro.

Procurador: E a editora Gol?

Claudia: Livros da Fundação Roberto Marinho.

Procurador: Que tipos de livros seriam esses?

Claudia: Telecurso e Tecendo o Saber e Qualificação Profissional. Hoje em dia...

Procurador: Telecurso...

Claudia: Tecendo o Saber é da primeira à quinta série. Da quinta à oitava série e QualificaçãoProfissional. Esse é um, hoje em dia reconhecido pelo MEC, éh, você implementa isso dentro dasescolas públicas, isso é da minha parte de instrutores, tá? Ele vende o livro, eu implementava ametologia. Éh, é pra evasão, é pra reforço, é pra correção. Isso é o problema do nosso país emeducação, é a defasagem. Então esse produto serve exatamente pra isso.

Procurador: É uma editora propriamente dita? Ela edita os livros? Ela imprime os livros? Ela...

Claudia: Isso, ela imprime os livros.

Procurador: Imprimi os livros?

Claudia: Isso.

Procurador: E o projeto de confecção de material também é efetuado pela editora Gol? Ou omaterial...

Claudia: Não, ela terceiriza.

Procurador: Terceiriza. Sabe me dizer se o Jonas possui outros sócios na editora Gol?

Page 23: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Claudia: Não.

Procurador: Apenas ele?

Claudia: Os irmãos. (gesto) Os filhos.

Procurador: Os filhos?

Claudia: É.

Procurador: A Gol...

Claudia: Que eu saiba, que eu saiba, os filhos.

Procurador: Claro. Perfeito.

Claudia: Preferia que fosse eu.

Procurador: A Gol Records?

Claudia: Não sei, eu sei que tem os direitos autorais, Gol Records, acho que é da época que elevendia os hinos de futebol ou a gravação do, eu não posso lhe dizer o que eu não sei.

Procurador: Diga o que a senhora souber, porque se não souber...

Claudia: Records, me diz, porque isso é muito anterior a mim, né, ele é empresário há muitos anos.

Procurador: A senhora lembra de que essa empresa tenha direitos autorais sobre alguns hinos detime de futebol...

Claudia: Ele fez isso em 1985.

Procurador: Essa empresa é ativa ainda?

Claudia: É.

Procurador: E essas três empresas do grupo Gol, editora Gol, a Gol Mobile e a Gol Records, elasfuncionam no mesmo local?

Claudia: Sim, o grupo.

Procurador: qual que é o endereço dela?

Claudia: Onde a Polícia Federal foi, na Barra da Tijuca.

Procurador: Quantos funcionários têm, aproximadamente, essas empresas?

Page 24: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Claudia: (gestos)

Procurador: A senhora não sabe dizer?

Claudia: Eu posso dá um limite.

Procurador: Isso.

Claudia: Cinquenta.

Procurador: Cinquenta. E, a senhora mencionou que, por exemplo, membros da família Bittarfrequentando uma dessas empresas.

Claudia: O Kalil?

Procurador: O Kalil.

Claudia: O Kalil ia muito na Gol.

Procurador: O Kalil, ele é sócio de uma dessas empresas?

Claudia: Acho que ele é sócio do Fábio, né?

Procurador: Sócio do Fábio?

Claudia: Sócio do Fábio.

Procurador: Em qual empresa?

Claudia: Não tem, os senhores sabem melhor do que eu qual é a empresa do Fábio. É “Game' e“G4”, né? Eu nãos sei. Acho que, eu não tenho intimidade.

Procurador: Perfeito. A senhora sabe da relação dessa empresa com o grupo Gol, da G4 ou daGame...?

Claudia: Prestava serviços, né?

Procurador: Prestavam serviços.

Claudia: É, os garotos são fera em game.

Procurador: A senhora sabe pra qual das empresas eles prestavam serviços?

Claudia: (gestos) Não tenho essa intimidade, procurador. Não tenho essa intimidade, o senhorpode me sacudir da cabeça pra baixo aqui que eu não tenho essa intimidade.

Page 25: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Procurador: O nosso objetivo é que a senhora, única e exclusivamente, descreva o que a senhoratem na sua memória, que a senhora saiba.

Claudia: Isso é que eu sei e é verdade.

Procurador: Certo. A senhora tem ideia do faturamento dessas empresas?

Claudia: (gestos) Mas ele tem.

Procurador: A senhora, alguma vez o senhor Jonas relatou pra senhora que tenha feitoempréstimos a integrantes da família Bittar?

Claudia: Não, até porque esse, se você falar isso pra mim eu não ia gostar. Não, nem pra ex nempra ninguém.

Procurador: Nunca...

Claudia: Uma boa esposa segura o seu marido, então, eu não tenho ciência mesmo. Não tenhociência da vida do meu marido nesse nível. Se eu fosse mãe dos filhos dele, acho que a coisa seriadiferente, mas do jeito que é, como funciona é assim, doutor.

Procurador: Perfeito. Nunca relatou pra senhora empréstimo?

Claudia: Não.

Procurador: Perfeito. A senhora tem conhecimento da empresa “Cosquim”?

Claudia: Sim. Do Fernando.

Procurador: E o que essa empresa faz?

Claudia: Essa empresa era exatamente a empresa que eu emitia a nota pela prospecção dasprefeituras que ele fazia aqui, em São Paulo.

Procurador: Era relacionado com o que?

Claudia: Ele abria, para implementar os projetos da Fundação Roberto Marinho. O que que são osprojetos da Fundação Roberto Marinho? São implementações, dentro das escolas municipais,municipais, porque estaduais eu não podia, a minha ordem era prospectar prefeituras, então euprospectava e a gente implementava dentro das escolas municipais a metodologia telecurso, este éo trabalho. Que faz a criança em quatro anos chegar na série escolar em um ano e meio,aceleração escolar.

Procurador: Certo. Então vamo...

Claudia: E quando ele abria a porta pra mim da prefeitura, eu chegava eu, meu diretor pedagógicoporque eu não sou pedagoga, eu sou gestora e Bittar e, ia sempre obrigatoriamente, alguém da

Page 26: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Fundação Roberto Marinho, que nesse caso quem ia com a gente era o senhor Marcelo Mendes,que era uma pessoa responsável na Fundação Roberto Marinho.

Procurador: A senhora mencionou, anteriormente, que o Fernando foi responsável por auxiliarnessa abertura em Hortolândia...

Claudia: Prospectar.

Procurador: Prospectar essa inserção desse projeto...

Claudia: Prospectar pra gente poder vender o nosso peixe lá dentro, Hortolândia, Jaguariúna,Pedreira.

Procurador: Alguma outra cidade?

Claudia: Não.

Procurador: Nenhuma outra?

Claudia: Não, é muito difícil vender. Só eu no Brasil consegui vender, só eu.

Procurador: E o pagamento era só feito em cima de taxa de sucesso, só quando ele conseguisse...

Claudia: Só em cima de “sucess firm”.

Procurador: Então, os pagamentos pra ele, pra “Cosquim” foram só em relação a essas três...

Claudia: Todas as vezes que a prefeitura, a gente fazia uma proposta aonde a prefeitura davaquarenta por cento, variava do fluxo da prefeitura, e a gente ficava maleável. Então, todas as vezesque eu recebia da prefeitura, eu, imediatamente, em cima da comissão dele que iam reduzir praoito por cento depois porque tava apertado, eu emitia a nota dele.

Procurador: Então, vamos, só pra que a gente entenda bem esse processo, a Fundação RobertoMarinho contratava a editora Gol, é isso?

Claudia: Não. Eu, você tá falando do instituto? A fund., o instituto era o único, não era o único, euseria muito prepotente em falar isso, mas era o maior implementador da Fundação RobertoMarinho a nível nacional, porque? Porque eu não fiquei com três formadores, eu fui pra sessentaformadores e, de repente, todos os formadores da metologia, o que são formadores? Aqueles queformam os professores que estão lá na escola municipal, então, nós fazíamos inserções de umasemana inteira com esse pessoal, formava dentro da metologia que é muito interessante, ascadeiras não são assim, são em U. Telecurso é totalmente diferente, é atrativo e a cada vez que nósfazíamos isso, nós implementávamos isso. Agora quem era responsável, tinha um contrato, era oInstituto Educação.

Procurador: O Instituto tinha o contrato.

Page 27: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Claudia: O Instituto prospectava via Fernando, São Paulo porque eu não tinha prospectador em SãoPaulo.

Procurador: Certo. Então, quando a senhora refere que remunerou...

Claudia: As vendas.

Procurador: A prospecção do Bittar foi a partir do Instituto?

Claudia: Quem pagou foi o Instituto.

Procurador: Foi o Instituto. A senhora recorda, aproximadamente, quanto foram os valores pagos?

Claudia: Não, mas como eles me tiraram, tá tudo aqui. Toda a minha história está no meu HD queestá aqui.

Procurador: A senhora vai disponibilizar essa documentação?

Advogado: Foi apreendido.

Claudia: Foi apreendido.

Procurador: Hah, perfeito.

Claudia: Inclusive meu celular foi apreendido, celular que eu tenho há 32 anos.

Advogado: Não, 32 anos ...

Claudia: 30 9982, eu tenho 52

Procurador: O número que a senhora tem...

Claudia: 99821700.

Alguém: O pior que nossa identidade, né, o telefone hoje em dia, o número.

Procurador: Perfeito. Então, só pra que a gente sintetize aqui, éh, o Instituto Educação tinha umarelação de parceria com a empresa “Cosquim” do...

Claudia: Parceria nenhuma, ele prospectava municípios, abria porta, eu ia lá e pagava umacomissão pra ele.

Procurador: Isso não é uma parceria comercial? Tinha um contrato?

Claudia: É.

Procurador: Tinha um contrato?

Page 28: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Claudia: Não.

Procurador: Então ele tinha uma relação comercial com a “Cosquim”...

Claudia: Tinha relação comercial com o Instituto, não a “Cosquim” era dele. Ele tinha uma relaçãocomercial com o Instituto e tinha uma relação muito próxima dentro da Fundação RobertoMarinho, ele entrava, ele discutia com os diretores da área, ele já até prospectou sem o Instituto,pra você ter noção, ele até prospectou já sem o Instituto, direto com a Fundação Roberto Marinho.

Procurador: Quem era empregado dele na “Cosquim”?

Claudia: Não sei.

Procurador: Não sabe?

Claudia: Nunca visitei a “Cosquim”.

Procurador: Sabe onde é a sede?

Claudia: Nunca, não. Só emitia a nota.

Procurador: Relação...sede...

Claudia: Eu tinha sede no Rio. Ele tá falando da “Cosquim”.

Procurador: Sabe se tinha sede?

Claudia: Não conheço.

Procurador: A senhora tem...

Claudia: Emitia a nota, mandava por e-mail pro Rio e eu pagava, as relações que eu tinha com elenunca foi nem em São Paulo, eu encontrava direto via Campinas, Hortolândia, em Pedreira, emJaguariúna.

Procurador: Foi a partir de que ano essa prospecção efetuada pela “Cosquim”?

Claudia: Ah, foi 2010, 2011, depois começou ficar tão difícil vender Fundação Roberto Marinho quea gente começou a dar uma relaxada.

Procurador: 2013...

Claudia: 2010, 2013 eu acho que não vendeu nada.

Procurador: 14 também não?

Page 29: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Claudia: Não. Foi assim óh, foi fazendo assim o Brasil a nível de educação.

Procurador: E agora, só pra que a gente entenda que, éh, o Instituto tinha essa relação com a“Cosquim”, a senhora sabe se a editora Gol tinha uma relação comercial com a “Cosquim”?

Claudia: Eu sei que ele prospectava, quando ele, quando você prospecta implementação demetologia tem que ter livros, né? Então, eu acho que ele vendia, ele fazia um “interface” em SãoPaulo, talvez, pra editora Gol ele vendia livros. Implementa em cima de um livro. Eu acho que issovocê poderia perguntar melhor ao senhor Jonas Suassuna. Eu não fazia parte da editora, não possoresponder por ela.

Procurador: E a “Line Coop”

Claudia: Não sei nada.

Procurador: Não? Nunca teve relação...

Claudia: Nem, não sei nem onde é, não tenho relação comercial, não sei do que é formada, não seiquem são os sócios, não tenho nenhuma informação a lhe dar, porque não sei.

Procurador: A senhora mencionou que teve um vínculo com a empresa Gol Mídia, é isso?

Claudia: Não, Gol Records. Foi minha empregadora.

Procurador: Gol Records ou Gol Discos?

Claudia: Não sei agora, eu acho que é Records. Eu acho que eu estava dentro da Records.

Procurador: A senhora mencionou que esse vínculo era.

Claudia: Plano de saúde.

Procurador: Plano de saúde, a senhora não trabalhava de fato pra Gol Records?

Claudia: Nunca.

Procurador: Não. Mas a senhora chegou a auferir salário da Gol Records?

Claudia: Não é que eu não trabalhava, você quando é uma boa parceira você trabalha em todos ossentidos, né?

Procurador: Não sei, a senhora que tá falando.

Claudia: Você quando é uma boa parceira, você quando é uma boa esposa, o seu marido fala, vocêapoia, você discute a vida a dois, então, se você acha que isso é trabalhar, eu posso tá agora,oficialmente trabalhar lá dentro, não. Era uma maneira de eu ter o meu plano de saúde, porque eutinha me desvinculado das academias, porque eu tinha, eu tava sem plano de saúde nenhum, meu

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filho não tinha aberto a empresa dele ainda, era um garoto, eu falei: vou ficar sem plano de saúde?Não, vem cá.

Procurador: Certo, só assim pra que fique claro, especificamente, com relação as atividades da GolRecords...

Claudia: Não.

Procurador: A senhora não...

Claudia: Não.

Procurador: Não trabalhou?

Claudia: Não.

Procurador: A senhora recorda de ter recebido, entre agosto de 2009 à junho de 2015, um saláriode aproximadamente, onze mil reais?

Claudia: Ele me remunerava.

Procurador: Porque essa remuneração?

Claudia: Porque eu sou esposa dele.

Procurador: Mas era a empresa que lhe remunerava ou o Jonas que lhe passava esse dinheiro?

Claudia: Aí você pergunta pra ele.

Procurador: A senhora no Instituto tinha funcionários?

Claudia: Vários. Setenta.

Procurador: Eles tinham carteira assinada?

Claudia: Todos.

Procurador: E a senhora remunerava eles?

Claudia: Todos. Obrigatoriamente.

Procurador: Certo. Retomando aqui, então, esses valores que o Jonas repassou a senhora...

Claudia: Não repassou, ele me pagava um salário.

Procurador: Mas eu não entendi aqui...

Page 31: Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA · Transcrição do depoimento de CLAUDIA BUERI SUASSUNA Procurador: Então, aos quinze dias do mês de março de 2016, na sede

Claudia: Ele me pagava um salário para várias coisas, vou lhe dar um exemplo, quem cuidava detoda a parte da decoração era eu, quem cuidava de todo o paisagismo era eu, quem cuidava detoda a gestão do setor de compras era eu, eu fazia muita coisa na empresa...

Procurador: Mas isso...

Claudia: Sem ter oficiosidade a comprometimento de ir as oito horas por dia, estar lá etc.

Procurador: Mas de qual empresa?

Claudia: Ele tava falando da Records.

Procurador: Isso, eu to perguntando, a senhora disse que não desenvolveu...

Claudia: Disse que o motivo maior era o meu plano de saúde. Meu motivo maior era o meu plano.de saúde

Procurador: Agora...

Claudia: E ele me remunerou, eu não tinha remuneração, eu trabalhava no terceiro setor, então,para eu fazer essas coisinhas ele me dava esses nove mil reais.

Procurador: Agora...

Claudia: Meu marido.

Procurador: Não ficou muito claro, aqui senhora Claudia, que essas coisinhas que a senhora serefere, se refere ao orçamento doméstico ou a empresa propriamente dita?

Claudia: Eu fazia o jardim da empresa, eu decorava a empresa, eu administrava muitas coisas queuma mulher faz e que não era feito, sempre fiz e continuo fazendo, por amor.

Procurador: Aonde era a sede da Gol Records?

Claudia: Onde é. Na Barra.

Procurador: Na Barra. Que que a senhora falou decoração da empresa?

Claudia: Não, não, veja bem, você tá querendo perguntar se eu trabalhava na Gol Records?

Procurador: Isso. A senhora disse que não.

Claudia: Eu fui, eu fui contratada pela Gol Records, o motivo inicial era pra eu poder ter um planode saúde e uma renda porque eu não tinha renda, eu tinha parado de trabalhar, eu tavatrabalhando no terceiro setor, éh, a partir desse momento, eu como uma pessoa correta, me vi naobrigação de olhar pra Gol também em vários sentidos, funcionários mal posicionados,necessidades de contratações que poderiam a ter ajuda da minha pessoa, olha eu conheço um

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excelente financeiro, que trabalhou comigo na Rio Esporte, nada mais, eu não tinha cargo na GolRecords, eu tinha ajuda plena ao meu marido e constante. Eu brigava com o jardineiro, eu brigavacom o porteiro, eu botava uniforme nas pessoas, eu queria fazer um telemarketing deatendimento, isto pra mim, doutor, é trabalhar.

Procurador: A senhora botava uniforme em qual, quais pessoas?

Claudia: Nos funcionário da Gol.

Procurador: Gol Records?

Claudia: Não, a Gol é um grupo só.

Procurador: Mas a senhora não era funcionária da Gol Records?

Claudia: Sim, não, sim, eu estava plotada na Gol Records.

Procurador: Era formal o vínculo da senhora com a Gol Records, pode se dizer isso? A senhoratrabalhava pro grupo, mas não pra Gol Records? É isso que a senhora tá falando?

Claudia: Como que eu posso responder isso aí? Ele não entendeu. Eu não to entendendo a suapergunta.

Procurador: O grupo...

Claudia: Não, não, não, eu gosto das coisas bem claras. Vamos lá.

Procurador: É isso que a gente quer esclarecer.

Claudia: Eu gosto das coisas bem claras.

Advogado: Só pra eles poderem entender, de repente, eu estive lá, é um prédio grande, todas asempresas estão dentro desse prédio...

Claudia: Você tá vendo o papel...

Procurador: Onde foi feita a busca e apreensão?

Advogado: Justamente, quando ela fala do jardineiro é que é um prédio, que tem a portaria...

Claudia: Veja bem, é um prédio único aonde é o mesmo endereço de todas as razões sociais, meumotivo principal era eu ter o plano de saúde, por quê? Porque eu não era casada com ele ainda, aomesmo tempo eu já trabalhava de graça em tudo que o senhor possa imaginar dentro da Gol,quem fez até a obra pra adaptar a Gol, porque quando a gente comprou não dava pra entrar a Gol,fui eu.

Procurador: Entendi.

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Claudia: Então de uma maneira ou de outra, eu trabalhei muito mais do que qualquer pessoaassalariada e sempre trabalhei muito.

Procurador: Certo.

Claudia: Porque eu sou uma pessoa de visão, eu sou empreendedora, eu fui uma empresária, eutive 870 funcionários na Rio Esporte Center, então, o senhor há de convir que por 15 anos euapreendi um pouco de gestão.

Procurador: Perfeito, éh, senhora Claudia, eu só gostaria de entender porque, formalmente, perantea Receita Federal a senhora constou como empregada da, de uma empresa específica.

Claudia: Sim.

Procurador: Isso que a senhora tá esclarecendo.

Claudia: Mas, posso esclarecer novamente se o senhor quiser.

Procurador: Não vai ser necessário...

Claudia: Eu tô comprometida aqui com a verdade. Até porque me espanta eu estar aqui.

Procurador: Eu gostaria de entender um pouco melhor ainda essa relação.

Claudia: Sim.

Procurador: O período em que a senhora trabalhou lá foi de agosto de 2009 à junho de 2015.

Claudia: Isso, me demiti ano passado.

Procurador: Perfeito.

Claudia: Aliás, fui demitida.

Procurador: Perfeito, no início da, do depoimento da senhora, eu lhe perguntei se a senhoratrabalhava, a senhora esclareceu que trabalhou com o presidente do Instutito Educação...

Claudia: E que tinha também, era empregada da Gol Records.

Procurador: Isso, eu perguntei até pra senhora a respeito da jornada de trabalho, a senhora disseque era muito puxada lá no Instituto.

Claudia: Isso.

Procurador: Que a senhora ia lá todos os dias.

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Claudia: Isso.

Procurador: Como é que a senhora dividia essa jornada de trabalho pra poder trabalhar lá,também, na Gol?

Claudia: Deixa eu lhe, porque todas são no mesmo bairro, pra começar. Os dois institutos, as duasinstituições são no mesmo bairro. Segundo, um pedaço pedagógico, um pedacinho pedagógicomuitas vezes estava em inserção dentro da Gol fazendo reuniões, porque nós não tínhamos lugarpra fazer reunião no Instituto, era um lugar pequeno que nem esse aqui. Então muitas vezes agente ia lá fazer reunião como, eu não queria mostrar a Fundação Roberto Marinho uma salinhaque eu tava alugada.

Procurador: Mas elas...

Claudia: Para o Instituto.

Procurador: Certo. Não eram para a Gol?

Claudia: Mas, veja bem, com oito horas de trabalho, eu podia ver a Gol, eu podia ver o Instituto, euvia nova, eu queria abrir uma nova empresa pro meu filho, eu tava fechando negócio.

Advogado: Doutor, me permita.

Procurador: Lógico, fique a vontade.

Advogado: Eu sou, nós somos, eu e meu sócio nós temos sede em quatro estados, só pra dar umexemplo assim, se por ventura eu quiser colocar a minha noiva lá e pagar, a gente vai colocar, émais ou menos isso, é uma forma de ter uma mesada. Ela começou com um plano de saúde e éisso que tá tentando esclarecer.

Procurador: Não, perfeito, mas...

Claudia: Mas não era só de graça não...

Procurador: Mas ela começou dizendo isso depois e mudou um pouco...

Claudia: Foi isso que aconteceu.

Advogado: Pode falar a verdade...

Claudia: Eu não tinha verba porque terceiro setor você não pode como presidente remunerar, vocêpode remunerar quem tá trabalhando, eu não tinha plano de saúde...

Procurador: É só pra esclarecer, era uma mesada que a senhora recebia? Ou pode se dizer?

Claudia: Pode se dizer, como você, uma mesada, mas posso lhe dizer, sinceramente…

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Advogado: Não valoriza porque era isso.

Claudia: Não, eu tenho que valoriza, eu fazia por onde, eu fazia por onde.

Procurador: Vamos seguir então. Perfeito.

Claudia: Mas era uma mesada, pobre mas era. Nove mil.

Procurador: Vamos prosseguir.

Advogado: ...não que você não mereça.

Procurador: Senhora Claudia, “Album” Mídia Participações, a senhora conhece essa empresa?

Claudia: De nome sim.

Procurador: O que a senhora sabe sobre essa empresa?

Claudia: Nada.

Procurador: Nada.

Claudia: É tanto a Gol que até pra eu fazer, porque quem fez o primeiro homepage do Jonas foi eu.Até pra mim era confuso entender e depois eu fui entendendo cada uma era pra uma coisadiferente, ou era pra pagar um imposto diferente, ou era pra uma atividade diferente, ou tinhasócio diferente, ou tinha participação diferente, é isso, agora se você me perguntar o que que a GolMídia faz hoje em dia não sei, o que a Gol Records faz, não sei, o que a Editora faz eu sei: venderlivros.

Procurador: Outra companhia aqui, a senhora ouvir falar ou conhece, a PJA Empreendimentos?

Claudia: Vi agora na mídia, na hora, na citação eu vi essa.

Procurador: Antes a semhora já tinha ouvido falar?

Claudia: Não.

Procurador: Jonas nunca comentou com a senhora sobre essa empresa?

Claudia: Não. São várias empresas, né, doutor. Olha, eu como dona de academia eu cheguei a tervinte e duas razões sociais.

Procurador: E a Imobiliária Gol, senhora Claudia, a senhora conhece essa empresa?

Claudia: Conheço, dona dos imóveis, né?

Procurador: Não sei. O que que a senhora sabe sobre ela?

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Claudia: Que ela é dona dos imóveis.

Procurador: Quais imóveis?

Claudia: Do Jonas. É normal você fazer uma imobiliária quando você tem mais de dois imóveis, trêsimóveis.

Procurador: Foi isso, então, que Jonas fez com essa imobiliária?

Claudia: Sim, acho que foi pra pagamento de menos imposto, né.

Procurador: A senhora sabe se ela também tem sede?

Claudia: No mesmo lugar.

Procurador: No mesmo endereço. Perfeito. A senhora mencionou sobre a, quando foi questionadasobre o sítio, a senhora mencionou sobre um imóvel em Angra dos Reis.

Claudia: Nós temos uma casa em Angra. A mídia explanou, eu fui invadida pelo repórter. Invadirama minha casa, invasão a domicílio, dei queixa na polícia, to processando esse cara.

Procurador: Esse imóvel, ele é um imóvel exclusivo seu e do Jonas?

Claudia: Totalmente exclusivo meu e dele. Meu não, né, usufruto, to pleiteando até usufruto porqueeu amo, sou apaixonada, eu plantei 100 mudas de fruta lá.

Procurador: O que que é o imóvel? É uma casa de veraneio?

Claudia: É uma casa de veraneio.

Procurador: Esse é o imóvel situado na Ilha dos Macacos?

Claudia: Sim, é um pedaço, falam Ilha dos Macacos, gente é um pedacinho da Ilha dos Macacos.

Procurador: Quando foi adquirido esse imóvel?

Claudia: 2009, 2010, 2009, 2010, por contato meu, não tinha ninguém, contato meu, era de umconhecido de uma amiga minha que a mãe tinha morrido, vam mor…, estavam mor…, quatrohomens, o pai e três filhos, mortos e a gente fez uma excelente compra, fizemos uma reforma e é olugar que eu pretendo morar.

Procurador: Certo. A senhora recorda dos valores dessas transações?

Claudia: Mas ele tem tudo. Tá tudo no imposto de renda. Todos, a compra, os recibos, acredito quetenha sido bem barato.

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Procurador: Ah é, porque que a senhora...

Claudia: Porque Angra dos Reis é valorizada. E quando você pega quatro pessoas com problema evocê compra num lugar bom, acho que a gente comprou bem porque a casa era muito porcaria.Era só um pedacinho de terra.

Procurador: Aí foi reformado? Houve reforma?

Claudia: Houve reforma total dentro de toda a legalidade da lei, demoramos três anos, muitodemorado o processo, aí quando a gente acabou de regulariza tudo até a lavra da água tinha queser feito, fizemos também, mais seis meses, é um processo só pra quem tem muita paciência.

Procurador: Integrantes, sócios do Jonas, a família Bittar ou os filhos do ex-presidente, elesfrequentam essa Ilha?

Claudia: Eles foram duas vezes.

Procurador: Duas vezes.

Claudia: Rapidinho, visita de médico.

Procurador: Eles quem?

Claudia: O presidente Lula, Dona Marisa e o Fábio.

Procurador: A senhora estava lá?

Claudia: Tava.

Procurador: Essa foi mais uma vez que a senhora encontrou com eles?

Claudia: Sim, lembrei. Porque você puxar oito anos é muito complicado. Mas foi uma visita demédico porque eles iam pescar. Visita de médico, foi até assim, não deu nem pra esquentar um…

Advogado: Café.

Claudia: Não, eu ia servir um caldinho de feijão. Quando chegou o cara, já tinha ido embora. Visitade médico.

Procurador: Não chegaram nem a pernoitar na casa?

Claudia: Não, eles não chegaram nem a subir, ficaram na parte debaixo do deck. Quer dizer, umacoisa assim de médico mesmo.

Procurador: E o Kalil Bittar?

Claudia: Kalil não.

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Procurador: Fernando Bittar?

Claudia: Não.

Procurador: Nunca frequentou?

Claudia: Não, nessa ocasião, não.

Procurador: Nessa ocasião, mas em outras?

Claudia: Não. Eles não são, eles são totalmente game, game com ilha, prancha, água, eles nãocombinam com isso. Não existia essa intimidade.

Procurador: Éh, sobre a reforma, a senhora...

Claudia: Qual delas?

Procurador: A reforma dessa residência na Ilha, a senhora poderia detalhar como foi?

Claudia: Eu posso detalhar porque eu aprendi com o “Ineia”. Quando a gente comprou tinha umacasinha pequena que foi uma pousada de um italiano, anterior a mil novecentos e setenta epoucos, caindo aos pedaços, aí a gente foi correr atrás da reg…, da lei, e a lei dizia que nóspoderíamos reformar e acrescer cinquenta por cento e foi o que nós fizemos. Nós tínhamos a BITSdessa casa, temos a BITS.

Procurador: A senhora se recorda qual foi o escritório de arquitetura que fez a obra nela, oarquiteto que a senhora mantinha contato?

Claudia: Jorge “Delmos”.

Procurador: A senhora...

Claudia: Jorge “Delmos”.

Procurador: A senhora que negociou essa reforma? Não?

Claudia: Eu não tenho dinheiro, doutor.

Procurador: A senhora quem foi responsável pela decoração ou foi o Jonas?

Claudia: Existe uma grande divisão na nossa vida, eu fico com a parte externa e ele fica com a parteinterna. Sempre foi isso na nossa vida, ele adora decorar e eu adoro fazer jardim.

Procurador: Ah, perfeito.

Claudia: O senhor pode ver que eu tenho uma mãozinha pequenininha, essa semana mesmo eu

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estava fazendo, eu só não vim ontem porque eu estava fazendo jardim e quando eu chegueidomingo à noite no Rio, tinha a convocação, ai eu resolvi ligar. A decoração foi comprada por nós.Nós compramos na “Arte Fato” e o jardim todo foi feito pelo meu pai que é um grande biólogojunto com a mulher dele, são totalmente alternativos, éh, essa Ilha é totalmente nossa, gerêncianossa, da nossa família, dos nossos filhos e a gente não recebe quase ninguém lá.

Procurador: Perfeito. Mais algum questionamento, doutor Athayde, doutora Jerusa, Roberson,doutor Ernesto, Rafael, “Monali”. Senhora Claudia, a senhora tem algum outro esclarecimento que asenhora gostaria de prestar?

Claudia: Não, espero que eu tenha sido clara com todos vocês, eu vim aqui pra falar a verdadeporque eu não saberia fazer de outra maneira, eu não tenho a intimidade que a mídia acha que aspessoas, que eu tenho com essas pessoas, eu casei com o Jonas em 2013 e gostaria de fechardizendo, se eu fosse apontar um homem espetacular na minha vida, mesmo após 14 anos, euapresentaria o meu marido, espetacular, talvez ele só esteje, vai estar sentado aqui porque ele éespetacular e, as vezes, quando a gente é muito espetacular e aqui lhe diz uma mulher com maisidade, a gente, as vezes, tem que passar por uma situação dessa, eu me sinto constrangida porqueeu sou uma pessoa muito correta.

Procurador: Senhora Claudia, a senhora veio aqui pra prestar declarações sobre os fatos que asenhora tem conhecimento.

Claudia: Poucos, mas tenho.

Procurador: Perfeito. Nós agradecemos todas essas declarações que a senhora prestou, foramesclarecedoras nos pontos que foram suscitados, agradecemos a sua vinda pra Curitiba paracontribuir com as investigações e agradecemos também aos advogados por isso. Vamos encerrar oato e nós assinamos em seguida o termo.