Transporte Pneumático

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ANDERSON FRASSON DE FONTES 02.58036-5 ANDRÉ BARBIERI 02.58043-8 HENRIQUE CALOCA 01.57223-7 JÚLIO CÉSAR FINATELLI 02.58251-0 KILDER STABILE 02.58259-7 TRANSPORTE PNEUMÁTICO Trabalho de Graduação apresentado à Escola de Engenharia Mauá do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro de Controle e Automação. Área de concentração: Mecânica dos Fluidos Orientador: João Carlos Martins Coelho

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ANDERSON FRASSON DE FONTES 02.58036-5

ANDRÉ BARBIERI 02.58043-8

HENRIQUE CALOCA 01.57223-7

JÚLIO CÉSAR FINATELLI 02.58251-0

KILDER STABILE 02.58259-7

TRANSPORTE PNEUMÁTICO

Trabalho de Graduação apresentado à Escola de

Engenharia Mauá do Centro Universitário do

Instituto Mauá de Tecnologia como requisito parcial

para a obtenção do título de Engenheiro de

Controle e Automação.

Área de concentração: Mecânica dos Fluidos

Orientador: João Carlos Martins Coelho

SÃO CAETANO DO SUL

2007

Page 2: Transporte Pneumático

ANDERSON FRASSON DE FONTES

ANDRÉ BARBIERI

HENRIQUE CALOCA

JÚLIO CÉSAR FINATELLI

KILDER STABILE

TRANSPORTE PNEUMÁTICO

Banca examinadora:

Professor João Carlos Martins Coelho

Orientador

Escola de Engenharia Mauá

Professor Mestre Ervaldo Garcia Junior

Escola de Engenharia Mauá

Professor Doutor Rubens Gedraite

Escola de Engenharia Maua

São Caetano do Sul, 12 de dezembro de 2007

Page 3: Transporte Pneumático

1

AGRADECIMENTOS

Aos nossos familiares e amigos pelo apoio e incentivo à realização

deste trabalho.

Page 4: Transporte Pneumático

2

“Aprende que com a mesma severidade com que julga você

será em algum momento condenado. Aprende que o tempo

não é algo que possa voltar para trás. E você aprende que

realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir

muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E

que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da

vida.”

William Shakespeare

Page 5: Transporte Pneumático

3

RESUMO

Transporte pneumático é utilizado em processos que necessitam de uma movimentação de

material sólido entre dois pontos.

O estudo consiste na movimentação de rocha fosfática moída através de tubulação

utilizando o conceito de transporte pneumático em fase diluída.

O fluxo de ar é gerado por meio de um soprador que juntamente com a dosagem correta do

material faz com que as partículas fiquem em suspensão do ponto de início até a descarga

no silo de destino.

O equipamento responsável pela alimentação e dosagem do material é a válvula rotativa. Ao

final do transporte é necessário separar o material do ar, para isso utiliza-se um filtro de

mangas.

Foi desenvolvido um sistema supervisório para o controle lógico de todo o sistema de

transporte pneumático alertando sobre falhas no processo.

Page 6: Transporte Pneumático

4

ABSTRACT

Pneumatic conveying is used on processes that need solid material transportation between

two points.

The study is based on the transportation of grinded phosphatic rock through pipe using the

concept of pneumatic conveying in diluted phase.

The air flow is generated by a blower that together with the correct dosage of the material

makes the particles be in suspension from the initial point until the final destination discharge

silo.

The equipment responsible for the alimentation and dosage of the material is the rotary

valve. In the end of the conveying pipe it is necessary separate the material from the air, for

this it is used filter bags.

A supervisory system was developed for the whole logic of the pneumatic conveying system

alerting about failures on the process.

Page 7: Transporte Pneumático

5

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Concepção básica....................................................................................................13

Figura 2: Planta de um transportador pneumático..................................................................14

Figura 3: Transporte de fase densa........................................................................................15

Figura 4: Linha de transporte com vaso de pressão...............................................................16

Figura 5: Transporte de fase diluída.......................................................................................17

Figura 6: Transporte pneumático pressão positiva.................................................................19

Figura 7: Transporte pneumático por sucção..........................................................................19

Figura 8: Válvula rotativa.........................................................................................................20

Figura 9: A – Rotor tipo open-end; B – Rotor tipo closed-end................................................21

Figura 10: Válvula rotativa closed-end....................................................................................21

Figura 11: Filtros de mangas...................................................................................................23

Figura 12: Diagrama descritivo de funcionamento do filtro de mangas..................................24

Figura 13: Injetor com bico central..........................................................................................25

Figura 14: Principio de funcionamento filtros de mangas pulse-jet.........................................25

Figura 15: Filtro de mangas pulse-jet......................................................................................26

Figura 16: Filtro ciclone...........................................................................................................27

Figura 17: Válvula rotativa.......................................................................................................27

Figura 18: Sistema Venturi......................................................................................................28

Figura 19: Roscas Transportadoras........................................................................................28

Figura 20: Exemplos de rotor para ventiladores.....................................................................29

Figura 21: Ventilador multiestágios.........................................................................................30

Figura 22: Esquema de funcionamento de uma bomba de palhetas de um estágio..............31

Figura 23: Ação de um compressor de lóbulos rotativos........................................................31

Figura 24: Compressor de lóbulos rotativos............................................................................32

Figura 25: Exemplo de desgaste em um tubo.........................................................................33

Figura 26: Ação da força centrífuga........................................................................................33

Figura 27: Exemplos de curvas de raio longo.........................................................................34

Figura 28: Ângulo de deslizamento.........................................................................................35

Figura 29: Ângulos de talude em repouso e de escoamento: α = ângulo de repouso e β =

ângulo de escoamento............................................................................................................35

Figura 30: Sistema proposto...................................................................................................40

Figura 32: Fator de multiplicação............................................................................................68

Figura 33: Curvas características para seleção de soprador..................................................70

Figura 34: Diagrama esquemático do sistema de controle (supervisório)..............................80

Page 8: Transporte Pneumático

6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Comparação entre os sistemas de transporte pneumático.....................................17

Tabela 2: Dados técnicos gerais.............................................................................................42

Tabela 3: Características do material......................................................................................42

Tabela 4: Características do equipamento..............................................................................43

Tabela 5: Teste de granulometria...........................................................................................46

Tabela 6: Massas específicas e pesos específicos do ar e da água......................................47

Tabela 7: Capacidade volumétrica da válvula rotativa............................................................49

Tabela 8: Velocidade do ar para diferentes materiais.............................................................51

Tabela 9: Comprimento equivalente para curvas....................................................................53

Tabela 10: Tabela de rugosidades médias.............................................................................55

Tabela 11: Eficiência para cada tipo de soprador...................................................................57

Tabela 12: Capacidade volumétrica da válvula rotativa..........................................................58

Page 9: Transporte Pneumático

7

SIMBOLOGIA

%ench = percentual do grau de enchimento recomendado para válvula rotativa

considerado em função do material

A = fator devido ao tipo de material para o cálculo da taxa filtrante

Área = área do diâmetro da tubulação (m2)

B = fator devido ao tipo de equipamento o qual o material foi submetido para o

cálculo da taxa filtrante

C = fator devido ao efeito da temperatura o qual o material foi submetido para o

cálculo da taxa filtrante

cp = calor específico do ar a pressão constante (kJ/kg K)

cp_mat = calor específico do material a pressão constante (kJ/kg K)

Cvr = volume de material por rotação da válvula rotativa (m3/rot)

Cvr% = volume de material necessário por rotação da válvula rotativa considerando

o percentual de grau de enchimento das palhetas rotativas (m3/rot)

Ø = diâmetro da tubulação do transportador (mm)

D = fator devido à granulometria do material transportado para o cálculo da taxa

filtrante

Dp = granulometria do sólido (mm)

dr = densidade relativa da rocha fosfática à água (adimensional)

E = fator devido à quantidade de grãos do material por volume de ar

transportado para o cálculo da taxa filtrante

f = fator de atrito

g = aceleração da gravidade (m/s2)

= peso específico do ar (N/m3)

hL = perda de carga (m)

hL1-2 = perda de carga no trecho 1-2 (m)

hL2-3 = perda de carga no trecho 2-3 (m)

= fator de multiplicação para correção de pressão no trecho 2-3, devido à

mistura de ar+material (adimensional)

Le = comprimento equivalente total

Leconex = comprimento equivalente que representa as conexões (m)

Letconex = comprimento equivalente total representando todas as conexões (m)

Lh = comprimento total de tubulação na horizontal (m)

L1-2 = comprimento equivalente do soprador à válvula rotativa (m)

Lt = comprimento geométrico total de tubulação

Page 10: Transporte Pneumático

8

Lv = comprimento total de tubulação na vertical (m)

= vazão mássica do ar (kg/s)

= vazão mássica do material (kg/s)

Mar bruto = massa do béquer mais material ao ar utilizada no cálculo de densidade

aparente

Mar liq = massa líquida do material ao ar utilizado no cálculo de densidade aparente

MH2O bruto = massa do béquer mais líquido padrão utilizada no cálculo de densidade

aparente

MH2O liq = massa líquida do líquido padrão utilizada no cálculo de densidade aparente

MG ar liq = massa líquida do material ao ar, utilizada no cálculo de granulometria, retida

em cada peneira e numerada de acordo com as mesmas

MGar bruto = massa do béquer mais material ao ar utilizada no cálculo de granulometria,

sendo a massa bruta retida em cada peneira e numerada de acordo com as

mesmas

MGar liq total = massa líquida inicial utilizada no cálculo de granulometria

MGinicial ar bruto = massa do béquer mais material ao ar utilizada no cálculo de granulometria,

sendo a massa inicial utilizada no ensaio

= eficiência do soprador

P1 = pressão manométrica na seção da tubulação do trecho 1 (Pa)

P2 = pressão manométrica na seção da tubulação do trecho 2 (Pa)

Qar = vazão volumétrica de ar necessária para o transporte (m3/s)

Qar final = vazão do ar final (m3/s)

Qmat = vazão mássica de material necessária para o sistema (kg/h)

Qvr = vazão volumétrica de material necessária para válvula rotativa (m3/h)

R = raio de curvatura médio da curva (mm)

Re = número de Reynolds (adimensional)

TF = taxa filtrante (m3/min/m2)

= temperatura inicial do ar (°C)

= temperatura inicial do material (°C)

= temperatura final do ar (°C)

= temperatura final do material (°C)

Tamb = temperatura ambiente (°C)

Uf = velocidade de ar final necessária para o transporte (m/s)

Uh = velocidade de ar requerida para transportar o sólido na horizontal (m/s)

Ui = velocidade de ar inicial necessária para o transporte (m/s)

Page 11: Transporte Pneumático

9

Ut = velocidade de ar necessária para o transporte (m/s)

Uv = velocidade de ar requerida para transportar o sólido na vertical (m/s)

a = viscosidade cinemática (m2/s)

W = potência do soprador (W)

X = relação de sólidos em massa no transporte (kg de sólidos/kg de ar)

Xk = relação de sólidos em unidades inglesas para determinação do fator de

multiplicação para correção da variação de pressão, devido à mistura de ar

mais material (ft3/lb)

z1 = altura na seção da tubulação no trecho 1 (m)

z2 = altura na seção da tubulação no trecho 2 (m)

α = fator de correção da energia cinética

α1 = fator de correção da energia cinética na seção da tubulação do trecho 1

α2 = fator de correção da energia cinética na seção da tubulação do trecho 2

ΔP = variação de pressão do sistema (Pa)

ΔPfiltro = variação de pressão do filtro de mangas (Pa)

ε = rugosidade relativa (adimensional)

ρ = massa específica aparente do sólido (kg/m3)

ρ H2O = massa específica da água (kg/m3)

ω = velocidade rotação da válvula rotativa (rpm)

Page 12: Transporte Pneumático

10

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES........................................................................................................5

LISTA DE TABELAS.................................................................................................................6

1 OBJETIVO.......................................................................................................................13

2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE TRANSPORTE PNEUMÁTICO..........................14

2.1.1 TRANSPORTE PNEUMÁTICO DE FASE DENSA.............................................15

2.1.2 TRANSPORTE PNEUMÁTICO FASE DILUÍDA.................................................16

2.2 DESCRIÇÃO GERAL..............................................................................................17

2.3 PRINCIPAIS COMPONENTES...............................................................................20

2.3.1 VÁLVULA ROTATIVA..........................................................................................20

2.3.2 FILTRO................................................................................................................22

2.3.3 COLETOR CICLONE..........................................................................................26

2.3.4 ALIMENTADORES..............................................................................................27

2.3.5 SOPRADOR........................................................................................................28

2.3.6 CIRCUITO DE TRANSPORTE............................................................................32

2.4 CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS TRANSPORTADOS...............................34

2.4.1 DENSIDADE RELATIVA E DIMENSÃO DA PARTÍCULA..................................34

2.4.2 ÂNGULO DE DESLIZAMENTO E ÂNGULO DE REPOUSO..............................34

2.4.3 ABRASIVIDADE DO PRODUTO.........................................................................35

2.4.4 MATERIAIS HIGROSCÓPICOS..........................................................................36

2.4.5 MATERIAL EXPLOSIVO.....................................................................................36

2.4.6 PRODUTO TÓXICO OU CORROSIVO...............................................................37

2.4.7 PONTO DE FUSÃO.............................................................................................37

2.4.8 ÍNDICE DE UMIDADE.........................................................................................37

2.4.9 ELETRICIDADE ESTÁTICA................................................................................37

2.4.10 OUTROS PROBLEMAS..................................................................................37

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................38

3.1 TRANSPORTE PNEUMÁTICO...............................................................................38

3.2 CARACTERÍSTICAS..............................................................................................39

4 SISTEMA PROPOSTO...................................................................................................40

5 METODOLOGIA..........................................................................................................41

6 PROJETO BÁSICO.........................................................................................................41

6.1 INFORMAÇÕES PRELIMINARES..........................................................................42

6.2 DETERMINAÇÃO DA GRANULOMETRIA.............................................................44

6.2.1 PROCEDIMENTO DE ENSAIO...........................................................................45

6.2.2 RESULTADOS DO ENSAIO DE GRANULOMETRIA.........................................46

Page 13: Transporte Pneumático

11

6.3 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA APARENTE.....................................47

6.3.1 PROCEDIMENTO DE ENSAIO...........................................................................47

6.4 DIMENSIONAMENTO DA VÁLVULA ROTATIVA..................................................48

6.5 AVALIAÇÃO DA POTÊNCIA DO SOPRADOR......................................................50

6.6 VELOCIDADE DE TRANSPORTE.........................................................................50

6.7 DIÂMETRO DA TUBULAÇÃO E COMPRIMENTO EQUIVALENTE......................52

6.8 VAZÃO VOLUMÉTRICA DE AR E CONCENTRAÇÃO DE SÓLIDO.....................53

6.9 PERDA DE CARGA E VARIAÇÃO DE PRESSÃO.................................................54

6.10 POTÊNCIA DO SOPRADOR..................................................................................57

6.11 ESCOLHA DA VÁLVULA ROTATIVA.....................................................................58

6.12 CÁLCULO DA POTÊNCIA DO SOPRADOR..........................................................61

6.13 DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO EQUIVALENTE......................................61

6.14 DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DE AR DE TRANSPORTE.........................61

6.15 DETERMINAÇÃO DA VAZÃO DE AR DE TRANSPORTE....................................63

6.16 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE MISTURA NO TRANSPORTE......63

6.17 DETERMINAÇÃO DA PERDA DE CARGA E VARIAÇÃO DE PRESSÃO.............64

6.18 DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA DO SOPRADOR..............................................69

6.19 DETERMINAÇÃO DA ÁREA FILTRANTE DO TECIDO PARA O FILTRO DE

MANGAS............................................................................................................................72

7 DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÕES...............................................................................76

7.1 SISTEMA DE CONTROLE.....................................................................................76

7.1.1 SISTEMA EM OPERAÇÃO AUTOMÁTICA........................................................76

7.1.2 SISTEMA EM OPERAÇÃO MANUAL.................................................................78

7.1.3 SISTEMA EM MANUTENÇÃO............................................................................79

7.1.4 EMERGÊNCIA.....................................................................................................79

7.2 DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DO SISTEMA DE CONTROLE...............................80

7.3 SELEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS........................................................................81

7.3.1 CLP......................................................................................................................81

7.3.2 IHM......................................................................................................................82

7.3.3 INVERSOR DE FREQUÊNCIA...........................................................................82

7.3.4 BOTÕES (LIGA / DESLIGA / EMERGÊNCIA)....................................................83

7.3.5 SENSOR CAPACITIVO (NÍVEL).........................................................................83

7.3.6 PRESSOSTATO..................................................................................................83

7.3.7 PROTOCOLOS DE REDE..................................................................................84

8 CONCLUSÃO..................................................................................................................85

9 REFERÊNCIAS...............................................................................................................86

ANEXO 1 – GUIA PARA DETERMINAÇÃO DA TAXA FILTRANTE......................................88

Page 14: Transporte Pneumático

12

ANEXO 2 – TABELA DE PESO ESPECÍFICO E CALOR ESPECÍFICO A PRESSÃO

CONSTANTE..........................................................................................................................89

ANEXO 3 – TABELA DE CONVERSÃO DE UNIDADES.......................................................90

Page 15: Transporte Pneumático

13

1 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é desenvolver o projeto básico de um sistema de transporte

pneumático com baixa perda de pressão e alta velocidade, ou seja, desenvolver um projeto

básico no qual seja aplicado o conceito de transporte pneumático de fase diluída. Foi

selecionado como material base para o desenvolvimento deste trabalho a “rocha fosfática

moída”.

Pretende-se transportar 25 t/h deste material utilizando-se um sistema devidamente

instrumentado e com sistema de controle adequado.

O material foi escolhido de forma a atender uma proposta de projeto de um sistema real.

Um ponto bastante importante é que como a rocha fosfática moída é um material muito

utilizado para a fabricação de fertilizantes, este trabalho resultará em subsídio para a

realização de outros projetos similares.

Na figura 1 apresenta-se o diagrama esquemático do sistema de transporte pneumático a

ser projetado.

Figura 1: Concepção básica.

Fonte: http://www.dynamicair.com/systems.html (05/10/2007)

Page 16: Transporte Pneumático

14

2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE TRANSPORTE PNEUMÁTICO

O primeiro a usar ar no manuseio de materiais fluidizados foi Sturtevant, que em 1866

começou os experimentos primários na remoção do pó em operações de moagem,

polimento, etc. A empresa BF Sturtevant Company, desenvolveu o transportador pneumático

para materiais leves como serragem, papel e algodão, os quais não são abrasivos e podiam

passar através do ventilador.

Hoje em dia o transporte pneumático é utilizado em várias aplicações de armazenagem e

transporte, sendo utilizado para transporte de materiais a granel em fábricas e armazéns; de

armazéns para alimentadores e movimentação de materiais em áreas de carga e descarga

de ferrovias e portos; para descarregamento de trens e navios; descarregamento

pressurizado de contêineres; para controle e seleção de materiais em silos e para muitas

outras finalidades similares. Uma grande variedade de materiais secos e em pó é

transportada com sucesso pneumaticamente, como: cimento, carvão em pó, grãos, alumina,

apatita, cinzas, algodão, carvão moído, serragem e muitos outros produtos.

Transportadores pneumáticos promovem o transporte a granel de materiais por meio de uma

corrente de ar em movimento através de um duto. O princípio de operação é comum em

todos os tipos de instalações de movimentação pneumática.

A figura 2 mostra o esquema de uma planta de transporte pneumático.

Figura 2: Planta de um transportador pneumático.

Fonte: http://www.nol-tec.com/products-services/diagram.asp (25/10/07)

Page 17: Transporte Pneumático

15

Transportadores pneumáticos de diferentes formas são usados para transportar cargas de

várias dimensões. A capacidade e principais características dos transportadores

pneumáticos variam dentro de um largo limite. Certos tipos têm a capacidade de transportar

até 300 t/h por um simples tubo. Uma planta sem transferência intermediária pode levar

material até 1,8 km de distância e a 100 m de altura. O transporte pneumático de materiais

por corrente de ar tem um número significativo de vantagens, algumas são: o material é

transportado confinado dentro de um tubo, evitando perdas, isso é especialmente

interessante para materiais leves e finamente divididos; economia de espaço e fácil

transporte para várias direções; facilidade de manutenção da planta devido a poucas partes

móveis; fácil automação do processo.

A seleção de um sistema pneumático de transporte depende de um bom conhecimento dos

tipos disponíveis, suas vantagens e aplicações.

Pode-se dividir o transporte pneumático em duas categorias:

transporte pneumático de fase densa no qual as partículas sólidas não são

completamente suspensas utilizando alta pressão e baixa velocidade de transporte;

transporte pneumático fase diluída usando grandes vazões de ar a alta velocidade,

desta forma mantendo as partículas completamente suspensas.

2.1.1 TRANSPORTE PNEUMÁTICO DE FASE DENSA

O transporte de fase densa é caracterizado pela sua baixa necessidade de ar. Já que, neste

caso, uma quantia mínima de ar é adicionada ao processo para movimentar a partícula

(figura 03).

Figura 3: Transporte de fase densa.

Fonte: http://www.ufrnet.ufrn.br/~lair/Pagina-OPUNIT/Educ-TransportePneumatico1.htm (25/10/07)

Page 18: Transporte Pneumático

16

Para toda aplicação da fase densa do transporte pneumático, o material é comumente

introduzido em uma linha de transporte por uma válvula dosadora ou vaso de pressão (figura

04). O ar em alta pressão é então aplicado, forçando o material para o interior da linha de

transporte. Isso resulta em baixa velocidade de operação, reduzindo a degradação do

produto e desgaste de componentes.

Figura 4: Linha de transporte com vaso de pressão.

Fonte: Unit Operations Handbook V.2 pg 614

2.1.2 TRANSPORTE PNEUMÁTICO FASE DILUÍDA

O transporte de fase diluída utiliza fluxo de ar de alta velocidade (fonte de alta pressão ou

vácuo) para carregar material por uma linha de transporte em estado de suspensão (figura

05). É caracterizado por velocidades de ar altas (aproximadamente 40 m/s), baixas

concentrações de sólidos (massasólidos/massaar < 15) e baixas quedas de pressão por unidade

de comprimento de linha de transporte.

É limitado a pequenas extensões, ao transporte contínuo de sólidos a taxas menores do que

30 t/h e é o único sistema capaz de operar sob pressão manométrica negativa. Sob

condições de fluxo diluído as partículas sólidas se comportam como individuais

completamente suspensas no fluido, e as forças de interação fluido-partícula dominam.

Page 19: Transporte Pneumático

17

Figura 5: Transporte de fase diluída.

Fonte: http://www.ufrnet.ufrn.br/~lair/Pagina-OPUNIT/Educ-TransportePneumatico1.htm (25/10/07)

Tabela 1: Comparação entre os sistemas de transporte pneumático

Característica de comparação

Densa Diluída

O produto para os quais os sistemas melhor se aplicam

Pó ou granulados - abrasivos, frágeis, misturados por bateladas

(minimiza a segregação), pesados, higroscópicos.

Pó ou granulados - Não abrasivos, não frágeis, de baixa

densidade.

Velocidade de transporte

Baixa de 0,1 a 2 m/s, utilizando-se vaso de pressão.

Alta acima de 23 m/s utilizando-se sopradores tipo Roots ou

sopradores centrífugos

Relação Pressão e vazão de ar

Pressões relativamente altas (acima de 103 kPa) e baixa vazão

de ar

Pressões baixas inferior a 103 kPa e alta vazão de ar

Vazão de material transportado

Mais alto comparado aos outros sistemas

Mais baixo comparado aos outros sistemas

Desgaste de equipamento

Baixo índice de desgaste de tubulação e diminuição de

desgaste nas curvas devido à baixa velocidade de transporte

Alto índice de desgaste de tubulação e altíssimo índice de desgaste nas curvas devido a alta  velocidade de transporte

Custo de implantação Mais alto comparado aos outros sistemas

Mais baixo comparado aos outros sistemas

Page 20: Transporte Pneumático

18

Custo de manutenção Mais baixo comparado aos outros sistemas

Mais alto comparado aos outros sistemas

Fonte: http://www.powder.com.br/equipamentos (22/10/2007)

2.2 DESCRIÇÃO GERAL

Os transportadores pneumáticos podem ser classificados em função do método segundo o

qual é criada a corrente de ar na tubulação de transporte.

sucção;

pressão;

sucção e pressão.

Nos transportadores que operam por sucção o material é transportado em ar rarefeito, nos

de pressão a corrente de transporte é ar comprimido; os que combinam os dois tipos

consistem em duas seções, uma operando em vácuo parcial e outra com ar comprimido.

Nos transportadores pressurizados a densidade do ar e a pressão possuem valores

elevados. Estes tipos são mais eficientes com materiais de menor fluidez e para transportes

a longas distâncias. Estes transportadores são usados principalmente para manusear

materiais em pó densos e empelotados, grãos são geralmente manuseados por sucção ou,

algumas vezes, pela combinação de sistemas de sucção e pressão.

No sistema por sucção o material é introduzido no tubo através de um bocal de sucção, o

material também pode entrar no sistema com pressão abaixo da atmosférica através de uma

câmara de alimentação ou um alimentador de rosca.

Separadores especiais com coletores de pó conectados em série, são usados, nos operados

por sucção e pressão, para separar o material do ar. Plantas de movimentação pneumática e

seus alimentadores podem ser fixos, móveis (montados sobre trilhos, caminhões, trailers, ou

unidades remoto auto-operadas) ou ser suspensas por guindastes de várias formas.

Page 21: Transporte Pneumático

19

As figuras 6 e 7 mostram os principais tipos de transportadores pneumáticos em fase diluída.

Figura 6: Transporte pneumático pressão positiva.

Fonte: http://www.ufrnet.ufrn.br/~lair/Pagina-OPUNIT/Educ-Transporte3.htm (22/10/2007)

Figura 7: Transporte pneumático por sucção.

Fonte: http://www.ufrnet.ufrn.br/~lair/Pagina-OPUNIT/Educ-Transporte3.htm (22/10/2007)

Page 22: Transporte Pneumático

20

2.3 PRINCIPAIS COMPONENTES

2.3.1 VÁLVULA ROTATIVA

Válvula rotativa é um componente importante de qualquer sistema de transporte pneumático

(figura 08) que necessite dela, porque o sistema não irá funcionar a menos que a válvula

opere adequadamente. Os materiais de construção mais comuns são: ferro fundido, aço

carbono e alumínio.

Figura 8: Válvula rotativa.

Fonte: http://www.powder.com.br/equipamentos/pneumaticos/valvularotativa/index.htm (24/10/07)

A válvula rotativa mais popular é a tipo drop-through, com a entrada localizada no topo e a

saída na parte inferior da válvula. O rotor pode ser do tipo open-end onde as palhetas são

fixas diretamente no eixo ou do tipo closed-end onde as palhetas são fixas em um disco

(figura 09).

Page 23: Transporte Pneumático

21

Figura 9: A – Rotor tipo open-end; B – Rotor tipo closed-end.

Fonte: http://www.polimak.com/PolEnAirlock.htm (16/11/2007)

Rotores tipo open-end são mais econômicos, mas possuem desvantagens devido a

desgastes no alojamento do rotor e com isso o produto pode ficar preso entre o final das

palhetas e o alojamento. Rotor tipo closed-end possui todas as palhetas presas juntas e

suportadas por um escudo. Isso elimina o desgaste no alojamento devido ao fato das placas

não entrarem em contato com o produto.

Quando um rotor closed-end (figura10) é usado em sistema de pressão manométrica

negativa com vácuo no topo da válvula e pressão ambiente na parte inferior um sistema de

sangria de ar pode minimizar desgaste no alojamento. O selo no eixo pode ser removido e

“plugues” para sangria podem ser abertos para a atmosfera, então o ar flui através da

válvula para a atmosfera. Este ar “lava” a área do alojamento com isso eliminando desgaste.

Se a parte superior da válvula não possuir esta “sangria”, o vazamento de ar flui para baixo

da válvula podendo assim transportar produto e poeira, causando desgaste no alojamento.

Figura 10: Válvula rotativa closed-end.

A B

Page 24: Transporte Pneumático

22

Fonte: http://www.pelletroncorp.com/Data/Rotary_GRM_English.pdf (16/11/2007)

Para um alimentador tipo gravidade puro, sem pressão diferencial através da válvula rotativa

o deslocamento do material é dado em m3/h, com cerca de 10 a 15% (MCKETTA, 1993) de

reserva para discrepâncias na densidade. Usualmente essas válvulas necessitam de

ventilação porque somente o ar movimentado é expelido do rotor com o produto.

Devido às folgas existentes na válvula pode ocorrer vazamento de ar da saída para a

entrada da mesma. Quando a válvula alimentar um sistema com pressão positiva, o

vazamento de ar mais o ar deslocado para o silo de alimentação deve ser captado e filtrado

para ser lançado no meio ambiente, isto pode exigir um sistema elaborado para coleta de

poeira. Outra opção de processo é instalar uma linha de ventilação interligando o silo de

alimentação (que já possui sistema de filtragem) ao silo de estocagem para equalização das

pressões e filtragem do ar proveniente do silo de estocagem.

O sopro de ar reduz a eficiência volumétrica da válvula retardando o enchimento da linha

devido ao fato de provocar redução na densidade relativa do material.

A rotação de operação da válvula deve ser calculada para que permita o máximo

deslocamento volumétrico e o bom fluxo do produto transportado dentro das palhetas. Altas

rotações reduzem o fluxo do produto através da válvula por não permitirem um tempo de

exposição do produto ao rotor necessário para o pleno enchimento das palhetas. O intervalo

normal de velocidade é de 10 a 30 rotações por minuto, dependendo do tamanho da válvula

(MCKETTA, 1993). Quanto maior a válvula, menor será a velocidade.

2.3.2 FILTRO

Este equipamento é destinado à remoção de partículas existentes em um fluxo de ar, ele

permite alta eficiência para uma ampla faixa de tamanhos de partículas transportadas (figura

11). O seu princípio básico de funcionamento consiste na separação granulométrica, ou seja,

o fluxo de ar carregado de partículas é forçado através de um meio poroso, onde estas são

separadas do ar.

Diversas são as classificações para os filtros, podendo ser baseadas no tipo de material

filtrante, em sua forma de arranjo ou no tipo de mecanismo de limpeza.

Os filtros mangas são os filtros de mais ampla aplicação no transporte pneumático. O

elemento filtrante básico geralmente é constituído por uma manga em pano de seção

circular, vestida em uma armação metálica que assegura o estiramento do tecido. Cada

manga, fechada na parte baixa da extremidade, inclui em seu orifício superior o sistema de

limpeza que é constituído por um injetor alimentado com ar.

As mangas são confeccionadas com tecidos naturais, lã ou algodão, e com tecidos

sintéticos. Considerando-se, dentre outros fatores, a temperatura de operação havendo

Page 25: Transporte Pneumático

23

tecidos para temperaturas de até 200°C (DA SILVA, 2005). Caso seja necessária a

aplicação em temperaturas superiores há tecidos especiais em fibra de vidro.

Este tipo de filtro também pode ser usado em receptor para fazer a reintrodução de poeiras

no produto transportado. A sua aplicação depende da quantidade de ar com poeiras a tratar,

das características físicas das partículas, da concentração da mistura, do meio filtrante e da

velocidade de filtragem adotada.

Figura 11: Filtros de mangas.

Fonte: http://www.powder.com.br/equipamentos/pneumaticos/filtrodemangas (05/11/2007)

O fluido a ser filtrado, é forçado a passar pelas mangas filtrantes, e desta forma, os

particulados ficam retidos e os gases já limpos, passam para a câmara através dos Venturi e

daí para o ventilador de sucção (figura 12).

Durante a filtração, o particulado coletado pelas mangas, produz uma redução de sua

porosidade e, portanto, faz-se necessária a sua limpeza.

Page 26: Transporte Pneumático

24

Figura 12: Diagrama descritivo de funcionamento do filtro de mangas.

Fonte: http://www.deltaducon.com.br/produtos/_filtrosdemangas.html (16/11/2007)

Existem diversos tipos de processos de limpeza das mangas sendo o mais utilizado a

limpeza por ar comprimido.

O processo consiste em inflar as mangas por meio de pulsos de ar comprimido. São

geralmente equipados com programador eletrônico responsável pelo controle de limpeza das

mangas, possuindo regulagem para a freqüência dos pulsos de ar (1 a 60 segundos) e a

duração dos mesmos (1/20 a 1 segundo). Este controlador irá energizar periodicamente

fileiras de válvulas solenóides, permitindo assim a passagem de jato de ar comprimido no

interior das mangas.

Para o processo de limpeza é utilizado um tubo injetor de ar comprimido e um tubo Venturi

para cada manga, posicionado no centro desta (figura 13). Quando em operação normal, os

gases filtrados saem da manga através do Venturi, em direção a exaustão, entretanto

quando ar comprimido é liberado sob a forma de um jato (ar primário), ar secundário limpo é

aspirado, e um fluxo de ar reverso composto pelo ar primário e pelo ar secundário é

introduzido na manga. É no Venturi que ocorre a mistura do ar primário e secundário,

deixando o Venturi em alta velocidade e com um aumento de pressão em relação à pressão

interna do filtro (figura 13).

Page 27: Transporte Pneumático

25

1. Vazão de ar primário2. Vazão de ar secundário3. Distribuição de velocidades4. Tubo de mistura

Figura 13: Injetor com bico central.

Fonte: http://www.intensiv-filter.com.br/arquivos/Artigo%20Sistema%20de%20Limpeza.pdf

(16/11/2007)

Este jato produz um aumento de pressão no interior da manga que a expande, provocando

uma flexão no tecido que fratura a lâmina de pó, desprendendo-a da parte externa das

mangas (figuras 14 e 15).

Figura 14: Principio de funcionamento filtros de mangas pulse-jet.

Fonte: http:// www.kemac.net/Bagfilterdustcollectors.html (16/11/2007)

Page 28: Transporte Pneumático

26

Figura 15: Filtro de mangas pulse-jet.

Fonte: http://www.imapa.com.br/fm_pjet.htm (19/10/2007)

2.3.3 COLETOR CICLONE

O princípio de funcionamento do coletor ciclone está baseado na separação de sólidos de

um fluxo de ar por meio de efeito centrífugo (figura 16).

O produto transportado pelo sistema que será constituído de ar e materiais particulados, ao

entrar no coletor será forçado a realizar um movimento em “espiral”, surgindo assim o

aparecimento de forças centrífugas atuando sobre as partículas em suspensão no ar,

forçando-as contra a parede do corpo do filtro.

A desaceleração ocorrida devido à aproximação destas partículas à parede do filtro provoca

a sua queda do material para a base do filtro, podendo assim ser coletados.

Page 29: Transporte Pneumático

27

Figura 16: Filtro ciclone.

Fonte: http://www.deltaducon.com.br/produtos/_ciclones.html (16/11/2007)

2.3.4 ALIMENTADORES

Os sólidos a processar ou transportar devem ser retirados de depósitos e alimentados em

vazão constante no processo onde vão ser utilizados. Devido a isso a seleção do

alimentador pode ser considerada um dos elementos mais importantes na elaboração do

sistema de transporte devido aos diferentes tipos existentes.

Válvulas rotativas são as mais comumente usadas, sendo aplicadas para sistemas com

pressão positiva e negativa por fornecerem um fluxo de alimentação controlável (figura 17).

Figura 17: Válvula rotativa.

Fonte: www.foxvalve.com/conveying_eductors/index.html (16/11/2007)

Page 30: Transporte Pneumático

28

Para sólidos firmemente unidos, a melhor escolha é um sistema Venturi que não possui

partes móveis (figura 18).

Figura 18: Sistema Venturi.

Fonte: www.foxvalve.com/conveying_eductors/index.html (16/11/2007)

Roscas transportadoras podem operar com pressões acima de 250.000 Pa e são

utilizadas em sistemas de pressão positiva ou pressão negativa (figura 19). Esses

alimentadores são amplamente utilizados para manipulação de cinzas.

Figura 19: Roscas Transportadoras.

Fonte: www.tecmolin.com.br/site/produtos.htm (16/11/2007)

2.3.5 SOPRADOR

Para o transporte horizontal e vertical de fase diluída é necessário operar a baixas

velocidades de modo a minimizar a perda de pressão do escoamento, reduzir o atrito e os

custos decorrentes deste efeito.

Page 31: Transporte Pneumático

29

O soprador pode fornecer ao sistema grandes vazões de ar. Um adequado

dimensionamento do soprador evita a condição de entupimento da linha, nesta condição o

sistema fica cheio com sólidos e só pode ser reiniciado pela drenagem da linha.

Os tópicos a seguir exemplificam os principais tipos de equipamentos que podem ser

utilizados como sopradores provendo a vazão de ar necessária ao processo.

2.3.5.1 VENTILADORES CENTRÍFUGOS

Neste tipo de equipamento, o rotor aspira o ar e o descarrega através do bocal de descarga,

seguindo uma trajetória em espiral. O eixo de descarga é perpendicular ao eixo de

aspiração. Como o fluxo de ar atravessa o ventilador, usa-se o rotor de palhetas inclinadas

para trás que propicia um melhor rendimento. Se o ar estiver contaminado por poeiras, ou se

o produto atravessar o ventilador deve-se utilizar um rotor aberto com palhetas radiais.

Nessa situação o rendimento do ventilador ficará entre 50 e 70% (DA SILVA, 2005).

Rotor radial fechado Rotor Radial aberto com disco

Rotor radial aberto Pás curvadas para trás

Figura 20: Exemplos de rotor para ventiladores.

Fonte: http://aeromecanicadarma.com.br/ventilacao.htm (07/11/2007)

2.3.5.2 VENTILADORES MULTIESTÁGIOS

Com o intuito de se obter pressões mais elevadas do que as obtidas nos ventiladores

centrífugos, podem-se usar ventiladores em série ou ventiladores com rotor em multiestágios

(figura 21).

Page 32: Transporte Pneumático

30

Figura 21: Ventilador multiestágios.

Fonte: http://www.nei.com.br/lancamentos/verLancamento.aspx?id=6655 (07/11/2007)

Esses equipamentos são utilizados comumente em instalações de descarga de barcaças e

navios ou em limpezas com alto vácuo. Porém, como a vazão varia com a carga

instantânea, torna-se necessário equipar a instalação com um regulador para limitar

variações de vazão de ar e por conseqüência a variação da potência absorvida.

2.3.5.3 COMPRESSOR DE PALHETAS

Este sistema é constituído de um estator cilíndrico que recebe um rotor excêntrico e

ranhurado. Cada ranhura é provida de uma palheta deslizante que é forçada contra a parede

do estator por molas ou pela força "centrífuga" causada pelo movimento de rotação do rotor.

Na figura 22 é ilustrado seu funcionamento. Quando a palheta A passa pelo orifício de

entrada de ar, a câmara a ser evacuada é colocada em contato com o volume limitado pelo

estator, e no selo superior, também no rotor e na própria palheta. Este volume de ar irá

aumentar conforme ocorre o avanço da palheta, isso produzirá uma queda de pressão na

câmara, queda esta que irá continuar até que a palheta B avance até entrada, quando então

o ar existente neste volume é isolado entre as duas palhetas. Conforme a rotação continua,

o ar existente passa a ser comprimido pela palheta B, até que atinja pressão suficiente para

abrir a válvula de saída sendo assim descarregado para a atmosfera. Como as palhetas

atuam seqüencialmente, em uma rotação, um volume de ar igual ao dobro do mostrado na

figura 22b será retirado da câmara.

Page 33: Transporte Pneumático

31

Figura 22: Esquema de funcionamento de uma bomba de palhetas de um estágio.

Fonte: http://webbif.ifi.unicamp.br/apostilas/f640/Cap6.pdf, Figura 6.6 (07/10/2007)

Os contatos das palhetas e do rotor com o estator podem formar três câmaras separadas

(figura 22 d) que contém ar em diferentes pressões, e devem, portanto ser estanques.

2.3.5.4 COMPRESSOR DE LÓBULOS ROTATIVOS

Esse equipamento, que também é conhecido como soprador Roots, tem ampla utilização no

transporte pneumático, é constituído tipicamente de dois rotores simétricos em forma de 8

conjugados por engrenagens e girando em sentido inverso, movimento este sendo realizado

em um invólucro (figura 23).

Figura 23: Ação de um compressor de lóbulos rotativos.

Fonte: http://webbif.ifi.unicamp.br/apostilas/f640/Cap6.pdf, Figura 6.10 (07/10/2007)

Page 34: Transporte Pneumático

32

O funcionamento do compressor ocorre sem lubrificação dos lóbulos, nem resfriamento do

corpo. Com isso o ar está isento de óleo, entretanto é necessário considerar as folgas

mínimas que existem entre os lóbulos e entre cada um deles e a carcaça.

Figura 24: Compressor de lóbulos rotativos

Fonte: www.fem.unicamp.br/~em672/SisFlu_01.doc (16/11/2007)

2.3.6 CIRCUITO DE TRANSPORTE

2.3.6.1 TUBULAÇÃO

Deve-se escolher o diâmetro da tubulação para que seja possível, manter em todo o trajeto

do transporte a velocidade necessária para deslocamento do produto.

O circuito é feito com tubo em aço com costura para usos gerais. Quando a natureza do

produto exige, deve-se usar tubulação em aço inoxidável ou em liga de alumínio. Se o

produto não é abrasivo, para transportes em baixas concentrações, podem ser fabricados

em chapas de aço carbono calandradas e soldadas.

Em todos os casos, o circuito deve ser perfeitamente estanque e as seções diferentes de

tubulação devem ser alinhadas perfeitamente para evitar todo e qualquer ressalto interno. O

acoplamento entre elas deve ser conseguido por meio de flanges soldadas e parafusos, com

uso de juntas de estanqueidade, gaxetas, juntas de dilatação ou outros acessórios

desenvolvidos para esse fim.

Page 35: Transporte Pneumático

33

2.3.6.2 MUDANCAS DE DIREÇÃO – CURVAS

A aplicação de curvas dificulta o desenvolvimento do projeto de sistemas de transporte

pneumático de fase diluída, pois ela aumenta a queda de pressão no circuito, e também são

pontos propícios a erosão, abrasão e atrito durante a passagem das partículas. A figura 25

mostra o desgaste causado em um tubo transportando pneumaticamente uma fase diluída.

Figura 25: Exemplo de desgaste em um tubo.

Fonte: http://www.ufrnet.ufrn.br/~lair/Pagina-OPUNIT/Educ-Transporte2.htm (07/10/2007)

Partículas sólidas em suspensão em tubos horizontais, ou verticais retos, tendem a tocar a

superfície das curvas devido à força centrífuga (figura 26). Em virtude deste fato, a

velocidade das partículas é reduzida e são, então, re-arrastadas e re-aceleradas resultando

em quedas de pressão elevadas.

O comprimento de tubo reto necessário, antes dos sólidos atingirem novamente a sua

velocidade de estado estacionário, pode ser considerável.

Figura 26: Ação da força centrífuga.

Page 36: Transporte Pneumático

34

Para transporte de produtos pouco abrasivos, na maioria dos casos, utilizam-se curvas em

aço carbono ou fabricadas a partir de tubos sem costura. Usualmente adota-se o raio de

curvatura mínimo igual a 2,5 Ø, sendo Ø o diâmetro da tubulação.

Também são utilizadas curvas obtidas pela conformação a quente de tubos obtendo-se

curvas com grande raio de curvatura em média de 5 a 10 Ø, em aço carbono comercial, aço

inoxidável ou liga de alumínio.

Quando o produto exige reforços nas curvas, devido à abrasão, são fundidas ligas especiais,

com calotas removíveis para facilitar a troca e a manutenção.

Figura 27: Exemplos de curvas de raio longo.

Fonte: http://www.ufrnet.ufrn.br/~lair/Pagina-OPUNIT/Educ-Transporte2.htm (07/10/2007)

2.4 CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS TRANSPORTADOS

2.4.1 DENSIDADE RELATIVA E DIMENSÃO DA PARTÍCULA

Estas características do produto devem ser conhecidas para que seja determinada a

velocidade de transporte. Também são necessárias para o dimensionamento das válvulas

rotativas e dispositivos de alimentação.

A densidade relativa do material deve ser determinada em seu estado natural sem haver

compactação.

2.4.2 ÂNGULO DE DESLIZAMENTO E ÂNGULO DE REPOUSO

Pode-se caracterizar a atitude de um produto quanto ao escoamento utilizando três ângulos

principais:

Page 37: Transporte Pneumático

35

Ângulo de deslizamento é necessário para determinar o coeficiente de fricção, o qual é

usado no cálculo da resistência do material que flui através das linhas (figura 28).

Figura 28: Ângulo de deslizamento.

Fonte: Silva, Deodoro Ribeiro da, Transporte pneumático: tecnologia, projetos e aplicações na

indústria e nos serviços, p.19, 2005.

Ângulo de repouso é o ângulo que o produto forma com o horizonte quando derramado em

uma pilha; é uma indicação da fluidez do produto. Geralmente um ângulo de menor que 30°

propicia uma excelente fluidez. Um ângulo entre 30° e 45° propicia ao produto uma boa

fluidez, porem ângulos acima de 45° diminui a fluidez do produto na linha (figura 29).

Ângulo de escoamento é determinado com a horizontal, gerando o monte cônico formado

pelo produto, o qual ocorre o seu escoamento para baixo (figura 29).

Figura 29: Ângulos de talude em repouso e de escoamento: α = ângulo de repouso e β = ângulo de

escoamento.

Fonte: Silva, Deodoro Ribeiro da, Transporte pneumático: tecnologia, projetos e aplicações na

indústria e nos serviços, p.19, 2005.

2.4.3 ABRASIVIDADE DO PRODUTO

Materiais que possuem pouca abrasividade em seu estado natural tornam-se extremamente

abrasivo em um sistema de ar devido ao efeito do atrito.

Ângulo de deslizamento

Page 38: Transporte Pneumático

36

Devido a isto, placas especiais de desgaste são colocadas em pontos de choque. Curvas

com peças substituíveis são necessários e algumas vezes uma cobertura de borracha

natural é usada. Curvas especiais de liga de níquel podem ser adequadas dependendo da

abrasividade do material transportado. Essas curvas são disponíveis em segmentos de 15° e

somente os segmentos danificados são substituídos. Válvulas rotativas são danificadas após

cerca de 300 horas de operação quando transportando cimento; areia pode danificar uma

válvula rotativa após a descarga de um vagão de trem do mesmo material (MCKETTA,

1993).

Para quantificar a resistência que um material oferece ao atrito é utilizada a escala de dureza

de Mohs, escala esta criada por Friedrich Mohs em 1812 que utiliza 10 minerais de

diferentes durezas atribuiu a estes valores de 1 a 10. O valor 1 foi dado ao talco e o valor 10

foi dado ao diamante que é a substância mais dura encontrada na natureza.

1 - talco;

2 - gesso;

3 - calcita;

4 - fluorita;

5 - apatita;

6 - feldspato;

7 - quartzo;

8 - topázio;

9 - safira;

10 - diamante.

2.4.4 MATERIAIS HIGROSCÓPICOS

Para esses materiais é desejável condicionamento do ar para sistemas de médio porte. Em

circuitos fechados, se previne uma mistura úmida devido ao fato de que o ar utilizado para o

transporte é reciclado e somente ar tratado é fornecido. Para este caso sem equipamento de

condicionamento, o material retira a umidade do ar devido ao fato do ar estar em contato

direto com o material e recircular no circuito.

2.4.5 MATERIAL EXPLOSIVO

Quando ocorre este caso, um circuito fechado com sistema de gás inerte é requerido ou um

sistema de ventilação deve ser usado.

Page 39: Transporte Pneumático

37

2.4.6 PRODUTO TÓXICO OU CORROSIVO

Para produtos tóxicos é normalmente utilizado um sistema de pressão negativa para se

assegurar que não ocorra vazamento do produto. Substâncias corrosivas requerem o

mesmo procedimento.

2.4.7 PONTO DE FUSÃO

O ponto de fusão do produto é muito importante. Pode ser necessário o resfriamento do ar

na saída do soprador para evitar a fusão do produto. Em algumas situações, grande massa

do produto pode receber energia por calor do ar com um incremento pequeno em sua

temperatura.

2.4.8 ÍNDICE DE UMIDADE

Dependendo do processo, o produto transportado pode ser secado durante o transporte.

Neste caso, trocadores de calor ou equipamentos de ar condicionado necessitam ser

instalados no sistema de transporte.

2.4.9 ELETRICIDADE ESTÁTICA

Quando os produtos apresentarem alta eletricidade estática, o sistema de transporte deve

ser aterrado. A umidade deve ser controlada e/ou equipamentos especiais para eliminação

da eletricidade estática devem ser usados.

2.4.10 OUTROS PROBLEMAS

Produtos que contem mais que 10% de gordura ou óleo podem criar problemas com

acúmulo em curvas e com o separador ciclone. Força centrífuga e o aquecimento gerado

pelo atrito causam a separação da gordura nestes equipamentos. Isto, em alguns em casos,

pode ser minimizado pelo aumento do raio da curva. A adição de energia por calor nestas

regiões poderá também ajudar. Uma curva flexível agitada periodicamente ajuda a livrar o

acúmulo. Lavagem com água quente ou vapor pode também ser necessária.

Materiais com forte odor são tratados comumente da mesma forma que produtos tóxicos ou

corrosivos. Spray desodorante pode ser requerido se o ar do sistema de transporte é

eliminado para a atmosfera.

Impurezas no produto podem modificar completamente as suas características. Alguns

materiais que normalmente não são abrasivos podem se tornar devido às impurezas.

Page 40: Transporte Pneumático

38

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Esta revisão bibliográfica consta de duas secções. A secção 3.1 trata do histórico e

possibilidades de aplicação do transporte pneumático. A secção 3.2 apresenta algumas

características do sistema.

3.1 Transporte pneumático

O transporte pneumático é usado em todos os setores industriais, onde se manuseiam

materiais particulados (pós, granulados, etc.), ou setores de envase (latas, caixas, etc.),

sendo aplicado em indústrias químicas, metalúrgicas, fábricas de cimento, produção e

transformação de materiais plásticos, indústrias de papel, indústrias gráficas, indústrias

alimentícias, etc.

É aplicável aos materiais que se apresentam sob a forma de granulados ou pulverulentos,

para os produtos fibrosos. Esta modalidade de transporte permite realizar um conjunto de

operações de manuseio de produtos em quantidades que podem variar de algumas

centenas de quilogramas para várias dezenas de toneladas por hora, em circuitos que

podem alcançar várias centenas de metros. (DA SILVA, 2005, p.11 e 12)

O transporte pneumático vem sido amplamente utilizado em diversas aplicações industriais

para a movimentação de diversos tipos de materiais.

O conceito de utilização não é recente, conforme Klinzing (1997) o primeiro registro de um

transporte pneumático através de tubulação data de 1866.

A primeira aplicação em larga escala do transporte pneumático foi o transporte a vácuo de

grãos no final do século 19. Por volta dos anos de 1920, transporte pneumático utilizando

pressão positiva e negativa eram comuns. Desde então o uso de transporte pneumático

cresceu e se estendeu abrangendo uma grande variedade de partículas sólidas. Uma

pesquisa realizada pela British Hydrodynamics Research Association mostrou que entre

1971 e 1977 na Inglaterra, o uso de transporte pneumático cresceu em magnitude e que

entre 1977 e 1978 obteve um crescimento de 50% nas vendas de equipamentos.

(KLINZING, 1997, p.1)

Segundo Gomide (1983), fluidização é a melhor e mais moderna técnica à disposição da

engenharia para efetuar o contato eficiente entre sólidos e fluidos, daí a sua importância

como operação unitária.

Page 41: Transporte Pneumático

39

3.2 Características

Segundo Klinzing (1997), transporte pneumático envolve o movimento de partículas

confinadas em um espaço. Para começar a entender esta forma de transporte é necessária

uma análise detalhada do comportamento de uma simples partícula.

O modo de funcionamento do escoamento na tubulação varia de acordo com a

concentração média de material na tubulação e a velocidade do ar aplicada.

Conforme (DA SILVA) podem-se distinguir quatro modos de funcionamento diferentes:

funcionamento em fase diluída;

funcionamento em fase densa;

funcionamento em fase densa descontínua;

funcionamento a altas concentração e pressão.

Segundo Gomide (1983) o projeto de um transportador pneumático requer a especificação

da capacidade de transporte, da densidade e granulometria do sólido e do layout do sistema

de transporte mostrando todas as curvas, válvulas e equipamentos de coleta. Os parâmetros

calculados são: o diâmetro do transportador, a vazão do gás de transporte, a perda de carga

total do sistema e a potência do ventilador ou soprador.

A distância de transporte pode variar desde alguns poucos metros até longas distâncias,

situação para a qual são particularmente recomendados. A granulometria varia desde pó até

grãos. A densidade do sólido pode variar desde 15 kg/m3 até 3 t/ m3. A aplicação típica é

para materiais finos que em outros tipos de transportadores seria perdido por arraste, e para

longas distâncias (Gomide, 1983).

Page 42: Transporte Pneumático

40

4 SISTEMA PROPOSTO

O diagrama esquemático abaixo (figura 30) representa o sistema de transporte de fase

diluída proposto que opera transportando rocha fosfática moída (25 t/h) através de

deslocamento de ar fornecido por um soprador de lóbulos. Para alimentação e dosagem do

sistema de transporte há uma válvula de esfera que efetua o bloqueio do material no caso

de manutenção e em série há uma válvula rotativa, interligadas através de um layout de

tubulação específico da planta. É instalado um filtro de mangas para garantir a emissão de

ar limpo para a atmosfera e o direcionamento do material transportado para o sistema de

dosagem da planta.

Figura 30: Sistema proposto.

Fonte: http://www.dynamicair.com/systems.html (05/10/2007)

Page 43: Transporte Pneumático

41

5 METODOLOGIA

O projeto básico foi desenvolvido em quatro grandes etapas descritas abaixo:

estudo do material a ser transportado, bem como a determinação das suas

propriedades físicas;

dimensionamento dos equipamentos;

definição da instrumentação; e

desenvolvimento do sistema de controle e automação.

6 PROJETO BÁSICO

O projeto de um sistema de transporte de fase diluída envolve o estudo do material a ser

transportado (granulometria e massa específica aparente), a determinação de vazão

volumétrica de ar e da velocidade de ar necessária para transporte, o dimensionamento de

componentes do sistema como a válvula rotativa responsável por descarregar o material na

tubulação de transporte de acordo com a vazão mássica de material solicitada, o cálculo da

potência necessária para que o soprador seja capaz de fornecer ar com velocidade e

pressão suficientes para carregar o material até o ponto desejado e, finalmente, o filtro de

mangas para evitar que sólidos em suspensão cheguem a poluir o meio ambiente. Para

tanto são necessários os seguintes dados de entrada:

definição do sólido a ser transportado;

sua massa específica aparente;

sua granulometria;

vazão mássica de material a ser transportado;

concepção do sistema de transporte (incluindo todas as curvas, válvulas e

equipamentos de coleta).

Page 44: Transporte Pneumático

42

6.1 INFORMAÇÕES PRELIMINARES

Apresenta-se a seguir um conjunto de informações referentes ao produto a ser transportado

e à concepção do sistema de transporte.

Na tabela 2 são mostrados dados técnicos gerais do material a ser transportado (rocha

fosfática) e na tabela 3 são apresentadas algumas de suas características. A tabela 4

apresenta as características do equipamento utilizado para transporte no trabalho.

Tabela 2: Dados técnicos gerais fornecidos pela empresa que manuseia e extrai o material.

Dados técnicos gerais

Material Rocha fosfática

Vazão (t/h) 25

Massa específica aparente (t/m³) 1,57

Granulometria 90% abaixo de 43m

Umidade 0,5% máx.

Temperatura (°C) 40 máx.

Tabela 3: Características do material.

Características do material a ser transportado

Abrasividade Média

Corrosividade Não

Higroscópica Não

Explosividade Não

Toxicidade Não

Fluidez Boa

Para abrasividade considera-se o diamante possuindo um alto fator de abrasividade e o talco

como possuindo um baixo fator, portanto, pressupõe-se um nível médio da abrasividade do

produto estudado.

Para fluidez considera-se o talco possuindo um alto fator de fluidez e o dióxido de titânio

como possuindo um baixo fator, portanto, assume-se como um nível bom a fluidez do

produto estudado.

Page 45: Transporte Pneumático

i

e

43

Tabela 4: Características do equipamento de acordo com layout da planta.

Características do equipamento

Distância de transporte horizontal - 20 metros + vertical - 30 metros

Número de curvas 04 x 90º

Material alimentado a partir de Silo

Material descarregado em Silo

Material de construção Aço carbono

LAYOUT PROPOSTO

a. Sistema de aeração: auxilia a descarga de produto do silo de alimentação. O

sistema de aeração é acionado pelo sistema de automação da planta.

a, b, c, d

h

g

f

Figura 31: Croqui do sistema

Page 46: Transporte Pneumático

44

b. Válvula giratória tipo tambor: bloqueia a alimentação da linha para manutenção

geral ou parada de linha por um longo período.

c. Tubulação em aço carbono entre a válvula giratória à válvula rotativa: conexão

necessária para interligação das duas válvulas.

d. Válvula rotativa: alimentação da linha de transporte pneumático e vedação entre a

tubulação e o silo de alimentação.

e. Conjunto de tubulação e acessórios: trecho de ar limpo entre soprador e válvula

rotativa.

f. Conjunto de tubulação e acessórios: trecho de transporte: interligação entre o silo

de alimentação e o filtro de mangas.

g. Sensores de nível tipo capacitivo: emitem os sinais para silo cheio ou vazio,

garantindo o intertravamento da automação. Instalados nos silos de alimentação e

descarga, tanto para nível alto quanto para nível baixo.

h. Filtro de mangas: equipamento responsável pela separação de ar+material; garante

a liberação de ar limpo à atmosfera (de acordo com a legislação vigente) e a

descarga de material para o silo de recebimento.

i. Soprador: equipamento que transfere energia cinética suficiente para transportar o

material através de ar forçado.

j. Painel elétrico: equipamento responsável pelo controle e intertravamento da planta.

6.2 DETERMINAÇÃO DA GRANULOMETRIA

Uma amostra do material a ser transportado foi analisada determinando-se a sua

granulometria por método de ensaio baseado na norma NBR-7181.

Este método fixa o modo pelo qual se determina a curva granulométrica da rocha fosfática

moída por peneiramento (característica base para o cálculo do transporte), realizado com um

conjunto de peneiras com diferentes aberturas.

A distribuição granulométrica de um material é quantificada pela relação entre a massa do

material retido em cada peneira e a massa do total do material testado.

Para realizar o ensaio utilizou-se a seguinte aparelhagem:

a) balança com capacidade máxima de 5.000 g, com precisão de 0,1 g;

b) béqueres de vidro para coletar a massa líquida do material ao ar antes de começar o

teste, bem como a massa do material retido em cada peneira;

c) jogo de peneiras (#50, #100, #200, #250, #400 MESH), fundo (recipiente para conter

produto < # MESH400) e tampa;

d) peneirador granulométrico para classificação através de vibração.

Page 47: Transporte Pneumático

45

6.2.1 PROCEDIMENTO DE ENSAIO

O procedimento adotado foi o seguinte:

a) coletar as massas dos béqueres vazios;

b) coletar a massa do béquer + material ao ar, obtendo o valor MGar inicial bruto

(aproximadamente 0,350 kg);

c) coletar a massa do béquer + material ao ar, obtendo o valor MGar bruto de material

retido em cada peneira, incluindo o material retido no fundo do peneirador;

d) determinar, por diferença algébrica, a massa líquida do material ao ar, obtendo o

valor MGar liq para cada peneira e do fundo devidamente numeradas;

e) determinar, por diferença algébrica, a massa líquida do material ao ar, obtendo o

valor MGar liq total para a quantidade selecionada par estudo;

f) determinar, por razão algébrica (MGar liq / MGar liq total) o valor percentual da

granulometria Dp;

g) após a obtenção das razões acima mencionadas, definir o maior percentual retido

para utilizá-los no dimensionamento do transporte pneumático.

Page 48: Transporte Pneumático

46

6.2.2 RESULTADOS DO ENSAIO DE GRANULOMETRIA

Na tabela 5 apresentam os resultados obtidos.

Tabela 5: Teste de granulometria.

Page 49: Transporte Pneumático

47

6.3 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA APARENTE

Para determinação da massa específica aparente adotou-se o método de ensaio baseado

na norma NBR-6922.

Este método de ensaio fixa o modo pelo qual se determina a massa específica aparente da

rocha fosfática moída (característica base para o cálculo do transporte).

A definição para massa específica aparente de um material é simplesmente a relação entre

a massa do material ao ar (material alocado em um recipiente, completando todo o volume

do mesmo, porém, para tal, não há utilização de nenhuma força externa, com exceção da

força gravitacional) e a massa do líquido padrão. Neste teste, foi utilizado como líquido

padrão a água (H2O), pois de acordo com a tabela 6 sua massa específica ρH2O é 998,2

kg/m3, este valor simplifica os cálculos.

Tabela 6: Massas específicas e pesos específicos do ar e da água nas condições normais (101.325 Pa e 20º C)

Fluido

Massa específica

ρ

(kg/m3)

Peso específico

(N/m3)

Viscosidade

cinemática

(m2/s)

Ar 1,20 12,1 1,51x10-5

Água 998 9,81 1,007x10-6

Fonte: Mecânica dos Fluidos, Merle C. Potter e David C. Wiggert, tabela 1,4 da p. 11, tabela

B.1 da p. 633 e tabela B.2 da p. 636

Para realizar este ensaio foi utilizada a seguinte aparelhagem:

a) balança com capacidade máxima de 5.000 g, com precisão de 0,1 g;

b) béqueres de vidro para coletar a massa líquida do material ao ar e do líquido padrão.

6.3.1 PROCEDIMENTO DE ENSAIO

O procedimento de ensaio adotado foi o seguinte:

a) coletar as massas dos béqueres vazios;

b) coletar a massa do béquer + material ao ar, obtendo o valor Mar bruto (garantir béquer

com 100% de enchimento);

Page 50: Transporte Pneumático

48

c) coletar a massa do béquer + líquido padrão, obtendo o valor MH2O bruto (garantir

béquer com 100% de enchimento);

d) determinar, por diferença algébrica, a massa líquida do material ao ar, obtendo o

valor Mar liq;

e) determinar, por diferença algébrica, a massa líquida do líquido padrão, obtendo o

valor MH2O liq;

f) determinar, por razão algébrica (M ar liq / M H2O liq) o valor da densidade aparente dr.

Portanto, a densidade aparente é determinada numericamente por:

(1)

Onde: M ar liq é a massa líquida do material ao ar utilizada no cálculo de densidade aparente

em kg, M H2O liq é a massa líquida do líquido padrão utilizada no cálculo de densidade

aparente em kg e d é a densidade aparente determinada pela razão entre M ar liq e M H2O liq .

Na medição realizada, obteve-se:

A massa específica aparente do sólido é dada por:

(2)

Onde: ρ é a massa específica aparente do sólido em kg/ m3.

6.4 DIMENSIONAMENTO DA VÁLVULA ROTATIVA

O dimensionamento da válvula rotativa é realizado com base na vazão mássica de material

do sistema, na massa específica aparente do sólido a ser transportado e no percentual de

grau de enchimento das palhetas rotativas (dependendo de cada material).

O fornecedor de válvula rotativa indica qual é a capacidade volumétrica de material / rotação

que a mesma consegue fornecer ao sistema considerando 100% de enchimento das

palhetas rotativas, vide exemplo na tabela 7.

Page 51: Transporte Pneumático

49

Tabela 7: Capacidade volumétrica da válvula rotativa.

MODELO CAPACIDADE VOLUMÉTRICA / ROTAÇÃO (100% ENCHIMENTO)

HP-1/8 2,83 dm³/rot

HP-1/4 6,80 dm³/rot

HP-1/2 15,86 dm³/rot

HP-1 28,32 dm³/rot

HP-2 54,66 dm³/rot

Fonte: Data sheet da Powder Processos e Equipamentos Ltda.

Deve-se calcular a vazão volumétrica de material necessária em função da vazão mássica

de material a ser transportada pelo sistema e da sua massa específica aparente:

(3)

Onde: Qvr é vazão volumétrica de material necessária aplicável na válvula rotativa em m3/h e

Qmat é vazão mássica de material necessária aplicável ao sistema em kg/h.

Após, calcula-se a capacidade volumétrica por rotação de material que a válvula rotativa

pode fornecer de acordo com o percentual (%) de grau de enchimento das palhetas rotativas

determinado em função da aplicação da válvula rotativa.

(4)

Onde: Cvr é o volume de material por rotação da válvula rotativa em m3/rot e Cvr% é o volume

de material necessário por rotação da válvula rotativa considerando o percentual de

enchimento das palhetas rotativas em m3/rot.

Finalmente pode-se encontrar a velocidade de rotação da válvula rotativa e verificar se ela

está dentro dos limites de operação normal de trabalho indicada pelo fornecedor que é de 10

a 30 rpm.

(5)

Page 52: Transporte Pneumático

50

Onde: ω é rotação válvula rotativa em rotação por minuto, Qvr é a vazão volumétrica de

material necessária da válvula rotativa em m3/rot e Cvr% é o volume de material necessário

por rotação da válvula rotativa considerando o percentual de enchimento das palhetas

rotativas em m3/rot.

6.5 AVALIAÇÃO DA POTÊNCIA DO SOPRADOR

Os cálculos têm como objetivo principal a determinação da velocidade de transporte, das

vazões e potência necessária do soprador. A seqüência de cálculos é descrita abaixo.

6.6 VELOCIDADE DE TRANSPORTE

A velocidade de transporte é fator importantíssimo no cálculo da potência do soprador.

Pode-se utilizar de expressões que normalmente fornecem a velocidade U em função da

massa específica aparente ρ, realizar testes para determinação da velocidade ou usufruir de

dados fornecidos de tabelas de fornecedores consolidados no mercado, que trazem dados

experimentais. Veja abaixo a expressão (6) de DALLA VALLE.

(0,15 ≤ ρ ≤ 2 t/m3) (6)

DALLA VALLE apresenta expressões que levam em conta a massa específica aparente ρ e

o diâmetro das partículas Dp (variando entre 1 e 5 mm), sendo que a velocidade U é dada

em m/s.

Page 53: Transporte Pneumático

51

A tabela 8 fornece valores típicos para diferentes materiais, contudo vale a pena informar

que estas não levam em consideração o diâmetro das partículas Dp.

Tabela 8: Velocidade do ar para diferentes materiais.

Material U (m/s)

Algodão 22,9

Areia 35,6

Areia de jato 20,3

Borracha em pó 22,9

Café em grãos 17,8

Calcário moído 25,4

Carvão fino 20,3

Cereais em grãos 28,4

Cimento 35,6

Cortiça 15,2

Lã 20,3

Papel 25,4

Poeiras metálicas 9,1

Pó de chumbo 22,4

Pós de fundição 22,9

Raspas de metal 25,4

Serragem seca 15,2

Trigo 29,5

Fonte: Operações Unitárias Vol. 1, R. Gomide p. 170

As velocidades calculadas pela expressão (6) e as velocidades mencionadas na tabela 8 são

utilizadas para o dimensionamento do transporte pneumático, contudo vale ressaltar que em

casos de diâmetro de partículas muito pequenos (<< 1 mm) o uso da equação (6) não é

recomendado já que resultam em valores de velocidade muito altos comparados com

valores empíricos utilizados por fornecedores de sistemas pneumáticos. Nestes casos, são

necessárias novas considerações para determinar a velocidade de ar necessária para o

transporte pneumático, para isso recorre-se a dados empíricos indicados por fornecedores

e / ou laboratórios que usufruem de plantas piloto que permitem ensaios para determinação

desta incógnita.

Page 54: Transporte Pneumático

52

Dentre a bibliografia estudada e a experiência trocada com alguns fornecedores de sistemas

pneumáticos os valores necessários de velocidade U para o transporte pneumático

normalmente variam entre 15 a 40 m/s.

No transporte horizontal e vertical de fase diluída é desejável operar à velocidade mais baixa

possível de modo a minimizar a perda de pressão por atrito, reduzir o atrito e os custos

decorrentes. Para um tamanho de tubo particular, a velocidade de fluxo pulsante (velocidade

necessária na horizontal para manter os sólidos "saltitando" em suspensão) sempre é mais

alta que a velocidade de afogamento (velocidade necessária para manter os sólidos em

suspensão na vertical da tubulação).

A velocidade de transporte somente pode ser validada após ensaios na movimentação do

material em questão, visto que além da massa específica aparente do sólido é necessário

verificar o grau de umidade do material, que se relaciona com o agarramento do mesmo nas

partes internas da tubulação e pode prejudicar completamente a movimentação dos grãos

causando até o entupimento do sistema.

6.7 DIÂMETRO DA TUBULAÇÃO E COMPRIMENTO EQUIVALENTE

Admite-se inicialmente um diâmetro interno Ø para a tubulação de transporte e que pareça

adequado para a capacidade do sistema. Se os cálculos posteriores vierem a demonstrar

que o valor escolhido não foi satisfatório, outro poderá ser adotado e os cálculos deverão ser

repetidos.

Calcula-se o comprimento equivalente total do sistema, que é a soma do comprimento total

geométrico do transportador com os comprimentos equivalentes às curvas e demais

conexões. Estes últimos dependem do diâmetro da tubulação escolhida. Alguns valores são

apresentados na tabela 9. Segundo a prática recomendada, os valores já foram

multiplicados por dois por tratar de sólidos em suspensão. A utilização do raio de curvatura

(GOMIDE, 1983), contudo também é encontrado em algumas literaturas a sugestão

da utilização de raio de curvatura (SILVA, 2005).

Page 55: Transporte Pneumático

53

Tabela 9: Comprimento equivalente para curvas.

Ø (mm)Leconex = comprimento equivalente para curvas (m)

R = 2Ø R = 3Ø

50 1,4 1,4

100 2,6 2,6

125 3,6 3,0

150 4,4 3,6

175 5,4 4,4

200 6,2 5,0

250 8,6 6,6

300 10,4 8,6

400 14,0 12,0

Fonte: Operações Unitárias Vol. 1, R. Gomide p. 171

6.8 VAZÃO VOLUMÉTRICA DE AR E CONCENTRAÇÃO DE SÓLIDO

A vazão volumétrica de ar necessária para o transporte pneumático é determinada pela

seguinte expressão:

(7)

Onde: Qar é a vazão volumétrica de ar necessária para o transporte m3/s e Area é a área

interna da seção do diâmetro da tubulação em m2.

Segue cálculo para a área da tubulação:

(8)

Onde: Área é o cálculo da seção do diâmetro da tubulação em m2, e R é o raio interno da

tubulação em m;

Para determinar a concentração de sólidos em massa na mistura que está sendo

transportada, X, utiliza-se a equação (9); se esta relação resultar maior que 15 deve-se

admitir um diâmetro maior de tubulação (GOMIDE,1983).

Page 56: Transporte Pneumático

54

(9)

Esta expressão é válida para ar a 20º C e 101.325 Pa (1 atm).

Onde: X é a relação de sólidos em massa no transporte em kg de sólidos/ kg de ar, Qar é a

vazão volumétrica de ar necessária para o transporte m3/s e Qmat é vazão mássica de

material necessária aplicável ao sistema em kg/h. A equação (9) contém uma adequação de

unidades para Qmat de kg/h para kg/s e transforma a vazão de ar em massa, considerando

que o ar nas condições propostas apresenta 1,204 kg/m3.

6.9 PERDA DE CARGA E VARIAÇÃO DE PRESSÃO

Para determinar a variação de pressão ΔP primeiramente deve-se calcular a perda de carga

hL. A perda de carga é resultado do cisalhamento na parede do tubo provocada pelo

escoamento que está relacionado ao fator de atrito f, que é uma tensão de cisalhamento

adimensional na parede do tubo, e que pode ser obtida através da equação de Colebrook

(10).

(10)

Onde: log é o logaritmo na base 10, e é a rugosidade média em mm, Ø é o diâmetro da

tubulação em mm, Re é o número de Reynolds e f é o fator de atrito.

Para determinar o fator de atrito f, faz-se necessário esclarecer algumas das variáveis

utilizadas na equação de Colebrook. A variável e trata-se da altura média da rugosidade da

tubulação, e pode ser obtida na tabela 10 em função do material da tubulação utilizado no

transporte pneumático. Contudo vale a pena comentar que a relação da altura média da

rugosidade e com o diâmetro da tubulação chama-se de rugosidade relativa dada pela

equação (11).

(11)

Onde: é a rugosidade relativa que é adimensional, e é a rugosidade média da parede da

tubulação em mm e Ø é o diâmetro da tubulação em mm.

Page 57: Transporte Pneumático

55

Tabela 10: Tabela de rugosidades médias.

MaterialRugosidade

média (mm)Material

Rugosidade

média (mm)

Aço estirado 0,0015Ferro fundido com

incrustação1,5 - 3

Aço laminado 0,046 Ferro fundido enferrujado 1 - 1,5

Aço galvanizado 0,15 Ferro fundido novo 0,26 - 1

Aço soldado liso 0,1Ferro fundido revestido com

asfalto0,12 - 0,26

Alvenaria de pedra fina 1 - 2,5 Madeira aplainada 0,2 - 0,9

Alvenaria de pedra

grosseira8 – 15 Madeira bruta 1 - 2,5

Alvenaria de tijolo 5 Polietileno 0,001

Cobre 0,0015 PVC rígido 0,005

Concreto 0,3 – 3 Vidro 0,0015

Fonte: http://www.mspc.eng.br/fldetc/fluido5D.asp (15/11/2007)

O número de Reynolds é dado pela equação (12), onde o ar é o fluido em movimento.

(12)

Onde: U é a velocidade média do ar em m/s, Ø é o diâmetro da tubulação em m e var é a

viscosidade cinemática do ar em m2/s.

A perda de carga é dada pela equação (13) de Darcy-Weisbach, assim denominada em

homenagem a Henri P.G. Darcy (1803-1858) e Julius Weisbach (1806-1871).

(13)

Onde: hL é a perda de carga em m, f é o fator de atrito, U é a velocidade média do ar em

m/s, Ø é o diâmetro da tubulação em m e g é a aceleração da gravidade em m/s2.

Page 58: Transporte Pneumático

56

A determinação da variação de pressão é obtida a partir da aplicação da Equação de

Energia.

(14)

Onde: Ui e Ut são as velocidades de ar encontradas nas seções da tubulação na

alimentação do material na linha de transporte e na descarga do material no silo de

recebimento, respectivamente, ambas em m/s. O mesmo se aplica para as incógnitas 1 e 2

que são os coeficientes de correção cinética (adimensionais), P1 e P2 que são as pressões

manométricas nas seções 01 e 02, respectivamente, ambas em Pa, z1 e z2 que são as

alturas das seções 01 e 02, respectivamente, ambas em m, é o peso específico em N/m3 e

hL é a perda de carga em m.

A variação de pressão é obtida utilizando-se a equação (15), que é uma simplificação da

Equação de Energia considerando = 1, que é um arredondamento do valor encontrado na

maioria dos escoamentos internos turbulentos.

(15)

Page 59: Transporte Pneumático

57

6.10 POTÊNCIA DO SOPRADOR

Com a vazão volumétrica de ar necessária para o transporte pneumático Qar em m3/s dada

pela equação (9) e a variação de pressão ΔP em Pa dada pela equação (15) calcula-se a

potência W em watts, requerida ao eixo do soprador, com uma eficiência η, pela equação

(16).

(16)

Onde: W é a potência do soprador em W, é a vazão volumétrica de ar necessária para o

transporte m3/s, ΔP é a variação de pressão do sistema em Pa e é a eficiência do soprador

em percentual.

Onde valores típicos de eficiência são os indicados na tabela 11.

Tabela 11: Eficiência para cada tipo de soprador.

Equipamento Eficiência

Compressores reciprocantes (alternativos) 76%

Compressores de palhetas deslizantes 67%

Sopradores de deslocamento positivo 65%

Sopradores de deslocamento positivo helicoidais 70%

Ventiladores com pás radiais 64%

Fonte: Operações Unitárias Vol. 1, R. Gomide p. 177

Page 60: Transporte Pneumático

58

6.11 ESCOLHA DA VÁLVULA ROTATIVA

Os valores necessários para o dimensionamento da válvula rotativa são:

Qmat = 25000 kg/h;

ρ = 1567 kg/m3

Calculando por meio da equação (3) a vazão necessária em função da capacidade do

sistema e da massa específica aparente do sólido, pode-se obter:

Como os fornecedores de válvula rotativa informam os modelos em dm3/rot, obtém-se:

(17)

Na tabela 12 está indicada a capacidade volumétrica / rotação que cada modelo de válvula

rotativa proporciona em seu funcionamento.

Tabela 12: Capacidade volumétrica da válvula rotativa.

MODELO CAPACIDADE VOLUMÉTRICA / ROTAÇÃO (100% ENCHIMENTO)

HP-1/8 2,83 dm³/rot

HP-1/4 6,80 dm³/rot

HP-1/2 15,86 dm³/rot

HP-1 28,32 dm³/rot

HP-2 54,66 dm³/rot

* a velocidade de rotação deve estar entre 10 a 30 rpm

Fonte: Data sheet da Powder Processos e Equipamentos Ltda.

Page 61: Transporte Pneumático

59

A rotação da válvula abaixo de 10 rpm descaracteriza o perfil de velocidade do transporte

pneumático de fase diluída, pois haverá descarga por bateladas, fato que resultará em

variação de pressão não desejada no projeto. Para rotações acima de 30 rpm não é

garantido atingir a capacidade volumétrica de material especificada no projeto, pois a

velocidade de queda do material será insuficiente para o enchimento desejado para cada

caneca.

Calculando a capacidade da válvula rotativa de acordo com percentual (%) de enchimento

das palhetas rotativas em função das propriedades do material e a rotação necessária para

esta capacidade, aplicamos as equações (4) e (5).

O percentual de enchimento utilizado foi de 60% devido à impossibilidade de total vedação

de pressão entre a tubulação e o silo de alimentação. Quando o transporte pneumático

ocorre a tubulação tem uma pressão maior que a pressão do silo (que é praticamente a

pressão atmosférica); e em função do ajuste mecânico entre as palhetas e o corpo de ferro

fundido da válvula rotativa é permitida a entrada de ar no sentido oposto ao da descarga de

material do silo, ou seja, da tubulação para o silo, ocasionando uma mistura ar+material.

Este valor utilizado é típico na utilização de válvulas rotativas aplicadas na alimentação do

sistema, pois quando estas estão montadas após um sistema de transporte pneumático este

percentual deve ser analisado.

Para selecionar o modelo mais apropriado, avalia-se a seguir a velocidade de rotação

necessária para prover o transporte do material para 3 modelos de válvula.

Modelo HP-1/2

Page 62: Transporte Pneumático

60

Modelo HP-1

Modelo HP-2

Adota-se o modelo HP-1 porque o HP-2 e o HP-3 apresentam velocidades de rotação

inconvenientes.

6.12 CÁLCULO DA POTÊNCIA DO SOPRADOR

Conforme os dados e projeto têm-se:

Qmat = 25 t/h;

Page 63: Transporte Pneumático

61

ρ = 1,57 t/m3

Lh = 20 m;

Lv = 30 m;

Acessórios: 04 curvas 90º

6.13 DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO EQUIVALENTE

Admite-se Ø = 152, mm (6'') para iniciar os cálculos.

Curvas de 90º tem comprimento equivalente de 3,6 m (considerando R=3D), conforme

tabela 9. Com isso:

(18)

Então, para o comprimento equivalente total:

(19)

6.14 DETERMINAÇÃO DA VELOCIDADE DE AR DE TRANSPORTE

Como no ensaio de granulometria foi constatado que Dp << 1 mm não se pode aplicar a

equação (6) para determinação da velocidade do ar no transporte dos sólidos. A utilização

da tabela 8 também não é válida visto que o material não está listado. Então se recorre a

experiência de fornecedores do ramo para determinação da velocidade inicial de ar para o

transporte, que informa que para materiais muito finos (Dp = 37 – 210 m) e com massa

específica aparente ρ 1,6 t/m3 é recomendado a velocidade inicial aproximada de 28 m/s

para o transporte pneumático fase diluída.

Sólidos com 0,85 < ρ < 2 t/m3 tem um aumento da ordem de 10 m/s na velocidade terminal

(MCKETTA, 1993), com isso a velocidade terminal aumenta conforme equação (20), fato

que se pode observar pela diminuição de pressão no sistema, causada devido a perda de

Page 64: Transporte Pneumático

62

carga no transporte e o material ser descarregado para o silo de recebimento com

praticamente pressão atmosférica, portanto:

(20)

Para a determinação da velocidade de ar necessária para o transporte pneumático deve ser

considerada a média da velocidade inicial e terminal de acordo com equação (21). O uso da

velocidade de ar média U para o dimensionamento é mais aconselhado conforme MCKETTA

e indicação de fornecedores do mercado, portanto:

(21)

Page 65: Transporte Pneumático

63

6.15 DETERMINAÇÃO DA VAZÃO DE AR DE TRANSPORTE

Com o diâmetro da tubulação de 152,4 mm e a velocidade de ar necessária para o

transporte de 33 m/s, como indicada na seção anterior e aplicando-se as equações (7) e (8)

pode-se obter:

6.16 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE MISTURA NO TRANSPORTE

Com a vazão mássica de material solicitada ao sistema de transporte Qmat=25.000 kg/h e a

vazão de ar necessária Qar=0,60 m3/s, pode-se aplicar a equação (11):

Conforme tabela 6 o ar a 20 ºC apresenta massa específica ρar=1,204 kg/m3, com isso

encontra-se a concentração da mistura de transporte.

Como esta relação resulta menor que 15 é permitido a continuação do dimensionamento e a

utilização do diâmetro da tubulação de 152,4 mm, caso contrário deve-se aumentar o

diâmetro da tubulação.

Page 66: Transporte Pneumático

64

6.17 DETERMINAÇÃO DA PERDA DE CARGA E VARIAÇÃO DE PRESSÃO

Para o cálculo da perda de carga dada pela aplicação da equação (15), primeiramente

deve-se através da equação de Colebrook determinar o fator de atrito f. Com isso faz-se

necessária a aplicação das equações (10), (11) e (12), respectivamente para o cálculo do

fator de atrito f pela equação de Colebrook, da rugosidade relativa e do número de

Reynolds. Para o cálculo do número de Reynolds considera-se a viscosidade cinemática do

ar ar=1,51X10- 5 m2/s devido à se tratar de um transporte pneumático, o dado está conforme

tabela 6 para o ar a 20º C.

O resultado da equação (12) confirma a hipótese de que o escoamento é turbulento com

Re>40.000 (POTTER, 2004).

Como o material da tubulação escolhido para o projeto é o aço carbono SCH 80 (padrão

internacional no comércio de tubos de aço), pode-se obter da tabela 10 e=0,046 mm

correspondente ao aço laminado. Aplicando-se a equação (11) pode-se obter a rugosidade

relativa:

O fator de atrito f pode ser determinado pela equação de Colebrook (10).

Page 67: Transporte Pneumático

65

Resolvendo a equação de forma iterativa, encontra-se o fator de atrito f.

A perda de carga pode ser determinada pela equação (13), contudo como existem dois

trechos distintos para o ar percorrer na tubulação, o primeiro do soprador à descarga de

material na linha pela válvula rotativa e o segundo deste último à descarga do material no

silo de recebimento, o cálculo da perda de carga e variação de pressão é divido em 2 partes

conforme equação (22).

(22)

Para o trecho 1-2, a velocidade do ar U deve ser a velocidade inicial Ui = 28 m/s.

Normalmente fornecedores de transporte pneumáticos adotam para dimensionamento um

comprimento de 10 m, mais 2 curvas para a vazão de ar gerada pelo soprador atingir à

região de descarga do material pela válvula rotativa, devido às dificuldades encontradas para

instalação do soprador na mesma altura e próximo da região que o material entra na

tubulação. Portanto o comprimento equivalente para o trecho de tubulação do soprador até a

região de descarga de material na linha de transporte é dado por:

(23)

Aplicando a equação (13) para o trecho 1-2, pode-se obter:

Para o trecho 2-3 (segundo trecho), a velocidade do ar U deve ser a velocidade média U=33

m/s. Portanto aplicando a equação (13) pode-se obter:

Page 68: Transporte Pneumático

66

De acordo com a equação (15) o cálculo da variação de pressão durante o trecho de

transporte do material é:

Como já mencionado, existem dois trechos de transporte pneumático e para o cálculo da

variação de pressão ainda é necessário incluir a perda de pressão provocada pelo filtro de

manga ΔPfiltro que tipicamente é igual a 1470 Pa (150 mmcA), portanto a variação de pressão

toma a forma da equação (24):

(24)

Para o trecho 1-2 (primeiro trecho), trecho limpo, a variação de pressão é dada pela equação

(15) e pode ser simplificada considerando a mesma velocidade durante todo o trecho e uma

variação de altura desprezível:

(25)

De acordo com tabela 6 o peso específico do ar é igual a 12,1 N/m3, com isso pode-se

obter a variação de pressão do trecho 1-2:

Para o trecho 2-3, trecho no qual se observa a mistura de ar+material calcula-se a variação

de pressão pela equação (15) e, devido a presença de material neste trecho é necessário a

correção da variação de pressão por um fator de multiplicação (k) dado pela figura 26.

Page 69: Transporte Pneumático

67

(26)

Como já comentado o trecho 2-3 apresenta o ar misturado com a rocha fosfática moída,

fazendo-se necessária a correção da variação de pressão pelo fator de multiplicação ,

obtida na figura 26. O valor da relação de sólidos está na unidade utilizada para o

levantamento da curva empírica, para tanto se pode obter fazendo as devidas conversões

de unidades:

Qar = 0,6 m3/s = 21,2 ft3/s

Qmat = 25000 kg/h = 15,31 lb/s

Aplicando a equação (27) com as novas unidades solicitadas para a figura 32, a relação X

que é a vazão volumétrica de ar pela vazão mássica de material em unidades inglesas é

dada por:

(27)

Page 70: Transporte Pneumático

68

Figura 32: Fator de multiplicação.

Fonte: Ducon Fluid Transport Division

Encontrando o fator de multiplicação = 6,5 obtido da figura 24, a variação de pressão do

trecho 2-3 corrigida é dada por:

Substituindo os dados calculados na equação (28) pode-se obter a variação de pressão do

sistema proposto:

(28)

B

Page 71: Transporte Pneumático

69

6.18 DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA DO SOPRADOR

Finalmente pode-se determinar a potência do soprador por meio da equação (16).

Como foi escolhido um soprador com deslocamento positivo tipo lóbulo a eficiência do

soprador η é igual a 65% de acordo com tabela 10, com isso a potência do soprador

considerando a vazão mássica de ar Qar=0,6 m3/s e a variação de pressão ΔP=38707,9 Pa é

calculada abaixo:

Utilizando um gráfico para seleção de um soprador do fabricante OMEL pode-se comparar o

resultado calculado com a realidade praticada na seleção de soprador no mercado. A figura

33 traz um gráfico que necessita apenas da vazão mássica de ar Qar em m3/min e da

variação de pressão ΔP em mca, onde convertendo as unidades obtem-se Qar=0,6 m3/min x

60 s / min = 36 m3/min e ΔP4 mca. Um dado importante retirado da figura 33 é o acréscimo

da temperatura do ar após a compressão nos lóbulos do soprador, valor importante utilizado

para o dimensionamento da taxa filtrante do filtro de mangas.

Page 72: Transporte Pneumático

70

Figura 33: Curvas características para seleção de soprador.

Fonte: Catálogo do fornecedor OMEL Bombas e Compressores Ltda.

38ºC

44HP

Page 73: Transporte Pneumático

71

O acréscimo de temperatura obtido pela figura 33 é de 38ºC (utilizado para o cálculo da taxa

filtrante do filtro de mangas) e a potência do soprador W=44HP=32,8 kW, valor este muito

próximo do valor calculado de 35,4kW, comprovando que os cálculos utilizados trazem

resultados coerentes.

Page 74: Transporte Pneumático

72

6.19 DETERMINAÇÃO DA ÁREA FILTRANTE DO TECIDO PARA O FILTRO DE

MANGAS

Com a vazão volumétrica de ar necessária para o transporte pneumático Qar dada pela

equação (7) e a taxa filtrante calculada abaixo, pode-se determinar a área filtrante

necessária para o sistema em estudo.

Para a determinação da taxa filtrante são determinados os parâmetros descritos na função:

(29)

Onde: TF é a taxa filtrante para dimensionamento do filtro de mangas em , A é o

índice de fator do material (adimensional), B é o fator referente ao tipo de aplicação do filtro

de mangas (adimensional), C é o fator referente a temperatura de operação (adimensional),

D é o fator referente ao tamanho do diâmetro da partícula (adimensional) e E é o fator

referente a relação de sólidos por volume de ar.

O valor do parâmetro A é um fator de material obtido do anexo 1 disponibilizado pela

empresa "Mikropul United States Filter Corporation". Como se trata de rocha fosfática, foi

selecionado o valor de A = 9,0.

O valor do parâmetro B é um fator aplicável ao tipo de equipamento em que o material foi

submetido, o mesmo foi obtido do anexo 1, tabela B, disponibilizado pela empresa "Mikropul

United States Filter Corporation". Como se trata do filtro de mangas aplicado em transporte

pneumático, foi selecionado o valor de B = 0,8.

O valor do parâmetro C é um fator aplicável ao efeito de temperatura o qual o material foi

submetido. O mesmo é obtido graficamente do anexo 1 disponibilizado pela empresa

"Mikropul United States Filter Corporation". Porém é necessário calcular o balanço da

temperatura no sistema conforme equação (31).

(30)

Onde: é a vazão mássica do ar em kg/s, é a temperatura inicial do ar em °C é

a temperatura final do ar em °C e o cp é o calor específico do ar a pressão constante em

kJ/kg K, o mesmo se aplica para o lado direito da equação referenciando o material.

Page 75: Transporte Pneumático

73

cp = 1,0035 kJ/kg K

(conforme Fundamentos da Termodinâmica, Van Wylen, Sonntag e Borgnakke, p.522)

Tiar = 25°C + 38°C = 63°C

(38°C é devido à variação de temperatura gerada pelo soprador conforme figura 33)

mmat = 9,61mar

(conforme resultado determinação da concentração de mistura do transporte)

cp_mat = 1,0871 kJ/kg K

(0,26 BTU / lb °F conforme anexo 2 - catálogo Mikropul)

Tamb = 20°C, portanto Timat = 20°C

Utilizando a equação (30), e considerando que Tmist = Tfar = Tfmat, tem-se:

(32)

Portanto, após o cálculo e análise do gráfico C, foi obtido o valor de C = 0,95 considerando o

valor calculado da temperatura da mistura Tmist=74,8ºF.

O valor do parâmetro D é um fator aplicável ao estudo granulométrico do material

transportado. Após análise da tabela D do anexo 1 disponibilizado pela empresa "Mikropul

United States Filter Corporation", foi obtido o valor de D = 1,0.

O valor do parâmetro E é um fator aplicável a quantidade de grãos do material por volume

de ar transportado. O mesmo é obtido graficamente do anexo 1, gráfico E "dust load efect"

disponibilizado pela empresa "Mikropul United States Filter Corporation". Porém é

necessário calcular a quantidade de grãos por volume de ar transportado, para definir o valor

aplicável no eixo y do gráfico mencionado. Portanto, após o cálculo de X't e análise do

gráfico, foi obtido o valor de E = 0,85. Seguem cálculos utilizados.

(33)

Page 76: Transporte Pneumático

74

Onde:

Portanto aplicando a equação (24) pode-se obter:

E adotando o mesmo conceito utilizado para o cálculo da concentração de mistura do

transporte pode-se obter:

(34)

Onde:

Portanto:

Por convenção de unidades apresentadas no anexo 3, disponibilizado pela empresa

"Mikropul United States Filter Corporation", 1 grão / ft3 = 2,29 g / m3, portanto:

Substituindo-se os valores encontrados na equação (30), encontra-se o valor da taxa

filtrante.

Page 77: Transporte Pneumático

75

Transformando para o Sistema Internacional de Unidades o valor de TF encontrado foi:

Portanto a área filtrante necessária calculada pela equação (35) para garantir a emissão de

ar limpo, dentro das especificações da legislação vigente é dada por:

(35)

Portanto:

Com a área filtrante calculada acima, pode-se selecionar o filtro de mangas para aplicação

proposta.

Page 78: Transporte Pneumático

76

7 DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÕES

7.1 SISTEMA DE CONTROLE

Todo controle do sistema e intertravamento será feito utilizando-se um CLP que gerenciará

entradas e saídas, recebendo sinais de sensores e botões e acionando válvulas, motor do

soprador e válvula rotativa e também enviando e recebendo informações da IHM que

funcionará como o supervisório do sistema.

O controle de partida e monitoramento do motor do soprador e da válvula rotativa será feito

por meio de um inversor de freqüência.

Sensores capacitivos irão controlar o nível dos silos indicando se estão cheio ou vazio.

Pressostatos indicarão pressão alta ou baixa na linha de transporte.

Um terminal de programação ficará no painel do CLP para eventuais mudanças no programa

e localização de defeitos.

7.1.1 SISTEMA EM OPERAÇÃO AUTOMÁTICA

7.1.1.1 PROCEDIMENTO DE PARTIDA

O procedimento de partida no modo automático deve ser constituído pelos seguintes passos:

a. ligar o soprador;

b. aguardar 5 minutos para entrada em regime do soprador;

c. ligar o timer do filtro de mangas no CLP;

d. abrir a válvula de esfera do silo de estocagem;

e. ligar a válvula rotativa e em conjunto ligar o sistema de fluidização do silo de

estocagem.

7.1.1.2 INTERTRAVAMENTOS

Os seguintes intertravamentos devem ser estabelecidos:

a. a válvula rotativa não liga se o pressostato de pressão alta da linha de transporte

estiver atuado (pressão está alta);

b. a válvula rotativa não liga se o sensor de nível alto do silo de recebimento estiver

atuado (silo está cheio);

Page 79: Transporte Pneumático

77

c. a válvula rotativa não liga se o soprador não estiver ligado;

d. a válvula rotativa não liga se o pressostato de pressão baixa não estiver atuado

(pressão está abaixo do mínimo, indicando que não existe vazão adequada de ar no

sistema);

e. a válvula rotativa desliga se o pressostato de pressão alta da linha de transporte

atuar (pressão está alta). Prever retardo de 10-15 segundos;

f. a válvula rotativa desliga se o sensor de nível alto do silo de recebimento atuar (silo

está cheio). Prever retardo de 10-15 segundos;

g. a válvula rotativa desliga se o soprador desligar;

h. a válvula rotativa desliga se o pressostato de pressão baixa não estiver atuado

(pressão está abaixo do mínimo, indicando falta de fluxo de ar no sistema);

i. a válvula rotativa liga quando atingido o nível baixo no silo de recebimento (silo está

vazio).

OBSERVA-SE QUE:

quando o sistema estiver em operação, caso o pressostato de pressão alta

seja atuado (pressão alta na linha), a válvula rotativa deve ser desligada,

entretanto o soprador deve permanecer ligado, pois o suprimento de ar

para o sistema é fundamental para tentar normalizar a operação sem que

seja necessária intervenção humana. Caso depois de algum tempo a

situação não se normalize o problema deverá ser verificado pelo operador,

desligando então, o soprador se necessário;

quando o sensor de nível alto do silo de recebimento atuar indicando silo

cheio, a válvula rotativa deve ser desligada, entretanto o soprador deve

permanecer ligado. A válvula rotativa deve ser ligada novamente quando o

sensor de nível baixo do silo de recebimento atuar, indicando silo vazio.

7.1.1.3 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE FLUIDIZAÇÃO

O funcionamento do sistema de fluidização é controlado basicamente por uma válvula

solenóide que quando está energizada libera a entrada de ar para o silo e quando está

desenergizada corta a entrada de ar para o silo. A operação do sistema é cíclica, sendo que

a válvula solenóide permanece energizada por algum tempo e depois permanece

desenergizada por algum tempo descrito a seguir.

Deverá ser previsto o ajuste de operação por meio da IHM nos seguintes intervalos:

Page 80: Transporte Pneumático

78

tempo de válvula energizada: 0 a 5 segundos

tempo de válvula desenergizada: 0 a 60 segundos

7.1.1.4 PROCEDIMENTO DE PARADA

O procedimento de parada deve ser constituído pelas seguintes ações listadas em ordem cronológica:

a. desligar a válvula rotativa e em conjunto desligar o sistema de fluidização do silo de

estocagem;

b. aguardar 5 minutos para limpeza/purga da linha de transporte;

c. desligar o soprador;

d. desligar o timer do filtro de mangas;

e. fechar a válvula de esfera do silo de estocagem.

7.1.1.5 ALARMES

Todos os alarmes serão indicados na tela da IHM para visualização rápida do operador ou

manutencista. Haverá indicação áudio visual por meio de sirene e lâmpadas.

Os alarmes de pressostato podem indicar que há entupimento na linha de transporte.

a. corrente alta no motor do soprador;

b. corrente alta no motor da válvula rotativa;

c. pressão alta na linha de transporte – pressostato de alta atuado;

d. pressão baixa na linha de transporte – pressostato de baixa atuado;

e. diferencial de pressão alto no filtro de mangas;

f. emergência acionada.

7.1.2 SISTEMA EM OPERAÇÃO MANUAL

Pode ser prevista a operação do sistema em modo manual ligando-se os equipamentos

individualmente, entretanto, devem ser obedecidas as condições de partida, intertravamento

e parada, indicadas para o sistema em operação no modo automático.

Page 81: Transporte Pneumático

79

7.1.3 SISTEMA EM MANUTENÇÃO

Quando o sistema for colocado em manutenção, todos os equipamentos poderão ser ligados

individualmente. Entretanto, alguns cuidados devem ser tomados quanto ao acionamento da

válvula rotativa, ou seja, esta somente pode ser ligada individualmente se o silo estiver vazio

ou a válvula de esfera estiver fechada se houver material no silo.

Todos os demais componentes podem ser ligados individualmente sem quaisquer restrições.

7.1.4 EMERGÊNCIA

Caso acionado algum botão de emergência, localizado no painel elétrico e em alguns pontos

do trecho de transporte, o soprador e a válvula rotativa serão desligados e a válvula de

esfera será fechada.

O botão de emergência, caso apertado, ficará travado, sendo necessária uma avaliação

geral dos danos causados ao sistema por esta operação, para liberar novamente o sistema

para operação.

O botão de emergência somente deve ser utilizado em caso de extrema gravidade, quando

os procedimentos normais de parada indicados não puderem ser utilizados normalmente.

Page 82: Transporte Pneumático

80

7.2 DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DO SISTEMA DE CONTROLE

Apresenta-se na figura 34 um exemplo dos componentes a serem utilizados no sistema de

controle utilizando como fabricante a Rockwell/Allen-Bradley:

terminal de programação

IHM – interface homem máquina

CLP – controlador lógico programável

inversor de freqüência

sensores de nível

pressostato

Figura 344: Diagrama esquemático do sistema de controle (supervisório).

No sistema apresentado o CLP é o equipamento principal. Todos os dados aquisitados no

campo por meio de sensores passam pelo CLP que processa as informações e atua no

sistema atualizando os sinais de saída. Os sinais de saída e entrada podem ser digitais ou

analógicos.

Page 83: Transporte Pneumático

81

O protocolo utilizado no campo é o REMOTE I/O, que coleta os sinais dos sensores e leva a

informação ao CLP por apenas um cabo.

O inversor de freqüência recebe as informações do CLP pela rede DH+ no formato de uma

palavra de 16 bits. Essa palavra contém informações sobre rampa de aceleração, freqüência

de trabalho entre outros sinais de configuração.

A IHM também utiliza a rede DH+ para receber informações do CLP. Esses sinais podem ser

no formato de uma palavra de 16 bits ou apenas um sinal digital de 1 bit.

7.3 SELEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

Para efeito de futura cotação, foram escolhidos 3 fabricantes, quando possível, para cada

equipamento.

É recomendado que o CLP, a IHM e o inversor de freqüência sejam fornecidos pelo mesmo

fabricante devido a eventuais problemas de comunicação entre eles e a programação ser

comprometida, em alguns casos, pela diferença de origem.

A tensão de alimentação de todos os sensores é 24 Vdc com grau de proteção IP 67, com

conexões resistentes a sujeira e ambientes hostis.

7.3.1 CLP

O CLP deve conter 32 entradas e 32 saídas digitais no painel e entradas e saídas digitais e

analógicas flexíveis ao longo da planta.

Fabricante 1: Rockwell/Allen-Bradley

Modelo: SLC-500 CPU 5/04

Fabricante 2: Omrom

Modelo: CPM 2ª

Fabricante 3: Cutler Hammer

Modelo: D320 PLC

Page 84: Transporte Pneumático

82

7.3.2 IHM

A IHM contém uma interface gráfica colorida com tela em LCD.

Fabricante 1: Rockwell/Allen-Bradley

Modelo: Panel View 1500 Plus

Fabricante 2: Omrom

Modelo: NT631C-ST141-EV2

Fabricante 3: Cutler Hammer

Modelo: Panel Mate 5000

7.3.3 INVERSOR DE FREQUÊNCIA

Válvula rotativa

Fabricante 1: Rockwell/Allen-Bradley

Modelo: 1305

Fabricante 2: Weg

Modelo: CFW-08

Fabricante 3: SEW

Modelo: Movidrive

Soprador

Fabricante 1: Rockwell/Allen-Bradley

Modelo: 1336

Fabricante 2: Weg

Modelo: CFW-09

Fabricante 3: SEW

Modelo: Movidrive

Page 85: Transporte Pneumático

83

7.3.4 BOTÕES (LIGA / DESLIGA / EMERGÊNCIA)

Fabricante 1: Rockwell /Allen-Bradley

Modelo: Botões tipo cogumelo (vermelho) 1 NA/1 NF com trava para a emergência e comum

“push button” para os demais com contato NA.

Fabricante 2: Cutler Hammer

Modelo: Botões tipo cogumelo (vermelho) com trava para a emergência e comum “push

button” para os demais com contato NA.

Fabricante 3: ACE SCHMERSAL

Modelo: Botões tipo cogumelo (vermelho) com trava para a emergência e comum “push

button” para os demais com contato NA.

7.3.5 SENSOR CAPACITIVO (NÍVEL)

Sensor tubular diâmetro 30mm com rosca, distância sensora de no mínimo 15mm.

Fabricante 1: Balluff

Modelo: BCS M30KN2-NSC18G-AV2

Fabricante 2: Sense

Modelo: CS 20-30-RV1-A2/SY

Fabricante 3: Turck

Modelo: BC 10-M30-VP4X

7.3.6 PRESSOSTATO

Medidor de pressão com saída analógica 4..20 mA, com range de 0 a 2 bar (mínimo)

Fabricante 1: IFM

Modelo: PA3026

Page 86: Transporte Pneumático

84

Fabricante 2: Hytronic

Modelo: HTP25 /0002 / R/ 44/ P/ MN

Fabricante 3: Nivetec

Modelo: 790 - 2 - P – 1

7.3.7 PROTOCOLOS DE REDE

Como exemplo de aplicação utilizando equipamentos da Rockwell/Allen-Bradley, foi

escolhido dois protocolos de rede do fabricante.

Para a comunicação entre o CLP, a IHM e o inversor de freqüência foi escolhido o protocolo

de rede DH+, que além de realizar a comunicação dos equipamentos citados permite a

entrada em qualquer ponto da rede um terminal de programação.

Para a rede de campo (instrumentação) foi escolhido a REMOTE I/O que permite a

centralização dos sinais próximo aos dispositivos, e um adaptador local (Flex I/O) faz a

transmissão de dados via rede através de um único cabo para o CLP. Os dispositivos

próximos ao CLP podem ser ligados diretamente nos cartões de entrada e saída.

Observa-se que o cabo utilizado nos dois protocolos é o mesmo, o que muda é a conexão

no CLP.

Page 87: Transporte Pneumático

85

8 CONCLUSÃO

No transporte pneumático a relação entre a quantidade de produto e o volume de ar,

configura um fator importante nesse estudo, pois quanto maior o volume de ar em relação ao

produto maior será o consumo de energia, ou seja, quanto maior a relação de ar

transportado pela quantidade de material transportado maior será a custo por quantidade de

produto.

Embora o conceito de transporte pneumático seja utilizado há várias décadas, ainda não

está disponível literatura que indique todos os passos para desenvolvimento e

implementação de um projeto. Muitos dos dados necessários para cálculo e

dimensionamento de projetos atualmente utilizados pelas empresas que atuam neste ramo

de mercado são empíricos, pois foram obtidos ao longo de anos de experiência.

Devido a isto se tornou necessário, para o desenvolvimento do estudo, a pesquisa em

diversas fontes para obter o resultado desejado.

A utilização de instrumentação e sistema de controle no estudo garantiu ao projeto maior

estabilidade e confiabilidade, ganho de eficiência, economia de espaço e facilidade de

manutenção e operação do sistema.

Neste estudo há condições de pesquisar mais detalhadamente o efeito do atrito nos

componentes do circuito. Tornando-se necessário ensaio para a determinação desses

efeitos na tubulação, válvulas, filtros e demais componentes.

Outra melhoria seria o levantamento de custo do projeto, visando a comercialização.

Page 88: Transporte Pneumático

86

9 REFERÊNCIAS

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Approach: Chapman & Hall, 1997. 624 p.

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Materials Handling: Marcel Dekker, Inc.

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1983.

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na indústria e nos serviços / Deodoro Ribeiro da Silva: Artliber Editora, 2005.

POTTER, Merle C. e WIGGERT, C. Wiggert - Mecânica dos Fluidos, Tradução da 3.ª

edição Norte-Americana, Editora Thomson, 2004.

SONNTAG, Richard E. et al. Fundamentos da Termodinâmica, Tradução da 6.ª edição

americana: Editora Edgard Blücher Ltda, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6922: Ensaios Físicos

Determinação da Massa Específica. Rio de Janeiro, 1981.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Análise Granulométrica.

Rio de Janeiro, 1984.

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Page 90: Transporte Pneumático

88

ANEXO 1 – GUIA PARA DETERMINAÇÃO DA TAXA FILTRANTE

Page 91: Transporte Pneumático

89

ANEXO 2 – TABELA DE PESO ESPECÍFICO E CALOR ESPECÍFICO A PRESSÃO

CONSTANTE

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90

ANEXO 3 – TABELA DE CONVERSÃO DE UNIDADES