qualidade de vida e traços de personalidade de servidores públicos ...
TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM Inclusão Social da Universidade Anhanguera de...
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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU E PESQUISA
MESTRADO PROFISSIONAL EM REABILITAÇÃO DO EQUILÍBRIO CORPORAL
E INCLUSÃO SOCIAL
ELENICE PAULINELI NAVAS
TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM TONTURA CRÔNICA DE ORIGEM VESTIBULAR
SÃO PAULO
2015
UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU E PESQUISA
MESTRADO PROFISSIONAL EM REABILITAÇÃO DO EQUILÍBRIO CORPORAL
E INCLUSÃO SOCIAL
ELENICE PAULINELI NAVAS
TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM PACIENTES COM TONTURA CRÔNICA DE ORIGEM VESTIBULAR
Trabalho de qualificação apresentado ao Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profª. Drª Érica de Toledo Piza Peluso
Coorientadora: Profª Drª Maria Rita Aprile
SÃO PAULO
2015
Aos meus pais que me deram a vida e sempre colaboraram para que eu pudesse
crescer pessoal e profissionalmente.
Às minhas filhas queridas, Rhaisa Thaís e Luma Beatriz, que sempre estiveram ao
meu lado e me incentivaram a buscar novos desafios e a concretizar novos projetos.
Essa vitória é nossa!
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado coragem e força para caminhar em busca dos meus
sonhos e por ter colocado em minha vida, na hora certa, pessoas especiais que me
ajudaram a concretizá-los.
Aos meus pais pela compreensão nos momentos de ausência e pelo carinho
incondicional.
À Profª. Drª. Érica de Toledo Piza Peluso, minha orientadora, que sempre se
mostrou atenciosa e dedicada. Seus conhecimentos e supervisões foram preciosos
e me permitiram alçar novos voos.
À Profª Drª Maria Rita Aprile pelo carinho, incentivo e ensinamentos durante o
curso de mestrado e na coorientação deste trabalho.
Aos professores doutores do mestrado, Célia Aparecida Paulino, Fátima
Cristina Alves Branco Barreiro, Cristiane Kasse, Flávia Doná, Ricardo Schaffeln
Dorigueto e Vagner Raso que participaram de alguma forma na construção e
realização deste trabalho, por meio do compartilhamento de seus saberes.
Às minhas filhas, Rhaisa Thaís e Luma Beatriz, pela paciência e dedicação na
formatação de textos e tabelas. Vocês foram essenciais nessa trajetória e conquista.
Ao Profº Dr. Fernando Freitas Ganança por autorizar a realização da pesquisa
no ambulatório da Unifesp e à Drª. Juliana Antoniolli Duarte pelo apoio e orientação
durante a coleta de dados.
Aos colegas que conquistei durante o curso de mestrado.
Agradeço especialmente, todos participantes desta pesquisa que, por alguns
minutos, puderam confiar em mim e expor suas vidas. Sem essa colaboração a
concretização deste trabalho não seria possível.
A todos que me apoiaram e torceram por mim.
RESUMO
NAVAS, E. P. Traços de personalidade em pacientes com tontura crônica de origem vestibular, 2015.71f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social. Universidade Anhanguera de São Paulo, São Paulo, 2015. A tontura é um sintoma que tem alta prevalência na população mundial. Pode estar relacionada a várias doenças, mas frequentemente tem sua origem no sistema vestibular, sendo o principal sintoma das doenças vestibulares. Alterações emocionais como ansiedade e depressão também são frequentemente encontradas nestes indivíduos. Alguns traços de personalidade podem contribuir para o agravamento ou melhora da tontura. Este estudo teve como objetivo avaliar os traços de personalidade de pacientes adultos com tontura crônica de origem vestibular. Foi realizado um estudo quantitativo, de corte transversal com pacientes atendidos no Setor de Otoneurologia do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal de São Paulo. Os critérios de inclusão adotados foram: idade de 18 a 65 anos, apresentar tontura há mais de 3 meses e ter o diagnostico de uma das seguintes doenças vestibulares: Migrânea Vestibular, Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) e Doença de Ménière. Os instrumentos utilizados foram: Questionário para obtenção de dados sociodemográficos e clínicos, Bateria Fatorial de Personalidade (BFP), Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e versão brasileira do Dizziness Handicap Inventory (DHI). A amostra foi composta por 30 pacientes com idade média de 48,7 anos (± 10,8). A maior parte dos participantes é do sexo feminino (90%). Sintomas relevantes de ansiedade foram encontrados em 46,7% dos participantes e sintomas de depressão em 40%. A maior parte dos pacientes (53,4%) apresentou impacto leve da tontura na qualidade de vida, avaliado pelo DHI. Entre os participantes, 17 possuem diagnóstico de Migrânea Vestibular (56,7%), 9 de VPPB (30%) e 4 de Doença de Ménière (13,3%). A grande maioria apresenta tontura há mais de um ano, sendo que 43,3% apresentam tontura há 5 anos ou mais. Em relação aos traços de personalidade, 56,7% dos participantes apresentaram alto ou muito alto nível de Neuroticismo, 53,4% nível médio de Extroversão, 36,7% alto ou muito alto nível de Socialização e 36,7% alto ou muito alto nível de Realização. Quanto ao fator Abertura, 50% da amostra apresenta nível muito baixo ou baixo. Os escores dos fatores Neuroticismo e Realização foram mais elevados que na população normativa do BFP, enquanto o fator Abertura apresentou escore menor (p<0,05). Houve correlação positiva e estatisticamente significante (p<0,01) entre o Neuroticismo e sintomas de ansiedade, de depressão e incapacidade em relação à tontura. Não houve diferença estatisticamente significante entre os pacientes com VPPB e Migrânea Vestibular em relação aos traços de personalidade. Intervenções psicológicas podem ser benéficas para uma parte dos pacientes, que apresenta Neuroticismo elevado associado com ansiedade, depressão e incapacidade em relação à tontura. Palavras-chave: tontura, personalidade, doenças vestibulares, ansiedade, depressão.
ABSTRACT
NAVAS, E. P. Personality traits in patients with chronic dizziness of vestibular origin, 2015.71f. Dissertation (master’s degree) - Professional Master’s Program in Rehabilitation of Body Balance and Social Inclusion. Anhanguera University of São Paulo, São Paulo, 2015.
Dizziness is a symptom with a high prevalence in the general population. It may be related to various diseases, but often has its origin in the vestibular system, being the main symptom of vestibular diseases. Emotional problems such as anxiety and depression are also frequently found in these patients. Some personality traits may contribute to the worsening or improvement of dizziness. This study aimed to evaluate the personality traits of adult patients with chronic dizziness of vestibular origin. A cross-sectional quantitative study was carried out with patients in treatment at Otoneurology Sector of the Department of Otolaryngology and Head and Neck Surgery, Federal University of São Paulo. The inclusion criteria were: age 18-65 years old, dizziness for more than three months and the diagnosis of the following vestibular diseases: Vestibular Migraine, Benign Paroxysmal Positional Vertigo (BPPV) and Ménière's disease. The instruments used were: Questionnaire to obtain sociodemographic and clinical data, Personality Factor Battery (BFP), Hospital Anxiety and Depression Scale (HAD) and the Brazilian version of the Dizziness Handicap Inventory (DHI). The sample consisted of 30 patients with a mean age of 48.7 years (± 10.8). Most of the participants are female (90%). Relevant symptoms of anxiety were found in 46.7% of participants and symptoms of depression in 40%. Most patients (53.4%) had their quality of live slightly impacted by dizziness, measured by DHI. Among the participants, 17 were diagnosed with Vestibular Migraine (56.7%), 9 BPPV (30%) and 4 with Ménière's disease (13.3%). The great majority had dizziness for over a year, and 43.3% had dizziness for 5 years or more. Regarding personality traits, 56.7% of participants had high or very high level of Neuroticism, 53.4% average level of Extroversion, 36.7% high or very high level of Socialization and 36.7% high or too high level of Realization. As the Opening factor, 50% of the sample has very low or low scores. The scores of Neuroticism and Realization factors were higher than the normative population of BFP, while the Opening factor showed lower score (p <0.05). There was a positive and statistically significant correlation (p <0.01) between Neuroticism and symptoms of anxiety, depression and disability in relation to dizziness. There was no significant difference between patients with BPPV and Vestibular Migraine considering personality traits. Psychological interventions may be beneficial to a group of patients with high Neuroticism associated with anxiety, depression and handicap in relation to dizziness.
Keywords: dizziness, personality, vestibular disorders, anxiety, depression.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Frequências absolutas e relativas das características sociodemográficas dos pacientes com tontura crônica (n=30)........................................................................... 34
Tabela 2 Frequências absolutas e relativas das características relacionadas à saúde dos pacientes com tontura crônica (n=30)... 36
Tabela 3 Frequências absolutas e relativas das características da tontura dos pacientes com tontura crônica (n=30).......................................................................... 38
Tabela 4 Distribuição percentual da intensidade do fator neuroticismo e suas facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).................................................. 39
Tabela 5 Distribuição percentual da intensidade do fator extroversão e suas facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).................................................. 39
Tabela 6 Distribuição percentual da intensidade do fator socialização e suas facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).................................................. 40
Tabela 7 Distribuição percentual da intensidade do fator realização e suas facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).............................................................. 40
Tabela 8 Distribuição percentual da intensidade do fator abertura e suas facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).............................................................. 40
Tabela 9 Dados comparativos entre traços de personalidade em pacientes com tontura crônica e população normativa do BFP (n= 30)............................................ 41
Tabela 10 Correlação dos traços de personalidade com sintomas de ansiedade, de depressão e incapacidade em relação à tontura (n= 30)........................................ 42
Tabela 11 Comparação de médias de cada um dos fatores com os diagnósticos das doenças vestibulares (n=26)........ 43
LISTA DE ABREVIATURAS
ASSIST
BES
Alcohol Smoking and Substance Involvement Screening Test
Bem Estar Subjetivo
BFP Bateria Fatorial de Personalidade
CGF Modelo dos Cinco Grandes Fatores
DHI
EFN
Dizziness Handicap Inventory
Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo
HAD
HAD A
HAD D
IBGE
Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão
Sub Escala de Ansiedade
Sub Escala de Depressão
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
JCMI
LES
MMPI
Cornell Medical Index-Health Questionnaire
Lúpus Eritematoso Sistêmico
Inventário Personalidade Multifásico de Minnesota
NEO-PI-R
OD
PNAD
SUS
Revised Neo Personality Inventory
Desregulação Ortostática
Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio
Sistema Único de Saúde
THI
TSC
UCLA
Tinnitus Handicap Inventory
Tontura Subjetiva Crônica
Revised Loneliness Scale
UNIFESP
VPPB
Universidade Federal de São Paulo
Vertigem Posicional Paroxística Benigna
Y-G Teste Yatabe-Guilford Teste de personalidade
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 8
2 REVISÃO DA LITERATURA 10
2.1 TONTURA E DOENÇA VESTIBULARES 10
2.2 PERSONALIDADE 13
2.2.1 A origem das teorias da personalidade 13
2.2.2 O conceito de personalidade 14
2.2.3 Principais teorias da personalidade 15
2.2.4 Traços de Personalidade 17
2.2.5 Modelos dos Cincos Grandes Fatores 18
2.3 PERSONALIDADE E SAÚDE 20
2.4 PERSONALIDADE E TONTURA CRÔNICA 23
3 OBJETIVOS 27
3.1 GERAL 27
3.2 ESPECÍFICOS 27
4 MÉTODO 28
4.1 ASPECTOS ÉTICOS 28
4.2 TIPO DE ESTUDO 28
4.3 LOCAL DO ESTUDO 28
4.4 PARTICIPANTES 28
4.5 INSTRUMENTOS 29
4.5.1 Questionário para obtenção de dados
sociodemográficos e clínicos
29
4.5.2 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão
(HAD)
29
4.5.3 Versão brasileira do Dizziness Handicap
Inventory (DHI)
29
4.5.4 Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) 30
4.6 PROCEDIMENTO 31
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA 32
5 RESULTADOS 33
5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS 33
5.2 CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS À
SAÚDE
35
5.3 CARACTERÍSTICA DA TONTURA 37
5.4 TRAÇOS DE PERSONALIDADE 39
5.5 COMPARAÇÃO DOS TRAÇOS DE
PERSONALIDADE COM A POPULAÇÃO
NORMATIVA DO BFP
41
5.6 CORRELAÇÃO DOS TRAÇOS DE
PERSONALIDADE COM ANSIEDADE,
DEPRESSÃO E INCAPACIDADE EM
RELAÇÃO À TONTURA.
41
5.7 COMPARAÇÃO DOS TRAÇOS DE
PERSONALIDADE ENTRE AS DOENÇAS
VESTIBULARES
42
6 DISCUSSÃO 44
7 CONCLUSÃO 51
REFERÊNCIAS 52
ANEXOS 60
APÊNDICES 68
8
1 INTRODUÇÃO
A tontura é um sintoma que tem alta prevalência na população mundial. Pode
estar relacionada a várias doenças, mas, frequentemente, tem sua origem no
sistema vestibular sendo o principal sintoma das doenças vestibulares. As doenças
vestibulares são distúrbios decorrentes do comprometimento do sistema vestibular
periférico e/ou central e, além da tontura, podem provocar sintomas auditivos e
neurovegetativos, entre outros. As principais doenças vestibulares são a Vertigem
Posicional Paroxística Benigna (VPPB), a Doença de Ménière e a Migrânea
Vestibular.
Indivíduos afetados pelas doenças vestibulares frequentemente apresentam
problemas emocionais e importante prejuízo em sua qualidade de vida, ainda mais
intenso em períodos de crise. Entre os problemas emocionais que mais acometem
as pessoas que apresentam tontura estão a depressão e a ansiedade.
A personalidade tem sido considerada como um importante fator na etiologia
e progressão de diversas doenças, na resposta dos indivíduos ao tratamento de
saúde, bem como no favorecimento do bem-estar subjetivo e da saúde.
Diversos estudos destacaram que certos traços de personalidade como o
neuroticismo podem contribuir para o aparecimento de sintomas e/ou doenças
físicas. Em contrapartida, pessoas com traços de personalidade como socialização,
extroversão e realização tendem a apresentar comportamentos mais saudáveis e
maior disponibilidade para aderir ao tratamento da doença.
Apesar de pesquisas associarem traços de personalidade a algumas doenças
e/ou sintomas, observou-se que há poucos estudos que verificaram a prevalência
dos traços de personalidade em indivíduos com tontura crônica de origem vestibular,
especialmente em nosso meio. Embora existam estudos com pacientes com doença
de Ménière e com VPPB, não foram encontrados estudos que avaliaram os traços
de personalidade em indivíduos com Migrânea Vestibular.
O estudo dos traços de personalidade é importante para a compreensão das
características psicológicas dos indivíduos com doenças vestibulares, suas
motivações e tendências. Desta forma, pode-se fornecer subsídios para o
desenvolvimento de estratégias de intervenção psicológica visando melhorar seu
9
estado emocional e contribuir para a melhora do quadro clínico e para uma melhor
qualidade de vida nestes pacientes.
10
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 TONTURA E DOENÇAS VESTIBULARES
A tontura é um dos sintomas mais comuns entre a população e entre os
pacientes que procuram os serviços de saúde (NEUHAUSER et al.; 2008;
AGRAWAL et al., 2009).
Estudo populacional realizado na cidade de São Paulo (BITTAR et al., 2013)
mostrou que a prevalência de tontura é de 42%, atingindo preferencialmente os
idosos e incapacitando especialmente as mulheres. Ele afeta as atividades da vida
diária em 67% dos sintomáticos, porém apenas 46% das pessoas que sofrem de
tontura procuram auxílio médico.
A tontura pode ser definida como toda e qualquer situação ilusória de
movimento sem que haja movimento real em relação à gravidade. Quando a tontura
possui caráter rotatório é denominada vertigem (AMERICAN ACADEMY OF
OTOLARYNGOLOGY-HEAD AND NECK FOUNDATION, 1995).
Segundo Ganança et al. (2010), a tontura pode estar relacionada a várias
etiologias: vestibular, ocular, neurológica, psíquica, metabólica ou cardiovascular.
Cerca de trezentas doenças podem apresentar a tontura como sintoma, mas, na
maioria dos casos, ela está relacionada a problemas no sistema vestibular. As
doenças vestibulares são distúrbios decorrentes do comprometimento do sistema
vestibular periférico (labirinto e nervos vestibulares) e/ou central (núcleos, vias e
inter-relações no sistema central).
A tontura tem maior prevalência no gênero feminino e em adultos,
especialmente idosos, mas pode acometer também crianças e adolescentes
(GANANÇA et al., 2000, MIYAKE et al., 2014).
Estas doenças geralmente interferem negativamente na qualidade de vida
dos indivíduos (GANANÇA et al., 2000; HANDA et al., 2005; PÉREZ et al.,2012) e
frequentemente são acompanhadas por sintomas psicológicos importantes como
ansiedade e depressão (POLLACK et al., 2003; SAVASTANO et al., 2007;
GAZZOLA et al., 2009; GENNA et al., 2010; ORJI, 2014).
As doenças vestibulares mais prevalentes são a Vertigem Posicional
Paroxística Benigna (VPPB), a Doença de Ménière e a Migrânea Vestibular.
11
A VPPB é a doença vestibular mais prevalente, representando 20% a 40%
dos casos de pacientes que apresentam tontura. Afeta em média 10% da população
e acomete principalmente mulheres e idosos, mas também pode ser diagnosticada
entre jovens e adultos e mais raramente em crianças (GANANÇA et al., 2000;
PÉREZ et al., 2012; ONISHI et al., 2013).
O principal sintoma que caracteriza essa vestibulopatia é a tontura rotatória,
induzida por alterações da posição da cabeça. Os pacientes se queixam de vertigem
ao deitar-se, levantar-se, olhar para cima, para os lados que podem ou não ser
acompanhada por náuseas e vômitos, mal-estar indefinido, calafrios, sensação de
instabilidade. Tais sintomas, na maioria das vezes aparecem subitamente, tem
duração de segundos e podem permanecer por vários dias, semanas ou anos
(GANANÇA et al., 2000; MIYAKE et al., 2014).
A origem da VPPB está relacionada à presença anormal, nos ductos
semicirculares, de cristais de carbonato de cálcio que se deslocaram do utrículo.
Esses cristais permanecem flutuantes na endolinfa dos ductos semicirculares
posterior, superior ou lateral (ductolitíase) ou aderidos à cúpula (cupulolitíase), o que
provoca tontura quando o indivíduo movimenta a cabeça, como por exemplo, à
hiperextensão cervical, ao levanta-se ou deitar-se na cama (GANANÇA et al., 2000;
MIYAKE et al., 2014).
A VPPB pode ainda se desenvolver a partir de outras doenças
otoneurológicas preexistentes (migrânea vestibular, doença de Ménière, neurite
vestibular e insuficiência vertebrobasilar) ou ser decorrente da inatividade, infecções
otológicas distúrbios metabólicos, traumatismo craniano, insuficiência
cardiovasculares, hormonais ou vertebrobasilar, doenças psíquicas e senilidade
(GANANÇA et al., 2000).
O tratamento da VPPB é realizado por meio de manobras de
reposicionamento canalicular (manobras de Epley, Semont, Lempert ou Yacovino),
de acordo com o canal acometido. Por meio das manobras de posicionamento os
sintomas podem se tornar menos intensos ou desaparecer. (ONISHI et al., 2013).
A doença de Ménière caracteriza-se por crises vertiginosas recorrentes,
acompanhadas por sintomas neurovegetativos, sensação de pressão nos ouvidos,
zumbido, plenitude auricular e flutuação da audição (ONISHI et al., 2013). É causada
pelo aumento da pressão da endolinfa (hidropisia endolinfática), ou seja, ocorre uma
12
retenção excessiva de fluidos, o que provoca a dilatação do espaço endolinfático e
consequente ruptura das estruturas membranosas do labirinto (MIYAKE et al.,
2014).
A prevalência da doença de Ménière na população geral é baixa, mais sua
frequência vem aumentando entre o grupo de idosos, atingindo predominantemente,
as mulheres (ATHERINO et al., 2015). No entanto, segundo Monsell et al. (1994),
homens e mulheres na faixa etária de 20 a 50 anos apresentam a mesma
probabilidade de desenvolverem essa afecção. O tratamento desta doença durante
as crises é medicamentoso e deve ser acompanhado de orientação dietética visando
manter os níveis de sódio no organismo e evitar alimentos que contenham cafeína,
álcool e açúcar. Pacientes que não respondem ao tratamento e que apresentam
sintomas incapacitantes podem ser submetidos à cirurgia para a descompressão do
saco endolinfático (GANANÇA et al., 2000).
A Migrânea Vestibular caracteriza-se por quadro de vertigem ou tontura
acompanhada de cefaleia severa ou moderada. A enxaqueca e a tontura são as
queixas mais comuns entre a população. No mundo a prevalência da enxaqueca é
aproximadamente de 14% e cerca de 20 a 30% da população apresenta tontura e
vertigem. Estudos populacionais têm mostrado que as mulheres são mais afetadas e
que o seu surgimento é mais comum na segunda década da vida (BREVERN;
NEUHAUSER, 2011). A causa mais provável da enxaqueca é uma
hiperexcitabilidade neuronal central e fatores genéticos.
Além da vertigem, os pacientes acometidos pela Migrânea Vestibular podem
apresentar desequilíbrio, distúrbios visuais, sensibilidade a sons e luzes, sintomas
como zumbido, flutuação da audição e sensação de plenitude aural.
O tratamento é geralmente medicamentoso visando amenizar o desconforto
da dor. Exercícios de reabilitação vestibular podem compor o tratamento no caso do
paciente apresentar enxaqueca e distúrbios vestibulares (ONISHI et al., 2013).
13
2.2 PERSONALIDADE
2.2.1 A origem das teorias da personalidade
O desenvolvimento das teorias da personalidade está diretamente
relacionado às concepções sobre o homem. Neste sentido, os grandes filósofos
como Hipócrates, Platão e Aristóteles, bem como outros pensadores como Tomás
de Aquino, Comte, Nietzsche entre outros contribuíram e influenciaram o
desenvolvimento de algumas teorias, inclusive as contemporâneas (HALL;
LINDZEY, 1984).
Hall e Lindzey (1984) assinalam que o estudo da personalidade na atualidade
foi inicialmente influenciado pelas observações clínicas realizadas pelos teóricos
Charcot, Janet, Freud, Jung e McDougall. A origem da teoria da personalidade está,
portanto, relacionada à profissão médica e à sua prática, pois esses teóricos tinham
formação médica e realizavam psicoterapia. Por meio das experiências clínicas, eles
formularam ideias e teorias acerca da formação da personalidade.
Outros fatores que influenciaram o estudo da personalidade foram a visão
gestáltica do comportamento humano (comportamento compreendido em sua
totalidade), a psicologia experimental (que valorizava o rigor e a precisão da
investigação controlada) e a teoria da aprendizagem (compreensão sobre como o
comportamento é modificado). Dentro dessas correntes várias pesquisas
controladas foram realizadas para a construção de bases teóricas e para a maior
compreensão do homem. Um quarto fator apontado por Hall e Lindzey (1984) é a
tradição psicométrica, que se preocupava em medir e estudar as diferenças
individuais, ou seja, escalonavam as dimensões do comportamento.
A atuação dos pioneiros como Freud, Jung e McDougall de certa forma
permitiu o desenvolvimento das teorias da personalidade devido à postura dissidente
desses teóricos em relação às ideias convencionais sobre o comportamento humano
que predominavam na psicologia tradicional (rigor e precisão da investigação
controlada-psicologia experimental) daquela época.
Dessa forma, esses teóricos tiveram a liberdade para discutir e rejeitar
conceitos aceitos pela maioria dos psicólogos, bem como, maior liberdade para
fazerem suas próprias interpretações e sistematizarem suas próprias teorias.
14
Os teóricos pioneiros no desenvolvimento da Teoria da Personalidade
estavam preocupados com o ajustamento dos indivíduos e a sua sobrevivência. Eles
tinham como objetivo entender o porquê do desenvolvimento dos sintomas
neuróticos, o papel dos traumas infantis no ajustamento do sujeito adulto, que
condição possibilitaria ao indivíduo recuperar sua saúde mental e quais motivações
e impulsos subjacentes poderiam orientar a conduta humana (HALL; LINDZEY,
1984). Os teóricos da personalidade se preocupavam em entender e estudar o
indivíduo de maneira global e em um contexto amplo.
2. 2.2 O conceito de personalidade
Existem inúmeras definições de personalidade. A palavra personalidade é de
origem latina “persona” (per-sona significa “soar através”), nome dado à máscara
que os atores do teatro antigo usavam para representar seus papéis. No senso
comum, a personalidade está relacionada à aparência externa, ou seja, a impressão
que cada um de nós causa no outro (PISANI et al.,1982).
Gordon Allport, psicólogo da Universidade de Havard, em 1937, listou
cinquenta definições diferentes de personalidade. Neste estudo e em outros
posteriormente realizados, verificou-se que entre as várias conceituações de
personalidade existiam ideias ou princípios comuns, tais como: o princípio da
globalidade (vários sistemas são integrados, cognição, afetivo, comportamento, ou
seja, personalidade é tudo que somos); princípio social (personalidade entendida
como resultado de interações sociais); princípio da dinamicidade (conceito dinâmico,
a personalidade sofre influências e se adapta a novos contextos) e o princípio da
individualidade (a personalidade distingue um indivíduo do outro) (PISANI et al.,
1982).
Para alguns teóricos, entre eles Allport, “a personalidade é o que o homem
realmente é”, ou seja, a personalidade é a essência do homem; é aquela parte do
indivíduo que mais o representa (apud HALL et al., 2000).
De acordo com Davidoff (2001), a personalidade para os psicólogos
contemporâneos pode ser entendida como:
15
(...) aqueles padrões de comportamento relativamente consistentes e
duradouros de percepção, pensamento, sentimento e comportamento
que dão às pessoas. A personalidade é um construto sumário que inclui
pensamentos, motivos, emoções, interesses, atitudes, capacidades e
outros (DAVIDOFF, 2001, p.504).
Portanto, o conceito de personalidade é muito amplo. Ele dependerá da teoria
que o subsidiará. Neste sentido, Hall et al. (2000) dispõem que:
A definição de personalidade será claramente indicada pela teoria [...]. A
personalidade é definida pelos conceitos empíricos específicos que
fazem parte da teoria da personalidade empregada pelo observador
(HALL et al., 2000 ,p.33).
2.2.3 Principais teorias da personalidade
As várias teorias psicológicas existentes foram elaboradas no decorrer do
desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e são frutos da atividade clínica dos
teóricos da personalidade que tinham como objetivo principal ajudar as pessoas a
resolverem seus problemas e melhor compreenderem a si mesmas (HALL;
LINDZEY, 1984).
Hall, Lindzey e Campbell (2000) agruparam as teorias da personalidade em
quatro grupos. As teorias psicodinâmicas - que enfatizam os processos
inconscientes e os conflitos intrapsíquicos, as teorias estruturais - que focam as
diferenças comportamentais entre os indivíduos, as teorias experienciais - que
tentam compreender e explicar como as pessoas percebem e experenciam seu
mundo e as teorias da aprendizagem - que explicam como ocorre o processo de
aprendizagem, ou seja, como cada pessoa aprende a emitir uma determinada
resposta diante de um estímulo.
As teorias psicodinâmicas foram construídas com base nos atendimentos
clínicos de seus teóricos que estavam interessados em compreender as forças
dinâmicas que determinam o comportamento das pessoas e as defesas psicológicas
empregadas diante dessas forças como forma de proteção.
Sigmund Freud (1856-1939) foi o primeiro teórico a sistematizar uma teoria da
personalidade. Para ele a personalidade é constituída pelo Id, Ego e Superego.
16
Essas instâncias funcionam de forma integrada e dão origem ao comportamento da
pessoa (HALL et al., 2000).
A personalidade para Freud se desenvolve a partir das tensões sofridas pelo
indivíduo, provenientes dos processos de crescimento fisiológico, das frustrações
vivenciadas, dos conflitos e das ameaças sentidas (LAPLANCHE; PONTALIS, 1970;
HALL et al., 2000).
Outro teórico representante da Teoria Psicodinâmica é Carl Gustav Jung
(1875-1961). Ele concebe a personalidade como um produto e como um continente
do passado ancestral, ou seja, o homem é moldado pelas suas experiências
passadas. Para Jung, o ser humano nasce com uma predisposição passada pelos
seus ancestrais (inconsciente coletivo) (HALL; LINDZEY, 1984) e o desenvolvimento
psíquico ocorre gradualmente em busca da individualidade e da autorrealização
(DORIN, 1981).
As teorias que enfatizam a estrutura da personalidade buscam uma
taxonomia, ou seja, a sistematização de um conjunto de características que
descrevem a personalidade do indivíduo e que possam ser mensuradas. Entretanto,
estas teorias também apresentam interesse pela dinâmica e pelo desenvolvimento
da pessoa (HALL et al., 2000). Entre seus representantes estão Raymond Catell
(1905 - 1998), Henry Murray (1893 - 1989), Hans Eysenck (1916 - 1997) e Gordon
Allport (1897 - 1967). Essa teoria será delineada mais à frente quando for abordada
a teoria do traço e a teoria dos cinco fatores.
Os principais teóricos que enfatizam a realidade percebida estão Carl Rogers
(1902 - 1987) e George Kelly (1905 - 1967). O objeto de estudo para esses teóricos
é a experiência individual (campo fenomenológico) e o método é a introspecção. O
que importa é saber como cada indivíduo usa de suas experiências para perceber e
interpretar a realidade na qual atuará. O homem é visto como um ser adaptável, que
evolui e se atualiza em busca da autorrealização (DAVIDOFF, 2001).
As teorias da aprendizagem podem ser divididas em dois grupos, a saber:
I - Condicionamento Operante de B. F. Skinner (1904 - 1990)
Skinner se interessava pelo comportamento modificável e não pelas
características comportamentais do indivíduo. Os diferentes comportamentos são
resultados da variação do ambiente. Os comportamentos adquiridos durante o
desenvolvimento da pessoa são peculiares e formam a personalidade. A aquisição
17
do comportamento é explicada pelos conceitos de reforço, extinção e generalização
(PISANI et al., 1982; HALL et al., 2000).
II - Teoria da Aprendizagem Social
O teórico expoente desta corrente teórica é Albert Bandura, que criou a teoria
da aprendizagem cognitivo-social. Ao contrário de Skinner que vê o indivíduo como
alguém simples e totalmente moldado pelo ambiente, Bandura considerava o ser
humano complexo, único, ativo e consciente, bem como, capaz de se autorregular.
Segundo esse autor, as pessoas adquirem padrões de comportamento e habilidades
por observação e não necessariamente por reforços mecânicos de respostas.
Acredita que o indivíduo é capaz de observar o resultado de seu próprio
comportamento e dos outros e avaliar as consequências do mesmo, o que lhe dará
pistas para repetir ou não tal comportamento no futuro e evitar resultados punitivos.
Para Bandura, a modelação de um comportamento acontece por meio de
quatro processos: atenção, retenção, produção e motivação (HALL et al., 2000;
DAVIDOFF, 2001).
2.2.4 Traços de Personalidade
Alguns pesquisadores procuraram descrever a personalidade por meio de
padrões de comportamento estáveis e duradouros. Gordon Allport procurou
descrever a personalidade em termos de traços. Ele definiu a personalidade por
meio de padrões de comportamento identificáveis e diferenciou traços individuais
(disposição individual) dos comuns (traço). Allport (1966) (apud Silva, 2012) assinala
que os traços comuns são características marcantes de uma pessoa e existem em
indivíduos de uma mesma cultura e podem por eles serem reconhecidos e
nomeados.
Marx e Hillix (1973) assinalam que, para Allport, traço é definido como:
(...) um sistema neuropsíquico (peculiar ao indivíduo), generalizado e
focalizado, com a capacidade de tornar muitos estímulos funcionalmente
equivalentes, de iniciar e guiar formas coesas (equivalentes) de
comportamento adaptativo e expressivo. (MARX; HILLIX, 1973, p.492)
18
O psicólogo alemão Hans Eysenck (1916 - 1997) postulou que o
comportamento humano é resultado da interação das tendências biológicas da
pessoa e das forças ambientais. Para ele, “traço é a coerência observada das
tendências de ação, enquanto que o tipo é uma constelação de traços” (MARX;
HILLIX, 1973, p.498). O modelo de personalidade teorizado por Eysenck pode ser
expresso por três tipologias, a saber: introversão x extroversão, neuroticismo x
estabilidade e psicoticismo x controle dos impulsos (HALL et al., 2000).
Outro teórico que procurou harmonizar os métodos quantitativos com o
estudo da personalidade foi o psicólogo inglês Raymond Bernard Cattell (1905 -
1998). Ele usou o conceito traço para explicar as coerências observadas no
comportamento. Cattell fazia distinção entre traços superficiais (comportamentos
observáveis que ocorrem conjuntamente) e traços de origem (traços subjacentes
aos superficiais que entram na determinação de múltiplas manifestações de
superfície), as combinações determinariam as coerências observadas no
comportamento.
Cattell realizou pesquisas com o objetivo de descobrir se os traços são
determinados por influências constitucionais ou moldados pelo meio ambiente.
Esses estudos contribuíram para uma melhor compreensão e avaliação do papel da
hereditariedade e do meio, ao se estudar um determinado fator.
Cattell criou uma equação de especificação (R=s1T1+ s2T2+s3T3+...+SnTn –
(onde s representaria os sentimentos da pessoa em uma determinada situação e T a
atitude da mesma) para combinar informações a respeito de um indivíduo e prever o
seu comportamento em uma situação específica (MARX; HILLIX, 1973). Para este
autor, personalidade é “aquilo que permite uma predição do que uma pessoa fará
em uma dada situação” (HALL et al., 2000, p. 258).
2.2.5 Modelo dos Cinco Grandes Fatores
Por volta de 1960, algumas pesquisas indicavam que a maioria das
abordagens dos traços de personalidade poderia ser descrita por meio de cinco
dimensões de personalidade. Esse modelo ficou conhecido como Big Five ou
Modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF). Este modelo é proveniente de pesquisas
sobre personalidade a partir de análises fatoriais e da teoria do traço de
19
personalidade de Allport, Cattell, Eysenck, McCrae e Costa (SILVA; NAKANO,
2011).
A descoberta dos cinco fatores foi acidental e se constitui uma generalização
empírica que foi testada por diversas vezes. O CGF não é baseado em uma teoria,
mas surgiu por meio de uma abordagem indutiva, ou seja, a teoria emerge da
pesquisa (DIGMAN, 1990; SILVA, 2012).
Assim, não há uma teoria que fundamente os motivos da organização da
personalidade em cinco dimensões básicas: extroversão/ introversão, nível de
socialização, escrupulosidade ou vontade de realização, neuroticismo/ estabilidade
emocional e intelecto ou abertura para a experiência.
Apesar de existir consenso entre os pesquisadores quanto ao fato de se
agrupar os traços de personalidade em cinco dimensões, existem ainda
controvérsias sobre as características de personalidade que estão agrupadas em
cada dimensão (HUTZ et al.,1998).
Os cinco fatores que compõem o CGF são:
A extroversão é o componente da personalidade que indica o quanto
as pessoas são “comunicativas, falantes, ativas, assertivas,
responsivas e gregárias”. Os introvertidos não seriam infelizes ou
tristes, mas não teriam o mesmo “estado de espírito exuberante” dos
extrovertidos (NUNES et al., 2013, pp.19 e 20).
O fator socialização refere-se à qualidade das relações interpessoais
das pessoas;
O fator realização oferece informações a respeito do grau de
“organização, persistência, controle e motivação” apresentada pelo
indivíduo. (NUNES et a., 2013, p. 20).
O neuroticismo pode indicar as pessoas propensas a um desconforto
psicológico ou que vivenciam sofrimento emocional. Além disso, esse
fator pode identificar “ansiedade, hostilidade, depressão, baixa
autoestima, impulsividade e vulnerabilidade” (NUNES et al., 2013).
O fator abertura para a experiência dá indícios de quanto o indivíduo
tende a apresentar comportamentos exploratórios, e o quanto está
disponível a vivenciar novas experiências.
20
O modelo CGF tem sido amplamente estudado por se revelar simples e
econômico em relação aos demais modelos fatoriais de personalidade existentes,
conforme assinala Silva e Nakano (2011). Esse modelo é uma forma eficaz de
agrupar traços comuns e gerais observáveis em todas as culturas. Estudos
transculturais constataram que o CGF pode ser replicado em diferentes línguas e
sociedades.
Essa forma de avaliação da personalidade tem extensa aplicabilidade na
psicologia da personalidade, na psicologia social, do desenvolvimento, na
psicoterapia entre outras áreas (HUTZ et al., 1998). Ademais, pesquisas realizadas
demonstraram que o modelo CGF também é capaz de explicar transtornos de
personalidade presentes na prática clínica (NUNES et al.,2013).
No âmbito clínico, o CGF poderá fornecer dados acerca dos estilos
emocionais e motivacionais de um indivíduo. Por meio das informações obtidas, o
profissional poderá melhor compreender as características psicológicas do indivíduo,
planejará seu tratamento e obterá dados acerca do prognóstico do caso (COSTA;
MCCRAE, 1980, apud VASCONCELLOS, 2008; HUTZ, 1998).
2.3 PERSONALIDADE E SAÚDE
A personalidade tem sido considerada como um importante fator na etiologia
e progressão de diversas doenças e na resposta dos indivíduos aos tratamentos de
saúde.
O CGF tem sido usado em pesquisas de saúde com o objetivo de
compreender de que forma a personalidade influencia o comportamento das
pessoas portadoras de algum tipo de doença ou sintoma crônico. Estudos realizados
em diversos países sobre personalidade e saúde que usaram o CGF como
ferramenta para avaliar os traços de personalidade obtiveram resultados similares. A
revisão literária realizada por Thomas e Castro (2012) aponta que o fator
neuroticismo é o que tem maior relação com os problemas físicos de saúde entre os
adultos.
Estudos que procuram relacionar traços de personalidade e saúde
evidenciaram que certos traços de personalidade podem contribuir para o
desenvolvimento de doenças, bem como favorecer o bem-estar subjetivo e a saúde
21
(WOYCIEKOSKI et al., 2014). Carvalho (2009) por meio de revisão bibliográfica
constatou a influência da personalidade na origem e prognóstico de algumas
doenças físicas. Thomás e Castro (2012) apontaram que a personalidade de um
indivíduo pode interferir em sua disponibilidade para realizar tratamento de
doenças.
Alguns pesquisadores estudaram como os fatores de personalidade
interferem na adesão ao tratamento de doenças crônicas e na qualidade de vida das
pessoas por meio do CGF. Axelsson et al. (2011) constataram que o neuroticismo
não favorece a adesão aos medicamentos usados no tratamento de doenças
crônicas, enquanto os fatores socialização e realização a favorecem.
Diversos modelos teóricos têm sido estudados para analisar a relação entre
personalidade e saúde, procurando explicar como a personalidade pode levar o
indivíduo a adoecer. Um dos principais modelos indica que alguns fatores da
personalidade como o neuroticismo tendem a predispor o indivíduo a circunstâncias
e comportamentos de risco para a saúde, como também tendem a desestimular
comportamentos que poderiam funcionar como fator de prevenção à saúde. Outro
modelo ressalta o estresse como um importante elemento psicofisiológico que atua
como mediador entre a personalidade e as doenças (THOMÁS; CASTRO, 2012;
CARVALHO, 2009).
Estudos realizados nos Estados Unidos por Goodwin, Cox e Clara (2006) com
5877 indivíduos adultos com diferentes características demográficas e comorbidades
indicaram que existe uma significativa associação entre neuroticismo e o
desenvolvimento de doenças físicas, seja pelo caminho bioquímico ou por
comportamentos que promovam o desenvolvimento de distúrbios físicos. Eles
apontam ainda que pessoas com traços de neuroticismo têm uma probabilidade
maior de apresentar diabetes, artrites, doenças renais, problemas estomacais, de
úlcera e de vesícula biliar.
Outros estudos evidenciam que os fatores de personalidade podem contribuir
para o desenvolvimento de algumas doenças ou para agravar sintomas das
mesmas, como é o caso da doença de Alzheimer em mulheres em que as emoções
negativas crônicas (característica do neuroticismo) desempenham importante
impacto nas estruturas cerebrais. Assim, os sentimentos negativos parecem
contribuir para uma gama de implicações fisiológicas, tais como: sintomas
22
intestinais, doença de Parkinson, mal-estar emocional, obesidade mórbida,
transtornos alimentares, etc. (THOMÁS; CASTRO, 2012).
Ayache e Costa (2009) estudaram os traços de personalidade em mulheres
com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). Foram selecionadas vinte mulheres com
idade entre 18 e 50 anos que foram avaliadas e reavaliadas em um intervalo de três
e seis meses para verificar alterações de personalidade e atividade do LES. Os
sujeitos da pesquisa foram submetidos a avaliações psiquiátricas e reumatológicas,
e também avaliados por meio da Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/
Neuroticismo (EFN). Durante o tempo que os sujeitos foram analisados, não foram
encontradas associações entre alterações da personalidade e atividade do lúpus.
Além disso, não se encontrou um padrão típico de personalidade. Verificou-se que
as pacientes lúpicas podem apresentar vários tipos de comportamentos e sintomas
psiquiátricos.
Estudo de Natividade et al. (2012) teve como objetivo comparar fatores de
personalidade entre abstêmios e consumidores de álcool bem como testar o poder
preditivo destes fatores para o consumo de álcool. Participaram da pesquisa 169
estudantes universitários provenientes na região Metropolitana de Porto Alegre na
faixa etária de 18 e 28 anos. Foram utilizados a versão brasileira do Alcohol
Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST) e o BFP. Em relação
aos fatores de personalidade, os pesquisadores concluíram que incrementos no
fator extroversão estão relacionados ao maior consumo de álcool e acréscimos no
fator realização predizem um menor consumo de álcool. Os participantes com menor
frequência de consumo de álcool obtiveram maiores médias nos fatores socialização
e realização. Em contrapartida, aqueles sujeitos que consumiram álcool com maior
frequência obtiveram escores mais altos em extroversão e neuroticismo. Os
resultados deste estudo, segundo seus autores, estão em consonância com estudos
realizados em outros países em que os fatores e subfatores de personalidade
podem diferenciar grupos de pessoas de acordo com o nível de consumo de álcool e
predizer a maior ou menor frequência de ingestão dessa substância.
Estudo realizado por Mucci (2014) com 91 pacientes que apresentavam
zumbido neurossensorial contínuo e crônico teve como objetivo caracterizar os
traços de personalidade e correlacioná-los com o impacto do sintoma na vida dos
sujeitos pesquisados. Os pacientes foram avaliados por meio de dois instrumentos:
23
BFP e Tinnitus Handicap Inventory (THI). Dos fatores de personalidade avaliados,
59 pacientes (64,8%) apresentaram presença muito alta e alta de neuroticismo, 39
pacientes (42,9%) mostraram escore de muito baixa e baixa extroversão e 40
pacientes (44%) evidenciaram muito baixa e baixa socialização. Em relação à faceta
realização, 34 sujeitos (37,4%) evidenciaram muito baixo e baixo escores e na
média 32 sujeitos (35,2%). Em abertura às novas experiências, 65 pacientes
(79,1%) apresentaram escores muito baixo e baixo. Os resultados evidenciaram
ainda correlação positiva entre o grau de impacto do zumbido e o fator neuroticismo,
instabilidade emocional e a passividade/falta de energia.
Woyciekoski et al. (2014) desenvolveram estudo para verificar se as
características de personalidade e os eventos da vida funcionam como preditores do
bem-estar subjetivo (BES) entre 274 estudantes universitários de três universidades
na região sul do Brasil com idade média de 26,7 anos. Foram utilizados a Escala de
Afeto Positivo e Afeto Negativo, a escala de Satisfação de Vida e a BFP. Concluiu-
se que o fator de personalidade neuroticismo mostrou-se a principal variável
preditora do afeto negativo. Outras duas variáveis preditoras do afeto negativo foram
realização, positivamente e socialização, negativamente. Por outro lado, incremento
nos níveis de extroversão prediz aumento no afeto positivo, enquanto que
incremento no fator neuroticismo diminui esse tipo de afeto. Esse estudo mostrou
ainda, que o fator neuroticismo é o principal fator preditivo quando se considera o
nível de satisfação de vida. Escores altos em neuroticismo revelaram menor
satisfação com a vida, enquanto que maior escore em extroversão e socialização
sugere maior probabilidade das pessoas se sentirem satisfeitas com suas vidas.
2.4. PERSONALIDADE E TONTURA CRÔNICA
Coker et al. (1989) realizaram avaliação psicológica em 48 pacientes,
portadores da doença de Ménière, tendo como grupo controle pacientes
assintomáticos há pelo menos três meses. Verificou-se que 80% dos pacientes com
sintomas vestibulares ativos apresentavam depressão pelo Inventário de
Personalidade Multifásico de Minnesota (MMPI) e 70% pelo Inventário de
Diagnóstico de Personalidade e Sintomas, em comparação com 32% e 39%
respectivamente dos pacientes com sintomas vestibulares inativos. Estes resultados
24
sugerem que componentes emocionais estão presentes e podem contribuir para o
agravamento ou desencadeamento dos problemas vestibulares.
Féres et al. (1994) avaliaram quinze pacientes portadores da doença de
Ménière, por meio da Bateria de Grafismo de Hammer e da Técnica das pirâmides
coloridas de Pfister e verificaram alterações de personalidade neste grupo. Os
sujeitos apresentaram uma estrutura egóica frágil, empobrecimento dos recursos
potenciais e uma busca ansiosa para adaptar-se ao meio. O esforço pela adaptação,
segundo esses pesquisadores, pode estar relacionado à angústia e à alta exigência
consigo mesmo apresentada por esses pacientes. Eles concluíram que as
manifestações somáticas ligadas à doença de Ménière seriam uma forma de
expressar o custo da adaptação depreendida por esses sujeitos. Desta forma, a
intervenção psicoterapêutica poderia possibilitar aos portadores dessa labirintopatia
maior contato com as próprias emoções, amadurecimento emocional e melhor
desenvolvimento de seus recursos pessoais, bem como, menor projeção somática.
Nozawa et al. (1998) realizaram um estudo com o objetivo de verificar a
relação entre os fatores psicogênicos e tontura induzida pela desregulação
ortostática (OD). Avaliaram oitenta e cinco pacientes (26 homens e 59 mulheres com
média de idade de 47,0 e 40,4 anos respectivamente). Os sujeitos foram submetidos
ao Cornell Medical Index-Health Questionnaire (JCMI) e o Yatabe-Guilford Teste de
personalidade (Y-G Teste). Os resultados obtidos no Y-G Teste com pacientes que
apresentavam OD foram: Tipo A (média), 16,5%; Tipo B (Lista negra) 18,8%%, Tipo
C (calmo), 21,2%; Tipo D (diretor), 24,7%; e Tipo E (excêntrico), 18,8%. A conclusão
dos pesquisadores é de que os fatores psicossomáticos podem estar intimamente
relacionados à função nervosa autônoma e desempenham um papel importante no
desenvolvimento da tontura em pacientes com OD, uma vez que alguns pacientes,
mesmo medicados e apresentando melhora do quadro físico, ainda se queixavam de
tontura, mas, quando medicados com ansiolíticos, ocorria a melhora da tontura, o
que permite inferir que fatores psicogênicos ou emocionais estão envolvidos no
quadro de OD, e que os mesmos devem ser considerados no tratamento desse
distúrbio.
Outro estudo realizado por Nagarkar et al. (2000) em Chandigarh - Índia teve
como objetivo estudar os fatores psicológicos em pacientes adultos com VPPB e
compará-los com pacientes com vertigem psicogênica. Foram avaliados 150
25
indivíduos sendo 75 com VPPB e 75 com vertigem psicogênica na faixa etária de 25
a 45 anos. Os grupos foram comparados com igual número de controles normais,
pareados por idade e sexo. Foram utilizados os seguintes testes psicológicos:
Revised UCLA Loneliness Scale, Zung’s Self-Rating Depression Scale, Institute for
Personality and Ability Testing Anxiety Scale Questionnaire (Teste de personalidade
e habilidade e escala de ansiedade). Os pacientes com vertigem psicogênica
obtiveram escores mais elevados em solidão que os pacientes com VPPB e os do
grupo controle. Os resultados obtidos revelaram ainda que os pacientes com
vertigem psicogênica são mais deprimidos, ansiosos e introvertidos. Apresentaram
também maiores escores no que se refere à fraqueza egóica, tensão frustrativa,
insegurança paranóica e a pouca desejabilidade social, quando comparados com os
grupos de VPPB e de controle. O estudo mostrou ainda que os pacientes com VPPB
quando comparados ao grupo de controle também apresentaram altos índices de
solidão e depressão e que igualmente poderiam se beneficiar de intervenção
psicológica.
Savastano et al. (2007) realizaram estudo para investigar a relação entre a
doença de Ménière e traços de personalidade, comportamento em relação à doença,
depressão e ansiedade. Participaram da pesquisa 212 pacientes do Hospital
Universitário de Padua – Itália. Foram formados dois grupos: um grupo com 79
pacientes portadores da doença de Ménière e outro composto por 133 pacientes
sendo que 28 apresentavam vertigem, 80 zumbido e 25 perda auditiva, tendo sido
excluído o diagnóstico de Ménière nesses pacientes. Avaliação psicológica foi
realizada por meio do Inventário de personalidade Eysenck (The Eysenck
Personality Inventory), do inventário de traço-estado de ansiedade (The State- Trait
Anxiety Inventory), da Escala de autoavaliação de depressão de Zung (The Zung
Self- Rating Depression Scale) e do Illness Behavior Questionnaire que avalia o
comportamento em relação à doença. Esse estudo revelou que os pacientes com
doença de Ménière tiveram escores de ansiedade maiores que a norma e também
mais elevados em relação ao grupo controle. Em relação aos fatores de
personalidade, tanto o grupo dos pacientes portadores da doença de Ménière
quanto o grupo controle tiveram escores elevados para neuroticismo e psicoticismo.
Esses resultados sugerem que essa população apresenta sofrimento psíquico
relevante. Os pesquisadores concluíram que os dados fornecem pouco ou nenhum
26
suporte para a hipótese de que existam relações específicas entre doença de
Ménière, vertigem, zumbido, perda auditiva, traços de personalidade, sofrimento
psíquico e comportamento da doença. Acreditam que a predisposição da pessoa a
traços neuróticos e de introversão podem desempenhar um papel fundamental na
determinação da suscetibilidade individual ao sofrimento psicológico em relação às
doenças.
Staab et al. (2014) realizaram estudo para testar a hipótese de que pacientes
com Tontura Subjetiva Crônica (TSC) são mais propensos a apresentar traços de
personalidade como a introversão e a ansiedade que indivíduos com outras doenças
otoneurológicas crônicas. Os autores utilizaram diversos instrumentos, entre eles, o
Inventário de Personalidade NEO - Revisto (NEO-PI-R) para avaliar 40 pacientes,
sendo 24 com TSC e 16 com outros diagnósticos de tontura crônica associada a
transtornos ansiosos. A conclusão do estudo foi que o temperamento introvertido e
ansioso está fortemente associado com TSC e pode ser um fator de risco para o
desenvolvimento desta síndrome.
27
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Caracterizar os traços de personalidade de pacientes adultos com tontura crônica de
origem vestibular.
3.2 ESPECÍFICOS
3.2.1 Comparar os traços de personalidade de pacientes com doença vestibular com
os traços da população normativa brasileira.
3.2.2 Verificar a relação dos traços de personalidade com ansiedade, depressão e o
impacto da tontura na qualidade de vida.
3.2.3 Verificar se há diferença entre os traços de personalidade entre os diferentes
tipos de doenças vestibulares.
28
4 MÉTODO
4.1 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade
Anhanguera de São Paulo sob o número CAEE nº 43891515.4.0000.5493 (ANEXO
A)
Todos os participantes da pesquisa leram, e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A) e receberam uma cópia
deste Termo.
4.2 TIPO DE ESTUDO
Quantitativo, de corte transversal.
4.3 LOCAL DO ESTUDO
A coleta de dados foi realizada no Ambulatório geral do Setor de
Otoneurologia do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e
Pescoço da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Este ambulatório
atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) para realização de diagnóstico
e tratamento de pacientes com tontura.
A coleta de dados foi autorizada chefe do Ambulatório de Otoneurologia
(ANEXO B).
4.4 PARTICIPANTES
Critérios de Inclusão: Pacientes adultos (≥ 18 e ≤ 65 anos) de ambos os
sexos, que apresentam tontura crônica (há mais de três meses) e diagnóstico de
doença vestibular (VPPB, Migrânea Vestibular ou Doença de Ménière) confirmado
por meio da avaliação de médico otorrinolaringologista e que estejam realizando
tratamento clínico.
29
Critérios de Exclusão: Pacientes que não apresentam condições físicas ou
cognitivas para responder à entrevista.
4.5 INSTRUMENTOS
4.5.1 Questionário para obtenção de dados sociodemográficos e clínicos
(APÊNDICE B)
Foram coletados dados acerca do sexo, idade, estado civil, escolaridade,
religião, ocupação, classe econômica, além dos dados clínicos. A classe econômica
foi avaliada de acordo com os critérios do IBGE.
4.5.2 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) (ANEXO C)
Instrumento desenvolvido por Zigmond e Snaith (1983) para avaliar sintomas
de ansiedade e depressão sem recorrer a itens contendo sintomas físicos, como por
exemplo: fadiga, insônia, taquicardia, falta de ar, anorexia e diminuição da libido; que
podem decorrer tanto de patologia orgânica quanto mental. Esta escala foi traduzida
e validada no Brasil por Botega et al. (1995).
Possui 14 questões do tipo múltipla escolha, sendo dividida em 2 subescalas,
para ansiedade (HAD-A) e depressão (HAD-D), com 7 itens cada. Cada item tem
pontuação que varia de 0 a 3. A pontuação global de cada subescala vai de 0 a 21.
Valores iguais ou acima de 8 são considerados clinicamente significativos, tanto na
subescala de ansiedade quanto na de depressão (OLSSØN; MYKLETUN; DAHL,
2005). Utilizando este ponto de corte, os autores encontraram sensibilidade de 0.89
e especificidade de 0.75 na subescala de ansiedade e sensibilidade de 0.80 e
especificidade de 0.88 na subescala de depressão.
4.5.3 Versão brasileira do Dizziness Handicap Inventory (DHI) (ANEXO D)
30
O DHI foi desenvolvido para caracterizar a autopercepção dos efeitos
incapacitantes impostos pela tontura (JACOBSON; NEWMAN, 1990), sendo
traduzido e adaptado para aplicação na população brasileira (CASTRO et al., 2007).
O DHI é constituído por 25 questões, subdividido em 3 domínios: o físico (7
questões), o emocional (9 questões) e o funcional (9 questões). Para cada uma das
questões do DHI existem três opções de resposta: as respostas “sim” pontuam 04
pontos, “às vezes” 02 pontos e “não” zero ponto. Ao término da aplicação do
questionário, somam-se estes pontos. A pontuação máxima do escore total é de 100
pontos sendo que quanto maior a pontuação, pior o impacto da tontura na qualidade
de vida do paciente.
Os escores são classificados como prejuízo leve em relação à tontura (0- 30
pontos), prejuízo moderado (31-60 pontos) e severo (61-100 pontos).
4.5.4 Bateria Fatorial de Personalidade (BFP)
O BFP é um teste psicológico que avalia a personalidade no modelo dos
cinco grandes fatores. Foi desenvolvido e validado por pesquisadores brasileiros
(NUNES; HUTZ, 2010). É constituído por 126 afirmações e as respostas são
pontuadas numa escala Likert, variando de 1 a 7, sendo que a pontuação 1 se refere
à resposta que não descreve absolutamente o indivíduo e a pontuação 7 descreve
perfeitamente o indivíduo. A pontuação 4 seria a frase que descreve mais ou menos
a pessoa.
O BFP avalia os cinco fatores da personalidade e cada um deles engloba
várias facetas, a saber: Extroversão (comunicação, altivez, dinamismo e interações
sociais), Socialização (amabilidade, pró-sociabilidade e confiança nas pessoas),
Realização (competência, ponderação/prudência e empenho/comprometimento),
Neuroticismo (vulnerabilidade, instabilidade emocional, passividade/falta de energia
e depressão) e Abertura (interesse por novas ideias, liberalismo e busca por
novidades).
A análise é informatizada, via web. As respostas são digitadas em um
programa de computador, o qual indica os escores correspondentes de cada faceta.
Os escores brutos calculados para os cinco fatores e para cada faceta que os
compõem são transformados em pontos percentílicos para que possam ser
31
interpretados. Os percentis representam a posição relativa da pessoa avaliada em
relação ao grupo normativo (amostra geral).
Quadro 1: Classificação dos percentis
Pontos percentílicos Faixa
Até 14 Muito baixo
15 – 29 Baixo
30 – 70 Médio
71 – 85 Alto
Maior que 85 Muito alto
Para a normatização do BFP foram submetidas ao teste 6.599 pessoas de
várias idades, homens e mulheres, de vários graus de escolaridade e de níveis
socioeconômicos variados. A coleta dos dados foi realizada em 11 estados
brasileiros.
De acordo com resolução do Conselho Regional de Psicologia é proibida a
divulgação deste instrumento, por ser de uso restrito de psicólogos. Esse
instrumento pode ser utilizado para outros fins como seleção de profissionais de
diversas áreas, entre outros fins e, portanto, por critérios éticos, sua divulgação é
proibida.
Dessa forma, a BFP não foi incluída na lista de anexos.
4.6 PROCEDIMENTO
Após a aprovação do Comitê de Ética, os pacientes que realizam tratamento
para doenças vestibulares no Setor de Otoneurologia do Departamento de
Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Unifesp foram convidados
pessoalmente a participar da pesquisa antes ou após serem consultados pelos
médicos.
Após tomarem ciência e assinarem o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, a pesquisadora realizou entrevista em uma sala individual, sendo que
os questionários foram aplicados individualmente e cada pergunta foi lida pela
pesquisadora e as respostas anotadas pela mesma. As entrevistas tiveram a
32
duração de aproximadamente uma hora e foram realizadas de julho a setembro de
2015.
Os pacientes que apresentaram sofrimento psíquico relevante foram
orientados e encaminhados para serviços especializados quando necessário.
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados foram avaliados inicialmente de forma descritiva. Foram
apresentadas as frequências absolutas e relativas para as variáveis categóricas e
calculados a média e o desvio padrão para as variáveis contínuas.
Na análise estatística inferencial, o teste de Shapiro-Wilk foi aplicado para
verificar a normalidade das variáveis numéricas. Este teste indicou que os escores
do BFP possuem distribuição normal enquanto as demais variáveis (escores do HAD
e DHI) não possuem.
Desta forma optou-se por testes paramétricos para as análises com o BFP. O
teste t para uma média foi empregado para a comparação com os dados normativos
da população e o teste t de Student para a comparação dos escores do BFP entre
as doenças vestibulares. Comparou-se apenas a VPPB e a Migrânea Vestibular,
pois não houve casos suficientes de pacientes com doença de Ménière para incluir
esta doença na análise estatística.
Para as demais análises utilizaram-se testes não paramétricos. A correlação
de Spearman foi empregada para verificar a associação dos escores do BFP e HAD
e DHI.
Utilizou-se o nível de significância de p<0,05.
33
5 RESULTADOS
5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS
A amostra foi composta por 30 pacientes com doenças vestibulares com
idade mínima de 18 e máxima de 65 anos, sendo a média de idade de 48,7 anos
(DP=10,8). A grande maioria dos participantes é do sexo feminino (90%). Em
relação ao estado civil, 60% são casados. Grande parte possui escolaridade baixa:
40% possuem ensino fundamental incompleto e apenas 10% dos participantes têm
ensino superior completo. A maioria da amostra (63%) pertence à classe econômica
E.
Os dados sociodemográficos dos participantes estão apresentados na tabela
1.
34
Tabela 1- Frequências absolutas e relativas das características sociodemográficas
dos pacientes com tontura crônica (n=30).
Características sociodemográficas N %
Sexo
Feminino 27 90,0
Masculino 3 10,0
Escolaridade
EF1 incompleto 13 10,0
EF1completo/ EF2 incompleto 9 30,0
EF2 completo/ EM incompleto 4 13,3
EM completo/ superior incompleto 11 36,7
Superior completo 3 10,0
Raça
Branca 13 43,0
Negra 4 14,0
Parda 13 43,0
Estado civil
Solteiro 8 26,7
Casado 18 60,0
Viúvo 3 10,0
Separado 1 3,3
Classe econômica
B 2 6,7
C 3 10,0
D 6 20,0
E 19 63,3
Legenda: EF1- Ensino Fundamental 1 (1º ao 5º ano); EF2- Ensino Fundamental 2 (6º ao 9º ano); EM-
Ensino Médio
35
5.2 CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS À SAÚDE
A maioria dos participantes da pesquisa não exerce atividade física (66,7%).
Sintomas relevantes de ansiedade avaliados pela escala HAD foram encontrados
em 46,7% dos participantes e sintomas de depressão em 40%. No entanto, a
maioria (86,7%) não realiza qualquer tipo de tratamento psicoterápico e 76,7% não
utilizam medicamentos psicotrópicos, mas 23,3% fazem uso de antidepressivos.
Mudanças significativas na vida e eventos estressantes nos últimos 12 meses foram
relatados por 53,3% dos participantes.
As características relacionadas à saúde geral dos entrevistados estão
apresentadas na Tabela 2.
36
Tabela 2 - Frequências absolutas e relativas das características relacionadas à
saúde dos pacientes com tontura crônica (n=30).
Características de saúde N %
Atividade física
Sim 20 33,3
Não 10 66,7
Sintomas de ansiedade
Sim 14 46,7
Não 16 53,3
Sintomas de depressão
Sim 12 40,0
Não 18 60; 0
Faz psicoterapia
Sim 4 13,3
Não 26 86,7
Uso de psicotrópicos
Sim 7 23,3
Não 23 76,7
Eventos estressantes nos últimos 12 meses
Sim 16 53,3
Não 14 46,7
37
5.3 CARACTERÍSTICAS DA TONTURA
Entre os participantes, 17 possuem diagnóstico de Migrânea Vestibular
(56,7%), 9 de VPPB (30%) e 4 de Doença de Ménière (13,3%).
A maior parte apresenta tontura há mais de um ano, sendo que 43,3%
apresentam tontura há 5 anos ou mais e 76,7% apresentam o quadro atual de
tontura de 3 a 6 meses. Em relação à frequência, metade da amostra apresenta
tontura esporádica e 33,4% apresentam tontura por segundos. O tipo de tontura
predominantemente é rotatória (60%).
Em relação à autopercepção dos efeitos incapacitantes impostos pela tontura,
avaliado pelo questionário DHI, 53,4% dos pacientes apresentaram grau leve. O
escore médio do DHI foi 39,0.
As características da tontura dos indivíduos com tontura crônica estão
apresentadas na tabela 3.
38
Tabela 3 - Frequências absolutas e relativas das características da tontura dos
pacientes com tontura crônica (n=30).
Características N %
Diagnóstico
Migrânea Vestibular 17 56,7
VPPB 9 30,0
Doença de Ménière
4 13,3
Tempo desde o primeiro episódio de tontura
3 a 6 meses 2 6,7
7 a 11 meses 1 3,3
1 a 2 anos 11 36,7
3 a 4 anos 3 10,0
5 anos ou mais
13 43,3
Tempo do início do episódio atual de tontura
3 a 6 meses 21 76,7
7 a 11meses 3 10,0
1 ano ou mais
4 33,3
Frequência da Tontura
Diária 10 33,3
Semanal 2 6,7
Mensal 3 10,0
Esporádica
15 50,0
Duração da Tontura
Segundos 10 33,4
Minutos 7 23,3
Horas 4 13,3
Dias
9 30,0
Tipo de Tontura
Rotatória 18 60,0
Não rotatória 4 13,3
Ambas
8 26,7
Nível de incapacidade
Leve 16 53,4
Moderado 7 23,3
Severo 7 23,3
Legenda: VBBP - Vertigem Posicional Paroxística Benigna
39
5.4 TRAÇOS DE PERSONALIDADE
Em relação aos traços de personalidade avaliados pelo instrumento BFP,
56,7% dos participantes apresentaram alto ou muito alto nível de Neuroticismo.
Quanto ao traço Extroversão, 53,4% revelaram nível médio. Dos participantes 36,7%
possuem alto ou muito alto nível de Socialização e 36,7% alto ou muito alto nível de
Realização. Quanto ao fator Abertura, 50% da amostra apresenta nível muito baixo
ou baixo.
Os dados sobre as características de personalidade dos indivíduos com
tontura crônica estão apresentados nas tabelas 4 a 8.
Tabela 4 - Distribuição percentual da intensidade do fator neuroticismo e suas
facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).
Neuroticismo
%
Vulnerabilidade
N1 (%)
Instabilidade
N2 (%)
Passividade
N3 (%)
Depressão
N4 (%)
Alto ou muito
alto 56,7 50,0 36,7 33,4 70,0
Médio 33,3 33,3 26,6 50,0 26,7
Baixo ou
muito baixo 10,0 16,7 36,7 16,6 3,3
Tabela 5 - Distribuição percentual da intensidade do fator extroversão e suas facetas
em pacientes com tontura crônica (n=30).
Extroversão
%
Nível de
comunicação
E1 (%)
Altivez
E2 (%)
Dinamismo/
Assertividade
E3 (%)
Interações
sociais
E4 (%)
Alto ou
muito alto 23,3 6,7 23,3 33,3 33,3
Médio 53,4 73,3 46,7 40,0 26,7
Baixo ou
muito baixo 23,3 20,0 30,0 26,7 40,0
40
Tabela 6 - Distribuição percentual da intensidade do fator socialização e suas
facetas em pacientes com tontura crônica (n=30).
Socialização
%
Amabilidade
S1 (%)
Pró-sociabilidade
S2 (%)
Confiança nas
pessoas
S3 (%)
Alto ou muito
alto 36,7 53,3 43,3 13,3
Médio 53,3 36,7 46,7 50,0
Baixo ou
muito baixo 10,0 10,0 10,0 36,7
Tabela 7 - Distribuição percentual da intensidade do fator realização e suas facetas
em pacientes com tontura crônica (n=30).
Realização
%
Competência
R1 (%)
Ponderação
R2 (%)
Empenho
R3 (%)
Alto ou muito
alto 36,7 40,0 33,4 46,7
Médio 56,7 43,3 53,3 43,3
Baixo ou
muito baixo 6,6 16,7 13,3 10,0
Tabela 8 - Distribuição percentual da intensidade do fator abertura e suas facetas
em pacientes com tontura crônica (n=30).
Abertura
%
Abertura a ideias
A1 (%)
Liberalismo
A2 (%)
Busca por
novidades
A3 (%)
Alto ou muito
alto 10,0 16,6 10,0 20,0
Médio 40,0 33,4 60,0 40,0
Baixo ou
muito baixo 50,0 50,0 30,0 40,0
41
5.5 COMPARAÇÃO DOS TRAÇOS DE PERSONALIDADE A POPULAÇÃO
NORMATIVA DO BFP.
Os dados comparativos entre a média dos traços de personalidade dos
participantes deste estudo com a média da população normativa do BFP indicam que
nos fatores neuroticismo e realização dos indivíduos com doenças vestibulares
apresentam valores médios maiores que o da população geral. Em relação à abertura,
os pacientes apresentaram escore médio menor que a população normativa.
Os dados comparativos dos traços de personalidade estão apresentados na
Tabela 9.
Tabela 9 - Dados comparativos entre traços de personalidade em pacientes com
tontura crônica e população normativa do instrumento BFP (n= 30)
Amostra População
Zo p
média n média desvio-padrão
Neuroticismo 3,7057 30 2,33 1 7,53502 0,000
Extroversão 4,3327 30 4,34 0,87 -0,04596 1,037
Socialização 5,5513 30 5,3 0,75 1,83524 0,066
Realização 5,3313 30 4,96 0,82 2,48011 0,013
Abertura 4,3353 30 4,68 0,72 -2,62222 0,009
5.6 CORRELAÇÃO DOS TRAÇOS DE PERSONALIDADE COM ANSIEDADE,
DEPRESSÃO E INCAPACIDADE EM RELAÇÃO À TONTURA
Os resultados da análise de correlação indicam que o fator neuroticismo tem
correlação positiva e significante, de intensidade forte em relação à ansiedade e
depressão e de intensidade moderada em relação à incapacidade. Desta forma,
quanto maior for o escore do neuroticismo maior será o de ansiedade, a depressão e
incapacidade em relação à tontura nos indivíduos com doenças vestibulares.
Os resultados da análise de correlação estão apresentados na Tabela 10.
42
Tabela 10 - Correlação dos traços de personalidade com sintomas de ansiedade, de
depressão e incapacidade em relação à tontura (n= 30).
Neuroticismo Extroversão Socialização Realização Abertura
HAD
GERAL
Coeficiente de
correlação 0,774 0,001 -0,131 -0,172 -0,077
p <0,001 0,994 0,491 0,364 0,687
HAD A Coeficiente de
correlação 0,770 0,149 -0,124 -0,093 0,057
p <0,001 0,432 0,515 0,627 0,766
HAD D Coeficiente de
correlação 0,703 -0,164 -0,143 -0,172 -0,170
p <0,001 0,386 0,450 0,364 0,370
DHI
GERAL
Coeficiente de
correlação 0,506 0,086 0,132 0,065 -0,197
p 0,004 0,653 0,487 0,733 0,296
Legenda: HAD- Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão; HAD A – sub-escala de ansiedade;
HAD D – sub-escala de depressão; DHI – Dizziness Handicap Inventory
5.7 COMPARAÇÃO DOS TRAÇOS DE PERSONALIDADE ENTRE AS DOENÇAS
VESTIBULARES
Os dados da amostra indicam que não há diferença estatisticamente
significante entre pacientes com diagnóstico de Migrânea Vestibular e de VPPB em
relação aos traços de personalidade avaliados pelo BFP (Tabela 11).
43
Tabela 11 - Comparação de médias de cada um dos fatores com os diagnósticos
das doenças vestibulares (n=26)
diagnóstico Teste
MG VPPB t de student (p)
Neuroticismo Média 3,72 3,42
Mediana 3,49 3,49 0,506
Desvio-padrão 0,99 1,19
n 17 9
Extroversão Média 4,21 4,32
Mediana 4,34 4,02 0,687
Desvio-padrão 0,76 0,52
n 17 9
Socialização Média 5,60 5,50
Mediana 5,60 5,42 0,673
Desvio-padrão 0,50 0,54
n 17 9
Realização Média 5,36 5,28
Mediana 5,29 5,39 0,741
Desvio-padrão 0,71 0,43
n 17 9
Abertura Média 4,27 4,31
Mediana 4,20 4,19 0,867
Desvio-padrão 0,60 0,51
n 17 9
Legenda: MG – Migrânea Vestibular; VPPB – Vertigem posicional paroxística benigna
44
6 DISCUSSÃO
O presente estudo caracterizou os traços de personalidade de 30 pacientes
adultos com tontura crônica de origem vestibular atendidos no Ambulatório de
Otoneurologia da UNIFESP.
Em relação aos dados sociodemográficos, houve predomínio do sexo
feminino (90%), de pacientes com baixa escolaridade (40% tem ensino fundamental
incompleto) e pertencentes à classe econômica E.
O fato de haver mais mulheres do que homem nesta pesquisa está de acordo
com a literatura que mostra que a tontura e as vestibulopatias têm maior prevalência
entre as mulheres (GANANÇA et al., 2000; PÉREZ et al., 2012; ONISHI et al., 2013).
Além disso, as mulheres procuram mais os serviços de saúde que os homens
(PINHEIRO et al, 2002). Segundo Gomes, Nascimento e Araújo (2007), a menor
procura por serviços de saúde entre os homens está relacionada às características
de sua socialização, na qual o autocuidado não é uma prática valorizada. Os autores
ressaltam ainda que a imagem viril, invulnerável e forte é reforçada culturalmente e
que a procura dos homens por serviços de saúde poderia, em seu imaginário,
aproximá-los das representações do universo feminino (fraqueza, insegurança e
medo).
O predomínio da baixa escolaridade e do nível econômico E na amostra do
estudo atual possivelmente está relacionado ao fato dos pacientes serem usuários
do SUS. Estes usuários, de forma geral, carecem de condições financeiras para
terem planos de saúde ou para buscarem assistência médica privada (SILVA et al.,
2011).
Em relação à escolaridade, a amostra reflete a escolaridade média da
população brasileira: de acordo com o Censo de 2010, 49,2% da população
brasileira não tem o ensino fundamental completo (IBGE, 2015). Segundo dados da
PNAD de 2011, o brasileiro com mais de quinze anos de idade estudou em média
cerca de 7,7 anos, tempo esse insuficiente para terminar o ensino fundamental.
Na amostra estudada, 66,7% dos pacientes revelaram não praticar qualquer
atividade física. Este achado pode estar relacionado aos sintomas das doenças
vestibulares, que podem gerar instabilidade corporal, comprometendo a rotina de
vida do paciente, provocando medo de quedas e insegurança em sua mobilidade
45
(PEDALINI, 1999; GAZZOLA, 2006). Outro aspecto que pode ter contribuído para tal
resultado é o baixo poder aquisitivo dos participantes, que limita o acesso a prática
de atividades físicas.
Outro resultado relacionado à saúde a ser destacado no estudo atual é que
46,7% dos pacientes apresentavam sintomas clinicamente relevantes de ansiedade
e 40% de depressão. Tais dados estão em consonância com os resultados de
pesquisas internacionais, que evidenciam que a tontura crônica e/ou as doenças
vestibulares frequentemente estão relacionadas com sintomas psicológicos tais
como ansiedade e depressão (MONZANI et al., 2001; SAVASTANO et al., 2007;
PIKER et al., 2008)
A prevalência de ansiedade e depressão poderia ser ainda maior caso 7 dos
30 pacientes não estivessem fazendo uso de psicotrópicos.
Apesar da elevada prevalência de sintomas de ansiedade e depressão, a
grande maioria (86,7%) dos pacientes pesquisados não estava realizando
tratamento psicoterápico.
A literatura evidencia a existência de associação frequente entre tontura,
ansiedade e depressão, entretanto, cabe aqui ressaltar, que os estudos existentes
ainda não são consistentes para precisar se a tontura é causa ou consequência dos
problemas psicológicos (POLLACK et al., 2003; SAVASTANO et al., 2007;
GAZZOLA et al., 2009; GENNA et al., 2010; ORJI, 2014).
Em relação ao diagnóstico, 56,7% da amostra do estudo atual foi composta
por pacientes com Migrânea Vestibular, 30,0% com VPPB e 13,3% com Doença de
Ménière. Tais achados estão de acordo com Brevern e Neuhauser (2011) que
apontam que a enxaqueca vestibular é a queixa mais comum em clínicas
especializadas no tratamento de tontura e acomete principalmente as mulheres. Por
outro lado, a menor porcentagem de pacientes com VPPB nesta pesquisa pode ser
explicada pela faixa etária dos pacientes incluídos (18 a 65 anos), pois tal
vestibulopatia acomete, particularmente, os idosos (CALDAS et al., 2009). O menor
número de pacientes com Doença de Ménière reflete o fato de sua prevalência na
população geral ser menor do que as demais vestibulopatias incluídas no estudo
atual (ATHERINO et al., 2015).
O tempo de cronicidade dos sintomas de tontura é outro fator que chama
atenção no estudo atual. A maioria dos pacientes pesquisados sofreu seu primeiro
46
episódio de tontura há cinco anos ou mais e 53,3% apresentam a crise atual de
tontura de 3 a 6 meses. Segundo Onishi et al. (2013), especialmente nos casos de
VPPB, cerca de 20 a 30% dos pacientes, que sofrem desse tipo de vestibulopatia,
apresentam recidivas por vários anos.
Por outro lado, a tontura parece estar em parte compensada pelo tratamento
clínico nesta amostra, uma vez que a frequência da tontura é esporádica em 50% e
sua duração é de segundos em 33,4% dos pacientes. Desta forma, a autopercepção
dos efeitos incapacitantes impostos pela tontura nos indivíduos pesquisados foi de
grau leve em 53,4% dos participantes.
Em relação aos traços de personalidade, os dados indicam que os escores de
neuroticismo são elevados (alto ou muito alto) em 56,7% dos pacientes, o que
sugere a ocorrência de desconforto psicológico ou a vivência de sofrimento psíquico
entre esses pacientes.
O elevado nível de neuroticismo encontrado pode ter sido acentuado pelo
predomínio de mulheres nesta amostra, pois, segundo Oliveira (2002), as mulheres
são mais propensas a ter este traço de personalidade.
Além disso, a faceta depressão do traço neuroticismo também teve escores
alto ou muito alto em 70,0% dos pacientes da pesquisa. Este resultado, segundo
Nunes et al. (2013), indica que a interpretação que os indivíduos fazem dos eventos
ao longo de suas vidas é permeada por expectativas negativas para o futuro e que
estes pacientes se sentem solitários e incapazes de lidar com as dificuldades do
cotidiano, além de revelarem alto nível de desesperança.
Vários estudos internacionais e modelos teóricos procuraram relacionar e
analisar como os traços de personalidade podem promover o adoecimento do
indivíduo ou agravar sintomas de algumas doenças. Dentre esses traços está o
neuroticismo que tende a predispor o indivíduo a comportamentos de risco para a
saúde, bem como desestimular comportamentos que poderiam servir de fator de
prevenção à saúde (GOODWIN, COX, CLARA, 2006; CARVALHO, 2009; THOMÁS,
CASTRO, 2012).
Na amostra estudada, a média do traço neuroticismo foi superior àquela da
população normativa do BFP. Desta forma, é pode-se levantar a hipótese de que o
neuroticismo seja um fator predisponente para o desenvolvimento da tontura crônica
de origem vestibular.
47
Os escores do traço de personalidade realização dos pacientes deste estudo
também estão acima da média da população normativa. Pesquisa realizada por
Axelsson et al. (2011) revelou que o traço realização e o traço socialização podem
favorecer a adesão do indivíduo ao tratamento de doenças crônicas. Desta forma,
pode-se conjecturar que o elevado escore de realização apresentado pelos
pacientes pesquisados pode estar favorecendo a adesão e a manutenção do
tratamento clínico.
Além disso, escores elevados neste traço indicam que estas pessoas tendem
a ter motivação e perseverança na busca de seus objetivos, ainda que isso envolva
algum sacrifício (NUNES et al., 2013), aspectos estes que parecem também
contribuir para a adesão ao tratamento.
O traço abertura nos pacientes com tontura teve valor inferior ao da
população normativa do BFP, o que pode sugerir uma amostra composta por
pacientes mais convencionais em seus gostos e crenças, bem como pouco
interessados em novas experiências.
O traço abertura, de acordo com Nunes et al. (2013) possui estabilidade na
faixa etária de 20 a 30 anos enquanto ocorre um declínio neste traço com o aumento
da idade, ou seja, se estabelece uma correlação negativa entre idade e o fator
abertura. Possivelmente esse fato contribua para justificar os resultados desta
pesquisa, uma vez que a média de idade dos pacientes é de 48,7 anos.
A comparação direta dos resultados do estudo atual com estudos que
avaliaram traços de personalidade em indivíduos com tontura crônica e/ou doenças
vestibulares é limitada uma vez que os estudos internacionais utilizaram diferentes
instrumentos de pesquisa, que medem traços de personalidade diferentes daqueles
adotados no instrumento BFP.
Ainda assim, é possível verificar que estudos que relacionam traços de
personalidade e tontura (COKER et al,1989; FÉRES et al.,1994; NOZAWA et
al,1998; NAGARKAR et al., 2000; SAVASTANO et al., 2007; STAAB et al., 2004)
sugerem que componentes emocionais tais como a depressão, ansiedade,
introversão, insegurança, neuroticismo e uma estrutura egóica frágil podem
potencializar o sintoma tontura. Assim sendo, os resultados obtidos nesta pesquisa
estão em consonância com a literatura principalmente no que se refere aos fatores
ansiedade, depressão e neuroticismo.
48
Importante notar que a presença elevada do traço de neuroticismo não é
observada apenas em pacientes com tontura crônica ou doenças vestibulares.
Estudo de Mucci (2014) que utilizou o BFP para avaliar os traços de
personalidade de pacientes com zumbido contínuo e crônico revelou que 64,8%
apresentaram alto ou muito alto escore de neuroticismo, enquanto 79,1%
apresentaram escores muito baixo e baixo no fator abertura, resultados estes
similares aos encontrados nesta pesquisa.
Outros autores também revelaram a associação do neuroticismo com dor
crônica (WILNER et al, 2014), úlcera péptica (GOODWIN; STEIN, 2003), asma
(HUOVINEN, 2001), entre outras doenças físicas. Pela abrangência do seu papel
em saúde, tanto física quanto mental, o neuroticismo tem sido considerado como
uma questão relevante de saúde pública (LAHEY, 2009).
Neste estudo verificou-se ainda que o fator neuroticismo tem correlação
positiva, de intensidade forte e altamente significante com os sintomas de ansiedade
e de depressão. Desta forma, quanto maior for o escore de neuroticismo nos
pacientes com tontura crônica, maior será a ansiedade e a depressão.
Estes achados reforçam a forte relação entre estes construtos, já apontada no
estudo de Nunes (2000). Neste estudo, realizado com 437 estudantes universitários,
foi observada correlação significante entre neuroticismo e o inventário de ansiedade
de Beck e o inventário de depressão de Beck.
Além disso, estes achados estão em conformidade com outros estudos que
indicam que o neuroticismo pode ser considerado um fator de risco para a
depressão e ansiedade.
Neste sentido, estudo realizado por Weinstock e Whisman (2006) com uma
amostra populacional de 5847 indivíduos revelou a existência de uma forte
correlação entre neuroticismo e transtornos de ansiedade e de depressão e tal
correlação foi particularmente elevada em pessoas que apresentavam comorbidade
entre ansiedade e depressão.
Jylhä e Isometsä (2006) avaliaram a relação entre neuroticismo e extroversão
com sintomas de ansiedade e depressão na população geral (n=441) e verificaram
que o neuroticismo apresenta uma forte correlação com sintomas depressivos e
ansiosos, enquanto a extroversão apresenta uma correlação negativa com sintomas
depressivos e ansiosos.
49
Os dados da pesquisa atual revelam ainda que o fator neuroticismo tem
correlação moderada e significante com a incapacidade percebida em relação à
tontura. O impacto do neuroticismo na percepção da incapacidade percebida pelos
pacientes foi similar ao observado por Mucci (2014) em relação ao zumbido crônico.
Barlow et al. (2014), ao explicar a origem do neuroticismo, procuraram
relacioná-lo a um temperamento reativo ao estresse, o que resulta em emoções
negativas que levam o indivíduo a perceber o ambiente como ameaçador e sentir-se
incapacitado para lidar com eventos desafiadores.
Watson e Hubbard (1996) sugerem ainda que o neuroticismo está relacionado
a mecanismos de coping pouco efetivos.
Neste sentido, a neuroticismo pode agravar a percepção da incapacidade em
relação à tontura, pois diante deste sintoma e das limitações impostas por ele, o
indivíduo com traços elevados de neuroticismo tenderá a reagir de maneira pouco
adaptativa. A presença deste traço de personalidade pode dificultar a percepção de
seus recursos internos para lidar de maneira mais satisfatória com a doença e com
os eventos estressantes de sua vida.
Não houve diferença estatisticamente significante em relação aos traços de
personalidade de pacientes com Migrânea Vestibular e VPPB. Embora existam
estudos que indiquem que pacientes com Migrânea Vestibular apresentam maior
prevalência de transtornos de ansiedade e depressão que pacientes com VPPB
(ECKHARDT-HENN et al., 2008; BEST et al., 2009), não há estudos na literatura
que tenham comparado diretamente estas doenças em relação aos traços de
personalidade.
O presente estudo verificou que grande parte dos pacientes com tontura
crônica de origem vestibular em tratamento clínico apresentam elevados escores de
neuroticismo. Esse traço de personalidade apresentou correlação estatisticamente
significante com sintomas de ansiedade, depressão e com a incapacidade (impacto
da tontura na qualidade de vida destes pacientes), o que corrobora aspectos da
personalidade encontrados em outras pesquisas internacionais.
No entanto, este estudo tem limitações que necessitam ser mencionadas. Em
primeiro lugar, a amostra é pequena, especialmente em relação ao número de
pacientes que apresentavam doença de Ménière, o que impossibilitou a análise
comparativa deste diagnóstico com outros diagnósticos de doenças vestibulares.
50
Além disso, os pacientes são provenientes de um serviço público de saúde e
estão em tratamento médico, variáveis essas que podem ter influenciado os
resultados, pois são pacientes que procuraram tratamento e aderiram a ele.
Indivíduos com tontura crônica de origem vestibular que não estejam em tratamento
podem apresentar características de personalidade diferentes.
Este estudo mostrou a relevância de aspectos psicológicos como os traços de
personalidade na abordagem dos pacientes com tontura crônica de origem
vestibular, indicando que vários pacientes poderiam se beneficiar de intervenções
psicológicas.
No entanto, pouco se conhece sobre formas de intervenção psicológica que
sejam efetivas para estes pacientes (NAVAS; PELUSO, 2015). Nesse sentido, são
necessários ainda estudos que abordem a eficácia dos tratamentos psicoterápicos
em pacientes com tontura crônica de origem vestibular.
A abordagem dos aspectos psicológicos nestes pacientes pode contribuir
para a melhora do estado emocional, do quadro clínico e da qualidade de vida
destes indivíduos.
51
7 CONCLUSÃO
Pacientes adultos com tontura crônica de origem vestibular apresentam, em
sua maioria, alto nível de neuroticismo, baixo nível de abertura e níveis médios de
extroversão, realização e socialização.
O traço neuroticismo e realização foram mais elevados nestes pacientes do
que na população normativa do instrumento BFP enquanto que o traço abertura foi
menos elevado.
O traço neuroticismo apresentou correlação positiva e significante com os
sintomas de ansiedade, depressão e com a incapacidade percebida em relação à
tontura na qualidade de vida dos pacientes. Os demais traços não apresentaram
correlação estatisticamente significante com estes aspectos.
Não houve diferença estatisticamente significante entre os traços de
personalidade em pacientes com diagnóstico de Migrânea Vestibular e de VPPB.
52
REFERÊNCIAS
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64
ANEXO C
ESCALA HOSPITALAR DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO (HAD)
(Sintomas dos últimos 7 dias)
Assinale com “X” a alternativa que melhor descreve sua resposta a cada questão.
1. Eu me sinto tensa (o) ou contraída (o):
( ) a maior parte do tempo[3]
( ) boa parte do tempo[2]
( ) de vez em quando[1]
( ) nunca [0]
2. Eu ainda sinto que gosto das mesmas coisas de antes:
( ) sim, do mesmo jeito que antes [0]
( ) não tanto quanto antes [1]
( ) só um pouco [2]
( ) já não consigo ter prazer em nada [3]
3. Eu sinto uma espécie de medo, como se alguma coisa ruim fosse acontecer
( ) sim, de jeito muito forte [3]
( ) sim, mas não tão forte [2]
( ) um pouco, mas isso não me preocupa [1]
( ) não sinto nada disso[0]
4. Dou risada e me divirto quando vejo coisas engraçadas
( ) do mesmo jeito que antes[0]
( ) atualmente um pouco menos[1]
( ) atualmente bem menos[2]
( ) não consigo mais[3]
5. Estou com a cabeça cheia de preocupações
( ) a maior parte do tempo[3]
( ) boa parte do tempo[2]
( ) de vez em quando[1]
( ) raramente[0]
6. Eu me sinto alegre
( ) nunca[3] ( ) poucas vezes[2]
( ) muitas vezes[1]
( ) a maior parte do tempo[0]
7. Consigo ficar sentado à vontade e me sentir relaxado:
( ) sim, quase sempre[0]
( ) muitas vezes[1]
( ) poucas vezes[2]
( ) nunca[3]
8. Eu estou lenta (o) para pensar e fazer coisas:
65
( ) quase sempre[3]
( ) muitas vezes[2]
( ) poucas vezes[1]
( ) nunca[0]
9. Eu tenho uma sensação ruim de medo, como um frio na barriga ou um aperto no estômago:
( ) nunca[0] ( ) de vez em quando[1]
( ) muitas vezes[2]
( ) quase sempre[3]
10. Eu perdi o interesse em cuidar da minha aparência:
( ) completamente[3]
( ) não estou mais me cuidando como eu deveria[2]
( ) talvez não tanto quanto antes[1]
( ) me cuido do mesmo jeito que antes[0]
11. Eu me sinto inquieta (o), como se eu não pudesse ficar parada (o) em lugar nenhum:
( ) sim, demais[3] ( ) bastante[2] ( ) um pouco[1] ( ) não me sinto assim[0]
12. Fico animada (o) esperando animado as coisas boas que estão por vir
( ) do mesmo jeito que antes[0]
( ) um pouco menos que antes[1]
( ) bem menos do que antes[2]
( ) quase nunca[3]
13. De repente, tenho a sensação de entrar em pânico:
( ) a quase todo momento[3]
( ) várias vezes[2]
( ) de vez em quando[1]
( ) não senti isso[0]
14. Consigo sentir prazer quando assisto a um bom programa de televisão, de rádio ou quando leio alguma coisa:
( ) quase sempre[0]
( ) várias vezes[1]
( ) poucas vezes[2]
( ) quase nunca[3]
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66
ANEXO D
Versão brasileira do Dizziness Handicap Inventory (DHI)
(Jacobson, Newman, 1990; Castro, 2003; Ganança et al, 2003)
Sim
(4)
Às vezes
(2)
Não
(0)
Física 1 Olhar para cima piora o seu problema?
Emocional 2 Você se sente frustrado (a) devido ao seu problema?
Funcional 3 Você restringe as suas viagens de trabalho ou lazer por causa do problema?
Física 4 Andar pelo corredor de um supermercado piora o seu problema?
Funcional 5 Devido ao seu problema você em dificuldade ao deitar-se ou levantar-se da cama?
Funcional 6 Seu problema restringe significativamente sua participação em atividades sociais tais como: sair para jantar, ir ao cinema, dançar ou ir a festas?
Funcional 7 Devido ao seu problema, você tem dificuldade para ler?
Física 8 Seu problema piora quando você realiza atividades mais difíceis como esportes, dançar, trabalhar em atividades domésticas tais como varrer e guardar a louça?
Emocional 9 Devido ao seu problema, você tem medo de sair de casa sem ter alguém que o acompanhe?
Emocional 10 Devido ao seu problema, você se sente envergonhado na presença de outras pessoas?
Física 11 Movimentos rápidos de sua cabeça pioram o seu problema?
Funcional12 Devido ao seu problema, você evita lugares altos?
Física 13 Virar-se na cama piora o seu problema?
Funcional 14 Devido ao seu problema, é difícil para você realizar trabalhos domésticos pesados ou cuidar do quintal?
Emocional 15 Por causa do seu problema, você teme que as pessoas achem que você está drogado (a) ou bêbado (a)?
Funcional 16 Devido ao seu problema é difícil para você sair para
67
caminhar sem ajuda?
Física 17 Caminhar na calçada piora o seu problema?
Emocional 18 Devido ao seu problema, é difícil para você se concentrar?
Funcional 19 Devido ao seu problema, é difícil para você andar pela casa no escuro?
Emocional 20 Devido ao seu problema, você tem medo de ficar em casa sozinho (a)?
Emocional 21 Devido ao seu problema, você se sente incapacitado (a)?
Emocional 22 Seu problema prejudica suas relações com membros de sua família ou amigos?
Emocional 23 Devido ao seu problema, você está deprimido?
Funcional 24 Seu problema interfere em seu trabalho ou responsabilidades em casa?
Física 25 Inclinar-se piora o seu problema?
68
APÊNDICES
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DA PESQUISA: TRAÇOS DE PERSONALIDADE EM INDIVÍDUOS COM TONTURA CRÔNICA
Nome do (a) Pesquisador (a): Elenice Paulineli Navas
Nome do (a) Orientador (a): Profa. Dra. Érica de Toledo Piza Peluso
O (A) Sr. (Sra.) está sendo convidado(a) a participar como voluntário em uma pesquisa que tem como objetivo avaliar os traços de personalidade em indivíduos com tontura crônica.
Sua participação consistirá em responder a três questionários: um teste de personalidade, um questionário de ansiedade e depressão e outro que avalia o impacto da tontura na qualidade de vida.
Riscos e desconforto: O risco de participação nesta pesquisa é mínimo. Pode haver risco de mobilização de questões emocionais. Neste caso, haverá orientação e encaminhamento para serviços especializados, quando necessário. A participação nesta pesquisa não traz complicações legais. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade. Confidencialidade: todas as informações pessoais coletadas neste estudo são estritamente confidenciais e seu nome não será divulgado em qualquer publicação.
Benefícios: ao participar desta pesquisa o Sr. (Sra.) não terá nenhum benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo traga informações importantes sobre as características de personalidade dos indivíduos com tontura crônica, de forma que possa contribuir para um melhor diagnóstico e tratamento. A pesquisadora se compromete a divulgar os resultados obtidos nos meios científicos.
Pagamento: o Sr. (Sra.) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem como nada será pago por sua participação.
O (a) Sr. (Sra.), pode se recusar a participar e em qualquer momento da pesquisa retirar seu consentimento sem qualquer prejuízo à sua relação com o pesquisador ou mesmo à instituição responsável.
69
Após ser esclarecido sobre as informações a seguir, caso aceite fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador.
Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas.
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contado com o Comitê de Ética em Pesquisa: End: Rua Maria Cândida, 1813. Bloco G - 6o andar Vila Guilherme - São Paulo - SP CEP: 02071-013. Fone: (11) 2967-9015 e-mail: [email protected] Pesquisadora: Elenice Paulineli Navas Telefone: (011) 99408 1101 RG. 10.685.439-2
Termo de consentimento:
Eu, ___________________________________________, RG_______________, abaixo assinado, concordo em participar do estudo como sujeito. Informo que fui devidamente informado e esclarecido pelo pesquisador sobre os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação.
São Paulo, ____/______/________
-------------------------------------------------------
Assinatura do (a) participante (sujeito da Pesquisa)
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste Sr.(Srª) participante desta pesquisa.
________________________________
Assinatura do responsável pelo estudo.
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APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO DE DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS E CLÍNICOS
1. Gênero: ( ) masc ( )fem
2. Idade: ____________
3. Quantos anos de escola você completou?____________________ anos
( ) sem alfabetização/ EF1 incompleto
( ) EF1 completo / EF 2 incompleto
( ) Ensino Fundamental completo/ EM incompleto
( ) EM completo/ superior incompleto
( ) Superior Completo
4. Qual a sua religião? ( )católica ( ) evangélica ( ) outras ( ) sem religião
5. É praticante? ( )Sim ( )Não
6. Como se classifica em relação à sua cor/raça: ( ) branca ( )negra ( ) parda
( )outras
7. Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado/amasiado ( ) viúvo ( ) separado/divorciado
8. Situação de trabalho: ( ) do lar ( ) aposentado ( ) trabalho regular
( ) trabalho ocasional ( ) desempregado
9 Renda Pessoal : ____________________________
10.Renda Familiar: ___________________________
DADOS CLÍNICOS
11. Pratica atividade física regular (3 vezes na semana, por pelo menos 30 minutos
há pelos menos 6 meses? ( )Sim ( )Não
12. O Sr.(a) tem ou teve algum problema dos nervos, depressão ou doença mental?
( ) Sim ( ) Não Qual?__________________________________
71
13. Faz algum tipo de psicoterapia ou acompanhamento psicológico atualmente?
( ) Sim ( ) Não
14. Teve alguma mudança importante em sua vida ou algum evento estressante nos
últimos 12 meses? ( ) Sim ( ) Não
Qual?_______________________________________
15. Usa algum antidepressivo, ansiolítico, calmante ou remédio para dormir
regularmente?
( )Sim ( )Não Quais? ______________________________________________
16. Tempo de início do episódio atual de tontura:____ meses
17. Tempo desde o primeiro episódio de tontura: _____ meses
18. Frequência da tontura:
( ) diária
( ) semanal
( ) mensal
( ) esporádica
19. Duração da tontura:
( ) segundos
( ) minutos
( ) horas
( ) dias
20. Tipo de tontura
( ) rotatória
( ) não rotatória
( ) ambas
21. Diagnóstico: __________________
22. Sintomas associados:
Zumbido: ( ) sim ( )não
Perda auditiva: ( ) sim ( )não
Queda nos últimos 12 meses: ( ) sim ( )não