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Transtorno de Personalidade Borderline O transtorno de quem sofre e faz sofrer. Sônia Nemi Este texto é uma “colagem” de trechos de links e artigo relacionados ao final, por esta razão sugiro que visitem os autores originais; além disso também sugiro que, ao ler, “antes de achar que você é Borderline, ou que alguém na sua família tem essa doença, você deve consultar um bom profissional, já que os sintomas também ocorrem em outras patologias” 1 . Introdução 2 Imagine estar diante de uma situação que precisa ser resolvida – um pneu furado, uma pia entupida ou um desentendimento com seu cônjuge, amigo(a), amante, filho(a), etc. No entanto, em vez de buscar uma solução, você se apavora. Você começa a sentir um desconforto generalizado, um incômodo no estômago ou tórax, sentimentos de ansiedade e uma sensação crescente de intranquilidade e inquietude; seguido a isso vem a raiva, que vai aumentando progressivamente e se torna tão forte que lhe inunda, embora perceba que é excessiva. Durante os próximos minutos outras sensações negativas vão lhe tomando – incluindo recordações dolorosas do passado – até você sentir intensamente tudo de ruim que pode ocorrer a um ser humano. É como se você estivesse preso numa armadilha, completamente vulnerável. Suas defesas psicológicas estão subjugadas por uma dor emocional insuportável. Você se sente deprimido e incapaz de lutar, uma vez que sua mente e corpo estão agora em total pânico. Você perde a percepção da realidade e tira conclusões errôneas num esforço inútil para compreender o que está acontecendo. Como a dor se intensifica, seu sistema nervoso cria sensações estranhas como vazio, entorpecimento e irrealismo. Você vai se tornando incapaz de pensar racionalmente, à medida que o pânico continua a piorar. Sua mente tenta descobrir um modo de se livrar da dor e busca soluções, agora desesperadamente. Você tenta lembrar o que fez no passado para sair de situação semelhante. Quando consegue pensar em algo sua mente tenta fazer a mesma coisa, num esforço sobre-humano, resultando finalmente em uma mudança bioquímica, liberando substâncias químicas do cérebro que param a dor e lhe fazem “normal” novamente. 1 Link nº 3. 2 Link nº 2.

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Transtorno de Personalidade Borderline

O transtorno de quem sofre e faz sofrer.

Sônia Nemi

Este texto é uma “colagem” de trechos de links e artigo relacionados ao final, por esta razão

sugiro que visitem os autores originais; além disso também sugiro que, ao ler, “antes de achar que você

é Borderline, ou que alguém na sua família tem essa doença, você deve consultar um bom profissional,

já que os sintomas também ocorrem em outras patologias”1.

Introdução2

Imagine estar diante de uma situação que precisa ser resolvida – um pneu furado, uma pia

entupida ou um desentendimento com seu cônjuge, amigo(a), amante, filho(a), etc. No entanto, em vez

de buscar uma solução, você se apavora. Você começa a sentir um desconforto generalizado, um

incômodo no estômago ou tórax, sentimentos de ansiedade e uma sensação crescente de

intranquilidade e inquietude; seguido a isso vem a raiva, que vai aumentando progressivamente e se

torna tão forte que lhe inunda, embora perceba que é excessiva. Durante os próximos minutos outras

sensações negativas vão lhe tomando – incluindo recordações dolorosas do passado – até você sentir

intensamente tudo de ruim que pode ocorrer a um ser humano.

É como se você estivesse preso numa armadilha, completamente vulnerável. Suas defesas

psicológicas estão subjugadas por uma dor emocional insuportável. Você se sente deprimido e incapaz

de lutar, uma vez que sua mente e corpo estão agora em total pânico. Você perde a percepção da

realidade e tira conclusões errôneas num esforço inútil para compreender o que está acontecendo.

Como a dor se intensifica, seu sistema nervoso cria sensações estranhas como vazio, entorpecimento e

irrealismo. Você vai se tornando incapaz de pensar racionalmente, à medida que o pânico continua a

piorar.

Sua mente tenta descobrir um modo de se livrar da dor e busca soluções, agora

desesperadamente. Você tenta lembrar o que fez no passado para sair de situação semelhante. Quando

consegue pensar em algo sua mente tenta fazer a mesma coisa, num esforço sobre-humano, resultando

finalmente em uma mudança bioquímica, liberando substâncias químicas do cérebro que param a dor e

lhe fazem “normal” novamente.

1 Link nº 3. 2 Link nº 2.

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Mas como voltar à normalidade sabendo que essa experiência horrível poderá acontecer outra

vez a qualquer momento? Como retomar a vida depois que seus comportamentos destrutivos e

impróprios foram testemunhados por família, amigos, empregadores ou colegas de trabalho? Como

encarar as pessoas com naturalidade outra vez? Como fazer isso se as consequências resultaram

também em dificuldades financeiras, interpessoais, físicas ou legais?

O funcionamento Borderline não é frescura; é uma ferida aberta por dentro (por isso ninguém

enxerga), e dói mais ainda que se fosse por fora! Traz sérias consequências para a pessoa e seus

familiares; as perturbações sofridas por seu portador afetam negativamente as relações de todas as

áreas da vida: social, profissional, familiar e casal.

O objetivo desta colagem é proporcionar um número de informações significativas àquele que

tem o funcionamento Borderline e seus familiares para lhes dar condições de entender o que acontece

em um sistema que inclui tal dinâmica; ainda que em um primeiro momento possa ser assustador,

identificar qual a questão é o primeiro passo para resolvê-la. Insisto em dizer que em vez de afirmar que

você é ou alguém de sua responsabilidade é Borderline, procure um psiquiatra que possa realmente

diagnosticar.

Entendendo a dinâmica e sua origem

Para Guy Tonella, analista bioenérgetico, o Borderline não é um transtorno e também não é um

caráter como são considerados os funcionamentos que Alexander Lowen esquematizou: Esquizóide,

Oral, Psicopata, Masoquista e Rígido. O Borderline é um estado resultado de experiências traumáticas

que mantêm a pessoa aprisionada entre sua primeira e segunda fase de vida:

1ª fase: a gestação e o nascimento;

2ª fase: a fase oral, período quando precisaria ter sido amamentada/maternada.

Traumático aqui não significa necessariamente ter sido mal tratado ou abandonado. É

traumático para um recém nascido receber os cuidados básicos (ser banhado, alimentando, ninado) se a

pessoa que os provê não está de fato presente para a criança; ou seja, se a mãe está tão somente

cumprindo tarefa sem conectar-se com aquele ser (por estar cheia de problemas práticos ou por estar

infeliz emocionalmente) a experiência é vivenciada pelo bebê como traumática, uma vez que ele é

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totalmente dependente da mãe e ela teria que estar centrada em atender a necessidade dele.3 Durante

o período entre a primeira e a segunda fase, se o bebê não vivenciou a experiência da simbiose natural

da forma que precisaria ter sido, como pode vivenciar separação mais adiante? Como pode se estruturar

com segurança, estar em grounding e formar bons vínculos na vida adulta? A simbiose natural é a

possibilidade de aquele ser ir se descobrindo para finalizar o desenvolvimento físico e psíquico a que

tem direito. Isso fica evidenciado no texto de José Henrique Volpi quando ele diz que durante o período

neonatal “é de suma importância que a mãe não apenas alimente fisicamente a criança, mas se coloque

disponível emocionalmente para o ato de amamentar seu bebê”. Volpi cita o estudo de Navarro que

demonstra que, quando “o bebê alterna o olhar entre o rosto da mãe e o bico do peito num clima

agradável e receptivo, permite a execução dos movimentos em toda a musculatura extrínseca dos olhos,

prevenindo assim uma futura miopia”4. Mais adiante ele explica como o momento bebê-mãe evita

hipermetropia e a presbiopia. Ou seja, a simbiose natural é a base da saúde emocional e também da

saúde física do ser humano.

A Análise Bioenergética deita o olhar não apenas na história e no funcionamento da pessoa na

vida, mas igualmente à forma como a energia se apresenta no corpo. No caso do Borderline, o analista

bioenergético pode encaminhar seu cliente para que um psiquiatra possa avaliar a necessidade de

tratamento medicamentoso, mesmo quando o funcionamento do Borderline não é grave, caso ele

apresente sintomas que interfiram na sua qualidade de vida garantindo que o processo terapêutico

possa evoluir melhor.

Para a psiquiatria, o termo "fronteiriço" não se refere ao limite entre um estado normal e um

psicótico, mas à instabilidade constante de humor. Caracteriza-se por uma desregulação emocional, com

raciocínio do tipo “8 ou 80”, “branco ou preto”, totalmente bom ou totalmente mau, extremo ou cisão e

relações caóticas, interferindo na possibilidade da pessoa se desenvolver e ter qualidade de vida5.

Apesar disso, alguns Borderlines conseguem focalizar a vida no trabalho, escolhendo atividades em que

tenham alguma autonomia e/ou segurança, mantendo-se protegidos contra situações de estresse; se

for professor, provavelmente dará aulas individuais ou com poucos alunos; qualquer coisa para evitar se

expor a dificuldades relacionais e possibilidades de confrontação; no entanto, mesmo se tornando

altamente produtivos, não desfrutam de lazer ou prazer, não intimam, principalmente por estarem

sempre em estado de alerta, em prontidão para se defender de qualquer possível ataque. 3 A diferença que os pais precisam fazer entre autoritarismo e autoridade quando os filhos estão maiores pode evidenciar como essa conexão precisa ser: uma figura parental usa de autoritarismo quando decide o que o filho deve fazer baseado no que é mais interessante para si e usa de autoridade quando decide o que o filho deve fazer baseado no que é melhor para o filho. 4 Link nº 9. 5 Link nº 6.

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As pessoas são únicas inclusive nas suas dificuldades, portanto, ainda que os Borderlines possam

ter funcionamentos equivalentes, alguns podem ter suas defesas mais ou menos moderados, no

entanto, eles são em geral extremamente impacientes, têm dificuldade em esperar, querem tudo na

hora e do seu jeito; não conseguem tolerar decepções e frustrações, além da grande dificuldade de

concluir alguma tarefa; tentam, enrolam, dão inúmeras voltas nas coisas a serem feitas, mas não têm

estabilidade, paciência e persistência suficiente para levar adiante. É importante notar o medo excessivo

de serem abandonados, separados, rejeitados e/ou trocados; sendo assim, são ciumentos e possessivos

e, muitas vezes, fazem esforços frenéticos para evitar o abandono (real ou imaginado). Quando

percebem uma rejeição fazem qualquer coisa para se defender dessa dor; podem fazer ameaças

suicidas dramaticamente, além de sofrer dissociações. De qualquer forma, o medo é a emoção mais

presente em todas as suas decisões, ainda que esses medos possam ser muito disfarçados.

Características6

O Borderline é um dos principais distúrbios associados à autoagressão; o paciente tende a ter

pensamentos e/ou atitudes autodestrutivas, muitas vezes propositais, como forma de autopunição e/ou

manipulação. Casos comuns são: tomar inúmeros medicamentos de uma vez só, com ou sem intenção

de suicídio; abusar de drogas e bebidas, automutilar-se, colocar-se em risco, provocar acidentes, etc,

quando sem os devidos cuidados e terapia. Um exemplo real é a história de uma mulher que, com tal

transtorno, separada aos 31 anos, vivia fantasiando que se mataria, mas antes escreveria, em vermelho,

na parede de seu quarto, uma frase que fizesse seu ex-marido sentir-se culpado pelo resto da vida

(apesar de saber que nunca concretizaria o fato em função dos filhos).

Borderlines são vítimas de uma doença inacreditavelmente dolorosa: a inconstância; ou seja, o

indivíduo sofre em função de oscilações de humor (intensas, frequentes e imprevisíveis), que interferem

nos esforços para ter uma vida feliz e próspera, e também de mudanças de profissão, opinião, moradia,

etc. São pessoas que se sentem infelizes por não conseguirem entender porque não podem ser felizes.

A pessoa pode ser adorável, comportada, tímida, simpática e amável, dentro de um contexto

social, mas age de maneira totalmente diferente nas suas relações de intimidade, onde é vista como

agressiva, irritante, rebelde, explosiva, intolerante, irritável, e, não raro, mal-humorada. A pessoa com

esse transtorno não tem culpa de sua doença, mas os sintomas são tão desagradáveis para quem

interage cotidianamente com ela que é quase impossível sentir compreensão e compaixão; ao contrário,

6 Link nº 6.

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há críticas e cobranças por todo o potencial que possui impedido de desabrochar. Mas ela não suporta

críticas, mesmo positivas, pois sempre as encara como rejeição; então reage e se defende cada vez mais.

Ela tem capacidade para argumentar, se justificando para manter seu status quo, além de ser muito

hábil para manipular os outros; dessa forma é comum ocorrerem brigas no ambiente familiar. O

Borderline quer desesperadamente ser amado, mas sua patologia inviabiliza que ele se sinta amado; por

esta razão, vive aterrorizado com a perspectiva de ser abandonado a qualquer momento; apesar de

tudo, não tem poder para impedir que seu mal destrua suas relações, pois as pessoas que o amam

acabam estourando ou se afastando, dando a impressão de que não ama mais.

Nessas pessoas, a capacidade de planejar pode ser mínima e os acessos de raiva intensa podem,

com frequência, levar a explosões comportamentais e até violência. Tais acessos de fúria acontecem

quando os indivíduos são confrontados ou se frustram. Mesmo com membros da família a pessoa é

altamente sensível à rejeição e também reage a afastamentos, por mais simples que sejam, pois são

sentidos como separação, rompimento ou abandono, por exemplo: férias repentinas de alguém

próximo, um negócio desfeito ou uma mudança na arrumação de casa feita sem seu prévio

consentimento ou conhecimento. Essa sensibilidade a rejeição está relacionada ao medo de abandono,

que por sua vez, está relacionado à dificuldade primitiva (na primeira infância) em se conectar

emocionalmente às pessoas importantes quando fisicamente ausentes, o que a faz se sentir perdida e

até sem valor na vida adulta.

A pessoa com Transtorno de Personalidade Borderline vivencia “altos e baixos” - especialmente

quando se confronta com estresse. Ela precisaria viver numa bolha para não se indispor com nada nem

ninguém ao seu redor e é isso que busca com suas defesas (manter o outro longe não aprofundando

vínculos, por exemplo).

Suas experiências podem ser as mais diversas, mas uma das piores é a disforia7, pois

freqüentemente invade a vida da pessoa que tem TPB. A maior parte das vezes, quando o indivíduo age

de modo impulsivo e autodestrutivo está se esforçando para aliviar a disforia.

CID-10:

Borderline é o transtorno de personalidade caracterizado por tendência nítida a agir de modo

imprevisível sem consideração pelas consequências; humor imprevisível e caprichoso; tendência a

acessos de cólera e uma incapacidade de controlar os comportamentos impulsivos; tendência a adotar

7 Disforia é uma mudança repentina e transitória do estado de ânimo, tais como sentimentos de tristeza, pena, angústia. É um

mal estar psíquico acompanhado por sentimentos depressivos, tristeza, melancolia e pessimismo.

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um comportamento briguento e a entrar em conflito com os outros, particularmente quando os atos

impulsivos são contrariados ou censurados. Há dois tipos distintos: o impulsivo, caracterizado

principalmente por uma instabilidade emocional e falta de controle dos impulsos; e o "Borderline",

caracterizado, além disto, por perturbações da autoimagem, do estabelecimento de projetos e das

preferências pessoais, por uma sensação crônica de vacuidade, por relações interpessoais intensas e

instáveis e por uma tendência a adotar um comportamento autodestrutivo, compreendendo tentativas

de suicídio e gestos suicidas.

DSM-IV

Caracteriza-se por um padrão invasivo de instabilidade nos relacionamentos interpessoais,

autoimagem e afetos, bem como acentuada impulsividade, que começa no início da vida adulta e está

presente em uma variedade de contextos, indicado por cinco (ou mais) dos critérios por ele definido.

O corpo do Borderline8

O limite mais primitivo entre o self e o outro é formado a partir da consciência tátil da pele e o

campo de energia emanado do corpo. Quando Reich declara que no Borderline o ego é formado, porém

rasgado, refere-se ao entendimento de que a camada de pele é sentida e reconhecida como o perímetro

do self. Entretanto, é também o sentir da camada muscular, além da camada de pele e do campo de

energia, que define o ego para as estruturas de personalidade mais “maduras” (isto é, aquelas formadas

mais tarde, na infância).

Tônus muscular, força e mobilidade contribuem com a habilidade de experimentar o self como

autônomo, isto é, separado de outras pessoas. Como esperado, essa camada é fraca e subformada no

Borderline. Ele não pode usar seus músculos para conter sentimentos ou reter instintos agressivos e

sexuais o suficiente. Similarmente não pode usar seus músculos como um pára-choque contra traumas

vindos do meio ambiente (ler texto S.E., Experiência Somática para Trautamento do Trauma).

As estruturas psíquicas que correspondem ao lado instintivo da personalidade (id) incluem os

olhos, o conduto boca-ânus, o diafragma e os órgãos sexuais. Devido ao padrão de permissividade

precoce e desenvolvimento sexual prematuro no Borderline, essas estruturas psíquicas ficam

sobrecarregadas. Sem a força necessária na musculatura para conter a alta carga de energia central, ele

8 Artigo: Grounding o Borderline - Mágica para Músculo (ver referência no final do texto).

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não consegue frear seus instintos agressivos e sexuais impulsivamente. Outro fator que contribui para

sua inabilidade de conter sentimentos é a falta de um superego consciente ou seguro.

A atuação do Borderline toma muitas formas e pode ser direcionada ao ambiente ou para

dentro, contra o self. Por exemplo, alguns podem ter muita dificuldade para conter uma explosão de

raiva em resposta a alguma crítica percebida, e então se volta para dentro e se pune pelo ato hostil

mutilando algumas partes do próprio corpo (ex.: queimando-se com cigarro, pequenos cortes). A

mutilação do self pode dar-lhe alívio emocional por algum tempo. Entretanto, atuar contra o ambiente

ou contra o self, ao final, reforça seu sentido de indignidade e alienação

O superego em todos os tipos de caráteres é estruturado no corpo como desenvolvimento

muscular, bem como o grau de tensão crônica nos grupos de músculos usados para inibir ou bloquear

um impulso em particular. Por exemplo, a proibição de bater em alguém com raiva fica evidente pela

fragilidade no desenvolvimento do extensor (tríceps) e abductor (deltóide, lastíssimo dorso), que são os

grupos de músculos usados para retrair os braços e ombros. Como o superego é reprimido no Borderline

o corpo é normalmente flácido, muito similar àqueles com estruturas de personalidades orais.

Entretanto, quando o superego ameaça romper, o Borderline se contrai fortemente no centro (olhos,

canal boca-ânus, diafragma e órgãos sexuais), pescoço e ombros, em antecipação ao ataque interno.

Isso resulta em sintomas tais como enxaqueca, náusea, tremores e, ao final, paralisação das áreas

contraídas.

Incapaz de descarregar tensões em quantidades moderadas quer através de exercícios físicos,

quer em intimidade sexual, ele cria um extraordinário aumento de tensão, realizada explosivamente

numa variedade de maneiras. Muitos Borderlines falam em “desmoronar”, experienciando episódios em

que gritam e tremem incontrolavelmente, seguidos por um período de exaustão. Outros falam que se

sentem “inundados” pelas emoções que o corpo não consegue suportar. Como relata uma mulher que

tendo sido confrontada em uma reunião sobre sua atuação profissional, sentiu-se emocionalmente

inundada, mas segurou as sensações ainda que além da capacidade do seu corpo; ao final da reunião,

indo para casa, depois de dirigir por trinta minutos se deu conta que estava indo para a direção oposta à

sua residência.

Essas tormentas mentais têm a função de liberar a tensão, mas ao preço de reforçar o

sentimento de desamparo e vulnerabilidade à figura parental severa (superego). O processo é análogo à

situação do depressivo que recebe terapia de eletrochoque; a liberação é garantida, porém a pessoa

nada aprende sobre como lidar com a próxima situação de tensão e ansiedade. Para quebrar o padrão

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de constantemente estar em guerra com o mundo e com o self, o Borderline precisa aprender como se

tornar grounded.

Para a Análise Bioenergética grounding, corporalmente falando, é “levar” os sentimentos até o

abdômen e depois fazê-los chegar até as pernas para senti-las como raízes móveis. Em termos psíquicos

estar grounded é estar em contato com a realidade. É muito importante que a pessoa com

funcionamento Borderline se trabalhe corporalmente, descarregando a energia da pélvis e pernas

através de intimidade sexual e outras formas de movimentos psíquicos vigorosos (por exemplo, dançar

e correr). No entanto, fazer exercícios aeróbicos ou trabalhar-se corporalmente assusta o Borderline,

pois o “obriga” a entrar em contato com o corpo, consequentemente com o self, além de fazê-lo se

perceber separado do outro, experiência profundamente temida por ele que o faz ficar em estado de

alerta. Por essa razão, o conceito tradicional de “ficar em seus próprios pés” não se aplica a esse tipo de

paciente, do modo geralmente utilizado pelo analista bioenergético, especialmente nos primeiros

estágios do processo terapêutico.

O grounding apropriado deve ter início a partir de uma posição mais segura: o contato gradativo

com a realidade, construindo a habilidade de experienciar o self relacionado com o outro, mesmo

separado dele. Se pedirmos ao Borderline para ficar de pé e focalizarmos suas questões internas, várias

coisas podem ocorrer:

1º) A ação aumenta o número de sensações e sentimentos no corpo. Um aumento na carga de

energia desorganiza e ameaça o pouco que percebe de si como ser autônomo. A camada

muscular é incapaz de administrar a alta carga interna, se o terapeuta a aumenta demais,

colocando os pés do cliente em posição de tensão para construir carga e grounding; isso

pode precipitar um episódio regressivo no paciente.

2º) Se o cliente é levado para dentro de si, pode não se sentir em sintonia com o outro - isso é

muito ameaçador. Portanto, para o processo de grounding ser iniciado é importante

colocar o paciente numa postura psíquica que o faça sentir-se seguro e lhe dê condições de

continuar a rastrear os movimentos do terapeuta.

Como na vida, em terapia o Borderline não consegue tolerar sentimentos separados dos do

terapeuta. Portanto, toda sua atenção fica voltada para perceber o que se passa com o profissional. Seu

único estado seguro é quando está fundido a outra pessoa; os dois estão em completo acordo o tempo

todo e ele acredita que os dois existem como se fossem um.

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O paciente idealiza o terapeuta vendo-o como perfeito e benevolente e espera que ele possa

defender seu ego fraco contra ataques do superego reprimido (o pai “mau”). Ao manter sua atenção

constante em cada movimento de seu cuidador, procura ajustar seus próprios comportamentos de

forma a evitar qualquer crítica ou possível rejeição.

O profissional precisar utilizar seu conhecimento do funcionamento do cliente Borderline, mas

também seu coração e sentimentos. Como o melhor instrumento de trabalho com o Borderline é o

vínculo e ele resiste a rotinas, regras e é avesso a se entregar nas relações, é preciso lidar com ele como

se faz com “tatu-bola”. Aproximar-se abruptamente do tatu-bola o faz reagir fechando-se totalmente e

apenas volta a se abrir muito, muito tempo depois. Uma cliente relata que se sentiu muito mais

confortável para ficar no processo terapêutico porque sua terapeuta disse que poderia fazer com ela um

contrato livre em vez do compromisso de uma sessão por semana sistematicamente. Em pouco tempo

ela solicitou que tivesse um horário em dia predeterminado. Ou seja, sentir-se livre possibilitou que ela

pudesse aceitar o vínculo.

Ao mesmo tempo, quando o vínculo já está estabelecido, é importante que o terapeuta seja

verdadeiro na relação, como por exemplo, relata uma mulher que se sentiu mais segura quando, depois

de alguns anos em terapia com o mesmo profissional, o ouviu dizer que ele já havia sentido raiva dela

quando ela teve com ele reação irracional do tipo que ela estava relatando ter tido com uma amiga que

se afastou dela.

Sintomas9

Nem toda pessoa com funcionamento Borderline tem todos os sintomas a seguir; existem

diferentes níveis de intensidade no funcionamento de cada pessoa. Chamam mais a atenção os casos

severos que incluem todas as características, especialmente vícios, automutilação evidentes e busca de

suicídio; outras pessoas podem ter funcionalidade na vida, “disfarçando” (dissociando de si mesmo)

todo sofrimento de vazio e medos que mantêm dentro de si:

• Angústia - crônica e difusa. Trata-se de um afeto contínuo e surdo com possibilidade de

manifestar-se como uma crise de angústia aguda e com sintomas somáticos correspondentes. Pode

sobrevir uma crise histérica com comprometimento de todas as funções psíquicas, junto a

manifestações somáticas variadas, a exemplo de vertigem, taquicardia e outros sinais característicos do

9 Baseados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – versão IV (DSM-IV) e a Classificação Internacional de

Doenças – versão 10 (CID-10) e nos Link nº 4 e nº 8.

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Transtorno de Ansiedade Aguda. A desrealização e a despersonalização aparecem como extremos

dessas crises, também acompanhadas de sintomas somáticos. É uma angústia ligada à perda de sentido,

quando diante de perspectivas ou ameaças de separação.

• Depressão – Caracteriza-se basicamente por sentimentos de vazio e solidão. A diferença do

que ocorre no verdadeiro depressivo, no qual existe medo da destruição do objeto amado, são as

explosões de ira ou raiva contra o objeto considerado frustrante. As distorções na cognição e no sentido

do self podem conduzir a frequentes mudanças (de valores, objetivos e planos profissionais,

atividades/empregos, círculos de amizade) a longo prazo. Mesmo quando esses pacientes têm

condições intelectuais normais, faltam-lhes capacidade para a concentração para a perseverança e

desejo para um esforço mais firme. Outros fatores que contribuem para a instabilidade ocupacional são

baixa tolerância à frustração, hipersensibilidade às críticas e expectativa de conseguir recompensas

totalmente desproporcionais. Também deve ser destacada a incapacidade de aceitar regras e rotina. Por

tudo isso, eles acabam sendo despedidos de seus empregos ou eles mesmos pedem demissão.

• Alta sensibilidade a qualquer sensação de rejeição/abandono – uma necessidade constante,

agonizante, de nunca se sentir sozinho, rejeitado e sem apoio, gera atitudes defensivas e reativas, numa

busca frenética para evitar um abandono real ou imaginado; pequenas rejeições provocam grandes

tempestades emocionais: uma breve viagem de negócios do namorado(a) ou marido/esposa pode

desencadear uma tempestade emocional completamente desproporcional (acusar o outro(a) de

rejeição, abandono, menosprezo às suas necessidades, egoísmo , etc.). Aliás, como diz Elizabeth Cunha

citando Vanda Di Iório, o “Borderline não tem necessidade, tem urgência. Não sabe adiar e não agüenta

esperar”10. Apesar de não suportar ficar sozinho(a), tem muita dificuldade para participar de grupos

e/ou trabalhar em equipe.

• Intolerância à solidão – Sua modalidade de relacionamento é do tipo anaclítica11. A

intolerância a estar só se manifesta como um afã de prender-se vorazmente, através da voz ou da

presença física do outro ou, em determinados casos, por intermédio do abuso na ingestão de drogas,

álcool ou alimento, segundo seja a adicção, como tentativa frustrada de supressão da falta. Na

realidade, toda tensão de separação é intolerável ao Borderline, produzindo condutas de aderência

exagerada ao outro.

• Anedonia – incapacidade de sentir prazer. Insatisfação permanente e manifesta e frustração

constante; os objetivos de prazer pretendidos nunca são obtidos. Ou, pior ainda, quando alcançados

10 Link nº 3. 11

Questões primitivas vivenciadas do nascimento às primeiras experiências de corte e perda.

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perdem valor imediatamente. No Borderline a tendência em evitar o desprazer é mais forte que a busca

do prazer.

• Dificuldade para administrar emoções – sente tudo tão intensamente que fica inundado por

suas emoções; é como se em torno de si existisse uma membrana tão porosa que permite entrar muito

dos estímulos externos, afetando seu mundo interno desordenadamente; a falta de proteção provoca

reações inadequadas e exageradas ou dificuldade para controlar o estado emocional (demonstrações

frequentes de irritação, raiva constante, medo excessivo ou tristeza profunda), confundindo-se com a

instabilidade de humor (as oscilações podem durar minutos, horas ou dias e incluem depressões,

ataques de ansiedade, aborrecimento, ciúme patológico, hetero e auto-agressividade). Exemplo: uma

paciente marca a consulta informando estar super deprimida, querendo morrer. No dia seguinte chega à

consulta bem humorada, bem vestida, maquiada e vaidosa.

• Instabilidade afetiva – devido à acentuada reatividade do humor tem episódios de intensa

disforia (NR: 7), irritabilidade ou ansiedade, geralmente durando algumas horas e às vezes alguns dias.

Existem várias possibilidades para o contato social; a evitação, por exemplo, acontece nos casos do

Borderline esquizóide e depressivo; nas reações paranóides, tão comuns entre esses pacientes, a

conduta social pode ser agressiva.

• Impulsividade – em algumas áreas a impulsividade o prejudica: gastos financeiros; compulsão

por comida e sexo; abuso de substâncias como drogas e bebidas; direção imprudente; roubo compulsivo

e patológico, entre outros.

• Perturbação da identidade – instabilidade acentuada e resistente da autoimagem ou do

sentimento de self (si mesmo).

• Sentimentos crônicos de vazio – às vezes o paciente experimenta a consciência de um vazio

afetivo, despersonalização e incapacidade para sentir emoções. Outras vezes vêm episódios do tipo

histérico, com reações emocionais exageradas; ingere álcool ou drogas, comete delitos ou tem relações

sexuais patológicas para libertar-se da sensação de vazio existencial. Ainda que não consiga

experimentar emoções genuínas, também não pode suportá-las, caso existam. Protege-se contra os

sentimentos mantendo as relações em um nível superficial ou mudando frequentemente de trabalho,

amigos ou do lugar onde vive.

• Problemas de autoestima – sente-se desvalorizado, incompreendido, vazio; não tem uma

visão muito objetiva de si mesmo. Fantasia a respeito de pessoas recém-conhecidas – desenvolve

admiração de maneira fulminante da mesma forma como se desencanta por alguém muito

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rapidamente. A mistura de idealização e a extrema sensibilidade às pequenas rejeições, em verdade,

parte de qualquer relacionamento, são a receita ideal para relacionamentos conturbados e instáveis,

rompimentos e o estabelecimento imediato de novas ligações afetivas dentro dos mesmos padrões.

• Recorrência de comportamentos, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento

automutilante, autodestrutivo – se cortar, se queimar ou práticas como a tricotilomania (hábito de

arrancar continuamente os cabelos – ver mais em http://tricotilomaniaonline.tripod.com/id33.html); ou

ainda tentativas de suicídio, mais frequentemente as de impulso do que as planejadas. A pessoa pode

dizer que se machuca para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor, ou porque a dor no

corpo "é melhor que a dor na alma".

Comorbidade

A inteligência do Borderline não é afetada, mas sua habilidade para organizar, estruturar o

tempo e realizar projetos pode ser terrivelmente prejudicada. Não há qualquer associação com a

Esquizofrenia. No entanto, ele geralmente sofre de outras questões que merecem acompanhamento

clínico, como tensão pré-menstrual, hipotireoidismo e deficiência de vitamina B12, além das seguintes

possibilidades:

a) Fobias múltiplas, especialmente a agorafobia. Essas sensações, associadas a tendências

paranóides, originam sérias inibições sociais; a pessoa se sente observada, perseguida, motivo de

chacotas, acreditando que todos estão contra ela ou que é alvo de comentários “pelas costas”;

isto pode estar relacionado ao estresse ou a severos sintomas dissociativos (por exemplo, a

despersonalização).

b) Sintomas obsessivos-compulsivos.

c) Múltiplos sintomas de conversão quando se transforma um conflito psicológico num sintoma

físico. Isso desvia sua atenção de uma questão emocional perturbadora num mal físico, que pode

ser menos temível. Qualquer sintoma virtualmente imaginável pode vir a ser uma metáfora do

problema psicológico. Por exemplo, uma dor no peito pode ser simbolicamente a dor de um

coração ferido, depois da rejeição por um ente querido; uma dor nas costas pode ser o sinal de

problemas encarados como demasiado difíceis de suportar.

d) Reações dissociativas.

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e) Hipocondria e exagerada preocupação com a saúde e temor crônico de vir a adoecer. Referir-se

não só ao corpo, mas também à mente. Descrever minuciosamente seu mal-estar, com reações e

sensações esdrúxulas. É comum o medo de enlouquecer.

f) Descontrole de impulsos: alcoolismo, drogadição, bulimia, compras descontroladas, cleptomania,

são sintomas impulsivos comuns entre os Borderlines.

Causas orgânicas prováveis

Borderlines têm propensão a ter um desequilíbrio do neurotransmissor serotonina - uma

substância química de suma importância para o cérebro.

Problemas com essa substância podem causar ansiedade, depressão, mudanças de humor,

desordens, percepção inadequada da dor, agressividade, alcoolismo, desordens alimentares,

impulsividade e especialmente comportamento suicida. Pacientes com baixo nível de serotonina

metabolizado no fluido espinhal têm aumentado o risco de ações autodestrutivas ou impulsivas durante

uma crise.

Fatores genéticos são importantes. O risco de desenvolver tal transtorno é seis vezes maior

quando o pai ou a mãe tem a patologia. Pesquisando gêmeos idênticos, os cientistas descobriram que

muitas características de personalidade são geneticamente determinadas.

Os fatos que indicam uma origem médica pesquisados são impressionantes: estudos de onda

cerebral, exames físicos neurológicos, a função glandular e o sono são frequentemente anormais. A

resposta para alguns medicamentos é estranha. Por exemplo, se qualquer pessoa toma procaína

intravenosa normalmente sente sono; uma pessoa com TPB sente disforia (NR: 7). Se esse distúrbio

fosse exclusivamente emocional por que todas estas anormalidades neurológicas estariam presentes?

Enquanto muitos portadores de TPB sofreram vivências traumáticas (reais ou imaginadas) na

infância (abuso psicológico, sexual, negligência, terror psicológico ou físico, separação dos pais, morte

dos pais ou o sentimento de orfandade, incesto12, vulnerabilidade individual13, estresse ambiental),

alguns desenvolveram o transtorno em função de pancadas na cabeça, epilepsia ou infecções no

cérebro.

12 Conclusões do tipo "você foi abusado(a)" ou "você foi aterrorizado(a)" podem não ser verdadeiras e acabar sendo

precipitadas, ainda que o que a pessoa registrou como verdade quando criança deva ser considerada. 13

Associada a comportamentos que criam oportunidades para infectar-se nas situações (sexo, drogas, transfusão e TV) em contexto individual e social (a vulnerabilidade como inverso do empoderamento).

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Evolução

Os sintomas normalmente começam a se manifestar do final da adolescência ao início da vida

adulta e persistem geralmente por toda a vida. A fase inicial pode ser desafiadora para o paciente, seus

familiares e seus terapeutas. Com o passar dos anos o número de episódios diminui e, na maioria das

vezes, a severidade do transtorno também regride, talvez pelo amadurecimento ainda que possa

promover uma velhice difícil.

Fatores de bom prognóstico:

• Boa rede de relacionamentos familiares, sociais, afetivos e profissionais.

• Participação em atividades comunitárias: igrejas, clubes, associações culturais, artísticas, etc.

• Frequência baixa ou ausente de autoagressão.

• Frequência baixa ou ausente de tentativas de suicídio.

• Ser casado(a).

• Ter filhos.

• Não ser promíscuo(a).

Tratamento.

A integração de tratamentos medicamentosos mais psicoterápicos traz grandes progressos no

tratamento do Borderline.

• Medicação:

A depender do nível de dificuldade que a pessoa vivencia, ela precisa estar medicada

(antidepressivos, neurolépticos, ansiolíticos, etc.) para tentar reduzir as consequências que a doença

traz. O tratamento medicamentoso inclui estabilizadores de humor para conter a impulsividade e as

oscilações de humor. Antidepressivos e tranquilizantes não têm a mesma eficácia que teriam em casos

de depressões ou ansiedades "puras", mas certamente são úteis.

Devido ao desenvolvimento da medicina o tratamento traz hoje excelentes resultados; a

medicação em geral interrompe a variação do humor em poucos dias. Quando o paciente entende a

existência da doença no cérebro, normalmente sente-se aliviado, pois naturalmente pode voltar a

enxergar seu valor como ser humano; só em saber que seu mal pode ser tratado, seus sentimentos de

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desespero e desesperança são frequentemente substituídos por otimismo e motivação e começa a

perceber a possibilidade real de uma vida mais feliz e mais próspera.

Nenhum medicamento deve ser consumido sem supervisão médica. Isto é particularmente

verdade nesses casos, pois algumas drogas pioram o funcionamento do sistema neurológico. Estima-se

que um terço dos Borderlines seja potencialmente suscetíveis a hipotiroidismo e, apesar dos resultados

normais no exame TSH, pode haver necessidade de cuidar da tireóide. É importante também ter

atenção com o período da anterior à menopausa e durante a menopausa. Algumas pessoas precisam

usar os remédios indefinidamente, enquanto outras param após um ano, com a estabilização do humor.

Neurolépticos são muito úteis para controlar disforia (NR: 7), pensamentos persecutórios e

organizar as idéias e podem ser preventivos quando a pessoa está sob tensão. Eles desaceleram os

pensamentos quando eles estão intensos, mas só devem ser usados com precaução, quando necessário,

e em doses baixas sob acompanhamento médico.

O envolvimento do lobo temporal (semelhante à epilepsia) pode complicar o transtorno;

sintomas comuns incluem certa tendência à percepção irreal da vida e entorpecimento de partes do

corpo. Esses sintomas são mais comuns em situações de estresse, depressão e disforia (NR: 7) severa.

Embora a medicação seja importante ela é pode ser, em alguns casos, coadjuvante quando o

ator principal no tratamento é a Psicoterapia. A medicação pode servir de apoio inicial, no entanto, a

psicoterapia adequada como, por exemplo, a Experiência Somática, pode ajudar a restaurar o equilíbrio

fisiológico e eventualmente a pessoa possa deixar de usar medicação. Naturalmente existem níveis de

Borderlines que precisam do medicamento para o resto da vida, da mesma forma quem tem

hipertensão e outras doenças.

• Psicoterapia:

Borderlines não causaram a própria doença. Eles querem ser tratados e merecem essa

oportunidade. Todo paciente precisa de acompanhamento terapêutico sistemático; é impossível viver

anos seguidos sem ajuda psicológica. Enquanto os problemas subjacentes provavelmente são

estruturais dentro do cérebro, ele tem uma vida repleta de experiências ruins, e está também

despreparado para se recuperar.

Naturalmente os medicamentos ajudam a eliminar alguns sintomas, uma vez que o cérebro está

doente. Da mesma forma que depois de um AVC é necessário terapia para suas áreas saudáveis

assumirem funções de regiões danificadas, o cérebro do Borderline também precisa. Além da medicação

é muito importante estar em terapia. O processo terapêutico habilita o indivíduo a interagir

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naturalmente nas relações, treinando seu cérebro para isso. Não é uma tarefa fácil e é terapia de longa

duração. Todos os acontecimentos da "vida real" se repetem no consultório: instabilidade, alternância

de amor e ódio, idealização e desapontamento com o terapeuta, reatividade, sedução, impulsividade,

etc.

Assim, o tratamento exige que o cliente deseje de fato se tratar e também além de

conhecimento e muita experiência, paciência, disciplina, sistematicidade, boa vontade e acima de tudo,

sensibilidade e disponibilidade do profissional escolhido para que ele tenha competência para facilitar a

permanência da pessoa no processo uma vez que “qualquer” coisa pode fazer o Borderline abandonar a

terapia; como o tatu bola que quando sente que alguém se aproxima abruptamente se fecha, o

Borderline precisa de alguém que possa ir se chegando bem devagar, passo a passo; sucesso do trabalho

depende basicamente da qualidade do vínculo entre o paciente e o terapeuta, pois mais que com outro

cliente, tudo o que precisa acontecer para o processo ser bem sucedido passa por essa relação.

A psicologia do pensamento positivo é muito útil para o cliente; o uso de afirmações funciona

bem, pois o cérebro humano pode acreditar em quase qualquer coisa, se afirmada um número

significativo de vezes. Por essa razão a inclusão de técnicas de Hipnoterapia pode ser eficaz. É preciso

uma reeducação maciça, pelo menos durante seis meses a um ano, lendo livros de autoajuda, escutando

fitas motivationais, sempre em contato com ambientes favoráveis a mudanças.14

Naturalmente, toda abordagem terapêutica tem sua forma de tratar o TPB e cada uma utiliza

seus recursos. A Análise Bioenergética, entre outras, pode ser apropriada se o terapeuta selecionar

trabalhos corporais adequados, que não inclui bater raquete ou equivalentes.

Compreendido que, como dito por Guy Tonella, o Borderline é um estado que resulta de

experiências traumáticas e mantêm a pessoa aprisionada nos períodos da gestação, nascimento e fase

oral, é natural que a S.E. (Somatic Experience), que é uma abordagem baseada na neurobiologia para

trabalhar com o trauma, seja muito eficaz para pacientes com tal funcionamento. A suavidade e

amorosidade, características da abordagem, com que são treinados os terapeutas possibilita bordo para

que o cliente possa liberar, devagar e de modo gentil com a própria fragilidade, a sobrecarrega de

energia deixada por experiências primitivas acumulada no seu sistema nervoso, desde a época em que,

ainda feto, recém nascido ou bebê, ele não poderia auto-regular.

14 Link nº 2.

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Peter A. Levine15, PhD, fundador da Experiência Somática, afirma que o trauma se instala no

Sistema Nervoso e não no evento em si; ou seja, é a memória da experiência, registrada no sistema

nervoso que permanece com a pessoa, uma vez que o evento fica no passado. No entanto, uma situação

semelhante no presente, pode acionar a memória traumática antiga, fazendo a pessoa sentir a mesma

coisa que sentiu na ocasião do trauma, ainda que racionalmente não faça sentido ou nem lembre mais

de ter vivenciado aquela experiência. Em se tratando do Borderline cujos traumas são bem primitivos,

dificilmente, a pessoa vai lembrar ou relacionar à forma como vive a sua vida adulta ao que

experimentou como feto, recém nascido ou bebê, se não estiver em um processo terapêutico

adequado.

A abordagem S.E. cria condições para que, durante a sessão, após conectar-se com a experiência

original (o que não significa regressão), o cliente possa descarregar a energia contida, recompor sua

fisiologia e resgatar seu direito a uma vida saudável, através da renegociação e resolução dos sintomas

traumáticos. Isso acontece sem o risco de retraumatizá-lo e sem qualquer tipo de catarse – tudo é

experimentado muito suave e protegidamente, em direção a sua educação emocional e somática e

à conquista da resiliência.

É inclusive interessante a forma como o Borderline é visto pela S.E. O cliente Borderline é

entendido como uma pessoa, cujo organismo está desregulado, seu sistema nervoso central

sobrecarregado, e, por esta razão responde globalmente e com alta intensidade a cada estímulo; ou

seja, a partir de uma estimulação externa, ele ativa todo o sistema nervoso central, apresentando

dificuldade para expressar ou lidar com suas emoções, uma vez que tem pouca capacidade de auto-

regulação. Por tudo isso, o trabalho com ele precisa ser contínuo e de longo prazo, pois se trata da

mudança do padrão básico do trabalho do seu sistema nervoso, demanda contenção apropriada e muita

amorosidade. Toda conquista no processo é reconhecida e validada, ainda que seja apenas uma

pequena redução na sua ativação; qualquer mudança pode demonstrar o inicio da conquista da

capacidade de auto-regulação. Para isso é necessário que o cliente vá aprendendo a se recursar,

identificando formas de se sentir seguro para que, se educando, ele possa cuidar de si mesmo em

situações do seu cotidiano.

Além disso, é igualmente importante a família aprender a se relacionar com o paciente para ser

apoio, em vez de mantenedor da dificuldade como fazem, por exemplo, as críticas e as desqualificações.

A postura adequada precisa promover acolhimento e garantia do amor, sem para isso “passar a mão

15 Link nº 10.

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pela cabeça”; um relacionamento verdadeiro, direto, claro e especialmente firme dos pais ou cônjuge

com o paciente pode muito bem ajudá-lo a aprender a se sentir amado. Muitas vezes a família precisa

ser incluída no processo terapêutico familiar para se enquadrar no propósito do tratamento do

Borderline rompendo o padrão muitas vezes simbiótico que mantém tal funcionamento.

Depoimento.

O depoimento é de uma mulher com funcionamento Borderline, que está sendo atendida pela

abordagem em S.E.; este depoimento foi enviado, em forma de email para quatro pessoas importantes

da sua vida e autorizado a ser utilizado na presente colagem:

“Meu corpo está totalmente esvaziado das medicações. Já não tomo, há mais de 3 meses, o conjunto de antidepressivos que me ajudou a me centrar nos últimos 8 anos. Eu reconheço e identifico a ausência dessas medicações no meu corpo e no meu comportamento.

No corpo o que fica mais evidente é na pele quando arde/queima e no coração quando fica angustiado. É muito desagradável sentir isso no corpo, mas ele fala comigo. E isso é bom. As medicações criavam o bordo que me deixava segura dentro de mim, dentro da minha pele, mas eu quero eu mesma ser esse bordo.

No comportamento percebo que fico mais reativa, agressiva (não tanto quanto no passado).

Esses últimos dias que foram recheados de muitas situações estressantes, eu estava me sentindo misturada nas sensações que estavam voltando, super/hiper frágil. Como se pudesse partir em pedaços a qualquer momento; como se não pudesse suportar ou lidar com nenhuma atitude mais dura de qualquer pessoa. Todas as pessoas voltaram a ser uma ameaça para mim. Eu estava muito assustada, triste, amedrontada, apavorada. Sei qual é o diagnóstico que me é dado, mas quero ser maior do que ele. É muito desconfortável estar nesse corpo da forma que estou agora principalmente porque já estive nesse mesmo corpo muito confortavelmente.

A reação amorosa e cuidadosa de meu filho comigo depois de uma situação delicada antes do almoço na véspera de Natal e um email amoroso de uma amiga pra mim em resposta a um email que eu havia enviado pra ela me ajudaram a restaurar a percepção de mim para mim mesma de quem eu sou e que necessariamente as pessoas não estão contra mim.

Apesar de tudo isso que descrevo, existe uma diferença gritante em relação a como eu era antes da medicação anos atrás e agora: EU.

Eu penso diferente do que sinto. Não sei explicar, mas é como se essas sensações fossem do corpo, mas não da minha essência. Eu agora, depois do tratamento com S.E., confio em mim e no meu discernimento. Confio na minha compreensão, no meu bom senso. Mas também acredito no raciocínio corpomente. E ai, como fica? Essa é a minha confusão do momento.

Eu confio que eu estou criando a saída pra esse sofrimento que é ser quem sou. Ou seja, mesmo que eu estou sentindo tudo como sentia antigamente e que me fazia recuar e me esconder para não ser dura com o outro e não retirar o outro definitivamente de minha vida, eu estou mantendo as mudanças que pude fazer durante o tempo que usei medicação e agora com o tratamento em SE. Preciso ser paciente comigo mesma.

Eu estou sentindo tudo de novo, mas dessa vez eu estou deixando minha cara na tela. Só que pra isso preciso da ajuda de algumas pessoas. Ou seja, preciso que algumas pessoas que eu confio saibam que eu estou passando por isso. Só saibam. Eu não estou mais sozinha porque posso dizer pra essas pessoas o que está acontecendo comigo. Para quem entende tecnicamente

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o que é isso tudo vai ser mais fácil. Pra quem não entende sugiro que leia sobre o assunto ou converse com quem entende.

Em resumo: eu quero me curar e resolvi me denunciar a algumas pessoas em quem confio. Eu denuncio meu estado a você que lê esse email.

Minha pele arde e queima, meu coração aperta, eu sinto uma grande tristeza e algumas vezes quando sinto isso, choro. Ao mesmo tempo eu sei quem eu sou e eu sou maior do que isso que se passa em meu corpo. Eu sou uma pessoa de bem e do bem. Eu sou uma pessoa que ama e que quer somar na vida. Eu tenho orgulho de ser quem sou e de tudo que sou capaz de fazer e ser para mim e para o outro. Eu sou uma pessoa que vale a pena existir na vida das pessoas e nas suas relações. Quem souber aproveitar da minha relação vai poder estar comigo do lugar de filho, irmão, amigo, marido, tia, avó enfim, vai descobrir que vale a pena ter a mim na vida.

Mas eu preciso de ajuda. Não é uma ajuda que implica em você fazer alguma coisa por mim ou vir até a mim pra conversar ou fazer companhia pra mim. Não. A ajuda que preciso e peço é apenas que saiba que eu estou me sentindo do jeito que descrevo. Peço que me trate e que lide comigo da forma natural que sentir. Não deixe de ser como é pra lidar comigo. Só lembre que eu estou me sentindo assim e que a mais profunda parte de mim não tem intenção de ferir você ou atacar você. Se eu estiver mais frágil ou ficar mexida com algo que você diga ou faça eu vou falar.

Quando se relacionar comigo peço que esteja desarmado, pois quando você está desarmado eu também me desarmo. Eu estou dizendo que eu estou aberta, cheia de desejo e esperança de ser quem sou do jeito que sou verdadeiramente, mesmo que isso signifique que sou frágil, assustada ou o que for. Mas eu sou do bem. A minha intenção é a melhor. Pode confiar. Se eu tiver uma reação incoerente com o que eu prego pode me alertar. Só peço que seja gentil comigo. Peço que antes de me dizer alguma coisa que eu preciso ouvir, diga algo que me lembre que você esta do meu lado e não contra mim. Eu preciso que seja assim por um tempo; e, porque eu confio que eu vou me curar, você não vai ter que fazer nenhum esforço pra lidar comigo.”

Referências

Como dito inicialmente, o texto Transtorno de Personalidade Borderline é uma colagem de

trechos dos links (em 03/07/2010) e artigo relacionados a seguir:

1. Grounding o Borderline - Mágica para Músculo16, por Caron Fisher, LSCW e Ferrel Irvine, MS,

RSW, Copyright 1987, preparado para a Conferência de Bioenergética Noroeste do Pacífico

de1987

2. www.biologicalunhappiness.com/4h.htm

3. http://elisabetecunha2008.wordpress.com/category/reconciliacao/

4. www.mentalhelp.com/Borderline.htm

5. http://www.depression-guide.com/lang/pt/Borderline-personality-disorder-symptom.htm

16

Direitos Autorais Caron Fischer e Ferrel Irvine, 1987

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6. http://cristianccss.wordpress.com/2008/10/29/transtorno-de-personalidade-limitrofe-

Borderline/

7. http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigosP.asp?id=20412

8. http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?sec=91&art=150 - Ballone GJ - Personalidade

Borderline - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005.

9. http://www.centroreichiano.com.br/artigos/Artigos/VOLPI,%20Jos%C3%A9%20Henrique%2

0-%20Os%20olhos%20que%20veem.pdf

10. www.traumatemcura.com.br