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Pr. Eduardo Luiz de Carvalho Faria Tratamento Bíblico: Ansiedade e Depressão Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense Ano 16 - n° 64 - Janeiro / Fevereiro / Março - 2020

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Pr. Eduardo Luiz de Carvalho Faria

Tratamento Bíblico: Ansiedade e Depressão

Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense

Ano 1

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LIÇÕESSUMÁRIO LIÇÕES

02 7º CONGRESSO DA 3ª IDADE E CAPACITAÇÃO

03 PALAVRA DO DIRETORPR. AMILTON VARGAS

05 MISSÕES ESTADUAIS

10UNIÃO DE ESPOSAS DE PASTORES BATISTAS FLUMINENSES

11APRESENTAÇÃOPR. EDUARDO LUIZ DE CARVALHO FARIA

09 CAPACITAÇÃOPARA ESCOLA BÍBLICA

07 PALAVRA DO REDATORPR. MARCOS ZUMPICHIATTE MIRANDA

LIÇÃO 1 – O CRENTE E O SOFRIMENTO12

LIÇÃO 2 – A UNIVERSALIDADE DA

ANSIEDADE E DA DEPRESSÃO16LIÇÃO 3 – A ANSIEDADE E A DEPRESSÃO

POR CONTA DA PERDA20LIÇÃO 4 – A ANSIEDADE E A

DEPRESSÃO POR CONTA DA OPOSIÇÃO

E MURMURAÇÃO24LIÇÃO 5 – A DEPRESSÃO POR CONTA

DA CULPA28LIÇÃO 6 – A DEPRESSÃO POR CONTA

DOS PRAZERES, RIQUEZA E FAMA32LIÇÃO 7 – A DEPRESSÃO POR

CONTA DAS FRUSTRAÇÕES36LIÇÃO 8 – A DEPRESSÃO POR

CONTA DO ÓDIO40LIÇÃO 9 – A DEPRESSÃO POR

CONTA DA COMPARAÇÃO44LIÇÃO 10 – A DEPRESSÃO POR CONTA

DA REJEIÇÃO E DA SOLIDÃO48LIÇÃO 11 – A DEPRESSÃO POR CONTA

DA DECEPÇÃO CONSIGO MESMO52LIÇÃO 12 – O RISCO DA DEPRESSÃO

POR CONTA DAS TRIBULAÇÕES56LIÇÃO 13 – O RISCO DA DEPRESSÃO

POR CONTA DA ANSIEDADE60

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PALAVRA DO DIRETOR

Esse é o tema de Missões Estaduais para 2020, que terá como âncora uma campanha de treinamento em evangelismo, que capaci-tará um exército de 1600 líderes evangelis-tas, os quais serão convocados a participar de campanhas missionárias e evangelísticas em nosso campo. Pela primeira vez que ouvi esse tema, lembrei a palavra de um homem que declarou: “Eu creio; ajuda minha in-credulidade!” Então pensei em três con-sequências que experimentamos quando fazemos... Uma declaração de fé sincera... SIM, EU CREIO!

ABRIMOS AS PORTAS PARA QUE DEUS FORTALEÇA NOSSA FÉ.

Esta palavra está baseada no registro de Marcos 9:14-24, e relata a história de um homem que tinha um filho possuído por um espírito demoníaco. Ele havia trazido seu fi-lho aos discípulos de Jesus, mas eles não puderam expulsar os demônios. Ao chegar Jesus, os discípulos confessaram que ha-viam falhado, então Jesus pediu que o me-nino fosse trazido à Sua presença. O homem pediu a Jesus para expulsar o espírito dizen-do, como se lê em Marcos 9:22-24 “...mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. Ao que lhe disse Jesus: Se podes! - tudo é possível ao que crê. Ime-diatamente o pai do menino, clamando, [com lágrimas] disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade.”

Quando aquele pai disse isso, expon-do com lágrimas sua declaração de fé, ele queria dizer: - minha fé é fraquinha, mas preciso do Teu socorro! Ajuda-me, pois estou no fim de minhas forças e, sem Teu

poder, misericórdia e graça, nada vai dar certo. Sim eu Creio, mas me ajuda, dá-me uma fé que gere resultado prático na minha vida, na vida de meu filho, de minha família, de meus amigos e de meus irmãos. Lembre-mo-nos quando fazemos... Uma declaração de fé sincera... SIM, EU CREIO!

ABRIMOS AS PORTAS PARA QUE DEUS REALIZE O IMPOSSÍVEL.

Este texto traz uma aparente contradi-ção, pois o pai diz: creio, mas sua humildade e sinceridade não lhe permitiam que tivesse a autoconfiança exagerada que produz ar-rogância. Ele reconheceu ter uma fé muito frágil, mas mesmo sendo pequena a sua fé, produziu um resultado miraculoso. O homem trouxe seu filho a Jesus, pois acre-ditava que Ele poderia curá-lo. Se esse pai tivesse ficado em casa, como muitos ficam, nada teria acontecido, pois ter fé é trazer seu filho para Jesus, trazer sua família e suas lutas perdidas, pois ele é o único que pode

UMA DECLARAÇÃO DE FÉ SINCERA... SIM, EU CREIO!

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transformar derrota em vitória, especialmen-te quando estamos diante dos impossíveis para nós, porque para Deus “tudo é possível ao que crê” (v 23).

Esse texto traz uma lição maravilhosa, pois é um testemunho de que muitas vezes nós os discípulos de Jesus, inclusive os lí-deres, falhamos em nossa fé e em nossas atitudes. Os pastores falham, os diáconos também, os líderes de ministério, a diretoria também falha, você também falha, mas nos-sas falhas não podem impedir a nossa cami-nhada na luta pelos nossos entes queridos.

Quando falharmos com você, não de-sista de buscar o Médico dos médicos, Senhor dos senhores, o único que tem todo o poder para fazer “tudo muito mais abun-dantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (Efésios 3:20). Quando estamos dispostos a fazer... Uma declaração de fé sincera... SIM, EU CREIO!

ABRIMOS AS PORTAS PARA QUE DEUS NOS DÊ CORAGEM, PERSISTÊNCIA, FIRMEZA E CONSTÂNCIA.

Nesta história Jesus ficou muito indigna-do com a inconstância dos discípulos, pois falharam na missão, não foi simplesmente o fato de não expulsarem o demônio, mas como conhecia os corações sabia da incons-tância, por essa razão disse, conforme re-gistra o verso 19: ... “ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos hei de suportar? A declaração “geração incrédula”, deriva, no idioma original, do verbo grego, διαστρέφω (diastrepso), que significa perverter, a forma usada por Jesus foi διιστραμίνη (diestrammine), significa “perverso, mal”, “dar a volta”, mudar de lado, torcer pelo time do adversário, “virar a casaca”. Hoje de um lado amanhã de outro, essa inconstância permanente transforma--se em perversão, dissimulação e indiferente incredulidade.

O que Jesus diria sobre nós diante de tantos desafios que estamos enfrentando? Você tem sido inconstante e inconsistente?

Confessemos nossas fraquezas e rendamo--nos ao Senhor. Quando avaliamos a nós mesmos, tendo por referencial o Senhor Jesus, deparamos com nossa natureza pe-caminosa e vemos quão profundamente frá-geis somos e como é fácil cairmos em ten-tações, então precisamos ter o emocionado clamor daquele pai, esse mesmo grito em nossos corações. Ore ao Senhor, derrame seu coração diante de Deus e diga: Meu que-rido e amado Deus, eu creio que o Senhor é real e que tua Palavra é a verdade, mas me ajude a acreditar que é possível aperfeiçoar a minha fé e viver de acordo com tua Vontade!

Deus tem todo o poder para fazer por você aquilo que nenhuma outra pessoa se-ria capaz de realizar, mas você precisa ter fé sincera, mesmo que seja fraca, se tiver uma vida humilde e dependente do Todo Podero-so, algo novo pode acontecer para você e a quem você ama!

Devemos lembrar também o que Jesus fez por algumas pessoas:

Aos cegos que curou, disse: “Seja-vos feito segundo a vossa fé.” (Mateus 9:29);

Ao Centurião que intercedeu por seu ser-vo, e na mesma hora foi curado, orientou: “Vá! Como você creu, assim lhe acontece-rá!” (Mateus 8:13);

Para a mulher com uma doença hemor-rágica há 12 anos, afirmou: “Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê curada deste teu mal.” (Marcos 5:34); ao chefe da Sinagoga, chamado Jairo, que pediu ajuda para curar sua filha, mas que tinha sido orientado a de-sistir diante da nova notícia da morte de sua filha, declarou: “Não temas, crê somente.” (Marcos 5:36).

Coloque sua fé em Ação, dê o seu teste-munho, não deixe de declarar a sua fé, diga:

SIM, EU CREIO!

Pr. Amilton VargasDiretor Executivo da Convenção Batista

Fluminense e Pastor Interino da PIB Universitária do Brasil

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PALAVRA DO REDATOR

QUEM SOMOS?

Algumas pessoas, no convívio diário e pelos meios de comunica-ção, desde a sua infância sofrem constantes pressões emocionais, espirituais, culturais e materiais, re-sultando em sérias falhas de cará-ter e gerando crises de identidade: quem sou eu, quem somos nós?

Deus responde essa pergunta, através de sua Palavra, a Bíblia Sagrada, fonte de toda sabedoria e verdade.

1- Nós somos geração eleita: De acordo com o dicionário Mi-chaels geração é: “Conjunto dos atos ou funções pelos quais um ser organizado gera outro seme-lhante a si” 1. Portanto, entendemos que geração são pessoas que têm

1 - https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues2 - Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasil

palavras, atitudes, comportamen-tos e objetivos muito semelhantes. “Eleição é a escolha feita por Deus, em Cristo, desde a eternidade, de pessoas para a vida eterna, não por qualquer mérito, mas segundo a ri-queza da sua graça”2.

Fala-se muito nas gerações X, Y, Z e F5, mas Pedro fala de outro tipo de geração. Ele mostra que pertencemos a um povo eleito pelo próprio Deus. Por seu amor e sua graça fomos escolhidos para ser-mos a sua Igreja. “Vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, ago-ra, sois povo de Deus, que não tí-nheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1Pe 2.10).

“Vós, porém, sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa,

povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes

as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua

maravilhosa luz.” 1Pedro 2.9

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Eu pertenço à Geração Eleita?2 - Nós somos sacerdócio

real: O sacerdote, no Antigo Tes-tamento, oferecia sacrifícios pelo povo e intercedia por ele. Jesus veio e ofereceu a Si mesmo, na cruz do Calvário, como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus para nos livrar da condenação eterna; e também intercedeu por todos (Is 53.12; Lc 23.24; Jo 17.20,21).

“O sacerdócio do crente - Cada homem pode ir diretamente a Deus em busca de perdão, através do arrependimento e da fé. Ele não ne-cessita para isso de nenhum outro indivíduo, nem mesmo da Igreja. Há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus. Depois de tornar-se crente, a pessoa tem acesso direto a Deus, através de Jesus Cristo. Ela entra no sacerdócio real que lhe ou-torga o privilégio de servir a huma-nidade em nome de Cristo. Deverá partilhar com os homens a fé que acalenta e servi-los em nome e no espírito de Cristo. O sacerdócio do crente, portanto, significa que todos os cristãos são iguais perante Deus e na fraternidade da Igreja local”3.

Estou exercendo o sacerdócio real na minha vida?

3 - Nós somos nação santa: - “Nação” significa País ou Reino, formado por um conjunto de indiví-duos habituados aos mesmos usos, costumes, língua e que se são go-vernados por leis próprias. “Santa” significa pura, perfeita, separada

3 - Princípios Batistas da Convenção Batista Brasil

para Deus, que vive em obediência à Lei de Deus. Conforme a Bíblia, Deus diz que somos uma Nação Santa, portanto, diferente das de-mais nações.

Uma Nação Santa, um Rei, um Governo e um Povo diferente. Es-tamos no mundo, mas não somos do mundo, pois o mundo jaz no ma-ligno. Somos chamados para fazer a diferença no mundo. A verdadeira cidadania é caracterizada pela obe-diência às Leis que regem a nação e seu povo.

Pertenço de fato à Nação San-ta? Tenho obedecido as Leis de Deus descritas na Bíblia?

4 - Nós somos Propriedade Exclusiva de Deus - Deus cha-mou uma nação de escravos e os libertou para ser a sua Propriedade exclusiva. O texto coloca ênfase no fato de que somos exclusivos dEle. Isso significa que Ele não nos divide com ninguém; somos só dEle. Por-tanto, este povo possuído por Deus deve ser santo e agradável em todo o seu procedimento, ao passo que os estrangeiros são possuídos por espíritos da maldade para pratica-rem o que é mau e desagradável a Deus.

Será que Deus tem sido, de fato, o dono exclusivo da minha vida?

Pr. Marcos Zumpichiatte MirandaRedator da Revista Palavra e Vida Coordenador do Departamento de

Educação Religiosa

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QUEM ESCREVEU

APRESENTAÇÃO

Eduardo Luís de Carvalho Faria, pastor titular da Igreja Batista do Fonseca, Niterói - RJ, graduado em licenciatura e psicologia pela Universidade Celso Lisboa, Pós-graduado em terapia de Família, pro-fessor de Comunicação e Eclesiologia no Seminário Betel - RJ, Professor de Comunicação no Centro de Formação Missionária do Amazonas – JMN, gra-duado em Liderança Avançada pelo Instituto Haggai do Brasil, docente Local do Instituto Haggai – RJ. Casado com a Psicóloga Neiva Alzemam Proença Faria e pai de André Guilherme Proença Faria e Pedro Henrique Proença Faria.

Neste trimestre refletiremos so-bre duas das mais desafiadoras doenças deste nosso tempo, pre-sente em vários segmentos, até mesmo no eclesiástico. Trata-se da Ansiedade e Depressão. Para a grande maioria dos crentes, pensar sobre ansiedade é algo que ganha certa naturalidade isso por conta de encontrarmos alguns textos bíblicos, inclusive com palavras de Jesus, fa-lando a respeito do assunto. A maior dificuldade está quando se fala da Depressão. Isso porque muitos en-tre nós, membros de nossas igre-jas, não admitem a hipótese de um crente passar por essa experiência dolorosa. Nos estudos que teremos, veremos o quanto essas doenças são pertinentes a todo ser humano. Veremos que alguns personagens bíblicos sofreram muito com as ad-versidades apresentando sintomas, até mesmo acentuados, da doença.

A Depressão é uma doença que pode acontecer com qualquer pes-soa, independentemente da sua condição social, financeira e espi-ritual. Precisamos aprender cada vez mais sobre essas doenças com o propósito de estarmos atentos ao que acontece conosco, bem como para ajudarmos aqueles que es-tão perto de nós. Buscar ajuda não pode gerar constrangimento e nem é sintoma de fraqueza espiritual.

Que este tempo de estudos seja de muitas constatações importan-tes e sérias a respeito da Ansie-dade e Depressão. Que o estudo de cada personagem te mostre o quanto, mesmo sendo homem e mulher de Deus, somos suscetíveis a todo tipo de problema. Que o Se-nhor nos abençoe no enfretamento das adversidades da vida a ponto de não ficarmos adoecidos grave-mente por isso.

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O CRENTE E O SOFRIMENTO

LIÇÃO 1DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 1Pedro 5.6,7

O sofrimento atormenta a exis-tência humana. Afeta as pessoas física, emocional e espiritualmente. Qualquer que seja o seu grau e a sua origem, quando se torna prolongado, traz prejuízos ainda maiores. Atinge justos e injustos, inocentes e culpados. Uma demo-cracia que não entra na cabeça de muita gente. Como pode alguém bom e justo passar por dificulda-des a ponto de absorver tanta coi-sa grave? Outros são mais rigoro-sos: Como esse tipo de desgraça pode ter chegado à minha vida? O que fiz para merecer?

Verdadeiramente um dos gran-des motivos pelos quais muitos cristãos veem a sua fé enfraquecer

assustadoramente é o sofrimento. Para muitos, as tempestades que chegam não podem fazer parte do cotidiano de um servo de Deus. Simplesmente acreditam que o Senhor jamais permitiria, confor-me seu amor e poder, que um dos seus filhos passasse por alguma necessidade ou fatalidade. Isso tem sido a causa de muitas crises emocionais e espirituais. Pratica-mente todos os dias, recebemos notícias ruins de nossos irmãos, isso quando não somos nós mes-mos os portadores dela.

A grande verdade é que mes-mo não querendo ou provocando, o sofrimento chega, faz parte da vida. E uma reação muito natural

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diante de um fato desagradável se chama tristeza. Não tem como não ficarmos abatidos quando um de-sastre acontece, quando pessoas nos desapontam, quando nossos planos não se concretizam, quan-do nossos sonhos viram pesadelos, quando o exame traz a informação da chegada de uma doença, quan-do o desemprego nos alcança e outras mazelas mais. Somando-se a isso, vem o cansaço oriundo da correria do dia-a-dia. Corremos tan-to e muitas vezes sequer sabemos o porquê ou para onde. Apenas nos vemos acelerados como loucos para darmos conta da agenda.

Tudo isso tem uma consequên-cia: faz a gente sofrer. Tal sofrimen-to não apenas nos afeta, mas mexe com a família, com a energia nos re-lacionamentos, com o desempenho profissional, com o dinamismo nos estudos e com a dedicação a Deus e à sua Igreja. Em muitos casos, a tristeza é passageira, logo, logo, devido aos ajustes e as ajudas, a pessoa consegue se reestabelecer e dar prosseguimento à vida. Em outros, essa tristeza demora muito a passar, prolongando e, na maioria das vezes, agravando os sintomas. Tais sintomas podem ser chamados de ansiedade e depressão.

1 - UM SOFRIMENTO CHAMADO ANSIEDADEDe acordo com o site significa-

dos.com, ansiedade é um estado psíquico de apreensão ou medo, provocado pela antecipação de uma

situação desagradável ou perigosa. Segundo sua etimologia, significa “angústia que sufoca”. É apontada, até certo ponto, como um compor-tamento natural do ser humano que o ajuda a reagir ou se adaptar a si-tuações como medo ou expectativa, porém pode se tornar uma doença quando chega a valores extremos, especialmente quando se torna recorrente a ponto de interferir no funcionamento saudável da vida de uma pessoa. Para tanto, é impor-tante procurar tratamento.

O quadro de ansiedade vem acompanhado por sintomas que podem ter origem interna ou ex-terna. Interna por conta do dese-quilíbrio hormonal ou neurológico e externo por conta de circunstân-cias negativas, tais como perdas, traumas, tensões ou decepções. As causas mais comuns da ansiedade, enquanto doença, são: crises de pânico, fobia, perturbação obsessi-vo-compulsiva, stress, depressão, psicoses e perturbação maníaco--depressiva.

2 -UM SOFRIMENTO CHAMADO DEPRESSÃOSegundo o Dr. Dráuzio Va-

rella, a depressão é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite.

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A partir dessa definição, se torna muito importante aprender a distin-guir a tristeza doentia da tristeza temporária provocada pelas maze-las da vida, mas que são supera-das. Diante das adversidades, as pessoas sem essa doença ficam tristes, se abatem, apresentam sin-tomas semelhantes, mas em pou-co tempo conseguem ultrapassar tais dificuldades.

Assim sendo, não podemos sair por aí achando que toda tris-teza é depressão, assim como não podemos ignorar ou achar que é bobagem os sintomas demorados de tristeza das pessoas, especial-mente daquelas com quem temos intimidade e convívio constante. No quadro de depressão, a tristeza não dá descanso, mesmo que não exista uma causa relevante. O aba-timento permanece praticamente o tempo todo, por muitos dias. Se apagam os interesses pelas coisas que davam prazer e satisfação e a pessoa não consegue ver a possi-bilidade de se livrar dessa angústia.

Ainda segundo Drauzio Va-rella, a ansiedade é uma doença incapacitante que atinge por volta de 350 milhões de pessoas no mundo. Os quadros variam de intensidade e duração e podem ser classificados em três diferen-tes graus: leve, moderado e grave. É uma doença que não vê idade. Pode atingir idosos, adultos, ado-lescentes e crianças.

3 - UM GRANDE PROBLEMAHá quem diga que os sintomas da

ansiedade e da depressão não pas-sam de capricho, preguiça ou “fres-cura”. Pior são aqueles que acham que se trata de algum pecado es-condido, algo que precisa ser reco-nhecido e confessado. A ansiedade, a depressão e as doenças mentais são doenças físicas que inevitavel-mente carregam muitos sintomas espirituais, mas isso não faz delas algo apenas espiritual. Por exemplo: uma pessoa com depressão (doen-ça física) terá muita dificuldade de orar, ler a Bíblia ou ir à Igreja. Ela terá a sua comunhão com Deus ex-tremamente afetada, não por causa de um pecado, mas por causa de uma doença. Quando essa pessoa é tratada apenas com procedimentos espirituais, corre o risco de ver o seu quadro sendo agravado ainda mais. Ela precisa ser levada a um profis-sional para ser devidamente tratada e Deus haverá de usar, tanto médi-cos, como medicamentos para que se conheça a sua cura.

É logico que Deus, com seu poder, pode curar qualquer pessoa de qualquer doença, mas precisamos entender que milagres instantâneos, semelhante ao realizado com o cego Bartimeu (Mc 10.46-52), são exceções e não regra. A questão é que a ansiedade patológica e a depressão são doen-ças muito sérias. O tratamento exi-ge oração e visitas constantes aos especialistas, tais como os médicos psiquiatras e psicólogos.

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PARA PENSAR E AGIR:A Bíblia nos deixa uma provi-

dência importante em relação a este assunto. Em 1Pedro 5.6,7 le-mos: “Portanto, humilhem-se debai-xo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido. Lancem sobre ele toda a sua ansie-dade, porque ele tem cuidado de vocês”. Podemos conversar com Deus sobre nossas aflições, decep-ções, mágoas e tristezas. Esse de-sabafo com Ele nos ajuda em muito a aliviar tudo isso. Porém, nem to-dos conseguem ter essa consciên-cia ou mesmo fazer de sua oração um momento de refrigério para a alma. Para tanto, é preciso agir!

Romanos 12.10 diz: “Dediquem--se uns aos outros com amor frater-nal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios”. Estamos vivendo um tempo muito desafiador em relação a essas doenças. Por conta da rapidez nas informações, somos sabedores do crescente nú-mero de suas vítimas. Muitas delas encontram-se sentadas nos bancos de nossas Igrejas ou fazendo par-te da nossa família. Um passo im-portante é não ignorar os sintomas. Quando alguém se mostrar triste além do tempo, sem energia para fazer o que mais gosta, sem vonta-de de viver, é importante considerar com seriedade esses comporta-mentos. Faça o seguinte:

Passo nº1 – Melhore sua obser-vação em relação às pessoas mais próximas. Muitas vezes estamos

próximos apenas geograficamente. É preciso um olhar mais atento e mais intencional. Muitos sinais são sutis e, se não tivermos uma obser-vação mais criteriosa, eles passam despercebidos. Muitos sintomas só são conhecidos na medida em que nos aproximamos, e isso não se dá apenas pelo fato de morarmos na mesma casa ou de frequentarmos os mesmos lugares, como igreja, escola, faculdade ou um clube. Este passo mostra o quanto nosso cora-ção está disposto a ajudar efetiva-mente as pessoas.

Passo nº2 – Mais do que ob-servar, é preciso se aproximar e conversar a respeito. É importante estar mais junto das pessoas. Tem que chegar perto para conhecer o coração, deixando a pessoa fa-lar e, sobretudo, respeitando sua condição e seus motivos. Não é o momento de questionar sobre os porquês das coisas, mas de em-prestar os ouvidos, dar um abra-ço, apoiá-la em procurar ajuda e, se possível, investir do seu tempo em acompanhá-la nesse processo. Orar com ela e por ela também é um bom amparo.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Salmos 121

Terça: 1João 4.17-18

Quarta: Mateus 8.23-27

Quinta: Salmos 46

Sexta: Isaías 41.10-13

Sábado: Salmos 40.1-4

Domingo: Josué 1.6-9

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A UNIVERSALIDADE DA ANSIEDADE E DA DEPRESSÃO

LIÇÃO 2DATA DO ESTUDO

Texto Básico: Salmos 42.1-5

O Brasil sofre uma epidemia de ansiedade. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o país tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno. O transtorno começa quando essa emoção passa do ponto. Em vez de a pessoa seguir em frente, a agitação exagerada deixa-a travada, impedindo que ela faça suas tarefas e, conse-quentemente, honre seus compro-missos, assim como tira sua au-tonomia na realização de tarefas simples e rotineiras.

Quando o assunto é depres-são, o nosso país é o campeão na América Latina. Quase 6% da po-pulação, um total de 11,5 milhões

de pessoas, sofrem com a doença, segundo dados da OMS. Caracte-rizada como uma doença em que ocorrem desequilíbrios químicos dos chamados neurotransmisso-res, a depressão interfere direta-mente no prazer, quietude, vonta-de e alegria. Consequentemente aparecem os sintomas clássicos, como tristeza, apatia, falta de von-tade, dificuldade de concentração, pessimismo, insegurança, entre outros.

Por que tudo isso acontece? Mesmo entre os crentes em Jesus, sem ser diferente daqueles que não professam a nossa fé, o coti-diano tem sido penoso, solitário, cheio de frustrações, fracassos, decepções e circunstâncias desa-nimadoras. Tem sido assim porque

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vivemos numa sociedade fragilizada, de pessoas que não estão sabendo lidar com suas mazelas, perdas e amarguras. Muitos dos valores que a Bíblia ensina são completamente ignorados até mesmo pelos cristãos. Os indivíduos querem tudo muito rápido, sem entender ou aceitar os processos e, quando as coisas dão errado, mergulham numa tristeza profunda, sem considerar o quanto é natural acontecerem percalços nas diversas trajetórias da nossa vida.

1 - A DEPRESSÃO E A ANSIEDADE AFETAM O CRISTÃO?Sim. Da mesma forma que elas

são capazes de prejudicar seria-mente os relacionamentos pes-soais, assim acontece no relacio-namento com Deus. Um cristão depressivo, por exemplo, há de ter a sensação de que perdeu a ale-gria da salvação e que não será mais capaz de sentir a presença de Deus, pois nesta condição, se tem a impressão de que Ele está muito distante, em silêncio ou com muita raiva de si. Com isso, a vida devo-cional acaba sendo fortemente pre-judicada, tornando-se muito difícil orar, ler a Palavra de Deus ou me-ditar naquilo que se está aprenden-do da Bíblia. Tudo porque, sofrendo esses problemas, tem-se muita difi-culdade de manter o foco e firmeza naquilo que está fazendo. Assim o cristão sofre uma dor muito grande pois não somente se sente excluí-do pelas pessoas, mas também por Deus. São doenças físicas que tra-zem sintomas espirituais.

2 - ALGUNS EQUÍVOCOS2.1 - Ansiedade e depressão são

apenas para os fracos?Há quem pense que essas

doenças são apenas para um pe-queno número de pessoas psicolo-gicamente e espiritualmente fracas. Ledo engano! É por pensar assim que muita gente que se acha forte acaba ignorando os sintomas ou até rechaçando a possibilidade de ter a doença, tornando a procura por ajuda cada vez mais distante ou praticamente impossível. Quem age assim pensa que, ao admitir a doen-ça, será taxado pelos outros como fraco; e, por se considerar forte, aci-ma de qualquer problema, mesmo com os sintomas, acha que tudo é uma bobagem e por isso ignora a doença a ponto de tentar um com-portamento ainda pior: não sentir nenhuma emoção ou reação dian-te das circunstâncias que o aflige, como se isso fosse possível.

É certo que existem fatores ge-néticos que facilitam o surgimento dessas doenças em alguns indiví-duos, mas ninguém no mundo pode achar que é resistente o suficiente a ponto de nunca sofrer esses males. Existe uma marca bem preponde-rante na raça humana que se cha-ma vulnerabilidade. No salmo 42 vemos o autor, um servo temente a Deus, sofrendo por dentro. Ele sente sua alma abatida. Ele está fugindo de uma brutal perseguição. Estava sendo obrigando a viver escondido por causa disso. Perseguição, de-

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silusão, desastres, e tantas outras mazelas podem chegar na vida de todos e nossa alma sempre reagirá a tudo isso.

2.2 - Oração e leitura da Bíblia são suficientes?

Por serem doenças emocionais que provocam sintomas espirituais, muitas pessoas tentam ajudar quem está sofrendo com soluções apenas espirituais. Para piorar, in-felizmente, ainda existem aque-les que ensinam que o verdadeiro cristão não pode ficar deprimido ou ansioso a ponto de ficar doente por isso. Afirmam que isso é sinal de derrota, desobediência ou falta de fé. Por isso sugerem orar mais, ler mais a Bíblia, buscar mais a Deus e participar mais das atividades da Igreja, dos cultos de libertação, das correntes de cura e por aí vai. Só que esse tipo de ajuda agrava ainda mais o quadro, pois, além de todos os sintomas característicos de cada doença, soma-se a culpa, um sentimento altamente destrutivo.

Por não conseguir sair dessa situação sozinho, o cristão acaba ficando mais ansioso e deprimido. Daí vem o que se pode considerar o maior perigo: quando os méto-dos de autoajuda cristãos falham, o crente adoecido sente-se tão desa-nimado, tão morto espiritualmente que é capaz de renunciar de vez a fé. Este é um abismo que gera ou-tros abismos ainda mais profundos.

Alguns cristãos afirmam ter o controle total de seus pensamen-tos, mas isso não acontece quando há um transtorno psíquico. A capa-cidade de um indivíduo controlar os pensamentos depende do bom funcionamento da sua estrutura psíquica e não necessariamente da sua vontade. É por isso que muitos apresentam um genuíno desejo de saírem dessas doenças, mas não conseguem. É preciso um trata-mento que vai além das disciplinas espirituais.

Deus abençoou a humanidade com as ciências e algumas delas tratam de forma muito eficaz os sintomas dessas enfermidades. Muitos cristãos precisam entender que buscar a ajuda de um profissio-nal e se submeter aos tratamentos não enfraquece a fé e nem pas-sa por cima da vontade de Deus. É perfeitamente admissível que um crente em Jesus busque tratamen-to, inclusive use medicamentos, se necessário. Jamais podemos dis-pensar a ajuda da Igreja em oração e aconselhamento, mas a providên-cia de buscar uma ajuda profissio-nal é indispensável.

2.3 - O uso de medicamentosOutro equívoco acontece quan-

do se pensa que o uso de medica-mento é a pior alternativa, uma es-pécie de fundo do poço para quem está sofrendo e busca um trata-mento. Quando o médico passa a receita, parece que o mundo desa-ba. Isso acontece pelo fato de, na maioria das vezes, os medicamen-

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tos receitados são os que chama-mos de controlados. Os remédios controlados, ou sujeitos a controle especial, são medicamentos ou substâncias com ação no sistema nervoso central e capazes de cau-sar dependência física ou psíquica. Muitas pessoas, sabedoras disso, acabam se apavorando achando que o paciente ficará automatica-mente dependente e sem possibli-dade alguma de sua melhora defini-tiva. Precisamos entender que tais porções, se não houver maiores complicações com o paciente, ten-dem fazê-lo melhorar e até mesmo se curar. Tais medicamentos não são, como muitos afirmam, uma es-pécie de condenação para o doente e sim uma grande bênção, pois são responsáveis pela volta do equilí-brio necessário para a pessoa tocar sua vida.

O crescimento da indústria far-macêutica, com novas pesquisas e tecnologias, tem permitido que as doenças que no início do século passado eram praticamente incon-troláveis, hoje sejam tratadas e con-troladas, fazendo parte integrante na intervenção de muitas pessoas. Se alguém próximo a você, ou você mesmo, precisar fazer uso dos re-médios controlados, faça-o com na-turalidade. Eles são uma dádiva de Deus, neste tempo, que nos ajudam poderosamente.

PARA PENSAR E AGIR:Cuidado com aqueles que con-

sideramos fortes na vida. Líderes, pais, chefes, pessoas mais expe-

rientes, pessoas de personalidade marcante e muitos outros podem ser considerados acima da ansie-dade e da depressão, mas não são.

Cuidado com o fato de você mesmo se achar forte demais. Se você é do tipo que acha que nun-ca vai ficar deprimido ou que nunca terá algum transtorno emocional é importante pensar um pouco dife-rente daqui para frente. Na verda-de, ninguém está imune a essas doenças. Não existe vacina contra elas. Você pode desenvolver qua-dros característicos em qualquer momento da sua vida. Esteja atento ao seu próprio comportamento, às reações diante das dificuldades, à intensidade da tristeza que invade o seu coração diante de uma cir-cunstância ruim em que se está vi-vendo e, caso perceba que a coisa está fora do seu controle, busque um aconselhamento ou até mesmo um tratamento. Não tenha vergo-nha! Não pense no que os outros vão dizer de você. Saiba que existe um Deus que nos ama a ponto de colocar uma multidão capaz de cui-dar da gente.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Salmos 37.1-5

Terça: 2Corintios 4.8,9

Quarta: Salmos 18.1-6

Quinta: João 10.1-10

Sexta: 2Coríntios 1.3-7

Sábado: Deuteronômio 31.1-8

Domingo: Salmos 43

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A ANSIEDADE E A DEPRESSÃO POR CONTA DA PERDA

Experiências na vida de Jó e de sua mulher – Quando perdemos algo que nos é precioso

LIÇÃO 3DATA DO ESTUDO

Texto Básico: Jó 1.21

Todos nós já perdemos algo ou alguém que nos é precioso. Per-das nos destroem por dentro. São fatores que tendem a nos deixar ansiosos e deprimidos. Mesmo para aqueles que ainda não tive-ram tal experiência, sabe que seu dia chegará e que terá muitas difi-culdades para enfrentá-las. É pos-sível imaginar que Deus não nos criou para nos despedirmos para sempre daqueles a quem muito amamos. Nem mesmo nos trouxe à existência com o objetivo de vi-vermos debaixo de aflições trazi-das pelas angústias que uma per-

da dramática traz para a vida. Por que reagimos assim? Porque em muitos momentos o nosso cora-ção se encontra distante de Deus.

Nas palavras de Jó – o homem mais reto e temente a Deus de seu tempo – ninguém vem à existência trazendo consigo suas posses. A palavra “nu” em hebraico também pode ser interpretada por “sem nenhuma posse”. Jó tinha cons-ciência de que quando nasceu nada trouxera e de que quando a sua morte chegasse, nada leva-ria. Alguém consciente disso sabe que nada neste mundo durará

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para sempre. Um dia perderemos ou seremos a perda para alguém. Algo especial que é dito nessa pe-quena, porém sábia afirmação de Jó, é que tudo o que recebemos neste mundo vem de Deus, princi-palmente quando esse “tudo” está relacionado àquilo que Jó perdeu, ou seja, filhos, saúde, trabalho, di-nheiro, posses, terras, etc.

1 - QUANDO PERDEMOS ALGO OU ALGUÉM QUE NOS É PRECIOSOJó não perdeu apenas um, mas

dez filhos! Sete filhos e três filhas. Jó também amava seus dez filhos e se preocupava dia e noite (e de ma-drugada – Jó 1.5) com eles. O verso 5 do primeiro capítulo revela a preo-cupação de Jó com a santidade de seus filhos. Jó era alguém que tinha uma preocupação espiritual com a vida de seus filhos e orava cons-tantemente por eles. Esses filhos e filhas cresceram vendo a piedade de seu pai. Jó tinha uma bela fa-mília, boa saúde e muitas posses. Além de tudo, “era homem íntegro e justo” (Jó 1.1). Em Jó 1:8, Deus diz: “Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal”. Poucas vezes Deus fala coisas assim sobre um homem na Bíblia. Não existe testemunho mais perfeito do que aquele que vem do próprio Deus.

Para muitos, Jó não merecia nenhum mal, muito menos sofrer doenças por conta de mazelas em sua vida. Ele não merecia, mas foi uma espécie de prova estabelecida

entre Deus e o Diabo, em que o ini-migo queria provar para Deus que Jó só era fiel porque tinha uma vida bastante confortável. Deus então permitiu que Jó passasse pela pro-va autorizando o diabo a tirar tudo de Jó, menos sua vida. Em menos de vinte e quatro horas ele per-deu tudo. Os dez filhos morreram quando um vento derrubou a casa em que estavam. Depois foram-se os bens, posses, animais e funcio-nários. Até sua saúde foi afetada. Tumores abertos, cheios de pus, cobriam seu corpo, com insetos zanzando por eles (Jó 2.7).

2 - A ANSIEDADE DA MULHER DE JÓSua mulher, vendo tudo isso, o

incentivou a blasfemar contra Deus, e depois morrer (Jó 2.9). A mulher de Jó, cujo nome não conhecemos, estava com seu coração comple-tamente despedaçado. Ela não é diferente de muitos de nós, que, quando perdemos algo precioso, também fazemos questionamen-tos. E, quando não encontramos respostas às nossas perguntas, reclamamos até mesmo de Deus, que, supostamente, não nos acudiu nos momentos necessários.

Como você acha que estava o coração da mulher de Jó naquela hora? Ela viu o marido perdendo tudo: os filhos (que eram dela tam-bém – que ela gerou, alimentou, criou e dos quais cuidou), todos os bens que possuía, toda a fonte de renda e de provisão – em um úni-

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co dia! É muito natural que nessas horas se questione a fé. O quadro de sua família se tornou bastante instável. Qualquer incerteza ou im-previsibilidade é um gatilho para a ansiedade e não foi diferente com a mulher de Jó. Pedir para Jó blas-femar contra Deus e depois morrer torna visível a sua dor e é um claro sintoma de ansiedade.

3 - A DEPRESSÃO DE JÓA depressão pode ser entendida

a partir de alguns sintomas, como, por exemplo: tristeza; humor depri-mido, que se caracteriza por desâni-mo persistente, baixa autoestima e sentimentos de inutilidade; perda de interesse em atividades que antes a pessoa apreciava; perda do interes-se pela vida. Embora Jó mantivesse sua fidelidade a Deus durante toda a sua vida, ele ainda lutava profun-damente através das trincheiras da dor: “Por que não morri eu desde a madre? E em saindo do ventre, não expirei?” (Jó 3.11); “A minha alma tem tédio da minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma” (Jó 10.1); “Não sou capaz de me ajudar a mim mesmo, e não há ninguém que me socorra” (Jó 6.13); “O meu coração está cheio de amargura” (Jó 7.11). “Detesto a vida; não que-ro mais viver (...) minha vida não vale mais a pena” (Jó 7.16); “Ago-ra já não tenho vontade de viver; o desespero tomou conta de mim” (Jó 30.16); “O meu coração está agita-do e não descansa (...) levo uma

vida triste, como um dia sem sol” (Jó 30.27-28). As perdas para Jó fo-ram severas demais. Não podemos estranhar tais palavras. Muitos, por muito menos, disseram palavras semelhantes ou até piores.

4 - A IMPORTÂNCIA DA FÉ EM DEUS NAS PERDAS DE JÓCom Jó aprendemos que ficar

levantando questionamentos não é um exercício muito eficaz para o coração. Jó só começou a lidar bem com as suas perdas quando deixou de questionar (Jó 38) e pas-sou a orar por seus amigos. Apren-demos, por exemplo, que ficar per-guntando: “Por que, Senhor, perdi meu emprego? Por que fiquei en-fermo? Por que fui assaltado? Por que essa tragédia me aconteceu?” e outras mais não vai nos ajudar a encontrar respostas que certa-mente não as teremos nunca na vida. Para os homens e mulheres de fé cabe bem afirmar: “O Senhor deu, o Senhor levou; bendito seja o nome do Senhor”.

A atitude de questionar é típica do homem, que acha que pode ter o controle e a ciência de tudo o que acontece no mundo. Nem sempre obteremos todas as respostas. Exi-gi-las apenas revela nosso coração indisposto para descansar na bon-dade e no poder de Deus.

Com Jó aprendemos que, mes-mo sendo pessoas que procuram fazer a vontade de Deus em tudo, somos pequenos, incapazes de

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entender tudo o que se passa na mente de Deus. Haverá eventos que não compreenderemos. Jamais alcançaremos respostas para tudo o que Ele faz em nossa vida, es-pecialmente em relação às nossas perdas. Por isso, devemos descan-sar na certeza de que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, mesmo que essa coisa se apresente como uma derrota. Se você o ama, descanse! Não há ou-tra opção.

Não entendemos a forma de Deus agir, principalmente quan-do perdemos algo que nos é tão precioso. Nossa impressão é que Deus não sabia ou não pôde fazer nada. O fato é que nenhum passa-rinho cai em terra sem o consenti-mento de Deus (Mt 10.29). Cremos, nas horas mais difíceis, que Deus está no controle e que é bondoso para nos ajudar a darmos glória a Deus por tudo, assim como Jó fez. Talvez você não consiga dar glória no momento mais forte da dor, mas a certeza dessas verdades sobre Deus lhe dará a paz de que, um dia, ainda que seja no céu, você lhe dará glória por tudo. Deus quer sustentar você!

PARA PENSAR E AGIR:Quando lemos a história de Jó,

conhecemos um homem muito abençoado por Deus. O Senhor deu a ele muitas coisas, mesmo antes de toda a tragédia invadir sua vida. Agora, pensando em você, quais

são as coisas mais especiais que Deus tem feito em sua vida? Pense um pouco e escreva, se for possí-vel. Você consegue imaginar se o Senhor não lhe tivesse dado nada disso, como seria? Porém, se Ele ti-rasse de você essas bênçãos pelas quais você orou e que tanta alegria lhe trouxeram, o que você diria ao Senhor?

Você alguma vez já pensou na possiblidade de perder pessoas queridas ou coisas valiosas? Você se sente preparado para isso? Sai-ba que este exercício é importante para a sua estrutura emocional.

Nada é para sempre a não ser a vida eterna em Jesus. Mesmo não querendo ser fatalista, tudo pode acontecer na vida de um cristão, seja ele o mais consagrado. Se estivermos bem conscientes de que tudo vem do Senhor, pertence verdadeiramente a Ele e está sob o seu total controle, teremos rea-ções naturais diante das perdas, porém estaremos firmes para con-tinuarmos a vida sem quaisquer transtornos.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Romanos 8: 31-39

Terça: Jó 1.1-12

Quarta: Jó 1.13-22

Quinta: Jó 2.1-5

Sexta: Jó 2.6-10

Sábado: Salmos 13

Domingo: Salmos 18.1-6

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A ANSIEDADE E A DEPRESSÃO POR CONTA DA OPOSIÇÃO E

MURMURAÇÃOExperiências na vida de Moisés – Quando a oposição e a

murmuração nos derrubam

LIÇÃO 4DATA DO ESTUDO

Texto Básico: Números 11.15

A depressão e a ansiedade que resulta do fracasso, da frustra-ção e da oposição têm-se tornado muito comum nos nossos dias. Há muitas pessoas frustradas com um futuro desconforme do que sonharam ou com um casamento diferente do que planejou. Além da frustração em tantas áreas da vida, em muitas ocasiões, as pes-soas têm encontrado oposição ou pressão. Pressões internas e ex-ternas, oposição nos estudos, no trabalho, dentro das famílias, nas Igrejas, etc. A consequência do mundo competitivo e exigente em que vivemos é o surgimento em número cada vez maior de almas cansadas e até mesmo doentes por não saberem como lidar ou agir em tais situações.

Por várias vezes nos vemos correndo para dar conta de todas as demandas que nos chegam e, quando não conseguimos, somos pressionados por todos os lados. Por várias vezes somos vistos com expectativas altíssimas e, quando não as atendemos, somos cobrados direta ou indiretamente. Assim podemos imaginar a vida de Moisés, o grande líder israeli-ta, que, usado por Deus, condu-ziu o povo da escravidão do Egi-to em direção à Terra Prometida. Em certo momento, Moisés teve a seguinte conversa com Deus rela-tada no texto que se encontra em Números 11.10-15 (leia).

Nessa passagem, a reação de Moisés diante da pressão que so-fria por parte do povo foi questio-

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nar o Senhor. É uma reação muito comum questionar Deus em situa-ções difíceis. Moisés queria saber por que o Senhor estava trazendo todo aquele sofrimento sobre ele. Seu argumento baseava-se no fato de que o Senhor era o Criador de Israel, e não ele. Desse modo, Moi-sés não poderia carregar a respon-sabilidade sobre si e simplesmente disse: “se o Senhor não lhes res-ponder e não lhes carregar o fardo, que o Senhor me mate!”.

No verso 15, podemos ter uma noção de como estava o coração de Moisés. Ele é imperativo ao dizer “mata-me agora”. A ideia é que tra-ta-se de algo que o escritor deseja-va muito, com convicção. Esse não foi apenas um breve momento de tristeza, mas um momento de gran-de estresse causado pela pressão sobre a mente de Moisés. Sua res-ponsabilidade exigia tomadas de decisão que estavam além de sua capacidade. Ele então se sentiu im-potente, incapaz e pequeno diante da grandeza do que lhe era exigido. Assim, para que Moisés encontras-se paz, seria necessário ter o poder e a capacidade de solucionar as exigências de todo o povo, sacian-do-lhes o desejo por carne e outros alimentos. Obviamente, Moisés não tinha o que fazer. Só um milagre poderia trazer ao povo aquilo que desejava. Diante de tanta pressão, externa e interna, Moisés chegou a um nível de cansaço tão grande que desejou a própria morte.

Temos que tomar muito cuidado com esse tipo de desejo. É bem ver-dade que a maioria das pessoas, vivendo uma situação muito difícil, sob pressão, já tenha desejado morrer. Só que para muitos foi ape-nas por um curtíssimo tempo, uma espécie de desabafo. A questão se agrava quando esse desejo não sai mais da mente e do coração. Um dos sintomas da depressão é exa-tamente este: o desejo de morrer!

1 - A MURMURAÇÃO PRESSIONA

E ADOECE Não pense que a murmuração do

povo era contra Moisés. Era contra o próprio Deus! Assim foi interpre-tado pelo salmista: “Falaram contra Deus, dizendo: Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?” (Sl 78.19). Liderar ou conviver com pessoas que só sabem murmurar é por demais exaustivo. Tudo isso estava deixando Moisés cansado demais. Mesmo sendo contra Deus, Moisés absorvia todas as falas ad-mitindo, assim, que as pessoas es-tavam se levantando contra ele.

O povo não entendia os proces-sos de Deus e, por isso, afirmava que as providências estavam de-morando demais. Embora a corre-ção divina estivesse por vir sobre os filhos de Israel, não foi de imediato que o Senhor manifestou sua disci-plina sobre seu povo. Pacientemen-te, Deus aguardou o momento que julgou como certo. Houve tempo para que o povo se arrependesse e voltasse para o Senhor com uma

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atitude grata, mas infelizmente isso não aconteceu. O que houve foi um grupo muito grande de pessoas com um coração cada vez mais re-clamador. Gente que só sabe pro-testar é gente que pesa o ambiente, que faz da convivência um martírio e isso, com o passar do tempo, gera enfermidade.

2 - PRESSÃO E OPRESSÃO DESTE TEMPO

Moisés foi chamado para con-duzir o povo e começou a ter mui-tos problemas quando boa parte o procurou para reivindicar comida e água, confortos que tinham no Egito e faltavam durante a peregrinação. A grande questão é que não era um protesto pontual, ou seja, algo raro de se acontecer. Moisés não chegaria a tal nível de esgotamento se essa demanda não tivesse sido constante, crescente e imoral. Ele chegou a um ponto no qual muitos de nós também pode chegar.

Talvez você já tenha experi-mentado ou experimenta coisa se-melhante neste momento. Temos nossas fragilidades e é por isso que estamos suscetíveis, durante todo o tempo, a nos abater emocional-mente e espiritualmente. Se não há uma mão que nos apoie, cairemos com muita probabilidade.

O que nos separa de transtor-nos causados pelas aflições advin-das das pressões do dia a dia é o cuidado de Deus, aliado à nossa lembrança diária de que estamos em suas mãos. Se todos os que es-

tão no limiar de um surto psicótico por causa de tanta pressão seguis-sem os mesmos passos de Moisés, como descritos em Números 11.16 e 17, seguramente conseguiriam sair da melhor maneira dos mo-mentos difíceis.

Você não é diferente de Moi-sés! Não pense que ele foi alguém diferente, que tinha forças sobrenaturais, paciência de outro mundo, a mansidão de um cordei-ro. Por ter a mesma estrutura que nós, Moisés acreditou numa possi-bilidade sob pressão. Ele desejou a própria morte.

Histórias de pessoas com trans-tornos de ansiedade ou em depres-são por conta de pressão no traba-lho ou de opressão diante de metas exigidas crescem a cada dia. Opres-são que chega de fontes humanas, da sociedade, da moda, dos che-fes, do cônjuge, dos amigos, das pessoas que geram expectativas a nosso respeito que não podem ser alcançadas sem que cheguemos ao ponto da (quase) exaustão.

Um exemplo bem peculiar é a es-tética. Uma atriz brasileira expôs um problema que estava atravessando através de uma reportagem, tudo por conta “apenas” do seu aumen-to de peso nos últimos meses. Ela contou o quanto estava sendo hu-milhada, ofendida e cobrada porque não estava mais magra como an-tes. Seus seguidores não paravam de reclamar da sua aparência. Sua estrutura psicológica ficou extrema-mente abalada. Entre nós, temos os

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casos de pastores que, por conta das muitas demandas que as igre-jas impõem, acabam adoecendo.

A grande questão é que a in-satisfação gera pressão e, se não soubermos lidar com isso, os nos-sos dias acabam sendo os piores da nossa existência.

3 - O EXEMPLO DE MOISÉS PARA HOJE

Assim como aconteceu com Moisés, muitos estão em depres-são por conta da oposição que lhes fazem no trabalho, na escola e até mesmo na família. E quando essa oposição se junta aos fracassos da caminhada, nasce uma tristeza di-fícil de passar. No caso de Moisés, essa tristeza passou. Mas por que passou? Sabemos, através da Bí-blia, que ele se aproximou de Deus na hora de seu desespero. Ele reco-nheceu sua completa incapacidade de sair daquela situação sozinho. Ele reconheceu que Deus era sufi-ciente para ele e derramou seu co-ração diante d’Aquele que o livraria da depressão. Ele foi sincero com Deus. E Deus o livrou!

A partir do verso 16, vemos o Senhor falando a Moisés, ajudan-do-o a entender o que deveria fazer para sair daquela situação. Moisés ouviu atentamente o que Deus o aconselhara fazer. Os conselhos do Senhor eram a chave para o fim da-quela angústia. Por fim, vemos que Moisés fez o que Deus lhe dissera,

e a orientação do Senhor o salvou completamente de sua depressão.

Embora pareça simples, a atitu-de de Moisés o salvou quando ele desejava a própria morte. Sob pres-são e grande tristeza, Moisés bus-cou o Senhor, ouviu sua Palavra, fez tudo conforme ordenado e, por isso, a aflição acabou.

PARA PENSAR E AGIR:OPOSIÇÃO E MURMURAÇÃO

É preciso ter consciência de que será mais comum do que se imagina enfrentar oposições e murmurações. Ninguém está livre delas. O maior desafio é reagir de forma saudável tanto emocional quanto espiritual-mente. Saber responder a essas demandas é fundamental.

Algumas perguntas são pertinen-tes: Como você normalmente reage à oposição e reclamações? Ao ou-vir as orientações de Deus, você as obedece? Saiba que reagir bem, buscando a Deus e seus conselhos, enfrentando as situações, buscando ajuda com as pessoas certas há de te ajudar a não sofrer com a ansie-dade e com a depressão.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Números 11.1-8

Terça: Números 11.9-17

Quarta: Filipenses 2.14-15

Quinta: 1Coríntios 10.9-11

Sexta: Tiago 3.3-6

Sábado: 1Pedro 2.1-5

Domingo: Provérbios 18.21

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A DEPRESSÃO POR CONTA DA CULPA

Experiências na vida de Davi – Quando a culpa nos derruba

LIÇÃO 5DATA DO ESTUDO

Texto Básico: Salmos 38.8

A culpa é um dos sentimentos mais destruidores da alma de uma pessoa. Dela pode vir muito so-frimento, a ponto de se deflagrar uma depressão. Alguns sintomas relacionados a esse caso são encontrados no relato que o Rei Davi faz no Salmo 38: algo que o deixava muito abatido, encurva-do e choroso o dia todo. Até seu corpo ficou doente. Ele descreve o estado de seu coração como “profundamente abatido e desani-mado” para tudo; que seu coração vivia “aflito”; e, para piorar a situa-ção, até seu corpo doía, e ele fica-va “gemendo de dor”. Ele sofria no corpo e na alma.

No verso 3, Davi diz que seu corpo todo estava doente e que ele sentia dores por toda a parte: “... estou muito doente. O meu corpo todo está enfermo...”. Em seu so-frimento físico, Davi relata: “Tenho feridas que cheiram mal e apodre-cem” (v.5). Pode-se imaginar que sua doença estava lhe trazendo febre e inflamações. Seu corpo es-tava muito mal. Seus olhos, fracos e cheios de lágrimas. Que Depres-são! Davi chorava o dia todo! Sem dúvida, esse santo homem de Deus conheceu as regiões mais profundas e sombrias da depres-são humana. A despeito de tudo o que se sabe sobre ele, Davi era um homem frágil como nós.

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1 - O QUE LEVOU DAVI À DEPRESSÃO? O próprio Davi nos informa o que

o levou a essa situação. No verso 3, ele diz: “Não há saúde nos meus os-sos, por causa do meu pecado”. No verso 4, ele aprofunda sua confis-são: “as minhas culpas me afogam”. Em meio a todo esse abatimento do corpo e da alma, Davi reconhece que sua depressão era por causa de uma culpa, de pecados não con-fessados e não abandonados. Em várias ocasiões, Davi enfrentou a luta contra a ansiedade e a depres-são. E na maioria, conseguiu deitar e dormir em paz, na certeza de que o Senhor estava no controle, não havendo motivos para se desespe-rar (Sl 3.5; 4.8). Mas, sem dúvida, houve momentos em que Davi não agiu como deveria. E o caso anali-sado nessa passagem é um deles.

Embora nem toda depressão e ansiedade seja fruto de pecado, algumas são e não podemos dei-xar de considerar isso. Biblicamen-te, não há como negar que alguns pecados podem nos levar a esse estado. Esse foi o caso de Davi. A razão da depressão desse perso-nagem foi o pecado não confessa-do e tratado. Essa experiência de Davi é importante para nos mostrar o quanto podemos ser afetados fisi-camente por algo que não é físico.

2 - DEPRESSÃO X PECADOÉ bom que se tenha a consciên-

cia de que nem toda depressão é

fruto da culpa ou de pecados não tra-tados. Todavia, podemos observar que, se relutamos em abandoná-los e confessá-los, seremos sérios can-didatos a passar pelo que Davi pas-sou. Adultérios, iras, polarizações, gritarias, blasfêmias, assassinatos, mentiras e traições (isso para dar apenas alguns exemplos), quando enchem a vida de um cristão ou não cristão, têm poder destruidor sobre o indivíduo e sua família. Uma vez consciente do erro cometido, se não houver um bom trabalho de restau-ração, a pessoa certamente sofrerá muito com a culpa.

Tiago, em sua pequena carta, nos apresenta numa rápida descri-ção a forma como o pecado é con-cebido e suas consequências para o corpo e a alma: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: “Estou sendo tentado por Deus”. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte” (Tg 1.13-15). Para Tiago, a tentação que dá à luz ao pecado vem de nós, somente de nós. Não temos como responsabili-zar ninguém, apenas nossa cobiça, que nos seduz, alimenta a luxúria interior de cada um, engravida e dá à luz ao pecado, que nasce, cresce, fica adulto e se transforma num ter-rível assassino.

O pecado continua sendo o grande problema do ser humano,

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especialmente quando o homem se encontra insensível e nada rea-tivo. Aquilo que, segundo a Bíblia é um erro fatal, pode ser visto como virtude: ambição, ganância, vaida-de, promiscuidade e consumo de-senfreado são valores em alta.

Com o avanço da sociedade, o pecado deixou de ser uma ameaça para ser uma fonte enganosa de prazer e realização. O hedonismo, consumismo e egoísmo passaram a ser os “ismos” mais encontrados entre as pessoas. Só que o pecado, como diz Tiago, não gera outra coi-sa senão a morte e coloca em risco a pessoa, a família e a sociedade. A dor da culpa que Davi sentiu por ter ofendido a Deus e ao próximo, revela um pedaço dessa “morte” descrita no texto. Faz da pessoa um morto vivo.

A culpa oriunda do pecado pode produzir essa angústia existencial chamada depressão. Algumas pes-soas chegam ao ponto de pecarem tanto em determinadas áreas da vida que têm suas mentes e cora-ções cauterizados por essa prática. Nossa alma pode ficar cauterizada diante de um pecado, caso o esteja-mos cometendo regularmente sem o confessarmos e abandonarmos. Se assim vivermos, chegará um mo-mento em que não notaremos mais quando estivermos pecando. Aquilo se terá tornado algo tão normal em nossa vida que, ao cometermos, agi-remos naturalmente como se nada de errado estivesse acontecendo.

A insensibilidade ao Espírito não é uma realidade apenas da-queles que não conhecem a Deus e nunca tiveram um encontro com Cristo. Antes, é uma realidade pos-sível a todas as pessoas, inclusive aos crentes. O arrependimento não deve ser uma resposta a Deus ape-nas no momento de nossa conver-são, mas algo que nos acompanhe durante toda a vida. Sem arrepen-dimento contínuo, não há sinais claros de transformação, além de a pessoa ser forte candidata a uma depressão semelhante à de Davi.

3 - COMO EVITAR ESSA DEPRESSÃO?

No Salmo 32.1-5 Davi escreve um texto maravilhoso para essa questão, especialmente no verso 5, quando ele revela a saída para tan-to sofrimento causado pelo pecado. Aprendemos que a confissão do erro, o reconhecimento da falha, o entendimento dos prejuízos e o de-sejo de abandonar as práticas erra-das são as providências mais per-tinentes para evitarmos a culpa e, consequentemente, a ansiedade e a depressão que dela podem surgir.

Ninguém está impedido de pe-car, fato que se configura num gran-de problema que inevitavelmente enfrentamos. A preocupação está em como vamos reagir às falhas que cometemos diante de Deus. Davi aprendeu que reconhecê-las e confessá-las promove saúde espiri-tual e emocional.

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4 - A GRAÇA DE DEUSPrecisamos ter a percepção

correta da graça de Deus. Existem dois extremos perigosos: de um lado, existem pessoas que acredi-tam e ensinam que Deus é impla-cável para com o pecador, a ponto de não aceitar qualquer dos seus erros; um Deus sempre disposto a castigar e maltratar todos os deso-bedientes sem qualquer misericór-dia. Do outro, aqueles que admitem viver de qualquer maneira, sem ne-nhum compromisso com a santida-de, tudo porque basta “confessar” o pecado que Deus perdoa, afinal, estamos no tempo da Graça. Preci-samos compreender que esses ex-tremos em nada expressam a Gra-ça do nosso Deus. Davi nos mostra exatamente como deve ser.

O pecado gera dor, doença na alma e não podemos conviver com isso por muito tempo. É importante confidenciá-lo a Deus, sabedores do seu perdão. Isso retira de nós a culpa. Por mais que não sejamos isentos das consequências dos nossos erros, o perdão de Deus é certo para aquele que reconhece o seu erro e pede perdão a Ele. Sua alma é restaurada, Deus a alimenta com sua Graça e faz o indivíduo se livrar do desejo de morrer.

PARA PENSAR E AGIR:Esse é um caso de depressão

bem peculiar. Perceba que o peca-do de Davi resultou numa tristeza tão grande que ele adoeceu a ponto de seu corpo sentir dores terríveis,

aquilo que se chama doença psi-cossomática. As doenças psicosso-máticas estão relacionadas às emo-ções, sentimentos e pensamentos que podem estar em desequilíbrio por diversos fatores, como traumas não superados e estresse. Esse tipo de problema acaba se manifes-tando também no corpo, por meio de dores e doenças físicas.

Logicamente que nem todas doenças são psicossomáticas, mas é possível que alguma doença fí-sica tenha origem no emocional e/ou espiritual. Os remédios poderão ajudar, mas é preciso buscar outras maneiras de tratar.

Cuide de sua vida! Pense se não existem práticas pecaminosas cauterizadas. Não se trata de adul-tério ou assassinato apenas. Muitas outras reações “menos graves” aos seus olhos podem estar adoecendo sua alma.

Cuidado com a culpa! Satanás é o acusador e sempre vai se apro-veitar dessa situação para te dei-xar mais doente ainda, a ponto de chegar na depressão. Confesse seu pecado ao Senhor, acredite no seu perdão e viva saudável, amando a vida e o seu Deus!

Leitu

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ária

Segunda: Salmos 38.1-10

Terça: Salmos 38.11-22

Quarta: Salmos 32

Quinta: 1Coríntios 7.1-10

Sexta: 1João 1.1-9

Sábado: Salmos 130

Domingo: Salmos 51.15-17

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A DEPRESSÃO POR CONTA DOS PRAZERES, RIQUEZA E FAMA

Experiências de Salomão – Quando o prazer, o dinheiro e a fama não satisfazem

LIÇÃO 6DATA DO ESTUDO

Texto Básico: Eclesiastes 2.1-11

Todos nós, de alguma forma, acreditamos que a felicidade pode ser encontrada no dinheiro ou nos prazeres. Embora não admitamos, vamos atrás de prosperidade e conforto para encontrar alegria. É difícil encontrar alguém que não gostaria de ter um pouco mais de dinheiro por acreditar que assim seria mais feliz. Da mesma forma, se adquirisse aquele carro, aquela casa, aquele corpo, aquela viagem ou aquele bem. O problema é que muitas pessoas sofrem com isso.

O descontentamento é um grande causador de sofrimento e doenças emocionais e espirituais. Nesta lição, vamos refletir sobre a vida de um homem muitíssimo rico que, após dar a si mesmo tudo o que seu corpo e seus olhos dese-jaram, chegou à conclusão de que prazeres, fama e riquezas não tra-

zem a verdadeira felicidade. Pelo contrário, trazem tristeza – e uma tristeza profunda!

1 - SALOMÃO POSSUIU TUDO O QUE QUIS. No texto de Eclesiastes 2.1-11,

Salomão pergunta a si mesmo se a luxúria e os demais prazeres mencionados geram verdadeira-mente vida no coração humano. Embora essas atividades, em sua maioria, fossem moralmente aceitas em seu tempo, eram, sem dúvida, ruins aos olhos de Deus. Toda a busca de Salomão revelou--se inútil e vazia. No final de toda a busca por prazer, Salomão encon-trou apenas o vazio.

No verso 1, ele se convida a experimentar as “coisas boas da vida”, só para ver no que isso iria

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dar. No verso 2, Salomão já come-ça suas conclusões antes mesmo de dar seu testemunho pessoal no verso 11. Sua conclusão é que as alegrias e os prazeres deste mun-do, além de nada valerem, são lou-cura. Vamos ver o porquê:

1) No versículo 3, Salomão se lança aos vinhos e às extravagân-cias (sem limites para nada);

2) No versículo 4, lança-se à grandes projetos, constrói muitas casas e vinhas para si;

3) No versículo 5, conta que criou um jardim que, de tão grande, con-tinha todo e qualquer tipo de árvore frutífera. Lembre-se de que, a essa altura da história da humanidade, a construção de jardins e pomares era um sinal de muita riqueza;

4) No versículo 6, Salomão constrói gigantescos reservatórios de água para irrigar todos os seus jardins e plantações;

5) No versículo 7, compra escra-vos e escravas para fazerem todo o serviço para ele; e, além dessa ter-rível “aquisição”, Salomão compra tantos bois e ovelhas que, nunca antes dele, alguém em Jerusalém possuiu tantos animais;

6) No versículo 8, Salomão vai atrás de ouro e prata. A Bíblia diz que ele foi o homem mais rico de seu tempo, que se vestia com es-plendor e que possuía dinheiro o suficiente para comprar tudo o que desejasse. Segundo Jesus, em Ma-teus 6.29, a glória de Salomão foi extraordinária. No mesmo verso,

ele conta que comprou “cantores e cantoras”, além de um harém, “a delícia dos homens” – em suas pa-lavras, para se deliciar em prazeres.

7) No versículo 9, ele nos diz que reuniu toda a fama que preten-deu ter. Nunca um rei de Israel foi tão famoso no mundo quanto ele.

8) No versículo 10, ele conclui dizendo que nada que seus olhos tivessem desejado, ele os negou. Tudo o que seu coração desejou, ele teve; satisfez todos os desejos de seu coração, desfrutou de toda forma de prazeres. Salomão teve tudo o que quis.

Tente imaginar o que isso signifi-caria para uma pessoa. Alguém po-deria dizer, qual o problema? Não é exatamente isso que a maioria das pessoas procura na vida? Uma boa pergunta é: Será que Salomão terminou sua vida como um homem feliz e realizado? A resposta é: não! No verso 11, ele conclui: “Contudo, quando avaliei tudo o que as mi-nhas mãos haviam feito e o traba-lho que eu tanto me esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento; não há ne-nhum proveito no que se faz debai-xo do sol” (Ec 2.11).

2 - RIQUEZA E FELICIDADE SIGNIFICAM A MESMA COISA?

A grande conclusão a que Sa-lomão chega é que a riqueza pela riqueza, o prazer pelo prazer e o sucesso pelo sucesso, é loucura, algo inútil e sem proveito. Por que

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Salomão entra nessa “crise exis-tencial depressiva” no Livro de Eclesiastes, não vendo mais razão para a vida, não vendo mais senti-do em nada do que se faz “debaixo do sol”? A razão é que até mesmo as riquezas e os prazeres não têm poder suficiente para alegrar e re-solver o “problema” do ser humano. Riquezas e prazeres só distraem, mas efetivamente não conseguem plenificar o homem.

2.1 - Ricos e famosos deste tempo e seus quadros de depressão.

“Apesar de tudo de bom que vem acontecendo comigo, de tudo que já conquistei, eu me sinto há al-guns anos triste”. Essa é a frase de um comediante e youtuber muito fa-moso. Chega a ser intrigante o seu relato, pois, na teoria, ele deveria ser a pessoa mais feliz da terra. Re-pare: “tem acontecido coisas boas e muitas conquistas”, segundo ele. Isso é tudo o que muita gente dese-ja para ser feliz. Só que o resultado para ele foi a depressão.

“Há um ano eu enfrentei crise de pânico e quadro depressivo. Foi o pior momento da minha vida. [...] Aprendi muito com o que vivi. Tris-teza não é doença, mas, quando se estende no tempo, pode ser. É preciso estar atento à duração dela em nós. Há muita ignorância no trato com pessoas depressivas. É comum escutar que é frescura, exagero, falta do que fazer. Quan-do de fato se trata de um quadro depressivo, não, não é. Só quem sofre sabe!”. Esse é o relato de um

Padre muito famoso que também se apresenta como cantor. Nem a popularidade nem as amizades com os famosos foram capazes de equilibrar a sua vida.

“Eu não queria mais estar no esporte; eu não queria estar mais vivo”. Um pequeno depoimento do maior nadador da história, dono de nada menos do que 28 medalhas olímpicas. Ele revela que no período de sua depressão, ele ficava de três a cinco dias sozinho em seu quarto, sem comer, sem dormir direito, to-mado pela vontade de não viver. O curioso aqui é que todo atleta olím-pico sonha com, pelo menos, uma medalha de bronze que seja, seria o auge da carreira! Mas não foi as-sim na vida desse grande campeão.

2.1 - Não ricos e não famosos também ficam deprimidos pelos mesmos motivos.

Enquanto para uns é pelo ex-cesso, para outros é pela ausência, mas os motivos são os mesmos. Muitos almejam e até perseguem a todo custo a fama por acreditarem que só assim serão realizados, e como ela não chega, ficam amargu-rados ao extremo. Assim também é com o dinheiro. Quantos acreditam piamente que a sua vida só terá va-lor e sentido quando forem milioná-rios? Nesses casos, a inveja entra como se fosse um tempero a mais nessa tragédia. A fama e a riqueza do outro surgem como uma espada encravada no peito. É o desejo de-senfreado pelo que o outro tem.

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Salomão é esse exemplo de ser humano que usou e desfrutou de todos os prazeres possíveis e imagináveis, mas de maneira equi-vocada. Por causa disso, colheu as consequências em pequeno, médio e longo prazos. O ponto positivo de Eclesiastes 2.11 é que Salomão percebeu que o que estava fazendo era correr atrás do vento. Ou seja, quando desfrutamos dos prazeres sem a orientação de Deus, des-perdiçamos nossa vida, corremos atrás do vento.

3 - NOSSA SEDE POR SACIEDADE A alma e o corpo humano pre-

cisam ser saciados. Há uma neces-sidade inerente a todo ser humano. Mas, sem Deus, pensamos que o di-nheiro é que resolverá todos os nos-sos problemas. O desejo nasce de duas fontes: daquilo que nosso cor-po pede, ou seja, dos instintos natu-rais de todos os seres humanos, e daquilo que vemos na vida dos ou-tros. Principalmente por causa des-sa segunda fonte é que nascem as guerras. É dessa mesma fonte que também vêm a frustração e a decep-ção em nossas vidas e famílias.

3.1 - Como evitar?Para que todo engano cesse e

se alcance a paz perfeita, é neces-sário crer, com todo o coração, que Jesus Cristo é o melhor prazer e a maior riqueza que um ser humano pode encontrar. Pode parecer uma solução simplória, mas é a mais pura verdade. Não há nada que nos falte quando temos a Ele. Ele é o

tesouro mais precioso, a fonte de água que nunca seca, o pão que nunca se acaba. Só Ele é capaz de nos alimentar a alma diariamente, fazendo com que nos sintamos ple-nos sempre, ainda que nos faltem outras coisas que desejamos tanto.

A fim de encontrar a paz que Sa-lomão encontrou no final da vida, é necessário ter em Deus seu maior prazer. Foi exatamente isso que Salomão descobriu no final de sua caminhada.

PARA PENSAR E AGIR:Algumas perguntas são importan-

tes neste momento: qual o papel do dinheiro na sua vida e o quanto ele é importante para a sua felicidade? Que grau de importância a populari-dade traz para a sua imagem? Do que realmente a sua alma precisa?

Essas são perguntas que pode-mos também compartilhar com as pessoas que amamos e que estão próximas. As respostas, uma vez bem sinceras, podem apresentar a possibilidade ou não do surgimento de transtornos emocionais que ge-ram a depressão.

Leitu

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ária

Segunda: Gálatas 5.13-16

Terça: Gálatas 5.17-26

Quarta: 1João 2.1-6

Quinta: 1João 2.12-17

Sexta: Romanos 7.21-25

Sábado: Romanos 8.1-8

Domingo: Eclesiastes 2.1-11

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A DEPRESSÃO POR CONTA DAS FRUSTRAÇÕES

Experiências de Elias – Quando a frustração e o desespero nos tiram a vontade de viver

LIÇÃO 7DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 1Reis 19.1-18

A história de Elias é admirável, pois nela encontramos um exce-lente paralelo entre o que chama-mos de depressão em nosso tem-po e o que alguns dos homens de Deus viveram na história bíblica. Veja o que diz a Palavra de Deus em 1Reis 19.1-18.

Elias era um tesbita que che-gou onde nenhum outro de sua terra jamais havia chegado. Tisbé era um vilarejo pequeno e des-conhecido. Elias, de uma família igualmente inexpressiva no con-texto mundial. Mas foi deste lugar e desta família que Deus levantou um homem para ser sua boca nos dias de Acabe, o pior rei de Israel. E foi justamente o rei Acabe que

contou à sua esposa, Jezabel, “filha de Etbaal, rei dos sidônios” (1Rs 16.31) tudo o que Elias, o tesbita, havia feito aos profetas de Baal.

O pai de Jezabel era também sacerdote do falso deus Baal em Tiro e Sidom. O casamento dela com Acabe, rei de Israel, fora uma jogada política que serviu para ratificar uma aliança entre Tiro e Israel. Quando veio morar entre os israelitas, Jezabel continuou a adorar seu deus, Baal, levando consigo vários sacerdotes que, uma vez em Israel, atuavam com muito afinco, seduzindo quase todo o povo a se desviar da Pa-lavra de Deus. Um dos eventos

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mais conhecidos da Bíblia envolveu exatamente os profetas de Baal, a rainha Jezabel, o rei Acabe e Elias. Leia 1Reis 18.36-41. E foi exata-mente esse evento que Acabe le-vou ao conhecimento de Jezabel (1Rs 19.1). Obviamente, isso trouxe grande ira ao seu coração, o que acabou levando-a a prometer matar Elias em breve. E é aqui que a de-pressão de Elias parece ter início.

Havia, sem dúvida alguma, uma expectativa no coração de Elias por reconhecimento da parte dos reis. De alguma maneira, Elias esperou que Acabe e Jezabel se curvassem diante do poder de Deus e clamas-sem junto com o povo: “O Senhor é Deus!”. Mas não foi isso que acon-teceu. Em vez de reconhecimento, houve promessa de assassinato. Jezabel prometeu que faria com Elias o mesmo que ele fizera com os profetas de seu deus. Aqui, Elias enfrenta uma tremenda decepção.

Quando soube das palavras de Jezabel: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles”, Elias se levantou e fugiu para Ber-seba, que ficava em Judá, mais ao sul de onde estava. Passou a cami-nhar pelo deserto, distância de um dia, aproximadamente sessenta ou setenta quilômetros. Achando um zimbro, sentou-se a seus pés.

O zimbro é uma árvore que atinge de um a três metros de altura, com folhas curtas e espinhosas que raramente caem. Elias descansou

debaixo de sua sombra enquanto pensava em Jezabel e em tudo o que havia acontecido. E é aqui que Elias desenvolve os principais sin-tomas de sua depressão. Suas pri-meiras palavras para Deus foram: “Basta; toma agora, ó Senhor, a mi-nha alma, pois não sou melhor do que meus pais”, ou seja, mate-me agora mesmo, pois sou tão pecador quanto todos os que viveram antes de mim nesta nação. E, ao dizer isso, dormiu, provavelmente muito cansado de sua longa viagem.

1 - O CUIDADO QUALIFICADO DE DEUS! A primeira reação de Deus para

com Elias não foi confrontar seu pe-cado. Deus é sábio e agiu de um modo que é a sua marca: amoro-samente. Diante de qualquer si-tuação, Deus nunca deixa de agir amorosamente e todos precisam aprender com Ele a agir assim tam-bém. Deus enviou um anjo para cui-dar de Elias. Esse anjo o tocou, o chamou para se levantar e comer. De fato, não houve confrontação de pecado diante da depressão de Elias, mas uma demonstração ten-ra e amorosa de preocupação pelo estado físico daquele homem que havia caminhado muito sem comer nada. Deus cuidou de Elias, permi-tindo o descanso e enviando-lhe boa alimentação.

Após Elias comer e beber do que Deus lhe dera, voltou a dor-mir. Devia ser grande seu cansaço. Mais uma vez, o anjo o tocou e cha-

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mou para se levantar e comer, pois ainda teria de percorrer um longo caminho. Elias obedeceu à voz de Deus, levantou-se, comeu e bebeu. Depois disso, Elias, de forma im-pressionante, prosseguiu em sua viagem por mais quarenta dias até chegar ao Monte Horebe.

É interessante notar que, em meio à depressão, Deus permitiu que Elias parasse, deitasse e não deixasse de se alimentar. Se fizes-se o que estava em seu coração, teria deitado debaixo daquele zim-bro no meio do deserto, a aproxi-madamente setenta quilômetros de Berseba, ficado ali prostrado, defi-nhando e olhando para o horizonte, esperando a morte chegar.

Após obedecer a tudo o que Deus determinou, Elias entrou numa das inúmeras cavernas exis-tentes no Monte Horebe e ali pas-sou a noite. Ali também ouviu a voz de Deus dizendo a ele: “Que fazes aqui, Elias?” E sua resposta foi: “Te-nho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derri-baram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida”. Em resposta à voz de Deus, Elias apre-sentou seu lamento. Não foi uma murmuração, mas um lamento legí-timo, uma oração agradável a Deus. Seu lamento é pela morte dos pro-fetas e por sua também. Além dis-so, o primeiro motivo de tristeza de Elias foi o fato de os filhos de Israel terem deixado a aliança.

Elias amava a Deus e confia-va nEle com todo o seu coração. Sua decepção tinha várias razões e o Senhor o ouviu com atenção e amor, após cuidar dele.

2 - A RESPOSTA QUALIFICADA DE DEUS

Leia 1Reis 19.11-18. Deus que-ria se encontrar com Elias e lhe en-sinar uma lição. “Eis que passava o Senhor…”, é assim que o texto co-meça. Deus não se esconde quando um filho passa por angústia. Deus se revela! Não foi por meio de fortes ventos que batiam contra o Monte Horebe, não foi por meio de um po-deroso terremoto e muito menos por meio de uma chama de fogo. Após o barulho e a força da natureza (que bem poderiam ser a Sua poderosa voz) Deus vem e se revela a seu modo, através do murmúrio de uma brisa suave. Foi assim que o Senhor se revelou, na calma, quase no sus-surro, por meio de sons tranquilos e calmos. Elias precisava desse trata-mento: contato com o próprio Deus, alimento apropriado, bom tempo de descanso, e a direção que vem dos sons tranquilos por meio dos quais Deus fala.

Com Elias, as suas palavras são: “Que fazes aqui?”. Elias não tem o que dizer, por isso repete o que já dissera, conforme 1Reis 19.14. Deus, então, apresenta-lhe a verdade de que ele não estava sozi-nho: “Conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobra-ram a Baal, e toda boca que o não

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beijou” (v.18). Além disso, o Senhor Deus deu uma tarefa para Elias, or-denando-lhe que ungisse um novo rei na Síria, um novo rei sobre Is-rael, também um profeta que ficaria em seu lugar, pois Deus não ouviria seu pedido para morrer. Elias não morreria, jamais! O próprio Deus o levaria sem experimentar a morte para o céu (2Rs 2.11), mas antes deveria trabalhar.

Com essa experiência, apren-demos que uma depressão nem sempre deve ser tratada com con-frontação. Houve, sim, da parte de Deus, a disposição de falar, ajudar, orientar, mas não vemos a motiva-ção para o confrontamento rude e duro para com as pessoas.

Todos as pessoas, assim como nós, estão sujeitas a passar por situações de frustração, decepção e desespero. Muitas são as oca-siões em que nosso coração tem certa expectativa e acaba sendo frustrado. A decepção sempre nos chateia, e a chateação, se não for tratada, leva à depressão. A depres-são de Elias foi tratada do modo como você viu neste estudo. Se a depressão chegar em sua vida, não se esqueça: ela nem sempre é fruto de demônio ou pecado; algu-mas vezes, é consequência de uma doença física.

Muitos casos de depressão em nosso tempo, embora apresentem um pano de fundo completamente diferente do de Elias, têm os mes-mos motivos. Se você é amigo de alguém que está em depressão, aprenda com o Senhor o modo

como tratá-lo. Vá até ele, não o dei-xe só. Se for o caso, leve-o ao en-contro de um especialista. Se acon-tecer contigo e houver o mínimo de forças, não vá para uma “caverna”. Procure, sem qualquer constran-gimento, a ajuda de alguém. Lou-vemos a Deus por seu modo im-pressionante de nos ensinar a agir diante do sofrimento humano.

PARA PENSAR E AGIR:Muitos são os motivos que levam

as pessoas a pedirem a morte. Por mais que pareça algo banal para al-guns, para quem está sentindo é um motivo muito sério e deve ser consi-derado com muito carinho e paciên-cia. Nem todos possuem estrutura emocional para os revezes da vida.

Você já viveu alguma experiên-cia assim? Aproveite essa oportu-nidade e compartilhe com o grupo. Peça que os outros façam o mesmo e aproveite para ouvir a história do outro com carinho e muita atenção. Faça isso em sua classe, mas tam-bém em casa, no trabalho e com quaisquer pessoas que estejam en-frentando um problema na vida.

Leitu

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Segunda: Salmos 30

Terça: Salmos 55.16-23

Quarta: Salmos 27

Quinta: Filipenses 4.1-13

Sexta: Isaías 55.1-9

Sábado: Isaías 40.28-31

Domingo: 1Reis 19.1-18

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A DEPRESSÃO POR CONTA DO ÓDIO

Experiências de Jonas – Quando o ódio acaba com a nossa sensibilidade

LIÇÃO 8DATA DO ESTUDO

Texto Básico: Jonas 4.3

Deus mandou que Jonas fosse a uma cidade chamada Nínive, a capital do Império Assírio. Cente-nas de milhares de pessoas mo-ravam lá. Uma cidade grande em tamanho e poder. Grande também eram os pecados cometidos por lá. Tão perniciosos e ofensivos a Deus que Ele mandou Jonas pre-gar aos ninivitas sua destruição iminente, caso não se arrependes-sem. Mas Jonas, em vez de obe-decer a Deus, embarcou em um navio para Társis, no sul da Espa-nha, ou seja, para muito longe da sua missão.

No meio da viagem, o Senhor lançou um forte vento que fez com que o mar ficasse tão agitado que

quase destruiu o barco. Depois de os marinheiros terem lançado sor-te para ver quem estava trazendo a ira de seu Deus sobre aquele barco, a sorte caiu sobre Jonas. Ao perceber que o Senhor estava falando com aqueles homens por meio dessa excepcional estraté-gia, Jonas lhes pediu para que o lançassem ao mar, mas os mari-nheiros relutaram em fazer isso. Eles se esforçaram para chegar em terra firme com Jonas, mas não vendo outra alternativa, lan-çaram-no ao mar.

Um grande peixe se aproxi-mou e engoliu Jonas. Na barriga do grande peixe, Jonas orou ao Senhor e se valeu de alguns ver-

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sos dos Salmos, expressando sua confissão e arrependimento. Após orar, o texto bíblico nos diz que Deus ouviu sua oração e ordenou ao peixe que o vomitasse. Ao con-trário de Jonas, o peixe foi rápido em obedecer ao Senhor. É a partir daqui que se inicia a história da de-pressão de Jonas por causa de sua ira não resolvida.

1 - O PROBLEMA DE JONASJonas guardava em seu coração

um ódio contra a cidade de Nínive. Ele sabia dos pecados ali cometi-dos (Jn 1.2) e, no fundo de seu co-ração, torcia para que Deus, literal-mente, os mandasse para o inferno. Nínive, como já vimos, era uma cidade enorme, capital do Império Assírio. Na época de Jonas, Nínive representava o paradigma do mal. Contava com aproximadamente cento e vinte mil pessoas (Jn 4.11). Conhecida por sua violência, certa-mente Jonas considerava injusto le-var a Palavra de Deus àquele povo.

O que se espera de uma cidade assim? “Ai da cidade sanguinária, toda cheia de mentiras e de rou-bo e que não solta a sua presa!” (Na 3:1). Essas palavras foram pronunciadas contra Nínive, por intermédio do profeta Naum. Elas retratam perfeitamente o que essa cidade foi durante quase toda a história de sua existência. Só não podemos dizer “durante toda a sua existência” porque houve uma ge-ração que se arrependeu de seus pecados e se converteu ao Deus

de Israel. E, ao contrário do que poderíamos imaginar, essa grande conversão em massa de uma ci-dade inteira, conhecida no mundo todo de então, em vez de ter trazi-do alegria ao coração daquele que pregou a ela, trouxe tristeza. Afinal de contas, parece-nos que Jonas possuía outros planos para aque-la cidade, no entanto os planos de Deus eram outros.

2 - QUANDO NÃO CONCORDAMOS COM O QUE DEUS FAZ

De repente, Deus o chama para ser o missionário que deveria falar àquele povo acerca do amor do Criador por eles. Deus manda Jo-nas dizer a eles que, caso não se convertessem, seriam destruídos. Mas somente após passar pela dis-ciplina do grande peixe, Jonas obe-deceu e foi para Nínive.

O interessante é que para atra-vessar toda a cidade a pé, eram necessários três dias e Jonas le-vou um dia apenas. Percorreu-a toda em um só dia pregando sem fé alguma que conversões aconte-ceriam ali. Sua mensagem era ape-nas esta: “Em quarenta dias, Nínive será destruída” (Jn 3.4). Contudo, o que Jonas menos esperava aconte-ceu: o povo foi extremamente toca-do por Deus! Todos entenderam a gravidade de seu pecado e procla-maram um jejum; e todos, do mais novo ao mais velho, vestiram-se de pano de saco, simbolizando seu profundo arrependimento. O próprio rei de Nínive se humilhou e se arre-pendeu (Jn 3.6).

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Quando Deus viu o arrepen-dimento dos ninivitas, perdoou a todos e retirou sua palavra de des-truição. Jonas, todavia, por não ter resolvido a ira de seu coração diante do Senhor, revelou-a nesse instante. Mesmo tendo passado por uma experiência tremenda com Deus, Jonas guardava em seu cora-ção a ira pecaminosa, pecado que Deus ordena que abandonemos, pecado que nos leva a frequentes explosões.

Jonas ficou inconformado com a conversão de Nínive e chegou a di-zer: “Ah! Senhor! não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso é que me apressei a fugir para Társis, pois eu sabia que és Deus compassivo e miseri-cordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. Agora, ó Senhor, tira-me a vida, pois melhor me é morrer do que viver” (Jn 4.2-3). Por que Jonas nutria tamanha revolta no coração contra Nínive? Por que teria deseja-do a própria morte, de tanta tristeza pela conversão dos ninivitas? A ra-zão é simples: a ira de Jonas havia se transformado em ódio.

A Bíblia nos diz em Efésios 4.26 o seguinte: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Reagir a algo que nos desa-grada com profunda irritação não é o problema. A ira não é pecado. É possível discordarmos até do que Deus está fazendo e, conse-quentemente, ficarmos irados por isso – isso acontece, infelizmente.

Mas o maior problema nesta questão é o que essa ira pode desencadear. “Agora, porém, despojai-vos, igual-mente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar” (Cl 3.8).

Quando oramos pedindo perdão a Deus, ou mesmo quando perdoa-mos as pessoas, tratamos dessa ira. Ela se torna passageira. Porém, se não for bem tratada, o ódio acha lugar no coração e, a seguir, a de-pressão decorrente dele.

3 - O ÓDIO NOSSO DE CADA DIAAssim somos muitos de nós. En-

quanto não resolvermos esse peca-do em nosso íntimo, continuaremos nos irando explosiva e pecamino-samente, falando e fazendo coisas indevidas, pois muitos são os mo-tivos que nos chegam diariamente. Chegamos até a nos “arrepender”, mas não a ponto de decidirmos lu-tar seriamente contra aquele peca-do. Depois de um tempo, voltamos a fazer tudo novamente e ficamos assim, indo e voltando, até a eter-nidade. É como uma montanha-rus-sa. Eu peco, busco o perdão, peco, busco o perdão, mas não busco conhecer como abandonar definiti-vamente aquele ódio que se instala no coração.

Enquanto não buscarmos em Deus a cura para esse “pavio curto”, que insiste em habitar em nós, fica-remos presos a essa triste situação vez após vez, voltando a nos en-tristecer por conta de uma ira além

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do que deveria. E tudo isso pode ganhar raízes tão fortes a ponto de deixar a pessoa desejando a morte e outros sintomas da depressão.

4 - O REMÉDIO PARA O FIM DO ÓDIOA Bíblia nos ensina que a graça

de Deus pode curar nosso coração e, para conseguirmos essa cura, não precisamos de muita coisa. Apenas devemos nos submeter à autoridade da Palavra de Deus, re-conhecer que estamos em pecado e que precisamos da graça dEle para nos libertar desse comporta-mento danoso. A Bíblia diz que a cura consiste em nos enchermos do Espírito Santo, o único que pode controlar nossos impulsos, nossa ira, nosso coração e nossas vontades. Somente com o Espírito Santo nos dominando e nos liber-tando é que podemos ver o trata-mento desse mal.

Em Jonas, vemos como Deus está sempre silenciosamente pre-sente, mesmo ao lado de quem está com o coração cheio de ódio contra as outras pessoas. Embora o livro termine sem nos contar qual foi a reação final de Jonas, mostra--nos que Deus permanece ao lado até mesmo do insistente pecador. Sem dúvida, Deus não se alegra nem um pouco com nossos erros e pecados. De fato, nossos pecados criam uma separação entre Ele e nós. Mas o livro de Jonas nos apre-senta, ao final, um Deus pronto para socorrê-lo.

Nunca se esqueça de que exis-tem pessoas que não conseguirão isso sozinhas. Vão precisar de su-porte humano, ou seja, além de Deus, precisarão de profissionais e até medicamentos para tratar esse rancor que domina a sua mente. Não há nenhum problema em pro-curar esses recursos. O problema é manter essa “ferida” aberta, que pode “inflamar” e até matar.

PARA PENSAR E AGIR:Relatos de ódio que foram tra-

tados especialmente com a ajuda de Deus e de profissionais sempre edificam as pessoas. Se você possui alguma história assim, se não lhe for constrangedor, compartilhe com o grupo. A ira é uma reação supernatu-ral no ser humano. Aliás, ela precisa acontecer. Revela o quanto somos sensíveis às coisas que nos aconte-cem. Só precisa ser bem trabalhada.

Agora, vamos ser sinceros: Se Deus lhe mandasse para a terrível cidade de Nínive, você acha que teria uma reação diferente daquela que Jonas teve? Compartilhe com o grupo.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Salmos 4.1-4

Terça: Efésios 4.26-31

Quarta: Jonas 1

Quinta: Jonas 2

Sexta: Jonas 3

Sábado: Jonas 4

Domingo: Provérbios 22.24-25

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A DEPRESSÃO POR CONTA DA COMPARAÇÃO

Experiências de Asafe – Quando a prosperidade dos outros acaba com a nossa harmonia

LIÇÃO 9DATA DO ESTUDO

Texto Básico: Salmos 73.13

É praticamente impossível viver sem fazer comparações. A grande questão é que, na maioria das vezes, encontramos do lado de lá alguém mais bonito, mais rico ou mais inteligente, independente de sua condição religiosa. Existem muitas pessoas que não servem a Deus, blasfemam de Deus, igno-ram os valores de Deus e, mesmo assim, possuem uma aparente “vida fácil”. Possuem mais dinhei-ro, mais posições, mais bens, mais oportunidades, mais seguidores, mais “amigos”, viajam mais, fes-tejam mais, e, por fim, possuem mais “alegria” que muitos cristãos.

É bem possível que agora mes-mo você tenha em mente uma ou mais pessoas assim.

Muitos, por conta desse qua-dro, chegam a acreditar que Deus não é justo, que não se importa com a sua condição e que não re-compensa aqueles que o servem com inteireza de coração. É bem verdade que existem aqueles que sofrem com tais comparações, mas que conseguem fazer uma leitura mais real e cristã de tudo, ao ponto de vencerem todas as tristezas e revoltas que tudo isso pode provocar. Porém, se faz ne-cessário pensar naqueles cuja

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mágoa com a vida que levam é tão grande e a revolta é tão intensa que acabam adoecendo. Vivem olhando para os mais afortunados, que às vezes são da sua própria família, do seu próprio ambiente de trabalho, da sua própria vizinhança ou entre os seus próprios amigos lamentan-do sua condição, explodindo com a vida a ponto de não querer mais pertencer a este mundo.

Podemos encontrar um quadro bastante semelhante na vida de Asafe, uma pessoa que sofreu mui-to com a prosperidade dos ímpios de sua época, com a inveja que ti-nha do status que muitos desfruta-vam, mas que ele não estava nem próximo de experimentar.

1 - QUEM FOI ASAFE?Foi nomeado pelo Rei Davi para

ser responsável pelos cânticos na casa do Senhor (1Cr 6.31-40). Era levita, nomeado como principal can-tor quando a Arca do Concerto foi levada para Jerusalém e em várias ocasiões quando havia festas na-cionais (1Cr 16.5,7). Liderou os lou-vores quando Salomão consagrou o Templo que construiu (2Cr 5.12). Seu nome é encontrado no título de doze salmos (Sl 50, 73 a 83). Neste estudo, vamos destacar o de nú-mero 73. É nesse salmo que Asafe abre seu coração para nos mostrar como chegou a uma profunda tris-teza, a um coração extremamente amargurado, com dores no corpo e na alma (Sl 73.21), e como quase abandonou a fé em Deus por conta dessa depressão (Sl 73.2).

O motivo que trouxe Asafe a essa situação é o mesmo que, por muitas vezes, nos incomoda nos dias complicados em que vivemos. Em determinado momento da vida, Asafe se deu conta de que os ím-pios prosperavam mais do que ele, um homem piedoso. E isso come-çou a incomodá-lo. Bens, posses, coisas da vida que Asafe gostaria de ter e não conseguia, mas que os ímpios, em sua desonestidade, acabavam conseguindo. Aquilo re-voltou Asafe. Ele desabafa, sem vergonha alguma, com o coração cheio de inveja pela prosperidade dos perversos (v.3). Ele destaca sua vida cheia de trabalho, respon-sabilidade, preocupações e dificul-dades, e fala da vida dos perversos que prosperam (vv. 4-13).

Nas palavras “Certamente, foi--me inútil manter puro o coração...” (v.13), ele demonstra até que ponto chegou. E nos versos 15 e 16, Asa-fe nos diz que parou para pensar em tudo isso. Mas, mesmo pensan-do muito, não conseguiu uma res-posta que fizesse sentido. Ele não via resposta para essa situação, até que fez o que deveria ter feito des-de o início.

Dois aspectos precisam ser considerados neste momento: em primeiro lugar o fato de que a cor-rupção inevitavelmente faz uma pessoa enriquecer. Uma vez feita com inteligência, com planos bem articulados, com manobras bem montadas, aquele que está envolvi-

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do na maracutaia vai colher os seus frutos, sejam em dinheiro, títulos ou ascensões. Quando olhamos “de longe”, sem conhecer a origem ou os bastidores de tamanha prosperi-dade, ficamos perplexos e até inve-jamos tais condições. O fato é que os corruptos sempre estarão numa condição financeira e material aci-ma da nossa, mas a Bíblia nos mostra aonde isso vai dar.

Em segundo lugar, é fato que, in-felizmente, ainda existe um ensino muito estranho ao que colhemos da Palavra de Deus quando a estuda-mos com seriedade, que é o de que todo filho de Deus, pelo simples fato de ser filho de Deus, não pode ou não deve passar por dificuldades. Basta declarar vitória, em nome de Jesus, sobre toda dificuldade para que ela vá embora dando lugar as-sim à prosperidade e ao conforto. A Bíblia não ensina verdadeiramente assim, mas lamentavelmente este tem sido o motivo de muitos crentes entrarem em depressão. Perdem a vontade de viver apenas porque, na comparação com aquele irmão mais próspero, se acham esqueci-dos ou amaldiçoados por Deus.

2 - A GRANDE RESPOSTA DE ASAFENo verso 17, quando ele entra

no Santuário de Deus, na presen-ça do Soberano Deus que controla o mundo e tudo o que nele há, ele começa a entender as verdades por traz de todo o cenário “positivo” que ele via. Ele descobriu todo engano

que havia naquela aparente pros-peridade. O momentâneo conforto que se tem como fruto de pecado é apenas aparente e não dura muito. Só a luz de Deus nos permite ver e entender isso.

Desde aqueles dias, muitos en-ganam, traem, trapaceiam, men-tem, achando que suas vidas e ale-gria dependem disso. Na presença de Deus, Asafe entendeu que a prosperidade, fruto da desonesti-dade, é um “paraíso” disfarçado, cujo fim é dor e grande destruição (v. 18). Estes que hoje sorriem e se deleitam nos resultados da corrup-ção serão, em breve, “totalmente aniquilados de terror” (v. 19). Sua alegria é passageira. Sua prospe-ridade também. E aqueles que os invejam também serão levados pela mesma destruição. Todavia, Asafe só percebeu isso quando buscou a Deus. Foi na presença de Deus que os olhos de Asafe se abriram para perceber o engano que a mo-mentânea prosperidade dos ímpios representava.

Quando se viu na presença de Deus, Asafe entendeu que Ele é o nosso tesouro mais precioso, nossa riqueza e nossa prosperidade. Suas palavras, nos versos 25 e 26, são das mais belas em toda a Bíblia. Aqui podemos perceber o quanto o nosso olhar é definidor para a nossa saúde emocional. Não são os olhos do rosto, relacionados ao sentido da visão, mas os “olhos do coração”, ou seja, o olhar sobre aquilo que te atrai, que te anima e dá sentido à

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vida. Asafe aprendeu (e devemos aprender com ele) o que realmente é valioso para se viver.

3 - A VERDADEIRA PROSPERIDADEUma das verdades que nos aju-

da muito a não viver comparando a nossa vida com a de ninguém, e, consequentemente, não adoecer por isso, é a de que Deus, verdadei-ramente, é o maior bem que temos. Nada, nem mesmo ter uma boa saúde, pode se comparar à certeza de ser um filho amado do Senhor, tendo-o como um Deus presente em todos os momentos da vida, ajudando em todas as circunstân-cias e dando a certeza de uma vida com Ele por toda a eternidade.

Apesar de Deus revelar-se o tempo todo nas Sagradas Escritu-ras como Aquele que deseja nos en-cher de prazer e satisfação, poucos são os que encontram essa fonte de alegria no Senhor. Ele quer ser a ri-queza que ninguém jamais nos rou-bará. Um dia, a falsa e passageira alegria do mundo acabará e tomará lugar uma grande tristeza. Nesse mesmo dia, entrará na presença de Deus para viver eternamente em ri-queza, conforto, alegrias e prazeres todo aquele que hoje sofre, chora, luta com dificuldades, inclusive fi-nanceiras, e não consegue ter nes-te mundo aquilo que tanto gostaria. O Dia da Eternidade será o Dia da Verdade. É por isso que precisa-mos estar atentos ao nosso natural modo de fazer comparações.

PARA PENSAR E AGIR:O dilema de Asafe há tantos anos

perdura até hoje na vida de muitas pessoas, porque ainda existe cor-rupção, mentiras e falsas alegrias na sociedade. Algumas perguntas sempre serão importantes para nos-sa reflexão sobre esse tema: O que chama mais a atenção do seu cora-ção? O que você mais aprecia em termos de valor? Vimos na vida de Asafe o problema que se enfrenta quando fazemos comparações.

Você já passou por algo seme-lhante? Que prejuízo a comparação lhe trouxe? Seria capaz de com-partilhar com o grupo? Vimos tam-bém que Asafe aprendeu a olhar de maneira diferente o que Deus fez, quem Ele é e as suas valiosas bên-çãos. O que isso produziu na vida de Asafe?

Que o salmo 73 nos sirva de parâmetro e inspiração para se ter um coração mais voltado para o que tem real valor, nos livrando das doenças emocionais que a compa-ração pode produzir.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Provérbios 24.19-20

Terça: 1Timóteo 6.6-8

Quarta: Salmos 37.1-20

Quinta: Salmos 37.21-40

Sexta: Êxodo 20.17

Sábado: Salmos 73.1-16

Domingo: Salmos 73.17-28

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A DEPRESSÃO POR CONTA DA REJEIÇÃO E DA SOLIDÃO

Experiências de Jeremias – Quando o desprezo tira o gosto da existência

LIÇÃO 10DATA DO ESTUDO

Texto Básico: Jeremias 20.14

Existem questões na história do profeta Jeremias que precisam ser muito bem aprendidas, a fim de não nos deixar em crise e, con-sequentemente, em depressão. Fazer a vontade de Deus e ser fiel aos seus ensinos devem ser nos-sa prioridade e o nosso prazer. O grande problema é que este com-promisso pode levar a pessoa a viver momentos nada fáceis. Há uma ideia predominante de que os homens e mulheres que buscam servir a Deus e fazer a sua vonta-de, hão de ver tudo dando certo e, também, hão de desfrutar da sim-patia, consideração e respeito de todos. Afinal, ser a “voz de Deus” para o mundo é uma missão nobre e digna de ser aceita e honrada.

Muitos líderes eclesiásticos: pastores, professores, ministros, missionários ou mesmo pessoas desprovidas de títulos, mas que entendem e querem ser instrumen-tos de Deus no trabalho, na rua, na escola e aonde estiver, acredi-tam que a aceitação das pessoas será o resultado mais imediato que vão encontrar. Só que, infeliz-mente, não é bem assim. Uma das provas está na história que vamos conhecer, pelo menos parte dela, no estudo de hoje.

Jeremias, popularmente co-nhecido como o “Profeta das Lá-grimas” ou “Profeta Chorão”, cujo nome significa “O Senhor esta-belece” ou “O Senhor exalta”, foi levantado como profeta no Reino

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do Sul (Judá). Profetizou no mesmo período que os profetas Ezequiel, Sofonias e Habacuque. Em seu li-vro, encontramos sua experiência. Quando Deus o chamou para ser profeta, ainda no ventre de sua mãe (1.5), ele não queria aceitar: “Ah, Soberano Senhor! Eu não sei falar, pois ainda sou muito jovem” (1.6). O Senhor respondeu que Ele lhe daria as palavras e que traçaria os planos (1.7). Além disso, se compro-meteu a estar com Jeremias: “Não tenha medo deles, pois eu estou com você para protegê-lo” (1.8).

O Senhor também concedeu a Jeremias os recursos necessários para resistir aos ataques dos inimi-gos: “E hoje eu faço de você uma ci-dade fortificada, uma coluna de ferro e um muro de bronze, contra toda a terra: contra os reis de Judá, seus oficiais, seus sacerdotes e o povo da terra”. “Eles lutarão contra você, mas não o vencerão, pois eu estou com você e o protegerei” (1.18-19). Deus já o deixou prevenido dos esforços dos seus adversários, mas lhe deu plena certeza da Sua presença, a fim de capacitá-lo a encarar todas as dificuldades. Jeremias aceitou o de-safio e pregou ousadamente a men-sagem que o Senhor lhe deu: “O meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas pró-prias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água” (2.13). Ele ex-pôs a infidelidade e a insensatez do povo de Judá por ter abandonado a única fonte do bem e por ter corrido atrás dos ídolos vazios.

1 - A PRIMEIRA TENSÃOImagine as pessoas que fazem

parte da sua nação e da sua família se levantando contra você, a ponto de quererem acabar com sua vida? A pregação da Palavra de Deus, não poucas vezes, pode ser capaz de afetar negativamente a nossa popularidade. A mensagem corajo-sa de Jeremias irritou muita gente que não queria que seus pecados fossem expostos e condenados.

O tom de autoridade é ofensivo às pessoas rebeldes e estas, res-sentidas, geralmente recorrem a medidas para calar o mensageiro ou para acabar com ele. Jeremias sofreu muito com isso e a coisa piorou mais ainda quando o Se-nhor revelou para ele que várias pessoas estavam tramando para matá-lo, entre eles, os da sua pró-pria cidade, Anatote (11.18-23), e, o mais doloroso, os da sua própria família (12.6).

2 - A SEGUNDA TENSÃOJeremias chegou ao ponto de

sentir-se muito solitário por causa da rejeição quase universal que pas-sou. “Todos me amaldiçoam”, Jere-mias reclamou, e afirmou que não tinha feito nada para merecer isso (15.10-11). “Nunca me assentei na assembleia dos zombadores, nem me regozijei; por causa da tua mão me assentei solitário; pois me en-cheste de indignação” (15.17).

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A segunda tensão para Jere-mias foi a solidão. Foi bem duro para ele ser excluído de tudo por causa da tarefa de anunciar a pala-vra do castigo. Ninguém queria se associar a ele. E ainda veio mais um agravante: Deus o proibiu de se casar e ter filhos (16.2), ainda que tivesse uma justificativa bastante plausível (16.3-4). Enfim, a solidão seria uma bagagem que o profeta carregaria na vida.

3 - A REAÇÃO DE JEREMIASPor tudo isso, Jeremias voltou-

-se contra o Senhor: “Por que é permanente a minha dor, e a mi-nha ferida é grave e incurável? Por que te tornaste para mim como um riacho seco, cujos mananciais falham?” (15.18). Antes, Jeremias havia pregado que Deus era “fonte de água viva” (2.13), mas agora o chamou de riacho seco. Essa re-volta de Jeremias revela a dor de sua alma, ainda que o motivo fosse a nobre missão de estar fazendo a vontade de Deus, sendo profeta em meio a um povo insubordinado. Até mesmo grandes homens de Deus caem, se revoltam e se deprimem. Mas é possível afirmar que muitos desses sentimentos não possuem uma justificativa pertinente.

Uma das respostas de Deus para Jeremias mostra que o que o profeta estava vivendo, nem de longe se comparava com a triste-za do Criador ao ver o seu povo se comportando daquela maneira. “Desamparei a minha casa, aban-

donei a minha herança; entreguei a amada da minha alma na mão de seus inimigos. Tornou-se a minha herança para mim como leão numa floresta; levantou a sua voz contra mim, por isso eu a odiei” (12.7-8).

Nesse texto encontramos o Se-nhor revelando a sua dor em ver o povo que Ele tanto amava, sendo entregue nas mãos dos seus inimi-gos por conta da sua desobediên-cia. Deus estava muito triste e por isso levantou Jeremias para falar ao seu povo. Prometeu que estaria com ele, mas não prometeu e nem o livrou das adversidades que vi-riam no caminho. Tribulações fazem parte até mesmo da mais nobre incumbência. Como reagir a elas é que acaba se tornando um dos maiores desafios.

4 - OS “JEREMIAS” DE HOJE“Por que saí da madre, para ver

trabalho e tristeza, e para que os meus dias se consumam na vergo-nha?” (20.18). As palavras de Jere-mias, nesse texto, revelam o quanto estava doendo em seu coração as reações do povo de Judá contra ele. Podemos aprender, pelo menos, duas coisas aqui:

1) Devemos cuidar dos “pro-fetas” dos dias de hoje. Eles não foram chamados para falar o que gostaríamos de ouvir, mas o que precisamos. Por que Jeremias foi tratado dessa maneira? Porque suas palavras não agradaram, fo-ram duras, severas, porém vindas do Senhor e era o que aquele povo

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mais precisava ouvir para voltar a contar com a alegria de Deus.

Hoje não é diferente! O povo de Deus continua necessitando de pa-lavras verdadeiras, sinceras e até mesmo severas para continuar sen-do autêntico povo de Deus. Para tanto, Deus tem levantado homens e mulheres inspirados pelo Espíri-to Santo a cumprir esse papel. Se a mensagem é dura, mas vem de Deus, através de um instrumento de Deus, devemos honrar, agrade-cer e apoiar essa pessoa. Se não for assim, poderemos, de forma in-direta, produzir o mesmo sentimen-to de Jeremias no coração dela.

2) Devemos cuidar do nosso coração de “profeta”. Somos cha-mados por Deus para levar a sua Palavra e, por isso, precisamos es-tar preparados para as rejeições e para os desafetos que hão se sur-gir no caminho, ainda que fique-mos sozinhos no meio da multidão. Rejeição e solidão fazem parte da nossa missão. Só não podemos es-quecer especialmente de algo que Deus mesmo falou ao profeta e que nos ajuda a preparar o coração.

No capítulo 15, Jeremias per-gunta para Deus qual era o propó-sito do seu ministério. Muitas vezes essa pergunta não sai da nossa boca. Qual é a vontade de Deus para mim? Por que Deus me levan-tou? A resposta para Jeremias no versículo 20 serve para nós tam-bém: “E eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; e pele-jarão contra ti, mas não prevalece-rão contra ti; porque eu sou contigo para te guardar, para te livrar deles,

diz o Senhor”. Pode não ser da ma-neira como imaginamos, mas essa promessa é verdadeira.

PARA PENSAR E AGIR:Hoje conhecemos um pouco da

história de Jeremias, um líder que Deus levantou num tempo muito desafiador. O mesmo ser humano chamado Jeremias se mostra no ser humano que é o seu líder. As mesmas reações de Jeremias que estudamos são pertinentes a todos os líderes de hoje. Eles precisam de, pelo menos, três coisas: com-preensão, afeto e encorajamen-to. Compreenda sua posição, sua mensagem e até mesmo as suas falhas. Esteja próximo, ame-o e mostre-se presente em sua vida de alguma maneira, evitando uma pro-vável solidão. Leve sempre palavras de coragem, de força e de simpatia pelo seu esforço em ser instrumen-to de Deus para nossas vidas.

Pode ser que você tenha um lí-der bem perto de você que já esteja sofrendo com a depressão e pen-sando até em suicídio. Fique aten-to e não desperdice compreensão, afeto e encorajamento!

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Jeremias 1

Terça: Jeremias 11.1-17

Quarta: Jeremias 11.18-23

Quinta: Jeremias 12.1-4

Sexta: Jeremias 12.5-17

Sábado: Jeremias 16.1-4

Domingo: Jeremias 15.10-21

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A DEPRESSÃO POR CONTA DA DECEPÇÃO CONSIGO MESMO

Experiências de Pedro – Quando os baixos da vida nos ameaça sucumbir

LIÇÃO 11DATA DO ESTUDO

Texto Básico: Lucas 22.61,62

A vida é feita de altos e bai-xos. Muito já se leu sobre isso e esta máxima é universal, ou seja, está presente na vida de todas as pessoas, independente de idade, sexo, grau de instrução ou con-dição financeira. Quando se está em alta, saúde boa, tudo pratica-mente dando certo, a vida segue com muita tranquilidade. Quando se está em baixa, as dificuldades ganham contornos de tragédia e tudo fica cada vez mais difícil.

Hoje tomaremos como exem-plo um episódio que aconteceu com Pedro, mas antes é impor-tante entender algumas variáveis sobre a depressão.

Um episódio depressivo pode ser categorizado como leve, mo-derado ou grave, a depender da intensidade dos sintomas. Alguns dos indícios da doença são: an-siedade, alterações do apetite, de peso e do sono, dor crônica, agitação ou lentificação motora, fadiga ou perda de energia, senti-mentos de inutilidade ou de culpa, dificuldade de concentração e de tomar decisões, e, nos casos mais graves, pensamentos de morte e ideação suicida. Como estamos estudando um acontecimento na vida de Pedro, é possível perce-ber que trata-se de um caso típico de depressão moderada seguida de senso de inutilidade e culpa.

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Encontramos esse episódio em Lucas 22.54-62. Após ter afirmado com muita convicção de que esta-ria disposto a ir com Jesus para a prisão ou para a morte (Lc 22.33), o apóstolo Pedro se vê num momento bastante desafiador, em que sua convicção de outrora acabou se transformando numa fraqueza e covardia sem tamanho. Ele se vê acuado e por três vezes nega que tenha alguma relação com aquele que estava sendo preso e torturado.

1 - SEGUINDO JESUS DE LONGEDiz o texto que quando Jesus

estava sendo conduzido para a casa do sumo sacerdote, após a traição de Judas, Pedro o seguia de longe, o suficiente para lhe dar a possibilidade de negar o homem a quem havia jurado que, se mor-resse, morreria junto. Na hora da provação, não pensou duas vezes, negando-o como se nega alguém a quem não se ama. No entanto, Pedro o amava, e o olhar de Cristo fez com que seu coração se entris-tecesse dolorosamente: “Então, vol-tando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da Palavra do Senhor, como lhe disse-ra: Hoje, três vezes me negarás, an-tes de cantar o galo. Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente” (Lc 22.61,62).

O choro amargo se deu por conta de um momento de baixa, de medo, de constrangimento, de fraqueza, de uma série de reações humanas bem pertinentes quando

a gente pensa que está forte, mas na verdade, constata que está fra-co. Esse choro revela tanto a Pedro como a nós mesmos o quanto so-mos vulneráveis. Pedro, ao afirmar a Jesus que iria até a morte com Ele, criou dentro de si a ideia de que seria o discípulo acima de qual-quer coisa, uma espécie de “amigo perfeito”, que jamais o abandonaria e, certamente, ele acreditava pia-mente nisso. Só que fracassou. Não sabia o apóstolo que nem sempre somos tão fortes assim.

Podemos até manter a nossa ro-bustez emocional em alguns dias, mas em outros no mostramos frá-geis e sujeitos a errar. Foi nessa grande crise que Pedro percebeu que errou para com o seu Senhor, pecou contra Ele e, então, chora amargamente.

2 - A INUTILIDADE E A CULPA DE PEDRO

Em João 21, encontramos o mo-mento mais marcante que Pedro teve na vida quando Jesus o en-contra pela primeira vez após o epi-sódio da traição. Mas, antes mes-mo do encontro propriamente dito, numa expressão que não chama muito a atenção, vale destacar uma frase de Pedro que revela o quanto seu coração estava quebrado. A fra-se está no versículo 3 que diz: “vou pescar!”. Pedro estava se referindo a peixes, logicamente, só que ele já havia abandonado essa profissão por conta de uma outra “pescaria” que ele fora convocado, a de pes-soas para Jesus.

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Em Mateus 4.18-20 Pedro havia deixado as redes para ser, median-te o convite do mestre, pescador de homens. Daí para frente, foram momentos de discipulado autên-tico com Jesus. Longas viagens, convivência intensa, observação de sinais e maravilhas, muitos er-ros, muitos acertos, tudo capaz de construir no coração de Pedro uma paixão muito grande por Jesus e pelo seu Reino. Só que, por conta de um momento de baixa, de um vacilo, de um pecado, Pedro sim-plesmente tropeça, sente muito e volta a ser pescador de peixes, ou seja, ele volta ao mesmo lugar de onde tudo começou na sua relação com Jesus. Era pescador de peixes, tornou-se pescador de homens, mas, por conta do sentimento de inutilidade e culpa, voltou a ser pes-cador de peixes. Sua tristeza foi tão aguda que o fez abandonar o maior projeto de sua vida.

3 - DEPRESSÃO LEVE OU MODE-RADA TAMBÉM É PERIGOSA

Sentimentos semelhantes aos de Pedro podem trazer riscos sérios à saúde emocional das pessoas. Precisamos estar atentos! Muitas vezes achamos que alguns motivos são banais e não damos a devida atenção aos sintomas, achando que aquilo é uma bobagem. Na verdade, o que pode ser besteira para uns, são motivos graves para outros. Vai desde a perda de um objeto de va-lor estimativo (que não necessaria-mente possui alto valor monetário),

a opinião de alguém, a morte ou perda de um bicho de estimação, a chegada da aposentadoria até a perda do emprego, a decisão pelo divórcio, a mudança de cidade ou morte de um ente querido.

Sem falar dos pecados que co-metemos que alguns acham que são “pequenos”, mas que podem ge-rar muita culpa diante de Deus. Tudo isso pode causar um enfraqueci-mento emocional tão grande a ponto de fazer a pessoa perder o interesse por coisas que amava demais. Não se pode banalizar o que o outro sen-te diante de circunstâncias ruins ou de transgressões cometidas.

4 - A SENSIBILIDADE DE JESUSQuando lemos sobre o encon-

tro de Jesus com Pedro, em João 21, vemos o quanto Jesus estava atento à condição de Pedro. Sua conversa com ele, dentre tantos en-sinos, nos mostra como devemos proceder com aqueles que perde-ram o senso de utilidade para com a vida. Ao invés de menosprezar a tristeza de Pedro, dizendo coisas do tipo: -“pare de besteira!” ou de repreendê-lo com palavras severas sobre sua traição e seu abandono da missão, Jesus, em uma refei-ção com ele e os outros, conversa calmamente e trabalha o amor que ele, Pedro, tinha em seu coração pelo seu mestre.

Não era um amor perfeito, e Je-sus sabia muito bem disso. O nosso mestre não esperava dele um amor

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magistral, sem falhas, mas sim um amor capaz de cumprir a missão mesmo se alguma falha viesse a ocorrer. Um amor capaz de cuidar das pessoas que ele “pescaria” ao longo da sua carreira de ministro do evangelho.

O cuidado de Jesus para com Pedro mostra o quanto Ele não se ofende com a nossa humanidade. Ele sabe muito bem quem somos e, como diz o apóstolo Paulo, em Romanos 7.18-20, que o bem que queremos fazer, muitas vezes não fazemos, porém o mal que não que-remos fazer, é isso que fazemos.

Podemos nos entristecer com as nossas falhas, mas não precisamos adoecer por causa delas. Afinal, conhecemos a verdade que liberta, ela se chama Jesus Cristo, o mes-mo que foi traído por Pedro, mas que o libertou da culpa e da inuti-lidade para o Seu Reino. Depois desse encontro maravilhoso, em Atos dos Apóstolos, encontramos o mesmo Pedro pregando e quase três mil pessoas se convertendo.

Podemos observar em Jesus uma preciosa dica sobre como de-vemos tratar alguém com os sin-tomas de uma depressão leve ou moderada. Repare que Pedro não estava prostrado numa cama sem energias para trabalhar. Ele não sofria de uma depressão severa, porém estava desanimado e havia desistido de sua missão. Devemos perceber que Jesus chega com carinho, com muito amor, focando no futuro, no potencial de Pedro e

não no que havia acontecido e nem nas suas limitações. Assim pode-mos proceder com aqueles que so-frem este tipo de mal.

PARA PENSAR E AGIR:Os altos e baixos são comuns

a todas as pessoas. As tristezas oriundas dos momentos de baixa também são bem pertinentes, mui-tas delas fazendo a pessoa perder o gosto por coisas importantes.

Você seria capaz de comparti-lhar com o grupo alguma vivência neste sentido e como conseguiu su-perá-la (caso tenha conseguido)? Outra boa pergunta: O que verda-deiramente ofende o coração de Deus: o pecado ou o pecador? Jus-tifique sua resposta para o grupo.

Faz muito bem entender o que a tristeza pode provocar na vida de uma pessoa, ainda que seja uma reação natural. Faz bem também entender como Deus olha para as pessoas e o que Ele está disposto a fazer por elas através de nós. Pre-cisamos crer que, se soubermos li-dar com essas demandas, seremos instrumentos poderosos de ajuda.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Salmos 86

Terça: 1João 1.4-9

Quarta: Efésios 4.27-32

Quinta: Colossenses 1.13-23

Sexta: Lucas 22.1-34

Sábado: Lucas 22.47-62

Domingo: João 21.1-17

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O RISCO DA DEPRESSÃO POR CONTA DAS TRIBULAÇÕES

Experiências de Paulo – Quando as inevitáveis adversidades nos ameaça derrubar

LIÇÃO 12DATA DO ESTUDO

Texto Básico: 2Coríntios 4.8

Muitas pessoas pensam que tornar-se um cristão significa es-tar livre de angústias e sofrimen-tos. Isso nunca foi e nunca será verdade. Ainda que alguns seg-mentos evangélicos insistam em afirmar que um cristão verdadeiro não pode conhecer o sofrimento pelo fato de ser filho de Deus, e se o conhece é por conta de pe-cados ocultos, sabemos bem que, lidando honestamente sobre esse assunto, nem mesmo Cristo nos disse que jamais sofreríamos.

Estamos sim sujeitos a todo tipo de sofrimento que se possa imagi-nar: doenças, morte de pessoas queridas, depressão, acidentes, desemprego, perseguições, etc.

O cristão não está livre de abso-lutamente nada disso. O próprio apóstolo Paulo também passou por momentos angustiantes e de grande tristeza. Sabemos, através de suas cartas, que sua caminha-da não foi nada fácil.

1 - É POSSÍVEL TER UMA VIDA SEM TRIBULAÇÕES?Por mais que sejamos alguém

como o próprio Paulo, um homem dedicado ao seu chamado, santifi-cado, procurando viver para a gló-ria de Deus, perseguido por sua fé, alguém com plenas condições de dizer para outros que o sigam, que o imitem, uma pessoa sepa-

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rada por Deus para levar o Evange-lho a muitos países e a milhares de pessoas, não estaremos livres das aflições e tribulações deste mundo. Assim como Cristo não esteve livre de sofrimentos, Paulo sabia disso. Por isso, não o vemos reclamando de suas adversidades. Muito menos o vemos prometendo aos outros uma vida sem tristeza, tempestade ou angústia.

Paulo pregou a verdade, e isso lhe trouxe muitos problemas. Há momentos, inclusive, em que ele afirma que, no seu caso, o morrer seria lucro, mas que, enquanto es-tivesse vivo, seu viver seria Cristo (Fp 1.21). Em sua segunda carta aos Coríntios, no capítulo 4, Pau-lo afirma que, em sua caminhada neste mundo, passou por muitas tribulações e provações. “O fato é que em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perse-guidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo”. (2Co 4.8-10).

Precisamos fazer este destaque do texto: “em tudo somos atribu-lados...” A palavra que o apóstolo usa no grego é “tlibou”, que signi-fica sofrer duramente, ser posto em grande prova. Esse estado é carac-terístico de pessoas que precisam desesperadamente de socorro ex-terno. Um estado em que todos na-turalmente clamariam por socorro.

Mas existe algo digno de muita atenção: é que toda a tribulação que cerca os cristãos, não haveria de necessariamente gerar neles angústia. Isso é estranho, humana-mente falando. Problemas geram angústia. Como as tribulações so-fridas pelos cristãos não gerariam angústia em suas almas?

Paulo faz distinção, portanto, entre tribulação e angústia. Obvia-mente, creio que Paulo não está tratando aqui do nível de angús-tia que é natural a todos os seres humanos em situações imediatas. No momento imediato em que re-cebemos uma notícia muito triste, naturalmente somos tomados por ansiedade e angústia. Isso é natu-ral e não é pecaminoso. Deus nos fez assim. Isso vale quando fica-mos sabendo (ou mesmo nos lem-bramos) de algo que nos sucederá no futuro e que não temos controle nem domínio. Em tais situações, somos naturalmente tomados por ansiedade e angústia.

A grande questão é que essa ansiedade não pode ser duradou-ra. Quando estamos bem e temos comunhão com o Espírito Santo de Deus, passados os momentos ini-ciais, ela é retirada de nós. Nossas mentes e almas são tomadas por uma paz que ninguém compreen-de e nem é capaz de explicar. Essa paz vem de Deus e guarda o ser humano de pecar e adoecer em consequência da ansiedade ou da angústia.

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Em vários momentos, Paulo recorda seus leitores acerca des-sa paz – sentimento que esteve presente na vida dele em muitos momentos. Mesmo ciente da pre-sença dessas tribulações em sua vida, Paulo deixa claro que nunca se sentiu destruído, desanimado ou desamparado. Por quê? Porque Paulo se via como um ser humano. Ele chega a se comparar a um vaso de barro, cheio de imperfeições e de rachaduras por conta dos tom-bos da vida. Ele nos conta de como esse vaso era cheio de um tesouro. Deus era o tesouro que enchia sua vida. E isso fez com que Paulo não se sentisse desamparado nem de-sanimado em meio às provações.

No início de sua segunda carta aos Coríntios, ele nos fala de um momento de grande sofrimento e da lição que esse episódio lhe trouxe. Ele chega ao ponto de se desespe-rar. “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribula-ção que nos sobreveio na Ásia, por-quanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos” (2Co 1.8-9). Essa pas-sagem é muito mal compreendida, pois esses versos têm servido de base a muitas pessoas que susten-tam a ideia de que o apóstolo Paulo chegou ao ponto de pensar em tirar a própria vida para acabar com seu sofrimento. Mas será que foi real-mente isso que ele quis dizer aqui?

Precisamos lembrar que Paulo não foi o único servo do Senhor a passar situações assim. Tanto no Antigo quanto no Novo Testa-mento, muitas pessoas tementes a Deus também enfrentaram desen-corajamento e desespero. Todavia, todas conheceram o outro lado do desespero: a paz que só vem do nosso Deus.

O significado da palavra deses-pero que o apóstolo usa no texto que lemos é: “estar totalmente per-dido, estar totalmente desprovido de recursos, renunciar a toda a es-perança, estar em grande desespe-ro”. Era assim que Paulo se sentia. Isso era muito comum em sua ca-minhada. Durante todo o tempo, ele estava às voltas com prisões, sur-ras, calúnias, perseguições e aban-donos. Além de ser alguém ferido por amigos na própria alma, aban-donado por vários deles, foi um homem justo e correto que, muitas vezes, se viu preso impropriamen-te. Não raro, suas prisões acon-teciam logo após surras, nudez e xingamentos. Tudo isso porque ele estava fazendo a vontade de Deus.

É de se esperar, portanto, que Paulo, em algum momento, se sentisse desesperado. É de se entender que houvesse momen-tos de grande angústia em sua vida. Nenhum ser humano é ca-paz de suportar, insensível, as tribulações e intempéries da vida. Paulo, o grande servo do Senhor, conheceu a tristeza por conta dessas tribulações.

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2 - O GRANDE PERIGOÉ nessa situação que muitos

entram em depressão. Ela não surge do nada na vida de alguém. A menos que a depressão venha por conta de problemas hormonais ou hereditários (parentes próximos com histórico de doenças mentais), a depressão sempre tem como cau-sa algum episódio dramático. Curio-samente, nem sempre a pessoa é capaz de reconhecer o que deu iní-cio à depressão. Não raro, o estado depressivo chega após momentos de intenso desespero.

Como cristãos, não podemos esperar uma vida isenta de tribula-ções e sofrimentos. O próprio Se-nhor Jesus disse que, neste mundo, teríamos aflições (Jo 16.33). Assim, mesmo que, hoje, você esteja vi-venciando momentos de paz, não se espante quando as tempestades chegarem. Elas chegarão como chegaram a todos os homens e mu-lheres de Deus no passado. Só sai-ba distinguir tribulação de angústia. A tribulação, na maioria das vezes não pode ser controlada, a angús-tia, geralmente pode ser controlada à medida em que entendemos o quanto a tribulação é inevitável e, sobretudo, no quanto acreditamos que o Senhor não nos abandonou. Cheios da presença de Deus será bem mais fácil atravessar os mo-mentos difíceis.

É aqui que prevalece o texto de Filipenses 4.13. Podemos todas as coisas quando estamos fortalecidos pelo Senhor. Todas as coisas boas e ruins. Vale pensar que situações di-fíceis na vida nada mais são do que

ferramentas que Deus usa para dei-xarmos de confiar em nós mesmos, para abandonarmos a autoconfian-ça, a autocomiseração, a autoglori-ficação, o orgulho e a teimosia, bem como a crença de que somos o que somos por mérito próprio.

Com frequência, o sofrimento é usado por Deus para lapidar algo em nossa vida. Provas e tribulações são usadas por Deus para purificar nossa vida daquilo que não o glori-fica. Isso encontramos nas palavras do próprio apóstolo: “Portanto, já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiásse-mos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos” (2Co 1.9).

PARA PENSAR E AGIR:Não adianta se enganar. Como

disse Jesus, no mundo teremos afli-ções. Você já teve alguma experiên-cia de, diante de uma adversidade, se sentir totalmente perdido, sem saber o que fazer e completamente desprovido de recursos que podiam ajudá-lo? Como você tratou da an-gústia que isso lhe causou? Com-partilhe com o grupo. Como a fé em Deus pode nos ajudar nas inevitá-veis tribulações?

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Salmos 9:1-10

Terça: Salmos 46

Quarta: Salmos 31

Quinta: Romanos 8.1-23

Sexta: Romanos 8.24-39

Sábado: 2Coríntios 4.8-10

Domingo: Filipenses 4.10-13

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O RISCO DA DEPRESSÃO POR CONTA DA ANSIEDADE

Experiências dos Filipenses – Orientações de Paulo para não corrermos esse risco

LIÇÃO 13DATA DO ESTUDO

Texto Básico: Filipenses 4.6

A ansiedade verdadeiramente tem sido uma das maiores causas da depressão em nosso tempo. Em todo o tempo vemos gente preocupada e irrequieta diante de situações que lhe provocam dú-vidas ou medo. São as emoções que não andam bem, são os ne-gócios que não estão como es-peravam, são problemas de difícil solução na família, são contas a pagar, perguntas sem respostas, enfim, motivos não faltam para nos deixar ansiosos nesses dias loucos em que vivemos.

A ansiedade é tida como uma das principais razões para as pessoas desenvolverem doenças psicossomáticas e encherem os hospitais. E isso não vem de ago-

ra. Na Bíblia encontramos várias histórias de pessoas que sofrem no corpo, fisicamente, por causa de problemas na alma que não foram bem resolvidos. Quem nun-ca lidou com a ansiedade? Quem nunca lutou contra a angústia? Os problemas e as aflições, com-panheiros inseparáveis de todo e qualquer ser humano, não podem ser simplesmente esquecidos e abandonados. Lidaremos e lutare-mos contra angústias até o fim das nossas vidas.

É lógico que uma dose peque-na e natural de ansiedade é sau-dável para todos, afinal, diante das adversidades é muito comum reagirmos com a devida preocu-pação. O problema é quando ela

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cresce, tornando-se insuportável e incontrolável, fazendo da existência de uma pessoa algo insuportável.

1 - A ANSIEDADE DOS FILIPENSESUm dos motivos que fez Paulo

escrever aos filipenses foi a an-siedade com que aqueles irmãos estavam vivendo. Mesmo preso, o Espírito Santo inspira o apóstolo a escrever algo que pudesse tratar os motivos que estavam severamente assolando aqueles corações. Afinal, motivos não faltavam: havia perse-guição do Império Romano contra o cristianismo, havia egoísmo e vaidade entre os irmãos da Igreja e havia falsos mestres confundindo as mentes dos crentes. Da prisão, Paulo percebeu que os cristãos em Filipos estavam se esquecendo da soberania de Deus sobre todas as coisas que acontecem no mundo e por isso os convoca a se alegrarem. Mesmo da prisão, Paulo fazia ques-tão de exortá-los a desfrutarem da alegria e da paz que, em Cristo, to-dos nós podemos ter.

Não havia motivo para tanta ansiedade entre os filipenses. Ob-servemos as palavras do apósto-lo: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Se-nhor. Não andeis ansiosos por coi-sa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a

paz de Deus, que excede todo o en-tendimento, guardará o vosso cora-ção e a vossa mente em Cristo Je-sus. Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitá-vel, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtu-de há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensa-mento. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco” (Fp 4.4-9).

Paulo lembra que o verdadeiro cristão não tem motivo para viver mergulhado na ansiedade. Uma coisa é ficarmos angustiados por aquilo que pode acontecer amanhã. Outra, bem diferente, é permane-cermos angustiados por semanas ou meses. A ansiedade pode ser bem tratada, de acordo com as pa-lavras de Paulo. Depois de tê-los chamado à alegria, chama-lhes a não viverem ansiosos, bastando, para isso, que tenham uma vida de oração. Segundo o apóstolo Paulo, uma vida de oração pode curar-nos da ansiedade, caso ela ainda este-ja em seu estágio inicial. Por quê? O que está por trás da ansiedade?

2 - COMPREENDENDO A ANSIEDADE: OUTRO PONTO DE VISTA A Palavra de Deus nos fala que,

por trás da ansiedade, encontra--se possivelmente um grave erro: a desconfiança (ou descrença) na soberania de Deus. Note a expres-

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são “possivelmente”. Pode existir ansiedade que não decorra dessa falha, no entanto, é possível que, em muitas situações, ela esteja as-sociada à incredulidade. Ser crente não nos blinda contra a incredulida-de. Quantas vezes deixamos Deus de lado na busca da solução de um problema, agindo até como se Ele nem existisse. Vamos vivendo sem consultá-lo em oração.

Desconsiderar a bondade e o poder de Deus no meio de uma tri-bulação nos torna incrédulos, não importa quão crentes afirmamos ser. A fé que não é posta em prá-tica pode atestar muitas coisas, e uma delas é sua desconfiança do agir ou da ajuda de Deus. A ansie-dade mantida e cultivada por mui-to tempo é sinal de que, em algum momento, deixamos de crer naquilo que aprendemos e cremos a res-peito do poder e da bondade de Deus. É muito importante olharmos para a ansiedade também desse ponto de vista. Ela pode ser fruto de uma negligência no que diz respeito à fé nos atributos da bondade e da soberania divinas.

É isso que Paulo quer que os filipenses recordem. Por isso a exortação de recorrerem a Deus na hora da ansiedade, de orarem. O problema é que a maioria das pes-soas afirma que, nos momentos de tribulação, não conseguem encon-trar forças para orar ou ler a Bíblia. A incredulidade torna-se tão gran-de que, muitas vezes, faltam forças até para fazer o que a Bíblia ensina.

É daí que vem, então, a pior solu-ção: a vontade de morrer.

3 - AS POSSIBILIDADESPrecisamos apresentar a Deus,

em oração, diariamente, os motivos que nos trazem ansiedade, pois, se não for assim, ela vai nos consu-mir. Tudo o que lhe preocupa deve ser apresentado a Deus por meio de “oração e súplica com ações de graças” (Fp 4.6). Paulo, através desse versículo, nos orienta a um grande passo: falar com Deus por meio da oração. Orar nos torna de-pendentes e nos coloca diante de quem nos criou, de quem nos co-nhece e tem todo o poder para fazer o que bem entender de nossa vida. Oramos não para que as coisas se tornem conhecidas para Deus que já sabe de tudo, mas para nos tor-narmos cada vez mais conscientes dos nossos problemas.

É diante de Deus que devemos tornar conhecidas nossas petições. Precisamos apresentar-lhe tudo o que nos incomoda. Essa é a melhor providência que podemos tomar para que a ansiedade não nos de-vore. Ao buscá-lO, a orientação de Paulo é que, imediatamente após a súplica, haja gratidão e ações de graças. Devemos reconhecer, con-tudo, que não se trata de tarefa sim-ples nem comum. Reconheçamos que é difícil orar quando tudo vai mal. Mal encontramos energia para ir além das súplicas. E então, como agradecer nos momentos de angús-

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tia? O que agradecer nos momentos de ansiedade e medo? Realmente, esse é o grande diferencial do con-selho de Paulo aos filipenses.

Creio que esse “remédio” é o que pode fazer diferença na vida de quem já buscou tantas coisas, mas sem conseguir sucesso. Não é possível encontrar a paz sem que haja gratidão. Mas por qual motivo agradecer? Para agradecermos, é necessário que nos lembremos de fatos do passado. Não de quais-quer fatos, mas daqueles que fo-ram objeto de nossa preocupação e de nosso anseio. Fatos que nos levaram à oração e à intercessão. Fatos que nos levaram a buscar a Deus como única fonte de socorro, livramento e solução. Cada um de nós possui na memória os fatos do passado em que Deus nos aten-deu. Se parássemos agora mesmo e começássemos a pensar em nos-so passado, quanta gratidão viria? Quantas vezes Deus atendeu às nossas orações?

Tudo isso, conforme o versícu-lo 7 do mesmo capítulo, nos trará a paz que excede todo o entendi-mento. Essa paz tem o poder de guardar a mente e o coração de qualquer pessoa em ansiedade. É interessante que tudo aquilo que precisamos nos momentos de an-gústia é de paz. Paz que nos aju-de a manter a mente tranquila para pensar e o coração calmo diante da certeza de que tudo ficará bem ao final. Só em Cristo podemos ter paz em meio às tempestades.

PARA PENSAR E AGIR:Não podemos e nem devemos

viver como se os problemas não existissem. Precisamos encará-los de frente! O grande desafio está em fazermos isso sem comprometer-mos o desempenho dos nossos pa-péis na vida. Que bom que podemos contar com a ajuda do Livro da Vida para isso. Que ótimo poder conhe-cer um apóstolo que, mesmo tendo todos os motivos para mergulhar na tristeza e na revolta, resolveu escre-ver a Carta da Alegria, nos incen-tivando e nos direcionando a pos-turas nada impossíveis de serem vivenciadas, a fim de que não ande-mos ansiosos por coisa alguma.

Cabe algumas perguntas: o que te impede de orar? O que te impe-de de confiar em Deus em tudo? O que te impede de agradecer a Deus por tudo? Provavelmente a resposta será: “nada!”. Então precisamos re-fletir: por que será que a ansiedade é uma marca tão encontrada na vida dos crentes hoje? Seria uma marca sua também? Compartilhe sua opi-nião e suas dificuldades e os motivos de sua ansiedade com o grupo.

Leitu

ra Di

ária

Segunda: Salmos 65

Terça: Salmos 74

Quarta: Salmos 94

Quinta: Salmos 34

Sexta: Salmos 3

Sábado: Salmos 23

Domingo: Filipenses 4.4-9

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Revista da Convenção Batista Fluminense

Ano 16 - n° 64 - Janeiro / Fevereiro / Março - 2020

Diretor Executivo: Pr. Dr. Amilton Ribeiro Vargas

Diretoria da Convenção Batista Fluminense:

Presidente: Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca

Primeiro Vice-Presidente: Pr. Geraldo Geremias

Segundo Vice-Presidente: Dcª Lindomar Ferreira Da Silva

Terceiro Vice-Presidente: Pr. Dario Francisco De Oliveira

Primeira Secretária: Lilia Matilde Freichos Godoy

Segunda Secretária: Lina Silvana De Abreu Xavier De Oliveira

Terceiro Secretário: Pr. Paulo Cesar Conceição Dos Santos

Quarto Secretário: Pr. Ozéas Dias Gomes Da Silva

Diretor de Educação Religiosa:

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Redator: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda

Revisão Bíblico Doutrinária: Pr. Jailton Barreto Rangel

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Revisão e copidesque: Edilene Oliveira

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Currículo 2020

Primeiro TrimestreTRATAMENTO BÍBLICO: Ansiedade e DepressãoPr. Eduardo Luiz de Carvalho Faria

Segundo TrimestreOS DEZ MANDAMENTOS PARA OS DIAS ATUAISPr. Romilton Lourenço

Terceiro TrimestreEXERCENDO A MORDOMIA CRISTÃPr. Mauro Stélio Sanches

Quarto TrimestreCARTAS DE PAULOPr. Ronaldo Silveira Mota

Algumas Igrejas poderão estar recebendo mais revistas que o número de jovens e adultos matriculados na EBD ou em outro grupo de estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção

se for este o seu caso. Queremos investir seu dízimo também em outros projetos.

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