TRANSPORTE DO ICTIOPLÂNCTON FRENTE ÀS CONDIÇÕES ... · amo muito. À Ulisses, pela simplicidade...
Transcript of TRANSPORTE DO ICTIOPLÂNCTON FRENTE ÀS CONDIÇÕES ... · amo muito. À Ulisses, pela simplicidade...
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCINCIAS
PROGRAMA DE GRADUAO EM OCEANOGRAFIA
WILLIAN DIAS ARAJO
TRANSPORTE DO ICTIOPLNCTON FRENTE S
CONDIES OCEANOGRFICAS, DURANTE A MAR DE
SIZGIA, NA BAA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA
Salvador
2018
WILLIAN DIAS ARAJO
TRANSPORTE DO ICTIOPLNCTON FRENTE S
CONDIES OCEANOGRFICAS, DURANTE A MAR DE
SIZGIA, NA BAA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA
Monografia apresentada ao Curso de Graduao em
Oceanografia, Instituto de Geocincias, Universidade
Federal da Bahia, como requisito parcial para obteno do
grau de Bacharel em Oceanografia.
Orientador: Prof. Dr. Paulo de Oliveira Mafalda Jnior
Salvador
2018 AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente aos meus pais, Dilma e Alberto, por todo estmulo,
conhecimento, apoio, confiana, amor e respeito que me tornaram o ser humano que sou hoje,
e mesmo sem saber direito o que a Oceanografia, me apoiaram em minha escolha. Aos meus
irmos Weslley, Lee, Alberto e Sandro por todo amor e companheirismo proporcionado. Eu
amo infinitamente vocs.
Ao meu orientador, Prof. Paulo Mafalda, por todo conhecimento, pacincia e por ter me
ensinado a ter uma viso ainda mais ampla da Oceanografia. Prof. Christiane Sampaio por
todo esclarecimento e apoio na construo dos mapas. Muito obrigado pela confiana.
Aos professores que passaram pela minha graduao, contribuindo para meu
conhecimento, em especial Vanessa Hatje, Guilherme Lessa, Juliana Leonel e Ana Ceclia,
por serem exemplos de profissionais.
famlia Atlanticus, que me proporcionou muito conhecimento e uma experincia
maravilhosa.
Ao meu amigo e namorado Ruan, pelo cuidado, amor, sintonia e por sempre estar ao
meu lado sendo meu suporte e acreditando em mim, quando nem eu acreditava. Eu te
amoamoamo.
Silvana e Orlando, que alm de sogros (os melhores), so exemplos de pais, amigos,
companheiros de cerveja e de papos sobre a vida. Vocs so maravilhosos e eu sigo aprendendo
com vocs. E no posso esquecer de Nego, pelo carinho (principalmente quando eu estava
comendo) e por ser o melhor despertador de Ruan.
Pedro, Luza e Wesley, que, mesmo em pouco tempo, se fizeram presentes. Vocs
so incrveis.
Aos meus amigos da famosa Coit City, rica, Danielle, Willians, Fernanda e Valquria,
estando ao meu lado mesmo com a distncia.
Natlia, que em meio a tantas brigas, expulses de casa por conta de um banheiro
inundado, me mostrou o quanto o perdo importante e me ensinou, mesmo sem saber, como
ser adulto (ainda no aprendi). Comer cream cracker no almoo era nossa especialidade. Eu te
amo muito. Ulisses, pela simplicidade e todo aprendizado sobre a vida e sobre andar de bike.
Tu maravilhoso, migo.
Repblica do Vale, Iasmim, Ayran, Keynes, Paula e Lucas, por toda cachaa, riso,
dana e viadagem. Matheus, Manu, Bia Mutti e Jssica por todos os textos, discusses,
cantorias, e experincias compartilhadas. Ao meu trip Ingrid e Bia Moreira, por toda fora,
paz e sentimentos compartilhados. Vocs foram fundamentais na minha formao.
Aos amigos e colegas que a Oceanografia me presenteou, Ana, Priscilla, Julinha, Lili e
em especial a minha turma de 2013, conhecida como melhor turma, onde, mesmo em meio a
tantas diferenas, foi possvel perceber o quanto empatia, amizade e companheirismo so
importantes. Cada um com sua particularidade e, quando juntos, um mar de amor. Em especial
Las, Lo, Tayane, Tiago, Amanda e Mariana.
Alm de todos que, direta ou indiretamente, contriburam para meu crescimento pessoal
e profissional, queria agradecer especialmente a Iasmim, Ayran, Ingrid e Matheus, pelo
cuidado, amor, simplicidade e pacincia compartilhados. Vocs foram meu maior suporte.
Ps. Manu, por favor, me paga meu bolo de chocolate, com chocolate no meio e chocolate
em cima. Amm.
Meu mais sincero obrigado.
Eu amo vocs!!
SUMRIO
RESUMO ..................................................................................................................................... 7
ABSTRACT ................................................................................................................................. 8
1. INTRODUO ................................................................................................................. 12
2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 13
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 13
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS .................................................................................. 14
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 14
3.1 REA DE ESTUDO.................................................................................................. 14
3.2 AMOSTRAGEM E PROCEDIMENTOS DE LABORATRIO ......................... 15
3.3 ANLISE DE DADOS.............................................................................................. 16
3.3.1 Densidade (D)..................................................................................................... 16
3.3.2 Abundncia Relativa (AR) ............................................................................... 17
3.3.3 Frequncia de Ocorrncia (FO) ....................................................................... 17
3.3.4 Riqueza ............................................................................................................... 17
3.3.5 Diversidade ........................................................................................................ 18
3.3.6 Equitatividade.................................................................................................... 18
3.3.7 Teste de Mann-Whitney ..................................................................................... 18
3.3.8 Diagrama T-S..................................................................................................... 18
3.4 ANLISE ESTATSTICA ....................................................................................... 18
3.4.1 Anlise Descritiva .............................................................................................. 18
3.4.2 Anlise Inferencial ............................................................................................. 19
3.4.3 Anlise Multivariada ......................................................................................... 19
4 RESULTADOS E DISCUSSO ...................................................................................... 20
4.1 CARACTERIZAO AMBIENTAL ..................................................................... 20
4.1.1 Diagrama T-S..................................................................................................... 20
4.1.2 Variveis Hidrolgicas ...................................................................................... 21
4.2 ICTIOPLNCTON ................................................................................................... 26
4.2.1 Composio Taxonmica .................................................................................. 26
4.2.2 Densidade (D)..................................................................................................... 28
4.2.3 Abundncia Relativa (Ar) ................................................................................ 31
4.2.4 Frequncia de Ocorrncia (FO) ....................................................................... 33
4.3 VARIABILIDADE ESPACIAL DO PLNCTON ................................................ 34
4.4 DISTRIBUIO DE FREQUNCIA DO COMPRIMENTO LARVAL ........... 37
4.5 ANLISE DIRETA DE GRADIENTE DO TIPO ANLISE DE REDUNDNCIA
38
4.6 ANLISE DE CONGLOMERADOS ..................................................................... 40
5 CONCLUSES ................................................................................................................. 42
6 REFERNCIAS ................................................................................................................ 43
7
RESUMO
Este estudo objetivou analisar o transporte do ictioplncton diante da influncia da estrutura
oceanogrfica na Baa de Todos os Santos durante a mar de sizgia. As coletas foram realizadas
em 4 estaes de amostragem entre fevereiro/2013 e abril/2014. O ictioplncton foi coletado
utilizando-se rede cnica, malha 200 m, em arrastos horizontais de subsuperfcie. Os dados
da estrutura oceanogrfica (temperatura, salinidade e turbidez), foram obtidos utilizando um
CTD e amostras de gua para determinao qumica de oxignio dissolvido, pH, clorofila-a e
nutrientes tambm foram coletadas. Foi identificada a presena de duas massas de gua
distintas, a massa de gua Tropical, encontradas nas duas primeiras campanhas, e gua
Costeira, encontrada no restante das campanhas. Houve o aumento nos valores de temperatura,
turbidez, slica e clorofila-a e a diminuio de salinidade, % saturao de oxignio e do pH da
desembocadura em direo ao interior da BTS. Foi encontrada variabilidade espacial
significativa entre as quatro estaes de amostragem para todas as variveis hidrolgicas,
exceto para fosfato e nitrato. Foram encontradas 17 famlias, onde Blenniidae, Carangidae,
Engraulidae, Gobiidae, Gerreidae e Haemulidae foram considerados caractersticos da rea de
estudo. As famlias Gobiidae e Engraulidae apresentaram as maiores densidades, abundncia
relativa e frequncia de ocorrncia. A variabilidade espacial da comunidade ictioplanctnica no
exibiu um padro nico, assim como a densidade mdia total de ovos e larvas de peixe. O
comprimento das larvas de peixe aumentou da desembocadura em direo ao interior da baa,
contudo, a diferena do comprimento das larvas entre as estaes de amostragem foi muito
baixa. As estaes de amostragem 1 e 2 estiveram associadas a maiores valores de salinidade,
pH, temperatura e oxignio, enquanto que as estaes de amostragem 3 e 4 apresentaram
maiores valores de nutrientes, turbidez e clorofila-a. As famlias no apresentaram grande
similaridade, assim como as estaes de amostragem. De modo geral, os resultados obtidos
foram semelhantes entre as duas mars, contudo, durante a mar de quadratura, houve o
domnio da massa de gua Tropical, enquanto durante a mar de sizgia a massa de gua
Costeira dominou. O fluxo de gua doce e de nutrientes estimula o aumento da biomassa
planctnica, favorecendo a formao de reas berrios de peixes neste esturio.
Palavras-chave: ovos de peixes, larvas de peixes, massas de gua, esturio.
8
ABSTRACT
This study aimed to analyze the transportation of ichthyoplankton due to the influence of the
oceanographic structure from Todos os Santos Bay during syzygy tide. The collections were
made in four sampling stations from February 2013 to April 2014. The ichthyoplankton was
collected using a conical net (200 m mesh size), with horizontal hauls at the subsurface.
Oceanographic structure data (temperature, salinity and turbidity) were obtained using CTD.
Water samples were also collected for chemical determination of dissolved oxygen, pH,
chlorophyll-a and nutrients. Two distinct water masses were present: the Tropical Water, found
on the first and second campaigns, and Coastal Water, found on the remaining campaigns.
There have been an increase on temperature values, turbidity, silicon and chlorophyll-a while
the salinity, percentage of oxygen saturation and pH decreased from the mouth into the bay.
Meaningful spatial variability was noticed among the sampling stations for almost all the
hydrological variables, except for nitrate and phosphate. Seventeen families were found, while
Blenniidae, Carangidae, Engraulidae, Gobiidae, Gerreidae e Haemulidae were typical of the study
area. The Gobiidae e Engraulidae families presented the highest values for density, relative
abundance and occurrence frequency. It was not observed a singular pattern regarding the spatial
variability of the ichthyoplanktonic community, as well as for the total average density of fish
eggs and larvae. Fish larvae length increased from the mouth into the bay, however, in a very
low ratio among different sampling stations. Sampling stations 1 and 2 were associated with
greater values of salinity, pH, temperature and oxygen, while stations 3 and 4 presented greater
values for nutrients, turbidity and chlorophyll-a. Families, as well as sampling stations, failed
to provide large similarities. Generally, the results where similar among both tides, however,
during neap tides, the Tropical Water mass dominated, while the Coastal Water mass dominated
the syzygy tide periods. Freshwater and nutrient flux stimulates the planctonic biomass
increase, favoring the formation of fish nurseries in this estuary.
Key words: fish eggs, fish larvae, water masses, estuary.
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Resultados do Teste de Friedman e do Teste de Comparaes Mltiplas (p-valor) para
o estudo da variabilidade espacial (estaes de amostragem: 1, 2, 3 e 4) durante o perodo entre
fevereiro/2013 e abril/2014 durante a mar de sizgia, no eixo central da Baa de Todos os
Santos, Bahia. ........................................................................................................................... 21
Tabela 2: Lista taxonmica das larvas de peixes coletados durante o perodo de fevereiro/2013
e abril/2014 no eixo central da BTS durante a mar de sizgia, listados em ordem filogentica,
segundo Nelson (1994), com respectivo nome vulgar, habitat (D: demersal; P: pelgico),
nmero de organismos encontrados (N) e seus comprimentos mnimos (Mn), mximo (Mx) e
mdio (Md). ............................................................................................................................ 27
Tabela 3: Lista de comparao entre as famlias encontradas na mar de sizgia e quadratura no
eixo central da BTS. ................................................................................................................. 28
Tabela 4: Resultados da mediana das variveis ictioplanctnicas, do Teste de Friedman e do
Teste de Comparaes Mltiplas (p-valor), para o estudo da variabilidade espacial (estaes de
amostragem: 1, 2, 3 e 4), durante o perodo de fevereiro/2013 e abril/2014, durante a mar de
sizgia, no eixo central da Baa de Todos os Santos, Bahia...................................................... 35
Tabela 5: Valores da pluviosidade encontrada durante a mar de sizgia, no perodo de
fevereiro/2013 e abril/2014, no eixo central da BTS................................................................ 40
Tabela 6: Resultado do Teste de Monte Carlo para os valores de pluviosidade encontrados
durante a mar de sizgia, no perodo de fevereiro/2013 e abril/2014, no eixo central da BTS.
.................................................................................................................................................. 40
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localizao das estaes de amostragem no eixo central da Baa de Todos os Santos,
Bahia (Modificado de CIRANO & LESSA, 2007). ................................................................. 15
Figura 2: Diagrama T-S, obtido durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014, durante a
mar de sizgia no eixo central da Baa de Todos os Santos, Bahia. ........................................ 20
Figura 3: Box-plot (amplitude, mediana) para as variveis fsico-qumicas da gua entre as
estaes de coleta, durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014, ao longo do eixo central
da Baa de Todos os Santos, Bahia. a) temperatura, b) salinidade, c) turbidez, d) pH, e) %
saturao de oxignio dissolvido. ............................................................................................. 23
Figura 4: Box-plot (amplitude, mediana) para as variveis fsico-qumicas da gua entre as
estaes de coleta, durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014, ao longo do eixo central
da Baa de Todos os Santos, Bahia. a) fosfato, b) slica, c) clorofila-a, d) nitrato. .................. 25
Figura 5: Densidade mdia dos grupos caractersticos da comunidade ictioplanctnica, durante
o perodo de fevereiro/2013 e abril/2014, no eixo central da BTS........................................... 29
Figura 6: Densidade mdia dos grupos caractersticos da comunidade ictioplanctnica, por
estao de amostragem, no eixo central da BTS, durante o perodo entre fevereiro/2013 e
abril/2014. ................................................................................................................................. 30
Figura 7: Mdia da densidade total (org/100m) das larvas (a) e ovos de peixe (b), durante o
perodo de fevereiro/2013 e abril/2014, ao longo do eixo central da Baa de Todos os Santos,
Bahia. ........................................................................................................................................ 31
Figura 8: Abundncia relativa dos grupos caractersticos da comunidade ictioplanctnica no
eixo central da BTS, durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014. ............................. 32
Figura 9: Frequncia de ocorrncia dos grupos caractersticos da comunidade ictioplanctnica
no eixo central da BTS, durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014. ........................ 34
Figura 10: Box-plot (amplitude e mediana) para as variveis planctnicas e biolgicas entre as
estaes de amostragem, durante o perodo de fevereiro/2013 e abril/2014, ao longo do eixo
central da Baa de Todos os Santos, Bahia. a) biovolume de zooplncton, b) densidade dos ovos
11
de peixes, c) densidade das larvas de peixes, d) riqueza especfica, e) riqueza de Margalef, f)
equitatividade e g) diversidade. P > 0,05. ................................................................................ 37
Figura 11: Mdia do comprimento das larvas de peixe, durante o perodo de fevereiro/2013 e
abril/2014, ao longo do eixo central da Baa de Todos os Santos, Bahia. ................................ 38
Figura 12: Diagrama de Ordenao para a Anlise de Componentes Principais relacionando as
estaes de amostragem, estrutura oceanogrfica e qualidade da agua, durante o perodo de
fevereiro/2013 e abril/2014, no eixo central da BTS, Bahia. (O primeiro algarismo corresponde
s campanhas 1 a 8, enquanto que o segundo algarismo corresponde s estaes de amostragem
1 a 4). ........................................................................................................................................ 39
Figura 13: Diagrama de comparao entre as famlias caractersticas, durante o perodo de
fevereiro/2013 e abril/2014, no eixo central da BTS, Bahia. ................................................... 41
Figura 14: Diagrama de comparao entre as estaes de amostragem, durante o perodo de
fevereiro/2013 e abril/2014, no eixo central da BTS, Bahia. ................................................... 42
12
1. INTRODUO
O entendimento sobre plncton e a sua interao com o ambiente de extrema
importncia para o gerenciamento da qualidade da gua, visto que os organismos planctnicos
alm de serem indicadores hidrolgicos, em um curto perodo de tempo, podem responder a
mudanas como absoro de luz e concentrao de nutrientes (Suthers & Rissik, 2009).
A variabilidade do recrutamento de peixes marinhos influenciada pelo potencial
reprodutivo do estoque e a sobrevivncia do peixe nos estgios iniciais da vida, mediada por
condies ambientais de natureza fsica e biolgica (Hinckley et al., 2001; Leis, 2007; Hssy
et al., 2012; Bonanno et al., 2013). Fatores fsicos, como temperatura e salinidade, podem
modular a abundncia de ovos e larvas, afetando o estoque de reprodutores (Snchez-Velasco
et al., 2002) ou influenciando a sobrevivncia larval atravs de seus efeitos no crescimento e
desenvolvimento (Johnston et al., 2001).
A maior parte dos peixes marinhos possui o incio do seu ciclo de vida no plncton e o
agrupamento de ovos e larvas de peixes denominado ictioplncton (Lopes, 2006). A
diversidade, distribuio e abundncia do ictioplncton so fundamentais para a conservao
da biodiversidade e sustentabilidade dos recursos pesqueiros e dos bens e servios dos
ecossistemas marinhos (Schuhmann e Mahon, 2015), alm da compreenso do mecanismo de
recrutamento de peixes marinhos essenciais (Pattrick e Strydom, 2008). A diversidade da
assembleia ictioplanctnica resulta de estratgias de criao de adultos e influncias
oceanogrficas (lvarez et al., 2015; Koched et al., 2015; Sabats et al., 2007).
Na ltima dcada, os estudos das comunidades ictioplanctnicas cresceram
consideravelmente, corroborando sua extrema importncia para a compreenso da dinmica
trfica e variaes dos estoques pesqueiros comercialmente importantes, como o
desenvolvimento de avaliaes de estoque e planos de manejo da pesca (Boeing & Duffy-
Anderson, 2008). Isto ocorre devido forte influncia das condies do habitat na
sobrevivncia dos estgios iniciais da vida dos peixes, o que afeta fortemente o sucesso do
recrutamento e, consequentemente, o tamanho da populao adulta (Bakun 1996; Palomera et
al., 2007; Tsikliras et al. 2010; Basilone et al. 2013).
Diversos fatores afetam a composio e abundncia de comunidades de peixes larvais,
como as estruturas oceanogrficas, que so responsveis por variaes ambientais e as
estratgias de desova das populaes adultas, que esto ligadas a caractersticas topogrficas e
13
condies hidrogrficas, qumicas e biolgicas (Somarakis et al., 2004; Basilone et al., 2013;
Giannoulaki et al., 2013; Boehlert & Mundy, 1993; McGurk, 1986).
A utilizao de ndices ecolgicos como densidade, riqueza de espcies e abundncia
relativa dos organismos aquticos significante para a avaliao do equilbrio ecolgico
induzido pela qualidade da gua. Alteraes em nvel de populao ou comunidade podem
indicar uma perturbao no equilbrio normal da rea estudada, podendo causar graves sequelas
(Zhou et al., 2008).
Ao longo da plataforma continental, a composio das espcies de ictioplncton
fortemente influenciada pela proximidade da costa (Franco et al., 2006; Muhling et al., 2008).
Mais perto da costa, o escoamento continental tambm desempenha um papel importante na
composio das espcies de ictioplncton, principalmente devido ocorrncia de manguezais,
deltas e esturios (Lopes et al., 2006). Os ecossistemas estuarinos possuem recursos naturais e
servios ecossistmicos de imenso valor ao meio ambiente e humanidade (Carney et al., 2014;
Giri et al., 2015). Estes incluem pesca, armazenamento de carbono e exportao para oceanos
e habitats de viveiro de larvas de peixe (Manez et al., 2014, Sandilyan e Kathiresan, 2015).
Dentro do plncton, o ictioplncton possui maior importncia econmica, pois a
compreenso da distribuio de larvas e ovos de peixes de grande utilidade na mensurao de
estoques pesqueiros, bem como na sua sustentabilidade (Navarro-Rodrguez et al., 2006). O
estudo do ictioplncton estuarino importante pela sua influncia no ciclo de vida de algumas
espcies de peixes. A fragilidade das larvas de peixes visvel, especialmente pela
suscetibilidade s variaes ambientais da qualidade da gua, de modo que qualquer impacto
ambiental pode ser catastrfico para essas populaes (Katsuragawa et al., 2011).
Considerando o pouco conhecimento da comunidade ictioplanctnica presente na BTS,
a caracterizao da sua composio e biologia da assembleia ictioplanctnica tem sido objeto
de pesquisa para alguns autores (Lopes et al., 2009; Mafalda Jr et al., 2008; Pereira, 2013;
Maltez et al., 2014; Katsuragawa et al., 2011).
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar o transporte do ictioplncton diante da influncia da estrutura oceanogrfica
na Baa de Todos os Santos durante a mar de sizgia.
14
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Caracterizar a estrutura das massas de gua presentes na superfcie ao longo do eixo
central da BTS;
Caracterizar a composio da comunidade da assembleia de larvas e jovens de peixes;
Caracterizar a variabilidade espacial da estrutura da assembleia de larvas de peixes;
Identificar espcies indicadoras de massas de gua;
Comparar os resultados da estrutura da comunidade ictioplanctnica entre as fases de
sizgia e quadratura.
3 METODOLOGIA
3.1 REA DE ESTUDO
A Baa de Todos os Santos, BTS (Figura 1), est localizada nas bordas da capital da
Bahia, Salvador. Centrada entre a latitude de 1250 S e a longitude de 3838 W, apresenta
uma rea de 1.233 km, sendo a segunda maior baa do Brasil, atrs apenas da baa de So
Marcos, no Maranho (Hatje & Andrade, 2009). Alm de outras 91 pequenas bacias que geram
um efeito de descarga difusa durante os meses midos, a BTS recebe a descarga de trs grandes
bacias de drenagem, associadas aos rios Paraguau, Jaguaripe e Suba,
As caractersticas morfolgicas da baa causam variaes da altura de mar j a partir
da sua entrada. (Hatje & Andrade, 2009). A pequena descarga fluvial refletida nas
caractersticas essencialmente marinhas encontradas na maior parte da baa, onde, no seu
interior, a circulao predominantemente forada pelas mars. A coluna dgua
caracteristicamente bem misturada e condies estuarinas so observadas apenas prximo
sada dos rios (Hatje & Andrade, 2009).
Dentre as baas costeiras do litoral brasileiro com mais de 50 km de rea, a BTS a
nica a apresentar a penetrao da gua Tropical em seu interior (Lessa et al., 2009). Isso
resultado do grande volume da baa e de uma descarga de gua doce relativamente pequena.
Apesar de receber a contribuio da segunda maior bacia hidrogrfica do Estado (bacia do rio
Paraguau), o volume de descarga pequeno, devido ocorrncia de um clima semirido j
prximo s cabeceiras da baa (Lessa et al., 2009). O balano entre precipitao e evaporao
na entrada da BTS consideravelmente positivo ao longo de quase todo o ano. No entanto, esta
15
condio altera-se rapidamente para o interior da baa, pois o clima torna-se progressivamente
mais rido (Lessa et al., 2009).
A BTS tambm caracterizada pela presena de manguezais, que constituem ricas reas
de alimentao alm de proporcionar refgio contra predadores (Lowe-Mcconnel, 1999), e
atuam como berrios para diferentes espcies de peixes (Mafalda Jr. et al., 2008). Em
contrapartida, h em seu entorno indstrias qumicas e um complexo porturio, que serve ao
Centro Industrial de Aratu (CRA, 2001). Essas atividades industriais e porturias
comprometeram a qualidade da gua e do substrato de fundo da baa (Pereira, 2008).
Figura 1: Localizao das estaes de amostragem no eixo central da Baa de Todos os Santos, Bahia (Modificado
de CIRANO & LESSA, 2007).
3.2 AMOSTRAGEM E PROCEDIMENTOS DE LABORATRIO
Foram realizados 8 cruzeiros entre fevereiro/2013 e abril/2014 durante a mar de sizgia,
onde as coletas foram feitas em 4 estaes de amostragem ao longo de 50 km (Figura 1),
totalizando 32 estaes oceanogrficas. As estaes de amostragem foram realizadas
16
acompanhando o avano da estofa de mar enchente para o interior da baa, mantendo a mesma
situao dinmica ao longo das estaes o que caracteriza uma amostragem sinptica.
O ictioplncton foi coletado a partir de arrastos subsuperficiais durante 3 minutos, a uma
velocidade de 2 ns, utilizando uma rede cilindro-cnica de 200 m de abertura de malha e
boca de 60 centmetros, com fluxmetro mecnico (Hydro-Bios) acoplado abertura da rede
para avaliao do fluxo de gua, fornecendo subsdio para o clculo de densidade (nmero de
indivduos coletados por m3 de gua filtrada). O material coletado foi preservado em soluo
aquosa de formaldedo 4%, neutralizada com tetraborato de sdio, para estudo quantitativo em
microscpio estereoscpico.
O volume de gua filtrado foi obtido atravs da seguinte frmula:
= a. n. c
onde: Vaf = volume de gua filtrado (m3);
a = rea da boca da rede;
n = nmero de rotaes do fluxmetro; e
c = fator de calibrao do fluxmetro.
As amostras de ictioplncton foram submetidas triagem total envolvendo ovos, larvas
e jovens de peixes, atravs de microscpio estereoscpico, visando sua identificao e
quantificao. A quantificao de ovos e larvas de peixes foi efetuada por 100 m3, a partir do
volume de gua filtrada pela rede de ictioplncton. A identificao das larvas e jovens de peixes
foi realizada ao menor txon possvel, utilizando como referncia Fahay (1983), Leis &
Remmis (1983), Moser et al. (1993) e Richards (2006). As larvas que no puderam ser
identificadas foram includas na categoria NI (No Identificado) e os que se apresentaram em
estgio vitelnico foram includos na categoria RE (Recm Eclodido). As espcies indicadoras
de massas de gua foram identificadas a partir de reviso bibliogrfica.
3.3 ANLISE DE DADOS
3.3.1 Densidade (D)
A densidade (D) por 100 m3 de gua (N/100 m3) foi obtida atravs da frmula:
17
=
().
Onde N o nmero total de ovos ou de larvas de peixes obtidos em cada amostra e V
o volume de gua filtrada.
3.3.2 Abundncia Relativa (AR)
A abundncia relativa (AR%) foi calculada de acordo com a frmula:
=
Onde: Na nmero total de larvas de peixes de cada famlia obtido na amostra e NA
o nmero total de larvas de peixes na amostra.
A abundncia relativa forneceu o critrio empregado para determinao das famlias
caractersticas da associao ictioplanctnica. Assim, foram selecionadas para a anlise
multivariada aquelas famlias com abundncia relativa superior a 3,7% (Neumann-Leito,
1994).
3.3.3 Frequncia de Ocorrncia (FO)
A frequncia de ocorrncia (FO%) foi calculada pela frmula:
Fo = ( )
Onde: Fo a frequncia de ocorrncia; Ta o nmero de amostras onde a famlia
ocorreu e TA o total de amostras.
Para a estimativa da frequncia de ocorrncia de cada txon foi utilizada a escala de
Neumann-Leito (1994), considerando: > 70 % muito frequente; 70 40 % frequente; 40 10
% pouco frequente; < 10 % espordico.
3.3.4 Riqueza
A riqueza foi avaliada atravs do nmero de taxa pelo IRM (Margalef, 1958), que foi
estimado pela frmula:
R=
18
Onde: S o nmero de taxa presente na amostra e N o nmero de indivduos na
amostra (abundncia).
3.3.5 Diversidade
O ndice de diversidade especfica (H) foi calculado segundo Shannon (1948). Os
resultados foram expressos em bits/org, considerando-se que 1 bit equivale a uma unidade de
informao (Valentin, 2000), cujos valores podem ser enquadrados nas seguintes categorias:
alta diversidade (> 3 bits/org), mdia diversidade (3 2 bits/org), baixa diversidade (2 - 1
bits/org) e muito baixa diversidade (< 1 bits/orgl).
3.3.6 Equitatividade
A equitatividade (E) foi calculada segundo Pielou (1977), apresentando valores entre 0
e 1, sendo considerados altos ou equitativos os valores superiores a 0,5.
3.3.7 Teste de Mann-Whitney
um teste no paramtrico, conhecido tambm como Teste U de Wilcoxon-Mann-
Whitney ou ainda Wilcoxon rank-sum test, destinada a comparar duas amostras independentes
do mesmo tamanho ou desiguais, cujos escores tenham sido mensurados pelo menos a nvel
ordinal. Assume-se que P>0,05, a distribuio de ambos os grupos diferente.
3.3.8 Diagrama T-S
O Diagrama de temperatura e salinidade (Diagrama T-S) foi empregado para
caracterizao da massa dgua.
Em cada estao de amostragem foi realizada uma perfilagem vertical da coluna dgua
com um CTD (Condutivity, Temperature and Depth), a fim de se obter dados de salinidade,
temperatura e profundidade.
3.4 ANLISE ESTATSTICA
3.4.1 Anlise Descritiva
A anlise estatstica descritiva das variveis oceanogrficas e do plncton envolveu
resultados de mdia, desvio-padro e amplitude (valores mnimos e mximos) que foram
representados em um diagrama estatstico do tipo Box-plot.
19
3.4.2 Anlise Inferencial
A anlise inferencial da variabilidade espacial e temporal da estrutura oceanogrfica e
da assembleia ictioplanctnica foi realizada a partir da Anlise de Varincia de Friedman. O
teste de Friedman um teste no-paramtrico utilizado para a comparao de trs ou mais
mdias (amostras relacionadas). Os dados oceanogrficos (temperatura, salinidade) e os dados
de plncton (biovolume, densidade de ovos e larvas de peixes, nmero de taxa, ndice de riqueza
de Margalef, diversidade e equitatividade), foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilk (SW) a
fim de avaliar a sua normalidade.
Os tratamentos foram as quatro estaes de amostragem. Estas anlises tem como
objetivo verificar a influncia da localizao da estao de amostragem sobre a variabilidade
espacial oceanogrfica e ictioplanctnica durante o perodo de coleta.
Todas a anlises inferenciais foram realizadas atravs do programa BioEstat 5.3 (Ayres
et al., 2000).
3.4.3 Anlise Multivariada
Foi utilizado um mtodo multidimensional de ordenao, conhecido como anlise direta
de gradiente e a Anlise de Redundncia (RDA) sobre as matrizes do plncton e das variveis
ambientais. A RDA possui a finalidade de evidenciar a estrutura dos conjuntos de dados
oceanogrficos responsveis pela sua variabilidade.
Em seguida foi realizada a anlise de conglomerados para as famlias caractersticas e
estaes de amostragem com o objetivo de analisar o agrupamento dos indivduos em
conglomerados ou clusters. A anlise foi realizada pelo Mtodo de Agregao, que a medida
da distncia da base da anlise de conglomerados e Tipo de Distncia, onde a distncia na
anlise de conglomerados um parmetro para medir o grau de similaridade entre dois objetos.
Quanto menor a distncia mais similar sero os objetos e, portanto, aumenta a probabilidade de
pertencerem ao mesmo grupo.
As anlises de conglomerados foram realizadas atravs do programa BioEstat 5.3
(Ayres et al., 2000).
20
4 RESULTADOS E DISCUSSO
4.1 CARACTERIZAO AMBIENTAL
4.1.1 Diagrama T-S
As massas de gua presentes no eixo principal da BTS podem ser visualizadas no
diagrama T-S (Figura 2). Foi registrada a presena tanto de massa de gua Costeira, com
salinidade abaixo de 36, como de massa de gua Tropical, temperatura superior a 18 C e
salinidade maior que 36 (Garfield et al., 1990).
Figura 2: Diagrama T-S, obtido durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014, durante a mar de sizgia no
eixo central da Baa de Todos os Santos, Bahia.
A massa de gua Tropical foi formada somente nas duas primeiras campanhas, no
perodo de fevereiro/2013 e abril/2013. Enquanto a massa de gua Costeira foi formada, em
todas as outras campanhas durante o perodo de junho/2013 e abril/2014, entretanto, em
outubro/2013 e dezembro/2013, nos pontos 1 e 2, foi encontrada massa de gua Tropical.
Pereira (2013), durante as 12 campanhas, registrou a presena de massa de gua
Costeira e massa de gua Tropical entre as campanhas 1 at a 7, onde, de modo geral, apenas
na estao de amostragem 4 eram encontras massas de gua Costeira. Da campanha 8 at a 12
apenas massas de gua Tropical foram observadas.
A ocorrncia das massas de gua Tropical e gua Costeira devido as diferenas
sazonais de salinidade e temperatura na BTS (Cirano e Lessa, 2007). A gua Tropical parte
25
26
27
28
29
30
30 32 34 36 38 40
Tem
per
atu
ra
Salinidade
Diagrama T-S
gua Tropical
gua Costeira
21
do fluxo em direo ao sul da Corrente do Brasil, e adentra a baa nos meses de vero, enquanto
a gua Costeira formada no interior da baa em funo da elevao da pluviosidade e
consequente aumento da vazo estuarina, ou seja, se forma na BTS nos meses de inverno e
dificulta a entrada da gua Tropical (Mafalda et al., 2009; Mafalda Jr. et al. 2004b).
Fonseca (2018) identificou que na BTS, de modo geral, os tempos de mar vazante
inferiores aos de enchente e maiores velocidades de mar vazante, principalmente prximo a
superfcie e em mars de sizgia. O domnio das correntes de mar enchente junto ao fundo
menos observado em mars de sizgia, quando as velocidades de mar vazante so bastante
elevadas. De acordo com Friedrichs e Aubrey (1988) esse domnio de vazante pode ser
explicado pela troca ineficiente de gua entre as extensas regies intermareais. A diminuio
do domnio das mars de vazante em quadratura simultnea maior estratificao do fluxo
mdio na coluna dgua, devido menor mistura da coluna dgua promovida pela mar, assim
as velocidades mximas de enchente foram superiores s mximas velocidades de vazante.
Como o ictioplncton possui movimento limitado, est sujeito s massas de gua e
correntes marinhas, ou seja, as caractersticas hidrolgicas so muito importantes sobre em sua
distribuio (Ciechonski, 1981). A temperatura e a salinidade so fatores de extrema
importncia no controle da distribuio espacial e temporal da comunidade ictioplanctnica.
4.1.2 Variveis Hidrolgicas
Foi encontrada variabilidade espacial significativa entre as quatro estaes de
amostragem (Friedman, p
22
% Saturao de Oxignio (p) 0,05
Slica (M) (p)
23
Figura 3: Box-plot (amplitude, mediana) para as variveis fsico-qumicas da gua entre as estaes de coleta,
durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014, ao longo do eixo central da Baa de Todos os Santos, Bahia. a) temperatura, b) salinidade, c) turbidez, d) pH, e) % saturao de oxignio dissolvido.
A partir da estao 1, em direo a estao 4, possvel notar que houve um aumento
nos valores de temperatura, turbidez, slica e clorofila-a. Por se tratar de uma regio fechada e
mais rasa, a baa, quando comparada com a plataforma continental, por exemplo, possui uma
temperatura mais elevada. Alm disso, a BTS recebe a descarga de uma rea de drenagem
correspondente a 61.110 km (Lima e Lessa, 2002), ou seja, h a chegada de grandes
quantidades de sedimentos e nutrientes provenientes da costa, favorecendo o aumento da
24
turbidez e da produo primria, logo, h o aumento dessas variveis para dentro da baa e a
diminuio nos valores de salinidade, % saturao de oxignio e do pH.
A concentrao de oxignio no foi um fator limitante, apresentando-se sempre prximo
de 100% de saturao, o que tambm foi encontrado por Mafalda 2002 no norte da Bahia.
O pH mdio igual a 8,07, indica uma gua com forte influncia ocenica. Normalmente
o pH da gua ocenica situa-se entre limites muito estreitos (8,0 e 8,3), pois encontra-se
fortemente tamponado (Margalef, 1989).
Em consequncia do aumento da concentrao de nutrientes, a partir da vazo estuarina,
que, aliado a temperaturas elevadas, favorece o aumento da produo planctnica. (Mafalda Jr.
et al. 2004b).
Os valores de temperatura aumentaram da estao 1 em direo a estao 4, com
amplitude de 4,13. A estao de amostragem 1 apresentou a menor variabilidade, enquanto a
maior variabilidade foi apresentada pela estao de amostragem 2. A Salinidade diminui da
estao 1 em direo a estao 4, com amplitude de 7,73, apresentando menor variabilidade na
estao 1 e maior na estao 4.
Os valores de turbidez seguem o padro da temperatura, aumentam da estao 1 em
direo a estao 4, com amplitude 31,82. A estao 1 apresentou menor variabilidade e a
estao 4 maior variabilidade.
A saturao de oxignio, assim como os valores de salinidade, diminuram seus valores
da estao 1 em direo a estao 4, com amplitude 19,30, apresentando menor variabilidade
na estao 3 e maior na estao 4. Os valores de pH tambm diminuram da estao 1 em direo
a estao 4, com amplitude de 0,57. A estao 3 apresentou menor variabilidade e a estao 1
maior variabilidade.
Pereira (2013) encontrou os mesmos padres para temperatura e salinidade, ou seja, os
valores de temperatura aumentando da estao 1 em direo a estao 4, enquanto os valores
de salinidade diminuem da estao 1 em direo a estao 4.
25
Figura 4: Box-plot (amplitude, mediana) para as variveis fsico-qumicas da gua entre as estaes de coleta,
durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014, ao longo do eixo central da Baa de Todos os Santos, Bahia.
a) fosfato, b) slica, c) clorofila-a, d) nitrato. (Friedman
26
Semelhante a slica, os valores de clorofila-a tambm aumentaram da estao 1 em
direo a estao 4, com amplitude de 2,30. A estao 1 apresentou menor variabilidade e a
estao 4 maior variabilidade.
4.2 ICTIOPLNCTON
4.2.1 Composio Taxonmica
Foram capturadas um total de 573 larvas, onde 8 (1%) indivduos no foram
identificados (NI) e 49 (9%) indivduos foram identificados como recm eclodidos (RE).
Foram capturados 525 ovos, destes, 226 (43%) eram ovos circulares e 299 (57%) eram
ovos elpticos da famlia Engraulidae. Os indivduos identificados esto representados por 7
ordens, 17 famlias e 16 espcies (Tabela 2).
Pereira (2013) encontrou, em 12 campanhas, um total de 605 larvas e 4904 ovos. Os
indivduos identificados foram representados por 6 ordens, 18 famlias e 11 espcies. As
famlias encontradas durante as mars, sizgia e quadratura, foram comparadas. (Tabela 3).
Semelhante a Mafalda Jr. et al. (2008), que identificou na Baa de Todos os Santos 12
famlias, onde Carangidae, Sparidae, Engraulidae, Blenniidae, Gerreidae, Gobiidae,
compreenderam 85% do total de larvas de peixes, neste estudo, das 17 famlias encontradas, as
mais abuntantes (Gobiidae, Engraulidae, Sparidae, Carangidae, Haemulidae e Blenniidae)
compreendem 90% do total de larvas encontradas.
27
Tabela 2: Lista taxonmica das larvas de peixes coletados durante o perodo de fevereiro/2013 e abril/2014 no
eixo central da BTS durante a mar de sizgia, listados em ordem filogentica, segundo Nelson (1994), com
respectivo nome vulgar, habitat (D: demersal; P: pelgico), nmero de organismos encontrados (N) e seus
comprimentos mnimos (Mn), mximo (Mx) e mdio (Md).
Ordem Famlia Espcie Nome
Popular Habitat N (Mn-Mx; Md)
Clupeiformes Engraulidae Lycengraulis grossidens Manjubo P 129 (1.2-7.0; 3.2)
Clupeidae Sardinha P 3 (3.8-4.0; 3.93)
Atheriniformes Atherinopsidae Atherinella sp. Peixe-rei P 1 (3.5-3.5.0; 1.50)
Beloniformes Exocoetidae Peixe-voador P 3 (2.0-2.2; 2.07)
Syngnathiformes Syngnathidae Hippocampus sp cavalo-
marinho 1 (1.2-1.2; 1.2)
Perciformes
Carangidae
Oligoplites sp. Guaivira P
59 (1.2-7.0; 2.55) Chloroscombrus
chrysurus Palombeta P
Naucrates ductor Peixe-piloto P
Gerreidae Eucinostomus sp. Carapicu D 2 (2.5-5.0; 3.75)
Serranidae 1 (3.3-3.3; 3.3)
Haemulidae Cocoroca D 43 (1.0-2.4; 1.65)
Sparidae Archosargus
rhomboidalis Sargo D 82 (1.2-5.0; 2.14)
Labrisomidae Maria-da-toca D 5 (1.7-2.5; 2.02)
Pomacentridae Abudefduf saxatilis Sargentinho D 12 (1.0-3.2; 2.17)
Blenniidae Hypsoblennius sp. Maria-da-toca D 20 (1.8-4.0; 2.41)
Gobiidae Gobionellus sp. Amor D
134 (1.0-3.2; 1.79) Gobiosoma sp. D
Microdesmidae Microdesmus sp. D
6 (1.2-2.2; 1.69) Microdesmus longipinnis D
Pleuronectiformes Achiriidae Achirus lineatus Tapa D
5 (1.5-2.5; 2.0) Trinectes maculatus
Tetraodontiformes Tetradontidae D 10 (1.0-1.8; 1.44)
28
Tabela 3: Lista de comparao entre as famlias encontradas na mar de sizgia e quadratura no eixo central da
BTS. SIZGIA QUADRATURA
Achiriidae X X
Atherinopsidae X X
Blenniidae X X
Carangidae X X
Clupeidae X X
Engraulidae X X
Exocoetidae X X
Gerreidae X X
Gobiidae X X
Haemulidae X X
Hemiramphidae X
Labrisomidae X X
Microdesmidae X X
Myctophidae X
Pomacentridae X X
Sciaenidae X
Serranidae X
Sparidae X X
Sphyraenidae X
Syngnathidae X
Tetraodontidae X
N de famlias 17 18
A maioria das famlias estiveram presentes durante as duas mars, com exceo das
famlias Hemiramphidae, Myctophidae, Scianidae e Sphyraenidae que ocorreram apenas
durante a mar de quadratura, enquanto Serranidae, Syngnathidae e Tetraodontidae, ocorreram
apenas durante a mar de sizgia. Durante a mar de quadratura houve um maior nmero de
famlias.
4.2.2 Densidade (D)
Os grupos caractersticos com maior densidade mdia foram Gobiidae (163 org/m) e
Engraulidae (114 org/100m), seguidos por Haemulidae (84 org/100m), Carangidae (51
29
org/100m), Sparidae (44 org/100m), Blenniidae (34 org/100m) e Outros (9 org/100m)
(Figura 5).
Figura 5: Densidade mdia dos grupos caractersticos da comunidade ictioplanctnica, durante o perodo de
fevereiro/2013 e abril/2014, no eixo central da BTS.
A maioria das famlias observadas so comuns em ecossistemas estuarinos (Gobiidae)
e costeiros (Engraulidae) (Richards, 2005).
De acordo com a Figura 6, possvel notar que no h um padro para a entrada ou
sada da baa, ou seja, a comunidade ictioplanctnica no segue um padro nico.
163
114
84
5144
34
9
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Gobiidae Engraulidae Haemulidae Carangidae Sparidae Blenniidae Outros
Den
sid
ade
Md
ia (
org
/10
0m
)
Famlias
30
Figura 6: Densidade mdia dos grupos caractersticos da comunidade ictioplanctnica, por estao de
amostragem, no eixo central da BTS, durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014.
Altos valores so encontrados para as estaes amostrais 3 ou 1. A estao 3 est
localizada numa regio mais externa da baa, mais oligotrfica e a regio mais prxima sada
do rio Paraguau, sendo mais produtiva (DOMINGUEZ et al., 2009). Em frente BTS foi
identificado, por Santos (2014), ocorrncia de ressurgncia costeira, o que transporta para a
superfcie guas mais frias, com maior salinidade e nutrientes, o que pode resultar no
favorecimento da biota. A estao 1 a mais distante do interior da baa, est situada prxima
ao canal de Salvador, assim podendo sofrer influncia da ressurgncia.
Os Gobiidae compem uma grande proporo de peixes em ambientes marinhos e
estuarinos tropicais e temperados prximos costa, incluindo uma representao importante
em recifes tropicais (Thacker e Roje, 2011). As famlias Gobiidae e Haemulidae so indicadoras
do perodo seco. Este padro se deve a pequena vazo estuarina e consequente predomnio da
massa de gua Tropical nas duas primeira campanhas, de elevada salinidade (Mafalda et al.
2004a).
A famlia Engraulidae so comuns nas guas do Atlntico sudoeste (Bezerra-Junior et
al., 2011). Alm de serem facilmente encontrados na costa tropical do Brasil (Gurgel et al.,
2012), os adultos pertencem a um grupo maior de famlias importantes nos ecossistemas
costeiros do mundo (Silva e Arajo, 2000). Esses organismos exibem um hbito pelgico e
0
10
20
30
40
50
60
70
Den
sid
ade
Md
ia (
org
/m)
Famlias
#1
#2
#3
#4
31
usam essa regio para alimentao, desova e proteo (Bloom e Lovejoy, 2012; Coto et al.,
1988).
Pereira (2013) no possui clculos de densidade mdia para as famlias caractersticas.
As mdias das densidades totais larvas e ovos de peixe (Figura 7) no mostraram um
padro nico. Como pode ser visto, para as larvas de peixe houve uma diminuio da densidade
da estao 1 em direo a estao 2, em seguida houve um aumento em direo a estao 3 e,
novamente uma diminuio em direo a estao 4. Para os ovos de peixe o padro foi diferente.
Houve um aumento da densidade da estao 1 em direo a estao 2, em seguida houve uma
diminuio em direo a estao 3 e, novamente uma diminuio em direo a estao 4.
Figura 7: Mdia da densidade total (org/100m) das larvas (a) e ovos de peixe (b), durante o perodo de
fevereiro/2013 e abril/2014, ao longo do eixo central da Baa de Todos os Santos, Bahia.
Pereira (2013) no observou uma tendncia de aumento da densidade de larvas da
estao 1 para a estao 4, mas sim um pico de densidade na estao 3. J para ovos de peixe,
foi observada uma tendncia de aumento da densidade mdia da estao 1 para a estao 4, com
o pico de densidade tambm registrado no ponto 3.
4.2.3 Abundncia Relativa (Ar)
Para a determinao dos grupos caractersticos foi usado o clculo de Abundncia
Relativa percentual, no qual forneceu o critrio empregado na determinao dos grupos
caractersticos da assembleia ictioplanctnica. Assim, foram selecionadas aquelas famlias cuja
abundncia relativa foi superior a 3,7 %: Engraulidae, Carangidae, Sparidae, Haemulidae,
Rio Paraguau
Rio Paraguau
(a) (b)
32
Blenniidae e Gobiidae. O Gobiidae foi o grupo dominante (26%), seguido do Engraulidade
(25%), Sparidae (16%), Carangidae (11%), Outros (9%), Haemulidae (8%), e Blenniidae (4%),
respectivamente. (Figura 8).
Figura 8: Abundncia relativa dos grupos caractersticos da comunidade ictioplanctnica no eixo central da BTS,
durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014.
Pereira (2013) considerou as famlias Achiriidae, Blenniidae, Carangidae, Engraulidae,
Gobiidae, Haemulidae e Sparidae como caractersticos para a rea de estudo. Sparidae foi a
famlia mais abundante, representando 14% da abundncia total, seguido de Gobiidae,
Achiriidae, Haemulidae, Engraulidae, Blenniidae e Carangidae.
A famlia Achiriidae esteve presente apenas durante a mar de quadratura, enquanto que
as outras famlias caractersticas foram as mesmas, distinguindo-se apenas da ordem de
abundncia.
Em muitos esturios do mundo a famlia Engraulidae uma das mais abundantes (Tito
de Morais e Tito de Morais, 1994; Barletta-Bergan et al., 2002b). De acordo com Haedrich
(1983), os Engraulidae so mais abundantes em latitudes mais baixas. Da mesma forma, os
Gobiidae so abundantes em esturios do Caribe (Sanvicente-Aorve et al., 2003), Atlntico
tropical (Tito de Morais e Tito de Morais, 1994) e Indo-Ocidente do Pacfico (Blaber et al.,
1997). Larvas de Gobiidae e Carangidae tambm foram muito abundantes, pois tais organismos
so comuns em zonas tropicais com guas mais quentes (Daly et al., 2013; Arkhipov et al.,
2015).
26 25
16
119
8
4
0
5
10
15
20
25
30
Ab
un
dn
cia
Rel
ativ
a (%
)
Famlias
33
Peixes estuarinos usam os esturios como reas de alimentao, de criao de larvas e
juvenis ou para a reproduo (Blaber, 2000). A regio estuarina da BTS uma rea de muita
importncia para desova e desenvolvimento de diversas espcies de peixes como Gobiidae,
Engraulidae, Blenniidae, Carangidae e Clupeidae (Katsuragawa et al., 2011). O que se
assemelha com os resultados encontrados nesse trabalho, com exceo, apenas, da famlia
Clupeidae.
No eixo central da BTS foi encontrado uma maior abundncia de famlias com hbitos
demersais (54%), as famlias com hbitos pelgios obtiveram uma menor abundncia (36%) e
Outros com 9%. Este resultado tambm foi encontrado por autores como Katsuragawa et al.,
(1993), Mafalda Jr. (2008) e Santos, (2012) que encontraram uma maior abundncia de famlias
com hbitos demersais a pelgicos. Assim, possvel notar a dominncia de larvas com hbitos
demersais na grande maioria dos sistemas estuarino-costeiros, enquanto a participao de
familias pelgicas aumenta com o afastamento da costa. (Pereira, 2013).
4.2.4 Frequncia de Ocorrncia (FO)
A Frequncia de Ocorrncia dos grupos caractersticos teve como base a escala de
Neumann-Leito (1994). Nenhum grupo apresentou FO% superior a 70%. Os grupos
caracterizados como frequentes (FO = 70%-40%) foram Engraulidae (FO= 66%); Gobiidae
(FO=63%); Sparidae (FO=59%); Carangidae (FO=56%); Outros (53%). Como pouco
frequentes (FO= 40%-10%) foram caracterizados os grupos Blenniidae (38%) e Haemulidae
(FO=34%) (Figura 9).
34
Figura 9: Frequncia de ocorrncia dos grupos caractersticos da comunidade ictioplanctnica no eixo central da
BTS, durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014.
Pereira (2013) classificou como muito frequentes as famlias Sparidae, Haemulidae,
Gobiidae, Blenniidae e Carangidae, enquanto que a famlia Engraulidae como frequente.
Achiriidae foi a nica famlia classificada como pouco frequente. O que se assemelha com o
resultado encontrado durante a mar de sizgia.
4.3 VARIABILIDADE ESPACIAL DO PLNCTON
No foi encontrada diferena significativa na variabilidade espacial (Tabela 4) entre as
quatro estaes de amostragem (Friedman, p>0,05).
6663
5956
53
3834
0
20
40
60
80
Engraulidae Gobiidae Sparidae Carangidae Outros Blenniidae Haemulidae
Fre
qun
cia
de
Oco
rrn
cia
(%)
Famlias
35
Tabela 4: Resultados da mediana das variveis ictioplanctnicas, do Teste de Friedman e do Teste de
Comparaes Mltiplas (p-valor), para o estudo da variabilidade espacial (estaes de amostragem: 1, 2, 3 e 4),
durante o perodo de fevereiro/2013 e abril/2014, durante a mar de sizgia, no eixo central da Baa de Todos os
Santos, Bahia.
1 2 3 4 Friedman
Biovolume (ml/m3) 2.13 2.425 4.575 2.69 (p) >0,05
Ovos de peixes (org/100 m3) 10 30.305 7.385 2 (p) >0,05
Larvas de peixes (org/100 m3) 150.645 37.725 140 20.695 (p) >0,05
Riqueza especfica 5.5 3 4.5 2.5 (p) >0,05
Riqueza de Margalef 0.7698 0.6213 1.0805 0.8746 (p) >0,05
Equitatividade 0.815 0.76 0.81 0.915 (p) >0,05
Diversidade 0.525 0.435 0.485 0.3 (p) >0,05
A variabilidade espacial da comunidade ictioplanctnica no possui um padro nico.
Como pode ser visto, por exemplo, o biovolume aumenta da estao 1 a 3 e em seguida, para a
estao 4, diminui. H uma semelhana entre as larvas de peixe, riqueza especfica, riqueza de
Margalef e diversidade, pois h a diminuio da estao 1 para a estao 2, em seguida, para a
estao 3 ocorre um aumento, enquanto que ao seguir para a estao 4 h uma nova diminuio.
Os ovos de peixe ocorre um aumento da estao 1 para a estao 2, e segue em uma diminuio
at a estao 4. H uma diminuio da equitatividade da estao 1 para a estao 2, mas em
seguida h um aumento at a estao 4.
Pereira (2013) no encontrou diferena significativa espao-temporal para biovolume,
ovos de peixe, larvas de peixe, riqueza especfica e riqueza de Margalef. Enquanto foi
encontrada diferena significativa para equitatividade e diversidade apenas na variao
temporal, mas no para variao espacial. Alm disso, a comunidade ictioplanctnica tambm
no possui um padro nico de transporte.
A anlise estatstica descritiva, envolvendo resultados de mdia, desvio padro e
amplitude, para as variveis do plncton pode ser visualizada nos box-plots apresentados na
Figura 10.
36
37
Figura 10: Box-plot (amplitude e mediana) para as variveis planctnicas e biolgicas entre as estaes de
amostragem, durante o perodo de fevereiro/2013 e abril/2014, ao longo do eixo central da Baa de Todos os
Santos, Bahia. a) biovolume de zooplncton, b) densidade dos ovos de peixes, c) densidade das larvas de peixes,
d) riqueza especfica, e) riqueza de Margalef, f) equitatividade e g) diversidade. (Friedman P < 0,05).
Os valores para as variveis planctnicas no apresentaram um padro nico, alm
disso, foram encontrados valores 0 em todas as variveis, ou seja, suas amplitudes so os
prprios valores mximos.
Para o biovolume e densidade de larvas de peixe a maior variabilidade foi encontrada
na estao 3 e a menor na estao 2. Foi encontrada maior variabilidade na estao 2 e menor
na estao 4 para densidade de ovos de peixe. A riqueza especfica e riqueza de Margalef
apresentaram maior variabilidade na estao 4 e menor na estao 1. Enquanto para
equitatividade e diversidade a maior variabilidade foi encontrada na estao 2 e a menor na
estao 1.
4.4 DISTRIBUIO DE FREQUNCIA DO COMPRIMENTO LARVAL
O comprimento das larvas de peixe aumentou da estao 1 em direo a estao 4
(Figura 11). Entretanto, a BTS considerada um berrio, ou seja, uma importante rea de
38
desova e desenvolvimento de muitas espcies de peixes (Katsuragawa et al., 2011). Logo, o
esperado seria encontrar organismos com tamanhos menores nos pontos mais internos da baa,
e aumentar em direo ao Canal de Salvador. Contudo, no houve diferena significativa entre
os tamanhos, visto que foi de poucos milmetros.
Estas regies costeiras adjacentes a grandes esturios e deltas apresentam condies
favorveis para o desenvolvimento de espcies de peixes residentes e migratrios que estas
reas como viveiros e proteo para seus ovos e larvas (Coser et al., 2007; Ara et al., 2011).
Deve-se levar em considerao que a rede utilizada para a coleta foi de 200m, ou seja,
foi coletada uma comunidade ictioplanctnica com tamanhos menores, alm de larvas em pr-
flexo e em desenvolvimento.
Figura 11: Mdia do comprimento das larvas de peixe, durante o perodo de fevereiro/2013 e abril/2014, ao longo
do eixo central da Baa de Todos os Santos, Bahia.
4.5 ANLISE DIRETA DE GRADIENTE DO TIPO ANLISE DE REDUNDNCIA
O RCA foi aplicado para as variveis hidrolgicas em todas as oito campanhas, durante
o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014. O diagrama de ordenao para as variveis
Rio Paraguau
39
hidrolgicas foi elaborado e possvel notar uma separao entre as estaes de amostragem e
o gradiente oceanogrfico (Figura 12).
Figura 12: Diagrama de ordenao da Anlise de Redundncia para a massa de gua e ictioplncton, entre o
perodo de fevereiro/2013 e abril/2014, ao longo do eixo principal da BTS, Bahia. (O primeiro algarismo
corresponde s campanhas 1 a 8, enquanto que o segundo algarismo corresponde s estaes de amostragem 1 a
4).
Houve a formao de dois grupos distintos, onde do lado esquerdo do diagrama, houve
a concentrao das campanhas 1, 2, 6 e 8 (I), enquanto as campanhas 3, 4 5 e 7 (II)
concentraram-se do lado direito, assim podemos notar que as variveis temperatura, salinidade
e turbidez exercem uma maior influncia no grupo I em relao ao grupo II.
Com base na formao desses dois agrupamentos foi realizado o Teste de Mann-
Whitney, para os dois grupos, com os valores da pluviosidade observada durante as campanhas.
Os dados pluviomtricos observados durante o perodo de estudo pode ser visualizado na
Tabela 5, enquanto a Tabela 6 mostra os resultados do Teste de Mann-Whitney.
O resultado do teste mostrou o valor de p superior a 0,05, evidenciando que no houve
diferena significativa entre o grupo I e II. Mas, a partir dos resultados da mediana, nota-se que
TMC (p>0,05)
61%
35%
40
no grupo I houve menores valores de pluviosidade, ou seja, o grupo I foi mais seco em
comparao ao grupo II. Esse resultado pode ser identificado no diagrama ao notar que
houveram maiores valores de temperatura, salinidade e turbidez no grupo I.
Tabela 5: Valores da pluviosidade encontrada durante a mar de sizgia, no perodo de fevereiro/2013 e
abril/2014, no eixo central da BTS.
CAMPANHAS PLUVIOSIDADE (mm)
1 29
2 231
3 308
4 211
5 209
6 158
7 143
8 107
Tabela 6: Resultado Teste de Mann-Whitney para os valores de pluviosidade encontrados durante a mar de
sizgia, no perodo de fevereiro/2013 e abril/2014, no eixo central da BTS.
Grupos I II
Mediana 132.5 210
p-valor (bilateral) = 0.2482
O diagrama de ordenao foi elaborado com os dois primeiros componentes principais do
PCA que explicaram 96% da variao percentual acumulada da relao entre as estaes de
amostragem, ictioplncton e as varveis hidrolgicas. A variabilidade na composio de larvas de
peixe no puderam ser explicadas pelo gradiente oceanogrfico, pois a composio
ictioplanctnica no seguiu um padro nico. Com isso, foi realizado a Anlise de Conglomerados,
a fim de entender a relao, se houver, entre as famlias caractersticas e as estaes de
amostragem.
4.6 ANLISE DE CONGLOMERADOS
Para a anlise de comparao entre a comunidade do ictioplncton, foi realizada a
Anlise Multivariada de Conglomerados com o intuito de medir o grau de similaridade entre os
grupos caractersticos, assim agrupando os grupos similares.
possvel observar que no h uma grande similaridade entre as famlias, entretanto,
nota-se que houve trs agrupamentos: Engraulidae e Gobiidae (80%); Carangidae e Sparidae
41
(70%); Haemulidae e Blenniidae (50%). A menor distncia est entre Haemulidade e
Blenniidae, aproximadamente 50%. Enquanto que a maior distncia est entre Sparidae e
Gobiidae, 100% de distncia. (Figura 13).
Figura 13: Diagrama de comparao entre as famlias caractersticas, durante o perodo de fevereiro/2013 e
abril/2014, no eixo central da BTS, Bahia.
Pode-se notar que no h um padro nico, ou seja, no h grande similaridade entre as
estaes de amostragem (Figura 14). A menor distncia est entre os pontos 14 e 24, que se
assemelham tambm por serem a mesma estao amostral e serem as nicas campanhas a ter a
entrada de gua Tropical. Enquanto a maior distncia est entre os pontos 31 e 63.
42
Figura 14: Diagrama de comparao entre as estaes de amostragem, durante o perodo de fevereiro/2013 e
abril/2014, no eixo central da BTS, Bahia.
5 CONCLUSES
No eixo central da BTS, durante o perodo entre fevereiro/2013 e abril/2014, o gradiente
oceanogrfico foi formado pela presena de duas massas de gua distintas, a massa de gua
Costeira (salinidade menor que 36) e gua Tropical, com elevada temperatura e salinidade.
Foram identificados 7 ordens, 17 famlias e 16 espcies da comunidade ictioplanctnica,
onde os grupos caractersticos com maior densidade, abundncia relativa e frequncia de
ocorrncia foram Gobiidae e Engraulidae.
A comunidade ictioplanctnica no apresentou variabilidade espacial para nenhum dos
ndices estruturais investigados.
Durante a mar de sizgia foi possvel identificar as espcies indicadoras de massas de
gua Costeira de origem tropical, enquanto na mar de quadratura tambm foram encontradas
indicadores de gua Ocenica e de gua Profunda.
A variabilidade na composio de larvas de peixe no puderam ser explicadas pelo
gradiente oceanogrfico, pois a composio ictioplanctnica no seguiu um padro nico.
43
De modo geral, a estrutura da comunidade ictioplanctnica foi semelhante entre as duas
mars, assim como a Abundncia Relativa, Frequncia de Ocorrncia e Densidade, no qual
apenas na densidade houve uma diferena pois foi encontrado um padro no aumento da
densidade de ovos de peixe da estao 1 em direo a estao 4.
Durante a mar de quadratura, houve o domnio da massa de gua Tropical, enquanto
durante a mar de sizgia a massa de gua Costeira dominou. Foram encontrados os mesmos
padres para temperatura e salinidade para as duas mars.
6 REFERNCIAS
LVAREZ, I., RODRGUEZ, J.M., CATALN, I.A., HIDALGO, M., LVAREZ-
BERASTEGUI, D., BALBN, R., APARICIO-GONZLEZ, A., ALEMANY, F., 2015.
Larval fish assemblage structure in the surface layer of the Northwestern Mediterranean
under contrasting oceanographic scenarios. J. Plankton res. 17,
http://dx.doi.org/10.1093/plankt/fbv055.
ARA, R., ARSHAD, A., MUSA, L., AMIN, S.M.N., KUPPAN, P., 2011. Feeding
habits of larval fishes of the family Clupeidae (Actinopterygii: clupeiformes) in the
estuary of river Pendas, Johor, Malaysia. J. Fish. Aquat. Sci. 6, 816.
ARKHIPOV, A.G., MAMEDOV, A.A., SIMONOVA, T.A., SHNAR, V.N., 2015.
Species composition and features of ichthyoplankton distribution in the waters of Senegal
and Guinea-Bissau. J. Ichthyol. 55, 346354.
AYRES, M., AYRES JR. M., AYRES, D.L., SANTOS, A.S., 2000. Bioestat 2.0.
Aplicaes estatsticas nas reas das cincias biolgicas e mdicas. Belm, sociedade civil
mamirau, 272p.
BAKUN A., 1996. Patterns in the ocean. Ocean processes and marine population
dynamics. San diego, california, usa: university of california sea grant, in cooperation with
centro de investigaciones biologicas de noroeste, la paz, baja california sur, mexico: 323.
BARLETTA-BERGAN, A., BARLETTA, M. & SAINT-PAUL, U., 2002B. Structure
and seasonal dynamics of larval fish in the Caete river estuary in North Brazil. Estuarine,
coastal and shelf science 54, 193206.
http://dx.doi.org/10.1093/plankt/fbv055
44
BASILONE G., BONANNO A., PATTI B., MAZZOLA S., BARRA M., CUTTITTA
A., MCBRIDE R., 2013. Spawning site selection by European Anchovy (Engraulis
encrasicolus) in relation to oceanographic conditions in the strait of sicily. Fisheries
oceanography, 22, 309323.
BEZERRA-JUNIOR, J.L., DIAZ, X.G., NEUMANN-LEITO, S., 2011. Diversidade
de larvas de peixes das reas internas e externas do Porto de Suape (Pernambuco-Brazil).
Trop. Oceanogr. 39, 113.
BLABER, S. J. M., FARMER, M. J., MILTON, D. A., PANG, J. & BOON-TECK, O.,
1997. The ichthyoplankton of selected estuaries in sarawak and sabah: composition,
distribution and habitat affinities. Estuarine, coastal and shelf science 45, 197208.
BLABER, S.J.M., 2000. Tropical estuarine fishes: ecology, exploitation and
conservation. Queensland, blackwell science, 372p.
BLOOM, D.D., LOVEJOY, N.R., 2012. Molecular phylogenetics reveals a pattern
of biome conservatism in new world anchovies (family Engraulidae). J. Evol. Biol. 25, 701
715.
BOEHLERT G.W., MUNDY B.C., 1993. Ichthyoplankton assemblages at
seamounts and oceanic islands. Bulletin of marine science, 53, 336361.
BOEING W.J., DUFFY-ANDERSON J.T., 2008. Ichthyoplankton dynamics and
biodiversity in the Gulf of Alaska: responses to environmental change. Ecological
indicators, 8, 292302.
BONANNO, A., ZGOZI, S., CUTTITTA, A., EL TURKI, A., DI NIERI, A., GHMATI,
H., BASILONE, G., ARONICA, S., HAMZA, M., BARRA, M., 2013. Influence of
environmental variability on Anchovy early life stages (engraulis encrasicolus) in two
different areas of the Central Mediterranean Sea. Hydrobiologia, 701: 273-287.
CARNEY, J., GILLESPIE, T.W., ROSOMOFF, R., 2014. Assessing forest change in
a priority West African mangrove ecosystem: 19862010. Geoforum 53, 126135.
Http://dx.doi.org/10.1016/j.geoforum.2014.02.013.
http://dx.doi.org/10.1016/j.geoforum.2014.02.013
45
CIECHOMSKI, J. D. ICTIOPLNCTON. IN: BOLTOVOSKOY, D. (ED.)., 1981.
Atlas del zooplancton del Atlantico Sudoccidental y metodos de trabajo con el zooplancton
marino. Mar del plata: inidep. P. 829-860.
CIRANO, M.; LESSA, G. C., 2007. Oceanographic characteristics of Baa de Todos
os Santos, Brazil. Revista brasileira de geofsica, v. 25, p. 363-387.
COSER, L.M., PEREIRA, B.B., JOYEUX, J.C., 2007. Descrio da comunidade
ictioplanctnica e sua distribuio espacial no esturio dos rios Piraqu-Au e Piraqu-
Mirim, Aracruz, ES, Brasil. Interciencia 32, 233241.
COTO, C.F., LUNA, A.O., CALVO, A.L., GARCIA, F.Z., 1988. Abundancia de
algunas espcies de Anchoas en la laguna de trminos (Mxico), estimada a travs de la
captura de huevos. Ann. Inst. Cinc. Mar limnol. Univ. Autn. Mx. 15.
CRA Centro de Recursos Ambientais, 2001. Avaliao das guas costeiras
superficiais. Relatrio tcnico, avaliao ambiental. Salvador, Ba.
DALY, E.A., AUTH, T.D., BRODEUR, R.D., PETERSON, W.T., 2013. Winter
ichthyoplankton biomass as a predictor of early summer prey fields and survival of
juvenile salmon in the Northern California Current. Mar. Ecol. Prog. Ser. 484, 203217.
DOMINGUEZ, J.M.L. & BITTENCOURT, A.C.S.P. geologia. In: hatje, v. & andrade,
j.b. (org.). Baa de Todos os Santos: aspectos oceanogrficos. Salvador: edufba; 2009. 1:121-
156.
FAHAY, M.P. 1983. Guide to the early stages of marine fishes occurring in the
Western North Atlantic Ocean, cape hattaras to the southern scotian shelf. Journal
Northwest Atlantic fishing science, 4: 1-423.
FONSECA, L.S. 2018. A INFLUNCIA DA CIRCULAO GRAVITACIONAL
E AO DAS ONDAS NO TRANSPORTE DE SEDIMENTOS POR TRAO NA
BAA DE TODOS OS SANTOS. Trabalho de monografia, curso de Oceanografia,
Universidade Federal da Bahia.
FRANCO, B.C., MUELBERT, J.H., MATA, M., 2006. Mesoscale physical processes
and the distribution and composition of ichthyoplankton on the Southern Brazilian shelf
break. Fish. Oceanogr. 15, 3743. Http://dx.doi.org/10.1111/j.1365- 2419.2005.00359.x.
http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-%202419.2005.00359.x
46
FRIEDRICHS, C. T. & AUBREY, D. G., 1988, Nonlinear tidal distortion in shallow
well-mixed estuaries: a synthesis, Estuarine, Coastal and Shelf Science 21,521-545.
GARFIELD III, n. 1990. The Brazil current at Subtropical latitudes. Thesis (doctor
of philosophy), University of Rhode Island. 122pp.
GIANNOULAKI M., IGLESIAS M., TUGORES M.P., BONANNO A., PATTI B., DE
FELICE A., LEONORI I., BIGOT J.L., TICINA V., PYROUNAKI M.M., TSAGARAKIS K.,
MACHIAS A., SOMARAKIS S., SCHISMENOU E., QUINCI E., BASILONE G.,
CUTTITTA A., CAMPANELLA F., MIQUEL J., ONATE D., ROOS D., VALAVANIS V.
(2013). Characterizing the potential habitat of european anchovy engraulis encrasicolus
in the mediterranean sea, at different life stages. Fisheries Oceanography, 22, 6989.
GIRI, C., LONG, J., ABBAS, S., MURALI, R.M., QAMER, F.M., PENGRA, B.,
THAU, D., 2015. Distribution and dynamics of mangrove forests of south asia. J. Environ.
Manag. 148, 101111. Http://dx.doi.org/10.1016/j.jenvman.2014.01.020.
GURGEL, T.A.B., OLIVEIRA, M.R., BRASIL, D.F., CHELLAPPA, S., 2012. Peixes
marinhos das guas costeiras de ponta negra, rio grande do norte, brasil. Biota amazon 2,
8397.
HATJE, V. & ANDRADE, J.B. 2009. Baa de Todos os Santos: Aspectos
Oceanogrficos. Salvador: edufba.
HINCKLEY, S., HERMANN, A. J., MIER, K. L., AND MEGREY, B. A., 2001.
Importance of spawning location and timing to successful transport to nursery areas: a
simulation study of Gulf of Alaska walleye pollock. Ices journal of Marine Science, 58: 1042-
1052.
HSSY, K., HINRICHSEN, H. H., AND HUWER, B., 2012. Hydrographic influence
on the spawning habitat suitability of western baltic cod (gadus morhua). Ices journal of
Marine Science, 69 (10): 1736-1743.
JOHNSTON, I.A., VIEIRA, V., AND TEMPLE, G. K., 2001. Functional
consequences and population differences in the developmental plasticity of muscle to
temperature in Atlantic herring clupea harengus. Marine ecology progress series, 213: 285-
300.
http://dx.doi.org/10.1016/j.jenvman.2014.01.020
47
KATSURAGAWA, M., MATSUURA, Y., SUZUKI, K.D.J.F. & SPACH, H.L. 1993.
O ictioplncton ao largo de ubatuba, sp: comnposio, distribuiao e ocorrencia sazonal
(1985-1988). Bolm. Inst. Oceanogr, So Paulo, 10: 85-121.
KATSURAGAWA, M., ZANI-TEIXEIRA, M. L., GOALO, C. G., OHKAWARA,
M. H. & ITAGAKI, M. K. 2011. Ichthyoplankton distribution and abundance in the 48
Northern Todos os Santos and Camamu Bays, Bahia state. Brazil. Brazilian journal of
oceanography, 59 (1): 97-109.
KERR, L.A., CADRIN, S.X., SECOR, D.H., 2010. The role of spatial dynamics in
the stability, resilience, and productivity of an estuarine fish population. Ecol. Appl. 20,
497507.
KOCHED, W.K., ALEMANY, F., ISMAIL, S.B., BENMESSAOUD, R., HATTOUR,
A., GARCIA, A., 2015. Environmental conditions influencing the larval fish assemblage
during summer in the Gulf of Gabes (tunisia: south central mediterranean). Mediterr. Mar.
Sci. 16, 666681. Http://dx.doi.org/10.12681/mms.1158.
LEIS, J.M. & REMMIS, D.S. 1983. The larvae of indo-pacific coral reef fishes. New
South wales university press, Sydney, 269p.
LEIS, J.M., 2007. Behaviour as input for modelling dispersal of fish larvae:
behaviour, biogeography, hydrodynamics, ontogeny, physiology and phylogeny meet
hydrography. Marine Ecology progress series, 347: 185-193.
LEPS, A., SMILAUER, P. CANOCO. Reference manual users guide to canoco for
windows. Ithaca, Microcomputer Power, 1998. 352 p.
LESSA, G.C., CIRANO, M., TANAJURA, C.A.S. & SILVA, R.R. 2009.
Oceanografia Fsica. In: HATJE V. & ANDRADE, J.B. (org). Baa de Todos os Santos:
aspectos oceanogrficos. Salvador: edufba; 2009. 1:68-119.
LIMA, G. M. P. E LESSA, G. C., 2002. The freshwater discharge in todos os santos
bay and its significance to the general water circulation. Revista pesquisas. Porto Alegre
(RS), v. 28, p. 85-98.
http://dx.doi.org/10.12681/mms.1158
48
LOPES, C.L. 2006. Variao espao-temporal do ictioplncton e condies
oceanogrficas na regio de cabo frio. Tese de Doutorado, Instituto Oceanogrfico da
Universidade de So Paulo, So Paulo, 226p.
LOPES, R. M; DIAS, J. F & GAETA, A. S. 2009. Ambiente pelgico. In: HATJE V.
& ANDRADE, J.B. (org). Baa de Todos os Santos: aspectos oceanogrficos. Salvador, edufba,
304p.
LOWE-MCCONNEL, R.H. 1999. Estudos ecolgicos de comunidades de peixes
tropicais. Editora da USP, So Paulo. 535pp.
MAFALDA JR. P.; SOUZA, P. M. M.; SILVA, E M., 2002a. Estrutura hidroqumica
e biomassa planctnica no norte da Baa de Todos os Santos, Bahia, Brasil. Tropical
Oceanography, Recife, v. 30, n. 2, p. 117-137.
MAFALDA JR., P, SINQUE, C., MUELBERT, J. H., SOUZA, C. S. 2004a.
Distribuio e abundncia do ictioplncton na costa norte da Bahia, Brasil. Tropical
Oceanography, Recife, 32 (1): 69-88.
MAFALDA JR., P., SINQUE, C., BRITO, R. R. C. & SANTOS, J. J. 2004B. Biomassa
planctnica, hidrografia e pluviosidade na costa Norte da Bahia, Brasil. Tropical
Oceanography, Recife, 32 (2):145-160.
MAFALDA JUNIOR et al. Oceanografia Biolgica: Biomassa Zooplanctnica na
ZEE da Regio Nordeste do Nordeste do Brasil. In: Fbio Hissa Vieira Hazin. (Org.).
Coleo PROGRAMA REVIZEE SCORE NORDESTE. Fortaleza: Martins & Cordeiro Ltda,
2009, v. 2, p. 27-47.
MAFALDA JUNIOR, P. O., SOUZA, C.S., VELAME, M.P.B., 2008. Fish larvae
assemblage of a coastal area under influence of petrochemical activities, in Todos os
Santos bay, Bahia, Brazil. Aquatic ecosystem health and management. V. 11, p. 457-464.
MALTEZ, L.C.; MAFALDA, P.O.; NEUMANN-LEITO, S. Influence of
oceanographic seasonality and dredging activities on the fish larvae assemblage in the
Port of Aratu, Todos os Santos Bay. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology,
v. 18, n. 2, p. 1-10, 2014.
49
MANEZ, K.S., KRAUSE, G., RING, I., GLASER, M., 2014. The gordian knot of
mangrove conservation: disentangling the role of scale, services and benefits. Glob.
Environ. Change 28, 120128. Http://dx.doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2014.06. 008.
MARGALEF, R. 1958. Information theory in ecology. Gen. Syste, 3: 36-71.
MARGALEF, R., 1989. Ecologia. Barcelona: ediciones omega. 951 p.
MCGURK M.D., 1986. Natural mortality of marine pelagic fish eggs and larvae:
role of spatial patchiness. Marine Ecology progress series, 34, 227242.
MOSER, H.G. & SMITH, P.E. 1993. Larval fish assemblage and oceanic
boundaries. Bull.mar.sci., 53(2):283-289.
MUHLING, B.A., BECKLEY, L.E., KOSLOW, J.A., PEARCE, A.F., 2008. Larval
fish assemblages and water mass structure off the oligotrophic South-Western Australian
Coast. Fish. Oceanogr. 17, 1631. Http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-2419.2007.00452. X.
NAVARRO-RODRIGUEZ, M.C., GUEVARA, L.F.G., FLORES-VARGAS, R.,
RUELAS, M.E.G. & GONZLEZ, F.M.C., 2006. Composicin y variabilidad del
ictioplancton de la laguna el quelele, nayarit, Mxico. Revista de Biologa Marina y
Oceanografia, 41(1): 35- 43.
NEUMANN-LEITO S., 1994. Impactos antrpicos na comunidade zooplanctnica
estuarina. Porto de Suape PE Brasil. Tese de Doutorado, Escola de Engenharia de So
Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos. 273p.
PALOMERA I., OLIVAR M.P., SALAT J., SABATES A., COLL M., GARCIA A.,
MORALES-NIN B., 2007. Small pelagic in the NW Mediterranean sea: an ecological
review. Progress in oceanography, 74, 377396.
PAREDES, JF. 1991. Evaluation of the environmental effects of the industrial
effluents from Tibrs Titnio do Brasil in the area under influence of its underwater
outfalls. International specialized conference on marine disposal system, Lisboa. P.105-125.
PATTRICK, P., STRYDOM, N.A., 2008. Composition, abundance, distribution and
seasonality of larval fishes in the shallow nearshore of the proposed greater addo marine
reserve, Algoa bay, South Africa. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 79: 251-262.
http://dx.doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2014.06.%20008
50
PEREIRA, M. A. G. 2008. Caracterizao da hidrodinmica do Canal de Cotegipe
Baa de Aratu (Baa de Todos os Santos, Ba). Trabalho de monografia, curso de
Oceanografia, Universidade Federal da Bahia, 11-15pp.
PEREIRA, X. S. 2013. A influncia da estrutura oceanogrfica na disperso do
ictioplncton na Baa de Todos os Santos, Bahia. Trabalho de monografia, curso de
Oceanografia, Universidade Federal da Bahia.
PIELOU, E. C. 1984. The interpretation of ecological data: a primer on
classification and ordination. Wiley, new york, 263p.
PIELOU, E. C. Mathematical ecology. New york: j. Wiley, 1977. 385 p.
RICHARDS, W. J. 2006. Early stages of atlantic fishes: an identification guide for
the Western Central North Atlantic. Crc press, Boca Raton, Florida, 2640 p.
SABATS, A., OLIVAR, M., PILAR, S., JORDI, P.I., ALEMANY, F., 2007. Physical
and biological processes controlling the distribution of fish larvae in the NW
Mediterranean. Prog. Oceanogr. 74, 355376.
Http://dx.doi.org/10.1016/j.pocean.2007.04.017.
SNCHEZ-VELASCO, L., VALDEZ-HOLGUIN, J. E., SHIRASAGO, B.,
CISNEROS-MATA, M. A., AND ZARATE, A., 2002. Changes in the spawning
environment of Sardinops caeruleus in the Gulf of California during El Nio 19971998.
Estuarine, coastal and shelf science, 54: 207-217.
SANDILYAN, S., KATHIRESAN, K., 2015. Mangroves as bioshield: an
undisputable fact. Ocean coast. Manage. 103, 9496.
Http://dx.doi.org/10.1016/j.ocecoaman.2014. 11.011.
SANTOS, F.M., 2014. Ressurgncia costeira localizada na regio de formao da
corrente do brasil (13os). Dissertao (mestrado em geofsica) - Universidade Federal da
Bahia.
SANTOS, R.V.S. 2012. Variao espacial e temporal de ovos e larvas de peixes em
um esturio tropical. Dissertao de mestrado, Programa de Ps-graduao em Recursos
Pesqueiros e Aquicultura. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. 44p.
https://www.bdpa.cnptia.embrapa.br/consulta/busca?b=ad&id=217295&biblioteca=vazio&busca=autoria:%22PIELOU,%20E.%20C.%22&qFacets=autoria:%22PIELOU,%20E.%20C.%22&sort=&paginacao=t&paginaAtual=1
51
SANVICENTE-AORVE, L., HERNNDEZ-GALLARDO, A., GMEZ-
AGUIRRE, S. & FLORES-COTO, C., 2003. Fish larvae from a caribbean estuarine system.
In the big fish bang. Proceedings of the 26th Annual Larval Fish Conference (browman, h. I.
& skiftesvik, a. B., eds).
SCHUHMANN, P.W., MAHON, R., 2015. The valuation of marine ecosystem goods
and services in the caribbean: a literature review and framework for future valuation
efforts. Ecosyst. Serv. 11, 5666. Http://dx.doi.org/10.1016/j.ecoser. 2014.07.013.
SILVA, M.A., ARAJO, F.G., 2000. Distribution and relative abundance of
anchovies (clupeiformes-engraulididae) in the Sepetiba bay, Rio de Janeiro, Brazil. Braz.
Arch. Biol. Technol. 43, 17.
SOMARAKIS S., PALOMERA I., GARCIA A., QUANTANILLA L.,
KOUTSIKOPOULOS C., MOTOS L., 2004. Daily egg production of anchovy in European
waters. Ices journal of marine science, 61, 944958.
SUTHERS, I.M.; RISSIK, D., 2009. Plankton: a guide to their ecology and
monitoring for water quality. Collingwood, vic.: Csiro Publishing.
THACKER, C.E., ROJE, D.M., 2011. Phylogeny of Gobiidae and identification of
Gobiid lineages. Syst. Biodivers. 9, 329347.
TITO DE MORAIS, A. & TITO DE MORAIS, L., 1994. The abundance and diversity
of larval and juvenile fish in a tropical estuary. Estuaries 17, 216.
TSIKLIRAS A.C., ANTONOPOULOU E., STERGIOU K.I., 2010. Spawning period
of Mediterranean marine fishes. Reviews in fish biology and fisheries, 20, 499538.
VALENTIN, J. L. 2000. Ecologia numrica. Rio de janeiro, Editora intercincia.
ZHOU, Q., ZHANG, J., FU, J., SHI, J., JIANG, G. Biomonitoring: an appealing tool
for assessment of metal pollution in the aquatic ecosystem. Analytica chimica acta, v. 606,
n. 2, p. 135150. 2008.
http://dx.doi.org/10.1016/j.ecoser.%202014.07.013