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Empresa do Grupo

Transformadores - Ferragens Eletrotécnicas - Artefatos de Concreto

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Diretoria Eng. Agr. Raul ZucattoPresidente

Eng. Civil Laércio Domingos Tabalipa1° Vice-Presidente

Eng. Eletric. João Reus de Camargo2º Vice-Presidente

Eng. Civil João de Oliveira1º Secretário

Eng. Quím. Paulo Antonio Constantino2º Secretário

Tec. Agropec. Edson Carlos de Quadra3º Secretário

Eng. Agr. Germano Fuchs1º Tesoureiro

Eng. Mec. Wilson Cesar Floriani Junior2º Tesoureiro

CREA-SCEndereço: Rodovia Admar Gonzaga, 2125 – Itacorubi – Florianópolis–SC – CEP: 88034-001Fone/Fax: 48- 3331-2000 / 3331-2009www.crea-sc.org.br / [email protected]: 0800-481166

Comitê EditorialTéc. Agropec. Edson Carlos de QuadraEng. Civil Luiz Henrique PellegriniEng. Eletric. José Antônio Latrônico FilhoJorn. Claúdia de OliveiraJorn. Patrícia FrancalacciJorn. Adriano Comin

Assessora de Imprensa e ComunicaçãoJorn. Claúdia de Oliveira (MTB/SC 00536/JP)

Jornalista ResponsávelJorn. Patrícia Francalacci (MTB/SC 01016/JP)

EdiçãoJésica Maia e Viviane Bornholdt

TextosFábrica de ComunicaçãoJorn. Adriano Comin (MTB/SC 02114/JP)Jorn. Cláudia de Oliveira (MTB/SC 00536-JP)Jorn. Patrícia Francalacci (MTB/SC 01016-JP)

CapaDesigner Gráfica Larissa Elena B. Pavan

Projeto gráfico e diagramaçãoSullivan Caldeira

FotografiaBanco de Imagens e arquivo CREA

ImpressãoGráfica Posigraf

Tiragem48 mil exemplares

Editorial 5Livros 6Novas Tecnologias 7Entrevistas 23

Talento 27Expressas 28SOEAA 2011 31Artigos 34

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Equidade de gêneroApesar de minoria, mulheres ganham espaço no setor tecnológico

CapaSanta Catarina investe na prevenção de tragédias climática

NanotecnologiaMini mundo: empresas investem em nanotecnologia, resultados são satisfatórios

Empresa destaqueEngevix destaca-se em engenharia consultiva

4 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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EDITORIAL

Prezados(as) profissionais,

De acordo com a Secretaria Nacional de Defesa Civil, o país

tem hoje cerca de 800 áreas de risco envolvendo 5 milhões de pessoas. Santa Catarina é um dos estados em que há um detalhamento mais específico, assim como o Rio de Janeiro e São Paulo. Um levantamento feito em 2010 pela Defesa Civil catarinense revelou que pelo menos 20 mil famílias habitam 76 áreas onde há riscos de deslizamentos de terra. O cenário é desanimador, mas também desafiante, pois, em situações de desastres, tanto a atuação brasileira como a estadual dependem muito do voluntariado da sociedade, de profissionais e entidades especializadas, como é o caso do CREA-SC.

Por isso foi aprovada pela plenária de março do Conselho uma Comissão Especial que irá proceder estudos e propor ações do CREA sobre sustentabilidade e prevenção aos desastres socioambientais no Estado.

Outro exemplo da atuação do Conselho neste sentido é a participação, desde o ano de 2010, no GTC – Grupo Técnico Científico de Prevenção de Catástrofes Naturais, criado pelo Governo por meio do Decreto nº 2.445/09, cujos estudos e pesquisas visam identificar causas e propor ações de prevenção para as catástrofes climáticas no Estado.

Também destaca-se a campanha CREA Solidário, lançada em 2008 pelo Conselho para mobilizar as inspetorias na ajuda às vítimas e os profissionais registrados no auxílio à Defesa Civil, possibilitando ainda a taxa mínima de ART – Anotação de Responsabilidade Técnica, através de convênios com as Prefeituras para a reconstrução de moradias.

Ressaltamos ainda o projeto Geoportal, um dos dezesseis apresentados na 2ª edição do Documento Pensando

Santa Catarina: Contribuições da Área Tecnológica para o Desenvolvimento Sustentável do Estado, lançado em setembro de 2010. O Geoportal sugere implementar uma ferramenta na internet que possibilite a geração de metadados geográficos das diversas bases de dados existentes nas instituições parceiras, facilitando o acesso aos dados geoespaciais do estado e auxiliando o GTC e a Defesa Civil na elaboração e execução de suas missões.

Enfim, há uma evolução dos desastres naturais em Santa Catarina e no País. As cidades não estão preparadas para as enchentes, e tampouco para os deslizamentos. Quais as contribuições das profissões da área tecnológica para diminuir estes efeitos? O que o estado está investindo na previsão e minimização de catástrofes? O assunto é abordado na materia de capa desta edição. Lembramos que a reconstrução das cidades atingidas deve ser feita com planejamento pelo desenvolvimento sustentável e não somente por meio de medidas de emergência e paliativas.

Outra reportagem da revista é sobre o emprego da Nanotecnologia nas áreas da engenharia e tecnológicas em geral.A nanotecnologia esta impactando vários setores industriais e gerando novos produtos que já circulam pelo mundo, entre chips, materiais para implantes, leds, alimentos, embalagens, sensores, farmacos, entre muitos outros. Em Santa Catarina há diversas pesquisas nas áreas das engenharias, relacionadas principalmente ao auxílio da nanotecnologia para a sustentabilidade. Vale a pena conferir.

Falamos também sobre a atuação das mulheres no mercado da tecnologia, seus avanços e quais os maiores desafios enfrentados.

Lembramos que todos estes assuntos estarão sendo debatidos em

painéis da 68ª edição da SOEAA – Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia, maior evento da área tecnológica do país, que acontece de 27 a 30 de setembro no Centrosul em Florianópolis, com o tema Pesquisa e Inovação Tecnológica: Conhecimento Profissional a favor do Desenvolvimento Sustentável. O evento será lançado este mês de maio, no dia 17.05 e convidamos a todos para realizar sua inscrição na Internet.

Uma boa leitura,

Eng. Agr. Raul ZucattoPresidente do CREA-SC

Talento 27Expressas 28SOEAA 2011 31Artigos 34

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 5

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LIVROS

Fundações – Volume completo, 2011

Autor: DIRCEU DE ALENCAR VELLOSO E FRANCISCO DE REZENDE LOPES Editora: OFICINA DE TEXTOS Assunto: FUNDAÇÕES Páginas: 584

Esta edição traz os volumes um e dois do livro escrito pelo engenheiro civil Dirceu Velloso e pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Francisco Lopes. Os autores escrevem sobre diversos temas relacionados a fundações e engenharia civil em geral, fazendo uso da experiência de ambos com o magistério e a prática profissional. Entre os temas tratados estão critérios de projeto, investigação de subsolo, fundações superficiais e profundas e outros, considerados tão essenciais a esta área da engenharia.

Alio Kimura

Informática Aplicada em Estruturas de

Concreto ArmadoCálculo de edifícios com o uso

de sistemas computacionais

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Informática Aplicada em Estruturas de Concreto Armado

A evolução da informática influenciou no progresso de diversas áreas de forma incontestável. Na Engenharia de Estruturas, não foi diferente. Atualmente, é praticamente impossível dissociar a análise de estruturas de concreto armado com o uso de sistemas computacionais.

Com o aumento da velocidade dos computadores, cálculos até então inimagináveis passaram a ser executados de forma produtiva. Análises cada vez mais complexas e sofisticadas passaram a fazer parte do dia-a-dia do Engenheiro de Estruturas.

Diante deste contexto, torna-se fundamental que o Engenheiro tenha noções claras do verdadeiro papel do software na elaboração de um projeto estrutural, reconhecendo suas devidas limitações e, principalmente, sabendo manipulá-lo de forma responsável.

Este livro trata este tema, isto é, a aplicação da informática na análise de estruturas, de forma muito séria, procurando aliar parte da teoria estudada durante os cursos de graduação e pós-graduação com a prática presente no dia-a-dia do Engenheiro.

Fundamentalmente, são abordados itens relacionados à modelagem estrutural de edifícios de concreto armado, tais como:

• Geração de Combinações de Ações;

• Cálculo de Solicitações e Deslocamentos;

• Redistribuição de Esforços;

• Análise Não-linear;

• Estabilidade Global;

• Efeitos de 2a ordem.

Por meio de exemplos resolvidos no computador, e depois validados de forma manual, diversos conceitos importantes são apresentados de forma didática e detalhada.

Enfim, espera-se que esta publicação incentive o uso de softwares como ferramentas para um aprendizado mais eficiente e no desenvolvimento da “sensibilidade estrutural”, considerando, acima de tudo, o conhecimento em Engenharia como meta principal.

Eng. Alio Ernesto Kimura

Engenheiro Civil graduado na Universidade Estadual Paulista (Unesp/Bauru) em 1997. Cursou disciplinas da pós-graduação em Engenharia de Estruturas na Universidade São Paulo (USP/São Carlos) em 1998. Trabalha no setor de desenvolvimento de sistemas computacionais para elaboração de projetos de Estruturas de Concreto Armado e Protendido na TQS Informática desde 1999. É membro do comitê técnico CT-301, responsável por estudos referentes à norma NBR 6118:2003.

Desde 1996, atua na área de desenvolvimento de softwares destinados à análise de Estruturas de Concreto, com publicação de trabalhos de iniciação científica e artigos técnicos específicos sobre a aplicação da Informática no ensino da Engenharia de Estruturas.

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O Exportador, 2008

Autor: NICOLA MINERVINI Editora: PRENTICE HALL BRASIL Assunto: EXPORTAÇÃO Páginas: 296

No mercado brasileiro, pequenas empresas tendem a se concentrar no mercado interno. É comum no país a associação da exporta-ção à grandes empresas. No livro O Exportador, contudo, Nicola Minervi mostra estratégias vencedoras de comércio internacional de maneira clara. Acompanhando a obra, há um CD que ajuda o leitor a avaliar sua empresa, oferecendo recursos e informações adicionais.

Circuitos Elétricos, 2006

Autor: YARO BURIAN JR., ANA CRISTINA C. LYRA Editora: PEARSON Assunto: CIRCUITOS ELÉTRICOS Páginas: 320 Para ajudar engenheiros de todas as áreas, o livro de Yaro Burian e Ana Cristina foi escrito com base em mais de três décadas de experiência com ensino e procura dar uma visão moderna e completa da área de circuitos elétricos. Com uma linguagem didática, os autores usam ilustrações, oferecem exemplos e exercícios para expor os temas mais complexos de maneira clara e objetiva.

Introdução à Engenharia Ambiental, 2011

Autor: P. AARNE VESILIND E SUSAN M. MORGAN Editora: CENGAGE LEARNING Assunto: ÉTICA AMBIENTAL Páginas: 456

Escrito sobre um dos temas mais discutidos da atualidade, Introdução à Engenharia Ambiental aborda principalmente dois assuntos: o balanço de materiais e a ética ambiental. Os autores preocuparam-se em discutir a solução de problemas ambientais, apresentar alguns conceitos fundamentais à área e, por fim, aplicá-los à engenharia ambiental e à ciência.

Automação Industrial e Sistemas de Manufaturas, 2011

Autor: MIKELL P. GROOVER Editora: PEARSON Assunto: ENGENHARIA INDUSTRIAL Páginas: 562

Com uma linguagem didática, Mikell Groover escreveu este livro para que ele possa ser utilizado por estudantes e profissionais de diferentes áreas da engenharia. Com diversos problemas-exemplo, Automação Industrial e Sistemas de Manufaturas traz diagramas, descrições técnicas e exercícios no fim de cada capítulo.

Informática Aplicada em Estruturas de Concreto Armado, 2007

Autor: ALIO ERNESTO KIMURA Editora: PINI Assunto: INFORMÁTICA Páginas: 624

Montado com base em exemplos resolvidos no computador e validados manualmente, o livro apresenta conceitos importantes re-lacionados à modelagem estrutural de edifícios de concreto armado de maneira didática e detalhada. O principal objetivo do autor foi tratar da aplicação da informática na análise de estruturas, aliando a teoria à prática.

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SISTEMA KNX PERMITE INTEGRAÇÃO DE FUNÇÕES

Foi lançado entre os dias 15 e 19 de março, na Feicon – Salão Internacional de Construção, em São Paulo, o protocolo de comunicação KNX, da Schneider Electric (CREA-PR 15299). O sistema, desenvolvido há 20 anos na Europa, possui uma infraestrutura flexível e totalmente expansível que permite integrar iluminação, ar condicionado, cortinas e outras funções favorecendo a personalização de projetos e a economia de energia através de funções pré-programadas, além de facilitar e agilizar a implantação do sistema pelos integradores. As funções do sistema KNX também podem ser acessadas por meio de controle remoto, telas de touch screen, Ipads e celulares, como Iphone, podendo ser aplicadas em novos projetos ou em outros já existentes. Uma ótima vantagem é que, durante o dia, o sistema KNX capta a quantidade de luz solar do ambiente diminuindo a intensidade das lâmpadas, o que aumenta sua vida útil e economiza energia. Já durante a noite ou na ausência do uso das estações de trabalho, o sistema pode desligar a iluminação do andar através de sensores de presença e movimento ou em horários pré–programados, o que deixa empreendimentos comerciais ou residenciais, escolas, agências bancárias e outros edifícios mais personalizados e inteligentes. Aos interessados em conhecer o sistema KNX, a Schneider Electric disponibilizará treinamentos e certificações.

ECONOMIA DE ENERGIA

A Sylvania, marca tradicional do setor de iluminação, lançou a nova lâmpada Halógena Classic ECO. O novo produto é ideal para substituir lâmpadas incandescentes, pois oferece o dobro da vida útil, possui qualidade de luz e economiza 30% de energia. A lâmpada se destaca ainda por possuir ótimo índice de reprodução de cores, que realça objetos com muita eficiência, tornando-se indicado para iluminação de destaque, como produtos em lojas, galerias, museus, vitrines, restaurantes e iluminação interna em geral. Suas dimensões reduzidas são ideais para aplicações em luminárias de vários tipos e tamanhos. A lâmpada Halógena Classic ECO está disponível nas potências 42W, 53W e 70W, nas tensões 127V e 220V. Seu bulbo tem o mesmo formato da lâmpada incandescente convencional. Mais informações sobre o produto podem ser obtidas pelo e-mail: [email protected]

SISTEMA CONSTRUTIVO METÁLICO

A BEMO do Brasil (CREA-SP 344167) desenvolveu, em parceria com a Soufer Industrial, um Sistema Construtivo Metálico. Integradas ao sistema de cobertura BEMO Roof (sistema de cobertura simples, termoisolantes e termoacústicas), as novas estruturas metálicas são ideais para projetos de centros de logística, indústrias de varejo, fábricas, supermercados, centros de comércio e exposições. O Sistema também permite a racionalização e a organização do canteiro de obras, em uma construção limpa e rápida, com excelente relação custo/benefício e qualidade técnica.

VIDRO QUE MUDA DE COR ECONOMIZA ENERGIA

Alunos do Massachusetts Institute of Technoly criaram a Thermeleon, telha capaz de mudar de cor para aproveitar melhor o calor e economizar energia. O material, como o próprio nome diz, reage à temperatura, se tornando branco quando está quente e preto quando está frio e é necessário absorver o calor – daí ele ter sido batizado em homenagem ao camaleão. As medidas de laboratório mostram que, no estado branco, as telhas refletem 80% da luz do sol que infringe sobre elas. Escuras, refletem apenas 30%. Isso significa que, no verão, elas poderiam salvar até 20% dos gastos atuais com ar-condicionado. As telhas são feitas com um polímero comum comercial em uma solução de água que está encapsulada entre camadas de vidro e plástico e com uma camada escura atrás. Quando a temperatura está abaixo de um certo nível o polímero permanece dissolvido, e o fundo escuro aparece. Quando a temperatura sobe, o polímero se condensa e forma pequenas gotas, que refletem a luz e produzem uma superfície branca. Ainda sem planos de comercialização, a telha do MIT deve sofrer algumas alterações em uma nova versão e seguir para uma bateria de testes de durabilidade.

NOVAS TECNOLOGIAS

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NANOTECNOLOGIA

Imagine uma partícula centenas de vezes menor que um fio de cabelo capaz de combater o mofo e o odor em peças de roupa. Ou uma

substância tão minúscula, invisível ao olho humano, mas que protege plásticos e metais contra arranhões. Pode parecer cena de filme de ficção científica, mas a manipulação de células e átomos, as partículas básicas do universo, para criar novas estruturas e matérias mais eficientes que os fornecidos pela natureza já é uma realidade cada vez mais difundida nos laboratórios ao redor do mundo.

A nanotecnologia é a ciência que estuda e manipula partículas na escala do nanômetro, com dimensão até cem mil vezes menor que um fio de cabelo. Apesar do uso de partículas em escala nanométrica ser bastante antigo – há registros dessa técnica no século IV a.C. – a nanotecnologia como é conhecida hoje só começou a surgir a partir de 1959, quando o cientista americano Richard Feynman sugeriu que os materiais deveriam ser estudados de maneira diferente do que eram conhecidos. Em uma palestra, ele disse que era possível arrumar átomos de forma artificial. O termo nanotecnologia, no entanto, só foi criado em 1974, pelo japonês Norio Taniguchi, e começou a ganhar popularidade nos anos 80, especialmente depois dos trabalhos do cientista Eric Drexler.

O universo da nanotecnologia tem crescido com incrível rapidez nos últimos anos. Hoje, é possível desenvolver roupas que dificilmente amassam, protetores solares mais eficazes e sem deixar a pele esbranquiçada, tintas que não mancham e não riscam e até mesmo concreto a partir de materiais altamente resistentes e duráveis e mais seguros que os atuais. Esta última técnica é uma realidade que nasceu junto com a nanotecnologia e resultou em experiências bem sucedidas. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) incorporaram nanotubos de carbono ao concreto e constataram que a adição desses nanotubos ao cimento Portland (denominação técnica do cimento) é como se microscópicos cabos de aço fossem acrescentados ao material, chegando a uma protensão de concreto na ordem de 200 MPa (mega Pacal). A consequência do uso dessa tecnologia é que o concreto se torna muito mais resistente, ideal para obras de infraestrutura e construções submarinas, devido à baixa porosidade.

Laboratórios de nanotecnologia de Santa Catarina investem pesado na técnica e conquistam cada vez mais resultados satisfatórios

Mundo em miniaturapor Daniela Kirst

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A nanotecnologia é a ciência que estuda e manipula partículas na escala do nanômetro, com dimensão até cem mil vezes menor que um fio de cabelo

Aqui no Estado, laboratórios também investem pesado na pesquisa com nanotecnologia para materiais da construção civil. Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), esse é o principal objeto de estudo do Núcleo de Aplicações de Nanotecnologia em Construção Civil (Nanotec), do curso de Engenharia Civil. A proposta do Núcleo é pesquisar o desenvolvimento de novos produtos para a indústria de construção civil, entre eles, a incorporação de componentes nanométricos no cimento, como nanotubos de carbono, aumentando sua resistência. Ainda limitada aos laboratórios, a incorporação de nanotubos de carbono em cimento não chegou ao mercado devido ao alto custo de sua produção.

De acordo com o professor Wellington Longuini Repette, um dos coordenadores do Nanotec, os resultados obtidos até agora foram bastante satisfatórios. “Nós conseguimos aprimorar as características do cimento de modo a torná-lo mais resistente, aumentando a segurança e a durabilidade do produto”, explica. Além de buscar o aumento de resistência do cimento a partir da inclusão de nanopartículas, os estudos desenvolvidos pelo Nanotec também se preocupam com o desenvolvimento de produtos que diminuam os custos e o impacto ambiental.

Meio ambiente em destaque

A preocupação com a degradação do meio ambiente e a despoluição da atmosfera por meio da nanotecnologia

é um tema que tem atraído diversos pesquisadores nos laboratórios universitários. Uma das técnicas pesquisadas em Santa Catarina é o uso de luz solar para acelerar a reação de componentes nanométricos, como dióxido de titânio, no tratamento do ar atmosférico.

Esse é um dos temas de pesquisa do Laboratório de Pavimentos do curso de Engenharia Civil da UFSC. O objetivo é utilizar o dióxido de titânio na pavimentação de rodovias, de modo que ao incidir sobre o pavimento, a radiação solar interaja com os poluentes da atmosfera, sequestrando esses elementos e levando-os embora com a água da chuva. “Esses poluentes se transformam em um produto inerte, que pode ser aproveitado pelas raízes das plantas”, descreve o professor e engenheiro civil Glicério Trichês, um dos coordenadores do laboratório.

Manipular células e átomos para criar

novas estruturas e materiais mais eficientes é uma

realidade difundida nos laboratórios ao

redor do mundo

A preservação do meio ambiente é um dos temas que tem atraído

pesquisadores de nanotecnologia

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De acordo com o professor, a técnica, considerada pioneira no Brasil, consegue retirar de 60% a 80% dos gases poluentes emitidos pelos escapamentos dos carros, com uma quantidade mínima de dióxido de titânio. “Uma grama desse elemento consegue revestir 200 metros quadrados de pavimento”, afirma Trichês.

Grande potencial de crescimento

Pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) aponta que, em 2010, o mercado brasileiro de produtos com base em nanotecnologia, desenvolvido originalmente no País, somou cerca de R$ 115 milhões. O estudo não considerou as tecnologias trazidas de matrizes para aplicações no Brasil e nem os produtos importados.

De acordo com o presidente do Conselho Empresarial de Tecnologia da Firjan, Fernando Sandromi, o mercado de produtos nanotecnológicos desenvolvidos no Brasil ainda é bastante pequeno em relação à estimativa de negócios gerados para nanotecnologia no mundo em 2010, de aproximadamente US$ 383 bilhões.

A Braskem, indústria que fabrica embalagens plásticas e tubos de PVC, é um exemplo de empresa sediada no Brasil que está investindo pesado no desenvolvimento nanotecnológico de seus produtos. Em 2010, a empresa assinou um convênio de cooperação científica e tecnológica com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que visa a identificação de nanofibras da celulose de fontes vegetais mais produtivas, que tenham melhor desempenho e sejam biodegradáveis para uso na indústria. O

prazo de execução do projeto é de três anos e deverá custar R$ 500 mil.

“Essa integração entre a Braskem e a Embrapa traz benefícios importantes para ambas as partes, na medida em que propicia o ambiente ideal para o desenvolvimento do trabalho científico e a inovação aplicada”, destaca o vice-presidente de Tecnologia e Inovação da Braskem, Edmundo Aires.

Para o desenvolvimento das nanofibras estão sendo usados diversos tipos de matérias-primas, como o bagaço da cana, resíduos de casca de coco, variedades específicas de algodão colorido, sisal, curauá – uma espécie de fruto da mesma família do abacaxi – e resíduos agrícolas.

Preocupação com a segurança

Apesar dos inegáveis benefícios que a nanotecnologia proporciona para o desenvolvimento humano, o professor de Engenharia Química da UFSC Antônio Augusto Ulson de Souza alerta para o fato de que há uma necessidade de se ter um controle da segurança das nanopartículas, principalmente as utilizadas nos produtos consumidos diretamente pela população, como cosméticos. “Esse é um ponto bastante crítico. Por exemplo, um cosmético que usa nanopartículas pode fazer com que esse fragmento incorpore na pele, entre no sistema sanguíneo e vá parar no cérebro. Hoje, existe uma carência de metodologias para controlar a segurança da nanociência”, afirma.

Ainda assim, mesmo com deficiências nos estudos sobre a segurança do método, a nanotecnologia é considerada a ciência do futuro por muitos pesquisadores da área, e, por isso, tem sido a aposta de pequenas e grandes empresas no Brasil e ao redor do mundo e objeto de estudo em laboratórios

de diversas universidades. Souza também é coordenador de um laboratório da UFSC que estuda a utilização de nanotecnologia em materiais, o Laboratório de Transferência de Massa (LabMassa), do curso de Engenharia Química, que investe no estudo da utilização de partículas micro e nanométricas em indústrias, como a têxtil, e em técnicas que impedem o crescimento microbiano em diversos materiais. “Dentro do setor têxtil nós temos um projeto ligado à liberação controlada de produtos. Com a nanotecnologia nós conseguimos liberar aromas, óleos essenciais e outros insumos conforme a necessidade e o interesse da indústria, de forma que o valor agregado do artigo têxtil aumente”, explica Souza, que também coordena o LabMassa.

Para os próximos anos, o professor acredita que a nanotecnologia vai abrir possibilidades de inclusão de novos materiais na técnica, principalmente medicamentos. “Com a nanotecnologia, as doenças passarão a ser tratadas adequadamente. Será possível fabricar medicamentos que liberam as substâncias de maneira controlada e dosar hormônios para que eles tenham um resultado mais eficaz”, prevê.

A incorporação de nanotubos de carbono no cimento torna o concreto muito mais resistente

Em 2010, o mercado brasileiro de

produtos com base nanotecnológica somou cerca de R$ 115 milhões

Antonio Augusto Ulson de Souza: Com as técnicas usadas na nanotecnologia, nós conseguimos liberar insumos conforme a necessidades e o interesse das indústrias, aumentando o valor agregado do seu produto

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Pesquisas analisam utilização de dióxido de titânio na pavimentação de rodovias com o objetivo de reduzir a poluição atmosférica

Crédito: Jesuíno Souza

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Elaborar estudos, projetos e atuar na integração e no gerenciamento de empreendimentos nas áreas de energia,

indústria e infraestrutura são especialidades da Engevix. A empresa é líder no setor de engenharia consultiva do Brasil e está em plena expansão no exterior. A companhia não atua somente na elaboração e construção de projetos, mas presta serviços de engenharia inteligente para agregar valor aos empreendimentos. Para que todos os procedimentos tenham excelência, a empresa conta com mais de 2.600 colaboradores. Dentro deste número estão incluídos 700 engenheiros qualificados.

Um dos destaques da Engevix é a implantação de projetos sob a modalidade de empreitadas integrais (EPC- Engineering Procurement Construction), em que a Companhia é responsável por toda a obra. Nesse tipo de serviço, a empresa oferece desde a execução até a gestão das obras, passando por engenharia básica e de detalhamento, compra de materiais e equipamentos, gerenciamento da construção civil, montagem eletromecânica, fiscalização, pré-operação, operação e gerenciamento de todas as fases. De acordo com a empresa, ultimamente os contratos de empreitada integral (EPC) têm crescido no Brasil.

Com mais de 45 anos de história, a Engevix atua em projetos nos setores de energia elétrica (geração hidráulica e térmica, subestações e linhas de transmissão), indústrias, óleo, gás, manutenção de plataforma de petróleos, infraestrutura, celulose e papel, siderurgia, mineração e química. Para atender a essa forte demanda do mercado, a empresa tem escritórios permanentes em cinco estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e no Distrito Federal e em três países: México, Peru e Angola. A Companhia produz seus trabalhos de acordo com a Norma ISO 9001, procedimentos de qualidade que a certificam desde março de 1999. Em fevereiro de 2004, a empresa foi reconhecida pela ISO 14001 e pela OHSAS 18001, pelos cuidados ambientais dos empreendimentos e por seus sistemas de prevenção de saúde e segurança dos colaboradores.

Líder em engenharia consultiva, a Engevix desenvolve desde a execução até a gestão de obras fundamentais para o desenvolvimento do País

Engevix: integração e gerenciamento de empreendimentos

EMPRESA DESTAQUE

por Juliana Galliano

A Companhia está no mercado há 45 anos e já executou diversos empreendimentos

Engevix – CREA-SC nº 038710-5

12 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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2009: o marco

O ano de 2009 foi de grande mudança para a Engevix. Nele aconteceu a consolidação da reestruturação societária e o novo desenho organizacional da empresa. A reestruturação societária transformou a Jackson Empreendimentos Ltda. em controladora integral da Engevix Engenharia S.A. e da Desenvix S.A.. Segregaram-se assim as atividades de geração de energia renovável daquelas de projetos e implantação de empreendimentos, respectivamente. A nova estrutura também contemplou, em 2010, a Ecovix - Engevix Construções Oceânicas S.A..

Ainda no final de 2009 foi constituída a Cevix - Energias Renováveis S.A., parceria entre a Desenvix e a Fundação dos Economiários Federais (Funcef). A Companhia assumiu os empreendimentos da Desenvix e a construção das usinas de Moinho, Passos Maia e de parques eólicos na Bahia, com recursos que atingem R$ 260 milhões e implantação de cerca de 200 megawatts de novas usinas de energia renovável.

Bons ventos em 2011

Durante este ano, a Engevix programa a conclusão da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Moinho, da PCH Passos Maia e do parque eólico Brotas de Macaúba, na Bahia. A PCH Moinho está situada entre Barracão e Pinhal da Serra, no norte do Rio Grande do Sul, com 13,7 megawatts. A previsão de entrega da obra é setembro de 2011. A PCH Passos Maia, localizada em Passos Maia, Oeste de Santa Catarina, tem 25 megawatts de potência. Sua conclusão está prevista para o final de 2011. E o parque eólico Brotas de Macaúba, na Bahia, com três usinas que somarão 90 megawatts, orçado em R$ 400 milhões, deve entrar em operação em breve.

Segundo o coordenador da PCH Moinho, Filipe Koefender, engenheiro sanitarista e ambiental, o projeto foi

elaborado para ocupar e alagar a menor área possível. “Esse tem sido um modelo em expansão devido aos poucos impactos gerados ao meio ambiente, se comparado a grandes e médias usinas”, explica. No período da construção da obra, os municípios de Barracão e Pinhal da Serra devem arrecadar cerca de R$ 1,5 milhão provenientes do Imposto Sobre Serviços (ISS). O investimento será de R$ 90 milhões.

A Engevix já entregou três PCHs nos dois Estados do Sul (Esmeralda e Santa Laura) e uma no Rio de Janeiro (Santa Rosa). Segundo o engenheiro civil Rodolfo de Sousa Pinto, da Engevix, “a postura pró-ativa dos órgãos de licenciamento acelerou os investimentos nesses dois Estados do Sul, além, claro, da hidrologia e do relevo”. A Engevix já construiu duas PCHs no México e estuda alguns projetos na América Central.

PCH Santa Laura foi uma das obras concluídas pela Engevix

A Engevix conquistou a ISO 14001 e a OHSAS

18001 devido aos cuidados ambientais

dos empreendimentos e pelos sistemas de

prevenção de saúde e segurança desenvolvidos

para os colaboradores

Crédito: Divulgação CREA

-SC

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CAPA

Prevenção de catástrofes, reconstrução e desenvolvimento

Santa Catarina tem sido destaque no Brasil devido à ocorrência de tragédias climáticas. Confira o que é feito no Estado para minimizar suas consequências

por Milena Vitto e Juliana Galliano

Crédito: Banco de imagens14 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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Diversos segmentos da área tecnológica de Santa Catarina

unem-se para combater os efeitos das constantes catástrofes que assolam o Estado. Estudos e ações de engenharia, geologia e meteorologia ajudam a minimizar os problemas ocorridos. E a necessidade de mais investimentos na previsão de tragédias climáticas e na prevenção dos consequentes acidentes é visão comum entre os especialistas. Em 2008, o Brasil foi o 13º país mais afetado por desastres naturais. Pelo menos dois milhões de pessoas foram atingidas, principalmente por chuvas. Só em Santa Catarina, 1,5 milhão de pessoas sofreram com as catástrofes. Em 2009, o Brasil subiu na escala e foi o sexto país no mundo a enfrentar o maior número de desastres naturais. Grande parte relacionada a chuvas torrenciais, deslizamentos de terra e enchentes. Estatísticas da Defesa Civil do Estado mostram que de janeiro até março de 2011 foram registrados 152 eventos adversos (alagamentos, enxurradas, erosões, pragas, ressacas e vendavais) decretados pelos municípios catarinenses, destes, 143 foram enxurradas.

A Defesa Civil é responsável pelo gerenciamento das ações a serem tomadas nas regiões afetadas pelos desastres. De acordo com o diretor estadual da Defesa Civil, major Márcio Luiz Alves, todo o trabalho nestas áreas deve ter a participação da população. “A sensibilização comunitária é fundamental para desenvolvermos uma cultura de prevenção de desastres. Em toda ação devemos envolver as pessoas, que precisam fazer parte, entender e interagir com o processo. Até porque as consequências também ocorrem nas comunidades, que precisam estar preparadas para reagir”, analisa.

O geólogo Rodrigo Sato, que é um dos representantes do CREA no Grupo Técnico Científico do Governo do Estado (GTC), afirma que estas catástrofes acontecem em virtude do mal planejamento urbano. “Os desastres climáticos dos últimos anos em Santa Catarina e em alguns outros Estados, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, têm influência climática incontestável. Porém, têm mais a ver com desenvolvimento urbano não planejado e políticas sociais fracas ou inexistentes”, explica Sato.

Para agilizar essa atuação em Santa Catarina, o Governo transformou o Departamento Estadual em Secretaria de Estado de Defesa Civil, com as atribuições de articular e coordenar ações como prevenção e preparação para desastres, assistência e socorro às vítimas das calamidades, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução.

A nova Secretaria terá as seguintes funções: estudos e implementação de diretrizes e projetos para prevenção, minimização e respostas a desastres causados por ação da natureza e/ou do homem no âmbito do Estado; mobilizar recursos para prevenção e minimização dos desastres; providenciar e gerenciar a distribuição e o abastecimento de suprimentos necessários nas ações de proteção e defesa civil; entre outros.

Em relação às tragédias, o Departamento Estadual de Defesa Civil atua nas fases de prevenção, preparação, resposta e reconstrução. Parcerias com outros órgãos são realizadas para buscar novas tecnologias a serem utilizadas em setores como meteorologia e geologia.

Meteorologia pública

A Defesa Civil utiliza novas ferramentas de previsão e avisos meteorológicos, como as hospedadas no site da Epagri/Ciram (http://ciram.epagri.sc.gov.br) para livre acesso do público. Entre outros serviços, estão a Probabilidade de Ocorrência de Tempestade, Previsão de Ocorrência de Geada, Sistema de Previsão Hidrológica para a Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá (Sul catarinense) e avisos de temperatura mínima e máxima extrema e de risco decorrente de chuvas intensas.

Essas tecnologias fazem parte do projeto Finep 14 - custeado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com total de R$ 899.230,96. “A proposta possui caráter multi-institucional e multidisciplinar. O Finep 14 tem como co-executores o Instituto Tecnológico Simepar, do Paraná, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), do Rio Grande do Sul”, explica o engenheiro agrônomo Ângelo Massignam, membro da equipe da Epagri/Ciram.

Santa Catarina foi contemplada no projeto com o aprimoramento da rede de monitoramento ambiental, que consiste na instalação de 30 estações meteorológicas automáticas, chamadas Pluviologger, desenvolvidas pela Epagri/Ciram com tecnologia própria de baixo custo. O oceanógrafo da Epagri/Ciram Carlos Eduardo Salles de Araújo desenvolveu a ferramenta Aviso de Risco Decorrente de Chuvas Intensas, do Finep 14, para integrar o site.

A sensibilização comunitária é fundamental para desenvolvermos uma cultura de prevenção de desastres. Em toda ação devemos envolver as pessoas, que precisam fazer parte, entender e interagir com o processoMajor Márcio Luiz Alves, Diretor Estadual de Defesa Civil

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 15

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Enquanto as regras não são claras, investimentos privados em infraestrutura, como a Portonave, ancoram e permanecem insuficientes.

“Esse é o desenvolvimento de uma nova metodologia para auxiliar na prevenção de tragédias climáticas. A previsão do risco é medida pelos componentes de ameaça e de vulnerabilidade – que são influenciadas pelos fatores físicos, socioeconômicos e de solo”, afirma.

Redução de riscos

Na área de geologia, há também a atuação do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina – CEPED – UFSC, criado em novembro de 2010 por um Acordo de Cooperação Técnica. A instituição atua nas áreas de ensino, pesquisa e extensão e tem o objetivo de colaborar para a construção de cidades mais seguras por meio da redução de riscos de desastres. Além disso, busca ainda cooperar para o desenvolvimento técnico, científico e cultural da sinistrologia e de sua difusão junto à sociedade.

A atuação do centro está pautada na teoria do risco e se fundamenta na importância de dar respostas à sociedade que sofre as atuais consequências de um modo de produção extrativista predominante na história, destacadamente nos últimos séculos. “Crescimento demográfico, ocupações de solo inadequadas, alterações climáticas e desenvolvimento tecnológico desassociado de sistemas de segurança têm provocado desastres naturais e prejuízos superiores aos provocados por guerras”, afirma o professor e engenheiro civil Antônio Edésio Jungles, da Direção Geral do CEPED – UFSC.

O geólogo Sato afirma que há extrema necessidade de pensarmos em ações para se evitar desastres muito piores dos que já estão acontecendo. “Temos que cuidar do nosso legado para o futuro. O que fazemos hoje não causará a morte do planeta, ele é forte demais para nos suportar, porém podemos deixá-lo bem inóspito para as gerações futuras. Quem sentirá nossas ações serão nossos filhos, netos e bisnetos, que herdarão um planeta sujo e mal cuidado. O fator humano é um dos principais quando se fala em erosões e inundações”, explica Sato.

Os profissionais do CEPED – UFSC realizam levantamentos, diagnósticos e assessorias a prefeituras. Um exemplo é o programa Suporte Técnico para Avaliação de Áreas Atingidas por Desastres em Santa Catarina, que mantém uma equipe de profissionais de geologia mobilizada desde 2009 para atuar em bens públicos que tenham sido atingidos por eventos adversos. O objetivo é subsidiar a tomada de decisão do gestor de defesa civil na realização das obras de recuperação destes locais. O trabalho em campo origina um relatório, que contempla a caracterização dos danos ocorridos; identifica as coordenadas geográficas; e emite as recomendações cabíveis aos órgãos responsáveis.

Áreas de risco

Uma das principais causas de tragédias devido a fenômenos meteorológicos são as construções irregulares. Milhares de moradias são levantadas em terrenos impróprios e que são mais vulneráveis, como encostas de morros e margens de rios. “O que agrava o problema são as moradias unifamiliares que não são passíveis de fiscalização pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma). Essas casas são construídas por pessoas de baixa renda e que não possuem outro local para residir. Então, a desocupação só é possível quando acompanhada de programas habitacionais, como o aluguel social – que ocorre enquanto novas residências são edificadas em locais adequados”, ressalta o presidente da Fatma, engenheiro agrônomo Murilo Flores. Ele destaca ainda que a Fatma pode apenas fiscalizar, em áreas de risco, obras com mais de dez unidades habitacionais. “E como esses locais geralmente são de propriedade de uma população com mais recursos, quando há irregularidades, a sua

adequação é mais garantida”, salienta. Flores declara que para coibir as construções em áreas irregulares é necessária uma força-tarefa com diversos setores da sociedade, como os governos municipais, estaduais e federal, e a própria população.

Reconstrução

A enxurrada ocorrida em janeiro deste ano em Mirim Doce, no Alto Vale catarinense, é um dos exemplos recentes de tragédias climáticas e que demanda o esforço coletivo da sociedade. O município decretou Estado de Calamidade Pública, no qual o governo reconhece a situação anormal, provocada por desastres, causando sérios danos à comunidade afetada, inclusive à incolumidade ou à vida de seus integrantes. O desastre resultou em um total de 2.500 pessoas afetadas, sendo 1.500 desalojadas, 150 desabrigadas e 115 feridas. Todos os serviços essenciais à população foram prejudicados, como distribuição de água e energia, transporte e comunicação. E ainda 163 casas ficaram danificadas e 30 totalmente destruídas.

A reconstrução da cidade é realizada principalmente na localidade de Serra Velha, que ficou com seu acesso prejudicado. Chegar ao local, onde 138 indivíduos estavam isolados, só era possível com helicóptero – que levava água, comida, remédio e demais suprimentos aos atingidos. Três meses depois ainda estavam sendo executados desassoreamento do rio, reforço de cabeceiras de ponte, reconstrução de estradas, implantação de tubulação de travessia, limpeza de pista, corte de taludes, tubulação para travessia de águas, reconstrução da estrutura de pavimento, entre

O município de Mirim Doce foi atingido por enxurrada durante o mês de janeiro de 2011

Os desastres climáticos dos últimos anos têm mais a ver com desenvolvimento urbano não planejadoRodrigo Sato, geólogo

16 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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outros serviços. As obras emergenciais ocorreram em 48 pontos, que constituem 35 quilômetros de extensão, e o prazo de conclusão inicial era de cerca de quatro meses.

A arquiteta Caroline Margarida, técnica do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres – CEPED UFSC e há oito anos na Defesa Civil de Santa Catarina, afirma que há necessidade em fazer uma avaliação do risco que corre Mirim Doce, englobando a ameaça ou evento adverso, como a chuva intensa e as vulnerabilidades. “Vemos que Mirim Doce se desenvolveu em torno de um rio, ocupando área que, de certa forma, é vulnerável a enxurradas, somado a

ocupação de encostas que aumentam a vulnerabilidade a deslizamentos. O terceiro aspecto que é a resiliência, ou seja, a capacidade de resposta do município, contribuiu para soma de danos e prejuízos, já que a cidade não tem uma Defesa Civil estruturada, sistema de monitoramento, alerta e alarme, e nem recursos humanos e materiais necessários”, explica Caroline.

Outra cidade que sofreu bastante com desastres foi Blumenau. Em novembro de 2008, após três meses de chuvas consecutivas, a cidade foi atingida por uma grave enchente e por deslizamentos. O nível do Rio Itajaí-Açu chegou a 11,52 metros e houve cerca de três mil pontos de deslizamento na cidade. Mais de 103 mil pessoas (um terço da população) foi atingida e cerca de cinco mil casas ficaram destruídas ou danificadas. “O crescimento desordenado por mais de 50 anos nos levou a pagar o preço em 2008 e agora temos a responsabilidade, todos, entes públicos, privados e pessoas em geral, de fazermos uma Blumenau diferente, melhor para todos nós. Por isso, não apenas reconstruímos nossa cidade, mas sim, construímos novamente, de forma planejada e de olho no futuro”, afirma o prefeito de Blumenau, João Paulo Kleinübing.

Desde a tragédia, o município tem se reconstituído e entregado alguns novos empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal. O Residencial Parque Paraíso faz parte desta etapa de reconstrução e totaliza 1.728 unidades. Para Kleinübing, a conclusão do condomínio representa mais um passo de superação da tragédia de 2008. “Vemos uma cidade renovada, em espírito e infraestrutura. Com a entrega do Parque

Paraíso, podemos encerrar mais uma página da reconstrução, oferecendo às famílias atingidas, moradias seguras e legalizadas”, avalia o prefeito.

O auxílio da engenharia

O CREA-SC, que em 2008 lançou a campanha CREA Solidário, participa também, junto a instituições públicas, universidades e entidades profissionais, do GTC – Grupo Técnico Científico de Prevenção de Catástrofes Naturais, criado pelo Governo do Estado. O objetivo principal do grupo é a promoção de estudos e pesquisas visando identificar causas e propor ações de prevenção para as catástrofes climáticas no Estado. No GTC, o CREA é representado pelo geólogo Rodrigo Sato e o Superintendente do Conselho, engenheiro civil Luiz Henrique Pellegrini. “O Poder Público deveria ser mais rigoroso na fiscalização e proibição de construções em áreas de risco, fazendo a derrubada de casas irregulares e monitoramento intenso, inclusive delimitando as áreas proibidas com marcos visíveis e orientando moradores limítrofes para auxiliar na fiscalização”, argumenta Sato.

Foi aprovada pela plenária de março do Conselho uma Comissão Especial que irá proceder estudos e propor ações do CREA sobre sustentabilidade e prevenção aos desastres socioambientais no Estado. A Comissão realizou sua primeira reunião no dia 14 de abril, na sede do CREA. “Os profissionais do CREA-SC estão diretamente envolvidos com essas questões, principalmente no que se refere a prevenção e avaliação de áreas de risco. Para reconstruir nossas cidades é necessário um planejamento integrado

Crédito: Fabiane Costa / Defesa Civil

Para reconstruir nossas cidades é necessário um planejamento integrado

entre as Prefeituras, Governo Federal,

Governo Estadual e o CREA-SC, garantindo o acompanhamento

técnico de todas as obras

Deslizamento de encostas em áreas de risco, após tempestades

Crédito: Fabiane Costa / Defesa Civil

Raul Zucatto, Presidente do CREA-SC

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 17

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entre as Prefeituras, Governo Federal, Governo Estadual e o CREA-SC, garantindo o acompanhamento técnico de todas as obras”, comenta o presidente do Conselho, engenheiro agrônomo Raul Zucatto, lembrando que uma das funções desta Comissão é debater como auxiliar neste desafio.

Outra ação do CREA-SC na área foi a sugestão do projeto Geoportal – Projeto Geoespacial Preventivo, proposto na segunda edição do documento Pensando Santa Catarina: Contribuições das Áreas Tecnológicas para o Desenvolvimento Sustentável, entregue em 2010 aos candidatos ao governo do Estado, inclusive ao governador eleito, Raimundo Colombo. A ideia é implementar uma ferramenta na internet que possibilite a carga, edição, recuperação e disseminação de metadados geográficos (Geoportal) das diversas bases de dados existentes nas instituições parceiras, a fim de propiciar a interoperabilidade, usabilidade e acessibilidade aos dados geoespaciais do Estado de Santa Catarina, sobretudo para subsidiar os diferentes grupos temáticos do Grupo Técnico Científico – GTC e da Defesa Civil na elaboração e execução de suas missões relativas à prevenção de catástrofes.

O projeto Geoportal, elaborado pelos consultores engenheiro agrônomo Zenório Piana, diretor de Pesquisa Agropecuária e Meio Ambiente da Fapesc e engenheiro agrônomo Hugo Braga, da Epagri/Ciram, identificou que na prevenção às catástrofes o Estado continua a atuar de forma pulverizada quanto às estruturas governamentais, bem como às suas universidades, entre outras entidades de classe e iniciativa privada. Nas emergências, quando os eventos mencionados são catastróficos, esta ação desarticulada torna-se mais visível. Um dos gargalos em situações de emergência é a falta de organização da informação para a tomada de decisão de forma ágil e imediata. Segundo os consultores do projeto, Santa Catarina carece de um sistema integrado de informações baseado em um banco de dados georreferenciado, envolvendo um banco de metadados.

O CREA-SC propôs também, em 2010, um Termo de Cooperação Técnica em parceria com o Ministério das Cidades, de capacitação sobre gestão de riscos de desastres naturais através das vinte inspetorias instaladas no Estado. O objetivo é desenvolver programas de treinamento e capacitação de profissionais em gerenciamento de riscos, mapeamento e planejamento de intervenções para a redução dos riscos de desastres naturais associados a deslizamentos de encostas e inundações. Além disso, o acordo permite promover intercâmbios institucionais e de experiências entre as duas entidades. O Conselho se prontificou a organizar os cursos, responsabilizando-se por adaptar o material didático produzido pelo Ministério às peculiaridades da realidade local. A proposta ainda está em avaliação pelo Ministério das Cidades.

Empresas de engenharia especializadas em gestão de catástrofe auxiliam na reconstrução de cidades

Coordenador do GTC, professor Antônio Diomário de Queiróz (E), Presidente da Epagri, engenheiro agrônomo Luiz Ademir Hessmann e engenheiro agrônomo Raul Zucatto,

presidente CREA-SC, durante assinatura protocolo de instalação do Grupo

Crédito: Fabiane Costa / Defesa Civil

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Nada de avanços

O geólogo Rodrigo Sato comenta a falta de melhorias no sentido de prevenir os desastres em Santa Catarina:

“Em minha opinião, não houve avanços significativos, ficando tudo em nível de

discussão e projetos futuros, pois um dos grandes problemas é falta de vontade política do poder público de realmente querer resolver os problemas de forma menos burocrática. Fala-se muito que existem verbas para a reconstrução, mas não se fala em verbas para prevenção e mapeamento de risco. Acredito que não mais do que 15 a 20% das áreas que sofreram com escorregamentos e inundações em 2008 tiveram os problemas sanados, parte disso se deve a famosa pergunta “quem paga a conta?” Temos aqui alguns exemplos difíceis de resolver:

Hipótese 1 – Uma casa que tenha sido construída em uma área ilegal e irregular de encosta, onde a pessoa tenha invadido uma área de APP e de propriedade da União, infringindo com isso várias leis, muitas delas ambientais. Neste caso o poder público deve ajudar a reconstruir? Sendo, de certa forma, conivente com algo que infringe as Leis diretamente?

Hipótese 2 – Uma casa nas mesmas condições da hipótese anterior, porém o poder público instala luz, água e faz benfeitorias como escadas, rampas, etc e com isso cobra IPTU, consolidando esta moradia e legalizando indiretamente uma

área ilegal e irregular. Neste caso, quem paga a conta?

Hipótese 3 – Uma casa de um proprietário particular, que comprou o terreno de forma legal, escriturada e que desobedecendo às normas técnicas não contratou profissional habilitado para realizar um corte de talude em seu terreno para ampliação do mesmo, vindo este talude a cair, danificando várias propriedades. Porém o dono do terreno não dispõe de recursos. Neste caso ele merece ajuda do Poder Público? Caso ele não possa pagar, as casas ficarão destruídas indefinidamente?

Hipótese 4 – Uma casa que foi construída na beira de um rio em distância inferior ao que estabelece a Lei, o que é comum em várias cidades do Vale do Itajaí, infringindo às Leis vigentes, mas com aprovação de projetos pelo poder público ou de forma duplamente ilegal, sem aprovação de projetos e sem a devida fiscalização pelo poder público durante a construção. Neste caso, deve receber auxílio?

Hipótese 5 – Um talude de propriedade da união que foi cortado para construir uma estrada e por não ter sido feita a devida avaliação de risco e projetos de contenção caiu, derrubando casas ou impedindo o trânsito. Porém o Poder Público alega não ter dinheiro para as obras, neste caso como fica?”

A arquiteta Caroline Margarida comenta as hipóteses de Sato.

“Quanto ao relato, informo que a Defesa Civil Estadual tem direcionado seus trabalhos nos últimos anos focando na prevenção. Participei de diversos projetos na área de prevenção desenvolvidos pela Defesa Civil em parceria com o CEPED. O que acontece é que as ações de prevenção a nível estadual são mais globais, envolvendo na maioria das vezes

medidas não estruturais de redução do risco, como desenvolvimento de pesquisas, capacitações e fiscalizações.

Como o desastre geralmente se limita a uma área restrita do território, a Defesa Civil Municipal tem um papel fundamental, pois ninguém conhece mais seu território e suas vulnerabilidades. Dessa forma, a Defesa Civil de Santa Catarina tem buscado a estruturação das Defesa Civis Municipais, oferecendo apoio necessário e capacitando os agentes municipais. Em 2009/2010, foram realizados 19 cursos em todo o Estado, agrupando os municípios por Secretarias de Estado do Desenvolvimento Regional (SDR). Cada curso teve duração de quatro dias e todos os municípios tiveram oportunidade de participar, embora alguns nem sequer mandaram representante. Concordo que falta vontade política por parte dos municípios, que não direcionam verbas para a prevenção, deixando sempre essas ações em segundo plano.

Tivemos também algumas capacitações à distância que podem atingir um público em massa, em torno de 1.500 participantes por curso. E diversos outros projetos de prevenção ligados ao transporte de produtos perigosos, percepção de risco, cartilhas educativas.

As chamadas medidas estruturais de redução do risco, que envolvem obras de engenharia, como construção de sistemas de drenagem, contenções de encostas, remoção de moradias, são medidas pontuais que devem ser tomadas pelos municípios, a partir da avaliação para determinar as áreas de maior risco – vulnerabilidade e hierarquização das ações. A Defesa Civil de Santa Catarina, tem apoiado os municípios com a disponibilização de geólogos, por meio de projetos desenvolvidos junto ao CEPED, que, como entidade educativa, detém o conhecimento multidisciplinar e as novas tecnologias”.

Dicas aos moradores em áreas de risco

Os moradores em áreas de risco devem atentar para os seguintes indícios:

1 – Rangidos e barulhos estranhos na casa;2 – Portas, janelas e portões emperrados de repente;3 – Vidros de janelas e portas quebrando

repentinamente;4 – Rachaduras nas paredes, muros e calçadas;5 – Árvores, muros e cercas inclinados;

6 – Fissuras ou “degraus” no solo, como se partes dele estivesse afundando;

7 – Canos de água quebrados ou tortos;8 – Blocos de rochas deslocados (observar entre o bloco e

o solo e ver se não há espaço recente formado).

Caso algum desses indícios ou todos eles forem observados na casa, o morador deve procurar a Defesa Civil mais próxima de sua residência e solicitar a visita de um geólogo para verificação dos indícios.

Colaboração: Geólogo Rodrigo Sato

Rodrigo Sato, geólogo.

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No início do ano, o presidente dos Estados Unidos, Barack

Obama, organizou um jantar na Casa Branca. Convidou 15 presidentes do setor tecnológico, entre eles o popular Mark Zuckerberg, cientista da computação e criador do site de relacionamentos mais popular do mundo, o Facebook. O presidente americano solicitou a clássica fotografia de recordação. A imagem chamou a atenção da imprensa internacional: de 15 pessoas, apenas duas eram mulheres. Entre as duas representantes do gênero, somente uma realmente era uma grande chefe da tecnologia. Carol Bartz, executiva-chefe do grupo Yahoo!, estava presente, ao lado de uma representante da Casa Branca.

Essa fotografia reflete a falta de mulheres no setor tecnológico. A história da luta feminista supera todas as dúvidas a respeito de capacidades intelectuais e

físicas que poderiam impedir uma mulher de atuar em qualquer setor. No final do século XIX e início do XX, uma onda de protestos femininos iniciou nos Estados Unidos e Reino Unido. As mulheres buscavam igualdade nos diretos contratuais, oposição a casamentos arranjados e poder político. Voltairine de Clayre e Margaret Sanger, líderes feministas estadunidenses, imaginavam previamente grandes mulheres no poder e, em 2011, podemos observar Dilma Rouseff, Michelle Obama, Cristina Kirchner, Michelle Bachelet, Indira Gandhi, Margareth Thatcher, entre outros grandes nomes atuantes na política mundial.

Em contradição ao avanço geral do gênero feminino, a Fortune divulgou a lista das 500 maiores empresas dos Estados Unidos. Apenas 15 destas companhias são dirigidas por mulheres. Os dados internacionais refletem a

realidade brasileira: segundo a Catho Online, 12,56% dos atuantes na tecnologia do país são mulheres.

Dados mais detalhados sobre o panorama brasileiro feminino no mercado são apurados pelo Ministério do Trabalho e do Emprego (RAIS). Houve um expressivo crescimento da aderência delas à Universidade. Em 1991, 59,9% dos concluintes eram mulheres; em 2006, o número subiu para 62,2%. Recortando esses rankings, e observando o oposto nos setor tecnológico, em 2005, 20,3% dos empregos formais são ocupados por mulheres na área da Engenharia. Mais especificamente, nas engenharias Civil, Elétrica e eletrônica e Mecânica ocupam, respectivamente, 17,5% (8.750 empregos), 9,7% (2.767 empregos) e 5,65% (1.200 empregos) dos trabalhos formais do país.

A engenheira sanitarista e ambiental Graciela Canton, 31 anos, observa a

EQUIDADE DE GÊNERO

Mulheres almejam maior espaço no mercado de tecnologiaApesar da participação ainda ser mínima no setor, o gênero está apostando mais na área

por Carolina Dantas

20 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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realidade de acordo com os dados: “As mulheres muitas vezes optam por outras carreiras, pois as engenharias exigem bastante dedicação. Ter filhos e constituir família pode ser duro para uma engenheira”, mas completa: “consegui conciliar tudo isso, vivo viajando, dormindo em hotel e em canteiros de obras. Ontem mesmo trabalhei com mais 40 homens, mas tenho total apoio do meu marido”.

Mais além, professora do departamento de Engenharia Elétrica da UFSC, formada pela mesma universidade em 1976, Helena Flávia Naspolini observou o aumento considerável de mulheres nas salas de aula. “Acredito que a mulher está passando a entender melhor a área. Só isso”, e explica: “Não sofri preconceito enquanto profissional, só era diferente por ser mulher”. Atualmente, Helena está em um projeto de análise para viabilidade do setor elétrico em adotar efetivamente o uso da energia solar para os chuveiros no banho.

Fernanda Vanhoni, engenheira

sanitarista e ambiental desde 2003, formada pela UFSC, trabalha atualmente em uma empresa de transporte, coleta e tratamento de resíduos, com atuação em um aterro sanitário em Biguaçu. “O trabalho é genuinamente masculino. Sou a única mulher que eu conheço que faz o que eu faço. No começo, ainda causava estranhamento, mas os homens já se acostumaram”, conta a engenheira. Ao contrário dos dados acima, disse que “durante a universidade, o número de mulheres e homens era equilibrado. A escolha das mulheres para seguir carreira é que é sempre parecida. A maioria opta pelas áreas da pesquisa, parte mais operacional”, explica.

Além de engenheira, Fernanda também é professora. Explica em suas aulas às alunas que a mulher deve optar por uma postura menos feminina no trabalho. “Aconselho a evitarem decotes e batom forte, por exemplo, chamando a atenção única e exclusivamente para o trabalho.

Só assim é possível impor respeito”, e completa “Às vezes sinto falta de me arrumar como mulher, mas sempre dou essas dicas às estudantes. Deve-se seguir esta postura no ambiente de trabalho, que muitas vezes é uma obra, com areia, pedra e sujeira”.

Homens são maioria, mas o cenário está mudando

A engenheira mecânica Sandra Ascari, conselheira do CREA-SC e representante do Conselho no Grupo de Trabalho Pró - Equidade de Gênero do Confea – Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, atua na área desde 1997, e observa que o campo das engenharias está cada vez mais amplo, com mais cursos técnicos, ramificações diversas e áreas herdadas da arquitetura, como o design. “Esse é um dos motivos que fez o número de engenheiras aumentar muito nos últimos 10 anos. Estão se abrindo

Fernanda Vanhoni é engenheira sanitarista e ambiental e única mulher entre os homens do

ambiente onde trabalha

Mulheres ainda são minoria, como no jantar oferecido pelo presidente dos EUA a empresas do setor

tecnológico, mas estão assumindo posições de destaque

Crédito: Divulgação CREA-SC

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 21

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muitos leques pra elas. O mercado é maior, existem muitas opções. Tanto na área administrativa, como operacional, entre muitas outras”, explica Sandra.

Para comprovar essa aderência às engenharias, podemos analisar o maior vestibular do estado, o da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Os cursos de Ciências da Computação, Engenharia de Automação e Engenharia Eletrônica, que fornecem profissionais ao mercado tecnológico, aprovaram pouquíssimas mulheres: 11%, 14,28% e 11,6% em seu processo seletivo, respectivamente, em 2011. Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2011, apenas 5,25% dos alunos no curso de Engenharia da Computação eram mulheres. Nos cursos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), da Universidade Estadual Paulista (Unesp),

e da Federal de Itajubá (MG), o índice nas salas de aula é de apenas 10%.

Em 2008, o mercado de Tecnologia da Informação faturou US$ 114 bilhões. Em 2009, cresceu 2%, em 2010, 9%. De acordo com a consultoria International Data Corporation (IDC), o Brasil é o sexto mercado do mundo na troca por novas máquinas. Até 2012, prevê-se chegar ao terceiro lugar. Bons salários e maiores oportunidades de trabalho são os argumentos que estão atraindo mais mulheres e, apesar da pouca participação, há uma expectativa de crescimento para o gênero em tecnologia. As próprias mulheres criam fóruns de discussão em sites de relacionamento para divulgar vagas e os melhores cursos, além de entusiasmar o público feminino.

Maria Luiza Poci Pinto é técnica em Metereologia e trabalhou 31 anos no Ministério da Agricultura. Hoje, aposentada, diz sentir saudades e que nunca sofreu nenhum tipo de preconceito no ambiente de trabalho ou salarial. Atualmente, é diretora no Confea e pertence à Comissão de Articulação Instucional (CAIF), onde observa características distintas da época em que atuava no Ministério: “São 21 conselheiros no Confea. Entre eles, só eu e mais uma arquiteta somos mulheres. O problema não existe. É uma escolha natural das pessoas, inclusive. Mais homens

se interessam pelas ciências humanas também. As engenharias possuem mais cálculos, é mais difícil. As mulheres, porém, têm muito o que acrescentar. Elas não reivindicam seu espaço para competir, mas para equilibrar, com uma visão mais sensível que a mulher geralmente tem”.

Como Maria Luisa pontuou, o setor de tecnologia deve acompanhar as tendências e, como já pode ser visto em alguns exemplos e pesquisas, as mulheres chegarão a ocupar essa área carente de profissionais qualificados. Há uma maior procura das mulheres, apesar da participação atual mínima. Afinal, a exemplo das feministas Voltairine de Clayre e Margaret Sanger, é bom atuar antes pelo poder para hoje recebermos os frutos.

As mulheres estão à frente de 58,63% dos cargos de coordenação no mercado de trabalho em geral, segundo a Catho Online

A visão de que as mulheres não estão tecnicamente à altura dos homens é rapidamente modificada com a evidência de resultados

Maria Luiza Poci, conselheira do Confea

Crédito: Divulgação CREA-SC

22 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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O recente incidente ocorrido na usina nuclear de Fukushima trouxe

à tona a discussão sobre a segurança das centrais nucleares brasileiras. Para esclarecer a questão, conversamos com o diretor presidente da Eletrobras Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva. Engenheiro naval e nuclear, Othon foi gerente do Programa de Desenvolvimento das Ultracentrífugas Brasileiras para Enriquecimento de Urânio e do Programa de Desenvolvimento da Propulsão Nuclear da Marinha do Brasil, também ocupou o cargo de diretor de Pesquisa de Reatores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). A Eletrobras Eletronuclear é a empresa responsável pela operação das Usinas Angra 1 e Angra 2, construção de Angra 3 e pelos estudos para instalação de novas usinas.

Efeitos do incidente no Japão

Várias são as lições aprendidas com o terremoto e tsunami que atingiram a região nordeste do Japão. A primeira lição, segundo Othon, é que as usinas nucleares são as construções humanas que estão melhor adaptadas a resistir a eventos naturais de severidade milenar, como mostram as oito usinas das Centrais de Onagawa, Fukushima Daini e Tokai, e duas das seis usinas da Central de Fukushima Daiichi. Entretanto, os problemas nas quatro usinas de Fukushima indicam ser necessária a aplicação de critérios mais rigorosos para os prédios auxiliares das usinas, similares àqueles aplicados ao prédio do reator. Essa foi uma recomendação feita pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) já em meados de 2010 para o licenciamento de

Angra 3, e que foi prontamente acatada pela Eletrobras Eletronuclear.

Outra lição aprendida é que os critérios de projeto para usinas nucleares localizadas em áreas de alto risco sísmico, especialmente aquelas em zonas costeiras sujeitas a tsunamis, devem ser reavaliados e, eventualmente, reforçados. Entretanto, entre as 442 usinas nucleares em operação no mundo, poucas são localizadas em regiões sujeitas a esses riscos elevados. Esse, porém, não é o caso das usinas brasileiras, que se encontram em locais de baixo risco sísmico e não subordinados a tsunamis, devido às características geológicas de localização de nosso território.

Passada a fase acidental que ainda vivemos, a análise do evento levará a muitas outras lições aplicáveis a todas as usinas nucleares em operação no mundo, bem como as 52 que se encontram em construção e àquelas centenas que estão em projeto, aperfeiçoando ainda mais a segurança.

Os rumos do Programa Nuclear Brasileiro

Ações imediatistas no sentido de desligar usinas em operação ou interromper obras e planos para novas usinas são precipitadas. Primeiro pelo clima catastrofista que tem sido frequentemente empregado pela mídia na divulgação do evento, o que influencia fortemente a opinião pública. Segundo por motivações de natureza política e ideológica, as quais, ainda que legítimas nas sociedades democráticas, não encontram fundamento técnico que as suportem.

O diretor presidente da Eletronuclear ainda explica que o custo em vidas humanas decorrentes do terremoto e, depois, agravadas pelo tsunami, que já chega a casa das dezenas de milhares, é muito superior às consequências do acidente nuclear. Lembra ainda que 10 das 14 usinas localizadas na região afetada do Japão permaneceram em condição

Energia nuclear: a vilã da vez?O presidente da Eletronuclear fala sobre o acidente no Japão, critica ações imediatistas e esclarece que as usinas nucleares são seguras

ENTREVISTAS

por Francine Herpich

Crédito das fotos: Divulgação

À frente da Eletrobras Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva lembra que em Angra nunca houve um acidente, passados 20 anos de geração

Usina Nuclear de Fukushima

no Japão

Crédito: ANS Nuclear Cafe

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segura, não implicando em nenhuma consequência adicional às populações já atingidas pela catástrofe natural.

É importante lembrar que, mesmo diante da grande crise que atravessam, o governo e a sociedade civil japonesa não se posicionaram no sentido de desligar as demais 40 usinas nucleares que o País possui (são 54 no total), suspender as obras das três usinas que estão em construção nem cancelar as 12 que estão planejadas, já com contratos firmados. Muito provavelmente a geração elétrica nuclear permanecerá como uma das mais importantes contribuições à matriz energética japonesa.

Obviamente, esses poucos argumentos não encerram o debate. Nas sociedades democráticas, como a brasileira, ele está apenas iniciando e deverá resultar numa indústria nuclear ainda mais segura. Devemos, portanto, nos precaver de decisões precipitadas, esclarece o presidente, tomadas de emoção ou oportunismo, que venham a prejudicar as próprias sociedades às quais se pretende defender. Como seria o caso de uma “proscrição” da geração elétrica nuclear, com a paralisação de usinas em operação, interrupção de unidades em construção e de projetos em planejamento. Logo, podemos afirmar que o acidente nuclear no Japão não implica em elementos objetivos que possam alterar os rumos atuais do Programa Nuclear Brasileiro, a não ser a incorporação das lições técnicas que estão sendo aprendidas, que aperfeiçoarão a segurança num processo de melhoria contínua.

A segurança das usinas nucleares brasileiras

O pensamento dominante é que, num ambiente de tolerância zero, sempre é possível melhorar a segurança, afirma o entrevistado. A Eletronuclear foi uma das primeiras companhias brasileiras a adotar um programa de cultura de segurança,

na qual todos os funcionários estão individualmente comprometidos.

Em mais de 20 anos de geração de energia nuclear em Angra, nunca houve um acidente ou evento que colocasse em risco os trabalhadores das usinas, a população ou o meio ambiente da região. De todas as atividades industriais, a geração de energia elétrica em usinas nucleares é uma das que oferecem menos risco.

As usinas que constituem a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) foram projetadas e construídas dentro dos mais rigorosos critérios de segurança adotados internacionalmente. Seu licenciamento nuclear está a cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), obedecendo ainda de forma rigorosa à legislação ambiental vigente no país. As usinas são também periodicamente avaliadas por organismos internacionais.

Angra 1 e Angra 2 operam com um reator do tipo PWR (água pressurizada), que é o mais utilizado no mundo. O reator é projetado para ter características de autorregulação, isto é, com o aumento de temperatura há uma diminuição de potência, exatamente para funcionar como freio automático contra elevações repentinas de potência. As usinas nucleares possuem sistemas de segurança redundantes, independentes e fisicamente separados, em condições de prevenir acidentes e, também, de resfriar o núcleo do reator e os geradores de vapor em situações normais ou de emergência.

Além de todos esses sistemas, as usinas nucleares de Angra têm sistemas de segurança passivos, que funcionam sem que precisem ser acionados por dispositivos elétricos. Esses sistemas são

as numerosas barreiras protetoras de concreto e aço, que protegem as usinas contra impactos externos (terremotos, maremotos, inundações e explosões) ou aumento da pressão no interior da usina.

Ainda existe um plano de emergência que abrange uma área com raio de quinze quilômetros. Esse plano envolve, além da Eletronuclear, o Exército, o Corpo de Bombeiros e os órgãos da Defesa Civil, e contempla todas as medidas para proteção

da população da vizinhança das usinas no caso de um acidente nuclear, inclusive a necessidade de evacuação ordenada e, por isso, periodicamente são feitos exercícios simulados para que se possa testar o seu funcionamento.

No momento, a Eletrobras Eletronuclear está executando uma série de verificações de segurança requeridas pela Associação Mundial de Operadores Nucleares (WANO), a qual ela faz parte, que serão concluídas ainda no primeiro semestre deste ano. Isso equivale ao chamado “teste de estresse”, ao qual serão submetidas as usinas nucleares de Países da Europa por determinação da Comunidade Européia.

Os critérios de projeto para usinas nucleares localizadas em áreas de alto risco sísmico devem ser reavaliados

Em 2010, a energia gerada por Angra 1 e Angra 2 correspondeu a aproximadamente 3% da energia

elétrica consumida no Brasil

Quando entrar em operação comercial, em 2015, a Usina Angra 3, com potência de 1.405 megawatts, será capaz de gerar mais de 10 milhões

de megawatts/hora por ano, energia suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período

24 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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A Revista do CREA conversou com o Engenheiro Civil Moacir

Marafon, que é vice-presidente da ACATE (Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia) e sócio-diretor da Softplan, para saber como se encontra o setor tecnológico catarinense, quais iniciativas estão sendo tomadas pela associação para atender às demandas e os principais desafios a serem enfrentados. Santa Catarina tem se destacado no segmento e demonstrando todo seu potencial, mas para que a máquina, que só vem crescendo, não pare, é preciso contornar alguns obstáculos, como a escassez de mão de obra.

Marafon também fala de que forma a Engenharia tem se beneficiado com o avanço da tecnologia e destaca quais as principais necessidades da área. Os Governos, Federal, Estadual e Municipal, têm sido personagens relevantes nesse processo, incentivando o setor com mecanismos de investimentos. O engenheiro também comenta de que maneira essas esferas podem contribuir para alavancar ainda mais o crescimento tecnológico.

CREA/SC – Em que momento se encontra o setor tecnológico em Santa Catarina?Marafon – Um momento de grande crescimento. Nossa tecnologia tem crescido a taxas de 20 a 30% todos os anos, ampliando faturamento e especialmente contratando muitos profissionais. É um setor muito novo ainda para todas as regiões do Estado – com cerca de 25 anos – frente a outros mais tradicionais, centenários. Mesmo assim, em algumas regiões catarinenses, o faturamento do setor tecnológico chega a ser superior de outros tradicionais, como é o caso de Florianópolis, em que estamos a frente de segmentos como turismo e construção civil. Isso tudo por conta do grande crescimento dos últimos cinco anos.

CREA/SC – Qual setor que mais tem crescido com o avanço das pesquisas tecnológicas? Marafon – A tecnologia tem ajudado diversos segmentos a manterem sua competitividade por meio da inovação. Temos várias empresas em Santa Catarina que contribuíram ativamente para que a inovação fosse o diferencial na indústria e na gestão de governo. É o caso do segmento têxtil, da construção civil, da gestão de governo e da justiça, entre outros. Estes dois últimos, inovando a prestação de serviços à sociedade. CREA/SC – O que ainda falta para impulsionar o setor catarinense? Marafon - Nosso principal gargalo é a falta de mão de obra qualificada. Com o grande crescimento do setor tecnológico nos últimos anos, as universidades e centros de ensino não acompanharam o aumento da demanda por profissionais. E já temos sentido este descompasso. Se hoje tivéssemos 500 profissionais à disposição em Florianópolis, o mercado absorveria quase que imediatamente,

Os caminhos e desafios da

tecnologia em Santa Catarina

por Tatiane Dores da Silva

O setor é um dos que mais cresce no País, entretanto, para que o ritmo de desenvolvimento não pare, é preciso

encarar alguns obstáculos, como a escassez de mão de obra

Nossa tecnologia tem crescido a taxas de 20 a 30% todos os anos

Crédito: Divulgação CREA-SC

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devido às oportunidades que temos. A procura maior é por profissionais técnicos e analistas de sistemas. Estamos fazendo um amplo mapeamento do setor tecnológico catarinense por meio de uma pesquisa desenvolvida junto à Prefeitura Municipal de Florianópolis em parceria com a ACATE. Com os dados obtidos, conseguiremos ampliar a oferta de cursos para atender às principais demandas.

Além da mão de obra, o setor precisa cada vez mais de recursos para financiar a inovação. Inovar é uma grande meta do setor tecnológico, que envolve uma série de desafios. Com recursos, como os de programas de subvenção econômica, nossas empresas podem dar um salto significativo. Queremos também ser atrativos o suficiente para que fundos de investimento, ou mesmo investidores, vejam o potencial das nossas empresas.

CREA/SC – O setor tecnológico tem recebido investimentos? Marafon - Temos hoje diversos mecanismos de investimentos para o setor tecnológico. Do ponto de vista do fomento à inovação, os principais parceiros são a FINEP e CNPq, ligados ao Governo Federal, e a FAPESC, do Governo Estadual. Eles possuem linhas de financiamento com recursos reembolsáveis e não reembolsáveis, que auxiliam principalmente as empresas a buscarem a inovação tecnológica. Santa Catarina é um dos principais estados tomadores de recursos de fomento para inovação, competindo diretamente com São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. CREA/SC – Santa Catarina exporta seus serviços tecnológicos para outros estados e países. Quais são esses lugares e quais os segmentos desses serviços exportados? Marafon - Em Santa Catarina, mais de 80% dos produtos das empresas que aqui são desenvolvidos tem como destino outros estados brasileiros. Ou seja, atraímos muitas riquezas, empregamos nossos profissionais (Santa Catarina hoje é o 4º estado brasileiro em número de profissionais empregados nas empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, perdendo apenas para SP, MG e RJ), incentivamos nossa economia local e

grande parte dos recursos advém de outros Estados. A exportação para outros países ainda é um desafio, já que não é representativa, porém temos diversas empresas em distintos segmentos que já possuem atuação consolidada internacionalmente, mostrando que o Estado pode ser competitivo mundialmente. O principal mercado tem sido a América Latina, especialmente pela proximidade e cultura semelhantes. Os Estados Unidos são grandes consumidores de tecnologia desenvolvida no país, assim como a Europa e África.

CREA/SC– Existem iniciativas da ACATE e Softplan na área para o ramo da Engenharia? Marafon - Nós temos várias empresas associadas que têm atuação focada em segmentos da Construção Civil. Grande parte dos nossos empreendedores são engenheiros que buscaram no Estado desenvolver seus negócios. Aqui em Florianópolis, é muito comum os pesquisadores engenheiros saírem das universidades e encontrarem nas incubadoras o ambiente ideal para fomentarem seus negócios e empresas. No caso da Softplan, um de seus produtos é o SIENGE, um software de gestão para a construção civil, utilizado por mais de 1.100 empresas em todo o Brasil. Além disso, a ACATE planeja nos próximos meses criar a Vertical da Construção Civil, que teria como objetivo reunir empresas que desenvolvem tecnologias com foco neste segmento e também em infraestrutura. CREA/SC – Quais as principais necessidades da Engenharia na tecnologia? Marafon - Hoje empregamos diversas modalidades de engenheiros em nossas empresas associadas. As principais demandas têm sido nas áreas de Engenharia de Automação, Mecânica, Telecomunicações e Elétrica e Construção Civil. Temos empresas que são referências no desenvolvimento de equipamentos tecnológicos e industriais para todo o país e exatamente estas que atuam no segmento de Hardware, são as que mais demandam profissionais engenheiros capacitados. Além disso, empresas de software que têm

como clientes empresas da construção civil, têm demandado profissionais engenheiros para auxiliarem no desenvolvimento de softwares específicos, como de projeto e gestão de obras, cálculo estrutural etc.

CREA/SC – O senhor poderia falar sobre como as esferas nacional, estadual e municipal do Governo podem fomentar planos de desenvolvimento tecnológico para as empresas?Marafon - O principal esforço deve estar no processo da inovação. Todos os mecanismos e legislações devem caminhar para que nossas empresas possam ter acesso aos principais recursos. Precisamos garantir mão de obra qualificada, recursos e programas que possam incentivar este processo. Com esta integração, o País, os Estados e os municípios poderão contribuir ativamente para o desenvolvimento tecnológico. Outro aspecto é o poder público utilizar sua capacidade de compra para demandar produtos, dentro de suas necessidades, alavancando a produção das empresas catarinenses.

CREA-SC – De que forma a tecnologia está ligada aos processos da Engenharia?Marafon - A tecnologia da informação, hoje, está em todos os setores da economia, da ciência, da educação, do entretenimento, das redes sociais. Enfim, nos acompanha em todos os momentos de nossas vidas. No setor da engenharia não é diferente, deixou de ser atividade meio, passando a modernizar e inovar os processos produtivos e na gestão. Um exemplo são os aplicativos para a gestão de empresas da construção civil e infraestrutura contemplando a estratégia de preços, o acompanhamento e gestão da qualidade de uma obra, também o gerenciamento de pavimentos e manutenção de rodovias, a análise de acidentes de trânsito com uma ferramenta que busca a causa da raiz para reduzir o número e a gravidade dos acidentes de trânsito. Há as empresas associadas que desenvolvem produtos para projetos de engenharia, envolvendo cálculo estrutural, projetos prediais, arquitetônicos, elétricos e hidrosanitários.

Nosso principal gargalo é a falta de mão de obra qualificada

Aqui em Santa Catarina, mais de 80% do que é desenvolvido tem como destino outros estados brasileiros

As principais demandas têm sido nas áreas de Engenharia de Automação, Mecânica, Telecomunicações e Elétrica e Construção Civil

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Formado em Engenharia Elétrica pela UFSC, o engenheiro Carlos

Gomes teve uma vida agitada antes da aposentadoria. Trabalhou por 32 anos desenvolvendo programas e softwares para engenharia. “Participei de todo tipo de projeto, desde subestações e linhas de transmissão até usinas e reservatórios.”

Natural de Criciúma, Carlos mudou-se para Florianópolis a fim de estudar Engenharia Elétrica, em 1974. A criação no interior foi importante porque sua convivência com plantas e flores gerou, mais tarde, sua paixão. A rotina de engenheiro tornou-se pesada com o tempo e Carlos começou a sentir-se mais estressado do que o normal. Buscando por uma alternativa a isso, o engenheiro

encontrou nas plantas um prazer adormecido.

Foi visitando uma exposição que o interesse pelas flores tomou um novo rumo, focando-se mais nas orquídeas. “Comprei algumas e fiquei encantando”, conta. E foi assim que Carlos começou a plantá-las em casa, como uma distração. Com o apoio da esposa, Jaqueline Gomes, logo o espaço ficou pequeno para tantas plantas. Resolveram mudar-se para uma casa maior, com pátio e quando esta também ficou pequena, optaram por um sítio, que logo precisou ser trocado por outro maior.

A plantação foi crescendo naturalmente e ,como não poderia deixar de ser, a família foi se adaptando

às orquídeas e aprendendo a amá-las e cultivá-las também. Quando finalmente chegou a hora de se aposentar, Carlos conta que não ficou apreensivo. “Como o orquidário já funcionava há anos, fazia parte do nosso projeto de aposentadoria”, explica.

Todo o planejamento, os cruzamentos de espécies diferentes e as pesquisas são feitas por Carlos. Jaqueline, hoje também aposentada, ajuda nas atividades diárias cuidando das plantas e suas duas filhas, Bárbara e Daniela, estão estudando biologia com o intuito de continuar nesta área. “Dedicamo-nos integralmente ao orquidário, mas isso, longe de ser considerado trabalho, é um grande prazer”, afirma Carlos.

TALENTO

Um engenheiro apaixonado por orquídeasPara aproveitar seu tempo livre e achar uma maneira de se desligar do estresse do trabalho, o engenheiro eletricista Carlos Gomes cultiva orquídeas

por Camila Garcia

Magnifica – considerada a melhor da espécie existente e feita por Carlos

“Dedicamo-nos integralmente ao orquidário,

mas isso, longe de ser considerado

trabalho, é um grande prazer”

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 27

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EXPRESSAS

O CREA-SC publicou no mês de abril o Balanço de Gestão, material impresso e disponível na versão digital em www.crea-sc.org.br que traz as principais realizações do ano de 2010. Entre elas destacam-se o lançamento da 68ª SOEAA – Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia e ExpoSoeaa – Feira Tecnológica, que acontecerá de 27 a 30.09 no Centrosul em Florianópolis; o lançamento da 1ª edição do Catálogo Empresarial de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de SC; a publicação da 2ª edição do documento Pensando Santa Catarina: Contribuições da Área Tecnológica para o Desenvolvimento Sustentável do Estado; os investimentos de mais de R$ 1 milhão para a realização de 194 eventos do PEC – Programa de Educação Continuada, com a participa-ção de 7.718 profissionais; e a elaboração do projeto de implantação do Crea Júnior.

O planejamento estratégico no Conselho foi consolidado em todas as instâncias e o CREA avançou na política de fortalecimento e aparelhamento das inspetorias e escritórios regionais, viabilizando também a construção ou aquisição de sedes próprias. Outro fator marcante foi a realização de diversos eventos, sendo o mais significativo o 10º CEP – Congresso Estadual dos Profissionais do CREA-SC e seus oito encontros regionais prepara-tórios, bem como a 4ª edição da solenidade de outorga do Diploma e Medalha do Mérito Catarinense. Em 2010 aconteceu a criação do CEDEC- Colégio Estadual de Entidades de Classe.

O ano finalizou com o Projeto de Modernização da Fiscalização e a aquisição da frota própria com 60 veículos do CREA, visando modernizar, qualificar e aprimorar os serviços dos fiscais nas 30 inspetorias e escritórios regionais do estado.

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Tema da campanha de valorização é Força Profis-sional, Bem Estar Social.

Se você já providenciou o seu recadastramento e solicitou sua carteira de registro profissional junto ao CREA-SC, entre em contato com a unidade de atendimento mais próxima, verifique se sua carteira já foi emitida e faça a retirada na inspetoria, escritório ou sede do Conselho onde solicitou o registro.

Atenção profissional. Você já retirou sua carteira?

Estão disponíveis no site do CREA-SC novos códigos de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) criados recentemente, abran-gendo as áreas de sistemas de segurança, edificações, tratamento de água e resíduos sólidos. As modificações foram realizadas de acordo com as solicitações dos profissionais registrados no CREA-SC.

Entre alguns dos códigos criados destacam-se: Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho – G2122; Dispositivo para Ancora-gem de Cabo em Edificação – A0869; Tratamento de Água – A0430 e Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – A0431.

Novos códigos de ART estão disponíveis no CREANet

Visando a valorização dos profissionais da área tecnológica e do sistema, a campa-nha institucional Força Profissional, Bem Estar Social volta a ser exibida a partir do mês de junho nas emissoras, além de diversas rádios em todo o estado. O VT mostra a atuação dos profissionais do CREA-SC por meio de uma maquete digital, onde há a interação dos mesmos em uma cidade virtual, em cenas que mostram a importância de seu trabalho em diversas áreas do sistema. Acesse www.crea-sc.org.br, assista ao vídeo e veja os horá-rios de exibição nas Tvs e Rádio.

Campanha Institucional será lançada em junho

Balanço de Gestão 2010: Principais realizações em documento impresso e digital

28 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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O plenário do Confea prorrogou até 31 de dezembro de 2011 o prazo para que os profissionais ligados ao Sistema Confea/Crea regis-trem as Anotações de Responsabilidade Técnica de obras, serviços e/ou empreendimentos não registrados na época de sua execução, ou como são mais conhecidas, “as ARTs à posteriori”, para serviços iniciados até 31/12/2010.

A decisão beneficia milhares de profissionais que terão mais um ano para atualizar o documento que permite a comprovação do Acervo Técnico, que é o conjunto de trabalhos realizados por cada um. Para tanto, basta procurar o Crea e preencher o requerimento referente às ARTs em atraso.

crédito: Cláudia de Oliveira

Neilor José Domingues, Assessor de Imprensa da UVESC (E), Eng. Agr. Raul Zucatto e Gercino Gomes Neto, Procurador Geral do MPSC.

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) lançou no dia 14.03 em parceria com o CREA-SC e outras oito instituições, o projeto “Santa Catarina Acessível”. Disponível na íntegra em www.crea-sc.org.br o projeto propõe um grande pacto pela promoção da acessibilidade nos espaços públicos e privados de uso coletivo, por intermédio de diversas ações planejadas e integradas, e teve sua versão piloto implantada no dia 29.04 em Chapecó. Entre as atividades a serem desenvolvidas estão: a realização de seminários voltados à sociedade e aos gestores municipais; estudo sobre a viabilidade de campanha de incentivo fiscal para a reforma de edificações privadas de uso coletivo e calçadas já edificadas; campanha de esclarecimento e conscientização sobre o tema; conscientização do Poder Público Municipal sobre a necessidade de cumprimento das normas novas e an-tigas relacionadas ao assunto, entre outros. O projeto “Santa Catarina Acessível” é mais um desdobramento dos Termos de Cooperação 069 e 071 de 2009, assinado entre o CREA-SC, MPSC, ALESC, TCE, FECAM, UVESC, UFSC, ACAFE, OAB/SC e FCEE, em novembro e dezem-bro de 2010, com o objetivo de promover o intercâmbio e a cooperação técnica, científica e operacional para o cumprimento das normas de acessibilidade e a conscientização dos profissionais, prefeituras e órgãos em todo o estado.

MPSC lança Projeto Santa Catarina Acessível

O Colégio Estadual de Entidades de Classe – CEDEC agora tem um link fixo na pagi-na do Conselho, com o objetivo de reunir notícias e mobilizar as entidades e associados para um intercâmbio maior. Órgão consultivo do CREA-SC que congrega as 62 entida-des de classe catarinenses devidamente registradas junto ao Sistema Confea/Crea, o CEDEC teve sua primeira diretoria eleita em maio de 2010, durante a realização do 10º CEP – Congresso Estadual de Profissionais.

Coordenado pelo Eng. Agr. José Carlos Paiva, Presidente da AGROEC - Associação de Engenheiros Agrônomos do Extremo Oeste Catarinense e Diretor Regional da Inspe-toria do CREA-SC em São Miguel do Oeste, o Colégio tem como princípios básicos: apoio à fiscalização e divulgação da legislação federal e estadual em vigor; à legislação interna e o Código de Ética Profissional do Sistema Confea/Crea; o respeito à autonomia das entidades filiadas e a valorização das profissões, dos profissionais, das entidades de classe e empresas vinculadas ao Conselho. Mais informações no site do Conselho.

CEDEC tem link permanente na página do CREA-SC

O CREA-SC e a EBGE - Editora Brasileira de Guias Especiais lançaram no dia 14.04 a 2ª edição do Catálogo Empresarial de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Santa Catari-na. O catálogo reúne mais de 11 mil empresas registradas no Conselho, além de cerca de 670 fornecedores anunciantes e está disponível nas versões impressa, cd-room, e on-line, para livre acesso. A exemplo da primeira edição, as empresas com registro ativo e em dia com o Conselho, que atualizaram o seu cadastro e autorizaram a inserção das informa-ções, constam na publicação.

Editada através de convênio entre o Conselho e a Editora, sem ônus algum para o CREA-SC, a publicação figura entre as principais da área tecnológica no Sul do país como importante ferramenta de divulgação de produtos e serviços, de valorização profissional por meio da oferta de novas tecnologias, de fortalecimento da imagem institucional das empresas relacionadas e, sobretudo, de incentivo à efetivação de novos negócios. Confira a edição digital em www.crea-sc.org.br e www.ebge.com.br em “Catálogo do CREA”.

CREA lança 2ª edição do Catálogo Empresarial

Confea prorroga prazo para recuperação de ART: 31.12

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 29

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Promover o aperfeiçoamento dos procedimentos da fiscalização e a integração entre esta área e a de atendimento do CREA-SC foi o objetivo principal do 14° SEFIS - Seminário Estadual de Fiscalização e do 6º SEADI - Seminário Estadual de Agentes Administrativos das Inspetorias do CREA-SC. O evento aconteceu nos dias 28 e 29.04, em Florianópolis, no Hotel Praia Brava.

Durante os seminários foram discutidas e definidas ações e metodologias visando o apri-moramento e a melhoria da atuação das áreas de fiscalização e atendimento pelo Conselho, a troca de experiências exitosas e avaliação do andamento das metas estabelecidas para 2011. Participaram dos seminários os fiscais, agentes administrativos de inspetorias, diretoria, diretores regionais, coordenadores de câmaras especializadas e de comissões técnicas e per-manentes, assessores técnicos, superintendente e gerentes do Conselho. Confira os resultados em www.crea-sc.org.br

Credito: Adriano Comin

Agentes administrativos e fiscais do CREA durante palestra do evento.

Presidente Raul Zucatto fala sobre a importância do projeto em um dos encontros do PGI.

Crédito: Divulgação CREA-SC

Em dezembro de 2010 foi aprovada a Lei 12.378, que cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo Estaduais e do Distrito Federal (CAUs).

De acordo com o disposto na lei, as Coordenadorias de Câmaras Especializadas de Arquitetura (CCEARQ) do Sistema Confea/Crea apresentaram proposta de calendário para as eleições do novo Conselho ao plenário do Confea. Dessa forma, o calendário eleitoral seguirá o seguinte cronograma abaixo:

- 13 de maio de 2011 – Deliberações da CCEARQ com o Regulamento da Eleição;- Até 27 de junho de 2011 – Edital Geral de Convocação da Eleição;- Até 26 de outubro de 2011 – Dia da eleição com a divulgação dos resultados.OBS.: As demais datas do calendário ficarão definidas em função do estabelecido no Regulamento da Eleição.

Sistema Confea/Crea: eleições em 8 de novembro

As eleições do sistema Confea/Crea acontecem no dia 8 de novembro para eleger presidente do Confea, presidente dos Creas, conselhei-ros federais e inspetores dos Creas em alguns estados e diretores das Caixas de Assistência (Mútua) dos 26 estados e Distrito Federal. No CREA--SC haverá também eleição para conselheiro federal. Em breve estarão disponíveis informações em nossa home page: www.crea-sc.org.br

Eleições para o CAU/BR acontecem em 26.10

“A Engenharia, a Arquitetura e a Agronomia com Sustentabilidade Ambiental no De-senvolvimento das Nações” será o tema do Congresso Panamericano de Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, que acontece na ACE – Associação Catarinense de Engenheiros, em Florianópolis, de 22 a 24 de maio. A promoção é uma parceria da entidade com o Comi-tê UPADI de Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, Sistema Confea/Crea e Federação Brasileira de Associações de Engenheiros (Febrae). O Comitê UPADI é vinculado à Union Panamericana de Asociaciones de Ingenieros. Os eixos temáticos são: O meio ambiente e as sociedades humanas: desafios da produção de alimentos; As profissões das áreas tecnoló-gicas; a agenda 21 Panamericana e o desenvolvimento sustentável do planeta; A água e a sustentabilidade socioambiental; A energia e desenvolvimento sustentável; Cidades susten-táveis e alterações climáticas. Mais informações em www.comiteupadimadh.org.br

Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano: Capital sedia Congresso em maio

Apresentar os resultados iniciais do planejamento estratégico de 2011 e avaliar as ações visando o aprimoramento das rotinas de trabalho, sobretudo na área de fiscalização, foram os objetivos dos encontros macrorregionais do PGI - Planejamento e Gestão das Inspetorias, realizados pelo CREA-SC de 15.03 a 06.04 em todo o Estado. Os cinco macroencontros acon-teceram envolvendo as inspetorias do Sul em Criciúma (23.03), do Vale do Itajaí em Blume-nau (29.03), da região Litoral Norte e Planalto Norte em São Bento do Sul (30.03), da região do Planalto e Vale do Rio do Peixe, em Lages ( 05.04) e da região Oeste em São Miguel do Oeste, no dia 7.04. A metodologia de trabalho envolveu a apresentação das ações executa-das pelas inspetorias e escritórios regionais seguidas de avaliações periódicas que possibili-tam a identificação dos aspectos positivos e dos possíveis ajustes. O nível de padronização alcançado com as ações do planejamento estratégico em todo o Estado proporcionou avanços significativos nas metas de rotina, como por exemplo a redução no tempo de trâmi-te dos processos. O presidente Zucatto ressalta que a melhoria no atendimento, a agilidade e a transparência do CREA, com maior presença na sociedade, tem suporte no programa. “O planejamento estratégico passou a ser uma ferramenta de rotina no Conselho”, comemora.

Encontros em todo o estado focaram a Gestão nas Inspetorias

14º SEFIS e 6º SEADI: Fiscalização e Atendimento em debate no CREA-SC

30 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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Por muito tempo a atividade de inovação foi vista como coisa de

países ricos. Nos últimos anos, a China e a Índia ganharam espaço nessa área, como gigantes emergentes capazes de criar pro-dutos e serviços de classe mundial. Agora, timidamente, o Brasil começa a fazer parte desse time. Uma indicação é a entrada da Petrobras no ranking das 50 empresas mais inovadoras do mundo.

No entanto, a baixa inovação no setor produtivo nacional ainda é grande, em função de que apenas 16% dos cientistas do país estão em empresas, enquanto que nos EUA e Coreia do Sul, por exemplo, o percentual é de 80%. Outra necessidade é a de elevar de 1% para 3% o percentual do PIB aplicado em P&D. O país investe anu-almente em pesquisa e desenvolvimento cerca de 1% do Produto Interno Bruto, o que o coloca muito longe da média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que

reúne os países desenvolvidos e alguns emergentes.

Embora o setor público invista pouco, é no setor privado que aparece a enorme discrepância: o Brasil gasta menos de 0,4 % do PIB, enquanto a Suécia e o Japão, gastam respectivamente entre 2,4% e 2,6%, isto é, 5 vezes mais em pesquisa e desenvolvimento. Outro entrave é que no Brasil poucas empresas vão atrás do conhecimento nas Instituições de Ensino, pois não sabem utilizar o potencial propor-cionado pela interação com as universi-dades e institutos de pesquisa. Por isto as atividades de pesquisa e desenvolvimento no Brasil ainda são fortemente dominadas pelo setor público.

De acordo com o relatório Unesco sobre ciência 2010, uma boa notícia é que o número de doutores diplomados cresceu de 554, em 1981, para cerca de 12 mil, no ano passado. Isso estimula a instalação de grandes laboratórios de pesquisas no

País, colocando o Brasil na rota mundial da inovação tecnológica.

Outra novidade é que o Banco Central já deu a autorização prévia - chamada carta patente - para que a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) se transforme em um banco público. O objetivo desse novo “banco da inovação” é financiar empresas e instituições de pesquisa que desenvolvam projetos de inovação tecnológica. A implantação, anunciada juntamente com outras medidas a serem adotadas pelo atual governo no campo da ciência e tecnologia, deverá demorar de dois a três anos.

E no momento em que se discutem estes novos rumos da inovação tecnoló-gica em âmbito nacional, é importante que Santa Catarina esteja na vanguarda das informações, buscando sempre o bem coletivo e resguardando as necessidades da sociedade. Para o Estado, Ciência e Tecnologia é um assunto estratégico.

INSTITUCIONAL

Pesquisa, Inovação e Conhecimento Profissional: 68ª SOEAA acontece de 27 a 30.09 na capitalEvento será lançado em Florianópolis dia 17 de maio

Crédito: André Almeida

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 31

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A economia fortemente voltada para a exportação de produtos manufaturados ou semimanufaturados, com maior valor agregado, exige o empenho de pesquisa-dores das mais diversas áreas, sejam eles da esfera pública, estadual e federal, ou mesmo da iniciativa privada.

Santa Catarina é o segundo polo de tecnologia do Brasil, ficando atrás somente de São Paulo. Temos exemplos muito bem sucedidos de parcerias entre universidades e empresas, como a Weg-Motores por exemplo, que avançou no mercado inter-nacional porque investiu em pesquisa e desenvolvimento. Um outro bom exemplo no estado é nossa agricultura, que “é o que é” em resposta ao investimento que foi feito em pesquisa.

No início de 2008 foi sancionada no estado a Lei de Inovação Tecnológica, aprovada pela Assembleia Legislativa estadual em dezembro de 2007. A medida prevê, entre outras coisas, a aplicação de 2% da receita líquida do Estado em pesquisas. A nova legislação busca reduzir a distância entre as iniciativas públicas e privada, estimulando a pesquisa e a rápida absorção desses conhecimentos pelo setor produtivo.

Entre as diretrizes estabelecidas pela lei, além do estímulo à inovação, estão previstas a criação do Sistema Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação de Santa Catarina, que será responsável por articular as políticas de incentivo a essa área, e a implantação de núcleos de inovação tec-nológica nas empresas e instituições.

68ª SOEAA: Pesquisa, Inovação e Conhecimento

Para refletir e gerar soluções a estes

grandes desafios no Estado e País os profissionais da área tecnológica de todo o Brasil terão a oportunidade de reunir-se no maior evento do sistema, que acontece de 27 a 30 de setembro em Florianópolis: a 68ª SOEAA – Semana Oficial da Enge-nharia, da Arquitetura e da Agronomia, no Centrosul com o tema“Pesquisa e Inovação Tecnológica: Conhecimento Profissional a Serviço do Desenvolvimento Sustentável”.

Cinco macrotemas direcionarão os painéis e conferências do evento: Pesquisa

e Inovação no Enfrentamento do Aque-cimento Global e dos Desafios Socio-ambientais - Rio +20; Desenvolvimento Tecnológico, Responsabilidade Social e Ambiental; Desafio da Pesquisa Tecnoló-gica para o Desenvolvimento Brasileiro; Estruturação do Setor Governamental em Ciência, Tecnologia e Inovação; e Inovação no Enfrentamento de Desastres Naturais Socioambientais (Japão / Brasil).

Com previsão de público de mais de 3

Empresa organizadoraCapacitá Eventos

Valor Inscrições Até o dia 31.07: R$ 350,00 (profissionais) R$ 100,00 (estudantes)

Após 31.07: R$ 400,00 (profissionais) R$ 150,00 (estudantes)

Patrocínios - Confira o projeto de parceria financeira no site do evento.

Stands EXPOSOEAA - R$ 900,00 o m².Confira o Mapa de stands no site do evento.

Passagens e Hospedagens - A agência de turismo oficial da 68ª SOEAA é a Aço-riana Turismo. Para solicitar passagens e hospedagens entrar em contato pelo fone (48) 3251-3939, solicitar o setor de Congressos ou acessar www.acoriana.com.br.

mil profissionais e 500 estudantes da área tecnológica o evento será realizado pelo CREA-SC, Confea e Mútua/Caixa de Assis-tência dos Profissionais, com o apoio do CDEN – Colégio das Entidades Nacionais e CEDEC – Colégio Estadual das Entidades de Classe.

O lançamento oficial da 68ª SOEAA acontecerá às 19h30 do dia 17 de maio em Florianópolis, no Auditório da FIESC – Fe-deração das Indústrias do Estado de Santa Catarina, com a presença do presidente do Confea, Eng. Civil Marcos Túlio de Melo, dos 27 presidentes de CREAs, do presidente da Mútua Nacional, lideranças empresariais, profissionais e autoridades. No mesmo dia haverá uma coletiva para imprensa no Ma-jestic Hotel, durante a realização da 2ª Reu-nião Ordinária do Colégio de Presidentes do sistema, que estará ocorrendo na capital de 16 a 18.05. Na oportunidade serão lançados também o selo e carimbo comemorativos do evento.

A 68ª SOEAA abrigará também a EXPOSOEAA – Feira Tecnológica, onde empresas privadas, públicas e ONGs apresentarão suas últimas novidades, com previsão de 5 mil visitantes. A Semana irá debater temas de relevância nacional e mundial relacionados ao desenvolvimento sustentável, à valorização profissional e à melhoria da atuação do Sistema no estado e no país. Será uma ótima oportunida-de para evidenciar o potencial cultural, econômico, tecnológico e turístico de Santa Catarina e para projetar o Estado, seus profissionais e empresas, no cenário nacional.

“Ressaltamos a grande importância e o que representa para o desenvolvimento sustentável e o êxito das pesquisas e inova-

Inscrições e outras informações 68ª SOEAA

Informações e inscrições, acesse:www.soeaa.org.br e www.crea-sc.org.br

Presidente Raul Zucatto na cerimônia de lançamento da

68ª SOEAA em Cuiabá, em agosto de 2010

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27 de setembro Terça-feira

18h - Solenidade de Abertura Homenagens Medalha Mérito Abertura Feira EXPOSOEAA

28 de setembroQuarta-feira

8h30 - Painel 1 (RIO +20) - Pesquisa e Inovação no Enfrentamento do Aqueci-mento Global

10h15 - Painel 2 (RIO +20) - Pesquisa e Inovação na Solução dos Desafios Ambien-tais

12h – Almoço

14h - Painel 3 – Pesquisa e Inovação para o Desenvolvimento Brasileiro

ções tecnológicas no estado. Usaremos todas as nossas energias para

realizar um grande evento, que seja um marco de inovações, criatividade, repre-sentatividade e participação democrática”, assinala o presidente do CREA-SC, Eng. Agr. Raul Zucatto.

O Presidente do Confea, Eng. Civil Marcos Túlio de Melo lembra que a 68ª SOEAA será um momento de reflexões ricas para o desenvolvimento brasileiro. “Nós sabemos que a competitividade para a internacionalização da economia depen-de deste conhecimento profissional que será colocado à disposição da sociedade e de todos nós. Estaremos discutindo os desafios da inovação e da pesquisa nesta realidade que se aproxima, contribuindo para um novo País que se avizinha”.

Para o Secretário Executivo do evento e Chefe de Gabinete do CREA-SC, Eng. Agr. e Seg. Trab. Leonel Ferreira Júnior, a SOEAA é um momento de reflexão e de renovação de conceitos. “A participação de profissio-nais do Brasil e de outros países enriquecerá a discussão dos assuntos propostos e trará debates de forma mais abrangente. A troca de experiências será fundamental para a atuação dos profissionais em todos os segmentos, destacando ainda mais Santa Catarina como um berço de inovação tec-

nológica, o que dará maior espaço para os profissionais e empresas do setor no Estado, tanto nacionalmente quanto internacional-mente”, lembra.

O engenheiro destaca também a im-portância do envolvimento dos profissio-nais neste desafio. “Os profissionais tem o compromisso de diagnosticar e levantar as demandas, utilizando estas informações para realizar um planejamento de médio e longo prazo, auxiliando na execução e controle deste planejamento, pois os investimentos aplicados em inovação refletem sempre em maior segurança, economia e desenvolvimento”.

Para o presidente da ACATE – Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia, Rui Gonçalves, “o processo de inovação de um país depende da enge-nharia, a formação de empresas de base tecnológica depende de engenheiros, e a formação de engenheiros em quanti-dade e com qualidade é o que garante o desenvolvimento sustentável. As empresas de base tecnológica surgem a partir da formação de bons engenheiros”, conclui.

Um olhar para a inovação tecnológica Um dos 16 projetos apresentados

em 2010 pelo CREA-SC na 2ª edição do documento Pensando Santa Catarina –

Confira a programação do evento*

16h30 – Painel 4 – Estruturação do Setor Governamental em CTI (Ciência, Tecnolo-gia e Inovação).

29 de setembroQuinta-Feira

8h30 às 18 horas – Reuniões e Eventos do Sistema como o CREAjr e Fórum Pró Equi-dade de Gênero. Reuniões das Entidades Nacionais, Estaduais e Coordenadorias de Câmaras.

30 de setembro Sexta-Feira

8h30 - Painel 1 – Inovação no Enfrenta-mento dos Desastres Naturais.

10h15 - Painel 2 - Inovação no Enfrenta-mento dos Desastres Naturais.

12h – Almoço

14h – Debate Presidenciáveis Confea 2011

17h30 - Encerramento Lançamento 69ª SOEAA

Contribuições das Áreas Tecnológicas para o Desenvolvimento Sustentável é “Um olhar para a Inovação Tecnológica”, onde o Conselho propõe ao próximo Governador que faça um diagnóstico do potencial econômico para o Estado com o cresci-mento do setor de inovação tecnológica. Segundo o documento, o próximo passo é tomar iniciativas concretas para incentivar o crescimento do setor e dar suporte para a produção dos novos produtos nascidos nas empresas inovadoras catarinenses, evitando que bons produtos gerados aqui sejam precocemente adquiridos e produzi-dos em escala industrial no exterior.

* Programação sujeita a alterações.

Inscrições já estão abertas em www.soeaa.org.br

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 33

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Inventário e compensação de emissões de gases de efeito estufa Por Alex Eckschmidt

“Satisfazer as necessida-

des da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades”.

Essa é a definição de desenvolvimento sustentável, estabelecida em 1987 pelo Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial para Meio Ambiente e Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Com base neste relatório as empresas seguem o caminho da sustentabilidade para também aderirem à índices do merca-do financeiro como o ISE (Índice de Sus-tentabilidade Empresarial), e o consumidor passa a exigir a cada dia uma postura mais consciente na hora de fazer suas escolhas.

Segundo a GreenBiz Intelligence Panel, fevereiro/2010, uma pesquisa em empre-sas com faturamentos superiores a US$ 1 bilhão, apontou que 86% destas deixarão igual ou aumentarão seus investimentos no desenvolvimento de ‘produtos verdes’, e 59% aumentarão seus investimentos.

O Inventário de Gases de Efeito Estufa- GEE`s e sua compensação através do plantio de mudas ou compra de créditos de carbono de boa procedência, é, sem dúvida, uma grande ferramenta na luta a favor do desenvolvimento sustentável e contra as mudanças climáticas.

A Inventariação e compensação das emissões de GEE`s pode ser realizada desde os atos de uma pessoa física até a produção industrial de uma empresa dos diversos setores.

O inventário de emissões é uma espé-cie de raio-X que se faz em uma empresa, grupo de empresas, setor econômico, cidade, estado ou país, para se determinar

fontes de gases de efeito estufa nas ativi-dades produtivas e a quantidade lançada à atmosfera. Fazer a contabilidade em GEE´s significa quantificar e organizar dados sobre emissões com base em padrões e protocolos e atribuir essas emissões corretamente a uma unidade de negócio, empresa, país ou outra entidade.

Em novembro de 2009, o jornal Valor Econômico noticiou que a partir de Com-penhague, o EBITDA, indicador usado para medir a capacidade de geração de caixa das empresas, ganhou um “C” passando a se chamar EBICTDA (Earnings Before Interests, Taxes, “Carbon Regulation”, Depreciation and Amortization), incluindo a emissão de carbono (representante dos gases de efeito estufa) como item na ava-liação do potencial das instituições.

O procedimento sugerido como mais adequado é um monitoramento “in loco”, no que diz respeito ao consumo de água e energia, além das emissões dos resíduos

e da produção, contabilizando ainda os meios de transporte (avião, carro, moto e transporte público) como grandes emisso-res de CO2eq. O resultado dará um valor final de emissões (em toneladas), onde a partir disso será feita a compensação. To-das as informações utilizadas para realizar o cálculo de inventariação devem ter sua origem rastreada, para dar credibilidade ao processo.

A metodologia do GHG PROTOCOL, dentre as diferentes existentes para a realização de inventários de gases do efeito estufa, é a ferramenta mais utilizada mundialmente pelas empresas e governos para entender, quantificar e gerenciar suas emissões. O GHG Protocol foi desenvolvido pelo World Resources Institute (WRI) em parceria com o World Business Council for Sustainable Development (WBSCD). Dentre as características da ferramenta destacam-se o fato de oferecer uma estru-tura para contabilização de GEE, o caráter modular e flexível, a neutralidade em termos de políticas ou programas e o fato de ser baseada em um amplo processo de consulta pública.

A metodologia do GHG Protocol é compatível com as normas ISO e as metodologias de quantificação do Painel Intergovernamental de Mudanças Cli-máticas (IPCC), e sua aplicação no Brasil acontece de modo adaptado ao contexto nacional. Além disso, as informações geradas podem ser aplicadas aos relatórios e questionários de iniciativas como Carbon Disclosure Project, Índice Bovespa de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e Global Reporting Initiative (GRI).

Eng. Agr. Alex Eckschmidt CREA-SC 062803-2email: [email protected]

ARTIGOS

Crédito: Montagem Drouu

34 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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Santa Catarina e o TsunamiPor Rodrigo Sato

Tsunami é uma palavra de

origem japonesa que significa “onda de porto” e sua utilização espalhou-se pelo mundo devido ao grande número de ocorrências no

Japão. No Ocidente utilizamos a palavra “Maremoto”, que traduzindo do latim sig-nifica “movimento do mar”, apesar de que este movimento pode ocorrer em lagos e outros corpos hídricos. Veremos a seguir uma série de desmitificações a respeito deste assunto.

Um maremoto é um deslocamento de águas em grande volume, causado por evento extremo, que ao contrário do que se imagina, não tem origem apenas tec-tônica (movimentos de placas tectônicas). Pode ser causado também por grandes movimentos de massa como terra, gelo ou cinza vulcânica, queda de grandes corpos do espaço (meteoróides, asteróides ou cometas) e provocado até por ações hu-manas, como no caso de testes nucleares em fundo marinho.

Os maremotos já causaram a morte de mais de 300.000 pessoas só nos últimos 150 anos em todo o planeta, em um total de mais de 200 eventos, sendo que 90% dessas mortes concentram-se nos países asiáticos. Estes eventos ocorrem com maior frequência na Ásia devido a sua con-dição geológica única que é a ocorrência de pequenas placas tectônicas em zonas de subducção, obducção e transcorrência. Estas zonas são regiões de grande pertur-bação tectônica, diferentemente de zonas de Rift (onde há afastamento das placas) causando em geral pouca perturbação tectônica.

O Brasil mantém posição privilegiada

em relação ao tectonismo. Estamos no meio da Placa Tectônica Sul Americana, tendo a borda leste a dorsal meso-oceâni-ca, que é uma zona de rift, onde as placas afastam-se (a América do Sul afasta-se da África a uma média de 5 cm por ano). No limite oeste da placa, a situação é menos favorável, pois a placa Sul Americana está “ondulando” sobre a placa de Nazca, gerando grande perturbação tectônica. Essa perturbação porém, afeta pouco o Brasil devido a distância dela em relação as regiões mais populosas do País.

Então no Brasil não ocorrem terremo-tos? Isso também é mito, pois no Brasil temos terremotos sim, no entanto nossos sismos são muito pequenos em relação aos registrados na Ásia e em outras regiões tectonicamente ativas. Temos registros de milhares de microterremotos, sendo que eles raramente passam de magnitude (Mw 4,0). A escala de magnitude de momen-to (abreviada como Mw, onde w indica trabalho realizado) é usada pelos sismólo-

gos para medir a magnitude dos terremo-tos em termos de energia liberada. Esta referência substitui a escala de Richter (ML) de 1930. As escalas, apesar de possuírem diferentes formas de cálculo, utilizam o mesmo padrão de valores.

O que torna um maremoto perigoso é a profundidade da costa que ele alcan-ça. Quanto mais rasa a costa, maior é a onda, tanto que maremotos em alto mar raramente são sentidos por navios, pois o deslocamento das águas é muito pequeno. Porém, quando a onda chega em superfí-cies rasas, essas águas que chegam a uma velocidade de centenas de quilometros por hora são freadas a cerca de 80 km/h e bruscamente empurradas gerando um “empilhamento”, que as eleva a dezenas de metros de altura - existem registros de ondas de mais de 30 metros.

O risco do Brasil ter um terremoto de grande magnitude como o ocorrido no Japão é praticamente nulo, pois como já dito, estamos localizados em uma posição privilegiada na Placa Sul Americana. O ris-co de maremotos no País está diretamente ligado ao potencial de geração desses eventos. Logo, se a chance de termos terremotos de grande magnitude, vulcões ativos e sermos atingidos por um asteróide são praticamente inexistentes, a chance de sermos engolidos por uma onda gigante é quase nula. Sendo assim, a costa de Santa Catarina é abrigada para este tipo de evento. Agora, em relação a chuvas e tempestades, já é outra história.

Geólogo Rodrigo SatoCREA-SC 057797-7email: [email protected]

Exemplo de zona de subducção

Credito: Divulgação NASA

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 35

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Em 2010 foi realizada mais

uma convenção sobre a diversida-de biológica da Organização das Nações Unidas (ONU). O evento aconteceu no Japão na cidade de Nagoya, 100 km ao Sul de Tóquio. O órgão responsável pela tomada de decisões na convenção é a conferência das

partes que é composta por 193 países, dentre eles o Brasil, e tem por objetivo estabelecer as normas e diretrizes para a conservação da biodiversidade e auxiliar os países a implantar as metas acordadas em âmbito mundial.

Um dos principais temas discutidos na convenção, e que mais interessa ao Brasil, foi a Repartição dos Benefícios De-rivados do Acesso aos Recursos Genéticos (ABS, em inglês). O Ministério do Meio Ambiente define o acesso a estes recursos como as atividades realizadas sobre o patrimônio genético com o objetivo de isolar, identificar ou utilizar informação de origem genética ou moléculas e subs-tâncias provenientes do metabolismo dos seres vivos e de extratos obtidos destes organismos, para fins de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, visando a sua aplicação industrial ou de outra natureza.

Portanto, se uma empresa exporta um fruto da Mata Atlântica ou sua polpa para consumo, a repartição dos benéficos não se aplica. Mas se a importadora ou qual-quer outra empresa extrair um princípio ativo, DNA ou substância desse fruto que seja empregado no desenvolvimento de um novo fármaco ou mesmo no cruza-mento para aperfeiçoar outro produto, como as sementes, por exemplo, fica ca-racterizado o acesso ao recurso genético, exigindo o cumprimento das normas de repartição de benefícios.

Em Nagoya ficou decidido que em relação ao acesso e repartição de be-nefícios, os países têm soberania sobre recursos genéticos de sua biodiversidade e o acesso só poderá ser feito com consen-timento desses países. Caso este resulte na elaboração de um produto (cosmético, medicamento, por exemplo), os lucros de sua comercialização serão obrigato-riamente compartilhados com o país de origem, embora a forma de partilhar o dinheiro ainda precise ser definida.

Certamente essa foi uma grande vitó-ria para o Brasil, que na presidência de um grupo que reúne 17 países megadiversos, teve um papel decisivo na articulação do acordo. O desfecho foi surpreendente porque superou um impasse que parecia intransponível até as vésperas do encon-tro.

E foi graças ao trabalho em busca da proteção do patrimônio natural do nosso país que um grupo de estudantes da UFSC – Universidade Federal de Santa Ca-tarina, teve a oportunidade de participar da COP 10. Representaram a universida-de os alunos Rodrigo Merege e Richard

Smith, do Núcleo de Educação Ambiental – NEAmb, coordenado pelo Prof. Guilher-me Farias Cunha, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, vincu-lado ao Centro Tecnológico da UFSC.

Paralela a COP 10 foi realizada a feira interativa da biodiversidade, que contou com mais de 200 participantes, dentre eles o NEAmb, expondo trabalhos realiza-dos em nosso estado para um público das mais diversas partes do mundo. O foco da exposição foi a experiência do núcleo para a criação de unidades de conserva-ção visando a preservação da biodiversi-dade da Mata Atlântica no município de Itapema. Os resultados da participação do NEAmb na COP 10, na Feira Intera-tiva da Biodiversidade e também mais informações acerca dos temas discutidos em Nagoya podem ser encontrados na página do núcleo.

Rodrigo Merege e Richard Smith Estudantes CTC UFSCwww.neamb.ufsc.br

Recursos Genéticos: Brasil articula acordo na COP 10Por Rodrigo Merege e Richard Smith

Os estudantes Rodrigo (E), Richard (D) e a Prof (a) Dr(a) da Universidade de Tóquio, Hiromi Kobori (C), que elogiou o trabalho desenvolvido pelo NEAmb

Crédito: Divulgação CREA

-SC

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Segundo o Ministério da

Agricultura, Pe-cuária e Abaste-cimento (MAPA), o comércio de fertilizantes está em torno de 20 milhões de toneladas ao ano.

Porém, as nossas produções de adubo químico mantêm-se as mesmas há anos, com aproximadamente 7,5 milhões de toneladas. Por outro lado os produtores de produtos orgânicos passaram a ter uma regulamentação com a implementação da Comissão Nacional de Produção Orgâni-ca, uma ação clara de que o MAPA está apoiando a produção de orgânicos que tem como premissa não utilizar fertilizan-tes químicos.

Outro dado interessante fornecido pelo MAPA é que haverá maior incremento da produção agropecuária do que expan-são de área na próxima década, obviamen-te devido ao aumento do uso da tecnolo-gia e consequentemente a utilização de mais adubo nas lavouras.

A partir destes dados podemos concluir que a geração de adubo orgânico pode ser uma alternativa para que nosso país seja menos dependente da importa-ção de fertilizantes químicos, ainda mais se as previsões de aumento de produção se confirmarem.

Além disso, a regulamentação e o incentivo à produção orgânica favorecerão iniciativas que visem à fabricação de adubo orgânico de qualidade. Isto poderá ser uma alternativa benéfica para a suinocultura em nosso Estado, pois devido a alta densidade animal, existe um grande potencial para produção de adubo orgânico a partir dos dejetos suínos.

A necessidade do aumento de escala de produção na suinocultura vem de encontro à legislação ambiental que exige área suficiente para disposição final do resíduo (dejeto), limitada a no máximo 50 m3 por ha, dependendo da necessidade nutricional da cultura a ser implantada e do potencial fertilizante do solo a ser adubado organicamente. Esta dicotomia impede a expansão da suinocultura catari-nense, considerada a melhor do país, pois

a estrutura fundiária nas áreas de maior concentração suinícola é caracterizada, na sua maioria, por pequenas propriedades rurais.

A Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) tem apoiado a busca de alternativas para atenuar e solucionar os problemas ambientais causados pelos dejetos de suínos. Os principais resulta-dos esperados com a implantação destes sistemas de tratamento de dejetos são os ambientais, visando principalmente re-duzir o potencial de poluição dos dejetos oriundos da atividade suinícola, já que a legislação ambiental tem pressionado este setor produtivo. Entre estas alternativas podemos destacar as câmaras de compos-tagem, sistema de tratamento desenvolvi-do em parceria entre ACCS, a Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) e a LPC Empresa de Tecnologia Ambiental. Estas câmaras consistem em um processo de transformação de materiais grosseiros, como palhada, maravalha e/ou cama de aviário e dejetos de suínos, em materiais orgânicos possíveis de ser utilizados na agricultura. Este processo envolve transformações extremamente complexas de natureza bioquímica, promovidas por milhões de microorganismos.

Como vantagem principal do sistema, podemos destacar a transformação do dejeto líquido em adubo sólido, minimi-zando o risco ambiental e viabilizando o transporte deste adubo para áreas carentes de matéria orgânica, podendo até mesmo ser comercializado.

Outra vantagem deste sistema de trata-mento de dejetos de suínos é a redução do nível de odor desagradável e da presença de moscas nas propriedades, além de que, dependendo das metodologias e da escala, poderão gerar crédito de carbono sendo, portanto, mais uma fonte de renda para o nosso suinocultor.

Desta maneira, aquilo que hoje é um custo na atividade, o armazenamento e distribuição dos dejetos, passará a ser uma fonte de renda e uma solução ambiental para uma atividade de grande valor social e econômico em Santa Catarina. Isto se confirmando, poderemos no futuro dizer que a suinocultura catarinense fez de um limão uma limonada, pois quem diria que o maior vilão da cadeia produtiva da suinocultura, o dejeto produzido pela atividade, poderá torna-se fonte de renda para o suinocultor.

Eng. Agrônomo Felipe Penter CREA-SC S1 032859-8email: [email protected]

Solução definitiva para os dejetos da SuinoculturaPor Felipe Penter

Crédito: Divulgação CREA-SC

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 37

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A importância do transporte florestal Por Erwin Hugo Ressel Filho

O transporte sempre

foi uma atividade diária na vida do ser huma-no, seja de pessoas ou de cargas e, para o setor florestal brasileiro,

não poderia ser diferente. Esta atividade é muito antiga, pois

desde os primórdios o homem, após a der-rubada de uma árvore e seu processamen-to em forma de pequenas toras, realizava a simples tarefa de transportá-la.

No Brasil, a atividade florestal teve início após seu descobrimento, porém com o ciclo econômico do pau-brasil a economia da então colônia portuguesa teve seu crescimento. Com o passar dos anos, aumentou a utilização de madeira, principalmente com a descoberta de outras espécies de valor econômico, além da necessidade de abrirem-se fronteiras para a agricultura e a pecuária, contribuin-do decisivamente para a devastação das florestas naturais brasileiras. Tempos mais tarde, o país voltou a ter um ciclo florestal caracterizado pelos incentivos fiscais, es-tabelecidos com a entrada em vigor da Lei nº 5.106, no ano de 1966, a qual foi criada em função da escassez de recursos ener-géticos e da exploração descontrolada dos recursos florestais naturais existentes, além dos planos de desenvolvimento da indús-tria brasileira com a instalação de plantas industriais de celulose e papel. Para isso, foram implantados florestamentos de es-pécies exóticas, principalmente Pinus sp. e Eucalyptus sp. Todavia, a má utilização dos recursos financeiros não resultou no de-senvolvimento desejado para o setor. Em vista disso, em 29 de dezembro de 1988 foi extinta a Lei nº 5.106 dos incentivos fiscais aos reflorestamentos.

Como qualquer atividade, o transporte de madeira possui uma dinâmica em seu processo que gera além de soluções, novas questões a serem corrigidas de forma a otimizar a produtividade. O estudo da influência do sistema viário no rendimento energético do transporte de madeira é requisito básico à adequação de qualquer empresa do setor florestal para a maximi-zação da produtividade e sobrevivência no mercado florestal mundial nos dias atuais. A relação rendimento versus tipo veicular, bem como sua adequação às diferentes re-alidades de cada empresa de base florestal,

são itens que necessitam respostas.Com a crescente demanda de madeira

para os mais diversos fins e as restrições ao uso de florestas nativas e do solo, as indús-trias consumidoras tiveram que melhorar a produtividade de suas florestas plantadas para suprir a necessidade. Devido aos altos custos de aquisição da terra, as plantações florestais estão localizadas a distâncias cada vez maiores dos centros consumi-dores, elevando o custo do transporte até a planta fabril. Em Santa Catarina essa realidade não é diferente.

Sabendo-se que o transporte florestal rodoviário pode representar até 50% do custo total da madeira posta na unidade consumidora, entende-se porque este torna-se complexo para as empresas do setor.

Segundo dados de um fabricante de veículos para transporte florestal, grande parte do transporte de cargas no país está sendo feito acima dos custos desejáveis. Os motivos são os mais variados, predomi-nando as condições de carga e descarga e a estrutura viária nacional. Considerando o transporte como um fator estratégico para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país, e a inexistência de uma política que vise adequar o sistema entre e dentre as regiões produtoras e consumido-

res de produtos florestais, constitui-se em uma limitação para desenvolvimento. O transporte madeireiro sempre foi deixado em segundo plano na cadeia produtiva florestal, não só pelo alto custo do investi-mento em veículos próprios e na constru-ção e conservação de sistemas viários, mas também pela facilidade de contratação de prestadores de serviço nesta área.

Sabe-se ainda que as atividades de colheita e transporte florestal são comple-mentares e dentre as que mais oneram a produção florestal, a escolha do veículo, bem como o tratamento dado às estradas florestais, devem ser muito bem plane-jados, visando sua otimização e a conse-quente redução dos custos de produção madeireira.

Eng. Florestal Erwin Hugo Ressel Filho CREA-SC 061541-3email: [email protected]

Extração florestal no Município de Caçador

Crédito: Divulgação CREA-SC

38 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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O poder aqui-sitivo é um

fator determi-nante na criação de tendências de mercado e me-lhoria da qualida-de de produtos e serviços, como

consequência em geral, da melhoria na educação e maior acesso à informação. Vejamos o caso da construção civil. Num primeiro momento o importante era a família ter um teto, um lugar para morar. Posteriormente, buscou-se climatizar o ambiente por meio de ventiladores e então ar condicionado. Uma vez que se experimenta algo mais confortável e se tem informação e poder para acessar essas melhorias não se quer voltar a um padrão inferior. É nesse mesmo enten-dimento que pensamos também em relação a outras formas de conforto, entre eles, o acústico.

Em maio de 2008, foi lançada a norma de desempenho NBR 15575:2008 – Edi-fícios habitacionais de até cinco pavi-mentos que definiu 13 exigências dos usuários relativas a segurança, habitabili-dade e sustentabilidade. Sua cobrança, no entanto, seria realizada apenas dois anos depois. Ou seja, a norma ficou disponível

por dois anos para ser estudada e para permitir que as construtoras e o merca-do a testassem, adequando-se às novas exigências.

Todas as normas da ABNT possuem abrangência nacional e a Caixa Econô-mica já sinalizou que pedirá para que as construções sigam o que determina a norma NBR 15575 quando da liberação de novos financiamentos. Mas, o que se tem feito para saber se nossas constru-ções atendem ou não o desempenho acústico pedido?

O problema presente passa por soluções mais complexas do que apenas ensaiar em campo uma laje, ou uma esquadria, ou ainda uma parede e saber se atende ou não a algum índice de desempenho. Os ensaios de desempenho acústico realizados em campo fornecem dados do tipo “atende” ou “não atende” a determinado índice, ou seja, não geram informação suficiente para uma análise crítica do problema. Um ensaio deste tipo não é capaz de informar onde está o ponto fraco ou a virtude de um siste-ma construtivo. Para obter esse tipo de informação é necessário realizar vários e diferentes testes em diversas unidades similares para se ter uma massa de dados estatísticos e, então, começar a olhar de forma crítica o que está acontecendo.

A formação de grupos de estudo e análise parece ser o melhor caminho para resolver a questão. Assim, as construtoras disporão de dados técnicos consistentes para interferir e influenciar em discussões de âmbito nacional sobre a normatização na construção civil; e o consumidor terá uma garantia de que seu imóvel aten-de as exigências mínimas de conforto acústico.

Santa Catarina precisa e deve se unir para entender e atacar efetivamente o problema. Em março de 2012 a norma entrará em vigor e será cobrada de todos, conhecendo ou não onde estão as virtudes e limitações dos seus processos construtivos. É tempo de despertar e contribuir para o debate sobre o tema do desempenho acústico. Se nada for feito, teremos que invariavelmente nos ade-quar ao que for definido por quem está estudando o assunto. Precisamos sair da zona de conforto e deixar de ser seguido-res, para ser participantes.

Eng. Mecânico Vitor Litwinczik CREA-SC S1 073221-5e-mail: [email protected]

Tempo de despertarPor Vitor Litwinczik

Crédito: Divulgação CREA-SC

Maio de 2011 l Revista do CREASC l 39

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Programa 5S na Construção Civil: uma ferramenta de apoio ao PBQP-HPor Edinaldo Favareto Gonzalez

O 5S é uma excelente

ferramenta cuja principal função é “organizar a casa”. A facilidade de implementa-ção, aliada aos retornos imedia-tos, faz com que

o programa 5S seja bastante difundido em qualquer ambiente de trabalho, sempre com o objetivo de deixar este livre de ma-teriais inúteis, organizado, limpo e seguro. O Programa 5S inclui os sensos de Orga-nização, Utilidade, Limpeza, Segurança do Trabalho e Autodisciplina. Caso seja bem implementado terá resultados importan-tes para a empresa e seus funcionários, entre eles organizacionais e motivacionais.

A organização de uma empresa não é medida pelas declarações de seus diretores, mas pelo que se vê no canteiro de obras. Por esse motivo, um canteiro de obras organizado reflete principalmente o respeito e a seriedade de uma empresa em relação a programas de qualidade, por exemplo o PBQP-H – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Habita-ção. A implementação do 5S proporciona resultados imediatos no aspecto visual do canteiro da obra.

Tem-se notado que a qualidade das áreas de vivência melhorou nos últimos anos. Esse fato talvez se deva a NR-18 e ao baixo custo de sua implementação, prin-cipalmente levando-se em consideração que geralmente as áreas são construídas com sobras de materiais que ficam entu-lhadas nos depósitos da própria empresa. Independente do motivo, ter boas áreas de vivência nas obras é o primeiro passo para se conquistar a confiança dos funcio-nários. Organização e boa infraestrutura em canteiros de obras são fundamentais para se iniciar a exigência de um pro-grama de qualidade. Primeiro dá-se o exemplo, para depois cobrar.

Quando se aplicam os conceitos do 5S num ambiente de trabalho, logo fica evidente uma melhor visualização da atividade que está sendo executada. Essa transparência pode ser verificada pela retirada de materiais e equipamentos

desnecessários, pela organização e pela limpeza, tornando o ambiente mais tran-quilo para serem executadas as tarefas.

A execução da atividade com maior transparência possibilita a obtenção de indicadores de qualidade mais confiáveis, maior produtividade, redução de retra-balho e de acidentes do trabalho, entre outras vantagens.

O 5S tem como objetivo prevenir problemas com o fluxo de materiais e equipamentos e, consequentemente, de pessoas. A grande missão do programa é otimizar espaços, tendo em vista que geralmente faltam locais para armazenar materiais em um canteiro de obras. A má distribuição dos materiais implica diretamente em problemas com o fluxo de pessoas. Portanto o problema da falta de organização (2º senso) gera a falta de segurança (4º senso) dos funcionários em seus próprios ambientes de trabalho.

Enfim, o Programa 5S vai além do atendimento aos cinco itens. Quando se fala em 5S faz-se referência a várias outras situações, como apoio de mestres e de serventes, mudança de cultura, prazos das listas de verificação, psiquê do ser humano, autoestima, entre muitos outros fatores. Portanto, se o Programa 5S não deu certo, o que pode ter ocorrido é que não se prestou atenção em sua plenitude e sim em suas particularidades.

Vale realçar que o Programa 5S é uma ferramenta que fornece as diretrizes da implementação de um programa de qualidade, haja visto que é a base para qualquer programa desta natureza em canteiros de obras, como por exemplo, o PBQP-H.

Eng. Civil e de Seg Trab. Edinaldo Favareto Gonzalez CREA-SC 060539-8email: [email protected]

Crédito: Divulgação CREA-SC

40 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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Grandes empreendi-

mentos influen-ciam o mercado imobiliário no município onde estão instalados, trazendo diferen-tes repercussões

nas áreas econômica, social, cultural e política. Compreendendo que tais empre-endimentos podem provocar mudanças, realizou-se um estudo de caso com o objetivo de verificar a influência de sua implantação em município de pequeno porte em diversos setores, fazendo análise comparativa com os de porte semelhante e situados na mesma região.

A pesquisa analisou a implantação do Frigorífico Anhambi no município de Itapejara D’Oeste, Paraná, em um recorte dos anos de 2000 a 2008, sendo que no ano 2003 o empreendimento adquiriu força total de funcionamento.

Os resultados confirmam que a influ-ência do empreendimento nos valores dos imóveis foi positiva, com evolução nos valores residenciais e lotes urbanos no período de análise de 2000 a 2008. A valorização no entorno do empreendi-mento teve variação máxima de até 400% nos imóveis residenciais e de até 180% nos lotes vagos e ocupados.

A influência do empreendimento ex-travasou a dimensão da valorização imo-biliária, promovendo mudanças evidentes e significativas em diferentes extratos da população com referência às perspectivas de vida e de qualidade, confirmando que o IDH do município é expressivo com relação aos demais municípios da região analisados.

A média de renda do trabalhador do município de Itapejara D’Oeste para o ano de 2000 revela que a geração de empre-gos pelo Frigorífico Anhambi promoveu aumento da renda dos trabalhadores,

evidenciado, também, na evolução de 144,07% na frota do município no perí-odo de análise, em comparação com os demais municípios.

Parcela desse aumento pode ser atribuída ao crescimento em quase todos os ramos de atividade do município, na quantidade de estabelecimentos abertos, na contratação de trabalhadores e nos índices de faturamento.

O consequente retorno desta renda aos cofres públicos e ao próprio comércio em geral confirma-se, pois, comparati-vamente ao ano de 2000, a arrecadação anual do município apresentou uma evolução de 237,3% até o ano de 2008.

Investimentos por parte do governo também foram observados, com a realiza-ção de obras públicas, como construção e reforma de salas de aula, ampliação de laboratório, quadra de esportes, sede de bombeiros e biblioteca.

A evolução nos setores econômico, político, social e cultural do município pode ser relacionada à implantação e expansão do empreendimento, aumento do PIB per capita, taxa de crescimento ge-ométrico positiva, apresentando a menor taxa de pobreza com relação aos demais

municípios da região de estudo, com re-flexos diretos no modo de vida individual e coletivo da população.

O índice de Gini, que aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos, foi de 0,540 no município de Itapejara D’Oeste, confir-mando a melhor distribuição da riqueza e diminuição da desigualdade social.

Ressalva-se que aos trabalhadores foi conferida maior facilidade de acesso à renda em razão da oportunidade de em-prego, mas não essencialmente porque o empreendimento possibilitou a evolução da renda.

Isto pressupõe limitações na ação de um empreendimento de grande porte implantado em um município, ou seja, a empresa obtém crescimento significativo, assim como os serviços públicos, mas não atinge necessariamente o trabalha-dor, senão pela maior oportunidade de empregos gerados no entorno.

Eng. Civil Luiz Antonio Miotti CREA-SC S1 018975-0e-mail: [email protected]

Grandes empreendimentos em municípios de pequeno portePor Luiz Antonio Miotti

Crédito: Divulgação CREA-SC

Frigorífico Anhambi, em Itapejara D’Oeste-PR

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Eficiência e segurança em operações de caldeiraria

Como qua-se todas

as atividades realizadas na área de engenharia, a reabilitação e modernização de tanques para armazenamento

de petróleo e de outros derivados é uma operação que requer planejamento e uso de tecnologias adequadas para se garan-tir a eficiência e a segurança dos profissio-nais envolvidos. Citamos aqui os serviços de empresa que atua na reabilitação de tanques na região Sul do país, em opera-ções desenvolvidas em cinco terminais localizados nos municípios de Paranaguá/PR, São Francisco do Sul/SC, Tramandaí/RS, Canoas/RS e Rio Grande/RS.

Todo o trabalho se inicia pela orga-nização espacial e de equipes. Por uma questão de logística, a empresa escolheu o município de São Francisco do Sul para instalar o seu Núcleo Gestor, no qual mantém uma equipe administrativa que fornece apoio aos cinco terminais. Em cada terminal, há uma estrutura organi-zacional independente, preparada para atender a todos os requisitos contratuais na execução dos serviços. Sob a gestão de um engenheiro residente, a estrutura é composta pelas áreas de administração, produção, planejamento, segurança, saúde, meio ambiente e qualidade. Muito importantes também são as certificações de qualidade emitidas por órgãos autôno-mos, independentes e reconhecidos, que proporcionam maiores níveis de confiança e aperfeiçoam os processos.

Após a organização e garantias prévias, chega-se à fase de reabilitação dos equipamentos, na qual a escolha da tecnologia mais adequada é fundamen-tal e demanda análise minuciosa. Nos diversos terminais, a operação é realizada em tanques de diferentes características e usos, com diâmetros que variam de 24 a 86 metros e altura média de 14 metros. Com tetos fixo ou flutuantes, os tanques

são utilizados para armazenar petróleo e os seus diversos derivados.

A reabilitação de um tanque de armazenamento começa pela remoção e destinação da borra para os locais cre-denciados, atendendo aos requisitos da legislação ambiental. Em seguida é feita a limpeza interna do tanque, para permitir a realização da inspeção, que irá determi-nar as atividades que devem ser execu-tadas. Basicamente, os serviços são de caldeiraria, envolvendo as atividades de corte de chapas, soldagem, elevação de carga, montagem de tubulação, ensaios não destrutivos, testes hidrostáticos, tes-tes de flutuabilidade do teto, isolamento térmico e outras.

O maior desafio técnico encontrado foi a necessidade de elevação de um tanque com aproximadamente 750 t, para a substituição das chapas onde se apoia o costado. Em parceria com empresa de montagem e manutenção da região, a operação envolveu cerca de 50 pessoas e consistiu da instalação de diversos ma-

cacos hidráulicos (30 no total) ao longo do costado externo do tanque, uniforme-mente alinhados e operados simultanea-mente para que a elevação ocorresse de maneira controlada, evitando qualquer possibilidade de adernamento.

Outro grande desafio foi executar os serviços de forma segura, sem acidentes, garantindo a integridade dos colaborado-res, um dos principais valores da empresa. Para isso, com o intuito de monitorar des-vios e incidentes, também foi implantado um Programa Motivacional da Segurança, que resultou em segurança absoluta durante a execução dos serviços.

Eng. Mec. Luiz Carlos Neuenschwander FilhoCREA-SC 103127-0email: [email protected]

Por Luiz Carlos Neuenschwander Filho

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42 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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A busca e desenvolvimento

pelo ideal de um Estado social democrático de direito resulta na implementação de políticas sociais e de estruturas voltadas

à prestação de serviços, tendo como princípios a garantia da aplicação e o cumprimento das leis, a garantia da hierarquia, das responsabilidades dos governantes e, principalmente, da impessoalidade entre os governantes, seus subordinados e a sociedade.

Diante dessas necessidades torna-se fundamental a profissionalização do serviço público, atrelada à busca constante do desenvolvimento da sociedade, proporcionado pela qualidade de serviços que desempenha em prol da coletividade.

É necessário não entrarmos em conflito quanto as atividades que o Estado deve desempenhar e de que forma deve desempenhá-las. Na concepção atual devemos ter como indicativo que o Estado não se limita apenas às estruturas formais e institucionais para exercer seu papel, mas temos que ter em mente que um estado é o resultado de um conjunto de forças que culmina com a participação efetiva da sociedade e da atuação de cada cidadão.

O sistema público de trabalho a cada dia se adapta aos paradigmas de prestação de serviços que o mundo contemporâneo põe em evidencia para entender a demanda da sociedade, nos mais diversos segmentos. Daí a necessidade de um bom desempenho por parte de quem realiza os trabalhos.

O envolvimento dos profissionais é fundamental na otimização da aplicação dos recursos públicos. Não há como fazer planejamento, projeto, execução e fiscalização sem a participação destes profissionais, que é indispensável. O que temos que ter em destaque é a forma pela qual a seleção destes se processa e os critérios que são exigidos para contratação, sejam estas advindas de concursos públicos, ou mesmo de indicações (cargos comissionados).

São desejáveis alguns conhecimentos de formação geral como a função do Estado e seu papel,

tendo que permear para os Poderes Legislativos, Executivo e Judiciário. O que não abre-se mão é a atuação com “Ética” e de forma isenta nas situações de conflito.

É necessária a profissionalização da gestão pública em todos os setores, tendo como objetivo a atuação plena das instituições públicas. O intercâmbio entre as instituições certamente auxiliará no cumprimento dos papéis, complementando as funções, resguardando os interesses e atendendo a sociedade. O que têm-se notado é a banalização do serviço técnico profissional.

As instituições devem ter definidos

Profissionalização da Gestão PúblicaPor Leonel Ferreira Júnior

objetivos imediatos, a médio e longo prazo, visando garantir a sequência dos avanços, independentemente das políticas públicas das gestões. O conhecimento dos profissionais auxilia na transparência e na justificativa técnica quando há questionamentos, resguardando os setores públicos e as instituições que devem estar preparadas a cada dia mais para as necessidades da sociedade.

Focar em resultados, buscar a melhoria contínua dos processos tendo as estruturas flexíveis, atender às novas demandas e exigências da sociedade,

aliado a possibilidade de inovação dos seus serviços são os fatores principais, cabendo aos gestores da Administração Pública as decisões e prioridades de acordo com a conjuntura e as demandas da sociedade.

O controle das instituições deve ser mais aprimorado e o Estado responsável em propiciar o ambiente para preencher as lacunas que a própria sociedade não consegue ocupar.

Um bom começo seria o fortalecimento das estruturas técnicas

das instituições. É fundamental que as pessoas, sejam funcionários, dirigentes ou gestores públicos, se apropriem do conceito de unidade, responsabilidade e gestão integrada. E através desta lente enxerguem o futuro, seja para buscar resultados no desempenho de ações de trabalho, exercer a cidadania ou agir de forma consciente.

Eng. Agr. Leonel Ferreira JúniorCREA-SC 064.122-0e-mail: [email protected]

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Enquanto muitas vidas continuam sendo ceifadas pela violência e

abandono da BR 101 Sul e Santa Catarina está prestes a passar por um estrangulamento econômico sem precedentes devido à falta de logística para o escoamento de sua produção, as lideranças e autoridades catarinenses expressam sua revolta e frustração nas tentativas de mobilizar o governo federal para este gravíssimo problema. O presidente do CREA-SC, Eng. Agr. Raul Zucatto, esteve no dia 12 de abril em Brasília participando da reunião do Fórum Parlamentar Catarinense, que mobilizou o Governador do Estado, Deputados Federais e Senadores, lideranças administrativas, empresariais e profissionais catarinenses, para assistir a um pronunciamento desanimador do DNIT -

Departamento Nacional de Infrestrutura de Transportes.

O objetivo da reunião era a avaliação do novo cronograma das obras de duplicação da BR 101 Sul, que seria apresentado pelas empresas contratadas, Ministério dos Transportes e DNIT, além da avaliação e discussão sobre a situação das obras de duplicação e as razões dos atrasos. O cronograma não foi apresentado, decepcionando a todos os presentes, o que não foi surpresa para o CREA-SC. Durante a reunião, o Diretor Geral do DNIT, Luiz Antônio Pagot, comunicou que a conclusão da rodovia acontecerá até o final do primeiro semestre de 2014.

Para acalmar os ânimos das autorida-des e lideranças do estado, o diretor com-

prometeu-se em encaminhar um relatório mensal ao Fórum Parlamentar Catarinense e à Assembleia Legislativa sobre o crono-grama das obras. A medida foi uma das exi-gências das bancadas diante das incertezas na conclusão dos trabalhos. Dos nove lotes, quatro estão concluídos e cinco enfrentam problemas. As três maiores obras de arte necessárias à duplicação da rodovia são a ponte de Laguna e os túneis nos morros do Formigão e dos Cavalos. Os dois primeiros ainda estão em processo de licitação. Já no Morro dos Cavalos, impasses ambientais e indígenas atrasam a conclusão do trecho.

Durante a reunião o presidente Zucatto pronunciou-se sobre o relatório apresen-tado em 2010 pela FIESC – Federação das Indústrias de Santa Catarina, com o apoio

BR-101

Conclusão das obras da BR 101 Sul: Promessas até quando? CREA-SC participou de reunião que frustrou Fórum Parlamentar Catarinense em Brasília

Crédito: Divulgação CREA-SC

Presidente do CREA, assessores e lideranças du-rante visita às obras de duplicação da rodovia.

44 l Revista do CREASC l Maio de 2011

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do CREA, que prevê o prazo final das obras somente para 2015. “O CREA e a FIESC re-afirmam a posição de que a conclusão das obras acontecerá somente em 2015. Isto se efetivamente o governo der a prioridade que a rodovia merece e os catarinenses esperam”, ressalta.

“Segundo o DNIT, a Ponte de Lagu-na estará concluída em 36 meses, após a ordem de serviço, mas ninguém disse quando a ordem de serviço será emitida. O túnel do Morro dos Cavalos tem prazo de 30 meses após a licença ambiental e ordem de serviço. Faltou esclarecer quan-do a licença será emitida. A obra do túnel do Morro do Formigão está na justiça sem prazo para uma solução. Sem falar dos im-passes nos trechos que devem caminhar para novas licitações, a exemplo de outros, sem a devida punição das empresas con-tratadas. O que esperamos é que agora, com a mobilização de todas as lideranças políticas, administrativas, empresariais, classistas e da imprensa vigilante como jamais se viu no estado, esta estratégica rodovia passe a ter um melhor tratamento por parte do Governo Federal. A sociedade catarinense merece mais respeito e con-sideração. Chega de conversas, queremos soluções, respostas concretas e objetivas”, comenta o presidente do CREA-SC.

A FIESC já realizou três estudos sobre o andamento das obras e considera tanto as etapas em fase de execução, quanto as obras que ainda não foram contrata-

das, indispensáveis para a conclusão da duplicação.

Forte atuaçãoO CREA-SC foi um dos órgãos pioneiros

em Santa Catarina na luta pela duplicação da BR-101, atuando desde o início dos anos 80, integrando diversos movimen-tos junto às Entidades de Classe, como a ACE e o SENGE. Em 2004 participou do lançamento da campanha BR 101 Sul – A Rodovia da Vida, junto a ACE, SENGE, FNE, FIESC, OAB e ASCOP. Em novembro do mesmo ano passou a integrar o Fórum Estadual de Rodovias, do qual fazem parte a Secretaria de Estado da Infraestrutura (SIE), Deinfra, Polícia Rodoviária Estadual e

Federal, Fetrancesc e Fectroesc. Já em 2006 o CREA constatou e informou as autorida-des, comunidade profissional do sistema e a sociedade catarinense que até o final de 2008, prazo estipulado inicialmente pelo DNIT, a duplicação do trecho sul da BR 101 não estaria concluída.

A equipe de fiscalização do CREA-SC vistoria as obras de duplicação da BR 101 sul desde o início do trabalho.

Situação:238,5 Km – Extensão total da duplicação do Trecho Sul (Palhoça até Passo de Torres)212,5 Km – Serviços de Terraplanagem executados.179,8 Km – Asfalto concluído.

Maiores entraves: Lote 22 - Duplicação de 28,5 quilômetros no trecho entre Palhoça e Rio da Madre; Túnel do Morro dos Cavalos; Lote 23 – Duplicação de 26,7 km de Trecho entre Rio da Madre e Rio Araçatuba; Lote 25 – Trecho de 22 km que liga Itapirubá a Capivari;

Lote 26 – Construção de 28,6 quilômetros de rodovia da cidade de Capivari de Baixo até Sangão;Lote 29 - Finalizar os sete quilômetros do con-torno de Araranguá.

Uma promessa de décadas (Fonte Diário Catarinense)

Credito: Divulgação CREA-SC

Eng. Agr. Raul Zucatto (D), presidente do CREA-SC, durante reunião Fórum

Parlamentar em Brasília

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