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PEDRO MIGUEL FERNANDES MACHADO
TRANSPORTE DE DOENTES CRÍTICOS
– VIVÊNCIAS DOS ENFERMEIROS DO SERVIÇO DE URGÊNCIA –
UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PONTE DE LIMA, 2010
PEDRO MIGUEL FERNANDES MACHADO
TRANSPORTE DE DOENTES CRÍTICOS
– VIVÊNCIAS DOS ENFERMEIROS DO SERVIÇO DE URGÊNCIA –
UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PONTE DE LIMA, 2010
PEDRO MIGUEL FERNANDES MACHADO
TRANSPORTE DE DOENTES CRÍTICOS
– VIVÊNCIAS DOS ENFERMEIROS DO SERVIÇO DE URGÊNCIA –
ATESTO A ORIGINALIDADE DO TRABALHO:
_____________________________________
Monografia apresentada à Universidade
Fernando Pessoa como parte dos
requisitos para obtenção do Grau de
Licenciado em Enfermagem.
SUMÁRIO
O Transporte de Doentes Críticos é uma área essencial para a melhoria do estado clínico
e determinante para a sobrevivência e futura qualidade de vida dos mesmos. Estes
doentes têm direito a ser transportados de forma totalmente segura, onde o nível e a
qualidade dos cuidados prestados, durante o transporte, não deverão ser inferiores aos
cuidados na unidade de origem, tendo nestes pontos a equipa de Enfermagem um
importante papel em todo o processo. A nível nacional esta área encontra-se
regulamentada por Decreto-Lei (Transporte de Doentes) e sujeita a algumas normas e
recomendações de boa prática (Transporte de Doentes Críticos), propostas por grupos
de trabalho intervenientes na referida área. Contudo, não existe nenhum Normativo
Legal, nem nenhuma entidade que claramente assuma e se responsabilize por este
processo, cabendo às instituições organizarem-se e agilizarem todos os procedimentos.
O Serviço de Urgência é uma porta de entrada de muitos doentes no hospital, onde,
muitas vezes, a sua situação clínica é crítica e a necessidade de transportar os mesmos
para áreas com melhores condições ou, então, para realizar exames diferenciados torna-
se uma realidade. Neste contexto, aborda-se o transporte inter-hospitalar.
As vivências dos profissionais de Enfermagem, nesta área, por seu lado podem
influenciar directa, positiva ou negativamente, a qualidade da assistência e cuidados de
Enfermagem, pois tudo o foi vivido numa ou em várias situações, desde sentimentos,
emoções e acontecimentos podem marcar o enfermeiro numa forma positiva/negativa,
nas suas atitudes/comportamentos futuros.
Assim, estudar-se-á as vivências dos enfermeiros no processo de Transporte de Doentes
Críticos, de um Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica da Região Norte do país. Neste
sentido, irá surgir o estudo de investigação científico intitulado: ―Transporte de Doentes
Críticos - Vivências dos Enfermeiros do Serviço de Urgência‖. Para que tal fosse
possível, desenvolveu-se um estudo fenomenológico de metodologia qualitativa, onde a
partir de uma entrevista semi-estruturada se obtiveram respostas individuais aos
seguintes objectivos:
– Conhecer a organização institucional para o Transporte de Doentes Críticos;
– Identificar os factores que influenciam o desempenho do Enfermeiro no Transporte de
Doentes Críticos;
– Conhecer o papel do Enfermeiro no Transporte de Doentes Críticos.
Partindo da análise e interpretação das entrevistas concluiu-se que, relativamente à
organização institucional, denota-se disfuncionalidades na organização geral, logística,
nos recursos humanos e recursos técnicos/materiais. De ressalvar que os enfermeiros
referem melhoria recente nos equipamentos e expõem sugestões para melhoria a nível
de implementação de uma equipa institucional preparada nesta área e no seguimento a
implementação de uma ambulância institucional preparada para este processo.
Relativamente aos factores que podem influenciar no transporte, os enfermeiros
consideram existir factores positivos como o acompanhamento médico adequado, a
experiência do enfermeiro e a segurança emocional. Noutro ponto de vista, expressam,
também, factores constrangedores, desde indisposição gastrointestinal, ansiedade,
insegurança e disfuncionalidade no trabalho em equipa por conflitos entre médico e
enfermeiro.
Quanto ao papel do enfermeiro neste processo, na fase de decisão e numa perspectiva de
trabalho em equipa, este poderá aconselhar. Na fase de planeamento, estes profissionais
aplicam o domínio das suas competências referente à prestação de cuidados, com vista à
estabilização do doente. Por último, na fase de efectivação do transporte, num ponto de
vista da transferência ocorrer sem intercorrências, o enfermeiro tem essencialmente de
vigiar.
Como forma de salvaguardar os direitos pessoais dos entrevistados garantiram-se três
princípios éticos: o princípio do respeito à pessoa, da beneficência e o da justiça.
Palavras - chave: Doente Crítico; Transporte Inter-hospitalar de Doente Crítico;
Serviço de Urgência; Enfermagem de Urgência; Vivências.
Abstract
The Transport of Critical Care Patients is an essential area to the improvement of their
clinical state and it is determinant to their survival and future quality of life. These
patients have the right to be transported in safety, and the level and quality of the
provided care, during transportation, mustn’t be inferior to the care provided in the
health care facility of origin, so in this case the Nursing team has an important role
during the whole process.
Nationwide this area is regulated by an Official Decree (Transport of Patients) and it is
under some rules and recommendations of good practice (Transport of Critical Care
Patients), proposed by workgroups who intervene in the area. However, there isn’t any
Legal Regulatory, or any entity that clearly claims and takes responsibility for this
process, so it is up to the institutions to organize them and put all the procedures
moving.
The Emergency Service is an entrance door to many patients into the hospital, where,
often, the situation is critical and the need of transport them to areas with better
conditions or to make differentiated medical exams becomes a reality. In this context,
inter-facility transport appears.
Nursing professionals’ life experiences, in this area, on the other hand may influence
directly, positively or negatively the quality of the medical assistance and Nursing
cares, because all that people experience in different situations, their feelings, emotions
and events can leave a mark on them in a positive or negative way, in their attitudes and
future behaviours.
Therefore, the Nurses’ experiences during the process of the Transport of Critical Care
Patients, in a Medical-Surgical Emergency Service of the North Region of the country
will be the object of this study. Having this in mind, it will appear the scientific study of
investigation called: ―Transport of Critical Care Patients – Nurses of ER’s
Experiences‖. So that this study was possible, a phenomenological study of qualitative
methodology, in which, through a semi-structured interview, individual answers were
obtained to the following goals:
– Knowing the institutional organization to the Transport of Critical Care Patients;
– Identifying the factors which influence the Nurse’s performance in the Transport of
Critical Care Patients;
– Knowing the Nurse’s role in the Transport of Critical Care Patients.
From the analysis and interpretation of the interviews it was concluded that, concerning
the institutional organization, there were some malfunctions in the general organization,
logistics, human and technical/material resources. It must be emphasized that the nurses
refer recent improvements in the equipments and they expose some suggestions to
improve the implementation of an institutional team prepared to this process.
Concerning the factors that may influence the transport, the nurses believe that there are
positive factors like proper medical follow-up, the nurse’s experience and emotional
security. On the other hand, they also express some constraining factors, from
gastrointestinal discomfort, anxiety, insecurity and malfunction at team work between
doctor and nurse.
As for the nurse’s role in this process, at the decision phase and in a perspective of team
work, he might give some advices. At the planning phase, these professionals apply
their control of their skills on health care, in view of the patient’s stabilization. Finally,
at the accomplishment of transport phase, so that the transfer occurs without
interferences, the nurse has essentially to watch.
To safeguard the interviewee’s personal rights, three ethical principles were guaranteed:
the principle of respect, beneficence and justice.
Key-words: Critical Care Patient; Inter-facility Transport of Critical Care Patient;
Emergency Service; Emergency Nursing; Life Experiences.
AGRADEÇO…
…aos meus PAIS por todas as privações e sacrifícios ao longo destes quatro anos, pois
sem o seu empenho e a sua crença não teria conseguido…
…à minha FAMÍLIA pela força e incentivos que sempre me oferecem, não esquecendo
a compreensão nos momentos mais difíceis…
…à RITA, esta pessoa que desde logo me marcou e certamente o continuará a fazer no
futuro. Foi nela que fui buscar forças, motivação e orientação naqueles momentos de
maior pressão e de quase desespero. Pela pessoa que é e pelo que significa tem
guardado um lugar especial dentro de mim…
…à Mestre ROSA OLÍVIA MIRANDA, orientadora deste trabalho monográfico, que
desde início se disponibilizou para me ajudar, mostrando-me o melhor caminho a seguir
e sem nunca pedir nada em troca, somente trabalho…
…aos meus AMIGOS que apesar da minha grande ausência sempre me apoiaram…
…a todos os ENFERMEIROS que participaram neste estudo de investigação, já que
sem a disponibilidade, simpatia e companheirismo destes nada teria sido possível…
…à ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE
PONTE DE LIMA, pois foi com as experiências que me proporcionaram que nasceu em
mim o sonho de ser ENFERMEIRO…
A todos um muito OBRIGADA!
SIGLAS E ABREVIATURAS
CIPE – Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem;
CRDC da ARSN – Comissão Regional do Doente Crítico da Administração Regional
de Saúde do Norte, IP;
E – Entrevistado;
GTU – Grupo de Trabalho em Urgências;
INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica;
L – Linha;
OE – Ordem dos Enfermeiros;
OM – Ordem dos Médicos;
P – Pergunta;
p. – página;
pp. – páginas;
SAV – Suporte Avançado de Vida;
SAT – Suporte Avançado de Trauma;
SBV – Suporte Básico de Vida;
SIB – Suporte Imediato de Vida;
SU – Serviço de Urgência;
SPCI – Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ..……………………………………………………………………... 17
PARTE I – ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL ..…………………………………….. 21
CAPÍTULO I – Problemática em Estudo …………………………………………. 21
1.1. Definição e delimitação do tema …………………………………………… 21
1.2. Pergunta de Partida ………………………………………………………… 23
1.3. Questões de Investigação ……………………………………………………………. 23
1.4. Objectivos de Estudo ……………………………………………………….. 24
CAPÍTULO II – Enquadramento Teórico ………………………………………… 26
1.5. Doente Crítico ………………………………………………………………. 26
1.5.1. Transporte de Doentes Críticos ……………………………………….... 27
1.5.1.1. Fases do Transporte ………………………………………………… 31
1.5.1.2. Recursos Humanos ………………………………………………….. 33
1.5.2. Organização Institucional para o Transporte inter-hospitalar de Doentes
Críticos …………………………………………………………………………….. 33
1.6. Resenha Histórica das Práticas de Enfermagem ………………………….... 35
1.6.1. Competências do Enfermeiro …………………………………………... 39
1.6.2. Enfermagem de Urgência ………………………………………………. 41
1.7. Vivências ……………………………………………………………………. 43
1.7.1 Atitudes e Comportamentos ……………………………………………... 45
PARTE II – ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO …………………………………. 47
CAPÍTULO I – Fase Metodológica ………………………………………………. 47
1.1. Desenho de Investigação ……………………………………………………. 47
1.2. Método de Investigação e Tipo de Estudo …………………………………. 48
1.3. Meio ………………………………………………………………………… 48
1.4. População Alvo, Processo de Amostragem e Amostra …………………….. 49
1.5. Variáveis do Estudo ……………………………………………………………... 50
1.6. Método e Instrumento de Colheita de Dados ………………………………. 50
1.7. Pré - Teste do Instrumento de Colheita de Dados …………………………. 51
1.8. Previsão do Tratamento de Dados ………………………………………….. 52
1.9. Questões Éticas ……………………………………………………………….….. 52
PARTE III – ENQUADRAMENTO EMPÍRICO ……………………………………….. 55
CAPÍTULO I – Apresentação, Análise e Discussão dos Dados ………………….. 55
1. Caracterização dos Sujeitos da Amostra ……………………………………… 57
2. Dados referentes às Vivências dos Enfermeiros do SU relativamente ao
Transporte de Doentes Críticos ……………………………………………………. 59
2.1. Organização Institucional ………………………………………………… 60
2.1.1. Organização Institucional: Procedimentos …………………………… 61
2.1.2. Organização Institucional: Recursos Humanos ……………………… 63
2.1.3. Organização Institucional: Recursos Técnicos/Equipamentos ………. 66
2.2. Factores que Influenciam o Transporte ……………………………………... 68
2.2.1. Factores que Influenciam o Transporte: Factores Positivos …………. 69
2.2.2. Factores que Influenciam o Transporte: Factores Constrangedores …. 71
2.3. Papel do Enfermeiro …………………………………………………...... 74
2.3.1. Papel do Enfermeiro: Fase de Decisão .................................................... 75
2.3.2. Papel do Enfermeiro: Fase de Planeamento ........................................... 76
2.3.3. Papel do Enfermeiro: Fase Efectivação .................................................. 77
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 78
Bibliografia ............................................................................................................... 80
APÊNDICES
Apêndice I – Esclarecimento ao Participante
Apêndice II – Declaração de Consentimento Informado
Apêndice III – Guião de Entrevista
Apêndice IV – Quadros da Análise de Conteúdo
Apêndice V – Cronograma de Actividades
ANEXOS
Anexo I – Grelha de avaliação do doente, com os critérios de avaliação do
Doente para Transporte inter-hospitalar (reproduzida no programa Microsoft
Excel 2007, pelo Enfermeiro Formador do SU da Instituição em causa)
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição de dados relativamente à Variável Género da Amostra .... 57
Gráfico 2 – Distribuição de dados relativamente à Variável Idade da Amostra ...... 56
Gráfico 3 – Distribuição de dados relativamente à Variável Titulo da Amostra ..... 58
Gráfico 4 – Distribuição de dados relativamente à Variável Número de anos de
Exercício Profissional da Amostra ............................................................................
58
Gráfico 5 – Distribuição de dados relativamente à Formação Pós-Graduada mais
diferenciada na área da Amostra ..............................................................................
59
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional ................. 60
Quadro 2 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional:
Procedimentos, Organização Geral: Disfuncionalidade ............................................ 61
Quadro 3 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional,
Procedimentos, Logística: Disfuncionalidade ........................................................... 62
Quadro 4 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional Recursos
Humanos, Equipa Médica: Disfuncionalidade .......................................................... 63
Quadro 5 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional Recursos
Humanos, Equipa de Enfermagem: Disfuncionalidade ............................................ 64
Quadro 6 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional Recursos
Humanos, Equipa de Enfermagem: Sugestões de Melhoria ..................................... 65
Quadro 7 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional, Recursos
Técnicos/Equipamentos, Equipamentos: Disfuncionalidade .................................... 66
Quadro 8 – Análise de Conteúdo referentes à Organização Institucional, Recursos
Técnicos/Equipamentos, Equipamentos: Melhoria ................................................... 67
Quadro 9 – Análise de Conteúdo referentes à Organização Institucional, Recursos
Técnicos/Equipamentos, Equipamentos: Sugestão para Melhoria ............................ 67
Quadro 10 – Análise de Conteúdo referentes aos Factores que Influenciam o
Transporte .................................................................................................................. 68
Quadro 11 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o
Transporte, Factores Positivos: Acompanhamento Médico ...................................... 69
Quadro 12 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o
Transporte, Factores Positivos: Experiência do Enfermeiro ..................................... 70
Quadro 13 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o
Transporte, Factores Positivos: Segurança Emocional ............................................. 71
Quadro 14 – Análise de Conteúdo referentes aos Factores que Influenciam o
Transporte, Factores Constrangedores: Indisposição Gastrointestinal ...................... 71
Quadro 15 – Análise de Conteúdo referentes aos Factores que Influenciam o
Transporte, Factores Constrangedores: Ansiedade ................................................... 72
Quadro 16 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o
Transporte, Factores Constrangedores: Insegurança .................................................
73
Quadro 17 – Análise de Conteúdo referentes aos Factores que Influenciam o
Transporte, Factores Constrangedores: Disfuncionalidade no Trabalho em Equipa 73
Quadro 18 – Análise de Conteúdo referente ao Papel do Enfermeiro...................... 74
Quadro 19 – Análise de Conteúdo referente ao Papel do Enfermeiro, Fase de
Decisão: Aconselhar .................................................................................................. 75
Quadro 20 – Análise de Conteúdo referente ao Papel do Enfermeiro, Fase de
Planeamento: Processo de Enfermagem .................................................................... 76
Quadro 21 – Análise de Conteúdo referente ao Papel do Enfermeiro, Fase de
Efectivação: Vigilância ............................................................................................. 77
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
17
INTRODUÇÃO
Do Plano Curricular da Licenciatura em Enfermagem adequado ao Processo de Bolonha
da Universidade Fernando Pessoa, surge a elaboração de um trabalho científico sendo
este indispensável para a conclusão da referida Licenciatura.
Este trabalho tem como principal objectivo complementar a avaliação através da
aquisição e desenvolvimento de conteúdos teórico-práticos, adquirir experiência na
elaboração de um estudo de investigação e ainda dar resposta ao problema da
investigação. A sua elaboração é fruto de uma profunda reflexão, pesquisa, participação
e da formação recebida. Pretende ser o resultado de todo esse esforço numa tentativa de
transmitir alguns conhecimentos e informação.
Assim na perspectiva de Gonzaga (2003, p.17),
Para executar qualquer trabalho científico, as primeiras necessidades são de natureza pessoal. Um
investigador tem de possuir curiosidade, imaginação, entusiasmo, perseverança, talento e motivação. Sem
tais qualidades, nunca será um investigador.
Assim, o tema escolhido para a investigação é “Transporte de Doentes Críticos –
Vivências dos Enfermeiros do Serviço de Urgência”. A escolha deste tema deveu-se
ao fascínio pelos cuidados de enfermagem ao doente crítico. Existindo a simpatia por
esta área e tendo o investigador vivenciando enquanto bombeiro experiências na
mesma, emergiu daqui muita da motivação para esta investigação. Vivência dos
Enfermeiros, porque sendo o investigador um futuro profissional de enfermagem,
interessa descobrir o que no seu exercício profissional os enfermeiros vivenciam no
contexto anteriormente mencionado. Por outro lado, também se procura dar a conhecer
aspectos que podem ser melhorados na prestação dos cuidados neste processo.
Este estudo de investigação tem como principal objectivo conhecer as vivências dos
enfermeiros no transporte de doentes críticos. A partir deste objectivo sucedem
objectivos específicos que consistem em conhecer a organização institucional para o
transporte de doentes críticos, identificar factores que influenciam o desempenho do
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
18
enfermeiro no transporte de doentes críticos e, por último, conhecer o papel do
enfermeiro no transporte de doentes críticos.
Este trabalho está planeado tendo por base um método qualitativo, de forma a poder
compreender os fenómenos sem os fragmentar. Para permitir uma abordagem mais
profunda dos fenómenos em estudo, optou-se pelo estudo de tipo fenomenológico. O
instrumento de colheita de dados foi o guião de entrevista aplicado a seis enfermeiros
seleccionados através do processo de amostragem não aleatória acidental. O registo dos
dados, foi efectuado com o auxílio de um gravador áudio, o que permitiu transcrever de
forma concisa e completa toda a informação.
A população alvo para este estudo é constituída pelos 41 enfermeiros, que exercem o
seu exercício profissional num Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica, num hospital da
Região Norte do país, que tenham efectuado Transporte de Doentes Críticos nos últimos
três anos. A colheita de dados efectuou-se de 22 de Março a 26 de Março de 2010.
Sendo que, os dados da primeira parte da entrevista foram tratados no Microsoft Office
Excel 2007. Na segunda parte, os dados foram tratados através da análise das entrevistas
fundamentada na abordagem qualitativa e sistematizada, conforme a Técnica de Análise
de Conteúdo Categorial Temática, proposta pelo autor Bardin (2008).
Da referida análise, os resultados obtidos estão de encontro aos objectivos propostos no
início da investigação. No conhecimento da organização institucional foi detectado
disfuncionalidades ao nível da organização geral, logística, recursos humanos e recursos
técnicos/equipamentos. Da análise deste ponto, também se destacou a melhoria recente
em relação aos equipamentos e emergindo sugestões para melhoria no sentido da
implementação de uma equipa específica para a área. No seguimento desta ideia,
também brotou a sugestão de implementação de uma ambulância institucional para estas
ocorrências.
Perseguindo o objectivo de identificar factores que influenciam o desempenho do
enfermeiro no transporte, surgiram factores positivos como o acompanhamento médico
adequado, a experiência do enfermeiro e a segurança emocional. Por outro lado,
brotaram, também, factores constrangedores, salientando indisposição gastrointestinal, a
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
19
ansiedade, a insegurança e disfuncionalidade no trabalho em equipa a nível de conflitos
entre a equipa de enfermagem e médica.
Com o objectivo de conhecer o papel do enfermeiro no transporte, concluiu-se que, na
fase de decisão, numa perspectiva de trabalho em equipa, o enfermeiro pode aconselhar.
Na fase de planeamento, aplicam do domínio da prestação de cuidados referente às suas
competências, visando a estabilização do doente. Por último, na fase de efectivação,
numa vertente do transporte decorrer sem intercorrências, os enfermeiros assumem um
papel de vigilância.
É relevante mencionar algumas dificuldades sentidas durante a elaboração do presente
estudo, nomeadamente o facto do período de investigação ser limitado, visto ser um
requisito para a obtenção do grau de Licenciatura em Enfermagem e no plano de
estudos não existir espaços temporais para que o investigador pudesse concentrar-se
especificamente na investigação. Outro aspecto que muito condicionante foi a
inexperiência do investigador nesta área de investigação, provocando inúmeros
retrocessos no processo da construção deste trabalho. Juntamente a estes factores
associaram-se limitações a nível financeiro e, consequentemente, dos recursos materiais.
Depois desta pequena síntese e com o intuito de proporcionar uma leitura e
compreensão agradável, este trabalho possui essencialmente três partes distintas: o
enquadramento conceptual, o enquadramento metodológico e o enquadramento
empírico.
Assim, no enquadramento conceptual consta uma breve abordagem do tema, de modo a
transmitir os conhecimentos necessários para a compreensão do estudo, sendo esta parte
o pilar deste estudo de investigação; no enquadramento metodológico, delineia-se o
modo como o trabalho foi efectuado; e, por último, no enquadramento empírico,
efectua-se a apresentação, análise e discussão dos resultados obtidos. Posteriormente a
estas fases, surge a conclusão e a bibliografia representativa no estudo.
Fora do corpo de texto encontram-se expostos os apêndices e posteriormente os anexos.
Os apêndices compreendem respectivamente, o Esclarecimento ao Participante
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
20
(Apêndice I), a Declaração de Consentimento Informado (Apêndice II), o Guião de
Entrevista (Apêndice III), os Quadros da Análise de Conteúdo na sua íntegra (Apêndice
IV) e o Cronograma de Actividades (Apêndice V). Os anexos apresentados são
respectivamente, a Grelha de Avaliação do Doente, com os Critérios de Avaliação do
Doente para Transporte Inter-Hospitalar (reproduzida no programa Microsoft Excel
2007, pelo Enfermeiro Formador do SU da Instituição em causa) (Anexo I).
No que respeita à apresentação deste trabalho de investigação, teve por base as
directivas do Manual de Elaboração de Trabalhos Científicos, que vigora na
Universidade Fernando Pessoa.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
21
PARTE I – ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL
CAPÍTULO I – Problemática em Estudo
Citando Fortin (2009, p.49),
A fase conceptual é a fase que consiste em definir os elementos de um problema. (…) o investigador
elabora conceitos, formula ideias e recolhe a documentação sobre o tema preciso, com vista a chegar a
uma concepção clara do problema.
O início de uma investigação dá-se com a escolha de um tema e a elaboração de uma
questão. De acordo com o autor supracitado, esta fase é fundamental numa investigação,
pois dá-lhe uma orientação e um objectivo.
Com o decorrer desta fase, procedeu-se a uma definição e delimitação do tema bem
como à formulação do problema de investigação, enunciando as questões, os objectivos
e a revisão da literatura importante, de forma a permitir ao investigador determinar o
estado actual dos conhecimentos acerca do problema em questão.
1.1. Definição e delimitação do tema
De acordo com Fortin (2009, p.67),
O tema de estudo é um elemento particular de um domínio de conhecimentos que interessa ao
investigador e o impulsiona a fazer uma investigação, tendo em vista aumentar os seus conhecimentos.
Para Polit et al. (2004, p.20),
A pesquisa em enfermagem é a investigação sistemática, destinada a desenvolver conhecimentos sobre os
temas de importância para as enfermeiras, incluindo a prática, o ensino e a administração da enfermagem.
Um estudo de investigação inicia-se com um problema que se gostaria de resolver, ou
com uma questão a responder. Qualquer problemática envolve uma situação ambígua,
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
22
inquietante ou perturbadora, com a finalidade de tentar resolver o problema ou
contribuir para a resolução do mesmo (Polit et al., 2004).
Desta forma, e partindo destes pressupostos, o tema dado para este estudo em causa é
“Transporte de Doentes Críticos - Vivências dos Enfermeiros do Serviço de
Urgência”.
Esta temática insere-se na área do transporte de doentes críticos, sendo um tema
aliciante para o investigador por experiências vividas enquanto bombeiro (socorrista).
Como futuro profissional de enfermagem, surge o interesse pelas das vivências
experimentadas pelos enfermeiros neste processo.
A argumentação do problema de investigação visa justificar a pertinência do estudo
permitindo, segundo Fortin (2009, p.143),
(…) pôr em evidência os dados do problema, fornecer explicações, demonstrar o interesse dos factos
observados, fazer sobressair as relações existentes entre ideias e factos, e justificar a forma como se
aborda o problema de investigação.
Com efeito, a pertinência deste estudo justifica-se pela constatação efectuada através da
revisão da literatura de que a nível nacional não existe nenhum Normativo Legal, nem
nenhuma entidade responsável que claramente assuma e se responsabilize pela área de
Transporte de Doentes Críticos, sendo da responsabilidade das instituições a
coordenação deste processo. Por outro lado, os enfermeiros exercem um papel crucial,
com os seus cuidados no seio da equipa multidisciplinar responsável pelo transporte,
onde também se constata que as vivências podem influenciar directa, positiva ou
negativamente a qualidade da assistência em enfermagem.
Com o intuito de se limitar o estudo, devido a limitações do investigador de ordem de
disponibilidade temporal, procedeu-se à selecção de enfermeiros que exercem o seu
exercício profissional num Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica, de um Hospital da
Região Norte do país, que tenham efectuado Transporte de Doentes Críticos, inter-
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
23
hospitalar nos últimos três anos. Esta condição, deve-se ao facto de as recomendações
actuais desta área, seguirem um modelo idêntico desde há três anos.
1.2. Pergunta de Partida
A formulação de um problema de investigação depende não só da escolha de um tema
de investigação, ao qual se reporta a problemática, como também de uma questão. Esta,
conforme Fortin (2009, p.72), ―(…) constitui um parte importante da investigação e
determina o ângulo sob o qual o problema será considerado, o tipo de dados a colher,
assim como as análises a realizar.‖
A questão de investigação atendeu a determinados critérios, como a qualidade de
clareza de exequibilidade e pertinência.
Segundo Quivy e Campenhoudt (2008, p.32),
A melhor forma de começar um trabalho de investigação consiste em esforçar-se por anunciar o projecto
sob a forma de pergunta de partida. Com esta pergunta, o investigador tenta exprimir o mais exactamente
possível aquilo que procura saber, elucidar, compreender melhor. A pergunta de partida servirá de
primeiro fio condutor da investigação.
Assim, tendo por base o tema proposto e pressupondo o que foi dito anteriormente
definiu-se a seguinte pergunta de partida “Quais as vivências dos enfermeiros do
serviço de urgência no transporte de doentes críticos? ”.
1.3. Questões de Investigação
As questões de investigação elaboradas devem ser simples e directas, de forma a
proporcionar uma resposta rápida e ajudar a focar a atenção nos tipos de dados
necessários para proporcioná-la. Contudo, em alguns casos, podem constituir uma
reformulação directa das declarações da finalidade do estudo. (Polit et al., 2004, p.109)
No parecer de Bogdan e Biklen (1994, p.26),
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
24
As questões a investigar não se estabelecem mediante a operacionalização de variáveis, sendo antes,
formuladas com o objectivo de investigar os fenómenos em toda a sua complexidade e em contexto
natural.
Seguindo esta linha de pensamento, e como que apresentando uma interrogação
relativamente ao domínio em estudo, enunciaram-se as seguintes questões de
investigação:
– Qual a organização institucional para o transporte de doentes críticos?
– Quais os factores que influenciam o desempenho do enfermeiro no transporte de
doentes críticos?
– Qual o papel do enfermeiro no transporte de doentes críticos?
1.4. Objectivos de Estudo
De acordo com Marconi e Lakatos (2007, p.102),
O objectivo geral está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o conteúdo
intrínseco, quer dos fenómenos e eventos, quer das ideias estudadas. Vincula-se directamente à própria
significação da tese proposta pelo projecto.
Assim, o objectivo geral que se definiu para este tema de investigação e indo de
encontro ao que se pretendeu estudar é de “Conhecer as vivências dos enfermeiros do
serviço de urgência no transporte de doentes críticos”.
Relativamente aos objectivos específicos, Marconi e Lakatos (2007, p.102) mencionam
que estes,
Apresentam carácter mais concreto. Têm função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado,
atingir o objectivo geral e, de outro, aplicar este a situações particulares.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
25
Assim sendo, enumeram-se como objectivos específicos:
– Conhecer a organização institucional para o transporte de doentes críticos;
– Identificar os factores que influenciam o desempenho do enfermeiro no transporte de
doentes críticos;
– Conhecer o papel do enfermeiro no transporte de doentes críticos.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
26
CAPÍTULO II – Enquadramento Teórico
Uma investigação tem por base a aquisição de conhecimentos que estão inerentes a
todas as questões propostas por quem investiga. Desta forma, é necessário ao
investigador uma adequada referência bibliográfica e marco teórico que vá de encontro
aos resultados obtidos posteriormente. Assim sendo, nesta parte será efectivada a
revisão bibliográfica relativamente ao estudo em causa.
1.5. Doente Crítico
A Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos (SPCI) e a Ordem dos Médicos (OM)
(2008, p.9) definem:
(…) como doente crítico aquele em que, por disfunção ou falência profunda de um ou mais órgãos ou
sistemas, a sua sobrevivência esteja dependente de meios avançados de monitorização e terapêutica.
Estes doentes têm ou encontram-se em risco de apresentar falência múltipla de órgãos,
onde a capacidade de adaptação ou a reserva fisiológica para alterações súbitas é
praticamente nula, podendo algumas pequenas alterações induzirem grandes
instabilidades e, consequente, deterioração clínica. Estas alterações a acontecerem têm
efeito multiplicativo e não aditivo no agravamento da situação clínica do doente. (SPCI
e OM, 2008, p.24)
Assim, os doentes com esta situação clínica, exigem uma intervenção no seio de uma
equipa multidisciplinar especializada e treinada, com todas as condições apropriadas.
Para atender a este dado, estes doentes necessitam, muitas vezes, de serem transferidos
de serviços e até de Unidades Hospitalares, por falta da valência Médico-Cirúrgica ou
necessidade de recursos técnicos indispensáveis à continuidade dos cuidados, para uma
definição diagnóstica e terapêutica ou, ainda, pela gravidade clínica do doente. (GTU,
2006, p.96)
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
27
1.5.1. Transporte de Doentes Críticos
O transporte de doentes envolve alguns riscos, mas justifica-se a sua realização entre
hospitais e entre serviços de um mesmo hospital, pela necessidade de facultar um nível
assistencial superior ou para a realização de exames complementares de diagnóstico
e/ou terapêutica não efectuáveis no serviço ou na instituição onde o doente se encontra
internado, tendo em conta e devendo sempre considerar os potenciais benefícios em
detrimento dos riscos efectivos. (SPCI e OM, 2008)
Porém, Nunes (2009) salienta ainda que para evitar riscos e possíveis complicações do
estado clínico,
A premissa de que o nível e a qualidade dos cuidados prestados durante o transporte nunca poderão ser
inferiores aos cuidados na unidade de origem, tem de ser sempre considerada e é obrigatória.
No parecer 69/2005 do Conselho Jurisdicional da Ordem dos Enfermeiros, foi
considerado que,
O direito do doente a cuidados de qualidade, no qual a segurança é componente crítica, exige que o
transporte seja realizado com o menor risco e com a maior segurança.
Desta forma e para minimizar estes riscos, é imprescindível um planeamento cuidadoso,
seleccionar uma equipa adequadamente preparada, existir os meios de transporte
adequados onde estão disponíveis os meios de monitorização e eventuais procedimentos
de emergência necessários no meio de transporte a utilizar, seja aéreo ou terrestre.
Nunes (2009).
O transporte de doentes tem designações diferentes conforme o local de origem e de
chegada. Desta forma, o transporte pode ser primário, onde a vítima é transportada entre
o local do acidente ou domicílio e uma unidade de saúde, secundário ou inter-hospitalar,
quando o transporte é realizado entre duas unidades de saúde ou departamentos dentro
da própria unidade de saúde, ou, ainda, intra-hospitalar, quando a necessidade de
transporte é entre serviços dentro da mesma unidade hospitalar. (Nunes, 2009).
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
28
Para o estudo em questão interessa os transportes terrestres inter-hospitalares de doentes
críticos adultos.
Segundo Nunes (2009), quando se reporta ao historial afere-se que, apesar de, desde
sempre, se efectuarem transportes entre os diferentes hospitais em virtude da
inexistência de valências ou meios técnicos necessários para a avaliação e diagnóstico
adequados do doente, as recomendações para transporte, nomeadamente de doentes
críticos, têm um passado recente. A própria legislação reporta-se a 2001 quando,
efectivamente, para além do enquadramento da actividade de transporte (existia um
Decreto-Lei de 1992) apresenta o Regulamento do Transporte de Doentes.
O mesmo autor menciona que,
A primeira vez que foram publicadas normas de boa prática para o transporte secundário de doentes foi
em 1992, pela Sociedade Americana de Cuidados Intensivos. A Sociedade Portuguesa de Cuidados
Intensivos (SPCI) seguindo o exemplo público, em 1997, o Guia de Transporte de Doentes Críticos. Em
2001, a ARS Norte divulga as Normas de Transporte Secundário de Doentes secundarizado pelo Grupo
de Trabalho de Urgências que aprova e divulga no seu documento mais recente - 2006. Mais
recentemente, a SPCI, revê o Guia de Transportes, e após avaliação em consonância com a Ordem dos
Médicos, publica, já em 2008, o seu novo documento revisto à luz de novos conhecimentos.
Assim, vemos que, em Portugal, esta área foi analisada por diferentes grupos de
trabalho, estando nesta altura regulamentada pelo Decreto-Lei que se refere ao
Transporte de Doentes e sujeita a algumas normas e recomendações de boa prática no
que se refere ao transporte de doentes críticos. O transporte inter-hospitalar, não se
encontra abrangido por nenhum sistema devidamente estruturado para o efeito, a nível
nacional, regional ou local (CRCD da ARSN, 2008). Neste cenário cabe às instituições
organizarem, agilizarem e responsabilizarem-se por todo este processo. Pois conclui-se
que actualmente, não existe de forma definida e organizada, uma entidade nacional
claramente responsável pelo Planeamento, Coordenação e Efectivação do Transporte
Inter-Hospitalar do Doente Crítico (CRCD da ARSN, 2008).
No contexto actual, importa rever alguns excertos da legislação em vigor que
regulamenta o transporte de doentes e em que condições.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
29
O Decreto-Lei nº 38/92 de 28 de Março criou o enquadramento legal na actividade de
transporte de doentes. O transporte de doentes está regulamentado pela portaria nº
1147/2001 de 28 de Setembro, que posteriormente foi modificada pela portaria nº 1301-
A/2002 de 28 de Setembro e mais recentemente pela portaria nº 402/2007 de 10 de
Abril.
De entre os diversos capítulos é de salientar os referentes às ambulâncias e a sua
tripulação.
Portaria nº 1147/2001, Capítulo II, Secção I define os tipos de ambulância e Secção IV
os equipamentos.
É de ter em conta que, seguindo o Regulamento de Transporte de Doentes, a ambulância
é todo o veículo que pela suas características, equipamento e tripulação, permite a
estabilização e ou transporte de doentes. Segundo o Regulamento de Transporte de
Doentes citado pela Entidade Reguladora da Saúde (2007, p.10), as ambulâncias podem
ser de três tipos: A (A1 e A2), B e C.
As do tipo A são ambulâncias de transporte, isto é, veículos devidamente identificados,
equipados para o transporte de doentes que dele necessitem por causas medicamente
justificadas e cuja situação clínica não faça prever a necessidade de assistência durante
o transporte.
As ambulâncias de transporte A podem ser: do tipo A1 – de transporte individual,
destinadas ao transporte de um ou dois doentes em maca ou maca e cadeira de
transporte; do tipo A2 – de transporte múltiplo, destinada ao transporte de até sete
doentes em cadeiras de transporte ou em cadeiras de rodas.
Consideram-se ambulâncias de tipo B as de socorro, ou seja, todo o veículo identificado
como tal cuja tripulação e equipamento permitem a aplicação de medidas de suporte
básico de vida destinadas à estabilização e transporte de doentes que necessitem de
assistência durante o transporte.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
30
Finalmente, ambulâncias de tipo C são as de cuidados intensivos – todo o veículo
identificado como tal cuja tripulação e equipamento permitem a aplicação de medidas
de suporte avançado de vida destinadas à estabilização e transporte de doentes que
necessitem de assistência durante o transporte.
Contudo, na eventualidade de ser necessário, as ambulâncias tipo B poderão actuar
como ambulância de cuidados intensivos desde que munidas dos meios humanos e
recursos técnicos estabelecidos para as ambulâncias tipo C.
O Capítulo III, tanto da Portaria 1147/2001 como 1301-A/2002, é referente à tripulação
das ambulâncias;
– Ambulância tipo A – dois tripulantes, curso de Tripulante de Ambulância de
Transporte (TAT);
– Ambulância tipo B – três tripulantes, obrigatório um Tripulante de Ambulância de
Socorro (TAS) e outros dois Tripulantes de Ambulância de Transporte;
– Ambulância tipo C – três tripulantes, um deles tem de ser médico com formação em
Suporte Avançado de Vida (SAV).
De realçar que na portaria 1147/2001, capítulo III, secção I, ponto 26.3 relativo aos
tripulantes da ambulância tipo C, o terceiro elemento da tripulação pode ser um
enfermeiro ou um indivíduo habilitado com o curso de tripulante de ambulância de
socorro.
O GTU (2006, p.98) apresenta normas e procedimentos para a efectivação do transporte
inter-hospitalar do doente crítico, onde recomenda que,
Desde a vulgar situação de doente que necessita de recorrer a uma observação por uma especialidade que
não existe no primeiro local de socorro ou atendimento, e em que não está em causa o risco de vida mas
sim um parecer técnico e início da terapêutica, até à situação mais complicada do doente crítico, propõe
que a decisão deverá ser baseada em dados objectivos clínicos, permitindo ajuizar com maior rigor e mais
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
31
sistematização a generalidade dessas decisões. Propõe, por parecer mais adequado aos interesses atrás
explicitados, o score de risco de transporte, idealizado por Etxebarria e colegas, publicado no European
Journal Emergence Medicine em 1998, e que permite através de parâmetros fisiológicos e terapêuticos
decidir a necessidade de acompanhamento do doente por enfermeiro, por enfermeiro e médico e ou
mesmo qual o tipo de transporte que deverá ser utilizado. Este score deverá estar preenchido,
salvaguardando de igual modo a decisão tomada em relação ao acompanhamento do doente, que é da
responsabilidade do médico.
A SPCI e OM (2008), defendem o princípio de que os constrangimentos de ordem
económica jamais, em qualquer circunstância, devem constituir um impedimento para a
transferência do doente crítico para um local, onde lhe possa ser prestado um melhor
nível de cuidados.
1.5.1.1. Fases do Transporte
A SPCI e OM (2008), referem que o transporte de Doentes Críticos comporta três fases:
decisão, planeamento e efectivação.
As mesmas fontes (p.9) relativamente à fase de decisão mencionam que,
A decisão de transportar um doente crítico é um acto médico. Como tal, a responsabilidade é, não só do
médico que assiste o doente, mas também do chefe de equipa e do director de serviço. Devem ser
equacionados os riscos inerentes ao doente e ao processo de transporte, muito especialmente nas situações
de hipoxia, hiper/hipocapnia, instabilidade hemodinâmica, hipertensão intra-craneana e agravamento de
lesão vértebro-medular, ou sempre que a deslocação possa contribuir directa ou indirectamente para o
agravamento da situação clínica sem mais valia aparente.
O GTU (2006, p. 96), indica que ―Independentemente do motivo que levou à decisão de
transferir, estamos pois perante uma decisão de carácter clínico (…)‖
O planeamento do transporte surge quando a decisão clínica já foi tomada, sendo que
esta fase é da competência da equipa Médica e de Enfermagem do serviço ou unidade
referente. Estas equipas têm de ter em conta a coordenação, a comunicação, a
estabilização, a equipa, o equipamento, o transporte e a documentação. (SPCI, 2008)
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
32
Este planeamento de acordo com a SPCI (2008, p.9) deverá incluir as seguintes etapas:
– Escolha e contacto com o serviço de destino, avaliando a distância a percorrer e o respectivo tempo de
trajecto estimado;
– Escolha da equipa de transporte (de acordo com as disponibilidades da unidade referente e as
características do doente a transportar, com protecção individual assegurada – seguro/cobertura em caso
de acidente). Escolha do meio de transporte;
– Selecção dos meios adequados de monitorização;
– Recomendação de objectivos fisiológicos a manter durante o transporte;
– Selecção adequada de equipamento e terapêutica;
– Previsão das complicações possíveis.
A GTU (2006, p.97) menciona que no momento do planeamento,
(…) deverá estar sempre presente que o transporte tem condicionantes próprias, como seja, as vibrações,
efeitos aceleração-desaceleração, variações térmicas, o risco de tráfego e as anomalias da fiabilidade na
monitorização entre outros, mais específicos, como por exemplo o transporte aéreo, e que deverão pesar
na decisão e do momento do transporte. Por isso não é de aconselhar o início de transporte em doentes
ainda instáveis, excepto se não houver garantias técnicas para a sua estabilização rápida.
A mesma fonte (p.97) refere ainda que,
Deverá fazer parte do planeamento a obrigatoriedade de informar o doente e ou seu representante legal da
necessidade e dos factos que condicionaram a referida decisão, bem como do local de destino do doente,
sendo desejável que haja um consentimento expresso.
A efectivação do transporte, é a fase onde o propriamente dito se inicia e segundo a
SPCI e OM (p.10)
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
33
A efectivação do transporte fica a cargo da equipa de transporte, cujas responsabilidade técnica e legal só
cessam no momento da entrega do doente ao médico do serviço destinatário, ou no regresso, ao serviço de
origem (no caso da deslocação ser justificada pela realização de exames complementares ou actos
terapêuticos). Idênticas responsabilidades cabem aos médicos, que decidiram o transporte. O nível de
cuidados, durante o transporte, não deve ser inferior ao verificado no serviço de origem, devendo estar
prevista a eventual necessidade de o elevar.
1.5.1.2. Recursos Humanos
A equipa responsável pelo transporte do doente crítico deve ser constituída pela
tripulação habitual da ambulância e, quando se justificar, por mais um ou dois
elementos (um enfermeiro e/ou um médico), ambos com experiência em reanimação,
com formação diferenciada no mínimo em SAV e preferencialmente em SAT, tendo
também experiência em manuseamento e manutenção do equipamento. (SPCI e OM,
2008)
A qualificação técnica dos profissionais que constituem a equipa de transporte é um
aspecto profundamente relacionado com a formação e a experiência clínica, e constitui
um dos aspectos mais importantes para a promoção e para a garantia da segurança
durante o transporte. Assim, a estes profissionais deve promover-se a formação
específica, sendo esta mais relevante, no âmbito do ensino respeitante à Medicina
Intensiva e Emergência Médica. (SPCI e OM, 2008)
Posto isto, estas equipas devem ter presente a formação e a experiência necessária para
efectuarem este tipo de transportes, pois segundo Fuller (cit. in Nunes 2009) ―o
conhecimento é um tesouro, mas a prática é a chave para ele".
1.5.2. Organização Institucional para o Transporte inter-hospitalar de Doentes
Críticos
Segundo o Regulamento Interno do Serviço de Urgência (2008, ponto 2.4, alínea d), da
instituição onde decorreu a colheita de dados,
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
34
Quando o Hospital não dispõe de qualquer recurso mais diferenciado pode ser necessário proceder-se à
transferência do doente para um hospital mais diferenciado, devendo o doente fazer-se acompanhar de um
relatório médico justificativo e eventualmente, de cópia do processo clínico do S.U.. Qualquer
transferência deve ter em conta a carta de referência Inter-Hospitalar do Minho Constante na pasta
―Procedimento do S.U.‖ e pressupõe contacto telefónico prévio, da responsabilidade do Especialista que
efectua a transferência, competindo ao Chefe de Equipa determinar o acompanhamento do Doente por
Médico, ou Enfermeiro tendo em conta as normas para a transferência de doentes críticos (posto de
Secretariado).
Estas normas estão de acordo com as recomendações de 2008 da Sociedade Portuguesa
de Cuidados Intensivos e Ordem dos Médicos. O enfermeiro formador do serviço
reproduziu, no programa Microsoft Excel 2007, a grelha de avaliação do doente (Anexo
I), com os critérios de avaliação do doente para transporte inter-hospitalar propostos
pela SPCI e OM (2008). Neste programa, no final de preencher os vários itens, surge o
score, o tipo da ambulância e também que equipa deve acompanhar o Doente.
Para a efectivação de transportes a instituição onde decorreu o estudo tem protocolo de
prestação de serviços com as entidades Cruz Vermelha Portuguesa e Bombeiros
Voluntários da cidade.
Para a especificidade de cada caso é activado o tipo específico de ambulância que está
equipada de acordo com o determinado no enquadramento legal na actividade de
transporte de Doentes referido na Portaria nº 402/2007 de 10 de Abril. Pontualmente, o
hospital assume a garantia de algum equipamento que, de forma casuística, não esteja
operacional.
Relativamente à equipa que acompanha o doente, esta é composta por elementos que
estão em escala para a prestação de cuidados em postos de trabalho do respectivo turno,
aquando do transporte. Os enfermeiros têm em regulamento interno definido quais os
elementos a destacar para o acompanhamento de doentes, sendo o seu posto de trabalho
redistribuído pela equipa residente. Em relação aos médicos é responsabilidade do chefe
de equipa decidir qual o elemento a destacar para esta finalidade.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
35
1.6. Resenha Histórica das Práticas de Enfermagem
De acordo com Festas (1999, p.60) a enfermagem é sustentada nos cuidados
desenvolvidos aos outros e nesse sentido, como afirmou Collière (cit. in Festas, 1999),
os cuidados sempre existiram sendo a sua prática tão antiga como a própria
humanidade. É com base nestes pressupostos que se pensa terem evoluído os cuidados
durante milhares de anos, vindo a constituírem-se como profissão de enfermagem.
Segundo Cintra (2000, p.13)
A enfermagem, enquanto profissão, teve início e Inglaterra, no século XIX, com o trabalho de Florence
Nightingale recrutando e treinando um grupo de mulheres para colaborarem nos cuidados e na higiene
dos soldados feridos durante a Guerra da Criméria (1854-1856).
Virgínia Henderson (cit. in Lobo, 2000, p.34) define enfermagem como
A função única do enfermeiro é assistir o indivíduo doente ou são, na realização daquelas actividades que
contribuem para a saúde ou a recuperação (ou a sua morte tranquila), e que ele realizaria sem auxílio se
para tal tivesse a força necessária, a vontade ou os conhecimentos. E fazer isto de modo a ajudá-lo a
conquistar independência tão rápido quanto possível.
O Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros (1996, p.3) menciona que
Enfermagem é a profissão que, na área da saúde tem como objectivo prestar cuidados de enfermagem ao
ser humano, são ou doente, ao longo do ciclo vital, e aos grupos sociais em que ele está integrado, de
forma que mantenham, melhorem e recuperem a saúde, ajudando-os a atingir a sua máxima capacidade
funcional tão rapidamente quanto desejável.
O artigo 5º do Decreto-lei nº 161/96 de 4 de Setembro, caracteriza os cuidados de
enfermagem como um diversificado conjunto de competências científicas, técnicas e
humanas, que devem ter por fundamento a relação de ajuda e a interacção enfermeiro –
utente, indivíduo, família grupos e comunidade.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
36
Os enfermeiros praticam o cuidar em todas as suas dimensões e em toda a sua
complexidade. Assim, para Germano et al. (2003, p.166) o enfermeiro é,
(…) o profissional com o curso de Enfermagem legalmente reconhecido, a quem foi atribuído um título
profissional que lhe reconhece competências científicas, técnicas e humanas para a prestação de cuidados
gerais ao indivíduo, família grupos e comunidade.
Desta forma, cuidados de enfermagem são a atenção particular prestada por um
enfermeiro a uma pessoa e seus familiares – ou a um grupo de pessoas – com vista a
ajudá-los na sua situação, utilizando para concretizar essa ajuda, as competências e as
qualidades que fazem deles profissionais de enfermagem. Os cuidados de enfermagem
enquadram-se, assim, numa ―acção interpessoal e compreendem a tudo o que os
enfermeiros fazem dentro das suas competências, para prestar cuidados às pessoas (…)‖
(Hesbeen, 2000, p. 67).
Ao abordar enfermagem, temos de analisar o cuidar, pois de acordo, com Moniz (2003,
p. 23), ―o cuidar é considerado uma das mais velhas expressões da história do mundo e
esteve sempre ligado às práticas de Enfermagem‖
O conceito de cuidar, para Collière (1999, p.27), é tão antigo como o próprio Homem,
porque desde que há vida, existem cuidados, segundo a mesma autora:
Os homens, como todos os seres vivos, sempre precisaram de cuidados, porque cuidar, tomar conta, é um
acto de vida primeiro, e antes de tudo, como fim, permitir à vida continuar, desenvolver-se e assim lutar
contra a morte (…).
O cuidar, nos dias de hoje, é reconhecido como a essência, o núcleo da enfermagem
(Festas, 1999, p.61). De acordo com Roch (cit. in Festas 1999, p.63), ― (…) a
enfermagem nasceu do cuidar, organizou-se para cuidar e profissionalizou-se através do
cuidar‖. E, é nesta linha de pensamento que a enfermagem tem vindo a orientar a sua
prática para ― (…) um modelo holístico, subjectivo, interactivo, humanista e orientado
para a experiência única de cada pessoa‖ (Moniz, 2003, p.29).
Para Valadas (2005, p.62), os cuidados de enfermagem
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
37
(…) não se limitam ao meio hospitalar ou aos indivíduos doentes (…) abrangem a comunidade no geral e
são direccionados aos indivíduos ao longo do seu ciclo vital, que se encontrarem em situação de doença,
ou num estado de equilíbrio perfeito.
O cuidar em enfermagem tem a sua expressão na relação interpessoal, estabelecida entre
o enfermeiro e a pessoa, sendo esta interacção a responsável pela compreensão do outro
na sua singularidade (Moniz, 2003, p.23). Cuidar de pessoas, centra-se num todo
coerente e indivisível, onde todas as dimensões se relacionam tendo em conta o que é
importante e secundário para cada pessoa cuidada, depende da sua percepção, das suas
vivências, do sentido que esse todo faz na sua vida (Hesbeen, 2001, p.42).
De acordo com o Conselho de Enfermagem da OE, (2003, p.4) os cuidados de
enfermagem são centrados na relação interpessoal, onde no
(…) estabelecimento das relações terapêuticas, no âmbito do seu exercício profissional, o enfermeiro
distingue-se pela formação e experiência que lhe permite entender e respeitar os outros, num quadro onde
procura abster-se de juízos de valor relativamente à pessoa.
Assim, hoje a enfermagem é a responsável pela profissionalização da capacidade
humana de cuidar, através do desenvolvimento de conhecimentos, competências,
atitudes e habilidades intrínsecas à sua actividade, o que torna o Enfermeiro mais capaz
de cuidar do outro de forma profissional, (Roach, cit. in Festas, 1999, p.62). Os seus
fundamentos são baseados num processo de cuidar profissional, que é simultaneamente
humanístico e científico, ― (…) que se liga e torna parte do mundo das experiências
humanas associadas à saúde - doença‖ (Watson, 2002, p.36).
Na prática dos cuidados de enfermagem o profissional deve dar especial importância à
promoção dos projectos de saúde que cada pessoa vive e persegue. Neste contexto, deve
procurar, ao longo de todo o ciclo vital do indivíduo, prevenir a doença e promover os
processos de readaptação após a doença. Não deve esquecer, também, a satisfação das
necessidades humanas fundamentais e a máxima independência na realização das
actividades da vida diária, bem como se procura a adaptação funcional aos défices e a
adaptação a múltiplos factores (Conselho de Enfermagem da OE, 2003).
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
38
Todos os cuidados, devem ser optimizados dentro da unidade familiar e comunidade
envolvente, podendo o enfermeiro ser o pivot dentro da equipa multidisciplinar, pois o
exercício profissional dos enfermeiros insere-se num contexto de actuação
multiprofissional. Desta forma, pode-se distinguir dois tipos de intervenções de
enfermagem. (Conselho de Enfermagem da OE, 2003).
Nas intervenções de enfermagem autónomas, o enfermeiro identifica as necessidades de
cuidados de enfermagem da pessoa individual ou do grupo e toma a decisão de
prescrevê-las, de forma a evitar riscos, detectar precocemente problemas potenciais e
resolver ou minimizar os problemas reais identificados. Assim, o enfermeiro assume a
responsabilidade pela prescrição e pela implementação técnica da intervenção.
(Conselho de Enfermagem da OE, 2003).
Por outro lado, no exercício profissional dos enfermeiros, existem as intervenções
interdisciplinares onde o enfermeiro assume a responsabilidade técnica pela sua
implementação, mas não as prescreve. (Conselho de Enfermagem da OE, 2003)
O Conselho de Enfermagem da OE relativamente às Intervenções de Enfermagem
(2003, p.7)
Consideram-se autónomas as acções realizadas pelos enfermeiros, sob sua única e exclusiva iniciativa e
responsabilidade, de acordo com as respectivas qualificações profissionais, seja na prestação de cuidados,
na gestão, no ensino, na formação ou na assessoria, com os contributos na investigação em enfermagem.
Consideram-se interdependentes as acções realizadas pelos enfermeiros de acordo com as respectivas
qualificações profissionais, em conjunto com outros técnicos, para atingir um objectivo comum,
decorrentes de planos de acção previamente definidos pelas equipas multidisciplinares em que estão
integrados e das prescrições ou orientações previamente formalizadas.
Ainda de acordo com a fonte supra citada (p.7), nas
(…) atitudes que caracterizam o exercício profissional dos enfermeiros, os princípios humanistas de
respeito pelos valores, pelos costumes, pelas religiões e por todos os demais previstos no Código
Deontológico enformam a boa prática da enfermagem.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
39
Tendo em vista e perseguindo a maior satisfação do indivíduo, grupo ou comunidade.
Assim, cuidar, em enfermagem, pressupõe um cuidar científico/profissional, baseado na
disciplina de Enfermagem e mais orientado para o que é feito com ou em nome da
pessoa e menos para o que é feito à mesma ou para ela,‖ (…) um cuidado especifico
individual e contextual‖ (Barros et al., 1997, p.12). Isto porque cada pessoa é um ser
único com as suas histórias e experiências de vida. E, é nesta perspectiva que o cuidar
poderá ser caracterizado ‖ (…) como um verdadeiro encontro com o outro, um estar
disponível para o outro numa relação de proximidade e de ajuda, que se evidencia por
abertura, compreensão e confiança‖ (Moniz, 2003, p.26), requerendo ―(…)
envolvimento pessoal, social, moral e espiritual‖ (Watson, 2002, p. 55) e uma presença
não só física e meramente profissional, mas também uma presença humana, capaz de
escutar, compreender e ajudar (Pacheco, 2002, p.33).
Desta forma, é nestas linhas orientadoras de pensamento que se conclui que para cuidar,
é necessário conciliar os conhecimentos técnico-científicos com toda a sua dimensão
humana de quem cuida e de quem é cuidado, porque cuidar ―foi e será o fundamento de
todos os cuidados‖ (Colliére, 1999, p.29).
1.6.1. Competências do Enfermeiro
Peixoto (2003) define competência como sendo um conjunto de conhecimentos que o
indivíduo adquire para determinados contextos, estando, assim, de acordo com o que
Berner referiu em 2001 (cit. in Peixoto, 2003), ligado à área do ―saber‖. Contudo, a
mesma fonte refere que no ―saber‖, tem de estar implícito o ―saber-fazer‖ que o autor
refere estar ligado com a habilidade, formando, assim, a capacidade seleccionar,
integrar e assim mobilizar adequadamente diversos conhecimentos prévios perante uma
determinada questão ou problema.
As competências definidas pela Ordem dos Enfermeiros contemplam três domínios: o
domínio da prática profissional, ética e legal, o domínio da prestação e gestão de
cuidados e o domínio do desenvolvimento profissional (Conselho de Enfermagem, 2003
da OE, p.45)
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
40
No domínio referente à prática profissional, ética e legal, definem-se as
responsabilidades do enfermeiro, a prática segundo a ética e a prática legal (Conselho de
Enfermagem da OE, 2003, p.54).
No domínio correspondente à prestação e gestão de cuidados, definem-se princípios
chave da prestação e gestão de cuidados. Na prestação de cuidados são definidos
campos de actuação na promoção da saúde, colheita de dados, planeamento, execução,
avaliação, comunicação e relações interpessoais. Na área da gestão de cuidados
assinalam-se áreas como: ambiente seguro, cuidados de saúde interpessoais, delegação e
supervisão (Conselho de Enfermagem da OE, 2003, p.54).
No domínio respeitante ao desenvolvimento profissional, destaca-se a valorização
profissional, melhoria da qualidade e formação continua (Conselho de Enfermagem,
2003 da OE, p.54).
De acordo com Moniz (2003, p.27) para que os enfermeiros sejam competentes torna-se
necessário que estes mobilizem saberes organizados e sistematizados, directamente
relacionados com as competências que caracterizam a enfermagem.
Walter (1988), referenciada em Moniz (2003, p. 27),
(…) considera que os saberes mobilizados no contexto da profissão de enfermagem, são fruto de uma
mobilização teórica e prática de uma multiplicidade de conhecimentos especializados, adquiridos ao
longo de toda a formação inicial e, posteriormente, com a experiência profissional.
Assim os saberes úteis aos cuidados da enfermagem, de acordo com a mesma autora,
são:
– O Saber Científico, caracterizado pelo saber sistematizado numa teoria, composto
pelas associações de conceitos interligados;
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
41
– O Saber Informação, que se adquire através da observação (objectiva da
pessoa/família), das inter-relações com colegas e com outros profissionais, devendo-se
ter sempre presente o saber questionar, analisar e confrontar;
– O Saber Ser, intrínseco à natureza e à pessoa que é enfermeiro. No entanto, pode ser
desenvolvido com a prática mas está sempre dependente dos valores do enfermeiro;
– O Saber Prático, responsável pela realização dos actos de enfermagem. Engloba a
destreza, a eficácia, a segurança e a capacidade de realizar acções.
Assim, a conjugação destes quatro saberes permite aos enfermeiros serem mais capazes
de cuidar a pessoa no seu todo. Collière (1999, p. 290), defende que,
O campo de competência da enfermagem tem como finalidade mobilizar as capacidades da pessoa, e dos
que a cercam, com vista a compensar as limitações ocasionadas pela doença e suplementá-las (…)‖. ―a
competência da enfermagem baseia-se na compreensão de tudo o que se torna indispensável para manter
e estimular a vida de alguém (…)
Mercadier (2004, p.2) menciona que,
Para prestar os cuidados de enfermagem requeridos, é necessário mobilizar competências a um tempo
individuais e colectivas, técnicas, relacionais e organizacionais. (…) a competência em enfermagem deve
conjugar qualidades individuais , experiências pessoais e profissionais e uma forte componente ética.
1.6.2. Enfermagem de Urgência
O Serviço de Urgência é uma valência hospitalar que para a maior parte da população
portuguesa é a porta de entrada nos serviços gerais de um hospital.
É considerado um serviço agitado, imprevisível e particularmente sensível ao despoletar
de emoções tanto para quem deste serviço necessita como para quem nele desempenha
funções.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
42
Assim, de acordo com Sheehy, (2001, p.45),
As pessoas que trabalham nas urgências constituem um desafio impar para a gestão; a maioria não gosta
da rotina, gosta de converter o caos em ordem, sente-se motivada, é empreendedora e não aprecia um
ambiente estático. Acompanhar uma área em mutação constante, com pessoas altamente interessadas, é
uma tarefa desafiadora e, simultaneamente, compensadora.
Enfermagem de Urgência é a considerada ― a prestação de cuidados a indivíduos, de
todas as idades, que apresentem alterações de saúde física ou psíquica, percepcionadas
ou reais, não diagnosticadas ou que necessitem de outras intervenções.‖ (Sheehy´s,
2001, p.3).
A Enfermagem de Urgência abarca uma diversidade de conhecimentos, de doentes e de
processos de doença. Desta forma, os enfermeiros de urgência prestam cuidados a todas
as populações de todas as idades, por todo um espectro de doenças, medidas de
salvamento de vida e prevenção de lesão. Os problemas podem ser percepcionados,
reais ou potenciais, súbitos ou urgentes, físicos ou psicossociais. A sua resolução pode
implicar cuidados mínimos ou medidas de reanimação, ensino ao doente ou à família,
encaminhamento adequado e conhecimento das implicações legais. (Sheehy´s, 2001,
p.3)
Alminhas (2007, p.57) caracteriza o SU como particularmente despersonalizante. Ao
dar entrada no serviço, o utente já pouco pode decidir acerca dos cuidados físicos,
socialização ou privacidade. Para além da diminuição da sua força física, está sob
rigorosa vigilância de enfermeiros e médicos.
Segundo Camacho (1997, p.181), o enfermeiro que trabalha no SU, é muito
frequentemente, bombardeado com perguntas, pedidos e outras solicitações, que
ultrapassam o limite de capacidade de resposta, pelo menos de resposta eficaz, com
tranquilidade e atempadamente. É um profissional que, tendo em conta as características
do serviço e dos utentes, tem de recorrer muitas vezes ao estabelecimento de prioridades
na intervenção, para além da imprevisibilidade causada pela extrema variedade e
gravidade da situação com que se depara.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
43
Assim, o enfermeiro de urgência vê-se constantemente confrontado com situações
novas e diversificadas, obrigando-o a intervir com eficácia em situações de alto e médio
risco. Um enfermeiro do SU, no seu exercício profissional, deve apresentar um perfil
assente na responsabilidade, autonomia, competência, eficácia, segurança,
conhecimentos teórico-práticos perspicazes e actualizados, bem como, possuir
resistência física (Rocha, 1996, p.8).
1.7. Vivências
Para Lacombe (2000) o facto dos profissionais de saúde intervirem e lidarem com
situações inesperadas, desesperadas, traumatizantes, sem segurança, com emoções no
limite, frustrações e morte iminente pode provocar uma panóplia de comportamentos.
Toda esta panóplia de vivências pode afectar ou marcar de forma directa, positiva e
negativamente o desempenho nos cuidados prestados pelos profissionais.
Assim, a personalidade, o nível de stress actual, e a lembrança de experiências passadas
relacionadas com o acontecimento em causa influenciam, o modo de agir dos
profissionais. Para algumas pessoas, as reacções são imediatas e intensas, enquanto para
outras, elas podem produzir-se algumas horas ou alguns dias mais tarde, pois ―cada
pessoa reage de maneira diferente a um acontecimento (…)‖ (Lacombe, 2000, p.29).
Segundo Abreu (2002, p.40) vivência é,
(…) constituída por estados de espírito, ou antes, uma sequência de estados de espírito relacionados com
o mundo e seus objectos. Estados de espírito mais complexos como sentimentos, ou mais elementares
como uma sensação, uma recordação ou apenas uma ideia, mas sempre em relação com algum objecto,
porque ter consciência é ter consciência de alguma coisa.
Desta forma, é fundamental definir o estado de espírito mais complexo, uma vez que os
sentimentos se encontram directamente relacionados com as dificuldades que nos são
apresentadas e condicionam as nossas atitudes.
Transporte de Doentes Críticos
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44
Um aspecto que confunde a compreensão do que é o sentimento é o facto de que, no
dia-a-dia, as expressões que se usam para referir um sentimento também se usam para
referir as emoções mais características destes mesmos sentimentos.
Damásio (2003, p.20) menciona que,
(…) os sentimentos são a expressão do florescimento humano ou do sofrimento humano, na mente e no
corpo. Os sentimentos não são uma mera decoração das emoções, qualquer coisa que possamos guardar
ou deitar fora. Os sentimentos podem ser e geralmente são, revelações da vida dentro do organismo.
Coleman (cit. in Freitas-Magalhães, 2007, p. 81) considera a emoção como ―estado
complexo de sentimento que inclui experiência consciente, respostas internas e
explícitas, energia para motivar o organismo para a acção.‖ Então, é de referir que estes
sentimentos, estas decisões ou disposições mentais, vão promover emoções no corpo
que serão sentidas. De encontro a isto, Leal (cit. in Freitas-Magalhães, 2007, p.83)
refere que ―emoção é uma manifestação, uma expressão (gestual, facial, dos olhares, da
pose, etc), uma expressão que o outro capta tal e qual.‖
Damásio (2003, p. 21) refere ainda que ―A emoção e as várias reacções com ela
relacionadas estão alinhadas com o corpo, enquanto os sentimentos estão alinhados com
a mente.‖ Assim sendo, pode-se afirmar que num determinado contexto as emoções
estão relacionadas com o que se torna público, e os sentimentos é a parte privada do
contexto.
Segundo Marques e Rainer (cit. in Freitas-Magalhães, 2007, p.82) ―o controlo das
emoções, perante determinadas situações, é uma capacidade do qual o homem se serve
para estar apto a seleccionar os comportamentos ajustáveis.‖
Para o estudo em causa, interessa aprofundar as emoções em si, mas compreender que
as emoções são ―visíveis‖ e os sentimentos são sentidos intrinsecamente.
Transporte de Doentes Críticos
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45
Então, é importante reconhecer estes sentimentos e aceitá-los, servindo-se deles como
sensores para aprender as situações, gerindo-as de maneira construtiva e orientar a
acção sem ocultar o que se sente.
Dado que as vivências dos enfermeiros influenciam a sua atitude e comportamento
torna-se pertinente também abordar estes dois itens.
1.7.1 Atitudes e Comportamentos
Jean Meynard (cit. in Gregório, 2002) afirma que a atitude,
É uma disposição ou ainda uma preparação para agir de uma maneira de preferência a outra. As atitudes
de um sujeito dependem da experiência que tem da situação à qual deve fazer face. Pode se dizer também
que é a ―predisposição a reagir a um estímulo de maneira positiva ou negativa.‖
Para Thomas e Alaohilippe (cit. in Gomes, 1993) atitude designa um estado mental que
predispõe a agir de uma determinada maneira, quando a situação implica a presença real
ou simbólica do objecto ou da situação.
Assim, indo ao encontro dos autores supracitados, pode-se encarar uma atitude como
uma prontidão para responder favorável ou desfavoravelmente a um determinado
referente sempre que este se apresente.
A designação de atitude aparece muitas vezes confundida com outros conceitos, entre os
quais, e o mais comum é o de comportamento.
Freitas-Magalhães (2007, p. 43) profere que,
(…) o comportamento é provocado por uma emoção(…). A emoção induz o comportamento, o estímulo
percebido vai provocar a resposta corporal, a qual por sua vez, desencadeia a emoção experimentada.
Transporte de Doentes Críticos
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46
Assim, o comportamento aparece ligado com a acção que desenvolvemos, ou seja, com
a expressão corporal, enquanto a atitude é uma predisposição para certos
comportamentos tendo em conta as situações.
Contudo, perante as vivências e atitudes os comportamentos podem ser condicionados.
Indo ao encontro disto, Dias (cit. in Freitas-Magalhães, 2006) menciona que ―a natureza
nunca determina as acções humanas, simplesmente as condiciona.‖
Por vezes, o nosso comportamento vai contra as nossas atitudes e outras a favor. A
razão, segundo Gomes (1993), é que as nossas atitudes são complexas, são
simultaneamente estáveis e susceptíveis de mudar, surgem como forma de reacção
secundária, que têm por função orientar o comportamento através das estimulações
internas do meio.
Segundo Kardec (cit. in Gregório, 2002), embora as tentativas de modificar ou substituir
―atitudes‖ assentem nos mesmos princípios de aprendizagem, é, evidentemente, muito
mais difícil mudar ou esquecer ―atitudes‖ do que aprendê-las.
Transporte de Doentes Críticos
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47
PARTE II – ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO
CAPÍTULO I – Fase Metodológica
Para a elaboração de um estudo de investigação, é necessário fazer um plano de como
irá decorrer, de modo a que se definam logo à partida, quais as actividades que são
imprescindíveis de se desenvolver.
Para Fortin (2009, p.214),
A fase metodológica tem por objectivo precisar a maneira como a questão de investigação será
integrada num desenho que indicará as actividades a realizar no decurso da investigação.
Entende-se que qualquer metodologia integra uma combinação de métodos e técnicas,
que, sendo adequados ao problema equacionado e aos objectivos delineados, permitem
responder às questões a que o estudo se propõe, possibilitando o controlo de potenciais
fontes de enviesamento
1.1. Desenho de Investigação
O início da fase metodológica acontece com o desenho da investigação, em que nele
estão presentes todos os passos realizados ao logo deste processo. O desenho de
investigação segundo Burns e Grove (cit. in Fortin, 2009, p.214)
Além de fornecer um plano, que permite responder às questões ou verificar hipóteses, o desenho
especifica os mecanismos de controlo que servirão para minimizar as fontes potenciais de enviesamento
que colocam o risco de afectar a validade dos resultados do estudo.
Segundo Polit et al. (2004) esta fase incorpora decisões metodológicas chaves, ou seja,
outros aspectos do estudo como: o plano de amostragem, o instrumento de colheita de
dados, o tipo de estudo e de análise. Torna-se, assim, cruciais que sejam compreendidas
todas as implicações das decisões do delineamento tomadas pelo investigador.
Transporte de Doentes Críticos
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48
1.2. Método de Investigação e Tipo de Estudo
Neste estudo de investigação a recolha e processamento de dados efectuou-se com
base no método qualitativo, pois segundo Ribeiro (2007, p.65)
A Investigação Qualitativa tem por objectivo estudar as pessoas nos seus contextos naturais (…) é um
trabalho de proximidade e interactivo, dado que exige o contacto face a face com um indivíduo, com um
grupo, ou a observação do comportamento (…) o que permite desenvolver uma ideia aprofundada do
modo como as pessoas pensam, sentem, interpretam, experimentam os acontecimentos em estudo.
Dentro da metodologia qualitativa foi optado um processo que permita a descrição dos
significados experienciais tal como são vivenciados na existência do dia-a-dia‖ (Van
Manen, cit. in Oliveira, 2004, p.92), o que leva a configurá-lo num estudo
fenomenológico, pois é um:
Estudo das experiências vivenciadas através da compreensão da estrutura, da essência,
e contexto da experiência subjectiva do indivíduo. O ponto principal deste tipo é o
estudo de como os indivíduos percebem e dão sentido a uma vivência, identificando a
essência dessa experiência. (Krahn e Putnam, cit. in Ribeiro, 2007, p.70)
Este estudo teve na base da interpretação, a descrição e apreciação de um fenómeno
definido por vivências num contexto de transporte inter-hospitalar de doentes críticos,
desenvolvido por enfermeiros inseridos na equipa multidisciplinar.
1.3. Meio
―O investigador precisa do meio em que será conduzido o estudo e justifica a sua
escolha.‖ (Fortin, 2009, p.217) Tendo em vista o objectivo geral, este estudo de
investigação realizou-se em meio hospitalar, num Serviço de Urgência Médico-
Cirúrgica. A gravação áudio das entrevistas efectuadas, realizou-se em contexto natural
para a amostra escolhida.
Transporte de Doentes Críticos
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49
1.4. População Alvo, Processo de Amostragem e Amostra
De modo a que um estudo de investigação represente fielmente o que ocorre, tornou-se
imprescindível definir com precisão os sujeitos do estudo, ou seja, os elementos que
compõem a população e a amostra, permitindo efectuar com rigor científico.
Conforme Almeida e Freire (2007, p. 51) ― (…) população é o conjunto de indivíduos,
casos ou observações onde se quer estudar o fenómeno.‖
Para Fortin (2009, p.311), a população alvo define-se como ―(…) conjunto das pessoas
que satisfazem os critérios de selecção definidos previamente e que permitem fazer
generalizações.‖
Tendo presente estes conceitos a população que esteve na origem deste estudo, 41
Enfermeiros que efectuaram Transportes de Doentes Críticos nos últimos 3 anos, de
um Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica de um Hospital da Região Norte do país. A
escolha desta população prendeu-se com o facto de estes profissionais realizarem
transporte de doentes críticos, com as recomendações actuais para a área, e também,
por a referida urgência se situar perto do local de residência do investigador.
Estudar toda população seria uma condição bastante complexa, devido à escassez de
recursos e ao tempo disponível pelo investigador, assim, utilizou-se o método de
amostragem não aleatório – acidental, para se obter uma amostra, que é uma fracção
dos indivíduos ou objectos que constituem a população. (Hill e Hill, 2002)
Considerou-se não aleatório, visto que, nem todos os elementos têm a mesma
probabilidade de serem seleccionados para fazerem parte da amostra (Fortin, 2009, p.
212), e acidental, porque as amostras ―são (…) constituídas por indivíduos que
acidentalmente participarem no estudo.‖ (Ribeiro, 2007, p.42)
Segundo Polgar (cit. in Ribeiro, 2007, p.45) ―não há um número mágico de
participante que possa ser considerado número óptimo‖ e ― atendendo ao objectivo do
Transporte de Doentes Críticos
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50
estudo que é explorar e descrever fenómenos o tamanho da amostra poderá ser
reduzido.‖ (Morse, cit. in Fortin 2009, p. 216)
Assim, a amostra constituiu-se por 6 enfermeiros pertencentes à população
anteriormente referida.
1.5. Variáveis do Estudo
Segundo Fortin (2009, p.171),
As variáveis são unidades de base da investigação. Elas são qualidades, propriedades ou características
de pessoas, objectos de situações susceptíveis de mudar ou variar no tempo.
Desta forma, as variáveis presentes neste estudo de investigação são as variáveis
atributo que, conforme o autor supracitado (2009, p.172), ―(…) são características pré-
existentes dos participantes num estudo.‖
Assim, neste estudo considera-se como variáveis atributo as características dos
enfermeiros, como a idade, o género, o título, o número de anos de exercício
profissional e a formação pós-graduada mais diferenciada para a área.
No presente estudo, as restantes variáveis surgem na análise de conteúdo, mais
concretamente após a codificação em que, por recorte (escolha das unidades),
enumeração (escolha das regras de contagem), classificação e agregação (escolhas das
categorias) se interferem as variáveis. (Bardin, 2008)
1.6. Método e Instrumento de Colheita de Dados
Como método de colheita de dados para este estudo de investigação, optou-se pela
entrevista, já que tem como vantagem a sua adaptabilidade, constituindo um modo de
comunicação verbal entre o entrevistador e o entrevistado, sendo que também é ―a
técnica qualitativa mais comummente usada nos estabelecimentos de atenção à saúde.‖
(Pope et al., 2005, p.21)
Transporte de Doentes Críticos
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51
Efectuou-se através de uma entrevista semi-estruturada, de forma a obter descrições
experimentais e também porque, como Van Manen (cit. in Oliveira, 2004, p.97) refere
que esta é essencial na investigação de tipo fenomenológico. As entrevistas semi-
estruturadas, de acordo com Pope et al. (2005, p.22) são
Conduzidas com base numa estrutura solta, a qual consiste em questões abertas que definem a área a ser
explorada, pelo menos inicialmente, a partir da qual o entrevistador ou o entrevistado podem divergir a
fim de prosseguir com uma resposta em maiores detalhes.
Na realização da entrevista semi-estruturada teve-se em consideração três critérios
fundamentais: respeitar os objectivos do estudo, o método qualitativo e responder às
questões de investigação.
Assim e conforme Quivy e Campenhoudt (2003), a entrevista semi-estruturada,
(…) é certamente a mais utilizada em investigação (…) no sentido em que não é inteiramente aberta
nem encaminhada por um grande número de perguntas precisas. Geralmente, o investigador dispõe de
um série de perguntas guias, relativamente abertas (…).
Desta forma, aplicou-se entrevistas individuais e semi-estruturadas (Apêndice III) a 6
enfermeiros do referido SU. O registo dos dados foram efectuados com o auxílio de
um gravador áudio, o que permitiu transcrever de forma concisa e completa toda a
informação.
A colheita de dados efectuou-se no período decorrente de 22 de Março a 26 de Março
de 2010, num local seleccionado pelo entrevistado, tendo cada entrevista a duração de
cerca de 15 minutos.
1.7. Pré - Teste do Instrumento de Colheita de Dados
Um trabalho de investigação, implica sempre um conjunto de fases que determinam o
seu curso e que se tornam etapas fundamentais para que este processo alcance um fim.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
52
Assim, para que se possa estar certo da fiabilidade do instrumento de recolha de dados,
deve-se efectuar um pré-teste ao mesmo.
Segundo Marconi e Lakatos (2007, p.165), ―Elaborados os instrumentos de pesquisa, o
procedimento mais utilizado para averiguar a sua validade, é o teste preliminar ou pré-
teste.‖
O pré-teste efectuou-se 12 a 13 de Março, a dois enfermeiros integrantes na população
do meio seleccionado, para efectuar a recolha de dados. Esta escolha deve-se ao facto de
estes profissionais estarem nas mesmas circunstâncias que a posterior amostra.
1.8. Previsão do Tratamento de Dados
Para o tratamento de dados do referido estudo procedeu-se à análise das entrevistas
fundamentadas numa abordagem qualitativa e sistematizada conforme a técnica de
análise de conteúdo categorial temática proposta pelo autor Bardin (2008),
respondendo aos objectivos delineados para o estudo, verificando-se e identificando-se
as vivências mais significativas que incidem sobre estes profissionais.
Para permitir uma melhor compreensão da análise dos dados recolhidos das entrevistas,
estes serão apresentados sob a forma de quadro. Para facilitar a consulta e compreensão
dos quadros, surgiu a necessidade de realizar uma codificação que Bardin (2008, p.101),
considera sendo ‖(…) operações de codificação, desconto ou enumeração, em função de
regras previamente formuladas‖, assim estas foram as seguintes: (E1), que se refere à
codificação da entrevista e o número que se segue ao número da entrevista; (P1), refere-
se ao número da questão que pertence a resposta; (L1) refere-se ao número da linha que
pertence a resposta e (…) representam os excertos do discurso que se considerou
irrelevante para a investigação.
Transporte de Doentes Críticos
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53
1.9. Questões Éticas
Os aspectos éticos são decisivos na investigação ― sem um código de ética que aponte
limites, oriente os passos da investigação é a própria investigação que fica em causa.‖
(Ribeiro, 2007, p.155)
Assim, as pesquisas que envolvem os seres humanos geram sempre preocupações
éticas, que para Lo (cit. in Hulley et al., 2008, p.243) têm de obedecer a três princípios
éticos: o princípio do respeito à pessoa, o princípio da beneficência e o princípio da
justiça.
No que respeita ao princípio do respeito à pessoa este obriga a que os investigadores
obtenham o consentimento informado dos participantes e mantenha a confidencialidade.
Segundo este princípio, os participantes na pesquisa não são meras fontes passivas de
dados, mas indivíduos cujo bem-estar, desejos e vontades devem ser respeitados (Lo,
cit. in Hulley et al., 2008, p.243). Deste modo, o investigador deve fornecer as
informações relevantes /necessárias para que o participante possa decidir sobre a sua
participação no estudo. Essa informação deve compreender a natureza da pesquisa, os
procedimentos que o estudo engloba e os riscos/ benefícios que o mesmo pode
comportar. Para salvaguardar a confidencialidade torna-se necessário codificar os
dados, armazená-los num local seguro, restringir o número de pessoas com acesso aos
mesmos (Lo, cit. in Hulley et al., 2008, pp.243, 247, 249).
Para dar cumprimento a este princípio ético, antes da entrevista, os enfermeiros foram
esclarecidos sobre a sua participação no estudo (Apêndice I), foram informados sobre
todos aos procedimentos, assim como os objectivos, o método de investigação e o
âmbito do estudo. Foi dada a liberdade de abandonar o estudo a qualquer momento da
investigação e foi entregue a Declaração de Consentimento Informado (Apêndice II)
que teve de ser assinado por cada enfermeiro. Foram criados escalões etários, bem como
escalões de tempo para o tempo de exercício profissional, de forma a não quebrar a
confidencialidade e respeitar o anonimato.
Transporte de Doentes Críticos
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54
Relativamente ao princípio da beneficência impõe que a pesquisa seja bem
fundamentada cientificamente, de forma a ser possível verificar quais os benefícios e os
riscos prováveis, tentando minimizar os últimos (Lo, cit. in Hulley et al., 2008, p.243).
De forma a dar cumprimento a este princípio ético, foi dada a oportunidade do
enfermeiro escolher o local da realização da entrevista, sendo um local onde este se
sinta confortável. As entrevistas só decorreram quando o participante se encontrava
totalmente disponível, não ocorrendo nenhum prejuízo a nível de gestão de tempo na
prestação dos cuidados. Foi dada a liberdade de decidir sobre a extensão da informação
dada aquando da sua participação no estudo.
Quanto ao princípio da justiça exige que os benefícios ou cargos da pesquisa sejam
distribuídos de forma justa e equitativa por todos os participantes. (Lo, cit. in Hulley e
tal., 2008, p.243)
Para se cumprir este princípio ético, todos os dados colhidos foram tratados de igual
forma e nenhum participante foi favorecido nem prejudicado em relação ao outro.
Transporte de Doentes Críticos
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55
PARTE III – ENQUADRAMENTO EMPÍRICO
CAPÍTULO I – Apresentação, Análise e Discussão dos Dados
Por se tratar de um estudo científico no presente capítulo efectuou-se a apresentação e
análise de dados, com posterior discussão dos mesmos. Para Fortin (2009, p.306),
Em investigação qualitativa, a análise dos dados é uma fase do processo indutivo de investigação que está
intimamente ligada ao processo de escolha dos informadores ou participantes e às diligências para a
colheita de dados.
Para efectuar a referida análise dos dados recolhidos através da entrevista semi-
estruturada, recorre-se a gráficos e quadros. Assim, a análise dos dados referentes às
variáveis atributo foi efectuada através do recurso à estatística descritiva. A análise dos
dados referentes ao âmbito do estudo foi realizada através da análise de conteúdo dos
registos das entrevistas dirigidas aos enfermeiros, segundo Bardin (2008).
A análise dos dados recolhidos através das entrevistas só se tornou possível recorrendo
à sua análise de conteúdo. Assim, conforme Bardin (2008, p.33)
A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações. Não se trata de um
instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas
marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as
comunicações.
Porém torna-se imprescindível focar que um investigador que faça uma entrevista, de
acordo com Bardin (2008, p.90),
(…) conhece a riqueza desta fala, a sua singularidade individual, mas também a aparência por vezes
tortuosa, contraditória, «com buracos», com digressões incompreensíveis, negações incómodas, recuos,
atalhos, saídas fugazes ou clarezas enganadoras. (…) A análise de conteúdo de entrevistas é muito
delicada.
Transporte de Doentes Críticos
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56
A análise de conteúdo insere três fases distintas: a pré-análise, a exploração do
material recolhido e o tratamento de resultados, a inferência e a interpretação.
Após a transcrição dos conteúdos das entrevistas, começou-se por efectuar uma pré-
análise das entrevistas executadas, tendo como objectivo a organização sistemática das
ideias. Para tal, foi necessária uma leitura ―flutuante‖ que segundo Bardin (2008,
p.122) ―(…) consiste em estabelecer o contacto com os documentos a analisar (…)‖.
Seguidamente, é necessário analisar todos os elementos presentes nos dados recolhidos
de forma a tratá-los sem exclusão de algum. Esta fase é longa, mas é nela que se
administra todas as decisões tomadas, onde se efectua operações de codificação. A
codificação foi a forma encontrada nesta investigação para tratar os dados recolhidos.
Através desta foi possível organizar os dados brutos do texto das entrevistas numa
representação do seu conteúdo. Assim, foram encontradas as unidades de registo,
sendo estas utilizadas como unidade base que corresponde ao segmento do conteúdo
obtendo-se um significado dos diferentes constituintes do texto. (Bardin, 2008, p.127)
Finalmente, com o objectivo de codificar a unidade de registo, emerge a unidade de
contexto que, de acordo com Bardin (2008, p.133), ―(…) corresponde ao segmento da
mensagem, cujas dimensões (…) são óptimas para que se possa compreender a
significação exacta da unidade de registo.‖ Quanto ao score, este corresponde à
frequência com que a unidade de contexto surge para o investigador.
Para a construção da esquematização dos dados – tratamento estatístico, construção de
gráficos e quadros – foi utilizado, como recurso, o programa informático Microsoft
Office Excel 2007. Os gráficos utilizados serão em diagrama, quando se aborda somente
uma ou duas variáveis, e em barras, quando se aborda mais de duas. De forma a facilitar
a consulta dos quadros, estes foram reduzidos, apostando em expor as unidades de
contexto mais significativas, encontrando-se, no entanto, em apêndice os quadros na sua
íntegra (Apêndice IV).
Transporte de Doentes Críticos
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57
1. Caracterização dos Sujeitos da Amostra
Gráfico 1 – Distribuição de dados relativamente à Variável Género da Amostra
Como se pode constatar pela análise do gráfico, verifica-se que dos enfermeiros
entrevistados três eram do sexo feminino (50%) e os restantes três do sexo masculino
(50%).
Gráfico 2 – Distribuição de dados relativamente à Variável Idade da Amostra
Género
Masculino
Feminino
0
1
2
3
4
5
6
[25 - 34[ anos ]35 - 44[ anos ]45 - 54] anos
Idade
1
(16,67%)
3
(50,00%)2
(33,33%)
3
(50%) 3
(50%)
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58
Dos enfermeiros entrevistados verifica-se que um enfermeiro encontra-se no escalão
etário [25 a 34[ (16,67%), três enfermeiros no escalão etário ]35 a 44[ (50%), e dois
enfermeiros no escalão etário ]45-54] (33,33%).
Gráfico 3 – Distribuição de dados relativamente à Variável Título Profissional da Amostra
No que concerne ao título profissional, todos os entrevistados possuíam o Título de
Enfermeiro (100%).
Gráfico 4 – Distribuição de dados relativamente à Variável Número de anos de Exercício Profissional da Amostra
Título Profissional
Título de Enfermeiro6
(100%)
0
1
2
3
4
5
6
[5 - 9[ anos ]10 - 14[ anos ]15 - 19[ anos ]20 - 24] anos
Número de anos de Exercício Profissional
1
(16,67%)
0
(0%)
3
(50,00%)
2
(33,33%)
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
59
De acordo com os dados do gráfico relativamente ao número de anos de exercício
profissional constata-se que um enfermeiro se encontra no escalão de tempo [5 a 9[
(16,67%), três enfermeiros no escalão ]15-19[ (50%) e dois enfermeiros no escalão ]20-
24] (33,33%).
Gráfico 5 – Distribuição de dados relativamente à Variável Formação Pós-Graduada mais diferenciada para a área da
Amostra
Analisando o gráfico da distribuição de dados relativos aos enfermeiros de acordo com
a formação pós-graduada mais diferenciada, verificou-se que três enfermeiros possuíam
SIV (50%), um possui SAV (16,67%) os restantes dois enfermeiros possuíam
SAV/SAT (33,33%). Com estes dados, segundo a SPCI e OM (2008), só metade da
amostra em estudo é que possui a formação mínima adequada para a área de transporte
de doentes críticos.
2. Dados referentes às Vivências dos Enfermeiros do SU relativamente ao
Transporte de Doentes Críticos
Após a colheita de dados qualitativos tornou-se necessário analisá-los, ou seja, codifica-
los. Neste sentido, Holsti (cit. in Bardin, 2008, p. 129) afirma que a codificação dos
dados é o processo através do qual os dados brutos são transformados e agregados em
unidades, as quais possibilitam uma descrição precisa das características pertinentes do
0
1
2
3
4
5
6
SBV SIV SAV SAV/SAT
Formação Pós-Graduada mais diferenciada para a área
0
(0%)
3
(50%)
1
(16,67%)
2
(33,33%)
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
60
conteúdo. Para esta codificação foi necessário empregar os pilares que assentam neste
processo, especificamente, o recorte, a enumeração e a classificação das categorias.
Assim sendo, após as duas primeiras fases, procedeu-se à classificação das categorias,
ou seja, à categorização que, segundo Bardin (2008, p.148) consiste numa
(…) operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto , por diferenciação e,
seguidamente por reagrupamento segundo o género (analogia), com os critérios previamente definidos.
As categorias são rubricas ou classes, que reúnem um grupo de elementos (unidades de registo, no caso
da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efectuado em razão das características
comuns desses elementos.
A análise dos dados recolhidos das entrevistas é apresentada sob a forma de quadro para
permitir uma melhor compreensão dos mesmos.
2.1. Organização Institucional
Categoria Subcategoria Unidade de Registo
Procedimentos
Organização geral Disfuncionalidade
Logística Disfuncionalidade
Recursos Humanos
Equipa Médica Disfuncionalidade
Equipa de
Enfermagem
Disfuncionalidade
Sugestão para Melhoria
Recursos
Técnicos/Equipamentos Equipamentos
Disfuncionalidade
Melhoria Recente
Sugestão Para Melhoria
Quadro 1 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional
De acordo com o quadro apresentado, é possível verificar que, a partir da análise de
conteúdo aos dados constantes nas entrevistas, emergiram três categorias referentes à
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
61
Organização Institucional para transporte de doentes críticos. Sendo elas:
Procedimentos, Recursos Humanos e Recursos Técnicos/Equipamentos. Destas
surgiram ainda cinco subcategorias, designadas respectivamente Organização geral,
Logística, Equipa Médica, Equipa de Enfermagem e Equipamentos. Relativamente às
unidades de registo, são no seu total oito, sendo denominadas de Disfuncionalidade para
todas as subcategorias, Sugestão para Melhoria para as subcategorias Equipa de
Enfermagem e Equipamentos. Surgiu ainda a unidade de Registo Melhoria Recente para
a subcategoria Equipamentos.
2.1.1 Organização Institucional: Procedimentos
Categoria Subcategoria Unidade de Registo Unidades de Contexto Score
Procedimentos Organização
Geral Disfuncionalidade
“(…) deveria existir uma melhor
organização, acho que não está
muito bem organizado.“ (E1;
P1;L8)
“(…) nota-se sempre que há
desorganização.” (E2;P1;L8)
“Na minha opinião acho que o
Processo de Transporte de
Doentes Críticos na Instituição
acaba por ser desorganizado.
“(E6;P1;L9)
8
Quadro 2 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional, Procedimentos, Organização
Geral: Disfuncionalidade.
Da análise das entrevistas verificou-se que o procedimento em relação à Organização
Geral denota disfuncionalidade, referindo todos os entrevistados com um Score 8, que
existe falta de organização. Esta constatação não está de acordo com as recomendações
da SPCI e OM (2008, p8). Estas entidades mostram que, para existir operacionalidade
neste processo, é fundamental que cada instituição seja responsável pela sua política
formal sobre o transporte de doentes, tento a mesma que clarificar todos os
procedimentos e promover esquemas organizativos de transporte secundário. Por outro
lado, em o GTU (2006) tinha identificado o que a análise das entrevistas expôs.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
62
Categoria Subcategoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Procedimentos Logística Disfuncionalidade
“Quando chegamos ao hospital de
chegada e muitas vezes somos mal
recebidos porque o serviço não
estava avisado, pronto e fora mal
planeamento.” (E2;P3;L86)
“Já aconteceu ter um transporte em
que o destino era o Porto, só que lá
não existiam vagas e fui parar a
Coimbra.” (E3;P3;L73)
“(…) quem devia tratar dos papéis
do doente com o seu processo todo,
não faz essa parte e depois somos
mal recebidos.” (E5;P3; L101)
4
Quadro 3 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional, Procedimentos, Logística:
Disfuncionalidade.
Relativamente ao procedimento em relação à logística também se denotou
disfuncionalidade, pois na análise das entrevistas revela-se com um Score 4, um
planeamento incorrecto dos transportes de doentes críticos. Na logística desta instituição
para esta área, denota-se falhas de comunicação, coordenação e documentação. Estes
aspectos traduzem-se num planeamento inadequado, pois de acordo com a SPCI e OM
(2008, p.9), o planeamento deverá ter em consideração, entre outros aspectos, a
coordenação e comunicação que compreendem escolha e contacto com o serviço de
destino. No aspecto da documentação, depreende-se a obrigatoriedade do
preenchimento e encaminhamento de formulário para o transporte hospitalar, lista de
verificação para o transporte secundário, assim como toda a informação/ história clínica
e exames complementares de diagnóstico efectuado até ao momento.
O Regulamento Interno do Serviço de Urgência (2008) para estes três aspectos
menciona que temos de ter em conta, para todos os transportes inter-hospitalares, a carta
de referência inter-hospitalar do Minho.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
63
2.1.2. Organização Institucional: Recursos Humanos
Categoria Subcategoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Recursos
Humanos
Equipa
Médica Disfuncionalidade
“(…) há médicos que fazem batota a
preencher o procedimento mediante o
score que quer obter.” (E5;P1;L15)
“(…) parte da equipa médica tenta
muitas vezes não efectuar o
transporte.” (E2;P1;L16)
“A maior parte dos médicos daqui não
querem fazer as transferências.”
(E5;P1;L18)
15
Quadro 4 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional Recursos Humanos, Equipa
Médica: Disfuncionalidade.
Da análise das entrevistas emergiu referente à Organização Institucional a categoria
recursos humanos alusiva equipa médica, onde se destaca disfuncionalidade em duas
vertentes. Os entrevistados mencionaram com um Score 15, que por um lado a equipa
médica não cumpre os critérios de transporte e por outro a equipa médica demonstra
indisponibilidade perante os critérios para efectuar o transporte. Quando questionados
sobre a causa destes comportamentos/atitudes por parte da equipa médica, os
enfermeiros responderam predominantemente que os médicos “simplesmente não
querem acompanhar o doente”, contudo, o entrevistado número dois respondeu que
“para o médico ir acompanhar o doente o serviço fica desfalcado”.
Sendo os médicos os responsáveis pela decisão de transportar o doente estes dados
podem pôr em causa a viabilidade do doente pela desadequação de cuidados, o que vai
contra o que defendem a SPCI e OM (2008, p. 10) ―O nível de cuidados, durante o
transporte, não deve ser inferior ao verificado no serviço de origem, devendo estar
prevista a eventual necessidade de o elevar.‖
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
64
Por outro lado, os dados obtidos estão em acordo com Vieira et al (cit. in Faia e Silva,
2008), onde os enfermeiros efectivam as transferências de doentes críticos sem a
colaboração de outro técnico habilitado.
Categoria Subcategoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Recursos
Humanos
Equipa de
Enfermagem Disfuncionalidade
“(…) o facto de um elemento da
equipa ter de deixar o seu posto de
trabalho para fazer o T, é uma
condicionante.” (E3; P3;L66)
―(…) na minha opinião nós não
temos formação especifica para esta
área(…)” (E1; P1; L17)
16
Quadro 5 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional Recursos Humanos, Equipa de
Enfermagem: Disfuncionalidade.
Com um Score 16 os entrevistados mencionaram que, no que consta à equipa de
enfermagem, esta depara-se com disfuncionalidade em dois aspectos: num primeiro
nota-se que aquando de um transporte a equipa que fica a prestar cuidados fica
desfalcada, isto porque um enfermeiro tem que ir assegurar os cuidados ao doente
transportado; num segundo aspecto a grande maioria dos entrevistados mencionam a
falta de formação na área de transportes de doentes críticos.
Estes dados vão de encontro ao que referem o GTU (2006, p. 46) e SPCI e OM (2008,
p.16), onde descrevem que muitos hospitais podem não dispor de recursos humanos
adequados em número e em diferenciação desejáveis, para dispensarem elementos no
acompanhamento do doente, sem comprometerem a capacidade de resposta do hospital
às necessidades. Faia e Silva (2008) elaboraram um estudo na Região Autónoma da
Madeira intitulado ―Dificuldades Sentidas pelos Enfermeiros dos SU periféricos no
Transporte do Doente Crítico para o SU hospitalar‖ e concluíram que 47% dos
inquiridos costumam sentir dificuldades no transporte de doentes críticos, 56% destes
referem que a dificuldade sentida é por causa da formação que possuem, mostrando
assim, que assumem falta de formação, sendo este o principal factor que causa de
dificuldade aos enfermeiros nesta área.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
65
Categoria Subcategoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Recursos
Humanos
Equipa de
Enfermagem
Sugestões para
Melhoria
“O ideal seria a implementação da
equipa de transporte de doentes
críticos, onde essa equipa agilizasse
este processo todo.” (E5; P3;L109)
“(…) acho que a instituição deveria
organizar equipas específicas de
transporte de doentes críticos, para
elas próprias organizarem esta área.”
(E6;P1;L22)
“(…) penso que deveria existir
formação para esta área de transporte
de doentes críticos (…)” (E1;P1;L25)
“(…) acho que a própria instituição
nos devia promover mais formação.”
(E4;P2;L41)
20
Quadro 6 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional Recursos Humanos, Equipa de
Enfermagem: Sugestões de Melhoria
Com Score 20, as entrevistas mostram que os entrevistados expressam sugestões para
melhoria em duas perspectivas: numa defendem que a implementação de uma equipa de
transportes, onde esta agiliza-se todo o processo nesta área; noutra perspectiva
enunciam que a instituição devia promover formação nesta área, uma vez que não
havendo uma equipa especializada nesta área, são os mesmos que têm que segurar os
cuidados aos doentes transportados em estado crítico.
Estas perspectivas de sugestão para melhoria estão de encontro com o recomendado
pela SPCI e OM (2008, p. 17) onde referem que ―cada instituição deve preparar e
manter operacionais equipas de transporte, particularmente para as deslocações entre
hospitais.‖ A mesma fonte p.24 recomenda também que cada instituição nomeie um
médico e um enfermeiro, que fiquem responsáveis pelo transporte inter-hospitalar.
Respeitante à necessidade de formação, vão de encontro ao que refere Dias (2004, p.59)
―Todos, sem excepção, embora em grau declinável, reconhecemos o primordial papel
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
66
que a formação permanente preenche como dinâmica envolvente no contexto e para o
exercício profissional‖.
Para a área em questão, a SPCI e OM (2008, p.11) recomenda que ―no mínimo, a
preparação da equipa de transporte deve incluir o suporte avançado de vida e,
desejavelmente, o suporte avançado de trauma.‖
2.1.3. Organização Institucional: Recursos Técnicos/Equipamentos
Categoria Subcategoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Recursos
Técnicos/Equipamentos Equipamentos Disfuncionalidade
“Já aconteceu irmos com
um doente monitorizado que
por acaso ia para
cardiologia e o monitor
tanto dava como deixava de
dar.” (E2;P3;L92)
“ (…) temos o saco de
transporte, mas aquilo para
mim é muito confuso(…)”
(E5; P3;L89)
12
Quadro 7 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional, Recursos
Técnicos/Equipamentos, Equipamentos: Disfuncionalidade.
Da análise das entrevistas relativamente aos recursos técnicos/equipamentos fica
expresso que os equipamentos denotam disfuncionalidade com Score 12, em três
factores, pois os entrevistados expõem um mau funcionamento dos equipamentos,
noutro factor que a forma como o saco de transportes se encontra organizado não é a
melhor e num terceiro as condições das ambulâncias. Estes dados vão de encontro com
o que defende o GTU (2006, p.47) quando refere que nas instituições existe muito por
fazer área de equipamentos/materiais para transporte, ao nível da manutenção e
rentabilização destes.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
67
Categoria Subcategoria Unidade de
Registo Unidade de Contexto Score
Recursos
Técnicos/Equipamentos Equipamentos
Melhoria
Recente
“No presente a nível de material e
equipamentos estamos a melhorar e
a ficar bem apetrechados (…)”
(E3;P3;L71)
“Nos recursos técnicos, materiais e
equipamentos estamos muito
melhor neste momento (…)”
(E6;P3;L70)
4
Quadro 8 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional, Recursos
Técnicos/Equipamentos, Equipamentos: Melhoria
Com Score 4, os entrevistados relativamente aos equipamentos referem uma melhoria
recente nestas condições. O entrevistado número três refere que “no presente, a nível de
material e equipamentos, estamos a melhorar e a ficarmos bem apetrechados.” Esta
afirmação está em consoante com GTU (2006, p.47) que refere que ―os equipamentos
de apoio clínico são relativamente fáceis de equacionar e cada vez mais disponíveis nos
diversos hospitais.‖
Categoria Subcategoria Unidade de
Registo Unidade de Contexto Score
Recursos
Técnicos/Equipamentos Equipamentos
Sugestão para
Melhoria
“(…) a existência de uma
ambulância a nível hospitalar
preparada para esta área,
talvez torna-se este processo
mais ágil (…)” (E2;P3;L76)
2
Quadro 9 – Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional, Recursos
Técnicos/Equipamentos, Equipamentos: Sugestão para Melhoria.
Com Score 2 as entrevistas revelam na subcategoria equipamentos sugestão para
melhoria. Os entrevistados sugerem a implementação de uma ambulância institucional
para esta área. Neste nível, a SPCI e OM (2008) menciona que a instituição é
responsável por se organizar facultando o meio de transporte adequado, podendo
recorrer aos meios do INEM. Contudo, convém referir que a nível nacional existem
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
68
instituições com esta medida implementada, estando assim, em consenso com a
sugestão apresentada pelos enfermeiros.
2.2. Factores que Influenciam o Transporte
Categoria Unidade de Registo
Factores Positivos
Acompanhamento Médico Adequado
Experiência do Enfermeiro
Segurança Emocional
Factores
Constrangedores
Indisposição Gastrointestinal
Ansiedade
Insegurança
Disfuncionalidade no Trabalho em Equipa
Quadro 10 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o Transporte
De acordo com o quadro apresentado, verifica-se que, a partir da análise de conteúdo
elaborada às entrevistas, emergiram duas categorias referentes a factores que
influenciam o transporte. Sendo elas factores positivos e factores constrangedores.
Relativamente às unidades de registo são no seu total sete: Segurança Emocional,
Acompanhamento Médico, Experiência do Enfermeiro, Indisposição Gastrointestinal,
Ansiedade, Insegurança e Disfuncionalidade no Trabalho em Equipa.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
69
2.2.1. Factores que Influenciam o Transporte: Factores Positivos
Categoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Factores
Positivos
Acompanhamento
Médico Adequado
“(…) um doente crítico exige sempre uma
intervenção em equipa, ou seja médico e
enfermeiro pois as suas competências
complementam-se, e nós enquanto enfermeiros
temos actividades Interdependentes .”
(E2;P2;L40)
“É sempre importante ter uma equipa
diferenciada nos transportes de doentes
críticos.” (E2;P2;L38)
7
Quadro 11 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o Transporte, Factores
Positivos: Acompanhamento Médico Adequado
Com Score 7, os entrevistados referiram que um factor que influencia positivamente o
transporte é o acompanhamento médico. O entrevistado número dois referiu que “um
doente crítico exige sempre uma intervenção em equipa, ou seja, médico e enfermeiro
pois as suas competências complementam-se e nós, enquanto enfermeiros, temos
actividades interdependentes.”
Este facto vai de encontro com o GTU (2006, p.46) que refere que o ―acompanhamento
do doente crítico deve ser efectuado por um médico qualificado para o efeito, isto é,
capaz de assegurar a via aérea, a ventilação, o equilíbrio hemodinâmico e a
monitorização exigida pelas normas de boa prática médica.‖ Neste ponto os enfermeiros
dão especial importância à complementaridade das competências das equipas médicas e
de enfermagem, e por as acções interdependentes da profissão de enfermagem, o que
está de acordo com o Concelho de Enfermagem da OE (2003) que considera estas
acções como sendo realizadas por enfermeiros em conjunto com outros técnicos,
resultantes de planos já definidos, ou então, das prescrições e orientações previamente
aceites.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
70
Categoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Factores
Positivos
Experiência do
Enfermeiro
“(…) aqueles que fazem muitos T estão mais
seguros pela experiência que têm, porque
também desenvolvem competências e
capacidades com a experiência.” (E5;P3;L85)
“(…) no meu processo de construção
profissional e com a experiência que tenho, já
não me deixo influenciar negativamente(…)”
(E6;P3;L60)
5
Quadro 12 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o Transporte, Factores
Positivos: Experiência do Enfermeiro
Com Score 4, os entrevistados expõem como factor positivo para o transporte a
experiência do enfermeiro. Esta refere-se à experiência pelo número de anos de
exercício profissional, e também à experiência nesta área, em efectivarem transportes de
doentes críticos.
Estes pontos estão de acordo com Domingues e Chaves (2005) no seu estudo intitulado
―O conhecimento científico como valor no agir do enfermeiro‖ onde os enfermeiros
consideram uma mais-valia para o seu desempenho profissional o conhecimento
empírico/competências adquiridos nas suas experiências particulares na sua carreira.
Também a SPCI e OM (2008, p.11) estão em consonância com os enfermeiros pois
consideram que a ―experiência clínica, constitui um dos aspectos mais importantes para
a promoção e para a garantia da segurança durante o transporte.‖
Da mesma forma, Messahel e Al-Qahtani (2004) (cit. in Faia e Silva, 2008) também
salientam a importância do treino e da experiência da equipa de transporte, uma vez que
estas reduzem as complicações durante o mesmo.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
71
Categoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Factores
Positivos Segurança Emocional
“(…) quando todo corre bem (…)
ficamos confiantes, com a nossa auto-
estima no auge.” (E3;P3;L79)
“(…) todos os transportes acabaram por
correr bem o que me dá alguma
segurança(…)” (E4;P3;L75)
7
Quadro 13 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o Transporte, Factores
Positivos: Segurança Emocional.
Com Score 7, a análise das entrevistas demonstram que como factor que influencia
positivamente o transporte destaca-se a segurança emocional que surge com
experiências anteriores positivas. O entrevistado número quatro refere “quando todo
corre bem, ficamos confiantes, com a nossa auto-estima no auge.”
Esta análise está de acordo com Nunes (2008) que refere que as experiências positivas
levam a sentimentos de segurança/confiança e no seguimento Benedet e Bub (2001,
p.154) que referem que segurança emocional ―é a necessidade de confiar nos
sentimentos e emoções dos outros em relação a si com o objectivo de sentir-se seguro
emocionalmente‖.
2.2.2. Factores que Influenciam o Transporte: Factores Constrangedores
Categoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Factores
Constrangedores
Indisposição
Gastrointestinal
“(…) nos Transportes, fico mal-disposta,
nauseada(…)” (E1;P3; L83) 4
Quadro 14 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o Transporte, Factores
Constrangedores: Indisposição Gastrointestinal.
Da análise das entrevistas concluiu-se que ao nível de factores constrangedores
identificou-se com Score 4, a indisposição gastrointestinal. O entrevistado número um
menciona que ―nos Transportes, fico mal-disposta, nauseada.‖ Esta análise está de
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
72
acordo com Nitschke et al (2000) no seu estudo intitulado “Riscos laborais em unidade
de tratamento intensivo móvel‖ onde concluiu que náuseas e vómitos são sintomas que
quem trabalha em ambulâncias pode experimentar.
Categoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Factores
Constrangedores Ansiedade
“(…) em alguns Transportes sinto-me
muito ansiosa (…)” (E1;P3;L55)
“A ansiedade, (…) vou estar ansioso é
que tudo corra bem (…)” (E5;P3;L74)
5
Quadro 15 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o Transporte, Factores
Constrangedores: Ansiedade.
Com Score 5, os entrevistados mencionaram que como factor constrangedor sentiram a
ansiedade derivada da preocupação do sucesso do transporte. A entrevista número cinco
relata que “vou estar ansioso é que tudo corra bem.” Assim, Smith et al., (1998) refere
que a ansiedade é caracterizada por sentimentos subjectivos de preocupação e apreensão
relativamente à possibilidade de dano físico ou psicológico, muitas vezes
acompanhados de aumento da activação fisiológica o que entra em consonância com a
análise das entrevistas.
Na mesma perspectiva Jane et al. (2006) defende que a ansiedade mantém-se
fisiologicamente presente e carrega consigo a emoção do medo, sua sombra inseparável,
fazendo parte da natureza humana certas emoções determinadas pelo perigo, pela
ameaça, pelo desconhecido e pela perspectiva de sofrimento.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
73
Categoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Factores
Constrangedores Insegurança
“Às vezes não sinto aquela segurança
necessária (…)” (E1;P2;L37)
“(…) surge sempre a insegurança de que as
coisas podem complicar (…)” (E5;P3;L79)
5
Quadro 16 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o Transporte, Factores
Constrangedores: Insegurança.
Com Score 5, denota-se nas entrevistas como factor constrangedor a influenciar o
transporte o sentimento de insegurança perante o que possa acontecer. O entrevistado
número cinco expressa que ―surge sempre a insegurança de que as coisas podem
complicar.” Este dado está em acordo com Chaplin (1981, p.293) que refere que o
sentimento de insegurança surge do facto de um indivíduo ser incapaz de lidar e de
enfrentar uma determinada situação, sentindo-se desprotegido, ameaçado ou ansioso.
Do mesmo modo estes dados obtidos vão ao encontro dos obtidos por Vieira et al
(2008) (cit in Faia e Silva, 2008) onde 6,8% dos enfermeiros salientaram como
dificuldades o medo e insegurança durante a transferência do doente crítico.
Categoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Factores
Constrangedores
Disfuncionalidade no
Trabalho em Equipa
“(…) muitas vezes acabam-se por criar
conflitos entre a equipa médica e de
enfermagem(…)” (E5;P1;L31)
“Muitas vezes acontecem conflitos da parte de
enfermagem com a parte médica, porque os
médicos não querem acompanhar o doente no
transporte.” (E6;P1;L19)
3
Quadro 17 – Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o Transporte, Factores
Constrangedores: Disfuncionalidade no Trabalho em Equipa.
Como factor constrangedor e com Score 3, os entrevistados demonstraram a existência
de disfuncionalidade no trabalho em equipa, por conflitos entre a equipa médica e de
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
74
enfermagem. O entrevistado número seis refere que “muitas vezes acontecem conflitos
entre a parte de enfermagem com a parte médica”.
Estes dados estão em consenso com os encontrados por Faia e Silva (2008) pois também
concluíram que, em termos do trabalho em equipa, verificou-se a presença de conflitos
na equipa multidisciplinar, consequência da relação enfermeiro/médico.
A mesma fonte, citando Haddad (1991), salienta que podem surgir conflitos
interpessoais, sendo que a maioria destes conflitos consequência da relação
enfermeiro/médico, uma vez que o primeiro assume uma visão holística, enquanto o
segundo está mais vocacionado para a patologia
2.3. Papel do Enfermeiro
Categoria Unidade de Registo
Fase Decisão Aconselhar
Fase
Planeamento Prestação de Cuidados
Fase Efectivação Vigilância
Quadro 18 – Análise de Conteúdo referente ao Papel do Enfermeiro
De acordo com o quadro 16, pode-se verificar que a partir da análise de conteúdo
efectuada às entrevistas, referentes ao papel do enfermeiro emergiram três categorias,
sendo elas: decisão, planeamento e efectivação. Destas categorias referentes às fases do
transporte de doentes críticos, surgiram três unidades de registo identificadas
respectivamente como aconselhar, processo de enfermagem e vigilância.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
75
2.3.1 Papel do Enfermeiro: Fase Decisão
Categoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Fase Decisão Aconselhar
“(…) decisão cabe ao médico, mas nós podemos
aconselhar numa perspectiva de trabalho em
equipa, e tendo em conta o bem-estar do doente.”
(E2;P2;L44)
“A decisão de transferir é médica, nós podemos
aconselhar.” (E3;P2;L40)
2
Quadro 19 – Análise de Conteúdo referente ao Papel do Enfermeiro, Fase Decisão: Aconselhar
Com Score 2, a análise das entrevistas revela que os entrevistados, na fase de decisão do
transportar o doente, o enfermeiro pode ter um papel de aconselhar numa visão de
trabalho em equipa, uma vez que nesta fase o médico é que tem a responsabilidade de
assumir o transporte. O entrevistado número dois refere que a “decisão cabe ao médico,
mas nós podemos aconselhar numa perspectiva de trabalho em equipa tendo em conta
o bem-estar do doente.”
O dado de que a responsabilidade da decisão de transportar o doente é da
responsabilidade médica está em concordância com a SPCI e OM (2008, p.9) “A
decisão de transportar um doente crítico é um acto médico‖.
Por sua vez o acto de aconselhar é uma das acções da enfermagem que, segundo a CIPE
(Versão 1.0, p. 137), é a ―acção de Orientar com as características específicas: Capacitar
alguém para tomar a sua própria decisão, através do diálogo‖.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
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2.3.2. Papel do Enfermeiro: Fase Planeamento
Categoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Planeamento Prestação de Cuidados
“No planeamento temos de ter os máximos de
cuidados para estabilizar o doente (…)”
(E5;P2;L59)
“No planeamento prestamos mais cuidados
para estabilizar o doente, pois não convém a
ninguém ter que prestar muitos cuidados no
decorrer do transporte (…)” (E5;P2;L57)
10
Quadro 20 – Análise de Conteúdo referente ao Papel do Enfermeiro, Fase Planeamento: Processo de
Enfermagem
Com Score 10, os entrevistados revelaram que relativamente ao papel do enfermeiro na
fase de planeamento do transporte, estes aplicam as fases da prestação de cuidados,
respectivamente com mais relevância a colheita de dados, planeamento, execução e
avaliação. Esta prestação de cuidados visa a estabilizar o doente, sendo a fase que
referem onde prestam mais cuidados. O entrevistado número cinco menciona que “no
planeamento prestamos mais cuidados para estabilizar o doente, pois não convém a
ninguém ter que prestar muitos cuidados no decorrer do transporte.”
Estes dados estão de encontro com o Conselho de Enfermagem da OE (2003, p13) que
refere que as competências dos enfermeiros, no domínio de prestação de cuidados,
compreendem respectivamente a promoção da saúde, a colheita de dados, o
planeamento, a execução, a avaliação e comunicação e relações interpessoais.
Por outro lado, na segunda fase do processo de transporte, a prestação de cuidados ao
visar a estabilização do doente, sendo a fase que referem onde prestam mais cuidados
vai ao encontro do GTU (2006, p. 97) que refere não ser apropriado o início de
transporte em doentes ainda instáveis.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
77
2.3.3. Papel do Enfermeiro: Fase Efectivação
Categoria Unidade de Registo Unidade de Contexto Score
Fase
Efectivação Vigilância
“Durante o Transporte é bom que só tenhamos que
vigiar.” (E4;P2;L33)
“Durante o Transporte á sempre que fazer (…)
vigiar (…) os sinais vitais (…)” (E3;P2;L52)
6
Quadro 21 – Análise de Conteúdo referente ao Papel do Enfermeiro, Fase Efectivação: Vigilância
Com Score 6, os entrevistados expõem nas entrevistas que o papel do enfermeiro na
efectivação do transporte passa por vigilância do estado do doente, no sentido de não
prestar muitos cuidados. O entrevistado número quatro refere que “durante o transporte
é bom que só tenhamos que vigiar”.
Vigiar segundo a CIPE (Versão 1.0, p.136) é uma acção de enfermagem de monitorizar
com as características específicas: averiguar minuciosamente alguém ou alguma coisa
de forma repetida e regular ao longo do tempo. Este facto, está em concordância com as
vivências dos enfermeiros onde, numa perspectiva de efectivação do transporte sem
percalços, o seu papel será vigiar.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
78
CONCLUSÃO
Actualmente, a nível nacional para a área de Transportes de Doentes Críticos não existe
nenhum normativo legal específico nem nenhuma entidade que assuma e se
responsabilize claramente por todo o processo. Desta forma, cabe às instituições
organizarem todos os procedimentos, tendo o bom senso de se regerem pelas
recomendações de boa prática das entidades envolvidas.
O Serviço de Urgência é uma porta de entrada de muitos doentes em que a sua situação
clínica é crítica e onde a necessidade de transportar os mesmos para áreas com melhores
condições ou então para realizar exames diferenciados se torna uma realidade.
As vivências que os enfermeiros experimentam nesta área podem incutir directa,
positiva ou negativamente, na qualidade da assistência e cuidados de enfermagem.
Assim, elabora-se este estudo com o objectivo de conhecer as conhecer as vivências dos
enfermeiros do SU no transporte de doentes críticos de um Serviço de Urgência de um
hospital da Região Norte do país. Deste objectivo emergiram três objectivos específicos:
– Conhecer a organização institucional para o transporte de doentes críticos;
– Identificar os factores que influenciam o desempenho do enfermeiro no transporte de
doentes críticos;
– Conhecer o papel do enfermeiro no transporte de doentes críticos.
Através de uma investigação qualitativa e fenomenológica foi possível concluir que a
instituição em apreço ainda tem alguns passos a dar nos transportes inter-hospitalar de
doentes críticos para cumprir as recomendações que as entidades envolvidas na área
indicam. Assim, na organização institucional denota-se disfuncionalidades a nível da
organização geral, logística, recursos humanos e recursos técnicos/materiais. No
entanto, da análise das entrevistas também se destaca uma melhoria recente em relação
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
79
aos equipamentos e surgem sugestões para melhoria, ao nível da implementação de uma
equipa de transportes, e no seguimento a implementação de uma ambulância
institucional preparada para a área.
Relativamente aos factores que influenciam o transporte, os enfermeiros das suas
vivências mencionam factores positivos e factores constrangedores. De entre os
positivos salienta-se o acompanhamento médico adequado, a experiência do enfermeiro
e segurança emocional. Por outro lado, a nível dos factores constrangedores
evidenciam-se indisposição gastrointestinal, ansiedade, insegurança e disfuncionalidade
no trabalho em equipa.
Quanto ao papel dos enfermeiros dentro da equipa multidisciplinar nesta área, denotou-
se que na fase decisão o enfermeiro poderá aconselhar, visto a decisão de transporte ser
um acto médico. Na fase de planeamento, ressaltou a ideia que aplica o domínio da
prestação de cuidados, com vista à estabilização do doente. Na fase de efectivação, os
enfermeiros mencionaram que, numa perspectiva de um transporte sem complicações, o
seu papel é vigiar.
Chegados a este ponto no exposto, pensa-se poder afirmar que os objectivos propostos
para este estudo foram alcançados. Contudo, é de salientar as limitações de
disponibilidade, temporais, financeiras e de ordem da inexperiência do investigador para
trabalhos desta natureza.
Finalizando e em jeito de sugestões, destaca-se a divulgação à instituição em causa,
contribuindo deste modo para a melhoria nos cuidados aos doentes nesta área. Por
último, sugerir a realização de um estudo mais representativo, que abrangesse tanto a
equipa de enfermagem como a médica que são intervenientes nesta área, pois assim
poder-se-ia detectar mais disfuncionalidades, para poderem ser melhoradas. Por outro
lado, poder-se-ão registar mais sugestões para melhoria, que poderão ser
implementadas.
Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do SU –
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– APÊNDICES –
– APÊNDICE I –
Esclarecimento ao Participante
Entrevista N.º____
Universidade Fernando Pessoa – Unidade Ponte de Lima
Licenciatura em Enfermagem
2009/2010
Esclarecimento ao Participante
Tema do Estudo Científico: “Transporte de Doentes Críticos - Vivências dos
Enfermeiros do Serviço de Urgência”
Investigadores responsáveis:
Mestre Rosa Olívia, Orientador Cientifico;
Pedro Machado, Aluno.
O presente estudo pretende conhecer as vivências dos Enfermeiros do SU durante o
Transporte de Doentes Críticos adultos inter-hospitalar. Esta delimitação do tema tem
por base, limitações de disponibilidade e de tempo por parte do investigador. Desta
forma, este estudo apresenta como objectivos específicos:
- Conhecer a organização institucional para o Transporte de Doentes Críticos;
- Conhecer o papel do Enfermeiro no processo Transporte de Doentes Críticos;
- Identificar os factores que influenciam o desempenho do Enfermeiro no processo
Transporte de Doentes Críticos.
Será utilizado como método de estudo, uma abordagem qualitativa e um tipo de estudo
fenomenológico.
Assim, como instrumento de colheita de dados recorre-se a um guião de entrevista
semi-estruturada o qual terá duas partes: onde a primeira visa a caracterização da
amostra e a segunda parte será constituída por questões norteadas pelo tema, com o
auxílio de um gravador áudio o que permitirá transcrever de forma concisa e completa
toda a informação.
A entrevista decorrerá em contexto natural para a amostra.
Fornecidas as características deste estudo, informa-se que a sua participação não
incorrerá em riscos pessoais. Assume-se o compromisso com a privacidade e a
confidencialidade dos dados que serão recolhidos, preservando integralmente o
anonimato dos participantes e a garantia de que as informações obtidas somente serão
utilizadas para este estudo científico ao qual se vinculam, podendo o Enfermeiro(a) ter
acesso a elas e realizar qualquer modificação no seu conteúdo, se julgar necessário, bem
como solicitar qualquer esclarecimento às dúvidas que possam surgir.
Ao participante reserva-lhe a total liberdade para se retirar a qualquer momento do
estudo, sem que haja qualquer prejuízo para o próprio.
Será garantido que o enfermeiro(a) não terá nenhum tipo de despesa material ou
financeira, durante o desenvolvimento do estudo, como também, não terá nenhum,
constrangimento no seu exercício profissional.
Como investigador, assumo qualquer responsabilidade no decorrer do estudo,
garantindo-lhe que as informações acima referidas serão rigorosamente cumpridas.
Desde já, agradeço toda a atenção disponibilizada, e a valiosa colaboração.
Com os Melhores Cumprimentos:
Pedro Machado
Ponte de Lima, 22 de Março de 2010
– APÊNDICE II –
Declaração de Consentimento Informado
Universidade Fernando Pessoa – Unidade Ponte de Lima
Licenciatura em Enfermagem
2009/2010
Declaração de Consentimento Informado
“Transporte de Doentes Críticos - Vivências dos Enfermeiros do Serviço de
Urgência”
Eu, _______________________________________________________________,
declaro que adiro de livre e espontânea vontade como sujeito de estudo depois de
devidamente esclarecido sobre a natureza e objectivos do mesmo ―Transporte de
Doentes Críticos - Vivências dos Enfermeiros do SU‖, realizado por Pedro Miguel
Fernandes Machado, aluno do 4º ano da Licenciatura em Enfermagem da Universidade
Fernando Pessoa - Unidade de Ponte de Lima.
No âmbito deste estudo, fui informado (a) que sou livre de não participar ou desistir a
qualquer momento da investigação. Mais ainda, fui informado da utilização de um
gravador áudio por parte do investigador, onde este se compromete que será
salvaguardado o anonimato, assim como a confidencialidade dos dados.
Compreendo que tenho o direito de colocar, agora e durante o desenvolvimento do
estudo, qualquer questão sobre o mesmo.
Data:___/___/___
Assinatura do Entrevistado:________________________________________________
Assinatura do Investigador:________________________________________________
– APÊNDICE III –
Guião de Entrevista
Guião de Entrevista Entrevista Nº__
Caracterização do Participante
Entrevista
1- Conhece a Organização Institucional para o Transporte de Doentes Críticos?
2- Qual o papel do Enfermeiro no processo Transporte de Doentes Críticos?
3- Sente que haja factores que possam influenciar o desempenho do Enfermeiro no
processo Transporte de Doentes Críticos?
- Idade ______;
- Género:
- Masculino ; - Feminino ;
- Título:
- Enfermeiro ; -Enfermeiro Especialista ;
(Especifique) ___________________________;
- Número de anos de Exercício Profissional _____;
- Formação Pós-Graduada:
- SBV ;
- SIV ;
- SAV ;
- SAT ;
(Data da última actualização) ____/____/______
– APÊNDICE IV –
Quadros da Análise de Conteúdo
Quadros da Análise de Conteúdo na sua Íntegra
Análise de Conteúdo referente à Organização Institucional
Categoria: Procedimentos
Subcategoria Unidades de
Registo Unidades de Contexto
Score
Organização
Geral Disfuncionalidade
“(…) deveria existir uma melhor organização, acho que
não está muito bem organizado.” (E1;P1;L8)
“(…) nota-se sempre que há desorganização (E2;P1;L8)”
“(…) na minha opinião a organização não é a melhor.”
(E2;P1;L20)
“(…) na actualidade nota-se muita desorganização.”
(E3;P1;L 20)
“(…) chegámos à conclusão que a organização que a
organização não atende às necessidades.” (E4;P1;L16)
“(…) grande lacuna da organização da instituição nesta
área.” (E5;P1;L38)
“Na minha opinião acho que o Processo de Transporte de
Doentes Críticos na Instituição acaba por ser
desorganizado.” (E6;P1;L9)
“O facto de não existirem equipas planeadas e que
planeiem estes Transporte de Doentes Críticos, penso que
vai continuar desorganizado.” (E6;P1;L12)
8
Logística Disfuncionalidade
“(…) há aquelas situações em que o hospital não está
informado que nós íamos para lá, daí sermos mal
recebidos.” (E1;P3;L81)
“Quando chegamos ao hospital de chegada e muitas
vezes somos mal recebidos, porque o serviço não estava
avisado, pronto mau planeamento.” (E2;P3;L86)
“(…) quem devia tratar dos papéis do Doente com o seu
processo todo, não faz essa parte e depois somos mal
recebidos.” (E5;P3;L101)
“Já aconteceu ter um transporte em que o destino era o
Porto, só que lá não existiam vagas e fui parar a
Coimbra.” (E3;P3;L73)
4
Categoria: Recursos Humanos
Subcategoria Unidades de
Registo Unidades de Contexto Score
Equipa
Médica Disfuncionalidade
“(…) parte da equipa médica tenta muitas vezes não
efectuar o transporte.” (E2;P1;L16)
“(…) há aqueles médicos que também não querem
simplesmente ir fazer o transporte.” (E2;P1;L18)
“É pena que estes procedimentos não sejam cumpridos
por parte dos directores de serviço ou pela equipa
médica.” (E3;P1 L9)
“(…) muitas vezes a parte médica não cumpre a
componente do protocolo para ver quem vai fazer o
Transporte de Doentes Críticos e acabamos sempre por
ser nós os Enfermeiros a fazer o transporte.” (E3; P1;L12)
“Eu sentir muitas vezes que não deveria ir sozinha e os
critérios assim o indicarem que devia ir acompanhada
pelo médico, mas vou sozinha (…)” (E4;P3;L54)
“(…) a parte médica muitas vezes evita ir fazer os
transportes, ou pelo menos contorna-o para não irem.”
(E4;P3;L58)
“(…) os médicos acham que não devem ir, ou então
tentam desdramatizar a situação, daí vai só com o
Enfermeiro.” (E4;P3;L59)
“(…) certas especialidades pedem sempre transporte
com Enfermeiro e nem sequer atendem ao score.”
(E5;P1;L13)
“(…) há médicos que fazem batota a preencher o
procedimento mediante o score que quer obter.” (E5;P1;
L15)
“A maior parte dos médicos daqui não querem fazer as
transferências.” (E5;P1;L18)
“Alguns médicos falsificam ou têm tendência para
falsificar o score do procedimento, para não irem fazer o
transporte.” (E5;P1;L21)
“(…) parte médica controla o score para eles não irem
fazer o transporte.” (E5;P1 L25)
“Muitas vezes acontecem conflitos da parte de
Enfermeiros com a parte médica, porque os médicos não
querem acompanhar o doente no transporte.” (E6;
P1;L19)
“Os médicos não querem ir fazer os transportes, porque
nota-se que não lhes dá gozo nenhum ir transportar o
doente. (E6;P1;L36)
“(…) aquela situação da manipulação da ECG em que
claramente era inferior a 7, que eu chego lá e quase me
batem por o Doente não ir com via aérea artificial.” (E5;
P3;L102)
15
Equipa de
Enfermagem
Disfuncionalidade
“É quem está, não há nenhuma equipa para este tipo de
transportes, retirando elementos à equipa (…)” (E1;
P1;L11)
“(…) se neste momento existir um Transporte de Doente
Crítico eu tenho que ir, deixando os doentes que eu estou
responsável aos colegas.” (E1;P1;L66)
“(…) para um Enfermeiro fazer um transporte, tem que
deixar os seus doentes pelos quais é responsável aos
colegas, já daqui se vê que a organização não é a ideal.”
(E2;P1;L11)
“(…) o facto de um elemento da equipa ter de deixar o
seu posto de trabalho para fazer o transporte, é uma
condicionante. (E3 P3;L66)
“(…) nós ausentarmo-nos do serviço.” (E4;P1;L16)
“Se pensarmos que um elemento da equipa que está a
prestar cuidados tem que se ausentar já se compreende
que os recursos humanos ficam afectados no serviço
(...)” (E4;P3;L41)
“Não concordo que sejam elementos da equipa que
tenham que se ausentar do serviço para ir fazer o
transporte (…)” (E5;P1;L32)
“Quando há um transporte, têm que elementos da equipa
multidisciplinar abandonar o Serviço para irem fazer o
transporte (...)” (E6;P1;L12)
“(…) quando um elemento sair para fazer Transporte de
Doente Crítico fica sempre menos um elemento na
equipa.” (E6;P3;L68)
“(…) na minha opinião nós não temos formação
especifica para esta área(…)”
(E1;P1;L17)
“(…) eu sei que não tenho muita formação na
área(…)”(E1;P2;L42)
“(…) a maior parte de nós não temos formação na área
de trauma.” (E1;P3;L64)
“(…) sugestões seria na minha opinião passam pela
maior formação dos elementos para esta área.” (E1;P3;
L89)
“Na minha opinião não temos muita formação para esta
área (…)” (E2;P3;L66)
“Acho que toda a equipa devia ter formação
diferenciada em Transporte de Doentes Críticos.”
(E3;P3;L60)
“Nós que temos um SBV ou SIV acabamos por nos
sentirmos mais inseguros, mais medos.” (E4;P3;L37)
16
Sugestão para
Melhoria
“(…) o ideal seria a implementação de uma equipa de
Transporte de Doente Críticos.” (E1;P1;L14)
“(…) devia haver uma equipa formada para esta
área(…)” (E1;P1;L16)
“(…) o ideal seria mesmo haver uma equipa que
20
estivesse disponível para o Transporte de Doentes
Críticos.” (E1;P1;L18)
“(…) penso que deveria existir formação para esta área
de Transporte de Doente Crítico (…)” (E1;P1;L25)
“(…) a criação de um equipa que estivesse responsável
pela área de Transporte de Doente Crítico seria o
ideal.” (E1;P1;L87)
“(…) necessidade de maior formação dos elementos
para esta área.” (E1;P3;L89)
“(…) o ideal seria o Doente Crítico ir acompanhado por
uma equipa específica para o efeito.” (E1;P3;L98)
“(…) a melhor solução passaria por a implementação de
uma equipa de Transporte de Doente Crítico, onde essa
equipa estivesse responsável por toda a organização
nessa área.” (E2;P1:L21)
“Gostaria que existisse uma equipa de transporte para
esta área. Um médico e um enfermeiro referenciados e
qualificados só para o Transporte de Doente Crítico.”
(E3;P1;L18)
“O perfeito seria existir uma equipa de Transporte de
Doente Crítico onde se articulam médico enfermeiro
(…)” (E3;P3;L63)
“O ideal seria a criação da tal equipa de Transporte de
Doente Crítico (…)” (E3;P3;L86)
“(…) penso que deveria haver uma equipa especializada
para fazer o Transporte de Doente Crítico (…)” (E4;
P1;L14)
“Sem dúvida que deveríamos ter mais formação (…)”
(E4;P2;L39)
“(…) acho que a própria instituição nos devia promover
mais formação.” (E4;P2; L41)
“(…) o ideal seria existir essa mesma equipa para o
Transporte de Doente Crítico. Seria muito bom existir
essa equipa.” (E4;P3;L82)
“(…) deveria existir uma equipa própria para o
Transporte de Doente Crítico.” (E5;P1;L36)
“O ideal seria a implementação da equipa de Transporte
de Doente Crítico, onde essa equipa agilizasse este
processo todo.” (E5; P3;L109)
“(…) acho que a instituição deveria organizar equipas
específicas de Transporte de Doente Crítico, para elas
próprias organizarem esta área.” (E6;P1;L22)
“(…) a implementação de uma equipa especifica para
Transporte de Doente Crítico facilitaria todo o
processo.” (E6;P1:L38)
“A implementação de uma equipa que esteja responsável
e assuma esta área de Transporte de Doente Crítico
(…)” (E6;P3;L80)
Categoria: Recursos Técnicos/Equipamentos
Subcategoria Unidades de Registo Unidades de Contexto Score
Equipamentos
Disfuncionalidade
“(…) ambulâncias vêem com algum desse material,
mas muitas vezes não funcionam, (…) ou então são tão
antigos que já pouca utilidade têm. Às vezes o material
fica sem bateria.” (E1;P3;L75)
“Já aconteceu irmos com um Doente monitorizado que
por acaso ía para cardiologia e o monitor tanto dava
como deixava de dar.” (E ;P3;L92)
“(…) os monitores ou são muito velhos, ou não
funcionam.” (E4;P3;L49)
“(…) temos o saco de Transporte, mas aquilo para
mim é muito confuso(…)”(E5;P3;L89)
“Já aconteceu ficar os monitores sem bateria, ou então
precisar do saturimetro e o monitor da ambulância
não tinha.” (E5;P3;L93)
“(…) eu conheço o saco de Transporte, no entanto,
sempre que preciso dele, ele está sempre diferente, e
perde-se sempre tempo lá à procura do que precisamos
o que me faz andar ali um pouco aos papéis.”
(E6;P1;L24)
“(…) muitas vezes as ambulâncias não têm as
melhores condições.” (E1;P1;L27)
“Já aconteceu termos pedido uma ambulância
equipada e ter vindo uma ambulância normal (…)”
(E2;P3;L89)
“(…) a demora das ambulâncias.” (E3;P3;L78)
“(…) na ambulância temos poucas condições de
trabalho e onde eu não me sinto muito confortável.”
(E4;P1;L18)
“(…) nas ambulâncias falta sempre qualquer coisa.”
(E5;P3;L48)
“A própria condução da viatura pois pode destabilizar
o doente.” (E5;P3;L67)
“Insegurança física, porque vou com um condutor que
não conheço de nenhum lado e ele pode ter mais
pressa que eu, e ter uma condução agressiva que vá
andar lá aos tombos.” (E5;P3;L70)
13
Melhoria Recente
“A nível dos Equipamentos já estamos melhor (…)”
(E2;P3;L73)
“No presente a nível de material e equipamentos
estamos a melhorar e a ficar bem apetrechados.”
(E3;P3;L71)
“Agora estamos melhor cá no serviço tanto em
qualidade como em quantidade dos equipamentos(…)”
(E5;P3;L95)
“Nos recursos técnicos, materiais e equipamentos
estamos muito melhor neste momento (…)” (E6;P3;L70)
4
Sugestão Para
Melhoria
“(…) a instituição podia ter uma ambulância para esta
área (…)” (E1;P1;L26)
“(…) a existência de uma ambulância a nível
hospitalar preparada para esta área, talvez torna-se
este processo mais ágil (…)” (E2;P3;L76)
2
Análise de Conteúdo referente aos Factores que Influenciam o Transporte
Categoria: Factores Positivos
Unidades de Registo Unidades de Contexto Score
Acompanhamento
Médico adequado
“(…) é importante ir acompanhado por Médico.” (E1;P2;L35)
“É sempre importante ter uma equipa diferenciada nos Transporte
de Doente Críticos.” (E2; P2;L38)
“(…) um Doente Crítico exige sempre uma intervenção em equipa,
ou seja Médico e Enfermeiro.” (E2;P2;L40)
“A complementaridade das competências médicas são essenciais no
Transporte de Doente Crítico.” (E3;P2;L37)
“(…) quando se vai com acompanhamento Médico sentimo-nos de
forma diferente, onde podemos intervir de uma mais organizada.”
(E4;P2;L22)
“(…) ter um Médico a acompanhar-me no Transporte dá sempre
mais confiança, por complementaridade das suas competências com
as minhas.” (E5;P2;L55)
“(…) se o Doente tiver critérios para ir acompanho por Médico,
claro que é importante, não por mim mas pelo Doente.” (E6;P2; L48)
7
Experiência do
Enfermeiro
“No meu caso como não tenho muita da formação mais diferenciada
tenho aprendido com os colegas e com a experiência.” (E2;P3;L70)
“(…) vamos sempre aprendendo com a experiência (…)” (E4;
P3;L50)
“(…) aqueles que fazem muitos Transportes estão mais seguros pela
experiência que têm, porque também desenvolvem competências e
capacidades com a experiência.” (E5;P3;L85)
“(…) no meu processo de construção profissional e com a
experiência que tenho, já não me deixo influenciar negativamente
(…)” (E6;P3;L60)
“(…) com a experiência é que ganhámos segurança.” (E6;P3;L64)
5
Segurança Emocional
“(…) segurança para esta área fica mais consolidada e num
próximo vou mais segura”. (E1;P3;L85)
“Quando chegamos lá e tudo correu bem (…) estamos seguros e
preparados para fazer logo mais uns transportes.” (E2;P3;L94)
“(…) felizmente até hoje tudo me correu bem o que faz com que eu
me sinta minimamente segura e confiante.” (E4;P3; L52)
“(…) ter um médico a acompanhar-me no Transporte dá sempre
mais confiança (…)” (E5;P2;L55)
“(…) quando todo corre bem (…) ficamos confiantes, com a nossa
confiança no auge.” (E3;P3;L79)
“(…) todos os transportes acabaram por correr bem o que me dá
alguma segurança (…) “(E4;P3;L75)
“Quando tudo corre bem uma pessoa fica cheia de segurança e toda
porreiraça.” (E5;P3;L104)
7
Categoria: Factores Constrangedores
Unidades de Registo Unidades de Contexto Score
Indisposição
Gastrointestinal
“(…) nos Transportes, fico maldisposta, nauseada (…) “
(E1;P3;L83)
“(…) não me sinto muito confortável dentro da célula da
ambulância, pronto fico facilmente enjoada, nauseada (…)”
(E2;P1;L26)
“Algumas vezes fico nauseado (…)” (E5;P3;L103)
“(…) costumo me sentir nauseado e isso é desconfortável.”
(E6;P1;L43)
4
Ansiedade
“(…) vai-se gerar ali uma ansiedade em que sem dúvida vai
influenciar o meu desempenho(…)” (E1;P3;L51)
“(…) em alguns Transportes sinto-me muito ansiosa (…)” (E1;P3;
L55)
“(…) aparece a ansiedade que as coisas não corram bem (…)”
(E1;P3;L81)
“Para mim é mesmo a ansiedade de que tudo corra bem (…)”
(E2;P3;L63)
“A ansiedade, (…) vou estar ansioso é que tudo corra bem (…)”
(E5;P3; L74)
5
Insegurança
“Às vezes não sinto aquela segurança necessária (…)” (E1;P2;L37)
“(…) sinto-me insegura.” (E1;P2;L43)
“(…) por causa da insegurança que acaba por atrapalhar um
pouco o meu trabalho.” (E1;P3; L56)
“(…) vou-me sentir mais insegurança.” (E2;P3;L81)
“(…) surge sempre a insegurança de que as coisas podem
complicar (…)” (E5;P3;L79)
5
Disfuncionalidade no
Trabalho em Equipa
“(…) muitas vezes acabam-se por criar conflitos entre a equipa
médica e de enfermagem (…)” (E5;P1;L31)
“(…) primeiro que o Doutor. aceitasse a minha ideia, foi uma
guerra.” (E5;P3;L97)
“Muitas vezes acontecem conflitos da parte de Enfermeiros com a
parte médica, porque os médicos não querem acompanhar o
Doente no Transporte.” (E6;P1;L19)
3
Análise de Conteúdo referente ao Papel do Enfermeiro
Categoria: Fase de Decisão
Unidades de Registo Unidades de Contexto Score
Aconselhar
“(…) decisão cabe ao médico, mas nós podemos aconselhar numa
perspectiva de trabalho em equipa, e tendo em conta o bem-estar do
doente.” (E2;P2;L44)
“A decisão de transferir é médica, nós podemos aconselhar (...)”
(E3;P2;L40)
2
Categoria: Fase de Planeamento
Unidades de Registo Unidades de Contexto Score
Prestação de
Cuidados
“(…) planeamento temos que estabilizar o Doente (…)” (E1;P2;L48)
“No planeamento (…) estabilizar o Doente (…)” (E2;P2;L45)
“Na fase preparatória do Transporte o Enfermeiro tem um papel
essencial, porque quanto mais estabilizado o Doente estiver (…)”
(E3;P2;L41)
“No pré-transporte é onde prestamos mais cuidados, porque o Doente
tem que ir estável (…)” (E4;P2;L30)
“No planeamento temos de ter os máximos de cuidados para estabilizar
o Doente (…)” (E5;P2;L59)
“No pré-transporte temos que prestar mais cuidados, porque o Doente
tem de estar estável (…)” (E6;P2;L57)
“No planeamento penso que é onde se presta mais cuidados (…)”
(E2;P2;L44)
“No pré-transporte é onde prestamos mais cuidados (…)” (E4;P2;L29)
“No planeamento prestamos mais cuidados, pois não convém a ninguém
ter que prestar muitos cuidados no decorrer do Transporte (…)” (E5;
P2; L57)
“No pré-transporte temos que prestar mais cuidados, porque o Doente
tem de estar estável (…)” (E6:P2;L56)
10
Categoria: Fase de Efectivação
Unidades de Registo Unidades de Contexto Score
Vigilância
“No Transporte é a continuação da vigilância do doente (…)”
(E1;P2;L31)
“O Enfermeiro durante o Transporte tem um papel de vigilância (…)”
(E2;P2;L31)
“Durante o Transporte á sempre que fazer (…) vigiar (…) os sinais
vitais (…)” (E3;P2;L52)
“Durante o Transporte é bom que só tenhamos que vigiar.” (E4;P2;L33)
“Vigiar e intervir, cuidando o Doente durante o Transporte.”
(E5;P2;L44)
“Durante o transporte vigilância (…)” (E6;P2;L44)
6
– APÊNDICE V –
Cronograma de Actividades
Universidade Fernando Pessoa
Faculdade de Ciências da Saúde
Unidade Ponte de Lima
Curso de Licenciatura em Enfermagem
CRONOGRAMA
Nome do Investigador: Pedro Miguel Fernandes Machado
Ano: 2009/2010
Título: Transporte de Doentes Críticos
– Vivências dos Enfermeiros do Serviço de Urgência –
Legenda:
Actividades Planeadas
Actividades Realizadas
Ano 2009 2010
Mês Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul.
Dias
Actividades 01-14 15-30 01-15 16-31 01-14 15-30 01-15 16-31 01-15 16-31 01-14 15-28 01-15 16-31 01-14 15-30 01-15 16-31 01-14 15-30 01-14 15-31
Fa
se C
on
cep
tua
l
Escolha do tema
Revisão Bibliográfica
Delimitação e Justificação do tema
Problema de Investigação
Questão de partida
Objectivos da investigação
Questões de investigação
Fa
se m
eto
do
lóg
ica
Questões éticas de investigação
Método de investigação e tipo de
estudo
População e amostra
Variáveis de investigação
Pré-teste
12-13
Previsão e tratamento de dados
Previsão e análise de dados
Fa
se e
mp
íric
a
Colheita de dados
22-26
Análise/tratamento de dados
Interpretação de dados
Construção da Monografia
Entrega da Monografia
– ANEXOS –
– ANEXO I –
Grelha de avaliação do doente, com os critérios de avaliação do Doente
para Transporte inter-hospitalar (reproduzida no programa Microsoft Excel
2007, pelo Enfermeiro Formador do SU da Instituição em causa)