TRATAMENTO CIRÚRGICO DA PANCREATITE CRÔNICA...

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i MARTINHO ANTONIO GESTIC TRATAMENTO CIRÚRGICO DA PANCREATITE CRÔNICA COM A TÉCNICA DE FREY: ANÁLISE DOS RESULTADOS CAMPINAS 2010

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MARTINHO ANTONIO GESTIC

TRATAMENTO CIRÚRGICO DA PANCREATITE CRÔNICA COM A TÉCNICA

DE FREY: ANÁLISE DOS RESULTADOS

CAMPINAS

2010

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MARTINHO ANTONIO GESTIC

TRATAMENTO CIRÚRGICO DA PANCREATITE CRÔNICA COM A TÉCNICA

DE FREY: ANÁLISE DOS RESULTADOS.

Dissertação de Mestrado apresentada à

Pós-graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Universidade Estadual de

Campinas para obtenção do título de

Mestre em Ciências da Cirurgia.

ORIENTADOR: PROF. DR. ELINTON ADAMI CHAIM

CO-ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ CARLOS PAREJA

CAMPINAS

Unicamp

2010

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA

BIBLIOTECA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP

Bibliotecária: Sandra Lúcia Pereira – CRB-8ª / 6044

Título em inglês: Surgical treatment of chronic pancreatitis by Frey

procedure: analysis of results.

Keywords:

Pancreatitis

Chronic disease

Pancreas, surgery

Abdomen, surgery

Pancreatojejunostomy

Titulação: Ciências da Cirurgia

Área de concentração: Fisiopatologia cirúrgica

Banca examinadora:

Prof. Dr. Elinton Adami Chaim

Prof. Dr. João José Fagundes

Prof. Dr. José Jukemura

Data da defesa: 25-08-2010

Gestic, Martinho Antonio

G334t Tratamento cirúrgico da pancreatite crônica com a técnica de Frey:

análise dos resultados / Martinho Antonio Gestic. Campinas, SP :

[s.n.], 2010.

Orientadores: Elinton Adami Chaim; José Carlos Pareja

Dissertação ( Mestrado ) Universidade Estadual de Campinas.

Faculdade de Ciências Médicas.

1. Pancreatite. 2. Doenças crônicas. 3. Pâncreas - cirurgia.

4. Abdome - cirurgia. 5. Pancreatojejunostomia. I. Chaim,

Elinton Adami. II. Pareja, José Carlos. III. Universidade Estadual

de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. IV. Título.

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Aos meus pais, Antonio e Enedi, e aos

meus irmãos, Márcia e Marcelo. A vocês

que acompanharam meu crescimento e

muitas vezes renunciaram aos seus sonhos

para que os meus se realizassem.

A Patrícia Franco Leal, inestimável e

amada companheira, por todo o amor,

carinho, dedicação e paciência que dedicou

a mim ao longo de todos esses anos juntos.

Muitíssimo obrigado.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pela credibilidade

depositada e por ser a casa que me acolheu ao longo dos últimos 14 anos entre graduação,

residência médica e mestrado, e que tornou possível a minha formação profissional,

garantindo meu crescimento pessoal.

Ao Prof. Dr. Elinton Adami Chaim, Professor Livre-Docente do Departamento de

Cirurgia, Grupo de Cirurgia do Pâncreas e Vias Biliares da Disciplina de Moléstias do

Aparelho Digestório (FCM-UNICAMP), pelo privilégio de tê-lo como orientador e amigo.

Pela confiança, incentivo e estímulo à atividade acadêmica. Por ter contribuído tão

intensamente para minha formação profissional e, sobretudo, ter me convidado ao convívio

diário com o ensino e a pesquisa. Agradeço a confiança depositada ao me tornar assistente

do Grupo de Pâncreas e Vias Biliares desta instituição, conferindo a mim responsabilidades

que me engradeceram como profissional e como pessoa. Agradeço pela amizade

consolidada ao longo desses anos de convivência, o que tornou o desenvolvimento deste

trabalho uma honra e um prazer.

Ao Prof. Dr. José Carlos Pareja, Docente do Departamento de Cirurgia, Chefe do

Grupo de Cirurgia do Pâncreas e Vias Biliares da Disciplina de Moléstias do Aparelho

Digestório (FCM-UNICAMP), inestimável mestre, co-orientador e amigo, pelo exemplo da

dedicação extrema à leitura e ao estudo permanente, pelos questionamentos incessantes e

pela inquietude acadêmica. Por sempre me incentivar e não me deixar ceder ao comodismo

e ao conformismo. Agradeço pela confiança ao me convidar a fazer parte desta instituição

como seu assistente e de me dar o privilégio do seu convívio diário.

Ao Prof. Dr. Francisco Callejas Neto, Docente do Departamento de Cirurgia,

Grupo de Cirurgia do Pâncreas e Vias Biliares da Disciplina de Moléstias do Aparelho

Digestório (FCM-UNICAMP), professor e amigo, pelo incentivo ao aperfeiçoamento

constante, em especial pela oportunidade de continuidade de sua linha pesquisa e por ceder

a casuística de pacientes que tornou possível a elaboração desta pesquisa. Esta dissertação

de mestrado é uma forma de agradecimento a toda sua dedicação como mestre e médico

cirurgião.

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Aos três Mestres do Grupo de Cirurgia do Pâncreas e Vias Biliares, expresso meus

maiores agradecimentos e o mais profundo respeito, os quais sempre serão poucos, diante

do muito que me foi oferecido.

Ao Prof. Dr. Nelson Adami Andreollo, Professor Titular Disciplina de Moléstias

do Aparelho Digestório (FCM-UNICAMP), pela inestimável contribuição em minha

formação acadêmica, e pelo exemplo de dedicação e trabalho junto à Universidade.

A todos os professores que contribuíram para minha formação cirúrgica e que

sempre me estimularam a realizar essa pós-graduação e a seguir na carreira acadêmica, em

especial: Prof. Dr. Juvenal Ricardo Navarro Góes (in memoriam), Prof. Dr. João José

Fagundes, Prof. Dr. Luiz Roberto Lopes, Profa. Dra. Ilka de Fátima S. Ferreira Boin,

Prof. Dr. Cláudio Saddy Rodrigues Coy, Prof. Dr. Marco Antonio O. Peres, Profa.

Dra. Maria de Lourdes S. Ayrizono. O incentivo, apoio e exemplo dos Srs. foram muito

importantes para mim.

Aos pacientes desta pesquisa, que contribuíram para o desenvolvimento deste

trabalho, possibilitando o aprimoramento científico das técnicas médicas. Muito obrigado.

A Patrícia Franco Leal, doutora em Engenharia de Alimentos (FEA-UNICAMP),

amada companheira, pelo incentivo e pelo inestimável auxílio na organização e editoração

deste trabalho.

Aos grandes amigos e companheiros Murillo Pimentel Utrini e Everton Cazzo,

Médicos Cirurgiões do Aparelho Digestivo, com quem tive o privilégio de conviver ao

longo desses últimos anos, e que sempre me incentivaram a desenvolver esse trabalho,

contribuindo inúmeras vezes para a sua conclusão. A nossa amizade torna os meus dias de

trabalho mais fáceis e prazerosos.

A Lucindo Franco Leal, analista de sistemas, pelo desenvolvimento do programa

de banco de dados informatizado que permitiu a organização dos dados para que este

trabalho fosse realizado.

A Daniela Magro, nutricionista, pela amizade e incentivo a conclusão deste

trabalho e pelos ensinamentos em estatística que muito me enriqueceram.

A Cleide A Moreira Silva, do Setor de Estatística da FCM-UNICAMP, pela

contribuição nas análises estatísticas deste trabalho.

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A Paula Lea F. C. Ferreira, secretária da Comissão de Pós-graduação em Ciências

da Cirurgia, pela ajuda e empenho na conclusão deste trabalho.

Aos funcionários do Serviço de Arquivo Médico (SAM), pela gentileza no

tratamento nas longas horas de dedicação na extração de dados dos prontuários médicos.

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“Aprender é a única coisa de que a

mente nunca se cansa, nunca tem medo e

nunca se arrepende.”

Leonardo da Vinci

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 31

1.1 - Patologia .............................................................................................................................. 37

1.1.1 - Teoria Tóxico-metabólica ............................................................................................. 37

1.1.2 - Teoria do Estresse oxidativo ......................................................................................... 38

1.1.3 - Teoria do Cálculo e da Obstrução Ductal ..................................................................... 39

1.1.4 - Teoria da Necrose-Fibrose ............................................................................................ 40

1.1.5 - Teoria do Evento de Pancreatite Aguda Sentinela ........................................................ 40

1.1.6 - Fatores Genéticos ......................................................................................................... 42

1.2 - Diagnóstico .......................................................................................................................... 43

1.2.1 – História Clínica ............................................................................................................ 43

1.2.2 – Exames Laboratoriais .................................................................................................. 44

1.2.3 - Exames de Imagem ...................................................................................................... 46

1.2.3.1 - Ultrassonografia endoscópica (US-EDA) .............................................................. 46

1.2.3.2 - Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) .................................... 46

1.2.3.3 - Radiografia simples do abdome ............................................................................ 47

1.2.3.4 - Ultrassonografia de abdome (US) ......................................................................... 48

1.2.3.5 - Tomografia computadorizada (TC) ....................................................................... 48

1.2.3.6 - Ressonância nuclear magnética (RNM) ................................................................ 49

1.3 - Tratamento Clínico .............................................................................................................. 50

1.3.1 - Reposição Enzimática .................................................................................................. 50

1.3.2 - Controle da Dor ............................................................................................................ 51

1.3.3 - Bloqueio nervoso do plexo celíaco ............................................................................... 53

1.3.4 - Tratamento Endoscópico .............................................................................................. 53

1.3.5 – Tratamento Cirúrgico ................................................................................................... 55

2 – OBJETIVOS .............................................................................................................................. 67

2.1 Objetivos Gerais .................................................................................................................... 69

2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................. 69

3 - CASUÍSTICA E MÉTODOS ..................................................................................................... 71

3.1- Seleção dos Pacientes ........................................................................................................... 73

3.1.1 – Critérios de Inclusão .................................................................................................... 73

3.1.2 - Critérios de Exclusão .................................................................................................... 74

3.2 - Critérios de indicação cirúrgica do Serviço ......................................................................... 74

3.2.1 - Critérios Diagnósticos: Exames de Imagem ................................................................. 74

3.2.2 - Critérios Clínicos de Indicação Cirúrgica ..................................................................... 75

3.3 - Pacientes selecionados ......................................................................................................... 76

3.4 - Análise dos Dados ............................................................................................................... 76

3.5 - Análise Estatística ................................................................................................................ 89

3.6 – Submissão do Estudo para Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa............................. 90

4 - RESULTADOS .......................................................................................................................... 91

4.1 – Etiologia .............................................................................................................................. 94

4.1.1 - Alcoolismo ................................................................................................................... 94

4.1.2 - Tabagismo .................................................................................................................... 95

4.2 - Clínica ................................................................................................................................. 95

4.2.1 - Abstinência alcoólica.................................................................................................... 96

4.2.2 – Dor abdominal ............................................................................................................. 96

4.2.3 - Icterícia e Colestase ...................................................................................................... 98

4.2.4 – Peso e Emagrecimento ................................................................................................. 99

4.2.5 - Esteatorréia e Insuficiência Pancreática Exócrina ...................................................... 100

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4.2.6 - Insuficiência pancreática endócrina (Diabetes) .......................................................... 100

4.2.7 - Hipoalbuminemia ....................................................................................................... 101

4.2.8 - Internações Prévias ..................................................................................................... 102

4.2.9 - Comorbidades............................................................................................................. 102

4.2.10 - Classificação Anestésica........................................................................................... 104

4.3 - Avaliação Diagnóstica Complementar ............................................................................... 104

4.3.1 - Avaliação Endoscópica Pré-operatória ....................................................................... 104

4.3.2 - Avaliação Radiológica Pré-operatória ........................................................................ 105

4.4 - Intervenções Pré-operatórias .............................................................................................. 107

4.5 - Cirurgia .............................................................................................................................. 108

4.5.1 - Achados Intra-operatórios .......................................................................................... 108

4.5.2 - Enucleação da Cabeça Pancreática ............................................................................. 109

4.5.3 - Intercorrências Intra-operatórias ................................................................................. 110

4.5.4 - Procedimentos Adicionais .......................................................................................... 110

4.5.6 - Evolução Pós-operatória Precoce ............................................................................... 112

4.5.6.1 - Morbidade Cirúrgica ........................................................................................... 112

4.5.6.2 - Transfusão Sanguínea ......................................................................................... 115

4.6 - Seguimento ambulatorial pós-operatório ........................................................................... 115

4.7 - Complicações Cirúrgicas Tardias ...................................................................................... 116

4.8 - Complicações Biliares Tardias .......................................................................................... 116

4.9 - Controle da Dor Abdominal............................................................................................... 116

4.10 - Peso ................................................................................................................................. 117

4.11 - Função Pancreática .......................................................................................................... 118

4.11.1 - Função Exócrina ....................................................................................................... 119

4.11.2 - Função Endócrina ..................................................................................................... 122

4.12 - Recidiva de Abuso Alcoólico .......................................................................................... 126

4.13 - Complicações Clínicas Tardias ........................................................................................ 126

4.14 - Mortalidade Tardia .......................................................................................................... 127

4.15 - Análise Estatísticas e Correlações .................................................................................... 128

5 – DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 135

6 - CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 161

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 167

8 – ANEXOS ................................................................................................................................. 199

Anexo 1- Protocolo de pesquisa utilizado na coleta dos dados. ................................................. 201

Anexo 2 - Lista dos pacientes excluídos devido antecedente de cirurgia pancreática de derivação

prévia (Partington-Rochelle). ..................................................................................................... 203

Anexo 3 - Lista dos pacientes excluídos por indicação cirúrgica de outra etiologia que não

pancreatite crônica. .................................................................................................................... 203

Anexo 4 - Lista dos pacientes excluídos por abandono do seguimento clínico ambulatorial pós-

operatório antes o décimo-segundo mês após a cirurgia. ........................................................... 203

Anexo 5 - Lista dos pacientes submetidos à técnica de Frey selecionados para o estudo, em

ordem cronológica. .................................................................................................................... 204

Anexo 6 – Análises estatísticas .................................................................................................. 206

Anexo 7 - Parecer de aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em pesquisa. ......................... 240

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LISTA DE ABREVIATURAS

AMIL1 Nível de amilase sérica aferida no primeiro dia pós-operatório

ASA Classificação anestésica da Americam Society of Anesthesiologists

CCK Colecistocinina

CFTR Gene Cystic fibrosis transmembrane conductance regulator

cm Centímetros

CPRE Colangiopancreatografia retrograde endoscópica

DM+ Diabéticos

FCM Faculdade de Ciências Médicas

g Gramas

g/d Gramas por dia

g/dL Gramas por decilitros

g/mL Gramas por mililitros

HC Hospital de Clínicas

HgA1c Hemoglobin glicosilada

IgG-4 Imunoglobulina tipo G-4

IMC Índice de massa corpórea

kg Quilogramas

kg/m2 Quilogramas por metro quadrado

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LIQAMIL1 Nível de amilase aferida no líquido do dreno abdominal no

primeiro dia pós-operatório

m Metros

mg/dL Miligramas por decilitros

µg/g Micrograma por grama

mL Mililitros

mm Milímetros

PC Pancreatite crônica

PRSS1 Gene Protease Serine – 1

PSP Pancreatic stone protein ou litoestatina pancreática

RNM Ressonância nuclear magnética

SPINK1 Gene Serine protease inhibitor kazal type 1

TC Tomografia computadorizada

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

US Ultrassonografia

US-EDA Ultrassonografia endoscópica

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xix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação TIGAR-O dos fatores de risco associados à pancreatite crônica. .. 36

Tabela 2. Classificação Clínico-Anestésica dos Pacientes pela Sociedade Americana de

Anestesiologistas (ASA)....................................................................................................... 81

Tabela 3. Classificação de hipoalbuminemia em função dos níveis de albumina sérica

(g/dL) obtidos através de método automatizado colorimétrico com verde de bromocresol. 82

Tabela 4. Classificação das fístulas pancreáticas pós-operatórias segundo o ISGPF. ......... 88

Tabela 5. Distribuição dos paciente por sexo e cor. ............................................................. 93

Tabela 6. Prevalência dos sintomas nos 73 pacientes submetidos à cirurgia. ...................... 95

Tabela 7. Classificação dos pacientes em relação à albuminemia. .................................... 101

Tabela 8. Prevalência das patologias associadas à pancreatite crônica apresentadas pelos

pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico. ................................................................... 103

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xxi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Hipótese do evento sentinela para o desenvolvimento da PC. O elemento crítico

comum é o episódio sentinela que é necessário para atrair populações de células anti-

inflamatórias e pró-fibrogênicas. Adaptado de Schneider, 2002 (40). ................................. 41

Figura 2. CPRE de paciente operado evidenciando dilatação dos ductos pancreáticos

principal e secundários, além de compressão distal de via biliar com dilatação à montante.

(HC – UNICAMP)................................................................................................................ 47

Figura 3. Tomografia computadorizada mostra aumento de volume da cabeça pancreática

associada com calcificações e dilatação do ducto pancreático principal. (HC-UNICAMP) 49

Figura 4: Escala visual analógica da dor utilizada no HC-UNICAMP. ............................... 78

Figura 5. Principais passos da técnica de Frey onde (A) corresponde à abertura do ducto de

Wirsung longitudinalmente retirando cálculos e desfazendo estenoses; (B) Enucleação do

tecido pancreático da cabeça e processo uncinado do pâncreas em contigüidade com a

abertura do ducto de Wirsung; (C) Visão transversal que evidencia a margem posterior de

ressecção da cabeça pancreática em contigüidade com o ducto pancreático principal. (D)

Reconstrução com anastomose pancreato-jejunal. (FCM-UNICAMP) ............................... 83

Figura 6. Fotos do pâncreas após enucleação da cabeça e processo uncinado pancreáticos e

abertura longitudinal do ducto pancreático principal. (HC-UNICAMP) ............................. 84

Figura 7. Foto da realização da parede posterior da anastomose pancreato-jejunal

longitudinal em Y-de-Roux. (HC-UNICAMP) .................................................................... 85

Figura 8. Histograma de distribuição dos pacientes por faixa etária e curva de normalidade.

.............................................................................................................................................. 94

Figura 9. Freqüência dos episódios de dor abdominal. ........................................................ 96

Figura 10. Intensidade da dor abdominal. ............................................................................ 97

Figura 11. Terapia analgésica utilizada pelos pacientes. ...................................................... 98

Figura 12. Histograma e curva de normalidade dos pacientes em relação ao IMC aferido na

admissão hospitalar............................................................................................................... 99

Figura 13. Classificação dos pacientes submetidos á cirurgia quanto à função endócrina. 100

Figura 14. Distribuição dos pacientes diabéticos em função da terapia utilizada no momento

da cirurgia. .......................................................................................................................... 101

Figura 15. Distribuição dos pacientes em relação aos níveis séricos de albumina. ........... 102

Figura 16. Distribuição dos pacientes portadores de cistos pancreáticos em relação ao

número de cistos diagnosticados. ....................................................................................... 106

Figura 17. Distribuição dos cistos pancreáticos diagnosticados em relação a sua localização.

............................................................................................................................................ 107

Figura 18. Distribuição dos pacientes em relação ao calibre da via biliar medido no intra-

operatório. ........................................................................................................................... 109

Figura 19. Distribuição dos pacientes em relação à quantidade de tecido pancreático

excisado da cabeça do pâncreas.......................................................................................... 109

Figura 20. Prevalência de pacientes em seguimento clínico ambulatorial através dos anos

pós-operatórios. .................................................................................................................. 115

Figura 21. Distribuição dos pacientes quanto ao sintoma dor abdominal na última avaliação

clínica pós-operatória. ........................................................................................................ 117

Figura 22. Histograma e curva de normalidade dos pacientes em relação ao IMC aferido na

última avaliação clínica. ..................................................................................................... 118

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xxii

Figura 23. Prevalência de pacientes com função pancreática normal, insuficiência exócrina

e endócrina ao longo dos anos pós-operatórios. ................................................................. 119

Figura 24. Evolução da função exócrina dos pacientes. ..................................................... 120

Figura 25. Prevalência de pacientes com função pancreática exócrina normal e com

insuficiência em função dos anos de seguimento pós-operatório....................................... 121

Figura 26. Prevalência e linha de tendência de pacientes com função pancreática exócrina

normal e com insuficiência em função dos anos de seguimento pós-operatório. ............... 122

Figura 27. Evolução da função exócrina dos pacientes. ..................................................... 123

Figura 28. Evolução do tratamento dos pacientes diabéticos durante o período de

acompanhamento pós-operatório. ....................................................................................... 124

Figura 29. Prevalência de pacientes com função pancreática endócrina normal e com

diabetes em função dos anos de seguimento pós-operatório. ............................................. 125

Figura 30. Prevalência e linha de tendência de pacientes com função pancreática endócrina

normal e com insuficiência em função dos anos de seguimento pós-operatório. ............... 125

Figura 31. Estado dos pacientes no momento do estudo. ................................................... 127

Figura 32. Curva de sobrevida global estimada por Kaplan-Meier. ................................... 133

Figura 33. Curvas de sobrevida estimadas por Kaplan-Meier para a recidiva de ingestão

alcoólica. ............................................................................................................................. 134

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RESUMO

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O tratamento cirúrgico da pancreatite crônica é indicado na falência do tratamento clínico

da dor e na presença de complicações da doença. O emprego da melhor técnica ainda é um

desafio e, ao longo do último século, várias técnicas foram desenvolvidas determinando três

padrões de procedimento: descompressivos, ressecativos e mistos. A técnica de Frey é do

tipo mista, recentemente desenvolvida e que apresenta excelentes resultados no alívio da

dor secundária à pancreatite crônica. Seu princípio propõe baixas taxas de morbidade e

mortalidade pós-operatórias e menor dano às funções pancreáticas comparáveis às cirurgias

descompressivas (Partington-Rochelle, Puestow) com a mesma efetividade das cirurgias

ressecativas (duodenopancreatectomias) no controle da dor. O objetivo deste trabalho é

descrever a casuística e analisar os resultados de uma série consecutiva de pacientes com

pancreatite crônica submetidos à técnica de Frey no Hospital de Clínicas da UNICAMP.

Foram analisados retrospectivamente 73 pacientes consecutivos de janeiro de 1991 a

dezembro de 2007, sem tratamento cirúrgico prévio para pancreatite crônica e com pelo

menos um ano de seguimento pós-operatório. Estudou-se o perfil da população, indicação

cirúrgica, complicações pós-operatórias e resultados a longo prazo no controle da dor e das

complicações. Os pacientes apresentaram idade média de 40,6 anos, sendo a maioria

homens (97,3%) e a etiologia alcoólica foi a mais freqüente (95,9%). A dor abdominal

acometia todos os pacientes, 98,8% com intensidade moderada ou severa. A taxa de

morbidade global foi de 28,7% e as complicações mais freqüentes foram as infecciosas

(13,7%), dentre elas as pneumonias; a prevalência de fístulas da anastomose pancreática foi

de 6,8%. Não houve mortalidade cirúrgica. Em seguimento médio de 77,0 meses, 91,4%

dos pacientes apresentavam remissão dolorosa completa e houve aumento do IMC no pós-

operatório (p < 0,001). Insuficiência exócrina nova apareceu em 49% dos pacientes e

diabetes de novo em 36,7%. A recidiva de ingestão alcoólica ocorreu em 32,9% dos

pacientes, os quais apresentaram menor expectativa de vida em relação àqueles que se

mantiveram abstêmios (p = 0,02). As principais causas de mortalidade tardia foram as

neoplasias do trato aéreo-digestivo superior e complicações de cirrose hepática.

Identificaram-se associações estatisticamente significativas entre abstinência alcoólica pré-

operatória com menor taxa de complicações infecciosas e fistulas; a quantidade de ingestão

de álcool e o tempo de aparecimento de diabetes nova pós-operatória; o calibre do ducto

pancreático com o surgimento de diabetes pós-operatória; e níveis elevados de amilase

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sérica e no liquido do dreno abdominal no primeiro dia pós-operatório com fístulas. A

técnica de Frey mostrou-se uma opção segura e eficaz para o tratamento cirúrgico da

pancreatite crônica, proporciononando melhora da sintomatologia dolorosa e reganho de

peso e não interrompeu a deterioração das funções exócrina e endócrina do pâncreas. A

recidiva do abuso da ingestão de etanol é um problema freqüente nesses pacientes e

interfere na sobrevida deles.

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xxvii

ABSTRACT

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xxix

Surgical treatment of chronic pancreatitis is indicated for failure in clinical pain

management of the disease. Frey’s surgery is one of the techniques available for

intervention in this process. Application of the best technique is still a challenge today and,

over the last century, several techniques were developed by determining three patterns of

treatment: decompression, resection and mixed. Frey's procedure is a mixed technique,

which was recently developed and shows excellent results in pain relief. Its principle

suggests low rates of morbidity and mortality after surgery and less damage to pancreatic

function comparable to surgical decompression (Partington-Rochelle, Puestow) with the

same effectiveness of the resection procedures (pancreatoduodenectomy) in pain control.

The aim of this paper is to describe and analyze the results of a consecutive series of

patients with chronic pancreatitis underwent Frey technique at the Hospital de Clínicas of

UNICAMP. Seventy-three consecutive patients were retrospectively analyzed from January

1991 to December 2007, with no previous surgical treatment for chronic pancreatitis and

with at least one year of follow-up. We studied the profile of the population, surgical

indication, postoperative complications and long-term results in controlling pain and

complications. Patients had mean age of 40.6 years, most were men (97.3%) and alcoholic

etiology was the most frequent (95.9%). Abdominal pain gripped all patients, 98.8% with

moderate or severe intensity. The overall morbidity rate was 28.7% and the most frequent

complications were infections (13.7%), among them pneumonia. Fistulas of pancreatic

anastomosis were 6.8%. There was no surgical mortality. At mean follow-up of 77.0

months, 91.4% of patients had complete pain remission and there was increased of BMI

postoperatively (p < 0.001). New exocrine insufficiency appeared in 49% and new diabetes

in 36.7%. Recurrence of alcohol consumption occurred in 32.9% of patients, which showed

a lower life expectancy than those who remained abstinent (p = 0.02). The main causes of

late death were neoplasm of the upper aero-digestive tract and complications of liver

cirrhosis. We identified significant associations between preoperative alcohol abstinence

with a lower rate of infectious complications and fistulas; the amount of alcohol intake and

time of onset of postoperative diabetes; diameter of the pancreatic duct with the onset of

postoperative diabetes; and elevated levels of amylase in blood and abdominal drain fluid

on the first postoperative day with fistulas. Frey procedure proved to be a safe and effective

option for the surgical treatment of disabling pain caused by chronic pancreatitis provided

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xxx

regained weight but did not stop the deterioration of exocrine and endocrine functions of

the pancreas. Recurrence of ethanol abuse is a frequent problem in these patients and

interferes with their life expectancy.

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1 – INTRODUÇÃO

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33

1 - Introdução

A Pancreatite crônica (PC) é uma desordem inflamatória progressiva caracterizada

pela destruição irreversível do parênquima pancreático, podendo estar associada à dor

crônica incapacitante e perda permanente da função endócrina e exócrina. Embora

aparentemente a incidência de pancreatite crônica tenha quase quadruplicado nos últimos

30 anos, este aumento provavelmente representa um maior reconhecimento da doença

devido a definições mais amplas e melhorias na qualidade dos exames de imagem do

pâncreas, com conseqüente inclusão de pacientes em estágios clínicos iniciais, em vez de

um verdadeiro aumento da ocorrência (1).

De um total aproximado de 2,4 milhões de mortes nos Estados Unidos em

1999, a pancreatite é listada como causa de 3.289 mortes, sendo a 235ª causa de óbito. A

pancreatite aguda respondeu por 84% dessas mortes e a PC por 16%. Estudos de autópsia

revelaram PC subclínica em aproximadamente 10% dos etilistas (2)

A distribuição mundial da pancreatite crônica apresenta algumas

particularidades. Na Europa, Japão e Américas a PC está relacionada ao consumo de álcool.

Nas regiões tropicais da Ásia e África, que chegam a apresentar incidência de 50/1.000

habitantes, a PC parece estar relacionada a fatores sociais e dietéticos desconhecidos (3).

Há grande variabilidade nos relatos de incidência e prevalência entre os países e dentro

deles próprios. Estudos japoneses mostram taxas de prevalência variando de 4,2 a

33/100.000 habitantes e incidência de 3,5/100.000 por ano (4-5). Estudo norte-americano

em 1970 mostrou prevalência de 3,5/100.000 habitantes (6). Na Europa há relatos de

prevalência variando de 1,6 a 23/100.000 habitantes dependendo do país estudado (7). Não

há estudos que definam a prevalência ou a incidência da PC no Brasil, mas estima-se que a

prevalência deva seguir as taxas dos países ocidentais, entre 3 a 4 casos por 100.000

habitantes.

A condução dos pacientes com suspeita de pancreatite crônica continua a ser

um desafio nos dias atuais devido à limitada compreensão do processo fisiopatogênico da

doença, à imprevisibilidade da evolução clínica em um determinado indivíduo e às

controvérsias entre os critérios diagnósticos e as opções terapêuticas (8).

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34

As manifestações clínicas da pancreatite crônica variam com relação aos

padrões de dor abdominal, o grau de comprometimento das funções exócrina e endócrina

do órgão, bem como a presença de complicações. A dor abdominal é

o sintoma mais freqüente que leva os pacientes a procurarem atendimento médico.

Esteatorréia e desconforto abdominal pós-prandial também podem estar presentes,

dependendo do grau de comprometimento da glândula, freqüentemente associado à

anorexia, síndrome de má-absorção e perda de peso. O aparecimento de diabetes, devido à

progressiva destruição das ilhotas de Langerhans, pode acontecer durante o curso da

doença, mas geralmente é ausente nas suas primeiras etapas (8).

A heterogenicidade das apresentações clínicas torna-se um desafio tanto para o

desenvolvimento de uma hipótese unificada da patogênese da doença assim como para uma

padronização dos meios diagnósticos e terapêuticos a serem empregados. A variância de

apresentação do ducto pancreático (dilatado ou não), a associação com síndromes de

dismotilidade gastrointestinais pouco estudadas e a superposição de distúrbios

psicossociais, tais como abuso de substâncias, são exemplos da complexidade da

apresentação dessa patologia.

A diferenciação entre as formas aguda e crônica de pancreatite não é fácil de ser

realizada baseando-se apenas em fundamentos clínicos isoladamente, pois cada uma das

formas pode se manifestar com um primeiro episódio de dor abdominal, náuseas e vômitos

associados com elevação dos níveis séricos de amilase e lipase, e com alterações

inflamatórias inespecíficas nos estudos de imagem, pelo menos nas fases iniciais da

pancreatite crônica. Tanto a forma aguda quanto a crônica da pancreatite são caracterizados

pela sobreposição de fatores de risco e compartilham uma mesma origem patogenética que

é o processo autodigestivo pancreático (9). Certas formas de pancreatite aguda parecem ter

o potencial de evoluir para pancreatite crônica, mas essa teoria está longe de ser

universalmente aceita. Na tentativa para uniformizar a terminologia e distinções entre

doença aguda e crônica, em 1963, uma definição foi proposta por um simpósio

internacional realizado em Marselha, que posteriormente foi refinada em 1983 e 1988 (10-

11). De acordo com essa classificação, a pancreatite aguda se refere aquelas situações nas

quais existe completa resolução dos padrões clínicos, histológicos e funcionais.

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A pancreatite crônica apresenta alterações clínicas, funcionais, e morfológicas

permanentes. No entanto, o sistema de classificação de Marselha é de limitada utilidade

clínica porque não estabelece critérios diagnósticos práticos, nem considera a etiologia ou

fatores de risco (que se sobrepõem consideravelmente entre as formas aguda e crônica), ou

estratifica o grau de comprometimento funcional. A Classificação de Cambridge,

estabelecida durante consenso internacional em 1983, também distingue as formas aguda e

crônica de pancreatite, mas acrescenta um sistema que classifica a gravidade baseado na

extensão das anormalidades nos exames de imagem (12-13).

Um sistema ideal de classificação baseado na etiologia, que englobe o

estadiamento funcional e estrutural e que seja um instrumento útil na prática clínica e nas

pesquisas ainda é inexistente (14).

Uma série de fatores tem sido diretamente relacionada às causas da pancreatite

crônica. Entretanto, muitas dos fatores etiológicos aceitos como causais da patologia

deveriam ser, na verdade, encarados como fatores de risco, pois uma grande maioria dos

indivíduos portadores desses fatores não desenvolve pancreatite. A ingestão de álcool, por

exemplo, embora presente em 60% a 70% dos pacientes portadores de pancreatite crônica,

induz esta enfermidade em pouco menos de 3% daqueles que ingerem álcool (15).

Mais recentemente, um estudo norte-americano propôs uma nova abordagem

embasada na categorização dos fatores de risco e na etiologia da pancreatite crônica,

denominado TIGAR-O (14). Esse estudo introduz o conceito de “modificadores de risco”, e

não etiologias, que interagem com o paciente induzindo pancreatite. Cada um dos fatores de

risco identificados no TIGAR-O (Tabela 1) predispõe o indivíduo a desenvolver pancreatite

crônica, mas cada um deles provavelmente age por diferentes mecanismos.

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Tabela 1. Classificação TIGAR-O dos fatores de risco associados à pancreatite crônica.

Classe dos Fatores de Risco Descrição

Tóxico-metabólicos Álcool Tabaco

Hipercalcemia (hiperpatireoidismo)

Hiperlipidemia (raro e controverso)

Insuficiência renal crônica Medicamentos

Toxinas (veneno de escorpião, etc.)

Idiopáticos

Causa desconhecida, de provável origem genética Pancreatite tropical

Genética

Autossômico dominante:

- tripsinogênio catiônico

Autossômico recessivo / mutação genética

- mutações CFTR

- mutações SPINK1

- tripsinogênio catiônico - deficiência de α1-antitripsina (possível)

Auto-imune

PC auto-imune isolada

PC auto-imune associada com: - colangite esclerosante primária

- síndrome de Sjogren

- cirrose biliar primária

- diabetes tipo 1 - sialoadenite

Recorrência de pancreatite aguda severa

Necrose pancreática (pós-pancreatite aguda severa)

Pancreatite aguda recorrente Vasculites / isquemia

Exposição à radiação (radioterapia)

Obstrutivo

Pâncreas divisum Disfunção do esfíncter de Oddi

Obstrução ductal (tumores de pâncreas e papila duodenal, pós-

traumático, etc.)

A pancreatite relacionada ao álcool é a mais estudada. A história natural dos

pacientes portadores de pancreatite crônica não é bem definida e varia muito dependendo

dos fatores etiológicos, a predisposição genética e a presença de complicações anatômicas

tais como pseudocistos, estenose biliar e obstrução duodenal.

A variação do comportamento da doença pode ser exemplificada por dois estudos

clássicos. Ammann et al. (16) seguindo pacientes portadores de pancreatite crônica por cerca

de 20 anos (média de 10 anos), com maioria de etiologia relacionada ao álcool, mostraram

que entre aqueles que morreram, apenas 19% foram de causas mortalidade relacionadas a

complicações da doença. A maioria das causas de morte foi relacionada a doenças

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neoplásicas malignas (tratos respiratório e digestivo), eventos cardiovasculares, cirrose

hepática e infecções severas. O estudo anterior e também o de Thuluvath et al. (17)

mostraram um fenômeno espontâneo de resolução da dor em uma proporção de pacientes,

em geral de aparecimento tardio ao inicio dos sintomas e que deve ser considerado quando

se avalia os resultados em longo prazo de intervenções na pancreatite crônica.

1.1 - Patologia

Por décadas muitas teorias foram propostas para explicar a patogênese e a

evolução clínica da pancreatite crônica. Aquelas que merecem mais atenção são cinco: a

tóxico-metabólica, do estresse oxidativo, da obstrução ductal, do processo necrose-fibrose e

do evento sentinela.

Essas teorias não se excluem mutuamente, mas podem ser contraditórias entre

si. Em comum, todas tendem a simplificar o processo da doença e deixam lacunas na cadeia

de causalidade e nenhuma delas, ainda, explica a heterogenicidade das apresentações

clínicas da doença.

A ausência de uma teoria causal mais abrangente e definitiva deve-se muito à

inexistência de um modelo de pancreatite adequado e que reproduza a doença como nos

humanos (14).

1.1.1 - Teoria Tóxico-metabólica

A ingestão de álcool é o principal fator de risco ao desenvolvimento de

pancreatite crônica, e sua ação é dose e tempo de uso dependente (8). Entretanto, o

mecanismo pelo qual isso ocorre ainda não totalmente elucidado.

Geralmente, esses pacientes têm um antecedente de abuso da substância de

pelo menos uma década (14).

O álcool parece ter um efeito tóxico direto sobre as células acinares

pancreáticas, alterando seu metabolismo e promovendo um acúmulo de lipídeos

citoplasmáticos, o que leva a um processo de degeneração gordurosa e necrose celular (18).

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Além disso, o álcool parece ter efeitos diretos sobre as células estreladas pancreáticas

induzindo fibrose.

Essa teoria é baseada na comparação de biópsias pancreáticas de pacientes

alcoólatras com e sem o estabelecimento de pancreatite crônica (19). Observou-se a

presença de citoplasma com gotículas de gordura em pacientes alcoólatras sem doença

pancreática estabelecida enquanto que nos pacientes com pancreatite crônica, além desse

achado, havia atrofia e fibrose. Esses achados podem sugerir um passo da seqüência

progressiva da fibrogênese, mas também pode refletir a presença ou a ausência de um ponto

crítico, porém indefinido, na via de proteção celular em indivíduos geneticamente

predispostos.

O álcool é metabolizado nas células acinares tanto por via oxidativa quanto por

não-oxidativa. Em modelos animais houve acúmulo de ácidos graxos e lipídeos produtos da

via não-oxidativa do metabolismo do etanol, resultando em um pâncreas “gorduroso” (20).

Também foi demonstrado que a hidrólise de ácidos graxos induz disfunção mitocondrial

que parece estar relacionada com a fibrogênese pancreática (21).

Embora os subprodutos do metabolismo do etanol nas células pancreáticas

pareçam ser importantes agentes de mudanças tóxico-metabólicas celulares, não se

conseguiu identificar o momento e local exatos no qual o gatilho de início e progressão da

doença é disparado.

1.1.2 - Teoria do Estresse oxidativo

O desenvolvimento da pancreatite aguda e sua cronificação também podem ser

atribuídos à hiperatividade de oxidases hepáticas (22). Por essa teoria, ocorrem subprodutos

reativos do sistema enzimático de desoxidação que são potencialmente danosos às células

acinares pancreáticas. Dessa forma, radicais livres oxidantes gerados nos hepatócitos são

secretados na bile, a qual reflui para o ducto pancreático e induz estresse oxidativo em

células acinares susceptíveis e células ductais, causando morte celular. A fibrogênese

resultaria de uma resposta a exposição repetida a esses agentes.

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39

Essa hiperatividade das oxidases hepáticas é justificada pelos altos níveis de

substratos (lípides) ou de indutores dessas enzimas (álcool) (23-24).

A evidência que apóia essa teoria deriva amplamente da demonstração de

elevados níveis de produtos da peroxidação lipídica e de glutationa na bile de animais

cronicamente alimentados com álcool e o perfil antioxidante de pacientes com pancreatite

crônica (25-26).

A maior crítica dessa teoria é a incapacidade de distinguir se esses achados são

causas ou conseqüências do processo inflamatório pancreático ou se esse desequilíbrio

oxidativo multiplica a lesão tecidual induzida por outros fatores primários.

É controversa a afirmação que a presença de polimorfismos nas vias

enzimáticas de desoxidação é mais freqüente em pacientes com pancreatite crônica, mas a

susceptibilidade genética a desenvolver pancreatite crônica devido a uma variação na

capacidade antioxidante permanece uma hipótese plausível (27-28). McCloy (29) relatou

benefícios clínicos com terapias antioxidantes em pacientes com pancreatite.

1.1.3 - Teoria do Cálculo e da Obstrução Ductal

A ingestão de etanol por longo período parece aumentar a litogênese dos

fluidos pancreáticos resultando na formação de rolhas protéicas e cálculos. Esses dois

fatores no interior do sistema de drenagem pancreática levam à ulceração, obstrução,

estase, formação de novos cálculos e atrofia e fibrose do tecido (10).

Os cálculos pancreáticos são geralmente compostos por uma malha cristalina de

carbonato de cálcio intercalada com uma matriz composta por proteínas e polissacarídeos

(30). A precipitação dessas proteínas parece ser o ponto inicial na formação dos cálculos.

A litoestatina pancreática (PSP- Pancreatic Stone Protein) é sintetizada pelas

células acinares (31) e tem papel preventivo na precipitação de carbonato de cálcio em

secreções pancreáticas hipersaturadas em cálcio nos experimentos in vitro (32). Em

pacientes com pancreatite crônica, a concentração de litoestatinas na secreção pancreática

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40

está baixa (33). Outros estudos evidenciam o seu papel no desenvolvimento de cálculos

pancreáticos clinicamente relevantes (34-36).

1.1.4 - Teoria da Necrose-Fibrose

Algumas formas de pancreatite parecem ser resultado de repetidos episódios de

pancreatite aguda, sugerindo que a fibrose pancreática, as cicatrizes periductais e o

desarranjo arquitetural da glândula sejam conseqüência de ciclos recorrentes de inflamação

e necrose tecidual (8).

Estudos histopatológicos observaram fibrose perilobular leve persistente

mesmo em casos de pancreatite aguda resolvida, e uma fibrose intensa e distorção ductal

em pacientes com pancreatite crônica (37-38), o que pode representar uma seqüência de

progressão de fibrose através dos episódios de pancreatites agudas e subagudas. Em estudo

de Ammann e Muellhaupt (39), pacientes com maior número de episódios de pancreatite e

de maior severidade desenvolveram pancreatite crônica em menor tempo.

1.1.5 - Teoria do Evento de Pancreatite Aguda Sentinela

A hipótese proposta por Schneider e Whitcomb (40), integra as quatro teorias

descritas anteriormente numa via unificada de progressão da doença (Figura 1) (41-43).

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Figura 1. Hipótese do evento sentinela para o desenvolvimento da PC. O elemento crítico

comum é o episódio sentinela que é necessário para atrair populações de células anti-

inflamatórias e pró-fibrogênicas. Adaptado de Schneider, 2002 (40).

Segundo os autores, observando pacientes com pancreatite hereditária, a

agressão pancreática pelo álcool ou outros fatores levam a processos tóxico-metabólicos e a

estresse oxidativo, que induzem liberação de citocinas e outros mediadores inflamatórios

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42

pelas próprias células acinares, já que há poucas células inflamatórias no parênquima

normal. Se um limiar crítico é alcançado, a pancreatite aguda é disparada e resulta em

infiltração do tecido por leucócitos, linfócitos e macrófagos. Após esse período

inflamatório inicial, o processo antiinflamatório é conduzido por células estrelares e

macrófagos ativados. Ao longo do tempo o parênquima tende a voltar ao normal. No

entanto, durante essa fase de evolução, o ambiente pancreático está alterado por este

“evento sentinela”, e a resposta do tecido pancreático nesta fase é diferente do que na

glândula sem evento de agressão prévia, devido à presença de células estrelares e

macrófagos ativados “residentes” no parênquima, o que causa liberação de citocinas e

mediadores à agressão contínua pela ingestão de álcool mesmo sem apresentar um quadro

clínico de pancreatite aguda evidente. As células estreladas parecem ter um papel crucial

nesse processo de fibrose pancreática (44-47), assim como já foi mostrado seu papel no

desenvolvimento da fibrose hepática (48-53).

Dessa forma, um evento inicial de agressão e pancreatite é necessário para

atrair número suficiente de células antiinflamatórias e pró-fibrogênicas que passarão a

residir por tempo prolongado no tecido pancreático, causando essa resposta contínua

exacerbada no parênquima (40).

1.1.6 - Fatores Genéticos

Uma vez entendido o processo que leva ao desenvolvimento da doença em

resposta à agressão do tecido, parece claro que a evolução da injúria para o estabelecimento

da doença requer essa combinação de ambiente agressor e predisposição genética. Essa

constatação aliada ao desenvolvimento dos estudos em biologia molecular e genética levou

à descoberta de genes ligados ao desenvolvimento de pancreatite crônica quando sofrem

processo de mutação.

O gene PRSS1 (Protease serine – 1) é responsável pela síntese de zimogênios

de enzimas pancreáticas (54-57). Sua mutação leva a uma alteração precoce da tripsina que

não pode ser inativada.

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O gene CFTR (Cystic fibrosis transmembrane conductance regulator) participa

da secreção pancreática de bicarbonato (58) e sua mutação está associada à pancreatite

crônica (59-61). A mutação causa diminuição da secreção de bicarbonato com densificação

do fluido e obstrução dos ductos.

Um peptídeo determinado pelo gene SPINK1 (serine protease inhibitor kazal

type 1) inibe a ativação pancreática do tripsinogênio (62). Isoladamente sua mutação parece

não causar pancreatite (63), porém seu papel deva ser diminuir o limiar de início da

pancreatite causada por outros fatores (64-66).

Embora controverso, Weiss (67) e Cohn (68) defendem que a susceptibilidade a

desenvolver pancreatite deva ser maior naqueles indivíduos portadores de anormalidades

em ambos os genes SPINK1 e CFTR, determinando fisiopatologia ductal (CFTR) e acinar

(SPINK1).

1.2 - Diagnóstico

1.2.1 – História Clínica

O diagnóstico da pancreatite crônica na maioria dos pacientes é geralmente

presuntivo, baseado no conjunto de história clínica e investigação complementar

laboratorial e com estudo de imagens. Entretanto, em algumas circunstâncias o diagnóstico

pode ser surpreendentemente difícil, principalmente naqueles pacientes com quadros

iniciais, com ducto pancreático fino ou com alterações de parênquima leves.

Qualquer paciente com dor abdominal inexplicável pode ser considerado como

um portador de pancreatite crônica (69-70). A dor é o principal sintoma da doença, pode ser

intermitente ou contínua e variar quanto à severidade. Ela é tipicamente desencadeada pela

estimulação pancreática, especialmente após dieta rica em proteínas e gorduras, o que leva

o paciente á restrição alimentar, perda de peso e desnutrição.

Embora a dor da pancreatite crônica possa ficar “aquiescida” ao longo do

tempo, particularmente naquela associada à ingestão alcoólica, o período em que isso pode

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ocorrer é altamente variável (6 a 8 anos após inicio de abuso de álcool em 50% dos

pacientes e na maioria dos casos após 10 anos) (16)(71).

A anamnese deve investigar os fatores predisponentes presentes na Tabela

TIGAR-O (Tabela 1).

Os sinais de alerta para suspeita da doença hereditária ou predisposição

genética são: idade precoce de aparecimento dos sintomas, história familiar de doenças

pancreáticas (pancreatites e tumores de pâncreas), membro familiar com diagnóstico de

fibrose cística clássica ou quadro de fibrose cística atípica, excluído infertilidade em

homens devido azoospermia obstrutiva (72) e rinossinusite crônica (73-74).

Alterações anatômicas também devem ser pesquisadas tais como pâncreas

divisum e pâncreas anular, alterações metabólicas (hipertrigliceridemia ou hipercalcemia),

disfunção do esfíncter de Oddi ou trauma.

A pancreatite auto-imune é uma condição que vem sendo cada vez mais

reconhecida e diagnosticada e sua identificação é necessária uma vez que o tratamento com

corticóides pode ser benéfico e evitar uma cirurgia desnecessária (75-77). As pancreatites

auto-imunes estão geralmente associadas com outras doenças auto-imunes, mais

comumente a colangite esclerosante primária (78).

1.2.2 – Exames Laboratoriais

Os meios laboratoriais de investigação na pancreatite crônica buscam alterações

na função pancreática.

Marcadores séricos como amilase e lipase estão elevados durante as crises

álgicas em estágios iniciais da doença e podem estar normais nas fases tardias de acordo

com a destruição progressiva da glândula.

A elastase fecal-1 é um marcador não-invasivo da função exócrina do pâncreas

pois é sintetizada e liberada pelas células acinares pancreáticas juntamente com outras

enzimas. A especificidade e sensibilidade são maiores de 90% para pacientes com

pancreatite crônica (79). Quando o achado é superior a 200 µg/g de fezes considera-se o

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45

exame como dentro dos padrões da normalidade. Achado entre 100 e 200 µg/g de fezes

correspondem à insuficiência pancreática leve a moderada, enquanto que níveis inferiores a

100 µg/g de fezes estão relacionados à insuficiência pancreática exócrina severa (8).

O teste da elastase tem excelente correlação com o teste de secretina

pancreática (80), não é invasivo, tem baixa variabilidade no mesmo indivíduo (81), altas

sensibilidade e especificidade e a suplementação enzimática exógena não interfere nos

resultados (79).

Outra avaliação que pode ser usada para mensurar a função pancreática

exócrina é a determinação da excreção de gordura fecal em 24 horas com uma dieta de 100

gramas de gordura diária, ou balanço de gordura fecal. Trata-se de um teste quantitativo,

realizado em 72 horas e a excreção de mais de 5 gramas de gordura por dia é diagnóstico de

má-absorção e a excreção acima de 20 g/dia tem correlação com esteatorréia (82). O

método é sujeito a críticas, pois é dependente do grau de entendimento do paciente e sua

reprodutibilidade, mesmo no mesmo paciente, pode sofrer muitas interferências.

Achados de hiperglicemia ou taxas elevadas de hemoglobina glicosilada

(HgA1c) são freqüentes achados em pacientes com pancreatite crônica calcificante (83) em

comparação àquelas formas não-calcificantes. O aparecimento de diabetes costuma ser

tardio no curso da doença e os pacientes geralmente evoluem para tratamento com insulina

exógena.

A cetoacidose diabética e a nefropatia são raras enquanto que a neuropatia e a

retinopatia são mais freqüentes (84).

Os testes de função hepática geralmente são normais e quando alterados

revelam compressão da porção intrapancreática do colédoco. Marcadores de autoimunidade

na pancreatite crônica incluem a imunoglobulina-4 (IgG-4), fator reumatóide, anticorpo

antinuclear, proteína C- reativa e velocidade de hemossedimentação (78).

Os testes genéticos de pacientes com suspeita de doenças hereditárias ou

idiopáticas são controversos. Atualmente, os aspectos genéticos reconhecidos não são

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encontrados em aproximadamente metade dos pacientes com PC hereditária e, além disso,

um teste com resultado negativo tem valor limitado (8).

1.2.3 - Exames de Imagem

1.2.3.1 - Ultrassonografia endoscópica (US-EDA)

O US-EDA vem sendo cada vez mais utilizado na avaliação de quadros iniciais

e a leves de pancreatite crônica. Os critérios diagnósticos de PC para este método são

alterações de parênquima como atrofia, foci hiperecóicos, cistos, lobularidade e alterações

ductais como dilatação, tortuosidade, cálculos, dilatação de ramos secundários e paredes

hiperecóicas (85).

1.2.3.2 - Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE)

À medida que o acesso à ressonância magnética se difundiu, o emprego da

CPRE ficou restrito a casos selecionados. As principais alterações encontradas são estenose

do ducto pancreático, cálculos e compressão de via biliar distal (Figura 2). As principais

indicações desse método são: avaliação de episódios recorrentes de pancreatite aguda; PC

com diagnóstico incerto na suspeita de disfunção do esfíncter de Oddi; documentação da

presença de alterações anatômicas tais como pâncreas divisum, cisto de colédoco,

anomalias da junção bíleo-pancreática quando há suspeita por teste não-invasivo; suspeita

de rotura de ducto pós-traumática; paciente com recorrência de sintomas após drenagem de

pseudocisto ou do ducto pancreático, descompressão da via biliar e ducto pancreático

principal.

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Figura 2. CPRE de paciente operado evidenciando dilatação dos ductos pancreáticos

principal e secundários, além de compressão distal de via biliar com dilatação à montante.

(HC – UNICAMP)

Através da CPRE é possível realizar o teste da secretina. Entretanto várias

técnicas de realização deste teste têm falhado devido à baixa sensibilidade e especificidade

especialmente nos casos iniciais e leves.

O teste padrão-ouro atual é o teste da estimulação de secretina usando um

cateter duplo lúmen. A secretina é administrada por via endovenosa e coleta-se o suco

duodenal a cada 15 minutos por 60 minutos . Um pico de concentração de bicarbonato

menor que 80 mEq/L é compatível com PC.

Atualmente o padrão-ouro diagnóstico é avaliação histológica do parênquima

pancreático colhido por via cirúrgica ou por via endoscópica (1).

1.2.3.3 - Radiografia simples do abdome

O pâncreas normal não pode ser visualizado pela radiografia plana do abdome,

mas somente quando há presença de calcificações suficientemente grandes ou densas.

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48

Dessa forma, a radiografia plana do abdome não é geralmente usada na avaliação de

pacientes com PC. Habitualmente, o achado de calcificações na topografia pancreática é

que desencadeia a investigação de PC.

1.2.3.4 - Ultrassonografia de abdome (US)

O pâncreas é de difícil avaliação através da US trans-abdominal devido a

variações do próprio paciente (obesidade, por exemplo) e distensão gasosa de alças. A

completa avaliação da cabeça e corpo, que são as áreas mais facilmente avaliadas, costuma

acontecer em 30% dos pacientes (86).

A ecogenicidade do pâncreas varia conforme a idade, sendo isoecogênico ou

hiperecogênico em comparação ao fígado no adulto e tende a ter um aumento da

ecogenicidade nos pacientes idosos. Esta variação torna a especificidade do exame baixa

para o diagnóstico de PC a menos que a doença seja severa (86).

O método permite a avaliação de alterações da via biliar, presença de

pseudocistos e quando associado ao doppler pode promover o estudo do fluxo nas veias

porta e esplênica, permitindo diagnóstico de trombose (87-88).

1.2.3.5 - Tomografia computadorizada (TC)

A TC é um exame muito útil na avaliação do parênquima pancreático e na

anatomia do ducto (Figura 3) (89).

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Figura 3. Tomografia computadorizada mostra aumento de volume da cabeça pancreática

associada com calcificações e dilatação do ducto pancreático principal. (HC-UNICAMP)

Com o uso de aparelhos mais modernos, quando é possível reconstruções

múltiplanares e imagens otimizadas, o ducto pancreático pode ser bem estudado (90). Os

padrões de dilatação incluem regular, espessado e irregular (89). Alguns estudos falharam

em demonstrar a correlação entre a morfologia do ducto e a severidade da dor (1, 91).

O método permite a avaliação de calcificações, coleções pancreáticas

(pseudocistos) e extra-pancreáticas e a relação destas com os órgãos adjacentes (duodeno,

via biliar).

A relação entre volumetria e graus de atenuação do órgão, e a função não é bem

estabelecida (89, 92-94). Complicações vasculares como pseudo-aneurismas arteriais

(esplênica e pancreatoduodenal), hemorragias, tromboses venosas (portal e esplênica) e

circulação colateral são bem demonstradas pela TC (88, 90, 94-95).

1.2.3.6 - Ressonância nuclear magnética (RNM)

Em pacientes com PC, a RNM é menos sensível que a TC na detecção de

calcificações (86, 96). Com o método, é possível realizar colangiograma e pancreatograma,

o que torna possível a visualização de alterações, estenoses e variações anatômicas como

pâncreas divisum (97-98). Estudos demonstraram acurácia superior a 97% na avaliação do

ducto pancreático principal quando comparado a CPRE (99), mas é menos sensível na

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avaliação dos ductos secundários (100-101). No entanto, uma vez visualizados são

altamente específicos para PC (102).

É útil para pacientes nos quais se quer estudo um vascular, mas são alérgicos a

contraste iodado.

1.3 - Tratamento Clínico

Pacientes com pancreatite crônica geralmente procuram tratamento médico por

causa da dor abdominal crônica implacável. Como a doença é progressiva, as disfunções

pancreáticas exócrina e endócrina também podem exigir tratamento. O objetivo do

tratamento do paciente portador de PC é o alívio da dor para que ela não interfira nas

atividades laborais e na vida familiar.

Como regra geral, o controle da dor deve seguir uma abordagem seqüencial e

escalonada, começando com a eliminação de fatores exógenos tóxicos como o

álcool, seguido pela suplementação de enzimas pancreáticas e

uso criterioso de analgésicos. Pacientes com sintomas persistentes após essa abordagem

inicial podem ser candidatos a tratamentos mais invasivos, o que provavelmente deve ser

realizado apenas em centros especializados. Além disso, o tabagismo

desempenha um papel importante e constitui um importante fator de risco isolado para a PC

(103-105). Assim, a interrupção do uso do tabaco, particularmente nos indivíduos mais

jovens, além de auxiliar na condução do tratamento, pode reduzir o risco de degeneração

neoplásica observado em fumantes com PC (106).

A abstinência do consumo de álcool é imprescindível, especialmente quando

este é o pilar da etiologia da pancreatite, uma vez que a manutenção de ingestão excessiva

de álcool exacerba o dano pancreático e aumenta a mortalidade (8). Uma dieta baixa em

gorduras e fracionada é recomendada (8).

1.3.1 - Reposição Enzimática

Pacientes com insuficiência pancreática exócrina não conseguem digerir

adequadamente complexos alimentares ou absorver moléculas digeridas. Entretanto,

deficiências clinicamente significativas de proteína ou gordura não costumam ocorrer até

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51

que mais de 90% da função pancreática esteja perdida (107). A esteatorréia geralmente

ocorre antes de deficiências protéicas (84) e é clinicamente caracterizada por fezes

amolecidas, oleosas e mal-cheirosas, perda de peso e cansaço. Má-absorção de vitaminas

lipossolúveis A, D, E, K e vitamina B12 também podem ocorrer, embora

clinicamente a deficiência de vitamina sintomática é rara (108).

O uso da terapia de reposição de enzimas pancreáticas para aliviar a dor é

baseada no pressuposto de que as proteases intraduodenais modulam as secreções

pancreáticas exócrinas, pela regulação da liberação de colecistocinina (CCK), através da

degradação do fator liberador de CCK, o que estimularia menos o pâncreas e,

conseqüentemente, diminuiria a dor (109-110).

Embora não haja provas definitivas sobre a eficácia da suplementação

enzimática pancreática no alívio da dor, os trabalhos que mostram benefícios dessa

terapêutica utilizaram preparações sem revestimento, enquanto que os trabalhos que não

mostraram benefício utilizaram preparações revestidas (1). Os efeitos das preparações de

enzimas pancreáticas não-revestidas são potencializadas pela terapia de supressão ácida (ou

um bloqueador-H2 ou um inibidor da bomba de prótons), o que reduz a destruição de

enzimas exógenas pela acidez gástrica e aumenta significativamente a quantidade de

protease para alcançar o duodeno (1). Estudos divergem em seus resultados que o uso de

reposição enzimática no controle da dor abdominal em pacientes com PC seja efetivo (110-

114). A composição heterogênea da população de pacientes e a presença de pacientes com

doença de causa alcoólica e não alcoólica dificultam a comparação dos estudos e podem ter

influenciado os resultados. A utilidade da reposição enzimática no controle da dor dos

pacientes com PC permanece incerta.

Pacientes com cálculos intraductais e com ductos dilatados não mostraram

benefício com o uso de preparações enzimáticas não-revestidas (1).

1.3.2 - Controle da Dor

A dor, embora seja o principal sintoma e o indicador de resposta terapêutica,

não é somente de difícil quantificação como também sofre influência no seu significado

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52

para o paciente e no impacto da qualidade de vida devido ao uso de álcool e analgésicos,

assim como os distúrbios psicológicos que acompanham essas dependências. Como a

doença tem diferentes causas, a dor também se apresenta como um fenômeno com alta

variabilidade: intermitente, freqüente ou persistente; leve moderada, severa ou ausente;

piorando ou melhorando na evolução.

A estratégia de esperar a regressão espontânea da dor, sem a oferta de qualquer

tipo de terapêutica, não é uma conduta aceitável uma vez que já se demonstrou que é muito

pouco provável a remissão completa espontânea desse sintoma no quadro evolutivo da

doença (115). A maioria dos estudos não descreve a dor detalhadamente, além dos padrões

e formatos de quantificação não serem validados. Dessa forma, as avaliações de dor, bem

como a resposta ao tratamento desse sintoma são muito baseadas no julgamento pessoal de

cada paciente.

O papel do uso de reposição enzimática já foi descrito anteriormente.

A administração de analgésicos deve ser escalonada preferencialmente,

poupando as drogas derivadas de opióides para os quadros mais intensos.

O uso do octreotide, um análogo da somatostatina, por curto período, em estudo

randomizado, prospectivo, duplo cego, placebo-controlado realizado na Europa em

pacientes portadores de PC não mostrou alívio da dor nesses pacientes quando comparados

ao grupo que usou placebo (116). Em outro estudo, o octreotide foi administrado por 4

semanas em estudo prospectivo, randomizado e duplo-cego e apenas mostrou algum

benefício quando usado em doses acima do habitual. Entretanto, esse efeito não apresentou

diferença estatística significativa e a longevidade dos benefícios não foi determinada (117).

Pesa contra o uso de octreotide a via parenteral, que torna a terapêutica

trabalhosa e dolorosa, além do custo e da intolerabilidade por parte de alguns pacientes. Por

todos esses aspectos, o uso de octreotide no tratamento de pacientes com PC não é indicado

até o momento.

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53

1.3.3 - Bloqueio nervoso do plexo celíaco

Embora seja uma opção terapêutica difundida, há poucas experiências

formalmente relatadas sobre o uso de bloqueio de plexos nervosos para o tratamento da dor

pancreatite crônica. Leung et al. (118) publicaram estudo com remissão completa da dor em

11 de 13 pacientes com câncer pancreático e somente em 12 de 23 pacientes com

pancreatite crônica e seis com remissão parcial. A média do beneficio do método em

pacientes com pancreatite crônica foi de dois meses e o maior alívio foi de quatro meses.

Bloqueios repetidos não surtiram efeito.

Em outro estudo de Busch et al. (119), a injeção de esteróides promoveu alívio

da dor por pelo menos dois meses em quatro de 16 pacientes submetidos ao procedimento.

Gress et al. (120) compararam as vias de bloqueio nervoso; dois de 8 pacientes

com bloqueio do plexo celíaco guiado por tomografia computadorizada tiveram remissão

do sintoma quando comparados com seis de 14 pacientes que foram tratados com bloqueio

do plexo celíaco com bupivacaína e triancilnolona através da ultrassonografia endoscópica.

Nesse estudo o benefício pareceu ser favorável quando realizado por via endoscópica por

persistir por mais tempo.

Dessa forma, o bloqueio do plexo celíaco parece ser uma opção terapêutica

minimamente invasiva, porém não-definitiva e que pode ser oferecido como método de

transição para um tratamento definitivo.

1.3.4 - Tratamento Endoscópico

A justificativa da terapêutica endoscópica baseia-se no fato de que, embora o

mecanismo da dor na pancreatite crônica não seja ainda totalmente elucidado e que seja de

causa multifatorial, estudos comprovaram que a pressão ductal pancreática e do interstício

de paciente com pancreatite crônica são mais elevadas que os controles e que a pressão é

maior nos pacientes com pancreatite crônica com dor do que naqueles sem esse sintoma

(121-122).

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Embora estudos mostrem que a terapia endoscópica da pancreatite crônica seja

eficaz, relativamente segura e tecnicamente viável em um determinado grupo de pacientes

(1), também fica claro as limitações dos resultados devido à heterogeneidade dos pacientes,

o acompanhamento pós-procedimento por curto período, a falta de definição de padrões de

sucesso terapêutico e a ausência de estudos prospectivos controlados ou randomizados.

Ocorre ainda que o método é altamente operador-dependente e os resultados apresentados

por especialistas de centros de referência não podem ser garantidos em serviços menores

(1).

A terapêutica endoscópica apresentou melhores resultados no tratamento da

obstrução do ducto pancreático principal por estenose (não-múltiplas) ou cálculos, no

tratamento de coleções resultantes de obstrução ductal complicada por rotura do ducto

pancreático e no tratamento da obstrução biliar do colédoco causada pela fibrose na cabeça

pancreática (1).

Estudos mostram que aproximadamente dois terços do pacientes submetidos ao

tratamento endoscópico apresentaram melhora após colocação de cateter no ducto

pancreático principal com estenose no período de um ano, o que torna o resultado similar

ao da pancreatojejunostomia látero-lateral (cirurgia de Puestow / Partington-Rochelle),

muito embora os pacientes tratados cirurgicamente apresentassem maior período livre de

dor, mantiveram-se dessa forma por mais tempo e não apresentaram recidiva no tempo

observado no estudo (123-124). Rosch et al. (124) mostraram que, uma vez obtendo

sucesso no objetivo de dilatação e colocação de prótese através de uma estenose do ducto

pancreático, a remissão da dor pode chegar a 60% dos pacientes com um acompanhamento

de 5 anos.

Smith et al. (125) e Sherman et al. (126) mostraram que 50% a 80% dos

pacientes que foram tratados com passagem de prótese plástica no ducto pancreático,

mesmo que por pouco tempo (1 a 8 semanas) , sofreram injúria ductal e parenquimatosa.

Smith et al. (125) relataram que apenas 64% apresentaram remissão completa dessas lesões

após a remoção da prótese. Dessa forma, mostra-se que o tratamento endoscópico não é

totalmente inócuo, bem como pode acelerar ou mesmo acentuar os danos teciduais da

pancreatite crônica no tecido pancreático.

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O tratamento endoscópico da obstrução biliar com próteses plásticas tende a

falhar rapidamente, com a maioria obstruindo em oito semanas (127). Cahen et al. (128)

mostraram uma taxa de sucesso pobre na resolução da colestase secundária à obstrução

biliar da pancreatite crônica, principalmente quando a estenose biliar não é resolvida após

um ano da passagem da prótese no canal biliar. A utilização de próteses metálicas auto-

expansíveis tem sido usada com bom sucesso a longo prazo em pacientes sem condições de

receber tratamento cirúrgico (129).

Mesmo com o advento do tratamento endoscópico do ducto de Wirsung nos

casos de pancreatite crônica, iniciado a partir de 1970, os estudos recentes mostram eficácia

da intervenção endoscópica na retirada de cálculos do canal pancreático, embora os

resultados no alívio da dor no longo prazo não sejam satisfatórios (124, 130-132). Em

resultados de longo prazo para remissão da dor na pancreatite crônica, as técnicas de

descompressão focal do ducto pancreático falharam devido à multiplicidade dos pontos de

obstrução ductal como resultado de cálculos ou estenoses, o que é a regra em pacientes com

pancreatite crônica de causas alcoólica, hereditária, tropical ou idiopática.

1.3.5 – Tratamento Cirúrgico

A maioria dos pacientes com pancreatite crônica é inicialmente tratada com

uma associação de analgésicos, suplementação de enzimas pancreáticas e, mais

restritamente, tratamento endoscópico. No entanto, estima-se que até 50% dos pacientes

desenvolvam sintomas progressivos ou intratáveis clinicamente e que se tornem, portanto,

candidatos ao tratamento cirúrgico (133).

Lankisch et al. (134) mostraram que o tratamento clínico medicamentoso por

tempo prolongado está associado à diminuição da necessidade do uso de analgésicos após

duas décadas de tratamento, mas com um custo de disfunção endócrina quase universal e de

incapacidade permanente. Por outro lado, muitos outros estudos demonstram que o

tratamento cirúrgico da pancreatite crônica elimina a dor e faz com que o paciente retorne

às suas atividades laborais prévias à doença, bem como ao status de qualidade de vida (135-

139).

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56

A principal indicação cirúrgica é a dor abdominal intratável. A opção pelo

tratamento cirúrgico também está indicada nas complicações da pancreatite crônica, tais

como pseudocistos, fístulas pancreáticas, estenoses, comprometimento de órgãos adjacentes

ou suspeita de neoplasia.

Durante o último século, devido à etiologia multifatorial da dor e ao pouco

entendimento da fisiopatologia desse processo, várias opções cirúrgicas foram

desenvolvidas. Historicamente, os procedimentos têm sido classificados em três categorias:

descompressão ductal, denervação do pâncreas e ressecção proximal, distal ou total do

pâncreas. As estratégias de denervação pancreática se mostraram inefetivas ou inviáveis

como tratamento de escolha, o que acabou focando a discussão do tratamento cirúrgico na

dicotomia entre descompressão versus ressecção.

Nas últimas décadas, no entanto, surgiram novos procedimentos híbridos,

que combinavam as duas modalidades (descompressão e ressecção) e que se mostraram

seguros e efetivos, uma vez que apresentaram os benefícios de remissão da dor no longo

prazo dos procedimentos cirúrgicos de ressecção, associados às baixas taxas de morbidade

e mortalidade dos procedimentos descompressivos.

O início dos procedimentos descompressivos se iniciou com o relato de

Gould (140), em 1898, com a remoção de um cálculo do ducto de Wirsung com êxito. Em

1902, Moynihan (141) removeu um cálculo do ducto pancreático e declarou que a oportuna

remoção do cálculo ductal, tanto pela via transpancreática (como seria descrito

posteriormente por Mayo-Robson em 1904) (142) ou por via transduodenal através da

papila de Vater, poderiam prevenir a “atrofia do pâncreas” e aliviar a dor, a náuseas e os

vômitos. Em 1939, Haggard e Kirtley (143) relataram 65 remoções de cálculos do ducto

pancreático, com uma taxa de mortalidade de 18%, mas sem relato de longo-prazo.

Em 1911, Link relatou a primeira drenagem externa de um ducto pancreático

em uma paciente jovem, portadora de pancreatite crônica, na qual, após mobilização da

cauda do pâncreas, fixou um tubo no interior do ducto e o exteriorizou, com sucesso e com

seguimento de longo prazo (144).

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Somente em 1946, após publicação de Comfort et al. (145), da Clínica

Mayo, é que a associação entre calcificação do parênquima pancreático e a formação de

cálculos ductais foi bem estabelecida com a pancreatite crônica, tornando-a uma entidade

em separado e difundindo a idéia que um cálculo no ducto pancreático causava uma

pancreatopatia obstrutiva e que poderia ser tratada com descompressão desta via.

Desjardins (146), em 1907, e Coffey (147), em 1909, propuseram o uso de

uma alça intestinal como forma de drenagem interna do pâncreas após estudo em cães,

baseados no estudo primário de Roux (148) do uso de uma alça desfuncionalizada de

intestino delgado para drenagem do estomago remanescente após gastrectomia.

Em 1947, Cattell (149) descreveu uma pancreatojejunostomia término-

lateral em Y-de-Roux como método paliativo efetivo para pancreatopatia obstrutiva

secundária a doença maligna. Duval (150) e Zollinger et al. (151), separadamente, em 1954,

descreveram uma pancreatojejunostomia término-terminal como método de drenagem

interna para pancreatite crônica.

Todos esses esforços de descompressão ductal falharam inevitavelmente

devido à progressiva estenose do canal pancreático causada peça doença, conforme descrito

posteriormente por Puestow e Gillesby (152) como uma “cadeia de lagos”, o que os levou a

desenvolver uma técnica de descompressão longitudinal do ducto pancreático, através da

abertura do ducto desde o corpo até a cauda pancreática seguida de uma

pancreatojejunostomia caudal invaginante em Y-de-Roux, associada à esplenectomia. Dois

anos após esse relato, Partington e Rochelle (153), em 1960, publicaram artigo descrevendo

em detalhes uma pancreaticojejunostomia longitudinal látero-lateral em Y-de-Roux, que

ficou conhecida até os dias atuais como “cirurgia de Puestow”.

Essas técnicas difundiram e estabeleceram a drenagem pancreática interna

utilizando-se de uma alça intestinal desfuncionalizada em Y-de-Roux como meio seguro e

reproduzível de tratamento de pancreatite crônica, pseudocistos de pâncreas e fístulas

pancreáticas. No Brasil, Bove (154) publicou que, fora do período agudo, a hipertensão

intrapancreática é a causa mais importante da dor e a supressão cirúrgica da estase e da

hipertensão ductal levavam a abolição imediata da dor.

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A despeito dos riscos das complicações peri-operatórias, o tratamento

cirúrgico descompressivo do ducto pancreático vem se mostrando superior à intervenção

endoscópica em estudos clínicos randomizados (123,155).

Embora a pancreatojejunostomia látero-lateral em Y-de-Roux tenha se

tornado o procedimento de escolha para descompressão ductal por cerca de 40 anos, é

evidente que não se tratava de uma técnica que resolveria todos os casos de pancreatite

crônica, especialmente aquele que não apresentavam ducto pancreático dilatado (156).

Além disso, começaram a surgir artigos mostrando que, apesar de uma taxa de remissão de

dor de cerca de 80% em três anos, aproximadamente 30% dos pacientes apresentavam

recidiva dolorosa com essa técnica após esse período (156-158). A recidiva dolorosa foi

freqüentemente atribuída à persistência ou recidiva da doença na cabeça pancreática (159).

Somando-se a essa observação de Beger (159), contribuía o fato das

dificuldades encontradas pelos cirurgiões nos casos de pacientes com ductos menores que 5

mm e naqueles casos onde o ducto se interrompia, e dessa forma, tornava a anastomose

difícil. Izbicki et al. (160) propuseram como solução a essas duas dificuldades criar um

falso canal ou um entalhe em “V” no parênquima pancreático, mimetizando um ducto,

continuando assim uma via patente e contínua de descompressão. Porém, posteriormente

ficou bem definido que a principal causa da falência do procedimento de Partington-

Rochelle é a ausência de descompressão adequada da porção proximal do ducto pancreático

principal, assim como do processo uncinado e dos ductos secundários da cabeça do

pâncreas (161).

Devido a essas observações anteriores, a ressecção parcial ou total do

pâncreas parecia ser uma solução atrativa e definitiva para a resolução da dor causada pela

doença, uma vez que mesmo se a dor fosse causada por processo inflamatório que afeta os

nervos, por hipertensão ductal ou isquemia crônica, a remoção cirúrgica do tecido

pancreático lesionado iria curá-la. Em contrapartida, entretanto, quanto mais tecido

pancreático é removido, maior o risco de desenvolvimento de insuficiência endócrina e

exócrina, acompanhadas de suas morbidades. A insuficiência exócrina é mais facilmente

administrada com o uso de reposição enzimática por via oral, ao contrário da falência

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endócrina, que geralmente apresenta-se de controle difícil, requer uso de insulina análoga e

pode ser fatal (162-163).

Outro fator que contribuiu para expansão das técnicas de ressecção foi que

os pacientes que deveriam ser candidatos a um procedimento de descompressão não eram

identificados até meados de 1970, quando a tomografia computadorizada e a

colangiopancreatografia endoscópica retrógrada passaram a ser utilizadas e difundidas

amplamente, possibilitando o estudo da anatomia do ducto pancreático. Além disso, os

resultados insatisfatórios obtidos já no curto prazo de seguimento daqueles pacientes com

ductos finos submetidos a procedimento descompressivo criaram um viés que somente

glândulas com ductos dilatados eram verdadeiramente beneficiadas com essa modalidade

cirúrgica.

A cirurgia mais empregada no tratamento da pancreatite crônica desde 1950

é a duodenopancreatectomia, que provou ser efetiva no controle da dor e das complicações

da pancreatite crônica (135, 164-168).

Desde a descrição de Whipple, em 1946, da duodenopancreatectomia para o

tratamento da pancreatite crônica, o emprego desta técnica cresceu exponencialmente,

principalmente após 1970, quando os avanços no manejo peri-operatório permitiram a

redução das taxas de mortalidade que eram de aproximadamente 30% (169-171).

Os três maiores estudos atuais sobre o tratamento da pancreatite

crônica com a cirurgia de Whipple mostram remissão dolorosa em 4 a 6 anos entre 71% e

89% dos pacientes, redução da mortalidade para menos de 5% nos centros de referência,

porém manutenção das taxas de morbidade cirúrgica ao redor de 40% (135,164-165)

Em 1978, estudo de Traverso e Longmire introduziu a duodenopancreatectomia

com preservação pilórica (DPPP) no tratamento da pancreatite crônica, mostrando os

benefícios fisiológicos e nutricionais presumíveis com a manutenção do esfíncter

gastroduodenal (172). Já em 1944, Watson já havia descrito a técnica de preservação

pilórica como uma modificação de uma gastrectomia distal, portanto 10 anos após o

primeiro relato de Whipple (173), porém ela foi ignorada até a publicação de Traverso. A

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técnica foi tão bem difundida e aceita que atualmente ela é empregada em 70 a 80% das

duodenopancreatectomias (164-165, 168).

Embora com a manutenção da fisiologia do esvaziamento gástrico, estudos não

mostraram substancialmente que a preservação pilórica traz os benefícios nutricionais

teoricamente esperados, pelo contrário, já que alguns não mostraram nenhuma diferença

nutricional significante entre as duas técnicas (174-175). Muitos estudos mostraram um

melhora da qualidade de vida após a preservação pilórica empregada na técnica de Whipple

(176-179), mas alguns outros ainda defendem o uso da técnica padrão (164-165, 174).

O seguimento dos pacientes submetidos tanto à técnica clássica de Whipple

bem como a modificada por Traverso e Longmire mostraram recorrência da dor e piora das

funções exócrinas e endócrinas principalmente associadas à estenose da anastomose

pancreático-jejunal. As insuficiências somadas chegam à metade dos pacientes (180-181)

No pensamento primário de eliminar a dor, eliminando o órgão, as

pancreatectomias totais foram propostas para o tratamento da pancreatite crônica. Priestley

descreveu a primeira pancreatectomia total em 1944 (182). Com o passar dos anos,

percebeu-se que as pancreatectomias totais não produziam melhor alívio da dor que a

duodenopancreatectomia, e ainda apresentavam conseqüências metabólicas ameaçadoras

quando não seguidas de transplante de células de ilhota. Os pacientes passavam a

desenvolver uma problemática diabetes de difícil controle (183-185). Episódios de

hipoglicemias letais são comuns. Gall et al. mostraram numa série de 100 pacientes tratados

com pancreatectomias totais metade da mortalidade tardia causada por hipoglicemia

iatrogênica (186). Sem tratamento adequado com insulina exógena, no entanto, os pacientes

com diabetes apancreática tornam-se progressivamente hiperglicêmicos e desenvolvem a

mesma incidência de doença renal e retiniana de pacientes com diabetes tipo 1 (187). A

despeito da evolução das apresentações de insulina exógena, o controle do diabetes e das

suas conseqüências fisiológicas ainda é um desafio no seguimento desses pacientes.

Por tudo isso, a pancreatectomia total foi praticamente abandonada a partir de

1970. Nos últimos anos, entretanto, esse procedimento voltou a ser empregado devido à

associação com os auto-transplantes de ilhotas pancreáticas. Apesar da dificuldade de se

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aproveitar ilhotas de uma glândula danificada, Najarian et al. (188) demonstraram a

utilidade do auto-transplante de ilhotas em pacientes com pancreatite crônica já em 1980.

Posteriormente, com o refinamento dos métodos de extração e preservação da glândula e da

padronização do procedimento de infusão das ilhotas no sistema portal, o sucesso desse

tratamento cresceu substancialmente. Algum grau de dependência de insulina ainda persiste

na maioria dos receptores, mas cerca de um terço dos pacientes atingem independência em

relação à insulina exógena (189-190). Entretanto de 25% a 30% dos pacientes com

pancreatite crônica já são diabéticos no momento da indicação cirúrgica e, nesses casos, o

auto-transplante de ilhotas nada ajuda. Mesmo naqueles pacientes euglicêmicos

inicialmente, a maioria requer uso de insulina após dois anos do procedimento (191-193).

Tanto o auto-transplante como o alotransplante cursam com falência das

ilhotas, embora a durabilidade do primeiro pareça ser maior (194). O que dificulta sua

aplicabilidade é o pouco acesso dos pacientes ao procedimento, uma vez que poucos

centros estão aptos a realizá-lo.

Alternativa à pancreatectomia total, surge a pancreatectomia distal 95% ou

“quase total” (near total), primeiramente descrita por Child e Donovan em 1956, com

intuito inicial de oferecer uma opção à duodenopancreatectomia que à época apresentava

alta morbimortalidade (195). Posteriormente, em 1976, estudo do próprio Child mostrando

sua experiência em 77 pacientes mostrou remissão dolorosa em 80% dos pacientes à custa

de uma freqüência de 72% de diabetes, além 40% de abscessos e fístulas pós-operatórias na

região pancreática remanescente da cabeça (196). No mesmo estudo, o autor apresentou 19

casos submetidos à duodenopancreatectomia clássica com evolução semelhante às

pancreatectomias 95% em relação ao controle doloroso, porém sem a alta incidência de

insuficiência endócrina.

A análise da maioria dos estudos até aqui apresentados descrevendo as técnicas

pelas décadas do século XX mostravam que a cabeça do pâncreas era o local da origem da

dor na maioria dos pacientes com pancreatite crônica. Percebendo isso, os cirurgiões

consagraram a duodenopancreatectomia como o tratamento padrão da pancreatite crônica,

porém com insatisfação em relação à ressecção do colédoco distal e do duodeno. Portanto,

a evolução natural do tratamento era o desenvolvimento de uma técnica que preservasse o

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duodeno, ressecasse a cabeça pancreática e poupasse glândula suficiente pra manter

funções endócrinas e exócrinas satisfatórias, ainda com baixa morbimortalidade.

Na Alemanha, em 1972, Beger procedeu a primeira ressecção da cabeça

pancreática com preservação duodenal, mas apenas publicou sua técnica em 1980, após

proceder 52 procedimentos (197). Em 1999, o mesmo autor publicou uma revisão dos 26

anos de casuística (198).

Segundo a técnica de Berger, a porção pancreática medial à veia porta e veia

mesentérica é ressecada, restando-se o mínimo de tecido pancreático junto ao duodeno,

preservando-se o ramo posterior da artéria gastroduodenal e descomprimindo o colédoco

distal. A reconstrução é realizada em Y-de-Roux com uma pancreaticojejunostomia

término-terminal com o corpo do pâncreas (ou látero-lateral se o ducto de Wirsung

apresentar obstrução no corpo e cauda) e uma pancreaticojejunostomia término-lateral com

o tecido pancreático remanescente. Beger realizou descompressão biliar

(coledocopancreatostomia ou coledocojejunostomia) em 50% dos pacientes e empregou a

pancreaticojejunostomia látero-lateral em 10 a 15% dos casos.

A cirurgia de Beger atendeu aos anseios esperados à época de preservação

duodenal, bom resultado e manutenção da função glandular. Os resultados mostraram de

remissão da dor em mais 80% dos pacientes, evolução da falência exócrina semelhante

àqueles pacientes sem intervenção cirúrgica e taxa de incidência de nova diabetes de 8% a

21% (83,198). Após essas publicações, o procedimento passou a ser realizado em todo o

mundo.

A complicação cirúrgica mais temida desta técnica é a isquemia duodenal

devido a perfusão inadequada ou não-preservação do ramo posterior da artéria

gastroduodenal. Outro fator que preocupa é a presença de duas anastomoses

pancreaticojejunais, porém a incidência de fístulas e outras complicações como retardo do

esvaziamento gástrico, íleo adinâmico são similares à cirurgia de Whipple. Em estudo

randomizado e prospectivo comparando as duas técnicas com 40 pacientes, Buchler et al.

mostraram morbidade pós-operatória (15-20%) e estadia hospitalar (13-14 dias) similares

(137). Aspelund et al. (199), em estudo comparativo retrospectivo, mostraram taxa de

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complicações maiores de 40% na cirurgia de Whipple contra 25% na de Beger, com índice

de fístulas de 10% e 25%, respectivamente.

Por fim, em 1987, Frey e Smith (200) descreveram uma nova técnica para o

tratamento da pancreatite crônica, que consistia na ressecção local da cabeça do pâncreas

com uma pancreatojejunostomia longitudinal. O autor poupava a glândula rente ao duodeno

como na pancreatectomia 95% de Child e uma camada posterior de parênquima da cabeça,

que era escavada em continuidade com a ductotomia longitudinal do Wirsung, excisando

tanto o ducto principal quanto o Santorini na porção cefálica.

Ao contrário da duodenopancreatectomia e da cirurgia de Beger nas quais o

colo pancreático é dissecado da junção espleno-mesentérica e seccionado, neste

procedimento poupa-se o colo pancreático assim como a cápsula posterior da cabeça do

pâncreas. Na cirurgia de Frey, o colo é preservado intacto, juntamente com o corpo e cauda

do órgão, o que reduz os riscos da cirurgia. Posteriormente, Frey e Amikura (161), para

reduzir o risco de ultrapassar a cápsula cefálica posterior do pâncreas e perfurar o tronco

portal, determinaram como limite da escavação da cabeça o mesmo plano da parede

posterior do ducto de Wirsung aberto e do ducto de Santorini no processo uncinado. Todo

o tecido acima desse plano, incluindo o ducto de Santorini é excisado. A reconstrução

ocorre com a cobertura com uma alça de jejuno em Y-de-Roux que continua com o ducto

pancreático principal aberto no corpo e cauda pancreáticos.

Com o passar dos anos e a difusão da técnica, muitos cirurgiões deram sua

contribuição ao desenvolvimento do procedimento e acrescentaram modificações. Em

2004, Andersen e Topazian (201) descrevam a técnica com os mesmos princípios, porém

mais excisando do que descomprimindo o Wirsung, deixando uma cápsula cefálica de

tecido pancreático de 3mm a 5mm, com auxilio de um dissecador ultrassônico, o que

segundo os autores permitiu remoção mais precisa dos ductos e do tecido adjacente, com

boa visualização das estruturas e sem complicações. Além disso, essa modificação permitiu

boa exposição do colédoco intra-pancreático, evitando lesões. Os autores poupavam tecido

do processo uncinado.

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Izbicki propôs o que denominou “modificação de Hamburgo”, que consistia

numa excavação mais profunda e agressiva da cabeça pancreática, incluindo o processo

uncinado em continuidade com a ductotomia do Wirsung. A reconstrução se dava com uma

anastomose contínua longitudinal com alça jejunal em Y-de-Roux (202).

Ho e Frey, em 2001, descrevam a técnica de enucleação da cabeça e

processo uncinado isoladamente, drenado essa área com uma alça em Y-de-Roux sem

incluir o ducto dorsal. A técnica foi indicada para pacientes com inflamação notadamente

restrita a cabeça pancreática e com ducto pancreático de calibre normal (203-204). Farkas

et al. (205) descreveram técnica semelhante de enucleação cefálica sem drenagem

longitudinal do Wirsung, denominado-a de “ressecção da cabeça pancreática com

preservação do órgão”. Em estudo subseqüente, prospectivo e randomizado, comparou essa

técnica com a cirurgia de Beger, mostrando mesma taxa de controle da dor, porém com

menor morbidade e melhor qualidade de vida após 1 ano (206).

Esta abordagem de Farkas é defendida por Gloor como alternativa a cirurgia

de Beger, principalmente em pacientes com hipertensão portal, no que ele denominou

“modificação de Berne da cirurgia de Beger e Frey” (207). Estudo randomizado e

prospectivo recente de Buchler comparou a cirurgia original de Beger com a modificação

de Berne em 65 pacientes e mostrou menor tempo cirúrgico e estadia hospitalar na cirurgia

“modificada” e qualidade de vida semelhante após seguimento de 2 anos (208).

Os estudos subseqüentes mostraram remissão dolorosa com a cirurgia de

Frey equivalente à cirurgia de Beger ou a duodenopancreatectomia, com taxas de

mortalidade próxima a zero (138,209-210).

O elemento comum de todas essas variações a respeito da técnica inicialmente

proposta por Frey remete à maior ou menor intensidade da enucleação da cabeça

pancreática. O fator polêmico e ainda indefinido refere-se à necessidade e ao grau da

ductotomia ser estendida pelo corpo e cauda do pâncreas. Os antigos estudos de Puestow e

Gillesby mostravam que a ampla descompressão de um ducto obstruído prevenia a

reestenose e reobstrução pela doença progressiva. As observações atuais de sucesso

terapêutico das anastomoses pancreatojejunais término-laterais como as

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duodenopancreatectomias com preservação pilórica de Traverso, ou as variações da

cirurgia de Frey que propõem a enucleação cefálica exclusiva sem drenagem ductal,

segundo Farkas, Gloor e o próprio Frey, parecem em desacordo com as observações dos

pioneiros do tratamento cirúrgico da pancreatite crônica.

Tendo em vista a experiência do Grupo de Cirurgia do Pâncreas e Vias

Biliares do Hospital de Clínicas da UNICAMP no tratamento cirúrgico da PC com

duodenopancreatectomias e suas altas taxas de morbidade, com a técnica de Partington-

Rochelle e o achado de recidiva dolorosa nos pacientes operados com essa técnica até os

anos de 1990 (211), ocorreu a mudança da opção preferencial para o tratamento desses

pacientes com PC que apresentavam doença cefálica evidente. Adotou-se a técnica de Frey,

que havia sido descrita em 1987, por ser de execução mais fácil que a técnica de Beger e,

portanto, mais facilmente aplicável em hospital universitário. A técnica tornou-se o padrão

de tratamento para pacientes com pancreatopatia crônica acompanhada de dilatação ductal

e cabeça pancreática de tamanho aumentado.

Este estudo tem o propósito de avaliar a adoção e o emprego dessa técnica

pelo período de 16 anos, de 1991 a 2007, analisando as características da população que foi

submetida a este tratamento e comparar os resultados com os relatos da literatura mundial,

discutindo os aspectos relevantes desta casuística.

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2 – OBJETIVOS

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2 – Objetivos

2.1 Objetivos Gerais

São objetivos gerais deste estudo:

(a) Caracterizar essa população no momento pré-operatório em relação a:

- idade, sexo e cor

- etiologia da doença;

- sintomatologia do quadro;

- comorbidades e complicações associadas

- estado nutricional (peso, emagrecimento, IMC e albuminemia);

- função pancreática endócrina e exócrina, e;

- alterações da avaliação de exames de imagem do pâncreas.

(b) Descrever as intercorrências, os achados e os procedimentos adicionais no ato cirúrgico.

2.2 Objetivos Específicos

São objetivos específicos deste estudo:

Descrever e analisar na evolução pós-operatória precoce a tardia:

- as complicações relacionadas ao procedimento;

- a aderência ao seguimento pós-operatório;

- o controle da dor abdominal;

- a função pancreática exócrina e endócrina;

- a recidiva dos fatores etiológicos e;

- a mortalidade.

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3 - CASUÍSTICA E MÉTODOS

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3. Casuística e Métodos

Foram estudados retrospectivamente pacientes com diagnóstico de PC

submetidos a tratamento cirúrgico segundo a técnica de ressecção anterior da cabeça

pancreática associada à pancreatojejunostomia longitudinal (técnica de Frey), realizados no

Centro Cirúrgico do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP), pelo Grupo de Cirurgia do Pâncreas e Vias Biliares, da disciplina de

Moléstias do Aparelho Digestivo da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-UNICAMP) no

período de janeiro de 1991 a dezembro de 2007. Todos os pacientes eram oriundos do

Ambulatório de Gastrocirurgia – Pâncreas e Vias Biliares, fixado no 2º. andar do Hospital

de Clínicas da UNICAMP, às sextas-feiras das 13:00 as 17:00 horas.

Todos os pacientes foram operados sob supervisão do Prof. Dr. Francisco

Callejas Neto ao longo dos anos. Participaram do acompanhamento pré-operatório,

indicação cirúrgica e condução pós-operatória o Prof. Dr. José Carlos Pareja (Chefe do

Grupo de Pâncreas e Vias Biliares) e o Prof. Dr. Elinton Adami Chaim (Professor Livre-

docente do mesmo Grupo)

A coleta de dados para este estudo foi realizada pelo autor e extraída dos

prontuários tanto na forma impressa como na forma de microfilme, obtidos no Serviço de

Arquivo Médico (SAM) do Hospital de Clínicas da UNICAMP.

Os dados foram coletados e armazenados em banco de dados do sistema

Microsoft Office Excel e Access for Windows versão 2007. Foi utilizado como instrumento

na coleta de dados do prontuário o protocolo anexado (Anexo 1).

3.1- Seleção dos Pacientes

3.1.1 – Critérios de Inclusão

Foram incluídos nesse estudo:

(a) pacientes com diagnóstico de PC submetidos a tratamento cirúrgico com a técnica de

Frey;

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(b) do sexo masculino ou feminino;

(c) da faixa etária de 18 a 70 anos;

(d) consulta médica mais tardia até o último dia do ano de 2008.

3.1.2 - Critérios de Exclusão

Foram excluídos da casuística os pacientes:

(a) submetidos previamente a cirurgias pancreáticas de ressecção (pancreatectomias

parciais) ou de derivação (pancreatojejunostomias, pancreatogastrostomias, cirurgias de

Puestow e Partington-Rochelle) para tratamento de pancreatite crônica;

(b) submetidos à técnica de ressecção anterior da cabeça pancreática associada à

pancreatojejunostomia longitudinal por outra etiologia;

(c) que abandonaram o seguimento clínico ambulatorial pós-operatório antes do décimo -

segundo mês após a cirurgia;

(d) com exame histológico da peça cirúrgica não compatível com pancreatite crônica.

3.2 - Critérios de indicação cirúrgica do Serviço

3.2.1 - Critérios Diagnósticos: Exames de Imagem

A determinação do diagnóstico pré-operatório de pancreatite baseou-se na

história clínica e nos achados de exames de imagem tais como:

(a) Radiografia simples: presença de calcificações em mesogástrio, na topografia

pancreática;

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(b) Ultrassonografia: achado de heterogenicidade do parênquima pancreático; dilatação,

irregularidades, tortuosidades e cálculos no ducto pancreático principal; calcificações em

meio ao tecido glandular; coleções císticas;

(c) Tomografia computadorizada (TC): calcificações glandulares; irregularidades do ducto

pancreático; cálculos; cistos; aumento de volume da cabeça pancreática;

(d) Ressonância nuclear magnética (RNM): calcificações glandulares; irregularidades do

ducto pancreático; cálculos; cistos;

(e) Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE): estenose do ducto

pancreático, cálculos, compressão de via biliar distal.

Exames como a TC e a RNM não eram realizados de rotina desde o início da

série. A CPRE que era muito utilizada nos primeiros anos da série foi praticamente

abandonada como método diagnóstico durante o período compreendido pelo estudo. Todos

os pacientes apresentavam ao menos dois dos exames de imagem supracitados. As

mensurações da cabeça pancreática e do ducto pancreático, determinantes para a indicação

cirúrgica, foram baseadas nos achados desses exames.

3.2.2 - Critérios Clínicos de Indicação Cirúrgica

Os critérios de indicação para o tratamento cirúrgico da pancreatite crônica com

a técnica de Frey, aplicado durante o período compreendido pelo estudo, segundo o Grupo

de Cirurgia do Pâncreas e Vias Biliares, estão listados a seguir:

(a) recomendação de interrupção da ingestão de álcool por pelo menos 3 meses;

(b) diagnóstico de pancreatite crônica por método de imagem (ultrassonografia, tomografia

computadorizada, ressonância magnética, colangiopancreatografia endoscópica retrógrada);

(c) doença predominante cefálica, com cabeça pancreática aumentada de tamanho em

relação ao corpo e cauda pancreáticos;

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(d) intratabilidade clínica da dor abdominal secundária à doença;

(e) ducto pancreático principal dilatado (≥ 5 mm);

(f) presença de compressão de colédoco distal ocasionado colestase.

3.3 - Pacientes selecionados

O total inicial de prontuários pesquisados foi de 80 pacientes. Com a aplicação

dos critérios de inclusão e exclusão já referidos anteriormente, obteve-se:

(a) Quatro pacientes excluídos pelo antecedente de realização de cirurgias pancreáticas de

derivação prévias, pela técnica de Partington-Rochelle (Anexo 2);

(b) Um paciente excluído cuja indicação cirúrgica foi um cistoadenona microcístico da

cabeça pancreática com compressão ductal e dilatação à montante, confirmado por exame

histológico da peça cirúrgica (Anexo 3);

(c) Dois pacientes excluídos por abandono do seguimento clínico ambulatorial pós-

operatório com dois e três meses após o procedimento cirúrgico, respectivamente (Anexo

4).

Dessa forma, para este estudo foram considerados um total de 73 (N) pacientes

(Anexo 5).

3.4 - Análise dos Dados

As variáveis e conceitos empregados nesse estudo foram:

(a) Idade

Expressa em anos completos no momento da operação.

(b) Sexo

Expresso em masculino e feminino

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(c) Cor

Quanto à variável cor, os pacientes foram classificados em brancos, negros e pardos

conforme auto-definição questionada no momento de inscrição na unidade hospitalar e

registrada no prontuário médico.

(d) Peso, Estatura e Emagrecimento

As unidades das variáveis foram expressas em quilogramas (kg) para peso e metros

(m) para estatura, no momento da internação para o procedimento cirúrgico eletivo. O

índice de massa corporal (IMC) foi calculado para cada paciente dividindo-se o peso (kg)

pelo quadrado da estatura (m), e expresso em kg/m2.

A determinação do emagrecimento foi calculada subtraindo-se o peso pré-operatório

(conforme descrito anteriormente) do peso relatado pelo paciente como o habitual antes do

início dos sintomas relacionados à doença, apresentados de maneira absoluta e percentual.

(e) Sintomas

Os sintomas relatados pelos pacientes e anotados nos prontuários foram compilados.

(d) Dor

Conforme protocolo do Grupo de Cirurgia do Pâncreas e Vias Biliares do Hospital

de Clínicas da UNICAMP, os pacientes com diagnóstico de pancreatite crônica seguidos no

ambulatório são obrigatoriamente questionados sobre a dor abdominal e a eles é proposto

que classifiquem o seu quadro álgico em relação à:

(i) Intensidade - Durante o período de 1991 a 1995 era solicitado ao paciente, em

todas as suas consultas, que classificasse sua dor nas últimas quatro semanas como

“LEVE”, “MODERADA” ou “INTENSA”. A partir de 1995 passou a ser utilizada uma

escala visual analógica, conforme Figura 4, em que dor que varia de zero (sem dor) a dez

(nível máximo de dor) e é subdividida em “LEVE”, “MODERADA” e “INTENSA”, o que

permitiu equiparação da avaliação dos dois períodos.

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Figura 4: Escala visual analógica da dor utilizada no HC-UNICAMP.

(ii) Freqüência - A ocorrência dos episódios foi classificada como “DIÁRIA” (4

ou mais dias da semana com dor), “SEMANAL” (1 a 3 dias da semana com dor) ou

“MENSAL” (intervalos de ao menos 7 dias sem dor).

Após a interrupção da ingestão de álcool, quando da internação, os pacientes

foram indagados retrospectivamente se o abandono do hábito fez com que a dor abdominal

apresentasse melhora ou não, e uma vez respondendo “SIM”, que classificassem essa

melhora em “LEVE”, “MODERADA” ou “INTENSA”.

Para avaliação dos resultados em relação ao controle da dor abdominal, na

última avaliação médica, os pacientes foram classificados como::

(i) Assintomáticos - Livres de dor, sem queixas álgicas;

(ii) Oligossintomáticos - Queixa de dores abdominais com baixa freqüência,

intensidade leve, pouca repercussão nas atividades gerais diárias e sem uso de analgésicos

periodicamente;

(iii) Sintomáticos - Com recidiva dolorosa, considerados como insucesso de

tratamento cirúrgico; pacientes com queixas de dores abdominais freqüentes, de intensidade

moderada a severa, comprometedoras das atividades diárias e que necessitavam de uso

rotineiro de analgésicos, principalmente opiáceos.

(e) Uso de Analgésicos

Os pacientes que relataram uso habitual de quaisquer drogas para controle da

dor abdominal foram questionados sobre a modalidade dos analgésicos, que foram

classificados como:

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(i) Não-opiáceos - dipirona, paracetamol, salicilatos (acido acetil-salicilíco),

anti-inflamatórios não-esteroidais (diclofenaco, cetoprofeno, ibuprofeno, tenoxicam,

meloxicam e piroxicam). Embora não seja um analgésico propriamente dito, a

escopolamina, um antagonista competitivo dos receptores muscarínicos M1, é amplamente

utilizada no controle da dor abdominal de pacientes com pancreatite crônica e foi agrupada

nessa classe para melhor avaliação dos pacientes;

(ii) Opiáceos: codeína, tramadol, meperidina e morfina.

(f) Internações Prévias

Foi relatado o antecedente de internações prévias em ambiente hospitalar

sofridas pelos pacientes relacionadas à pancreatite crônica e a quantidade delas.

(g) Tabagismo

Foram relatados os pacientes que tinham o hábito de fumar cigarros,

identificando a idade de início do hábito, a quantidade de cigarros por dia, o tempo de

hábito (em anos) e se estava em abstinência ou não no momento do tratamento cirúrgico.

(h) Etilismo

Foram compilados os dados dos pacientes que ingeriam álcool, o tipo de bebida

ingerida com maior freqüência, a quantidade de ingestão diária, a idade de início do hábito,

o período que fez uso da substância (em anos) e se estava abstinente ou não no momento do

tratamento cirúrgico.

As bebidas consideradas destiladas, como aguardente de cana-de-açúcar,

conhaques, vodcas e uísques foram consideradas com graduação alcoólica de 40%, embora

esse valor possa ser maior. Cervejas foram consideradas com graduação alcoólica de 6%,

embora varie de 4 a 8%; vinhos, 12%, embora varie de 8 a 13%. Os valores escolhidos de

graduação alcoólica para uso nos cálculos foram baseados na graduação presente nas

apresentações mais freqüentes à disposição para comercialização.

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Os dados reportados referem-se à quantidade de ingestão média diária da

bebida alcoólica relatada pelo paciente nos últimos 6 meses anteriores ao momento do

questionamento.

O álcool tem uma densidade de 0,8 g/mL. Portanto, uma vez determinado o tipo

de bebida, sua graduação alcoólica e a quantidade de bebida ingerida, é possível calcular a

quantidade ingerida de álcool em gramas, que é a padronização universal, através da

Equação 1:

Eq. 1

Onde:

Qa – quantidade de gramas de álcool ingerida por dia;

Id – ingestão diária de bebida alcoólica em mililitros (mL);

Gra – graduação alcoólica da bebida ingerida (aguardente 0,4; vinho 0,12; cerveja 0,06).

O tempo de abstinência da ingestão de álcool foi calculado em relação à data da

cirurgia e expressado em meses.

(i) Comorbidades

Relatou-se a avaliação anestésica pré-operatória pela Classificação da

Sociedade Americana de Anestesiologistas (American Society of Anesthesiologists - ASA)

conforme Tabela 2 (212). Considerou-se portador de anemia os pacientes com níveis de

hemoglobina sérica menor que 12,0 g/dL.

Qa (g/d) = Id (ml) x Gra x 0,8

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Tabela 2. Classificação Clínico-Anestésica dos Pacientes pela Sociedade Americana de

Anestesiologistas (ASA).

ASA Classificação

I Paciente saudável

II Doença sistêmica leve ou moderada, sem limitação das funções vitais

III Doença sistêmica severa, com comprometimento das funções vitais

IV Doença sistêmica severa com ameaça à vida.

V Paciente moribundo, morte esperada nas próximas 24 horas com ou sem

intervenção cirúrgica.

E Em cirurgias de emergência acrescenta-se o “E” ao número. Risco

anestésico triplicado.

(j) Insuficiência pancreática exócrina

A insuficiência pancreática exócrina foi investigada baseada em questionário

clínico (número de evacuações, consistência das fezes, presença de esteatorréia) e

determinada pelo balanço de gordura fecal, delineado pelo método de Kamer (82), com

presença de mais do que 10 g de gordura por dia nas fezes coletadas por 3 dias durante a

ingestão diária de 100 g de gordura por dia no mesmo período; todos os testes foram

realizados no mesmo laboratório e com mesmos parâmetros.

(l) Insuficiência pancreática endócrina (Diabetes)

A insuficiência endócrina foi determinada segundo os critérios da American

Diabetes Association (ADA) de 2003 (213), que sentenciou o diagnóstico de diabetes com

níveis de glicemia de jejum > 126 mg/dL, de intolerantes à glicose com níveis entre 100 e

126 mg/dL e de normalidade os níveis ≤ a 99 mg/dL. Os pacientes com níveis de glicemia

de jejum > 126 mg/dL no momento pré-operatório e que não tinham o diagnóstico de

diabetes estabelecido foram classificados como “hiperglicêmicos”.

Aos pacientes que foram operados no período anterior a essa classificação,

optou-se pela aplicação das diretrizes da ADA de 2003, de maneira retrospectiva, para que

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houvesse possibilidade de equiparação e comparação, embora os pacientes fossem

classificados a sua época, às normas diagnósticas vigentes. Foram considerados os

pacientes que apresentassem ao menos duas amostras de glicemia de jejum colhidas até sete

dias antes do procedimento cirúrgico.

(m) Hipoalbuminemia

Os níveis de albumina sérica considerados foram àqueles determinados na

internação cirúrgica. Os pacientes foram classificados como normais ou com

hipoalbuminemia leve, moderada e severa conforme Tabela 3.

Tabela 3. Classificação de hipoalbuminemia em função dos níveis de albumina sérica (g/dL)

obtidos através de método automatizado colorimétrico com verde de bromocresol.

Classificação Níveis de albumina sérica (g/dL)*

Normal > 3,5

Hipoalbuminemia

Leve 3,0 a 3,5

Moderada 2,5 a 2,9

Severa < 2,5

(n) Técnica Operatória

Todas as cirurgias foram realizadas seguindo os preceitos descritos por Frey e

Smith (200) (Figura 5).

O acesso à cavidade abdominal é realizado por meio de incisão subcostal

bilateral. Prossegue-se com inventário e avaliação dos órgãos abdominais. Realiza-se uma

ampla manobra de Kocher para liberação do duodeno e cabeça pancreática. A cabeça

pancreática é medida com fita métrica no seu maior eixo. A abertura da retro-cavidade dos

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epíplons é realizada através da secção do ligamento gastro-cólico, expondo dessa maneira a

face anterior do corpo e cauda do pâncreas. Identifica-se o ducto pancreático principal e

realiza-se sua abertura longitudinalmente em toda a sua extensão como proposto pela

técnica de Partington-Rochelle. A veia porta acima do pâncreas e a veia mesentérica

superior abaixo do órgão são expostas e mantidas sob visão direta, o que se faz necessário

para se evitar lesões durante a enucleação da cabeça e do processo uncinado, bem como

para promover controle proximal e distal em caso de injúria do tronco portal retro-

pancreático. Para melhor exposição da cabeça pancreática, os vasos gastro-epiplóicos

direitos são ligados e seccionados.

Figura 5. Principais passos da técnica de Frey onde (A) corresponde à abertura do ducto de

Wirsung longitudinalmente retirando cálculos e desfazendo estenoses; (B) Enucleação do

tecido pancreático da cabeça e processo uncinado do pâncreas em contigüidade com a

abertura do ducto de Wirsung; (C) Visão transversal que evidencia a margem posterior de

ressecção da cabeça pancreática em contigüidade com o ducto pancreático principal. (D)

Reconstrução com anastomose pancreato-jejunal. (FCM-UNICAMP)

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O cirurgião posiciona sua mão esquerda posteriormente à cabeça do pâncreas

que fica inteiramente sobre sua mão, o que lhe permite uma fixação segura do órgão, bem

como a compressão do tronco portal retro-pancreático de maneira rápida e eficaz em caso

de sangramento ou injúria. Inicia-se, então, a ressecção anterior da cabeça pancreática com

bisturi e cautério, deixando uma margem de tecido pancreático junto às bordas e à margem

duodenal com cerca de 5 milímetros de espessura. A fina camada de tecido pancreático

rente ao duodeno é importante para manter o aporte sanguíneo do duodeno proveniente das

artérias pancreaticoduodenais superior e inferior. O plano profundo da ressecção segue a

altura do ducto pancreático principal e o controle da espessura de tecido a ser preservado

posteriormente é avaliado pela mão do cirurgião que está fixa posteriormente ao pâncreas.

A excavação da cabeça engloba também o processo uncinado e o ducto acessório de

Santorini (Figura 6).

Figura 6. Fotos do pâncreas após enucleação da cabeça e processo uncinado pancreáticos e

abertura longitudinal do ducto pancreático principal. (HC-UNICAMP)

Quando a enucleação aprofunda-se e se aproxima do ducto biliar na sua porção

intra-pancreática, toma-se o cuidado de não lesá-lo. Desde 1992, o Grupo realiza

rotineiramente, nesta fase, a colecistectomia tática e a passagem de um dilatador metálico

de Bakes pelo ducto cístico fazendo-o percorrer a via biliar distal até ultrapassar a papila

duodenal. Dessa maneira, o colédoco intra-pancreático fica facilmente localizado e

reduzem-se as possibilidades de abri-lo. Assim, toda a face anterior dessa porção do

colédoco fica exposta e livre de contrição por fibrose tecidual ou por pseudocistos.

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Na ocorrência de sangramento de maior intensidade de vasos do parênquima, o

cirurgião realiza a manobra de compressão da cabeça pancreática com sua mão esquerda

que ampara a cabeça do órgão posteriormente e procede a cauterização ou ligadura dos

vasos.

Ao término da enucleação, um pequeno seguimento do ducto pancreático

principal, com aproximadamente 1,0 a 1,5 cm que fica remanescente é explorado com

instrumento metálico até sua saída pelo duodeno para se retirar cálculos ou desfazer

estenoses.

Com o término desta fase, prepara-se uma alça jejunal em Y-de-Roux, que é

levada ao pâncreas por via preferencialmente transmesocólica. O coto da alça eferente é

posicionado em direção à cauda do pâncreas. A anastomose entre o pâncreas e a alça

jejunal foi alterada pelo Grupo em relação à técnica proposta por Frey e Smith: realizaram-

se anastomoses pancreato-jejunais e não pancreático-jejunais como determinava a técnica

primordial, no intuito de preservar e incluir na luz da derivação uma porção suplementar de

tecido pancreático que ficaria comprimido e obstruído por uma anastomose em dois planos

(Figura 7). As pancreatojejunostomias foram realizadas em plano único com pontos

separados, nos casos iniciais com fio de algodão 3-0 e posteriormente com fio de

poliglactina 3-0 (Vicryl®).

Figura 7. Foto da realização da parede posterior da anastomose pancreato-jejunal

longitudinal em Y-de-Roux. (HC-UNICAMP)

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O comprimento das alças eferentes do Y-de-Roux variou de 40 a 60 cm e das

alças aferentes de 30 a 40 cm. As anastomoses jejuno-jejunais foram látero-laterais com

variações de sutura em plano único com pontos separados de algodão 3-0 ou poliglactina 3-

0 (Vicryl®) ou em dois planos com sutura contínua de polidioxanona 3-0 (PDS

®) e pontos

separados de poliglactina 3-0 (Vicryl®

).

A drenagem da cavidade abdominal foi realizada com drenos laminares,

tubulares aspirativos ou túbulo-laminares.

Todos os pacientes receberam tromboprofilaxia com heparina de baixo peso

molecular e antibioticoprofilaxia com 2 g de cefazolina endovenosa no momento da

indução anestésica e nas 24 horas subseqüentes.

O tecido excisado da cabeça pancreática foi pesado e enviado para estudo

histopatológico.

Os critérios de re-introdução da dieta por via oral foram: intervalo de pelo

menos 72 horas após o procedimento e presença de sinais de re-estabelecimento de trânsito

intestinal, tais como ruídos hidro-aéreos e eliminação de flatos ou evacuação.

(o) Manejo da via Biliar

O tratamento inicial da compressão da via biliar distal era objetivo da

enucleação pancreática. Segundo a conduta do Serviço, uma vez que o cirurgião julgasse a

descompressão inadequada com a exploração da via biliar com dilatadores de Bakes e/ou

com colangiografia intra-operatória transcística, ou identificasse via biliar com dilatação

acentuada, prosseguia-se com uma derivação bíleo-digestiva. Inicialmente deu-se

preferência pela derivação colédoco-duodenal no intuito de manter a alça do Y-de-Roux

exclusiva para a anastomose pancreática. Posteriormente, devido à maior experiência com a

técnica, a opção de escolha passou a ser derivação colédoco-jejunal látero-lateral na mesma

alça da anastomose pancreática.

(p) Hipertensão Portal

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O diagnóstico de hipertensão portal foi baseado nos achados de varizes

gástricas ou esofágicas, esplenomegalia, trombose de veia porta ou presença de circulação

colateral esplâncnica evidente no ato operatório.

(q) Morbidade Cirúrgica

As complicações peri-operatórias foram identificadas e relatadas. Definiu-se o

diagnóstico de infecção de incisão cirúrgica os casos em que o cirurgião que avaliou o

paciente indicou ou uso de antibioticoterapia. Considerou-se como infecção secundária ao

cateter de acesso venoso central a identificação do mesmo agente nas culturas de sangue

periférico e da ponta do cateter. O diagnóstico de pneumonia foi considerado nos casos em

que houve alteração radiológica pulmonar, leucocitose, febre e instituição de

antibioticoterapia; e atelectasia nos casos de alteração radiológica, febre e sem

administração de antibióticos. O diagnóstico de infecção do trato urinário foi estabelecido

nos pacientes com cultura de urina com crescimento maior que 100.000 colônias

bacterianas por mililitro de urina.

Retardo de esvaziamento gástrico foi definido como a presença de débito da

sonda nasogástrica a partir do primeiro dia pós-operatório acima de 600 mL em 24 horas.

Íleo adinâmico foi definido clinicamente a partir dos achados de distensão abdominal,

ausência de ruídos hidro-aéreos à ausculta abdominal e ausência de eliminação de flatos ou

evacuação.

As fístulas pancreáticas foram definidas conforme os parâmetros do Grupo

Internacional de Estudo de Fístulas Pancreáticas (International Study Group of Pancreatic

Fistulas - ISGPF) (214), publicado em 2005, que definia fístula como a presença de débito

de fluido por dreno abdominal de qualquer volume e característica, a partir do terceiro dia

pós-operatório, com níveis de atividade de amilase superior a três vezes o nível sérico.

Anteriormente a esse período, o Serviço utilizava como definição de fístula pancreática a

presença de débito de fluido por dreno abdominal de qualquer volume ou característica, no

quinto dia operatório, com níveis de atividade de amilase superior a cinco vezes o nível

sérico. Para uniformização do estudo, aplicou-se retrospectivamente a definição atual

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àqueles casos operados anteriormente a 2005, bem como a classificação de acordo com o

impacto clínico da fístula, conforme Tabela 4.

Tabela 4. Classificação das fístulas pancreáticas pós-operatórias segundo o ISGPF.

Graduação A B C

Condição clínica Bem Frequentemente

bem

Aparência

doentia/mal

Tratamento específico* Não Não / Sim Sim

US ou TC abdominal

(se realizado)

Negativo Negativo / Positivo Positivo

Drenagem persistente

(> 3 semanas)

Não Geralmente sim Sim

Reoperação Não Não Sim

Morte relacionada à fístula Não Não Possivelmente sim

Sinais de infecção Não Não Sim

Sepse Não Não Sim

Readmissão Não Não/Sim Não/Sim

*Nutrição parenteral total ou parcial, antibióticos, nutrição enteral, análogos da

somatostatina ou drenagem invasiva mínima.

(r) Mortalidade Cirúrgica e Sobrevida Pós-operatória

Definiu-se como mortalidade pós-operatória ou cirúrgica todas as mortes não-

traumáticas ocorridas no intervalo dos 30 primeiros dias após o procedimento ou ocorrida

durante o período de internação.

Os óbitos ocorridos após os trinta primeiros dias pós-operatórios ou após a alta

hospitalar nos casos de período de hospitalização maior que 30 dias foram considerados

como mortalidade tardia. Definiu-se como sobrevida o tempo decorrido entre as datas da

cirurgia e do óbito.

(s) Avaliação Pós-operatória

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Os pacientes foram definidos como livres de dor ou assintomáticos quando se

apresentaram sem queixas álgicas abdominais na última avaliação médica. Os pacientes

definidos como oligossintomáticos apresentaram-se na última consulta médica com queixas

de dores abdominais de baixa freqüência, intensidade leve, com pouca repercussão nas

atividades gerais diárias e sem uso de analgésicos periodicamente. Estabeleceu-se como

paciente sintomático ou com falência do tratamento pacientes com queixas de dores

abdominais freqüentes e de intensidade moderada a severa, comprometedoras das

atividades diárias e que necessitavam de uso regular de analgésicos, inclusive opiáceos.

3.5 - Análise Estatística

Análise descritiva com apresentação de tabelas de freqüências para variáveis

categóricas e medidas de posição e dispersão para variáveis numéricas.

Para comparação de proporções foi utilizado o teste Qui-quadrado ou teste

Exato de Fisher, quando necessário.

Para comparação de medidas numéricas entre dois grupos foi utilizado o teste

de Mann-Whitney e entre 3 grupos o teste de Kruskal-Wallis.

Para verificar a relação entre medidas contínuas ou ordenáveis foi utilizado o

coeficiente de correlação de Spearman. Este coeficiente varia de -1 a 1. Valores próximos

dos extremos indicam correlação negativa ou positiva, respectivamente e valores próximos

de zero não indicam correlação (215).

A curva de sobrevida foi estimada pelo método de Kaplan-Meier e para a

comparação das distribuições foi utilizado o teste de Breslow.

O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi 5% (p < 0,05).

Utilizou para execução das análises o programa computacional SAS System for

Windows (Statistic Analysis System), versão 9.2; SAS Institute Inc., 2002-2008, Cary, NC,

USA.

As análises estatísticas estão apresentadas detalhadamente no Anexo 6.

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3.6 – Submissão do Estudo para Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

Esse estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Ciências Médicas da UNICAMP (CEP-FCM/UNICAMP), e foi aprovado com parecer no.

071/2009 (Anexo 7).

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4 - RESULTADOS

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4 - Resultados

O presente estudo proporcionou os resultados apresentados a seguir.

Primeiramente, a caracterização dos pacientes selecionados para o estudo,

quanto ao sexo e cor está apresentada na Tabela 5. Dos 73 pacientes selecionados para

análise, 71 (97,3%) eram do sexo masculino e dois (2,7%) do sexo feminino. Em relação à

cor, 48 (65,8%) definiam-se brancos, 15 (20,5%) pardos e 10 (13,7%) negros.

Tabela 5. Distribuição dos paciente por sexo e cor.

Sexo Cor

Brancos Pardos Negros Total

Masculino

48

13

10

71

Feminino - 2 - 2

Total 48 15 10 73

Com relação à idade do grupo de pacientes selecionados para o estudo, a média

de idade dos pacientes no momento da cirurgia foi de 40,7 anos, mediana 39,9 anos,

desvio-padrão de 8,4 anos, variação 24 a 69 anos. A Figura 8 mostra o histograma da

distribuição dos pacientes quanto à idade.

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Figura 8. Histograma de distribuição dos pacientes por faixa etária e curva de normalidade.

4.1 – Etiologia

A etiologia da pancreatite crônica foi atribuída ao álcool em 70 pacientes

(95,9%). Em três pacientes (4,1%) a causa foi considerada idiopática.

4.1.1 - Alcoolismo

Os 70 pacientes que apresentavam abuso de ingestão alcoólica apresentaram

idade média de início da ingestão alcoólica de 20,3 anos e desvio-padrão 7,1 anos.

Relataram abuso alcoólico por 18,8 anos, em média, e desvio-padrão de 9,5 anos.

O tipo de bebida alcoólica mais comumente ingerida foram os destilados, entre

os quais se destacam a aguardente de cana-de-açúcar e o conhaque, por 81,2% dos

pacientes; apenas um paciente (1,4%) relatou abuso exclusivo de bebidas fermentadas, tipo

cerveja. A associação de abuso de fermentados e destilados foi relatada por 15,9% dos

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pacientes e apenas um paciente (1,4%) relatou abuso da associação destilados, cerveja e

vinhos.

O consumo médio diário em gramas de etanol puro foi de 300,3 g, desvio-

padrão 146,2 g, variação 72 a 640 g.

4.1.2 - Tabagismo

Dos 73 pacientes estudados, 69 (94,5%) fumavam. O consumo médio relatado

foi de, em média, 22,3 cigarros/dia, desvio-padrão 9,9 cigarros/dia. Os fumantes iniciaram

o vício, em média, com 16,3 anos (desvio-padrão 5,6 anos) e mantiveram o consumo por

média de 22,2 anos (desvio-padrão 11,6 anos).

4.2 - Clínica

Os sintomas mais freqüentes apresentados pelos pacientes foram dor

abdominal, emagrecimento, náuseas e vômitos, icterícia e esteatorréia. A Tabela 6 mostra a

freqüência dos sintomas mais freqüentes.

Tabela 6. Prevalência dos sintomas nos 73 pacientes submetidos à cirurgia.

Sintoma N %

Dor abdominal 73 100

Emagrecimento 70 95,9

Náuseas/Vômitos 38 52,1

Inapetência 35 47,9

Icterícia 30 41,1

Esteatorréia 14 19,2

Diabetes 11 15,1

Empachamento pós-prandial 11 15,1

Ascite 4 5,5

Febre 4 5,5

Tumor abdominal 4 5,5

Derrame pleural 4 5,5

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4.2.1 - Abstinência alcoólica

Seguindo a recomendação do Serviço quanto à necessidade da interrupção da

ingestão de álcool como parte do tratamento da doença, 57 pacientes (78,1%)

interromperam o etilismo durante o acompanhamento clínico ambulatorial; 14 pacientes

(19,2%) relatavam ingestão alcoólica até um mês antes da internação.

Dentre os abstêmios, a média de tempo de interrupção do vício foi de 14,8

meses, desvio-padrão 19,2 meses, variação 1 a 72 meses.

4.2.2 – Dor abdominal

Todos os 73 pacientes apresentavam sintoma de dor abdominal. O tempo médio

decorrente do aparecimento do sintoma até a cirurgia foi de 16,5 meses, variação de 1 a 96

meses, desvio-padrão 21,3 meses.

Quanto a freqüência da dor, a maioria relatou o sintoma diariamente (n = 34;

46,6%) ou mensalmente (n = 13; 35,6%). Episódios semanais foram relatados por 13

pacientes (17,8%) (Figura 9).

Figura 9. Freqüência dos episódios de dor abdominal.

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Quanto a intensidade da dor, a maioria dos pacientes classificou seu sintoma

como moderado (n = 42; 57,5%) ou severo (n = 30; 41,1%). Apenas um (1,4%) paciente

relatou sintomatologia leve (Figura 10).

Figura 10. Intensidade da dor abdominal.

Em relação ao uso de analgésicos, 64 pacientes (87,7%) referiram uso regular e

nove pacientes (12,3%) usavam esporadicamente ou não usavam. A droga mais usada para

controle álgico foi a hioscina (n = 60; 82,2%). Os analgésicos não-opiódes (dipirona,

paracetamol) eram usados por 62 pacientes (84,9%), antiinflamatórios não-hormonais

(diclofenaco, cetoprofeno, tenoxicam, etc.) por 30 pacientes (41,1%). Eram usuários de

opiáceos, tais como, morfina, tramadol, meperidina e codeína, 24 pacientes (32,9%); três

pacientes (4,1%) usavam antidepressivos tricíclicos.

Daqueles que eram usuários de analgésicos (n = 64), nenhum paciente estava

em monoterapia, 21 (32,8%) usavam duas drogas, 23 (35,9%) usavam três drogas e 13

pacientes (20,3%) usavam quatro ou mais drogas (Figura 11).

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Figura 11. Terapia analgésica utilizada pelos pacientes.

Dos 57 pacientes que se mantiveram abstêmios no seguimento clínico

ambulatorial pré-operatório, 61,4% relataram alguma melhora da dor abdominal com esta

atitude e 38,6% não notaram nenhuma melhora.

Entre os 35 pacientes que apresentaram alguma melhora da dor abdominal,

21(60%) relataram “pouca” melhora, 11 (31,4%) melhora “moderada” e três (8,6%)

pacientes referiram “muita” melhora. Os dados de intensidade e freqüência de dor

abdominal apresentados anteriormente já expressam essas percepções de mudança do

sintoma relatadas pelos pacientes.

4.2.3 - Icterícia e Colestase

Pelo menos um episódio de icterícia foi relatado por 30 pacientes (41,1%); os

demais 43 (58,9%) nunca haviam apresentado qualquer episódio deste sintoma.

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Na admissão hospitalar, 19 pacientes (26,0%) estavam ictéricos e apresentavam

níveis séricos de bilirrubinas, fosfatase alcalina e gama-glutamil transferase alterados,

acima do limite superior da normalidade.

4.2.4 – Peso e Emagrecimento

O IMC médio na admissão hospitalar do paciente foi de 19,1 kg/m2, mediana

19,0 kg/m2, desvio padrão de 2,4 kg/m

2, variação 14,4 a 24,8 kg/m

2 (Figura 12).

24,523,522,521,520,519,518,517,516,515,514,5

10

8

6

4

2

0

11

3

4

11

8

3

8

7

444

5

7

3

1

22

3

Figura 12. Histograma e curva de normalidade dos pacientes em relação ao IMC aferido na

admissão hospitalar.

Do total de pacientes, 70 (95,9%) apresentaram emagrecimento no último ano

prévio ao procedimento cirúrgico. A perda de peso média por paciente foi de 11,3 kg,

desvio-padrão 6,9 kg, variação de 0 a 30 kg. Em termos percentuais, a perda média de peso

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100

por paciente variou de 4,9% a 39,5% do peso corporal, com média de 17,4% e desvio

padrão de 8,4.

4.2.5 - Esteatorréia e Insuficiência Pancreática Exócrina

A esteatorréia era queixa de 14 dos pacientes (19,2%).

No momento da admissão hospitalar, 19 pacientes (27,2%) tinham o

diagnóstico de insuficiência exócrina baseado nos achados laboratoriais. Desses, nove

pacientes faziam uso de suplementação enzimática por via oral diariamente.

4.2.6 - Insuficiência pancreática endócrina (Diabetes)

No momento da cirurgia havia 29 pacientes (40,8%) com função pancreática

endócrina normal; 15 pacientes (21,1%) foram classificados como intolerantes à glicose; 16

pacientes (22,5%) eram hiperglicêmicos sem tratamento clínico; e 11 pacientes (15,5%)

eram diabéticos em tratamento, de acordo com a Figura 13.

Figura 13. Classificação dos pacientes submetidos á cirurgia quanto à função endócrina.

Entre os diabéticos (n = 11), oito pacientes utilizavam insulinoterapia exclusiva,

três utilizavam exclusivamente hipoglicemiantes orais e dois pacientes faziam uso de

associação entre insulina e hipoglicemiantes orais (Figura 14).

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101

Figura 14. Distribuição dos pacientes diabéticos em função da terapia utilizada no momento

da cirurgia.

4.2.7 - Hipoalbuminemia

Dos 73 pacientes, 67 tinham dosagem de albumina sérica na admissão

hospitalar. Dezesseis pacientes (23,9%) apresentavam níveis de albumina sérica abaixo do

valor normal no momento da admissão hospitalar. A Tabela 7 e a Figura 15 mostram a

distribuição dos pacientes em relação aos níveis de albumina.

Tabela 7. Classificação dos pacientes em relação à albuminemia.

Classificação N %

Normal 51 76,1

Hipoalbuminemia 16 23,9

Leve 10 14,9

Moderada 2 3,0

Severa 4 6,0

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102

Figura 15. Distribuição dos pacientes em relação aos níveis séricos de albumina.

4.2.8 - Internações Prévias

Por episódios de agudização de pancreatites ou exacerbação dolorosa, 43

pacientes (59,7%) já haviam sido internados, em média, 2,7 vezes, variação 1 a 15 vezes.

4.2.9 - Comorbidades

A presença de alguma doença clínica associada à pancreatite crônica foi

encontrada em 33 pacientes (45,2%). As principais patologias associadas presentes nos

pacientes dessa população estão apresentadas na Tabela 8. Anemia (23,3%), hipertensão

arterial (19,2%) e diabetes (15,5%) foram as mais freqüentes.

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103

Tabela 8. Prevalência das patologias associadas à pancreatite crônica apresentadas pelos

pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico.

Comorbidades N %

Hematológicas

Anemia

Plaquetopenia

20

17

3

27,4

23,3

4,1

Cardiovasculares

Hipertensão arterial

Acidente vascular cerebral

Arritmia

16

14

1

1

21,9

19,2

1,4

1,4

Gastrointestinais

Colecistolitíase

Hepatite B

Hepatite C

12

9

2

1

16,4

12,3

2,8

1,4

Endocrinológicas

Diabetes

Polineuropatia diabética

12

11

1

16,4

15,5

1,4

Infecto-parasitárias

Seqüela tuberculose pulmonar

Blastomicose pulmonar

Escabiose

3

1

1

1

4,1

1,4

1,4

1,4

Outras

Nefrolitíase

Malária

Espondilite anquilosante

3

1

1

1

4,1

1,4

1,4

1,4

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104

4.2.10 - Classificação Anestésica

Os pacientes realizaram a avaliação anestésica pré-operatória e foram

classificados conforme os critérios da American Society of Anesthesiologists (ASA -

Physical Status Classification System). A Tabela 9 expressa os dados. A distribuição dos

pacientes revela comprometimento do estado físico global da população.

Tabela 9. Distribuição dos pacientes pela classificação anestésica ASA

ASA N %

I 3 4,3

II 50 71,4

III 17 25,3

4.3 - Avaliação Diagnóstica Complementar

4.3.1 - Avaliação Endoscópica Pré-operatória

Dos 73 pacientes, 56 apresentavam laudo de endoscopia digestiva alta pré-

operatória incluído no prontuário médico. Os resultados estão apresentados na Tabela 10.

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105

Tabela 10. Achados endoscópicos pré-operatórios.

Diagnóstico endoscópico N %

Exame normal 7 12,5

Gastrite 26 46,4

Úlcera duodenal

Ativa

Cicatrizada

10

4

6

17,9

7,2

10,7

Úlcera gástrica

Ativa

Cicatrizada

3

1

2

5,4

1,8

3,6

Esofagite

Leve

Moderada

Intensa

11

5

5

1

19,7

8,9

8,9

1,8

Deformidade duodenal 7 12,5

Varizes

Gástricas

Esofágicas

4

3

1

7,2

5,4

1,8

Gastrectomia prévia

(reconstrução tipo Billroth II)

2 3,6

Fístula Cisto-duodenal 1 1,8

Pólipo esofágico 1 1,8

Estase gástrica 1 1,8

Hérnia de hiato 1 1,8

4.3.2 - Avaliação Radiológica Pré-operatória

Todos os pacientes realizaram ultrassonografia abdominal. A tomografia

computadorizada do abdome foi realizada em 45 pacientes (61,6%); a CPRE foi método

empregado em 62 pacientes (84,9%) e a colangiorressonância em 18 pacientes (24,7%).

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106

Na avaliação do fígado, 16 pacientes (21,9%) apresentaram parênquima

hepático heterogêneo. Cinco pacientes (6,8%) apresentaram esplenomegalia (baço maior

que 12 cm), e quatro pacientes (5,5%) tinham ascite.

Em relação ao estudo ultrassonográfico da via biliar, 38 pacientes (52,0%)

apresentavam via biliar de calibre normal, 15 pacientes (20,5%) tinham discreta dilatação

(menor que 10 mm) e 19 pacientes (26,0%) apresentavam via biliar dilatada (maior que 10

mm). Ao estudo da via biliar por colangiografia endoscópica ou por colangiorressonância,

diagnosticou-se 34,2% dos pacientes (n = 25) com via biliar de aspecto normal e 65,7% (n

= 48) com compressão e subestenose de via biliar distal. Três pacientes com litíase da via

biliar foram identificados.

O estudo do pâncreas mostrou aumento de volume da cabeça pancreática,

parênquima heterogêneo e dilatação do ducto pancreático principal em todos os pacientes.

Cistos pancreáticos estavam presentes em 36 dos pacientes (49,3%); em 24 pacientes eram

únicos, 10 pacientes apresentavam dois cistos e dois pacientes apresentavam três ou mais

cistos (Figura 16). O tamanho médio dos cistos foi de 4,1 cm, desvio-padrão 2,0 cm.

Figura 16. Distribuição dos pacientes portadores de cistos pancreáticos em relação ao

número de cistos diagnosticados.

Todos os pacientes apresentavam calcificações pancreáticas ao estudo com

radiografia, ultrassonografia, TC ou RNM.

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107

No total, foram diagnosticados 50 cistos pancreáticos, dos quais 39 eram

cefálicos, nove estavam no corpo pancreático e dois eram caudais (Figura 17).

Figura 17. Distribuição dos cistos pancreáticos diagnosticados em relação a sua localização.

A avaliação do ducto pancreático principal por CPRE ou colangiorressonância

mostrou dilatação do seu calibre, tortuosidade e segmentos com estenose em todos os

casos. Um paciente teve o diagnóstico de pâncreas divisum. Cálculos intraductais foram

identificados em 23 pacientes (31,5%). Através da CPRE foram diagnosticadas três fistulas

cisto-duodenais, uma fistula cisto-gástrica para o antro e uma fístula colédoco-duodenal. O

método também diagnosticou dois pacientes com hemorragia pelo ducto pancreático

principal, os quais tiveram diagnóstico de pseudoaneurisma da artéria esplênica

confirmados através da TC de abdome.

4.4 - Intervenções Pré-operatórias

Dos 62 pacientes que realizaram CPRE previamente ao ato cirúrgico, seis

pacientes (9,7%) sofreram algum intervenção terapêutica endoscópica. Nos quatro casos

onde o clareamento de contraste injetado na via biliar foi ausente ou deficiente na avaliação

do endoscopista que realizava o exame, procedeu-se a papilotomia e passagem de prótese

plástica na via biliar no intuito de drenagem da mesma. Os três pacientes que tiveram

diagnóstico de litíase da via biliar foram tratados endoscopicamente com papilotomia e

retirada dos cálculos. Um paciente com litíase de via biliar necessitou colocação de prótese

biliar.

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4.5 - Cirurgia

O tempo médio do procedimento cirúrgico foi de 322,6 minutos, desvio-padrão

49,4 minutos, variação 180 a 480 minutos. A média de sangramento estimado por cirurgia

foi de 891,8 mL, desvio-padrão 518,2 mL, variação 300 a 3000 mL.

4.5.1 - Achados Intra-operatórios

À avaliação da cavidade abdominal no ato operatório, constatou-se alteração

macroscópica do fígado em 20 dos pacientes (27,4%).

A presença de alterações sugestivas de hipertensão portal, tais como dilatação

venosa esplâncnica e esplenomegalia, foram encontradas em oito pacientes (11,0%).

O parênquima pancreático estava calcificado e com consistência endurecida em

todos os pacientes. A medida da cabeça pancreática com fita métrica no eixo crânio-caudal

revelou tamanho médio de 6,0 cm, desvio-padrão 1,2 cm, variação 4 a 10 cm. O calibre

médio do ducto pancreático principal foi de 8,6 mm, desvio-padrão 2,2 mm, variação 5 a 15

mm. Cistos pancreáticos foram identificados em 29 pacientes (39,7%). No total, 45 cistos

foram descritos, com tamanho médio de 3,6 cm, desvio-padrão 1,9 cm, variação 2 a 10 cm.

Na avaliação da via biliar, 42 pacientes (57,5%) apresentavam via biliar de

calibre até 10 mm; 31 pacientes (42,5%) apresentavam via biliar dilatada (maior que 10

mm) conforme Figura 18.

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109

Figura 18. Distribuição dos pacientes em relação ao calibre da via biliar medido no intra-

operatório.

4.5.2 - Enucleação da Cabeça Pancreática

A média de peso do tecido pancreático excisado da cabeça e do processo

uncinado do pâncreas foi de 17,4 g, desvio-padrão 11,7 g, variação 5 a 78 g (Figura 19).

Figura 19. Distribuição dos pacientes em relação à quantidade de tecido pancreático

excisado da cabeça do pâncreas.

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110

4.5.3 - Intercorrências Intra-operatórias

Durante o ato cirúrgico 20 pacientes (27,4%) tiveram algum evento não-

programado. A intercorrência intra-operatória mais freqüente foi a abertura do colédoco

intra-pancreático durante a excisão do parênquima da cabeça do pâncreas, que ocorreu em 9

pacientes (12,3%). Nesses casos, procedeu-se uma coledocopancreatostomia em quatro

pacientes e uma derivação bíleo-digestiva proximal nos outros cinco pacientes. As demais

intercorrências intra-operatórias e as respectivas condutas tomadas estão apresentadas na

Tabela 11.

Tabela 11. Intercorrências intra-operatórias e respectivas condutas durante o procedimento.

Intercorrências N (%) Conduta

Abertura do colédoco intra-

pancreático

9 (12.3) Coledocopancreatostomia (n = 4) e

derivação bíleo-digestiva proximal (n = 5)

Lesão esplênica 4 (5.4) Esplenectomia

Lesão duodenal 4 (5.4) Rafia

Lesão de veia porta 2 (2.7) Rafia

Lesão de cólon 1 (1.4) Rafia

4.5.4 - Procedimentos Adicionais

Além da enucleação da cabeça pancreática associada à pancreatojejunostomia

longitudinal em Y-de-Roux, alguns pacientes sofreram procedimentos adicionais (Tabela

12). A colecistectomia foi o procedimento adicional mais comumente empregado, utilizado

para estudo e exploração da via biliar. Derivações bíleo-digestivas, esplenectomias,

pancreatectomias parciais e drenagem de tórax foram outros procedimentos realizados.

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111

Tabela 12. Procedimentos adicionais realizados no mesmo ato cirúrgico.

Procedimentos adicionais N (%) Comentário

Colecistectomia 66 (90.4) Rotineiramente realizada atualmente

para exploração da via biliar.

Derivação bíleo-digestiva:

coledocoduodenostomia

coledocojejunostomia

13 (17.8)

9

4

Quando descompressão biliar

insuficiente ou lesão do colédoco intra-

pancreático.

Esplenectomia 8 (10.9) Lesão intra-operatória ou tática cirúrgica

para mobilização de corpo e cauda do

pâncreas.

Drenagem de tórax 3 (4.1) Nos casos de derrame pleural

pancreático.

Pancreatectomia parcial distal 2 (2.7) Tática cirúrgica para exposição do ducto

de Wirsung distal.

As derivações bíleo-digestivas foram realizadas em 13 pacientes (17,8%); nove

derivações colédoco-duodenais látero-laterais e quatro derivações colécodo-jejunais látero-

laterais na mesma alça eferente pancreática. A Tabela 13 mostra o tipo de derivação bíleo-

digestiva realizada em relação a indicação do procedimento.

Tabela 13. Emprego das derivações bíleo-digestivas em função da indicação do

procedimento.

Derivação

Colédoco-duodenal

Derivação

Colédoco-jejunal

Total

Lesão do colédoco

intra-pancreático

5 1 6

Descompressão

biliar insuficiente

4 3 7

Total 9 4 13

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112

4.5.6 - Evolução Pós-operatória Precoce

No pós-operatório imediato, 31 dos pacientes (42,5%) foram encaminhados à

Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com estadia média de 1,1 dia, desvio-padrão 0,4 dia,

variação 1 a 3 dias.

O tempo médio de hospitalização pós-operatória foi de 10,6 dias, mediana 9,6

dias, desvio-padrão 6,1 dias, variação 6 a 42 dias.

Não houve mortalidade pós-operatória relacionada à cirurgia.

4.5.6.1 - Morbidade Cirúrgica

A taxa de morbidade cirúrgica pós-operatória global foi de 28,7%. A Tabela 14

resume as principais complicações e suas freqüências. As complicações mais freqüentes

foram as infecciosas (13,7%), as pulmonares (2,8%) e a hemorragia (2,8%). Isoladamente,

a complicação mais freqüente foi a fístula pancreática (6,8%), seguido das pneumonias

(5,5%).

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113

Tabela 14. Morbidade global dos pacientes submetidos à cirurgia de Frey.

Complicações pós-operatórias N (%)

Fístula pancreática 5 (6.8)

Infecciosas:

Pneumonia

Ferida operatória

Cateter venoso central

Sistema urinário

10 (13,7)

4

2

2

2

Pulmonares:

Pneumotórax

Atelectasia

2 (2,8)

1

1

Insuficiência hepática 1 (1.4)

Reoperações:

Sangramento

Coleperitônio

3 (4.1)

2

1

Morbidade global 21 (28,7)

Dos cinco pacientes que evoluíram com fístula da anastomose pancreato-

jejunal, quatro apresentaram a complicação no quinto dia pós-operatório e um paciente no

sexto dia. Três dos cinco pacientes apresentaram taquicardia (freqüência cardíaca maior que

100 batimentos por minuto) e leucocitose; um paciente apresentou febre (temperatura axilar

superior a 38○C). Os cinco pacientes evoluíram com distensão abdominal e íleo adinâmico.

Nenhum paciente apresentou sepse. Todos realizaram exames de imagem do abdome que

não mostraram coleção ou abscesso intracavitários. Os cinco pacientes foram tratados com

interrupção da ingestão oral, nutrição parenteral total individualizada, antibióticos de amplo

espectro e administração de análogo da somatostatina – octreotide – na dose de 0,1 mg por

via subcutânea a cada 8 horas. A evolução foi benigna em todos os pacientes; nenhum

necessitou de reabordagem cirúrgica e todos tiveram resolução do quadro entre o sétimo e

oitavo dia após início do tratamento clínico da fístula. Todos os pacientes complicados com

fístula pancreática foram classificados como grau B pelos critérios do Grupo Internacional

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114

de Estudo de Fistulas Pancreáticas (International Study Group of Pancreatic Fistulas –

ISGPF). Nenhuma fístula foi oriunda de derivações biliares ou de anastomoses jejunais.

Os pacientes que evoluíram com infecção da ferida operatória foram tratados

com cefalexina via oral, na dose de 500 mg a cada 6 horas, por 7 a 10 dias, com resolução

em todos os casos.

As infecções urinárias e as relacionadas ao uso de cateter venoso central foram

tratadas com antibióticos específicos baseados no antibiograma das culturas realizadas.

Os pacientes que cursaram com pneumonias e atelectasia eram todos tabagistas.

O paciente com atelectasia foi tratado com fisioterapia respiratória. Dos quatro pacientes

com pneumonia, 2 evoluíram com empiema parapneumônico, necessitando de drenagem

torácica. O único caso de pneumotórax foi relacionado a punção da veia subclávia direita

para passagem de acesso venoso central e foi tratado com drenagem torácica.

Um paciente, portador de cirrose hepática e hipertensão portal, evoluiu com

insuficiência hepática no primeiro dia pós-operatório, apresentando coagulopatia, aumento

de transaminases hepáticas e icterícia. Foi tratado clinicamente apresentando boa evolução.

Do total de três reoperações, duas foram por sangramento e uma por

coleperitônio. As reintervenções por hemorragia tiveram causas diferentes: um paciente foi

reoperado no primeiro dia pós-operatório por choque hipovolêmico e a causa era

sangramento em retroperitônio; outro paciente foi reoperado no segundo dia pós-operatório

após apresentar queda dos níveis de hemoglobina sem exteriorização do sangramento por

dreno ou pelo trato digestivo, cuja causa era sangramento da área cruenta da cabeça

pancreática para o interior da alça jejunal eferente. Ambos tiveram boa evolução pós-

reintervenção. O único caso de coleperitônio foi devido a uma colecistite aguda perfurada

no sétimo dia pós-operatório, num dos casos iniciais da série, quando ainda não se realizava

a colecistectomia rotineiramente.

Como intercorrências pós-operatórias menores, cinco pacientes apresentaram

íleo adinâmico no pós-operatório o que retardou a reintrodução da dieta e a alta hospitalar;

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115

dois pacientes apresentaram ascite, controlada com diuréticos; e um paciente apresentou

retardo de esvaziamento gástrico, necessitando de descompressão gástrica por cinco dias.

4.5.6.2 - Transfusão Sanguínea

Durante todo o período de admissão hospitalar para cirurgia, 37 pacientes

(50,7%) receberam transfusão de hemoderivados; 32 pacientes receberam concentrado de

hemácias (43,8%), 18 pacientes (24,7%) receberam plasma fresco congelado e apenas um

paciente (1,4%) recebeu transfusão de plaquetas.

4.6 - Seguimento ambulatorial pós-operatório

Os pacientes apresentaram um seguimento pós-operatório médio de 77,0 meses,

mediana 51,9 meses, desvio-padrão 61,6 meses, variação 12 a 204 meses.

A aderência ao seguimento pós-operatório variou de 100% no primeiro ano

pós-operatório para 67,1%, 52,2% e 35,9% no terceiro, quinto e décimo ano pós-operatório,

respectivamente (Figura 20).

Figura 20. Prevalência de pacientes em seguimento clínico ambulatorial através dos anos

pós-operatórios.

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116

4.7 - Complicações Cirúrgicas Tardias

No acompanhamento pós-operatório, três pacientes (4,1%) apresentaram hérnia

incisional. Todos foram submetidos à correção cirúrgica.

Dois pacientes tiveram que ser readmitidos em urgência por complicações

cirúrgicas no período após alta hospitalar até o primeiro ano pós-operatório. Um paciente

apresentou quadro de oclusão intestinal no segundo mês pós-operatório, foi submetido a

laparotomia com achado de brida intestinal. Outro paciente cursou com quadro oclusivo

intestinal sendo submetido à laparotomia e diagnosticado hérnia interna entre as brechas do

mesentério na enteroanastomose.

4.8 - Complicações Biliares Tardias

Seis pacientes evoluíram com oito eventos de complicações do sistema biliar no

pós-operatório tardio.

Dois pacientes apresentaram colecistite aguda, um no oitavo mês e o outro no

terceiro ano pós-operatório.

Cinco pacientes desenvolveram síndrome colestática secundária a estenose

biliar distal causada pela pancreatite crônica; dois pacientes apresentavam coledocolitíase

concomitante à estenose. Três pacientes apresentavam estenose em segmento biliar menor

que 5 mm e foram tratados endoscopicamente com papilotomia e dilatações. Dois pacientes

apresentavam estenose longa de seguimento de colédoco distal e foram submetidos a

tratamento cirúrgico; um paciente submeteu-se a uma coledocoduodenostomia e outro a

uma coledocojejunostomia.

O tempo médio pós-operatório de aparecimento dessas complicações foi de

57,8 meses, mediana 38,9 meses, desvio-padrão 47,5 meses, variação 10 a 132 meses.

4.9 - Controle da Dor Abdominal

Na última avaliação clínica ambulatorial, 70 pacientes tinham descrição do

quadro clínico a respeito da dor abdominal.

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117

Dentre eles, 91,4% (n = 64) estavam assintomáticos quanto a este critério, 7,1%

(n = 5) foram classificados como oligossintomáticos e 1,4% (n = 1) foi classificado como

recidiva dolorosa (Figura 21).

Figura 21. Distribuição dos pacientes quanto ao sintoma dor abdominal na última avaliação

clínica pós-operatória.

4.10 - Peso

Em relação ao comportamento do peso dos pacientes, todos eles referiram

ganho de peso ao final do primeiro ano pós-operatório em relação ao momento da cirurgia.

Na última avaliação clínica, 35 pacientes apresentavam dados completos em relação a este

critério. Dentre eles, 32 pacientes (91,4%) apresentavam ganho de peso em relação ao

momento da cirurgia, dois pacientes (5,7%) mantiveram o peso (variação inferior a um

quilograma) e um paciente (2,9%) apresentou perda de peso. O IMC médio final desses

pacientes foi de 22,6 kg/m2, mediana 22,4 kg/m

2, desvio-padrão 3,2, variação 14,5 a 30,5

kg/m2

(Figura 22). O ganho médio de peso por paciente foi de 10,3 kg, mediana 9,4 kg,

desvio-padrão 5,9 kg, variação 1,2 a 22 kg. Comparando-se os pacientes antes e após o

procedimento através do IMC, obteve-se diferença estatística entre os dois momentos, com

p < 0,0001.

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118

30,028,026,024,022,020,018,016,014,0

14

12

10

8

6

4

2

01

33

7

13

5

2

1

Figura 22. Histograma e curva de normalidade dos pacientes em relação ao IMC aferido na

última avaliação clínica.

4.11 - Função Pancreática

Dos 73 pacientes submetidos à cirurgia, 71 pacientes tinham dados completos

sobre a função endócrina e 70 pacientes sobre a função exócrina. A proporção de pacientes

com função pancreática normal ao longo dos anos pós-operatório apresentou deterioração

contínua. No momento da cirurgia, 48 pacientes (65,7%) não apresentavam insuficiências;

com um ano de pós-operatório, 34 pacientes (48,6%) mantinham função normal,

diminuindo para 25 pacientes (35,7%) no terceiro ano e 17 pacientes (24,3%) a partir do

quinto ano (Figura 23)

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119

Figura 23. Prevalência de pacientes com função pancreática normal, insuficiência exócrina

e endócrina ao longo dos anos pós-operatórios.

4.11.1 - Função Exócrina

Na última avaliação clínica, 44 pacientes (62,9%) apresentavam insuficiência

pancreática exócrina. Nenhum paciente em todo o seguimento pós-operatório apresentou

reversão do quadro instalado de insuficiência exócrina. A Figura 24 ilustra o

comportamento dos pacientes em relação à função exócrina.

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120

Figura 24. Evolução da função exócrina dos pacientes.

Entre aqueles que já apresentavam a deficiência na cirurgia (n = 19), 10

pacientes evoluíram com piora do quadro, necessitando de aumento da dosagem da

suplementação enzimática; sete desses pacientes apresentaram piora funcional e escalada da

dosagem de suplementação enzimática já no primeiro ano pós-operatório. O tempo médio

de piora da insuficiência foi 19,6 meses, mediana 7,0 meses, desvio-padrão 39,4 meses,

variação 2 a 130 meses.

Daqueles 51 pacientes (72,8%) que apresentavam função exócrina normal no

momento da cirurgia, 26 pacientes (51%) mantiveram-se dessa forma até o fim do estudo;

25 pacientes (49%) evoluíram com insuficiência exócrina, em média com 11,3 meses de

pós-operatório, mediana 7,6 meses, desvio-padrão 10,5 meses, variação 2 a 38 meses.

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121

A proporção de pacientes insuficientes foi aumentando gradualmente ao longo

do tempo pós-operatório: 50,0% (n = 35) no primeiro ano, 58,6% (n = 41) no terceiro ano e

62,9% (n = 44) a partir do quinto ano (Figuras 25 e 26).

Figura 25. Prevalência de pacientes com função pancreática exócrina normal e com

insuficiência em função dos anos de seguimento pós-operatório.

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122

Figura 26. Prevalência e linha de tendência de pacientes com função pancreática exócrina

normal e com insuficiência em função dos anos de seguimento pós-operatório.

4.11.2 - Função Endócrina

Na última avaliação clínica, 33 pacientes (46,5%) apresentavam insuficiência

pancreática endócrina. Nenhum paciente em todo o seguimento pós-operatório apresentou

reversão do diabetes. A Figura 27 ilustra o comportamento dos pacientes em relação à

função exócrina.

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123

Figura 27. Evolução da função exócrina dos pacientes.

Entre os 29 pacientes que tinham função endócrina normal no momento da

cirurgia, 19 pacientes mantiveram-se com função preservada e 10 pacientes tornaram-se

diabéticos. Entre os que se tornaram diabéticos, o tempo médio de diagnóstico foi com 80,2

meses de pós-operatório, mediana 59,7 meses, desvio-padrão 56,3 meses, variação 6 a 196

meses.

Dos 15 pacientes classificados como intolerantes à glicose, sete pacientes

evoluíram com função pancreática normal ao fim do seguimento, um paciente manteve-se

como intolerante e sete pacientes tornaram-se diabéticos. Entre aqueles que se tornaram

diabéticos, o tempo médio de diagnóstico foi com 48,3 meses de pós-operatório, mediana

37,5 meses, desvio-padrão 43,8 meses, variação 16 a 144 meses; quatro pacientes tornaram-

se diabéticos até o terceiro ano pós-operatório.

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124

Entre os hiperglicêmicos (n = 16), 11 pacientes evoluíram com função

endócrina normal e cinco pacientes desenvolveram diabetes. Entre os que desenvolveram

diabetes, o tempo médio de diagnóstico foi com 81,4 meses de pós-operatório, mediana

36,6 meses, desvio-padrão 85,4 meses, variação 3 a 180 meses; três pacientes tornaram-se

diabéticos até o terceiro ano pós-operatório e os outros dois pacientes apenas após o

décimo-segundo ano.

Entre os 11 pacientes que já eram diabéticos, nenhum reverteu a insuficiência.

Entre os oito pacientes que realizavam insulinoterapia no momento da cirurgia, seis

pacientes mantiveram a dose e dois necessitaram aumento da dose no período do

seguimento. Entre os três pacientes que eram tratados com hipoglicemiantes orais, dois

evoluíram com piora clínica e passaram a ser insulino-dependentes e um único manteve o

mesmo tratamento com hipoglicemiantes oral (Figura 28).

Figura 28. Evolução do tratamento dos pacientes diabéticos durante o período de

acompanhamento pós-operatório.

Somado os 22 casos novos de diabetes (36,7%), o seguimento mostrou 33

pacientes diabéticos (46,5%) na última avaliação clínica do estudo. As Figuras 29 e 30

mostram a evolução da proporção de pacientes diabéticos ao longo dos anos pós-

operatórios.

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125

Figura 29. Prevalência de pacientes com função pancreática endócrina normal e com

diabetes em função dos anos de seguimento pós-operatório.

Figura 30. Prevalência e linha de tendência de pacientes com função pancreática endócrina

normal e com insuficiência em função dos anos de seguimento pós-operatório.

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126

4.12 - Recidiva de Abuso Alcoólico

Foram pesquisados 70 pacientes a respeito do retorno ao etilismo; 23 deles

(32,9%) retornaram à ingestão alcoólica excessiva. O tempo médio início da recidiva ao

etilismo foi de 21,5 meses, mediana 9,7 meses, desvio-padrão 33,0 meses, variação 1 a 121

meses. Daqueles pacientes que reiniciaram o alcoolismo, catorze o fizeram já no primeiro

ano pós-operatório.

A média de ingestão de etanol puro desses pacientes foi de 214,3 g diárias,

desvio-padrão de 123,7 g, variação 8 a 480 g.

4.13 - Complicações Clínicas Tardias

No acompanhamento clínico dos pacientes operados, 18 (24,7%) evoluíram

com aparecimento de comorbidades novas.

Dois pacientes apresentaram episódios de pancreatites agudas relacionados a

ingestão alcoólica abusiva, ambos ainda no primeiro ano pós-operatório.

Seis pacientes apresentaram complicações relacionadas ao diabetes: neuropatia

diabética em membros inferiores (n = 4), retinopatia (n= 1) e nefropatia (n= 1).

Quatro pacientes evoluíram com cirrose hepática. Um desses pacientes passou a

apresentar episódios de hemorragia digestiva secundária a varizes esofágicas. Um paciente

também desenvolveu trombose de veia porta.

Dois pacientes desenvolveram tuberculose: um com foco pulmonar e outro com

foco em adrenal com síndrome de Addison secundária.

Houve ainda um caso novo de hepatite por vírus B e um paciente com

insuficiência cardíaca congestiva severa.

Quanto ao desenvolvimento de neoplasias malignas, cinco pacientes (6,8%)

apresentaram esse quadro no seguimento. Houve dois casos de neoplasia de cabeça e

pescoço (um de laringe e um de faringe), um de pulmão, um de esôfago e um de estômago.

Não houve casos de neoplasia pancreática.

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127

4.14 - Mortalidade Tardia

No momento do estudo, dos 73 pacientes operados, havia 12 óbitos (16,4%), 33

pacientes (45,2%) estavam vivos e 28 pacientes (38,4%) não foram localizados (Figura 31).

Figura 31. Estado dos pacientes no momento do estudo.

As principais causas de óbito foram as neoplásicas (n = 3) e as complicações

decorrentes de cirrose hepática (n = 3) e diabetes (n = 3), conforme demonstra Tabela 15.

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128

Tabela 15. Causas de mortalidade tardia durante o seguimento pós-operatório nos pacientes

operados.

Causa do óbito N

Neoplasias malignas

Estômago

Pulmão

Cabeça e pescoço

3

1

1

1

Complicações da Cirrose hepática

(insuficiência hepatocítica e hemorragia digestiva secundária a varizes esofágicas)

3

Complicações do Diabetes

(infecções e falência de múltiplos órgãos)

2

Traumática:

Acidental (traumatismo crânio-encefálico)

Assassinato

2

1

1

Cardiovascular:

Acidente vascular cerebral

1

1

Indefinido 1

4.15 - Análise Estatísticas e Correlações

Entre os pacientes que apresentaram complicações pós-operatórias, foram

pesquisadas as associações com algumas características dos pacientes através do teste qui-

quadrado e teste exato de Fischer, quando apropriado, para variáveis categóricas e teste de

Mann-Whitney para variáveis numéricas (Tabela 16).

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129

Tabela 16: Análise estatística das relações entre as características dos pacientes e a

ocorrência de complicações e infecções no pós-operatório precoce, expresso em p valor..

Variáveis categóricas

Complicações

Peri-operatórias

Infecção

pós-operatória

Fístula

Pancreática

Cor 0,8624 0,7139 1,0

Icterícia 0,2900 0,7502 0,6426

Abstinência alcoólica 0,5328 1,0 0,5753

ASA 0,0786 0,1764 1,0

Comorbidades 0,7226 1,0 0,6417

Anemia 0,2295 0,4412 0,5871

Hipoalbuminemia 0,1812 0,0552 0,7377

Amilasemia > 200 U/L 0,7317 0,6665 1,0

Alteração ecotextura hepática 0,7621 1,0 1,0

Cistos pancreáticos 0,2725 0,4942 0,6741

Prótese de via biliar 1,0 1,0 0,2518

Alteração macroscópica hepática 0,2462 0,1602 0,6101

Dilatação do Wirsung (> 10 mm) 1,0 1,0 0,4097

Dilatação da via biliar 0,7853 0,1593 1,0

Hipertensão portal 1,0 0,6128 1,0

Derivação bíleo-digestiva 0,5139 1,0 1,0

Intercorrências intra-operatórias 0,4464 0,0354 0,6340

Esplenectomia 0,4214 1,0 1,0

Transfusão sanguínea 0,3454 0,9586 0,3575

Variáveis numéricas*

Idade 0,2381 0,8057 0,1751

Emagrecimento 0,4918 0,2596 0,3632

Etilismo -consumo (g) 0,4737 0,5550 0.7383

Etilismo-tempo 0,2823 0,5143 0,4845

Tabagismo-quantidade 0,8573 0,7613 0,7750

Tabagismo-tempo 0,0801 0,5363 0,0738

Abstinência alcoólica-tempo 0,8631 0,0299 0,0335

Cabeça do pâncreas -tamanho 0,2846 0,7434 0,1847

Wirsung-calibre 0,9550 0,2484 0,6827

Enucleação (g) 0,4774 0,8639 0,0764

Tempo operatório 0,2417 0,3787 0,2607

Sangramento 0,8410 0,5271 0,5146

* valor de p para a não-ocorrência de complicações peri-operatórias ou infecções pós-operatórias

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130

A análise estatística mostrou uma relação de maior proporção de

complicações pós-operatórias no grupo de pacientes que apresentavam hipoalbuminemia no

limite de significância (p = 0,0552) e menor proporção de infecção pós-operatória (p =

0,0299) e de fístula da anastomose pancreática (p = 0,0335) nos pacientes com maior tempo

de abstinência alcoólica, com diferença estatisticamente significativa. O tamanho da cabeça

do pâncreas bem como a quantidade de tecido enucleado não foram fatores significativos

para a ocorrência de quaisquer complicações pós-operatórias.

A análise estatística pelo método de Mann-Whitney da relação entre a

presença ou não de fístula pancreática e os níveis de amilase sérica e do dreno abdominal

no primeiro dia pós-operatório mostrou diferença estatisticamente significante entre os dois

grupos, tanto para a dosagem de amilase sérica (p = 0,0254) como para a amilase do líquido

do dreno abdominal (p = 0,0110) conforme Tabela 17.

Tabela 17. Análise descritiva e relação entre presença ou não de fístula e níveis sérico e no

líquido do dreno abdominal no primeiro dia pós-operatório.

Fístula Variável N Média Dp Mínimo Mediana Máximo p-valor

(Mann-

Whitney)

N LIQAMIL1 65 130,7 277,3 10,0 60,0 1887,0 0,0110

N AMIL1 65 123,6 182,9 18,0 65,0 980,0 0,0254

S LIQAMIL1 5 268,6 123,6 67,0 330,0 367,0

S AMIL1 5 122,3 78,0 78,0 200,0 385,0

Dp: desvio padrão

A análise estatística através do cálculo do coeficiente de correlação linear de

Spearman mostrou relação entre maior quantidade de álcool ingerida no pré-operatório com

um tempo de surgimento de diabetes no pós-operatório mais precoce, com r = 0,42 e p =

0,449. Coeficiente de correlação (r) entre 0,4 a 0,5 mostra correlação de fraca magnitude; a

correlação só é de forte magnitude quando maior que 0,5. Houve também relação entre

ingestão alcoólica e intensidade da dor abdominal ( p = 0,0072). A Tabela 18 mostra que

não houve relação da quantidade de ingestão de álcool com outras variáveis.

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131

Tabela 18. Análise da relação entre ingestão de álcool e dor e funções pancreáticas.

Variável Valor de p

Dor – freqüência 0,1829

Dor – intensidade 0,0072

Insuficiência exócrina pré-operatória 0,4905

Insuficiência exócrina nova 0,1193

Tempo de insuficiência exócrina nova 0,8643

Diabetes pré-operatória 0,9159

Diabetes de novo 0,5736

Tempo de diabetes nova 0,0449

Wirsung (calibre) 0,7124

Enucleação (gramas) 0,8058

Recidiva alcoólica 0,9031

A análise estatística não mostrou relação entre o montante de tecido

pancreático extraído e a ocorrência de deterioração das funções pancreáticas (Tabela 19).

Tabela 19. Análise estatística da relação entre enucleação pancreática e evolução da função

pancreática.

Variável Valor de p

Diabetes de novo 0,6248

Tempo de diabetes nova 0,6618

Insuficiência exócrina nova 0,8587

Tempo de insuficiência exócrina nova 0,6325

Pacientes com hipertensão portal apresentaram relação estatisticamente

significante com maior sangramento operatório, através de análise estatística com teste de

Mann-Whitney (p = 0,0245)

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132

Com relação à recidiva da ingestão alcoólica a análise estatística não

demonstrou relação significativa com a recidiva dolorosa e com a deterioração das funções

pancreáticas, conforme Tabela 20.

Tabela 20. Análise estatística da relação entre recidiva de ingestão alcoólica e recidiva

dolorosa e deterioração das funções pancreáticas.

Variável Valor de p

Recidiva dolorosa 0,3867

Diabetes de novo 0,9340

Tempo diabetes nova 0,9200

Insuficiência exócrina nova 0,9094

Tempo insuficiência exócrina nova 0,2539

A análise estatística entre o calibre do ducto de Wirsung e algumas variáveis

testadas (Tabela 21), mostrou relação estatística significativa entre pacientes com ducto

pancreático dilatados moderadamente (11 a 15 mm) e a ocorrência de diabetes já no

momento pré-operatório.

Tabela 21. Análise estatística da relação entre o grau de dilatação do ducto pancreático e

recidiva dolorosa e deterioração das funções pancreáticas.

Variável Valor de p

Recidiva dolorosa 0,4872

Diabetes pré-operatória 0,0185

Diabetes de novo 1,0

Insuficiência exócrina nova 0,6980

A análise estatística através do teste de Kruskal-Wallis da evolução da

função pancreática endócrina pós-operatória em razão do status endócrino pré-operatório

não mostrou diferença estatística significativa entre os grupos (normais, intolerantes à

glicose e hiperglicêmicos), com p = 0,4701.

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133

A curva de sobrevida global (Figura 32) estimada por Kaplan-Meier mostrou

estimativa de vida de 177,5 meses, mediana de 202,0 meses.

250200150100500

Tempo (meses)

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Pro

ba

bilid

ad

e a

cu

mu

lad

a

Figura 32. Curva de sobrevida global estimada por Kaplan-Meier.

Calcularam-se também as curvas de sobrevida de Kaplan-Meier para

pacientes que recidivaram a ingestão alcoólica e comparou-se àqueles que continuaram

abstêmios (Figura 33). Houve diferença significativa entre as distribuições, com p = 0,0210

(teste de Breslow).

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134

.

Figura 33. Curvas de sobrevida estimadas por Kaplan-Meier para a recidiva de ingestão

alcoólica.

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135

5 – DISCUSSÃO

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137

5 – Discussão

Idealmente, o procedimento indicado para o paciente que sofre com a dor

abdominal secundária à PC deve ter baixas taxas de morbidade e mortalidade, ser de fácil

execução, prover longo tempo de remissão dolorosa, corrigir as complicações e não

determinar piora da das funções exócrina e endócrina da glândula. Não há cirurgia ideal e

nem mesmo as cirurgias mais recentemente desenvolvidas como os procedimentos de

Beger e Frey preenchem todos os critérios descritos anteriormente. A escolha da melhor

técnica a ser empregada para um paciente permanece um desafio e é baseada

freqüentemente em conceitos empíricos, muito devido à falta de conhecimento completo da

fisiopatologia da doença.

A adoção da técnica de Frey como padrão de tratamento cirúrgico

nesta instituição muito se deve às justificativas do criador do procedimento irem de

encontro à principal causa de falência de tratamento que eram observadas na casuística

local, conforme descrito por Callejas-Neto (211): a drenagem inadequada dos ductos

secundários da cabeça e do processo uncinado do pâncreas.

A pancreatojejunostomia lateral em Y-de-Roux (técnica de Partington-

Rochelle) não foi capaz de solucionar todos os problemas dos pacientes com pancreatite

crônica, especialmente aqueles sem dilatação ductal ou com doença predominantemente

cefálica (135). Embora a remissão da dor ocorra em níveis superiores a 80% dos pacientes

em três anos, aproximadamente 30% dos pacientes desenvolvem recorrência da dor após

esse período de tempo (156-158, 216). Essa recorrência da dor é freqüentemente atribuída à

persistência ou recidiva da doença na cabeça pancreática (159, 217-218). Atualmente,

tornou-se claro que a principal causa da falência do tratamento cirúrgico da cirurgia de

Partington-Rochelle é a ausência de descompressão adequada do ducto pancreático

principal proximal, do processo uncinado e dos ductos secundários na cabeça do pâncreas

(161).

Por outro lado, embora provasse ser efetiva no controle da dor e eliminasse a

principal causa de recidiva da dor das cirurgias derivativas ressecando a cabeça, as

duodenopancreatectomias mantêm taxas de mortalidade de até 5% e de morbidade de 40%

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138

em centros de referência (135, 164-165). Outro fator que contribui para a insatisfação com

os resultados das cirurgias de ressecção são as altas taxas de disfunção glandular, que

atingem precocemente em torno da metade dos pacientes operados (180-181).

A técnica descrita por Frey conseguiu combinar a eficácia no controle da dor

característico das cirurgias de ressecção com as baixas taxas de mortalidade e morbidade

das cirurgias derivativas, eliminado a principal causa fisiopatológica da recidiva dolorosa

da pancreatojejunostomia lateral isolada. A técnica mostrou-se também mais fácil de ser

realizada e com menor morbidade que a técnica de Beger, com resultados semelhantes no

que diz respeito ao controle da dor no longo prazo (210).

Dos 73 pacientes submetidos à técnica de Frey e estudados nessa série, 70

(97,3%) eram do sexo masculino e dois (2,7%) do sexo feminino. Em relação à cor,

predominaram os brancos (65,8%). A média de idade dos pacientes no momento da cirurgia

foi de 40,7 anos, variação 24 a 69 anos. O predomínio do sexo masculino foi compatível

com os relatos nacionais, europeus e americanos. Observa-se idade mais precoce para o

diagnóstico da doença nessa série e nas nacionais em relação às séries estrangeiras. Em

âmbito nacional, Montes (219) em estudo de 320 pacientes com PC atendidos neste

Hospital de Clinicas havia descrito proporção de 91,9% de homens e 8,1% de mulheres,

com 69,4% de brancos e 30,3% de pardos e idade média no diagnóstico de 40,9 anos. e

Cunha et al. (220) em relataram série com 545 pacientes, na qual observou predomínio do

sexo masculino (90,5%) e idade média de início dos sintomas de 38,2 anos (8 a 88 anos).

Outras séries internacionais também mostraram predominância do sexo

masculino em séries cirúrgicas, variando de 56% a 100% e idade média de 43 a 48,8 anos

(161, 203, 209-210, 221-223).

Em nosso meio, na casuística de Montes (219), a etiologia alcoólica foi

preponderante (92%), com início da ingestão alcoólica aos 18,0 anos. No mundo ocidental,

o alcoolismo crônico é a causa mais freqüente de PC, sendo o fator etiológico responsável

em 38% a 80% dos casos (224-227). Dani et al. (225), Mott et al. (228) e Cunha et al.

(220), aqui no Brasil, observaram freqüência da etiologia alcoólica em 86%, 93,6% e

93,4%, respectivamente, em pacientes portadores de PC. Esta série mostrou 95,9% de

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etiologia atribuída ao consumo de álcool, idade média de início da ingestão alcoólica de

20,3 anos, com abuso de ingestão alcoólica por 18,8 anos e média diária de consumo de

etanol de 300,3 g; o tipo de bebida alcoólica mais comumente ingerida foi a aguardente de

cana-de-açúcar.

Montes (219) relatou idade de início da ingestão alcoólica de 18 anos, média de

ingestão de 208,7 g/d e tempo médio de consumo de 19,6 anos. Mott et al. (228) e Dani et

al. (225) mostraram inicio de abuso alcoólico aos 19,4 anos (consumo diário médio de

etanol 295,3 g/d) e 19,1 anos (consumo diário médio de etanol 396,6 g/d), respectivamente.

Cunha et al. (220) relataram média de início de ingestão alcoólica de 19,5 anos, tempo de

consumo de 19,8 anos e ingestão diária de 358,6 g. Gullo et al. (229) e Uscanga et al. (230)

mostraram respectivamente, tempo médio de consumo alcoólico de 15 anos e 13,3 anos.

Nos países europeus e no Japão, a idade de início de ingestão alcoólica é mais tardia. Sarles

et al. (231), em estudo multicêntrico, observaram idade média de início da ingestão

alcoólica de 23 anos, e no Japão de 22 anos. A média de consumo de álcool nos pacientes

europeus variou de 154 a 156 g/d e no Japão foi de 107 g/d. Falconi et al. (221) constataram

consumo médio diário de álcool de 100 g.

O consumo alcoólico apresentado pelos pacientes deste estudo supera o relatado

pelas séries de outros países e se aproxima das séries nacionais, o que pode ser justificado

pelo elevado teor alcoólico existente na aguardente de cana-de-açúcar, que é a bebida mais

consumida por esses pacientes, associado ao seu baixo custo e facilidade na sua obtenção.

A idade mais precoce do desenvolvimento da doença nesta série e nos demais

estudos nacionais em comparação aos demais estudos reflete as características do consumo

de etanol desses pacientes, ou seja, início mais precoce, longa duração e, particularmente,

elevado consumo alcoólico comparativo.

O tabagismo acometeu, nesta série, 95,8% dos pacientes, com inicio do vício

em média aos 16,3 anos e consumo por 22,2 anos.

Cavallini et al. (232) foram os primeiros a descreverem os efeitos da

associação entre tabagismo e alcoolismo na litogênese pancreática nos pacientes com

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pancreatite crônica. Imoto et al. (233) também descreveram que o tabagismo aumenta o

risco de calcificação pancreática nos pacientes não-alcoólatras portadores de pancreatite

crônica, provando a evidência de um efeito independente do cigarro no desenvolvimento

desta alteração. O mecanismo pelo qual o tabagismo contribui para a lesão do tecido

pancreático ou pelo qual acelera o processo inflamatório no órgão ainda é incerto, mas

estudos mostram que a ativação de múltiplas vias de transdução de sinal inflamatórios

devido a exposição à nicotina resulta em altos níveis intracelulares de cálcio disponíveis e

pode ser responsável pela lesão e toxicidade celular (234). Estudos laboratoriais têm

indicado que o fumo pode causar resistência à insulina em tecidos periféricos (235).

Seicean et al. demonstraram a persistência do tabagismo como fator de risco

para mortalidade no seguimento de pacientes com PC, quando comparados aos que

interromperam o hábito (RR = 1,28, p = 0,03) (236).

Os pacientes abstêmios de álcool (78,1%) deste estudo apresentaram média

de tempo de interrupção do vício foi de 14,8 meses, variação 1 a 72 meses. Gullo et al.

(237) demonstraram que os pacientes que interrompem a ingestão alcoólica, apesar de não

haver interrupção da progressão da doença, evoluem com progressão mais lenta da

disfunção pancreática, além de uma menor severidade das insuficiências do que aqueles

que continuam ingerindo álcool.

Esta série mostrou associação entre o tempo de abstinência alcoólica pré-

operatória como fator de menor prevalência de complicações pós-operatórias (fístulas e

infecções); quanto maior o tempo de abstinência ao álcool, menor foi a taxa de

complicações. Essa observação pode ser resultado da menor inflamação do tecido

pancreático com a interrupção da ingestão de etanol, melhor estado geral ocasionado com a

melhora da dor e conseqüentemente melhor aceitação da dieta que leva a melhora da

situação nutricional, que é um fator preponderante na taxa de infecções pós-operatórias

(238).

A perda de peso foi um sintoma freqüente e geralmente é causada pela dor

abdominal que piora com a alimentação, além da esteatorréia e do diabetes. No presente

estudo, 95,9% dos pacientes apresentaram emagrecimento, com perda de peso média por

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paciente foi de 11,3 kg, em termos percentuais média de 17,4% e IMC médio pré-

operatório de 19,1 kg/m2, variação 14,4 a 24,8 kg/m

2. Falconi et al. (221) relataram nos

pacientes de sua série IMC médio pré-operatório de 21,5 , variação de 15,7 a 29,5 kg/m2.

Montes (219) descreveu o emagrecimento presente em 87,5% dos pacientes, com média de

perda de peso de 11,4 kg.

A importância da observação desses fatos remete a condição nutricional dos

pacientes no momento da cirurgia, que é um fator determinante de complicações e

infecções pós-operatórias (239-242). A desnutrição está freqüentemente presente em

pacientes com PC, mas há muitas maneiras de avaliar a situação nutricional desses

indivíduos, tais como o nível sérico de albumina e o IMC. A albumina sérica é um bom e

simples preditor do risco cirúrgico e guarda estrita correlação com o grau de desnutrição

(239). A hipoalbuminemia está associada à cicatrização tecidual deficiente, decréscimo na

síntese de colágeno em feridas operatórias e anastomoses e deficiência de respostas

imunológicas (240-241). Baixos níveis de albumina sérica podem ser um bom preditor de

alguns tipos de morbidade pós-operatória, particularmente sepse e infecções graves (242).

Gibbs et al. (238) relataram que um decréscimo no nível sérico de albumina de níveis

maiores que 4,6 g/dL para menos de 2,1 g/dL está associado com um aumento exponencial

nas taxas de mortalidade de menos de 1% para 29% e nas taxas de morbidade de 10% para

65% no seguimento de cirurgias não-cardíacas.

Frey e Amikura (161) relataram a associação de hipoalbuminemia em 34%

dos pacientes. Neste estudo, relatamos 23,9% dos pacientes com diagnóstico de

hipoalbuminemia. Esta variável se apresentou como um fator preditivo de infecção pós-

operatória no limite de significância estatística (p = 0,055); uma casuística maior talvez

pudesse confirmar esta associação. Esses resultados corroboram a importância de uma

recuperação nutricional pré-operatória, que deve ser fundamental e mandatória nesses

pacientes com o objetivo de diminuir a morbidade cirúrgica, principalmente as infecções.

Em nosso meio, Callejas-Neto (211), em uma série de pacientes com PC submetidos a

derivações pancreatojejunais longitudinais relatou 5% de mortalidade pós-operatória

atribuída a complicações infecciosas em pacientes com desnutrição grave.

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142

A taxa de complicação pós-operatória de 28,7% relatada nesta série

encontra-se no intervalo das demais taxas apresentadas por outros estudos, que variam de 0

a 42%. (161,203,209-210,221-223,243-244). Grande parte dessas complicações se deve às

complicações infecciosas, principalmente pneumonias (243). Este resultado parece estar

associado à alta prevalência de pacientes tabagistas e de desnutridos contidos neste estudo,

reforçando a associação estatística descrita entre as complicações infecciosas e a

hipoalbuminemia. A relação estatística de menor proporção de complicações infecciosas

quanto maior o tempo de abstinência alcoólica pré-operatória pode refletir um melhor

estado nutricional e, conseqüentemente, um nível mais elevado de albuminemia,

ocasionado pela interrupção da ingestão de etanol e melhora do quadro de dor secundária a

esta atitude.

A ocorrência de fístulas da anastomose pancreato-jejunal (6,8%) foi

compatível com os demais relatos da literatura 5% a 11,7% (221, 243). A análise estatística

mostrou relação entre níveis de amilase acima de 200 UI/dL dosada no sangue no líquido

do dreno abdominal no primeiro dia pós-operatório com o aparecimento de fistulas da

anastomose pancreática. Yamaguchi et al. (245) relataram a associação entre

hiperamilasemia no líquido do dreno no primeiro dia pós-operatório como capaz de

predizer o desenvolvimento de fístulas e, assim, planejar a condução do paciente. Molinari

et al. (246) também concluíram em seu estudo que a hiperamilasemia pode ser um fator

preditivo para fístula em anastomoses pancreato-jejunais. A se considerar esses resultados

pode-se teorizar que o mecanismo fisiopatológico do desenvolvimento das fístulas ocorreria

na primeira instância devido a uma pancreatite de manipulação cirúrgica ou microfístulas

que justificariam o aumento de amilase no dreno, o que explica a associação da

hiperamilasemia como preditor de fístula apontado neste presente estudo..

O tempo de estadia hospitalar pós-operatória apresentado nos relatos da

literatura variou de 7,5 a 16 dias (161,203,209-210,221-223,243). Nesta série o tempo

médio de internação pós-procedimento foi de 10,6 dias.

A mortalidade operatória varia na literatura de 0 a 3.2% e as causas mais

freqüentemente atribuídas são sepse (abdominal e pulmonar) e hemorragia. A presente série

não relatou mortalidade operatória.

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143

Várias séries de centros de referência em tratamento cirúrgico de pancreatite

crônica reportaram taxas de sangramento pós-operatório menores que 3%, agrupando todas

as técnicas empregadas. Embora haja poucos estudos controlados e randomizados,

observou-se uma tendência das técnicas de Frey e Beger em apresentar maiores taxas dessa

complicação (5 a 10%), geralmente originadas da cabeça pancreática escavada

remanescente (135, 137).

Os resultados das maiorias dos estudos publicados sobre o controle da dor

após o tratamento cirúrgico da PC têm limitações de comparação e interpretação devido à

ausência de uma padronização da coleta de dados sobre esse sintoma. Também por ser um

sintoma subjetivo, a avaliação da dor abdominal como critério de sucesso cirúrgico no

seguimento pós-operatório deve ser levada com cautela, uma vez que sofre interferência de

uma série de fatores psicológicos e sociais. A coexistência de distúrbios mentais em

pacientes alcoólatras e dependentes de narcóticos pode interferir nos resultados do

tratamento. Também por isso, este Serviço requer rotineiramente a interrupção da ingestão

alcoólica e do consumo de cigarros e narcóticos, oferecendo apoio psicossocial para esses

pacientes para que eles possam obter melhores resultados não apenas no controle da dor,

mas também numa recuperação global. Desse modo, observa-se que a cirurgia é apenas

uma parte de um tratamento complexo e multidisciplinar que se inicia no preparo do

paciente para o procedimento e deve continuar durante todo o acompanhamento pós-

operatório.

Esta série mostrou resultados de controle da dor em longo-prazo semelhantes

a outros relatos da literatura, de 91,4% de remissão dolorosa com seguimento médio de

77,0 meses. Os resultados são condizentes com os observados com a maioria das séries

publicadas, conforme mostra a Tabela 22.

Tabela 22. Comparação dos resultados de remissão dolorosa no seguimento pós-operatório

de pacientes submetidos à cirurgia de Frey em séries relevantes publicadas.

Remissão Média de

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dolorosa ao final

do seguimento

(%)

seguimento

(meses)

N

Frey and Amikura (1994)161

86,7 37 50

Izbicki et al (1995)210

89 17 22

Amikura et al (1997)222

90 25 11

Izbicki et al (1998)209

90 24 31

Ho and Frey (2001)203

88 38,4 75

Kelemen and Horvath (2002)223

57,1 20,6 13

Falconi et al (2006)221

88,8 60 40

Pessaux et al (2006)243

88 15 34

Egawa et al (2009)247

100 46 71

Keck et al (2010)248

62 43 50

Negi et al (2010) 244

75 76,8 60

Esta série 91,4 77,0 73

Frey e Amikura (161) defendem um constante monitoramento e uma atitude

ativa cirúrgica no estágio precoce da doença antes do inicio do ciclo vicioso de dor de

difícil controle, drogas, incapacidade de trabalhar e aparecimento de distúrbios sociais,

depois do qual o completo restabelecimento é quase sempre incompleto.

O artigo de Izbick et al. (210), em 1995, foi um estudo prospectivo e

randomizado comparando a técnica de Frey com a de Beger. Os autores demonstraram

ausência de diferença estatística entre as duas técnicas no que se refere a tempo cirúrgico,

ganho de peso pós-operatório e controle da dor (Frey 89% e Beger 94%). Em 1998 (209), o

mesmo grupo publicou estudo prospectivo e randomizado , com 61 pacientes, maioria de

etiologia alcoólica (77%), comparando a evolução da técnica de Frey com a

duodenopancreatectomia (técnica de Longmire-Traverso) no tratamento da PC. Os

pacientes que foram submetidos à técnica de Frey não apresentaram diferença estatística

quanto a remissão dolorosa no pós-operatório na comparação com aqueles submetidos a

duodenopancreatectomia. No entanto, apresentaram menor tempo cirúrgico, menor

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quantidade de transfusão sanguínea, menor morbidade (19% versus 53%) e maior ganho de

peso pós-operatório com seguimento médio de 24 meses.

O único caso caracterizado como insucesso do tratamento cirúrgico nesta

série foi o de um indivíduo que retornou ao abuso de álcool e narcóticos, mas que havia

experimentado período de remissão completa de dor por aproximadamente três anos. Entre

aqueles caracterizados como oligossintomáticos, todos também experimentaram período de

remissão completa da dor abdominal. Negi et al. (244) apresentaram resultados de controle

da dor de 75% dos pacientes em seguimento médio de 76,8 meses e demonstrou como

fatores de risco para falência do tratamento cirúrgico o uso de opiáceos no período pré-

operatório, padrão de dor contínua, sintomas por pelo menos seis anos, ocorrência de

complicações pós-operatórias e idade acima dos 38 anos. O autor não demonstrou

associação da recidiva dolorosa com a volta do abuso de etanol no pós-operatório.

Apesar do controle da dor abdominal ser o principal e mais perseguido

objetivo do tratamento cirúrgico da PC desde os primórdios da abordagem intervencionista

dessa doença, a preservação das funções exócrinas e endócrinas do órgão vem adquirindo

cada vez mais importância na análise dos resultados dos tratamentos propostos. Além de ser

efetiva na erradicação da dor, a técnica não deve acelerar a deterioração funcional da

glândula.

Exatamente nessa corrente de abordagem que surgiu a técnica de Frey. O

presente estudo apresentou uma população na qual 65,7% dos pacientes apresentavam

função pancreática normal no momento da cirurgia e apenas 24,3% mantiveram-se da

mesma maneira depois de cinco anos de acompanhamento. Estes resultados repetem as

observações das várias séries já publicadas que relatam a inexorável perda da função

glandular apesar de uma intervenção cirúrgica poupadora de parênquima pancreático.

Observamos taxas de 36,7% de casos novos de diabetes e 49% de nova insuficiência

exócrina.

Os resultados em termo de função pancreática colocam esta série mais

próxima a comparações com as cirurgias de ressecção pancreática do que com as cirurgias

derivativas. Essa observação pode ser justificada pelo preceito empregado nos

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procedimentos realizados de se retirar o máximo de tecido calcificado possível da cabeça

pancreática, o que acabou por determinar uma média alta de enucleação de tecido

pancreático, bem acima da média descrita pelo próprio Frey (161).

A média de peso do tecido pancreático excisado nos pacientes operados e

analisados nesta série foi de 17,4 g, variação 5 a 78 g. O princípio utilizado foi o de

ressecar a maior quantidade possível de tecido calcificado na cabeça pancreática para se

evitar a principal causa de insucesso nas cirurgias derivativas: descompressão inadequada

do tecido pancreático cefálico. Contribuiu para esse resultado o elevado tamanho médio da

cabeça pancreática que oscilou de 4 a 10 cm, com média de 6 cm. Frey e Amikura (161)

descreveram média de excisão de 5,7 g por paciente, variação de 2 a 11 g, o que é bem

inferior ao relatado neste trabalho. Negi et al. (244) relataram enucleação média de 9,5 g

(variação 8,2 a 10,7 g) em pacientes com tamanho médio da cabeça pancreática de 6,0 cm.

A maior quantidade de tecido excisado nesta série poderia ser o ponto que justifica, por

exemplo, maior incidência de insuficiências em comparação com as demais séries. No

entanto, análises estatísticas não confirmaram, neste estudo, a associação entre a quantidade

de tecido pancreático excisado e o aparecimento de novas insuficiências (exócrina, p =

0,86, e endócrina, p = 0,62) e nem o tempo de surgimento dessas insuficiências (exócrina, p

= 0,63, e endócrina, p = 0,66).

Sakata et al. (249) propuseram uma menor ressecção de tecido pancreático

da cabeça, inicialmente com ressecção apenas do tecido pancreático anterior ao ducto de

Wirsung e, posteriormente, com a ressecção em fuso somente sobre a área de tecido

anterior ao ducto pancreático principal, no que o autor chamou de ressecção mínima. O

autor, que não descreve a quantidade de tecido enucleado da cabeça pancreática em gramas,

mas sim em área excisada (1,8 cm2), mostrou em seguimento médio de 48,7 meses,

remissão dolorosa acima de 84% com piora de função pancreática em apenas 6% dos

pacientes. Relata como vantagens, além da preservação de tecido pancreático, a prevenção

de intercorrências intra-operatórias como lesão do colédoco intra-pancreático e da veia

porta, que somaram juntas em nossa série uma prevalência em 15% dos pacientes. Porém, o

autor enfatiza a incapacidade desta modificação da técnica nos casos de grandes massas

cefálicas ou nos casos de compressão do sistema biliar, o que foi comum em nossa série,

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cujos pacientes tinham, em média, cabeça pancreática de 6,0 cm (4 a 10 cm) e 26% deles

foram admitidos com colestase.

Outro fator que pode justificar essa alta prevalência de insuficiências neste

estudo é a gravidade da doença pancreática, reforçada pelo longo período de abuso (18,8

anos) e pela alta ingestão diária de etanol de 300,3 g, bem acima dos achados relatados por

estudos europeus, como por exemplo o de Falconi et al. (221) (100 g/d) e o de Talamini et

al. (103) (147 g/d).

Tanto a disfunção pancreática endócrina como exócrina parecem ter menos

influência na mortalidade tardia dos pacientes com PC do que o uso contínuo de álcool,

narcóticos, falência hepática, suicídios, acidentes e pancreatites recorrentes (161). Porém,

isso não diminui o objetivo de preservar as funções pancreáticas porque elas influenciam

sobremaneira a qualidade de vida.

O diabetes é a mais importante seqüela tardia da PC, é um fator de risco

independente para mortalidade nesses pacientes, tendo sido operados ou não, e afeta a

qualidade de vida (83).

A prevalência de diabetes em várias séries de pacientes com PC tem variado

entre 41% e 80%, dependendo dos critérios diagnósticos, duração do seguimento clínico e

padrão do tratamento do paciente (clínico, cirúrgico ou misto) (16,71,134,219). A

incidência de novos casos de diabetes oscila nas várias séries publicadas de 10 a 25%

(161,203,209-210,221-223,243), em seguimento médio vaiando de 17 a 60 meses pós-

operatórios. Este estudo observou, em seguimento de 77 meses, incidência diabetes de novo

em 36,7%, bem acima das demais séries, e o status glicêmico pré-operatório (normais,

intolerantes à glicose e hiperglicêmicos) não foi uma variável determinante no

aparecimento dos novos casos de diabetes após a cirurgia, porque não houve diferença

estatística no comportamento dos grupos.

A perda de função do tecido pancreático em pacientes com PC pode resultar

da progressão da doença ou da ressecção cirúrgica. O efeito da derivação pancreática em

retardar o desenvolvimento de diabetes é controverso. É difícil mensurar o quanto a

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progressão da doença ou o procedimento cirúrgico são responsáveis pelo desenvolvimento

do diabetes devido à heterogenicidade dos estudos.

Malka et al. (83) observaram, em estudo prospectivo de longo prazo com

500 pacientes, que o diabetes surge, em média, 4,5 anos após o início dos sintomas da PC e

a dependência de insulina exógena após 6,9 anos. O estudo ainda mostrou que a técnica

cirúrgica associada com maior risco de desenvolvimento de diabetes foi a pancreatectomia

caudal. Os fatores de risco para o desenvolvimento dessa complicação foram: idade mais

jovem de início da PC, maior tempo de seguimento clínico e de pós-operatório, alta

prevalência de cirurgia, calcificações pancreáticas e cirrose hepática. O estudo conclui que

a cirurgia eletiva para PC, à exceção da pancreatectomia caudal, não influencia o risco de

diabetes ou dependência de insulina até 25 anos após o inicio da PC. Além disso,

contrariando muitos estudos, observou que a duodenopancreatectomia não influenciou o

risco de diabetes comparado com a história natural da PC em pacientes tratados

conservadoramente. Traverso et al. demonstraram o surgimento de diabetes após cirurgias

de ressecção na PC quase sempre após um ano do procedimento cirúrgico (250).

Nas análises de correlação de dados desta série, observou-se maior

proporção de pacientes com ductos pancreáticos dilatados (> 10 mm) entre diabéticos já no

momento pré-operatório, com significância estatística. É controversa a afirmação de que a

drenagem do ducto pancreático principal preserva ou melhora a função pancreática pela

liberação da obstrução ao fluxo do suco pancreático. A primeira sugestão dessa associação

foi sugerida por Nealon et al. (251), em estudo prospectivo e randomizado com 85

pacientes. Com seguimento pós-operatório de 14 meses, os autores mostraram que 16% dos

pacientes classificados como portadores de PC leve ou moderada com ductos dilatados que

foram operados (técnica de Partington-Rochelle) evoluíram para a forma severa. Entre

aqueles também classificados como PC leve ou moderada que não foram operados, 71%

evoluíram para a forma severa. Não houve melhora da função de nenhum paciente

classificado previamente como forma severa de PC. Em nova publicação, anos depois, com

mais pacientes e com maior seguimento, Nealon et al. (252) atualizaram seus resultados. O

autor incluiu no estudo 143 pacientes seguidos por 47,3 meses em média e mostrou que

13% dos pacientes submetidos a drenagem ductal evoluíram com piora da função

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pancreática, comparados com 78% daqueles que foram tratados conservadoramente. Em

ambos os estudos, os pacientes operados apresentavam ducto maior que 8 mm. Dessa

forma, pode-se interpretar que os trabalhos compararam os resultados da drenagem

pancreática em pacientes com ductos dilatados contra evolução natural da doença em

pacientes com ductos não-dilatados, não se podendo extrapolar que a drenagem do ducto

pancreático evita a deterioração da função pancreática em pacientes com PC. Malka et al.

(83) sustentam em seu estudo que, mais determinante para a evolução da função

pancreática é o grau de destruição do parênquima, e não a obstrução ductal.

Uma estreita correlação entre calcificações pancreáticas e falência funcional

pancreática é estabelecida por Ammann et al. (253) e Malka et al. (83), o que reforça a tese

de que a falência endócrina do órgão é principalmente causada mais pelo progresso da

doença do que pelo tratamento cirúrgico eletivo da PC. Nesta série, os dados mostram uma

evolução contínua de deterioração da função endócrina do pâncreas ao longo dos anos de

seguimento e não houve relação entre a quantidade de tecido pancreático excisado e o

aparecimento de diabetes no pós-operatório. Independentemente do status pré-operatório

(normal, intolerante à glicose ou hiperglicêmico) o aparecimento do diabetes aconteceu

tardiamente, em média, após o terceiro ano pós-operatório. A alta prevalência de diabetes

ao final do seguimento, conseqüência de um grande número de casos novos (36,7%), pode

estar relacionada ao grau de destruição do parênquima pancreático, uma vez que todos os

pacientes apresentavam calcificações parenquimatosas pancreáticas.

A insuficiência exócrina é uma manifestação tardia da PC (254-255) e tem

prevalência de 25 a 70 % nesses pacientes, o que depende em grande parte do tempo

decorrido entre o início dos sintomas e a investigação (219,256). Por não apresentar um

papel de protagonismo na evolução da PC, uma vez que pouco freqüentemente um quadro

de esteatorréia intensa leva à caquexia ou à susceptibilidade para infecções que interfere no

prognóstico (134), os dados não são muito valorizados no seguimento pós-operatório como

são os da função endócrina, e ainda, há uma grande variedade de métodos diagnósticos

(balanço de gordura fecal, dosagem de elastase e quimotripsina fecais, teste do pancreato-

lauril, entre outros), e de parâmetros de normalidade empregados, o que torna as

comparações de resultados desigual. Esta presente série apresentou menor prevalência de

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150

insuficiência exócrina no ato cirúrgico do que a série de Izbicki et al. (209) (27,2% versus

55%) e prevalência ao final do seguimento tendeu a se aproximar (62,9% versus 58,1%),

sem reversão de nenhum caso e com evidente deterioração contínua da função.

A discussão proposta pelos estudos de Nealon et al. (251-252) quanto ao

benefício do tratamento cirúrgico em relação à preservação da função endócrina também

cabe à função exócrina pancreática. Estudo em animais realizado por Austin et al. (257)

demonstrou que a insuficiência exócrina causada pela obstrução do ducto pancreático

principal de gatos por dois meses foi irreversível mesmo após a liberação da obstrução.

O que se destaca no estudo de Izbicki et al. (209) é a baixa observação de

novos casos de insuficiência exócrina nesse período de seguimento médio de 24 meses. No

presente estudo, do total de 25 novos casos de insuficiência exócrina, oito casos tiveram

esse diagnóstico e iniciaram reposição enzimática até o terceiro mês pós-operatório, o que

pode refletir falha do método utilizado na mensuração da esteatorréia no pré-operatório ou

a contribuição direta do procedimento para esta alteração, apesar da análise estatística não

apontar relação entre a quantidade de tecido pancreático excisado com o surgimento das

insuficiências.

Nesta presente série, não houve reversão das situações de insuficiências e

mesmo após o tratamento cirúrgico o ritmo de incidência de insuficiências manteve-se

inexorável. Nota-se na evolução dos pacientes uma acentuação da deterioração das funções

pancreáticas no primeiro ano, seguido por uma linha lenta e gradual nos anos subseqüentes.

Essa maior inclinação da curva no primeiro ano pode levar a duas interpretações não-

excludentes: a primeira, de que a cirurgia de fato ocasionou uma perda de função no pós-

operatório recente devido a porção de tecido pancreática ressecada e que depois se

estabilizou acompanhando o ritmo de deterioração funcional da doença, embora não haja

evidência estatística; a segunda é a de que, com a cirurgia e o acompanhamento mais

rigoroso e mais detalhado no pós-operatório, fez-se mais diagnóstico das insuficiências,

principalmente nos primeiros meses após o procedimento. O desenvolvimento de

insuficiência exócrina mais precocemente do que a endócrina confirmou a observação

clássica dessa ocorrência.

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151

Em relação às complicações da pancreatite crônica, merecem destaque a

presença dos cistos pancreáticos, da obstrução biliar e da hipertensão portal.

Os cistos pancreáticos, apesar de poderem surgir em qualquer afecção

pancreática, são mais freqüentemente observados nos pacientes com PC, com prevalência

de 15 a 50% em estudos estrangeiros (161,220). Em estudos nacionais, Mott et al. (228) e

Cunha et al. (220) relataram prevalência de cistos em 33%, e 35,9%, respectivamente. A

localização mais comum é na cabeça pancreática e na maioria das vezes são único, sendo

múltiplos em 10 a 20% dos casos (258). Montes (219) observou prevalência de cistos em

40,3% dos pacientes, sendo múltiplos em 21,7% deles. No presente estudo, os cistos

pancreáticos estavam presentes em 49,3% dos pacientes; em 66,7% dos pacientes eram

únicos e em 33,3% eram múltiplos. A alta prevalência dessa complicação em nosso meio

pode ser explicada pelas agressões mais intensas e freqüentes ao parênquima pancreático

devido à quantidade e tempo de consumo alcoólico maiores que em outros países.

A prevalência de colestase em pacientes com PC varia de 3,2% a 45,6%,

dependendo dos critérios adotados (exames laboratoriais, CPRE, etc); o típico achado de

estenose em colédoco distal longa ou curta, suavemente cônica com dilatação a montante

na CPRE ou na RNM pode ser observado em 64 a 100% dos casos (259). A importância da

icterícia nesses pacientes é que, quando persistente, sua presença pode levar à dúvida

diagnóstica quanto a presença de câncer na cabeça pancreática, o que torna o estudo do

sistema ductal pancreático essencial.

Há controvérsia sobre a ação das cirurgias derivativas no controle da

obstrução biliar secundária à PC. Sarles e Sahel (260) defendiam que a

pancreatojejunostomia reduzia o processo inflamatório pancreático e prevenia o

desenvolvimento de colestase. Mercadier et al. (261) observaram incidência de estenose

biliar de 30% no seguimento de pacientes submetidos a pancreatojejunostomia; Bradley e

Salam (262) mostraram incidência de 4,8%. Nenhum estudo mostrou fatores como

extensão da estenose, elevação da fosfatase alcalina, elevação das bilirrubinas, presença ou

ausência de icterícia como fatores preditivos de progresso, estabilidade ou regressão da

situação.

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152

Pereira-Lima et al. (263) em estudo nacional, demonstraram prevalência de

26% de colestase em pacientes com PC, a maioria com via biliar de calibre normal ou

moderadamente dilatado. O autor relatou a derivação hepático-jejunal como a mais

freqüentemente empregada, mas também relatou o uso da coledocoduodenostomia nos

casos de via biliar dilatada com paredes espessadas.

Em nosso estudo, 26% dos pacientes estavam ictéricos na admissão

hospitalar e 89% tinham vias biliares normais ou moderadamente (< 15 mm) dilatadas.

Mott et al. (228), Dani et al. (225) e Cunha et al. (220) observaram em seus estudos

icterícia em 32,5%, 27,2% e 24,5%, respectivamente. Cunha, Bachella et al. (264)

publicaram série de 149 pacientes com PC, dos quais 45 (30,2%) apresentavam estenose de

colédoco distal; entre esses pacientes acometidos, 37,7% apresentavam-se assintomáticos,

24,4% tinham icterícia intermitente e 24,4% tinham icterícia persistente. Montes (219)

descreveu, em sua série, prevalência de icterícia de origem pancreática em 20,6% (n =

66/320) dos pacientes, dos quais 45,4% eram devido a estenose do colédoco secundária a

fibrose da PC, 31,8% devido à compressão por cisto pancreático e 22,8% devido surto de

pancreatite aguda.

A freqüência e a intensidade da icterícia parecem não guardar relação com o

estágio evolutivo da doença, mas sim depender principalmente da relação anatômica entre o

colédoco terminal e a cabeça do pâncreas (265).

A realização da derivação bíleo-digestiva associada ao tratamento do

pâncreas nos casos de obstrução biliar não-resolvida pela descompressão cefálica é

difundida e, nesta série, não foi um fator causador de complicações pós-operatórias. O

emprego da derivação colédoco-duodenal em vários casos é controverso. Vijungco e Prinz

(266) relatam como vantagens da derivação do colédoco para o duodeno a manutenção da

bile no duodeno, a facilidade da realização e o fato de deixar a alça exclusa do Y-de-Roux

livre para outras derivações, como a pancreática. Porém chamam a atenção para o risco de

“sump-síndrome”, no seguimento a longo prazo de pacientes jovens. Frey aceitava seu uso

desde que não houvesse compressão ou processo inflamatório intenso duodenal, mas

realçava o risco de desenvolvimento de úlceras duodenais devido à separação da bile e do

suco pancreático do duodeno (259). Escudero-Fabri et al. (267) em estudo de seguimento

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153

de longo prazo, relataram a correlação entre a derivação colédoco-duodenal e a ocorrência

de “sump-síndrome” e colangite nos casos de pacientes com via biliar < 16 mm e extensão

da anastomose < 14 mm.

Neste estudo, o emprego da derivação colédoco-duodenal foi a principal

opção nos casos iniciais da década de 90, justificada pela facilidade técnica, pelo intuito de

preservar a alça do Y-de-Roux para a derivação pancreática, excluindo dessa maneira a bile

do contato com essa anastomose e pela possibilidade do acesso endoscópico para o

tratamento de complicações. Com o passar dos anos e com a experiência adquirida com a

técnica de Frey, passou a utilizar-se mais da derivação hepático-jejunal, na mesma alça da

derivação pancreática, com mesmos resultados. Outro fator que contribuiu para o menor

uso subseqüente do duodeno para as derivações biliares, principalmente nos pacientes mais

jovens, foi o surgimento de estudos de longo prazo como o de Tocchi et al. (268) , que

mostraram maior incidência de colangiocarcinoma em indivíduos operados com esta

técnica.

As complicações biliares pós-operatórias mais comuns foram as estenoses do

colédoco distal (6,8%), que aconteceram tardiamente (57,8 meses após a cirurgia), como

conseqüência da progressão da doença e tiveram resolução tanto cirúrgica quanto

endoscópica com alta resolutividade e baixas morbidade e mortalidade.

A hipertensão portal extra-hepática é definida como a hipertensão do sistema

venoso portal na ausência de cirrose hepática e é a complicação vascular mais comum

associada à PC (269). Entende-se que o processo inflamatório pancreático possa causar

dano a parede venosa e gerar espasmo, estase e trombose venosa, principalmente na veia

esplênica que tem grande parte de sua extensão em íntimo contato com o pâncreas. Dessa

mesma forma, o processo inflamatório pode atingir os vasos arteriais adjacentes

ocasionando pseudo-aneurismas. No entanto, a causa mais provável desse tipo de

hipertensão venosa parece ser a fibrose evolutiva característica da PC que leva a

progressiva constrição do eixo espleno-mesentérico-portal, situado posterior ao pâncreas.

Além disso, a presença de pseudocistos e o volume aumentado da cabeça pancreática em

até 40% dos pacientes também são fatores compressivos venosos. A hipertensão portal é

um achado importante nos pacientes com PC que serão submetidos a tratamento cirúrgico

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154

porque prolonga o tempo cirúrgico e aumenta o risco e o sangramento operatórios. Nos

pacientes com PC ela pode ser diagnosticada através de repercussões clínicas, como o

aparecimento de varizes gástricas ou esofágicas, ou através de avaliações do fluxo desse

sistema venoso através da ultrassonografia com doppler, angiografia, TC de alta resolução

ou angiorressonância. Em nosso estudo 11% (n = 8) dos pacientes foram diagnosticados

com hipertensão portal, dos quais três apresentavam varizes gástricas e um paciente varizes

esofágicas. Izbicki et al. (269) relataram prevalência de 23% de hipertensão portal numa

população de 154 pacientes, sendo 67% dos acometidos de causa compressiva e 33% já

com oclusão do sistema venoso; cinco pacientes (13,9%) apenas apresentavam varizes

gástricas ou esofágicas.

Bloechle et al. (270) estudaram o impacto das cirurgias de Beger e Frey

sobre pacientes com PC e hipertensão portal não-oclusiva. O estudo randomizado e

prospectivo em 30 pacientes dividiu e acompanhou por 30 meses, em média, pacientes com

(n = 14) e sem hipertensão portal (n = 16) submetidos às técnicas de Berger (n = 16) e Frey

(n = 14). Os pesquisadores observaram que no grupo de pacientes que tinham hipertensão

portal e realizaram a cirurgia de Beger houve melhora do fluxo sanguíneo nas veias

esplênica e mesentérica superior, com redução dos seus calibres, e não houve restauração

da normalidade do fluxo naqueles submetidos à técnica de Frey. Atribuíram um melhor

resultado á cirurgia de Beger devido à transecção do pâncreas sobre o sistema venoso

portal, que libera a veia aprisionada pela fibrose. Entretanto, nenhum dos pacientes com

hipertensão portal que sofreram a cirurgia de Frey e, portanto não restauraram o fluxo

venoso adequado, evoluiu com repercussões clínicas como varizes gástricas ou esofágicas

durante o seguimento pós-operatório. Dessa forma, os autores concluem que, mesmo não

restaurando o fluxo venoso portal, a cirurgia de Frey não deve ser descartada em pacientes

com hipertensão portal não-oclusiva devido a pouca evidência de impacto clínico dessa

alteração.

A avaliação endoscópica dos pacientes com PC, importante para a pesquisa

dos efeitos da hipertensão portal, revelou também associação freqüente (23,3%) com

doença ulcerosa péptica, semelhantes ao achados de Montes (219) em nosso meio (23,2%).

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155

Um parâmetro importante para análise dos resultados do tratamento

cirúrgico, além do controle da dor e da resolução das complicações associadas à PC, é a

evolução do peso dos pacientes, que é um sinal indireto da qualidade de vida. Gall et al.

(271) demonstraram média de ganho de peso de 7,8 kg em 86% dos pacientes submetidos a

duodenopancreatectomias para tratamento da PC. Séries publicadas de paciente submetidos

à técnica de Frey mostraram taxa de ganho de peso pós-operatório variando de 62 a 81%.

(161,203,209-210,221-223,243). Nesta série, 91,4% dos pacientes apresentaram ganho de

peso em relação ao momento da cirurgia, 5,7% mantiveram o peso (variação inferior a um

quilograma), 2,9% pacientes apresentou perda de peso (associado a neoplasia maligna de

faringe) e o ganho médio de peso por paciente foi de 10,3 kg. Frey et al. (161) e Izbicki et

al. (210) mostraram ganho de peso médio de 6,8 e 6,7 kg por pacientes, respectivamente,

em suas séries com esta técnica.

Outro fator importante na avaliação desses pacientes portadores de PC,

sendo a maioria deles de causa alcoólica, é a manutenção da abstinência à ingestão do

etanol. A esperança de que o alívio da dor abdominal, o reganho de peso e a melhoria da

qualidade de vida cessem os vícios pode acarretar em desapontamento da equipe médica.

Nesta análise, 32,9% dos pacientes retornaram à ingestão alcoólica excessiva, em média,

21,5 meses após a cirurgia, variação de 1 a 121 meses e ingerindo média de 214,3 g diárias

de etanol. Destaca-se o fato que dentre aqueles pacientes que reiniciaram o alcoolismo,

60,9% o fizeram já no primeiro ano pós-operatório.

O alcoolismo contínuo exacerba a disfunção do parênquima pancreático

(161). Para Sakata et al. (249) , desde que os pacientes não consigam se abster do abuso de

álcool, considera-se que o vício, e não o procedimento cirúrgico seja o principal causador

da disfunção pancreática. Gullo et al. (237) acompanharam 32 pacientes com consumo

médio de etanol de 174 g/d por 7 anos, em média, e constatou que tanto a função exócrina

como endócrina deterioraram nos pacientes que pararam ou não de beber álcool. Entretanto

as incidências de dor (57% nos que continuaram bebendo contra 28% nos que pararam de

beber), diabetes (50% nos que bebiam contra 28% nos que pararam) e insuficiência

exócrina (90% nos que bebiam contra 52% nos que pararam) foram maiores naqueles

pacientes que continuaram o vício. Além disso, a doença e essas complicações progrediram

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156

mais rapidamente naqueles indivíduos que continuaram a ingerir álcool. Apesar do

conhecimento da pior evolução clinica dos pacientes que voltam a ingerir álcool, esta série

não demonstrou uma relação significativa deste achado com a recidiva dolorosa pós-

cirúrgica e com a deterioração das funções pancreáticas.

A taxa de mortalidade da pancreatite crônica varia amplamente na literatura.

Essas diferenças podem ser explicadas com base nos critérios de seleção, na definição

diagnóstica da doença e na extensão do seguimento. Além disso, interfere nesses dados se

foram atribuídas à pancreatite crônica comorbidades relacionadas ao tabagismo e ao

etilismo.

Thuluvath et al. (272) publicaram estudo com 107 pacientes, idade média de

52 anos, maioria de causa alcoólica (66%) e seguimento médio de 10.1 anos apresentando

mortalidade de 25%, com sobrevida média de 8.2 anos a partir do início dos sintomas.

Pacientes alcoólatras morreram mais (35%) que os não-alcoólatras (10%) e a maior causa

de morte foi câncer. Pacientes que operaram para controle da dor tiveram mortalidade de

9% contra 34% dos que não operaram, assim como a mortalidade foi maior para aqueles

que operaram devido complicações do que aqueles que operaram por dor.

Lankisch et al. (134) apresentaram taxa de mortalidade global de 22% com

13% desses óbitos diretamente relacionados à pancreatite crônica, em estudo com 335

pacientes, com média de seguimento de 9.8 anos. Também demonstrou mortalidade maior

em alcoólatras em relação aos não-alcoólatras.

Seicean et al. (236) seguiram 82 pacientes com PC por 25 meses em média,

com etiologia alcoólica em 84,2% e idade média de 48 anos. A taxa de mortalidade global

foi de 17% e o óbito ocorreu em média 59 meses após o início dos sintomas relacionados à

PC. As mais freqüentes causas de óbito foram o câncer pancreático, complicações pós-

operatórias e hemorragia digestiva. Os fatores de risco associados à mortalidade foram

diabetes e persistência da dor abdominal e do tabagismo. A continuação do abuso de álcool

não foi um fator de risco para morte. O autor não observou óbitos por câncer extra-

pancreático nessa série.

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157

Frey e Amikura (161) mostraram mortalidade de 5,8% em série de 50

pacientes operados e seguidos, em média, por 37 meses. Atribuíram os óbitos ao

surgimento de neoplasias extra-pancreáticas e complicações do diabetes. Os autores

estimam que entre 40% e 50% dos pacientes com PC alcoólica morrem durante um

seguimento de 10 anos. Greenlee et al. (273), em seguimento pós-operatório de 87

pacientes submetidos a pancreatojejunostomia longitudinal, observaram sobrevida média

dos pacientes de 6,1 anos após a cirurgia.

Constatamos mortalidade de 16,4% dos pacientes neste seguimento de longo

prazo, apesar da perda de seguimento e da falta de dados de 38,4% dos pacientes. As

principais causas de óbito foram as neoplásicas (extra-pancreáticas) e as complicações

decorrentes de cirrose hepática e do diabetes, confirmando os achados de literatura. A curva

de sobrevida global estimada por Kaplan-Meier mostrou estimativa de vida de 177,5 meses,

com diferença significativa entre grupos de pacientes que mantiveram-se abstêmios e

aqueles que voltaram ao abuso de álcool, com pior prognóstico desse último, em acordo

com os resultados de outros autores.

A incidência de neoplasias extra-pancreáticas em pacientes portadores de PC

é notoriamente maior do que na população em geral (272). A explicação mais aceitável

para esta alta incidência é a associação com o uso de álcool e do fumo, o que é explicitado

pela maioria de acometimento do sistema aéreo-digestivo. As localizações mais freqüentes

são cavidade oral, faringe, laringe, pulmão, esôfago e estômago.

Thuluvath et al. (272) observaram 5% de incidência de câncer extra-

pancreático em seguimento de longo prazo de pacientes com pancreatite crônica (66% de

causa alcoólica). Talamini et al. (106), em seguimento de 715 pacientes por 10 anos

apresentaram incidência de 6,6%. Outras séries também relataram essa associação variando

de 4 a 8,5% (Tabela 23).

Tabela 23: Comparação dos relatos de incidência de câncer extra-pancreático das principais

séries publicadas.

Estudo N Seguimento

(anos)

Incidência de câncer extra-pancreático

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158

% Mais freqüentes

Ammann et al.

(1980) 274

246 10 8,5 Respiratório, cavidade oral,

digestivo

Lankisch et al.

(1993) 134

335 9.8 4 Respiratório e digestivo

Hansen et al.

(1995) 275

181 - 7,8 Respiratório, digestivo e genital

Talamini et al.

(1999) 103

715 10 6,6 Respiratório, cavidade oral e

digestivo

Thuluvath et al.

(2003) 272

193 10 5 Respiratório e digestivo

Seicean et al.

(2006) 236

82 2,1 0 -

Esta série 73 6,4 6,8 Respiratório e digestivo

A incidência de câncer de pâncreas nos pacientes portadores de PC em

estudos nacionais é na maioria deles de caráter excepcional. Cunha et al. (220), Mott et al.

(228) e Callejas-Neto (211) não observaram essa associação em seus estudos. Dani et al.

(276) diagnosticaram oito casos (2,0%) em 402 pacientes avaliados em Minas Gerais.

Montes (219) observou um caso (0,3%) em série de 320 pacientes. Nesta presente série,

nenhum caso foi diagnosticado.

Há ressalvas a serem feitas na análise desta série. A primeira é que o

trabalho baseia-se nos dados dos prontuários médicos que eventualmente podem apresentar

incorreções. Outro senão importante é inerente a esse tipo de instrumento de pesquisa, uma

coorte histórica com pacientes não-randomizados, portanto sem a consistência dos

resultados que acompanham um estudo prospectivo com randomização de pacientes. Ainda,

com o longo período compreendido pelo trabalho (1991 a 2007), é evidente que esteja

incluída nessa série diferenças nos cuidados pré-operatórios, como suporte nutricional em

pacientes desnutridos e cuidados fisioterápicos em fumantes; variações da técnica

propriamente dita, como já descrita a respeito da colecistectomia, assim como outros

detalhes que vão se incorporando com a familiarização do procedimento; e nas diferenças

dos cuidados pós-operatórios que evoluíram, implicando em provável melhora nos

resultados nos anos mais recentes. Por fim, a perda de seguimento ambulatorial pós-

operatório dos pacientes, comum em nosso meio devido à freqüente migração da população

e à baixa aderência de uma população predominante de homens, com baixo grau de

escolaridade e de etilistas, é um fator que incapacita uma visão mais exata dos resultados

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159

pós-operatórios à medida que deixa oculta características da avaliação desses pacientes.

Essa observação não deixa de ser um dado importante porque pode prejudicar algumas

conclusões deste trabalho

Ao longo desses 16 anos que foram revisitados com este estudo, pôde-se

realizar uma reflexão de que aprendemos e evoluímos no atendimento aos pacientes

portadores de PC. Aprendemos que uma abordagem multidisciplinar com cirurgiões,

nutricionistas, gastroenterologistas, psiquiatras e endocrinologistas é extremamente

importante e fundamental, tanto na avaliação pré-operatória como no seguimento pós-

operatório. Evoluímos implantando e aprimorando a técnica, apresentando resultados e

taxas de morbidade e mortalidade compatíveis com a literatura mundial. Decepcionamo-

nos e, talvez, tenhamos falhado com uma elevada taxa de retorno dos pacientes ao

alcoolismo. E por fim, motivamo-nos no intuito de melhorar resultados, diminuir as

complicações para oferecer uma melhor assistência aos pacientes.

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161

6 - CONCLUSÃO

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163

6 – Conclusão

Nesta série com 73 pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico pela

técnica de Frey, os resultados obtidos mostraram que houve predominância de pacientes do

sexo masculino (97,3%) e da cor branca (65,8%). A idade média dos pacientes no momento

da cirurgia foi de 40,6 anos.

O alcoolismo foi a etiologia mais freqüente, acontecendo em 95,9% dos

pacientes, com consumo médio diário de 300,3 g por 18,8 anos.

As manifestações clínicas mais encontradas foram a dor abdominal (100%),

emagrecimento (95,9%), náuseas e vômitos (52,1%) inapetência (47,9%) e icterícia

(41,1%). A maioria dos pacientes tinha dor de forte ou moderada intensidade (98,6%) e de

freqüência diária ou semanal (82,2%), o que ocasionava uso regular de analgésicos em

87,7% dos pacientes, dos quais 56,2% se utilizavam três ou mais drogas concomitantes.

A maioria dos pacientes (78,1%) estava abstêmio de ingestão alcoólica no

momento da cirurgia. A privação de álcool ocasionou alguma melhora da dor abdominal no

pré-operatório em 61,4% dos pacientes, geralmente com pouca intensidade (60%).

As comorbidades mais freqüentes foram anemia (23,3%) e hipertensão arterial

(19,2%).

A desnutrição dos pacientes foi uma complicação clínica freqüente e estava

associada ao antecedente de perda de peso em 95,9% dos pacientes (17,4% do peso

corporal) e 23,9% apresentarem hipoalbuminemia. Houve diferença estatística significante

entre o IMC pré e pós-operatório tardio, revelando o tratamento cirúrgico como um meio de

restabelecimento da perda de peso e indiretamente da qualidade de vida nos pacientes com

PC.

Antes da cirurgia, 65,7% dos pacientes apresentavam função pancreática

normal, 27,2% foram detectados com insuficiência pancreática exócrina e 15,5% eram

diabéticos em tratamento.

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A ultrassonografia, a TC e a CPRE foram os métodos diagnósticos mais

empregados. Os achados de aumento de cabeça do pâncreas, calcificações e

heterogenicidade parenquimatosas pancreáticas e dilatação ductal foram alterações

constatadas em todos os pacientes. Cistos pancreáticos foram as complicações da PC mais

encontradas (49,3%).

Intercorrências intra-operatórias ocorreram em 27,4% dos pacientes; a mais

comum (12,3%) foi a abertura do segmento intra-pancreático do colédoco.

A técnica de Frey no tratamento da PC mostrou ser segura. A taxa de

morbidade cirúrgica pós-operatória global foi de 28,7%, compatível com outros relatos da

literatura. As complicações mais freqüentes foram as infecciosas (13,7%), as pulmonares

(2,8%) e a hemorragia (2,8%). Isoladamente, as complicações mais freqüentes foram a

fístula pancreática (6,8%), seguido das pneumonias (5,5%). Houve relação estatística entre

o tempo de abstinência alcoólica pré-operatória e menor taxa de infecções pós-operatórias e

fístulas. O tamanho da cabeça do pâncreas e a quantidade de tecido pancreático excisado

não foram fatores significativos para a ocorrência de quaisquer complicações pós-

operatórias. Pacientes com hipertensão portal apresentaram maior sangramento operatório.

A dosagem dos níveis de amilase sérica e do dreno abdominal no primeiro dia

pós-operatório mostrou relação estatisticamente significante com o aparecimento de fistula

pancreática pós-operatória.

A taxa de mortalidade operatória foi nula.

A complicação cirúrgica tardia mais freqüente foi a colestase secundária à

estenose da via biliar distal (10,9%).

O abandono do seguimento ambulatorial pelos pacientes foi maior à medida do

passar dos anos pós-operatórios, com mais da metade dos pacientes evadidos do

acompanhamento a partir do quinto ano pós-operatório.

A técnica mostrou-se eficiente na resolução da dor abdominal. No seguimento

de longo prazo (77,0 meses) apresentou taxa de remissão dolorosa completa em 91,4% dos

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pacientes, remissão parcial em 7,1% e falência de tratamento em 1,4%. Os achados foram

compatíveis com a literatura.

O tratamento cirúrgico não foi capaz de interromper a deterioração das

funções exócrina e endócrina pancreáticas. A proporção de pacientes com função

pancreática normal passou de 65,7% para 24,3% ao longo do seguimento e houve piora da

função em pacientes diabéticos e com insuficiência exócrina no pré-operatório ao longo do

seguimento.

A taxa de 49% de casos novos de insuficiência exócrina ao longo do

seguimento mostrou-se acima dos relatos da literatura. A maioria dos casos foi detectada no

primeiro ano pós-operatório e não houve relação da deterioração da função exócrina com

recidiva alcoólica, calibre do ducto pancreático principal e quantidade de ingestão de álcool

e de tecido pancreático excisado.

A hiperglicemia pré-operatória em pacientes não-diabéticos não foi um fator

associado ao surgimento de diabetes de novo no seguimento pós-operatório. A taxa de

36,7% de casos novos de insuficiência exócrina ao longo do seguimento mostrou-se acima

dos relatos da literatura. Houve associação estatística entre o achado de dilatação do ducto

pancreático principal e a prevalência de diabetes. Não houve relação da deterioração da

função endócrina com recidiva alcoólica, calibre do ducto pancreático principal e

quantidade de ingestão de álcool e de tecido pancreático excisado. Houve relação entre

maior quantidade de álcool ingerida no pré-operatório com um tempo de surgimento de

diabetes de novo no pós-operatório mais precocemente.

A recidiva de abuso alcoólico foi um achado comum (32,9%) ao longo do

seguimento pós-operatório. A recidiva alcoólica não foi um fator de associação com

recidiva dolorosa e piora das funções pancreáticas. Pacientes que voltaram a consumir

álcool apresentaram sobrevida menor do aqueles que se mantiveram abstêmios.

A taxa de mortalidade tardia foi alta (16,8%), compatível com outros relatos da

literatura. As causas de óbito mais freqüentes foram neoplasias do trato aéreo-digestivo e

complicações relacionadas à cirrose hepática e ao diabetes.

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199

8 – ANEXOS

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201

8 – Anexos

Anexo 1- Protocolo de pesquisa utilizado na coleta dos dados.

Protocolo de Pesquisa – Tratamento Cirúrgico da Pancreatite Crônica – TÉCNICA DE FREY NOME: _________________________________________________________________ HC:____________

Data Nascimento:_________________ Procedência:__________________________ TEL:______________

Idade:___________ Profissão:___________________________________ PESO:_________ ALT:______

QUADRO CLÍNICO ( ) Dor freqüência:_________ intensidade: ___________ tempo:____________

( ) perda de peso: _____________ (último 6 meses)

( ) analgésicos – quais: ______________________________________________________

( ) esteatorréia / tempo:_________ ( ) diarréia ( ) flatulência no. evacuações/dia:_____

( ) icterícia ; tempo_______ ( ) internações - motivos: _________________________

( ) tabagismo – qtidade: ____ inicio:______ Fim:_______ Tempo:__________

( ) etilismo - qtidade: _____________ inicio: ____ fim:________ Tempo:__________

tipo bebida:_______________________________________________________________

( ) abstinência – qto tempo? __________ início: ____________ fim:___________

Com abstinência melhorou a dor? ( )sim - qto? _________ qto tempo? ______ ( ) não

( ) comorbidades: ( ) HAS ( ) outras:_________________________

( ) DM: tratamento:___________________________________________ tempo:______

( ) colelitíase ( ) cirurgias: ______________________________

( ) Enz. pancreaticas? ( ) N ( ) S – qual?________________ dose:_______________

( ) medicações:___________________________________________________________________________

Cirurgias prévias:__________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

EXAMES Hb:______ Ht:______ VCM:______ HCM:_________ PLT:_______

RNI:_______ R:______ PRTN:________ ALB:______ BT:_____ BD:______

FALC:_______ GGT:________ AST: _________ ALT:____________ Gli:______ AMIL: _______

BG:data:____________ peso g/d: ______ gordura g/d:________________

EDA: data:_________________________/_____________________________________________________

_________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

US: Fígado: parênquima:_______________ dilat VBIH? ( ) S ( ) N Outras: ____________________

Vesícula : colelitíase ( ) S ( ) N Via biliar: ______________________________________________

Pâncreas: parênquima: ____________________ Wirsung:___________________________________

Cistos ( ) N ( ) S qtos:______________ local:__________________________________________

Outros achados:______________________________________________________________________

CPER: data:____________________ Papila: __________________________________________________

Via biliar: _______________________________________________________________________________

Wirsung:________________________________________________________________________________

Procedimento:____________________________________________________________________________

TC: data ___________________ // ___________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

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202

Outros:

____________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

CIRURGIA DATA:____________________________ Peso enucleação:

_________ Achados: Fígado:______________________________________________________BX?_______________

- Pâncreas:_______________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

-outros:__________________________________________________________________________________

Técnica:_________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________________

Drenagem:_________________________________

Tempo:_____________ Sangramento:____________ Transfusão:________

Anestesia:_________________________

ATB: qual?______________________ qto tempo?___________________________

PÓS OP RECENTE UTI - ( )N ( ) S - dias:_________________________________________________

Octreotide ( ) N ( ) S – qtos dias?_____________ dose: ________________________

Complicações imediatas: ___________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

Fistula? ( )N ( ) S – dia:_________ liqamil:_________________________________________________

cd/evolução:__________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

Dieta:_________ data alta: _________________ dias internação:______________

Anátomo:____________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

____________

PÓS-OP TARDIO Seguimento: ___________ meses até data:______________________

Ingesta alcoólica: recidiva? ( ) N ( )S – como:__________________qdo?___________________________

Insufic. Exócrina? Qto tempo pos-op:_________________________________________________________

Medicação:_____________________________________________________________________________

Dose:_________________________________________________________________________________

DM nova?: qto tempo:__________________________________ tto:______________________________

Dor: melhora? ( )N ( ) S estado atual: _____________________________________________________

Usa analgésicos? ( ) N ( ) S qual/frequencia?_____________________________________________

- recidivou? ( ) N ( ) S qto tempo?_________________ estado?__________________________________

Reop? ( ) N ( ) S pq? _________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

ÓBITO: ( ) N ( ) S data_____________________

Causa_______________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________

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203

Anexo 2 - Lista dos pacientes excluídos devido antecedente de cirurgia pancreática

de derivação prévia (Partington-Rochelle).

No. HC Nome Data Cirurgia

1 24069 USCB 18/03/1993

2 194032 RC 04/11/1993

3 208225 JAF 26/01/1995

4 1714969 AOB 15/07/1999

Anexo 3 - Lista dos pacientes excluídos por indicação cirúrgica de outra etiologia que

não pancreatite crônica.

No. HC Nome Data Cirurgia

1 7175155 RAS 08/06/2000

Anexo 4 - Lista dos pacientes excluídos por abandono do seguimento clínico

ambulatorial pós-operatório antes o décimo-segundo mês após a cirurgia.

No. HC Nome Data Cirurgia

1 7694830 JARF 23/08/2001

2 8932966 SMB 07/10/2004

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204

Anexo 5 - Lista dos pacientes submetidos à técnica de Frey selecionados para o estudo,

em ordem cronológica.

No. Nome HC Data Cirurgia

1 JCM 3102489 10/01/1991

2 EPL 3157288 02/05/1991

3 MAT 2119348 27/06/1991

4 JC 3253151 11/07/1991

5 DAV 3205562 24/10/1991

6 LAN 3382813 07/11/1991

7 JBC 3396941 15/11/1991

8 DMR 3411066 21/11/1991

9 EC 3276122 09/01/1992

10 CFL 3259816 26/03/1992

11 AGF 3289762 30/04/1992

12 ALE 3609463 02/07/1992

13 IB 3643051 20/08/1992

14 JLA 3219363 01/10/1992

15 LMRM 3752461 15/10/1992

16 IN 3770589 05/11/1992

17 LFS 2636699 25/02/1993

18 AR 838285 18/03/1993

19 ALA 2693384 19/03/1993

20 ASM 3839406 24/06/1993

21 JP 4076342 05/08/1993

22 JBT 4037895 12/08/1993

23 ISL 4053831 16/09/1993

24 NPQ 4155904 21/10/1993

25 AVF 4132148 04/11/1993

26 OPS 4110538 25/11/1993

27 CEM 3457638 02/12/1993

28 PCAG 4177887 09/12/1993

29 NM 3974961 17/03/1994

30 VR 4431150 19/05/1994

31 SF 4486505 31/05/1994

32 SLF 1923394 16/06/1994

33 AGS 2696564 21/07/1994

34 JSP 4414790 04/08/1994

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205

Anexo 5 (continuação)

35 JSC 6401284 20/08/1994

36 MLP 4541046 13/10/1994

37 JTAF 5068714 10/08/1995

38 LAS 4773209 31/08/1995

39 JJR 5251852 15/02/1996

40 JAG 4983698 07/03/1996

41 CEG 5337589 15/08/1996

42 BC 5634185 14/11/1996

43 FPAG 5875494 03/04/1997

44 HSF 5392404 12/06/1997

45 JGB 4174302 26/06/1997

46 AR 5906821 03/07/1997

47 JCMB 830273 24/07/1997

48 NA 6114277 23/10/1997

49 NS 6078629 13/11/1997

50 DCS 4774258 16/04/1998

51 TB 6473512 06/08/1998

52 GNL 6069296 20/05/1999

53 BDM 6783054 17/06/1999

54 EMO 6887688 18/08/1999

55 EAJ 6921179 26/08/1999

56 CAG 7295802 24/08/2000

57 VFN 7317424 19/10/2000

58 AG 7301108 09/11/2000

59 FJF 7385176 01/02/2001

60 JRO 7452739 05/04/2001

61 RNB 7635539 25/07/2002

62 EMP 8273219 27/03/2003

63 EJN 7887269 28/05/2003

64 JAGS 8509638 18/03/2004

65 JAAF 8840781 08/07/2004

66 TA 8727345 18/11/2004

67 AEB 8787874 09/12/2004

68 CF 8995984 22/09/2005

69 MNFR 9436991 21/09/2006

70 IVS 9682825 14/02/2007

71 MAP 9724837 23/08/2007

72 JB 7789609 14/10/2007

73 CAM 9658557 04/12/2007

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206

Anexo 6 – Análises estatísticas

Metodologia Estatística

Análise descritiva com apresentação de tabelas de freqüências para variáveis

categóricas e medidas de posição e dispersão para variáveis numéricas.

Para comparação de proporções foi utilizado o teste Qui-quadrado ou teste Exato de

Fisher, quando necessário.

Para comparação de medidas numéricas entre 2 grupos foi utilizado o teste de

Mann-Whitney e entre 3 grupos o teste de Kruskal-Wallis.

Para verificar a relação entre medidas contínuas ou ordenáveis foi utilizado o

coeficiente de correlação de Spearman. Este coeficiente varia de -1 a 1. Valores próximos

dos extremos indicam correlação negativa ou positiva, respectivamente e valores próximos

de zero não indicam correlação.

A curva de sobrevida foi estimada pelo método de Kaplan-Meier e para a

comparação das distribuições foi utilizado o teste de Breslow.

O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi 5%.

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207

Quadro 1 – Análise descritiva e comparações das variáveis de interesse entre presença ou

não de complicações peri-operatórias.

Sexo COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

F | 1 | 1 | 2

| 1.37 | 1.37 | 2.74

| 1.96 | 4.55 |

---------+--------+--------+

M | 50 | 21 | 71

| 68.49 | 28.77 | 97.26

| 98.04 | 95.45 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

Raca COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

B | 33 | 15 | 48

| 45.21 | 20.55 | 65.75

| 64.71 | 68.18 |

---------+--------+--------+

N | 8 | 2 | 10

| 10.96 | 2.74 | 13.70

| 15.69 | 9.09 |

---------+--------+--------+

P | 10 | 5 | 15

| 13.70 | 6.85 | 20.55

| 19.61 | 22.73 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.8624 (Fisher)

Ictericia COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 28 | 15 | 43

| 38.36 | 20.55 | 58.90

| 54.90 | 68.18 |

---------+--------+--------+

S | 23 | 7 | 30

| 31.51 | 9.59 | 41.10

| 45.10 | 31.82 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.2900 (Qui-quadrado)

Abstinencia COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 11 | 3 | 14

| 15.49 | 4.23 | 19.72

| 22.00 | 14.29 |

---------+--------+--------+

S | 39 | 18 | 57

| 54.93 | 25.35 | 80.28

| 78.00 | 85.71 |

---------+--------+--------+

Total 50 21 71

70.42 29.58 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=0.5328 (Fisher)

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208

ASA COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

I | 1 | 2 | 3

| 1.43 | 2.86 | 4.29

| 2.00 | 10.00 |

---------+--------+--------+

II | 39 | 11 | 50

| 55.71 | 15.71 | 71.43

| 78.00 | 55.00 |

---------+--------+--------+

III | 10 | 7 | 17

| 14.29 | 10.00 | 24.29

| 20.00 | 35.00 |

---------+--------+--------+

Total 50 20 70

71.43 28.57 100.00

Frequency Missing = 3

p-valor=0.0786 (Fisher)

Comorbidades COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 20 | 8 | 28

| 28.17 | 11.27 | 39.44

| 40.82 | 36.36 |

---------+--------+--------+

S | 29 | 14 | 43

| 40.85 | 19.72 | 60.56

| 59.18 | 63.64 |

---------+--------+--------+

Total 49 22 71

69.01 30.99 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=0.7226 (Qui-quadrado)

ANEMIA COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 40 | 14 | 54

| 56.34 | 19.72 | 76.06

| 80.00 | 66.67 |

---------+--------+--------+

S | 10 | 7 | 17

| 14.08 | 9.86 | 23.94

| 20.00 | 33.33 |

---------+--------+--------+

Total 50 21 71

70.42 29.58 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=0.2295 (Qui-quadrado)

FAIXA_ALB COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

<2.5 | 1 | 3 | 4

| 1.49 | 4.48 | 5.97

| 2.17 | 14.29 |

---------+--------+--------+

2.5-2.9 | 1 | 1 | 2

| 1.49 | 1.49 | 2.99

| 2.17 | 4.76 |

---------+--------+--------+

3.0-3.4 | 8 | 3 | 11

| 11.94 | 4.48 | 16.42

| 17.39 | 14.29 |

---------+--------+--------+

>=3.5 | 36 | 14 | 50

| 53.73 | 20.90 | 74.63

| 78.26 | 66.67 |

---------+--------+--------+

Total 46 21 67

68.66 31.34 100.00

Frequency Missing = 6

p-valor=0.1812 (Fisher) (agrupando <2.5 e

2.5-2.9)

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209

AMILm200 COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 14 | 6 | 20

| 37.84 | 16.22 | 54.05

| 56.00 | 50.00 |

---------+--------+--------+

S | 11 | 6 | 17

| 29.73 | 16.22 | 45.95

| 44.00 | 50.00 |

---------+--------+--------+

Total 25 12 37

67.57 32.43 100.00

Frequency Missing = 36

p-valor=0.7317 (Qui-quadrado)

FIGADO_US COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

HETEROG | 12 | 4 | 16

| 16.44 | 5.48 | 21.92

| 23.53 | 18.18 |

---------+--------+--------+

NL | 39 | 18 | 57

| 53.42 | 24.66 | 78.08

| 76.47 | 81.82 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.7621 (Fisher)

CISTOS COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 23 | 13 | 36

| 31.51 | 17.81 | 49.32

| 45.10 | 59.09 |

---------+--------+--------+

S | 28 | 9 | 37

| 38.36 | 12.33 | 50.68

| 54.90 | 40.91 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.2725 (Qui-quadrado)

PROTESEVIABILIAR COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 48 | 21 | 69

| 65.75 | 28.77 | 94.52

| 94.12 | 95.45 |

---------+--------+--------+

S | 3 | 1 | 4

| 4.11 | 1.37 | 5.48

| 5.88 | 4.55 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

FIGADOnl_cir COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 16 | 4 | 20

| 21.92 | 5.48 | 27.40

| 31.37 | 18.18 |

---------+--------+--------+

S | 35 | 18 | 53

| 47.95 | 24.66 | 72.60

| 68.63 | 81.82 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.2462 (Qui-quadrado)

Wirs_c COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

5-10 | 45 | 20 | 65

| 62.50 | 27.78 | 90.28

| 90.00 | 90.91 |

---------+--------+--------+

11-15 | 5 | 2 | 7

| 6.94 | 2.78 | 9.72

| 10.00 | 9.09 |

---------+--------+--------+

Total 50 22 72

69.44 30.56 100.00

Frequency Missing = 1

p-valor=1.0000 (Fisher)

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210

VIABILIAR_c COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

<=10 | 28 | 14 | 42

| 38.36 | 19.18 | 57.53

| 54.90 | 63.64 |

---------+--------+--------+

11-15 | 17 | 6 | 23

| 23.29 | 8.22 | 31.51

| 33.33 | 27.27 |

---------+--------+--------+

16-25 | 6 | 2 | 8

| 8.22 | 2.74 | 10.96

| 11.76 | 9.09 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.7853 (Qui-quadrado)

HIPERT_PORTAL COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 44 | 20 | 64

| 61.11 | 27.78 | 88.89

| 88.00 | 90.91 |

---------+--------+--------+

S | 6 | 2 | 8

| 8.33 | 2.78 | 11.11

| 12.00 | 9.09 |

---------+--------+--------+

Total 50 22 72

69.44 30.56 100.00

Frequency Missing = 1

p-valor=1.0000 (Fisher)

DBD COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 43 | 17 | 60

| 58.90 | 23.29 | 82.19

| 84.31 | 77.27 |

---------+--------+--------+

S | 8 | 5 | 13

| 10.96 | 6.85 | 17.81

| 15.69 | 22.73 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.5139 (Fisher)

QUAL_DBD COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

CD | 6 | 3 | 9

| 8.22 | 4.11 | 12.33

| 11.76 | 13.64 |

---------+--------+--------+

CJ | 2 | 2 | 4

| 2.74 | 2.74 | 5.48

| 3.92 | 9.09 |

---------+--------+--------+

N | 43 | 17 | 60

| 58.90 | 23.29 | 82.19

| 84.31 | 77.27 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.6860 (Fisher)

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211

INTERC_INTRAOP COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 37 | 14 | 51

| 50.68 | 19.18 | 69.86

| 72.55 | 63.64 |

---------+--------+--------+

S | 14 | 8 | 22

| 19.18 | 10.96 | 30.14

| 27.45 | 36.36 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.4464 (Qui-quadrado)

ESPLENECTOMIA COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 44 | 21 | 65

| 60.27 | 28.77 | 89.04

| 86.27 | 95.45 |

---------+--------+--------+

S | 7 | 1 | 8

| 9.59 | 1.37 | 10.96

| 13.73 | 4.55 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.4214 (Fisher)

TRANSFUSAO COMPLIC_periop

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 27 | 9 | 36

| 36.99 | 12.33 | 49.32

| 52.94 | 40.91 |

---------+--------+--------+

S | 24 | 13 | 37

| 32.88 | 17.81 | 50.68

| 47.06 | 59.09 |

---------+--------+--------+

Total 51 22 73

69.86 30.14 100.00

p-valor=0.3454 (Qui-quadrado)

Variáveis numéricas

COMPLIC_

periop Variável n Média dp Mínimo Mediana Máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N idade 51 40.2 8.6 25.0 39.0 69.0 0.2381

IMC_ULTIMO 24 23.3 2.9 18.6 22.9 30.5 0.1309

Emagrecimento 51 11.8 7.4 0.0 10.0 30.0 0.4918

pPerdaPeso 51 17.3 9.5 0.0 15.4 39.5 0.5358

alcool_gr 51 303.7 143.9 0.0 320.0 640.0 0.4737

tempo_etil 50 19.1 8.1 5.0 20.0 40.0 0.2823

Tab_quant 49 22.8 10.4 10.0 20.0 60.0 0.8573

Tempo_tab 46 23.9 9.1 9.0 20.0 60.0 0.0801

tempo_abst 39 14.4 18.1 1.0 6.0 72.0 0.8631

CAB_PANCREAS 51 6.1 1.2 4.0 6.0 10.0 0.2846

WIRSUNG 50 8.6 2.2 5.0 8.0 15.0 0.9550

ENUCLEACAO 51 18.3 13.0 5.0 14.0 78.0 0.4774

TEMPO_op 51 325.6 51.3 180.0 330.0 480.0 0.2417

SGMENTO 51 923.5 589.8 300.0 700.0 3000.0 0.8410

S idade 22 41.9 8.1 24.0 40.5 56.0

IMC_ULTIMO 11 21.3 3.5 14.2 21.5 27.8

Emagrecimento 22 10.1 5.5 0.0 10.0 20.0

pPerdaPeso 22 15.3 7.4 0.0 14.1 31.3

alcool_gr 21 277.9 164.4 0.0 240.0 640.0

tempo_etil 19 21.9 9.5 10.0 20.0 40.0

Tab_quant 19 21.3 8.8 10.0 20.0 40.0

Tempo_tab 19 27.5 8.7 10.0 28.0 48.0

tempo_abst 18 15.7 22.2 1.0 6.0 72.0

CAB_PANCREAS 22 5.8 1.3 4.0 6.0 10.0

WIRSUNG 22 8.6 2.2 5.0 8.0 15.0

ENUCLEACAO 22 15.4 7.8 5.0 12.5 32.0

TEMPO_op 22 315.7 45.0 240.0 300.0 435.0

SGMENTO 22 818.2 290.5 400.0 800.0 1500.0

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212

Quadro 2 – Análise descritiva e comparações das variáveis de interesse entre presença ou

não de infecção.

Raca infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

B | 41 | 7 | 48

| 56.16 | 9.59 | 65.75

| 67.21 | 58.33 |

---------+--------+--------+

N | 8 | 2 | 10

| 10.96 | 2.74 | 13.70

| 13.11 | 16.67 |

---------+--------+--------+

P | 12 | 3 | 15

| 16.44 | 4.11 | 20.55

| 19.67 | 25.00 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=0.7139 (Fisher)

Ictericia infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 35 | 8 | 43

| 47.95 | 10.96 | 58.90

| 57.38 | 66.67 |

---------+--------+--------+

S | 26 | 4 | 30

| 35.62 | 5.48 | 41.10

| 42.62 | 33.33 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=0.7502 (Fisher)

Abstinencia infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 12 | 2 | 14

| 16.90 | 2.82 | 19.72

| 20.34 | 16.67 |

---------+--------+--------+

S | 47 | 10 | 57

| 66.20 | 14.08 | 80.28

| 79.66 | 83.33 |

---------+--------+--------+

Total 59 12 71

83.10 16.90 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=1.0000 (Fisher)

ASA infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

I | 3 | 0 | 3

| 4.29 | 0.00 | 4.29

| 5.08 | 0.00 |

---------+--------+--------+

II | 44 | 6 | 50

| 62.86 | 8.57 | 71.43

| 74.58 | 54.55 |

---------+--------+--------+

III | 12 | 5 | 17

| 17.14 | 7.14 | 24.29

| 20.34 | 45.45 |

---------+--------+--------+

Total 59 11 70

84.29 15.71 100.00

Frequency Missing = 3

p-valor=0.1764 (Fisher)

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213

Comorbidades infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 23 | 5 | 28

| 32.39 | 7.04 | 39.44

| 38.98 | 41.67 |

---------+--------+--------+

S | 36 | 7 | 43

| 50.70 | 9.86 | 60.56

| 61.02 | 58.33 |

---------+--------+--------+

Total 59 12 71

83.10 16.90 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=1.0000 (Fisher)

ANEMIA infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 47 | 7 | 54

| 66.20 | 9.86 | 76.06

| 78.33 | 63.64 |

---------+--------+--------+

S | 13 | 4 | 17

| 18.31 | 5.63 | 23.94

| 21.67 | 36.36 |

---------+--------+--------+

Total 60 11 71

84.51 15.49 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=0.4412 (Fisher)

FAIXA_ALB infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

<2.5 | 1 | 3 | 4

| 1.49 | 4.48 | 5.97

| 1.79 | 27.27 |

---------+--------+--------+

2.5-2.9 | 2 | 0 | 2

| 2.99 | 0.00 | 2.99

| 3.57 | 0.00 |

---------+--------+--------+

3.0-3.4 | 9 | 2 | 11

| 13.43 | 2.99 | 16.42

| 16.07 | 18.18 |

---------+--------+--------+

>=3.5 | 44 | 6 | 50

| 65.67 | 8.96 | 74.63

| 78.57 | 54.55 |

---------+--------+--------+

Total 56 11 67

83.58 16.42 100.00

Frequency Missing = 6

p-valor=0.0552 (Fisher) (agrupando <2.5 e

2.5-2.9)

AMILm200 infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 16 | 4 | 20

| 43.24 | 10.81 | 54.05

| 51.61 | 66.67 |

---------+--------+--------+

S | 15 | 2 | 17

| 40.54 | 5.41 | 45.95

| 48.39 | 33.33 |

---------+--------+--------+

Total 31 6 37

83.78 16.22 100.00

Frequency Missing = 36

p-valor=0.6665 (Fisher)

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214

FIGADO_US infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

HETEROG | 14 | 2 | 16

| 19.18 | 2.74 | 21.92

| 22.95 | 16.67 |

---------+--------+--------+

NL | 47 | 10 | 57

| 64.38 | 13.70 | 78.08

| 77.05 | 83.33 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

CISTOS infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 29 | 7 | 36

| 39.73 | 9.59 | 49.32

| 47.54 | 58.33 |

---------+--------+--------+

S | 32 | 5 | 37

| 43.84 | 6.85 | 50.68

| 52.46 | 41.67 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=0.4942 (Qui-quadrado)

PROTESEVIABILIAR infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 57 | 12 | 69

| 78.08 | 16.44 | 94.52

| 93.44 | 100.00 |

---------+--------+--------+

S | 4 | 0 | 4

| 5.48 | 0.00 | 5.48

| 6.56 | 0.00 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

FIGADOnl_cir infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 19 | 1 | 20

| 26.03 | 1.37 | 27.40

| 31.15 | 8.33 |

---------+--------+--------+

S | 42 | 11 | 53

| 57.53 | 15.07 | 72.60

| 68.85 | 91.67 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=0.1602 (Fisher)

Wirs_c infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

5-10 | 54 | 11 | 65

| 75.00 | 15.28 | 90.28

| 90.00 | 91.67 |

---------+--------+--------+

11-15 | 6 | 1 | 7

| 8.33 | 1.39 | 9.72

| 10.00 | 8.33 |

---------+--------+--------+

Total 60 12 72

83.33 16.67 100.00

Frequency Missing = 1

p-valor=1.0000 (Fisher)

VIABILIAR_c infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

<=10 | 32 | 10 | 42

| 43.84 | 13.70 | 57.53

| 52.46 | 83.33 |

---------+--------+--------+

11-15 | 21 | 2 | 23

| 28.77 | 2.74 | 31.51

| 34.43 | 16.67 |

---------+--------+--------+

16-25 | 8 | 0 | 8

| 10.96 | 0.00 | 10.96

| 13.11 | 0.00 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=0.1593 (Fisher)

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215

HIPERT_PORTAL infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 54 | 10 | 64

| 75.00 | 13.89 | 88.89

| 90.00 | 83.33 |

---------+--------+--------+

S | 6 | 2 | 8

| 8.33 | 2.78 | 11.11

| 10.00 | 16.67 |

---------+--------+--------+

Total 60 12 72

83.33 16.67 100.00

Frequency Missing = 1

p-valor=0.6128 (Fisher)

DBD infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 50 | 10 | 60

| 68.49 | 13.70 | 82.19

| 81.97 | 83.33 |

---------+--------+--------+

S | 11 | 2 | 13

| 15.07 | 2.74 | 17.81

| 18.03 | 16.67 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

QUAL_DBD infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

CD | 8 | 1 | 9

| 10.96 | 1.37 | 12.33

| 13.11 | 8.33 |

---------+--------+--------+

CJ | 3 | 1 | 4

| 4.11 | 1.37 | 5.48

| 4.92 | 8.33 |

---------+--------+--------+

N | 50 | 10 | 60

| 68.49 | 13.70 | 82.19

| 81.97 | 83.33 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=0.8322 (Fisher)

INTERC_INTRAOP infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 46 | 5 | 51

| 63.01 | 6.85 | 69.86

| 75.41 | 41.67 |

---------+--------+--------+

S | 15 | 7 | 22

| 20.55 | 9.59 | 30.14

| 24.59 | 58.33 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=0.0354 (Fisher)

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216

ESPLENECTOMIA infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 54 | 11 | 65

| 73.97 | 15.07 | 89.04

| 88.52 | 91.67 |

---------+--------+--------+

S | 7 | 1 | 8

| 9.59 | 1.37 | 10.96

| 11.48 | 8.33 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

TRANSFUSAO infeccao

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 30 | 6 | 36

| 41.10 | 8.22 | 49.32

| 49.18 | 50.00 |

---------+--------+--------+

S | 31 | 6 | 37

| 42.47 | 8.22 | 50.68

| 50.82 | 50.00 |

---------+--------+--------+

Total 61 12 73

83.56 16.44 100.00

p-valor=0.9586 (Qui-quadrado)

Variáveis numéricas Infecção Variável n Média dp Mínimo Mediana Máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N idade 61 40.6 8.4 25.0 40.0 69.0 0.8057

IMC_ULTIMO 31 22.8 3.3 14.2 22.7 30.5 0.4215

Emagrecimento 61 11.8 7.2 0.0 10.0 30.0 0.2596

pPerdaPeso 61 17.2 9.1 0.0 15.4 39.5 0.3333

alcool_gr 61 301.0 151.2 0.0 320.0 640.0 0.5550

tempo_etil 59 19.6 8.6 5.0 20.0 40.0 0.5143

Tab_quant 58 22.6 10.2 10.0 20.0 60.0 0.7613

Tempo_tab 55 24.6 9.2 9.0 22.0 60.0 0.5363

tempo_abst 47 17.1 20.5 1.0 6.0 72.0 0.0299

WIRSUNG 60 8.5 2.3 5.0 8.0 15.0 0.2484

CAB_PANCREAS 61 6.0 1.2 4.0 6.0 10.0 0.7434

ENUCLEACAO 61 17.5 12.2 5.0 14.0 78.0 0.8639

TEMPO_op 61 323.9 48.9 180.0 330.0 480.0 0.3787

SGMENTO 61 895.1 550.6 300.0 700.0 3000.0 0.5271

S idade 12 41.3 9.0 24.0 39.0 56.0

IMC_ULTIMO 4 21.6 1.6 20.1 21.4 23.5

Emagrecimento 12 8.9 5.0 0.0 9.5 20.0

pPerdaPeso 12 13.9 7.3 0.0 13.4 31.3

alcool_gr 11 269.1 142.9 0.0 256.0 480.0

tempo_etil 10 21.7 8.6 10.0 20.0 40.0

Tab_quant 10 21.0 8.8 10.0 20.0 40.0

Tempo_tab 10 26.8 8.5 19.0 25.0 48.0

tempo_abst 10 4.1 2.8 1.0 4.0 8.0

WIRSUNG 12 8.9 1.6 6.0 8.5 12.0

CAB_PANCREAS 12 6.0 1.5 4.0 6.0 10.0

ENUCLEACAO 12 17.0 9.2 5.0 15.0 32.0

TEMPO_op 12 316.3 53.3 240.0 300.0 435.0

SGMENTO 12 875.0 322.3 400.0 900.0 1500.0

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217

Quadro 3 – Análise descritiva e comparações das variáveis de interesse entre presença ou

não de fístula.

Raca FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

B | 44 | 4 | 48

| 60.27 | 5.48 | 65.75

| 64.71 | 80.00 |

---------+--------+--------+

N | 10 | 0 | 10

| 13.70 | 0.00 | 13.70

| 14.71 | 0.00 |

---------+--------+--------+

P | 14 | 1 | 15

| 19.18 | 1.37 | 20.55

| 20.59 | 20.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

Ictericia FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 39 | 4 | 43

| 53.42 | 5.48 | 58.90

| 57.35 | 80.00 |

---------+--------+--------+

S | 29 | 1 | 30

| 39.73 | 1.37 | 41.10

| 42.65 | 20.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=0.6426 (Fisher)

Abstinencia FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 14 | 0 | 14

| 19.72 | 0.00 | 19.72

| 21.21 | 0.00 |

---------+--------+--------+

S | 52 | 5 | 57

| 73.24 | 7.04 | 80.28

| 78.79 | 100.00 |

---------+--------+--------+

Total 66 5 71

92.96 7.04 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=0.5753 (Fisher)

ASA FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

I | 3 | 0 | 3

| 4.29 | 0.00 | 4.29

| 4.55 | 0.00 |

---------+--------+--------+

II | 47 | 3 | 50

| 67.14 | 4.29 | 71.43

| 71.21 | 75.00 |

---------+--------+--------+

III | 16 | 1 | 17

| 22.86 | 1.43 | 24.29

| 24.24 | 25.00 |

---------+--------+--------+

Total 66 4 70

94.29 5.71 100.00

Frequency Missing = 3

p-valor=1.0000 (Fisher)

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218

Comorbidades FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 27 | 1 | 28

| 38.03 | 1.41 | 39.44

| 40.91 | 20.00 |

---------+--------+--------+

S | 39 | 4 | 43

| 54.93 | 5.63 | 60.56

| 59.09 | 80.00 |

---------+--------+--------+

Total 66 5 71

92.96 7.04 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=0.6417 (Fisher)

ANEMIA FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 51 | 3 | 54

| 71.83 | 4.23 | 76.06

| 77.27 | 60.00 |

---------+--------+--------+

S | 15 | 2 | 17

| 21.13 | 2.82 | 23.94

| 22.73 | 40.00 |

---------+--------+--------+

Total 66 5 71

92.96 7.04 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=0.5871 (Fisher)

FAIXA_ALB FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

<2.5 | 4 | 0 | 4

| 5.97 | 0.00 | 5.97

| 6.45 | 0.00 |

---------+--------+--------+

2.5-2.9 | 2 | 0 | 2

| 2.99 | 0.00 | 2.99

| 3.23 | 0.00 |

---------+--------+--------+

3.0-3.4 | 11 | 0 | 11

| 16.42 | 0.00 | 16.42

| 17.74 | 0.00 |

---------+--------+--------+

>=3.5 | 45 | 5 | 50

| 67.16 | 7.46 | 74.63

| 72.58 | 100.00 |

---------+--------+--------+

Total 62 5 67

92.54 7.46 100.00

Frequency Missing = 6

p-valor=0.7377 (Fisher) (agrupando <2.5 e

2.5-2.9)

AMILm200 FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 18 | 2 | 20

| 48.65 | 5.41 | 54.05

| 54.55 | 50.00 |

---------+--------+--------+

S | 15 | 2 | 17

| 40.54 | 5.41 | 45.95

| 45.45 | 50.00 |

---------+--------+--------+

Total 33 4 37

89.19 10.81 100.00

Frequency Missing = 36

p-valor=1.0000 (Fisher)

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219

FIGADO_US FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

HETEROG | 15 | 1 | 16

| 20.55 | 1.37 | 21.92

| 22.06 | 20.00 |

---------+--------+--------+

NL | 53 | 4 | 57

| 72.60 | 5.48 | 78.08

| 77.94 | 80.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

CISTOS FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 33 | 3 | 36

| 45.21 | 4.11 | 49.32

| 48.53 | 60.00 |

---------+--------+--------+

S | 35 | 2 | 37

| 47.95 | 2.74 | 50.68

| 51.47 | 40.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=0.6741 (Fisher)

PROTESEVIABILIAR FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 65 | 4 | 69

| 89.04 | 5.48 | 94.52

| 95.59 | 80.00 |

---------+--------+--------+

S | 3 | 1 | 4

| 4.11 | 1.37 | 5.48

| 4.41 | 20.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=0.2518 (Fisher)

FIGADOnl_cir FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 18 | 2 | 20

| 24.66 | 2.74 | 27.40

| 26.47 | 40.00 |

---------+--------+--------+

S | 50 | 3 | 53

| 68.49 | 4.11 | 72.60

| 73.53 | 60.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=0.6101 (Fisher)

Wirs_c FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

5-10 | 61 | 4 | 65

| 84.72 | 5.56 | 90.28

| 91.04 | 80.00 |

---------+--------+--------+

11-15 | 6 | 1 | 7

| 8.33 | 1.39 | 9.72

| 8.96 | 20.00 |

---------+--------+--------+

Total 67 5 72

93.06 6.94 100.00

Frequency Missing = 1

p-valor=0.4097 (Fisher)

VIABILIAR_c FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

<=10 | 39 | 3 | 42

| 53.42 | 4.11 | 57.53

| 57.35 | 60.00 |

---------+--------+--------+

11-15 | 21 | 2 | 23

| 28.77 | 2.74 | 31.51

| 30.88 | 40.00 |

---------+--------+--------+

16-25 | 8 | 0 | 8

| 10.96 | 0.00 | 10.96

| 11.76 | 0.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

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220

HIPERT_PORTAL FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 59 | 5 | 64

| 81.94 | 6.94 | 88.89

| 88.06 | 100.00 |

---------+--------+--------+

S | 8 | 0 | 8

| 11.11 | 0.00 | 11.11

| 11.94 | 0.00 |

---------+--------+--------+

Total 67 5 72

93.06 6.94 100.00

Frequency Missing = 1

p-valor=1.0000 (Fisher)

DBD FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 56 | 4 | 60

| 76.71 | 5.48 | 82.19

| 82.35 | 80.00 |

---------+--------+--------+

S | 12 | 1 | 13

| 16.44 | 1.37 | 17.81

| 17.65 | 20.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

QUAL_DBD FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

CD | 8 | 1 | 9

| 10.96 | 1.37 | 12.33

| 11.76 | 20.00 |

---------+--------+--------+

CJ | 4 | 0 | 4

| 5.48 | 0.00 | 5.48

| 5.88 | 0.00 |

---------+--------+--------+

N | 56 | 4 | 60

| 76.71 | 5.48 | 82.19

| 82.35 | 80.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=0.6364 (Fisher)

INTERC_INTRAOP FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 48 | 3 | 51

| 65.75 | 4.11 | 69.86

| 70.59 | 60.00 |

---------+--------+--------+

S | 20 | 2 | 22

| 27.40 | 2.74 | 30.14

| 29.41 | 40.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=0.6340 (Fisher)

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221

ESPLENECTOMIA FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 60 | 5 | 65

| 82.19 | 6.85 | 89.04

| 88.24 | 100.00 |

---------+--------+--------+

S | 8 | 0 | 8

| 10.96 | 0.00 | 10.96

| 11.76 | 0.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor==1.0000 (Fisher)

TRANSFUSAO FISTULA

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 35 | 1 | 36

| 47.95 | 1.37 | 49.32

| 51.47 | 20.00 |

---------+--------+--------+

S | 33 | 4 | 37

| 45.21 | 5.48 | 50.68

| 48.53 | 80.00 |

---------+--------+--------+

Total 68 5 73

93.15 6.85 100.00

p-valor=0.3575 (Fisher)

Variáveis numéricas fistula Variável n Média dp Mínimo Mediana Máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N idade 68 40.4 8.3 24.0 39.5 69.0 0.1751

IMC_ULTIMO 31 22.7 2.9 17.0 22.4 30.5 0.9380

Emagrecimento 68 11.1 7.0 0.0 10.0 30.0 0.3632

pPerdaPeso 68 16.5 9.1 0.0 14.2 39.5 0.3647

alcool_gr 67 297.0 150.1 0.0 320.0 640.0 0.7383

tempo_etil 64 19.5 8.1 5.0 20.0 40.0 0.4845

Tab_quant 64 22.5 10.1 10.0 20.0 60.0 0.7750

Tempo_tab 61 24.4 8.8 9.0 22.0 60.0 0.0738

tempo_abst 52 12.9 17.5 1.0 6.0 72.0 0.0335

CAB_PANCREAS 68 6.1 1.3 4.0 6.0 10.0 0.1847

WIRSUNG 67 8.6 2.1 5.0 8.0 15.0 0.6827

ENUCLEACAO 68 17.9 11.9 5.0 14.5 78.0 0.0764

TEMPO_op 68 320.5 48.7 180.0 330.0 480.0 0.2607

SGMENTO 68 894.1 536.1 300.0 700.0 3000.0 0.5146

S idade 5 44.4 10.2 28.0 46.0 55.0

IMC_ULTIMO 4 21.9 5.6 14.2 22.8 27.8

Emagrecimento 5 13.2 5.8 6.0 12.0 20.0

pPerdaPeso 5 18.7 6.0 10.8 20.2 26.3

alcool_gr 5 284.8 156.1 128.0 240.0 480.0

tempo_etil 5 24.0 13.7 10.0 26.0 40.0

Tab_quant 4 20.0 8.2 10.0 20.0 30.0

Tempo_tab 4 33.0 11.5 20.0 32.0 48.0

tempo_abst 5 34.0 27.9 6.0 36.0 72.0

CAB_PANCREAS 5 5.4 0.5 5.0 5.0 6.0

WIRSUNG 5 8.8 3.6 6.0 8.0 15.0

ENUCLEACAO 5 10.4 2.9 6.0 12.0 13.0

TEMPO_op 5 351.0 55.7 300.0 360.0 435.0

SGMENTO 5 860.0 134.2 700.0 800.0 1000.0

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222

Quadro 4 – Análise descritiva e comparações das variáveis de interesse entre presença ou

não de complicação tardia.

Raca COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

B | 42 | 6 | 48

| 57.53 | 8.22 | 65.75

| 67.74 | 54.55 |

---------+--------+--------+

N | 7 | 3 | 10

| 9.59 | 4.11 | 13.70

| 11.29 | 27.27 |

---------+--------+--------+

P | 13 | 2 | 15

| 17.81 | 2.74 | 20.55

| 20.97 | 18.18 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=0.3391 (Fisher)

Ictericia COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 36 | 7 | 43

| 49.32 | 9.59 | 58.90

| 58.06 | 63.64 |

---------+--------+--------+

S | 26 | 4 | 30

| 35.62 | 5.48 | 41.10

| 41.94 | 36.36 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

Abstinencia COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 12 | 2 | 14

| 16.90 | 2.82 | 19.72

| 19.67 | 20.00 |

---------+--------+--------+

S | 49 | 8 | 57

| 69.01 | 11.27 | 80.28

| 80.33 | 80.00 |

---------+--------+--------+

Total 61 10 71

85.92 14.08 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=1.0000 (Fisher)

ASA COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

I | 2 | 1 | 3

| 2.86 | 1.43 | 4.29

| 3.33 | 10.00 |

---------+--------+--------+

II | 41 | 9 | 50

| 58.57 | 12.86 | 71.43

| 68.33 | 90.00 |

---------+--------+--------+

III | 17 | 0 | 17

| 24.29 | 0.00 | 24.29

| 28.33 | 0.00 |

---------+--------+--------+

Total 60 10 70

85.71 14.29 100.00

Frequency Missing = 3

p-valor=0.0915 (Fisher)

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223

Comorbidades COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 22 | 6 | 28

| 30.99 | 8.45 | 39.44

| 36.67 | 54.55 |

---------+--------+--------+

S | 38 | 5 | 43

| 53.52 | 7.04 | 60.56

| 63.33 | 45.45 |

---------+--------+--------+

Total 60 11 71

84.51 15.49 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=0.3228 (Fisher)

ANEMIA COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 44 | 10 | 54

| 61.97 | 14.08 | 76.06

| 73.33 | 90.91 |

---------+--------+--------+

S | 16 | 1 | 17

| 22.54 | 1.41 | 23.94

| 26.67 | 9.09 |

---------+--------+--------+

Total 60 11 71

84.51 15.49 100.00

Frequency Missing = 2

p-valor=0.2766 (Fisher)

FAIXA_ALB COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

<2.5 | 3 | 1 | 4

| 4.48 | 1.49 | 5.97

| 5.17 | 11.11 |

---------+--------+--------+

2.5-2.9 | 2 | 0 | 2

| 2.99 | 0.00 | 2.99

| 3.45 | 0.00 |

---------+--------+--------+

3.0-3.4 | 11 | 0 | 11

| 16.42 | 0.00 | 16.42

| 18.97 | 0.00 |

---------+--------+--------+

>=3.5 | 42 | 8 | 50

| 62.69 | 11.94 | 74.63

| 72.41 | 88.89 |

---------+--------+--------+

Total 58 9 67

86.57 13.43 100.00

Frequency Missing = 6

p-valor=0.4566 (Fisher) (agrupando <2.5 e

2.5-2.9)

AMILm200 COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 20 | 0 | 20

| 54.05 | 0.00 | 54.05

| 60.61 | 0.00 |

---------+--------+--------+

S | 13 | 4 | 17

| 35.14 | 10.81 | 45.95

| 39.39 | 100.00 |

---------+--------+--------+

Total 33 4 37

89.19 10.81 100.00

Frequency Missing = 36

p-valor=0.0360 (Fisher)

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224

FIGADO_US COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

HETEROG | 14 | 2 | 16

| 19.18 | 2.74 | 21.92

| 22.58 | 18.18 |

---------+--------+--------+

NL | 48 | 9 | 57

| 65.75 | 12.33 | 78.08

| 77.42 | 81.82 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

CISTOS COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 28 | 8 | 36

| 38.36 | 10.96 | 49.32

| 45.16 | 72.73 |

---------+--------+--------+

S | 34 | 3 | 37

| 46.58 | 4.11 | 50.68

| 54.84 | 27.27 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=0.0919 (Qui-quadrado)

PROTESEVIABILIAR

COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 59 | 10 | 69

| 80.82 | 13.70 | 94.52

| 95.16 | 90.91 |

---------+--------+--------+

S | 3 | 1 | 4

| 4.11 | 1.37 | 5.48

| 4.84 | 9.09 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=0.4875 (Fisher)

FIGADOnl_cir

COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 17 | 3 | 20

| 23.29 | 4.11 | 27.40

| 27.42 | 27.27 |

---------+--------+--------+

S | 45 | 8 | 53

| 61.64 | 10.96 | 72.60

| 72.58 | 72.73 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

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225

Wirs_c COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

5-10 | 55 | 10 | 65

| 76.39 | 13.89 | 90.28

| 90.16 | 90.91 |

---------+--------+--------+

11-15 | 6 | 1 | 7

| 8.33 | 1.39 | 9.72

| 9.84 | 9.09 |

---------+--------+--------+

Total 61 11 72

84.72 15.28 100.00

Frequency Missing = 1

p-valor=1.0000 (Fisher)

VIABILIAR_c

COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

<=10 | 36 | 6 | 42

| 49.32 | 8.22 | 57.53

| 58.06 | 54.55 |

---------+--------+--------+

11-15 | 19 | 4 | 23

| 26.03 | 5.48 | 31.51

| 30.65 | 36.36 |

---------+--------+--------+

16-25 | 7 | 1 | 8

| 9.59 | 1.37 | 10.96

| 11.29 | 9.09 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=0.8926 (Fisher)

HIPERT_PORTAL

COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 53 | 11 | 64

| 73.61 | 15.28 | 88.89

| 86.89 | 100.00 |

---------+--------+--------+

S | 8 | 0 | 8

| 11.11 | 0.00 | 11.11

| 13.11 | 0.00 |

---------+--------+--------+

Total 61 11 72

84.72 15.28 100.00

Frequency Missing = 1

p-valor=0.3439 (Fisher)

DBD COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 50 | 10 | 60

| 68.49 | 13.70 | 82.19

| 80.65 | 90.91 |

---------+--------+--------+

S | 12 | 1 | 13

| 16.44 | 1.37 | 17.81

| 19.35 | 9.09 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=0.6760 (Fisher)

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226

QUAL_DBD COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

CD | 8 | 1 | 9

| 10.96 | 1.37 | 12.33

| 12.90 | 9.09 |

---------+--------+--------+

CJ | 4 | 0 | 4

| 5.48 | 0.00 | 5.48

| 6.45 | 0.00 |

---------+--------+--------+

N | 50 | 10 | 60

| 68.49 | 13.70 | 82.19

| 80.65 | 90.91 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=1.0000 (Fisher)

INTERC_INTRAOP

COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 44 | 7 | 51

| 60.27 | 9.59 | 69.86

| 70.97 | 63.64 |

---------+--------+--------+

S | 18 | 4 | 22

| 24.66 | 5.48 | 30.14

| 29.03 | 36.36 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=0.7244 (Fisher)

ESPLENECTOMIA COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 54 | 11 | 65

| 73.97 | 15.07 | 89.04

| 87.10 | 100.00 |

---------+--------+--------+

S | 8 | 0 | 8

| 10.96 | 0.00 | 10.96

| 12.90 | 0.00 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=0.5976 (Fisher)

TRANSFUSAO COMPLIC_TARD

Frequency|

Percent |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 29 | 7 | 36

| 39.73 | 9.59 | 49.32

| 46.77 | 63.64 |

---------+--------+--------+

S | 33 | 4 | 37

| 45.21 | 5.48 | 50.68

| 53.23 | 36.36 |

---------+--------+--------+

Total 62 11 73

84.93 15.07 100.00

p-valor=0.3026 (Qui-quadrado)

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227

Variáveis numéricas Complic_ Variável n Média dp Mínimo Mediana Máximo p-valor

(Mann-Whitney)

tard

N idade 62 40.4 8.7 24.0 39.0 69.0 0.2564

IMC_ULTIMO 30 22.1 3.0 14.2 22.2 30.5 0.0102

Emagrecimento 62 11.2 6.7 0.0 10.0 30.0 0.9076

pPerdaPeso 62 16.7 8.9 0.0 14.9 39.5 0.7932

alcool_gr 61 308.7 149.0 0.0 320.0 640.0 0.1084

tempo_etil 59 19.7 8.7 5.0 20.0 40.0 0.4450

Tab_quant 57 22.8 10.3 10.0 20.0 60.0 0.4540

Tempo_tab 56 24.9 9.5 9.0 21.5 60.0 0.4578

tempo_abst 49 14.1 18.2 1.0 6.0 72.0 0.6948

CAB_PANCREAS 62 6.0 1.3 4.0 6.0 10.0 0.5886

WIRSUNG 61 8.4 2.1 5.0 8.0 15.0 0.0889

ENUCLEACAO 62 17.5 12.2 5.0 14.0 78.0 0.8590

TEMPO_op 62 325.6 46.6 240.0 330.0 480.0 0.4410

SGMENTO 62 911.3 542.0 300.0 750.0 3000.0 0.5638

S idade 11 42.1 6.9 29.0 43.0 56.0

IMC_ULTIMO 5 26.1 2.3 22.4 27.3 27.8

Emagrecimento 11 12.0 8.1 3.0 10.0 30.0

pPerdaPeso 11 16.3 9.5 4.9 13.7 34.5

alcool_gr 11 226.8 138.2 0.0 240.0 480.0

tempo_etil 10 20.9 7.9 10.0 23.5 30.0

Tab_quant 11 20.0 8.1 10.0 20.0 40.0

Tempo_tab 9 25.1 6.8 10.0 29.0 30.0

tempo_abst 8 19.0 26.2 2.0 6.0 72.0

CAB_PANCREAS 11 5.9 1.1 5.0 6.0 9.0

WIRSUNG 11 9.5 2.2 7.0 10.0 15.0

ENUCLEACAO 11 17.0 8.7 5.0 15.0 28.0

TEMPO_op 11 305.5 62.7 180.0 300.0 390.0

SGMENTO 11 781.8 354.5 400.0 700.0 1500.0

Quadro 5 – Análise descritiva e relação entre presença ou não de fístula e variáveis de

interesse.

Fistula variável n média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N LIQAMIL1 65 130.7 277.3 10.0 60.0 1887.0 0.0110

AMIL1 65 123.6 182.9 18.0 65.0 980.0 0.0254

S LIQAMIL1 5 268.6 123.6 67.0 330.0 367.0

AMIL1 5 199.0 122.3 78.0 200.0 385.0

Quadro 6 – Análise descritiva e relação entre ingestão de álcool (gr) e variáveis de

interesse.

Coeficientes de correlação linear de Spearman

TEMPO_ TEMPO_

ENUCLEACAO WIRSUNG IE_n DM_n

alcool_gr -0.02948 0.04451 0.03683 0.42191 coeficiente

0.8058 0.7124 0.8643 0.0449 p-valor

72 71 24 23 n Dor_freq N média dp mínimo mediana máximo p-valor (Kruskal-

Wallis)

D 34 281.1 139.2 0.0 260.0 640.0

M 13 361.2 135.6 160.0 320.0 640.0

S 25 282.8 165.6 0.0 256.0 640.0 0.1829

Dor_int N média dp mínimo mediana máximo p-valor (Mann-

Whitney)

F 30 357.7 158.2 96.0 320.0 640.0

L+M* 42 252.2 127.3 0.0 256.0 480.0 0.0072

*1 caso de dor Leve com valor de 160gr

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228

ALCOOL_

recidiva N média dp mínimo mediana máximo p-valor (Mann-

Whitney)

N 46 285.5 145.4 0.0 284.0 640.0

S 23 288.7 142.6 96.0 256.0 640.0 0.9031

INSUF_

EXOC_

pre N média dp mínimo mediana máximo p-valor (Mann-

Whitney)

N 50 277.7 137.8 0.0 272.0 640.0

S 19 309.9 158.9 0.0 320.0 640.0 0.4905

DM_pretrat N média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N 59 289.0 146.3 0.0 288.0 640.0

S 11 295.3 146.5 160.0 240.0 608.0 0.9159

INSUF_

EXOCRINA_

n N média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N 44 267.2 140.0 0.0 256.0 640.0

S 25 320.6 145.9 0.0 320.0 640.0 0.1193

DM_NOVA N média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Kruskal-Wallis)

N 33 268.4 148.1 0.0 256.0 640.0

S 23 317.3 139.4 96.0 320.0 640.0

X 11 295.3 146.5 160.0 240.0 608.0 0.5736

p-valor=0.2944 (teste de Mann-Whitney) comparando apenas S e N

Quadro 7 – Análise descritiva e relação entre enucleação (gr) e variáveis de interesse.

Coeficientes de correlação linear de Spearman

TEMPO_ TEMPO_

IE_n DM_n

ENUCLEACAO -0.10286 -0.09637 coeficiente

0.6325 0.6618 p-valor

24 23 n INSUF_

EXOCRINA_

n N média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N 45 17.5 12.7 5.0 14.0 78.0

S 25 17.1 10.5 6.0 14.0 55.0 0.8587

DM_NOVA N média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Kruskal-Wallis)

N 34 18.4 13.9 5.0 14.0 78.0

S 23 16.5 11.2 5.0 12.0 55.0

X 11 15.8 7.2 8.0 15.0 29.0 0.8669

p-valor=0.6248 (teste de Mann-Whitney) comparando apenas S e N

Quadro 8 – Análise descritiva e relação entre hipertensão portal e variáveis de interesse.

HIPERT_

PORTAL Variável N média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N SGMENTO 64 826.6 448.0 300.0 700.0 2500.0 0.0245

TEMPO_DM_n 20 69.2 54.3 3.0 54.0 180.0 0.1847

S SGMENTO 8 1312.5 788.2 700.0 1000.0 3000.0

TEMPO_DM_n 3 29.3 11.5 16.0 36.0 36.0

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229

HIPERT_PORTAL

TRANSFUSAO

Frequency|

Percent |

Row Pct |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 34 | 30 | 64

| 47.22 | 41.67 | 88.89

| 53.13 | 46.88 |

| 94.44 | 83.33 |

---------+--------+--------+

S | 2 | 6 | 8

| 2.78 | 8.33 | 11.11

| 25.00 | 75.00 |

| 5.56 | 16.67 |

---------+--------+--------+

Total 36 36 72

50.00 50.00 100.00

Frequency Missing = 1

p-valor=0.2603 (Fisher)

HIPERT_PORTAL

DM_NOVA

Frequency|

Percent |

Row Pct |

Col Pct |N |S |X | Total

---------+--------+--------+--------+

N | 29 | 20 | 10 | 59

| 43.28 | 29.85 | 14.93 | 88.06

| 49.15 | 33.90 | 16.95 |

| 87.88 | 86.96 | 90.91 |

---------+--------+--------+--------+

S | 4 | 3 | 1 | 8

| 5.97 | 4.48 | 1.49 | 11.94

| 50.00 | 37.50 | 12.50 |

| 12.12 | 13.04 | 9.09 |

---------+--------+--------+--------+

Total 33 23 11 67

49.25 34.33 16.42 100.00

Frequency Missing = 6

p-valor=1.0000 (Fisher)

Quadro 9 – Análise descritiva e relação entre recidiva do álcool e variáveis de interesse.

INSUF_EXOCRINA_n

ALCOOL_recidiva

Frequency|

Percent |

Row Pct |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 30 | 15 | 45

| 42.86 | 21.43 | 64.29

| 66.67 | 33.33 |

| 63.83 | 65.22 |

---------+--------+--------+

S | 17 | 8 | 25

| 24.29 | 11.43 | 35.71

| 68.00 | 32.00 |

| 36.17 | 34.78 |

---------+--------+--------+

Total 47 23 70

67.14 32.86 100.00

Frequency Missing = 3

p-valor=0.9094 (Qui-quadrado)

DM_NOVA ALCOOL_recidiva

Frequency|

Percent |

Row Pct |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 24 | 10 | 34

| 35.29 | 14.71 | 50.00

| 70.59 | 29.41 |

| 52.17 | 45.45 |

---------+--------+--------+

S | 16 | 7 | 23

| 23.53 | 10.29 | 33.82

| 69.57 | 30.43 |

| 34.78 | 31.82 |

---------+--------+--------+

X | 6 | 5 | 11

| 8.82 | 7.35 | 16.18

| 54.55 | 45.45 |

| 13.04 | 22.73 |

---------+--------+--------+

Total 46 22 68

67.65 32.35 100.00

Frequency Missing = 5

p-valor=0.5958 (Qui-quadrado)

p-valor=0.9340 (Qui-quadrado) comparando S e

N

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230

DOR ALCOOL_recidiva

Frequency|

Percent |

Row Pct |

Col Pct |N |S | Total

---------+--------+--------+

N | 44 | 20 | 64

| 62.86 | 28.57 | 91.43

| 68.75 | 31.25 |

| 93.62 | 86.96 |

---------+--------+--------+

OL | 3 | 2 | 5

| 4.29 | 2.86 | 7.14

| 60.00 | 40.00 |

| 6.38 | 8.70 |

---------+--------+--------+

S | 0 | 1 | 1

| 0.00 | 1.43 | 1.43

| 0.00 | 100.00 |

| 0.00 | 4.35 |

---------+--------+--------+

Total 47 23 70

67.14 32.86 100.00

Frequency Missing = 3

p-valor=0.3867 (Fisher) (agrupando OL+S)

ALCOOL_

recidiva Variável N média dp mínimo mediana máximo p-valor (Mann-

Whitney)

N TEMPO_IE_n 16 10.1 11.2 2.0 6.0 38.0 0.2539

TEMPO_DM_n 16 64.8 53.5 3.0 48.0 180.0 0.9200

S TEMPO_IE_n 8 13.9 9.2 3.0 15.0 26.0

TEMPO_DM_n 7 62.0 53.7 20.0 36.0 168.0

Coeficientes de correlação linear de Spearman

TEMPO_ TEMPO_

IE_n DM_n

ALCOOL_gr_rec 0.45075 -0.55594

0.2623 0.1950

8 7

Recidiva do álcool em gramas

INSUF_

EXOCRINA_

n N média dp mínimo mediana máximo p-valor (Mann-

Whitney)

N 15 221.3 130.8 24.0 256.0 480.0

S 8 201.0 116.3 8.0 192.0 320.0 0.7914

DM_NOVA N média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Kruskal-Wallis)

N 10 177.2 107.2 8.0 176.0 320.0

S 7 213.7 121.4 24.0 256.0 320.0

X 5 268.0 162.2 60.0 320.0 480.0 0.4855

p-valor=0.4878 (teste de Mann-Whitney) comparando apenas S e N

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231

Quadro 10 – Análise descritiva e relação entre Wirsung e variáveis de interesse.

INSUF_EXOCRINA_n

Wirs_c

Frequency|

Percent |

Row Pct |

Col Pct | 5-10 |11-15 | Total

---------+--------+--------+

N | 40 | 4 | 44

| 57.97 | 5.80 | 63.77

| 90.91 | 9.09 |

| 64.52 | 57.14 |

---------+--------+--------+

S | 22 | 3 | 25

| 31.88 | 4.35 | 36.23

| 88.00 | 12.00 |

| 35.48 | 42.86 |

---------+--------+--------+

Total 62 7 69

89.86 10.14 100.00

Frequency Missing = 4

p-valor=0.6980 (Fisher)

DM_NOVA Wirs_c

Frequency|

Percent |

Row Pct |

Col Pct | 5-10 |11-15 | Total

---------+--------+--------+

N | 32 | 2 | 34

| 47.76 | 2.99 | 50.75

| 94.12 | 5.88 |

| 53.33 | 28.57 |

---------+--------+--------+

S | 21 | 1 | 22

| 31.34 | 1.49 | 32.84

| 95.45 | 4.55 |

| 35.00 | 14.29 |

---------+--------+--------+

X | 7 | 4 | 11

| 10.45 | 5.97 | 16.42

| 63.64 | 36.36 |

| 11.67 | 57.14 |

---------+--------+--------+

Total 60 7 67

89.55 10.45 100.00

Frequency Missing = 6

p-valor=0.0185 (Fisher)

p-valor=1.0000 (Fisher) comparando S e N

DOR Wirs_c

Frequency|

Percent |

Row Pct |

Col Pct | 5-10 |11-15 | Total

---------+--------+--------+

N | 57 | 6 | 63

| 82.61 | 8.70 | 91.30

| 90.48 | 9.52 |

| 91.94 | 85.71 |

---------+--------+--------+

OL | 4 | 1 | 5

| 5.80 | 1.45 | 7.25

| 80.00 | 20.00 |

| 6.45 | 14.29 |

---------+--------+--------+

S | 1 | 0 | 1

| 1.45 | 0.00 | 1.45

| 100.00 | 0.00 |

| 1.61 | 0.00 |

---------+--------+--------+

Total 62 7 69

89.86 10.14 100.00

Frequency Missing = 4

p-valor=0.4872 (Fisher) (agrupando OL+S) Wirs_c Variable N média dp mínimo mediana máximo

5-10 TEMPO_IE_n 21 11.4 10.7 2.0 6.0 38.0

TEMPO_DM_n 21 67.9 53.2 3.0 48.0 180.0

11-15 TEMPO_IE_n 3 11.0 11.4 3.0 6.0 24.0

TEMPO_DM_n 1 30.0 . 30.0 30.0 30.0

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232

Quadro 11 – Análise descritiva e relação entre DM nova e função endócrina.

DM_NOVA fc_endoc

Frequency|

Percent |

Row Pct |

Col Pct |Hipergl |Intolera|NL | Total

| |nte | |

---------+--------+--------+--------+

N | 10 | 6 | 18 | 34

| 17.54 | 10.53 | 31.58 | 59.65

| 29.41 | 17.65 | 52.94 |

| 66.67 | 46.15 | 62.07 |

---------+--------+--------+--------+

S | 5 | 7 | 11 | 23

| 8.77 | 12.28 | 19.30 | 40.35

| 21.74 | 30.43 | 47.83 |

| 33.33 | 53.85 | 37.93 |

---------+--------+--------+--------+

Total 15 13 29 57

26.32 22.81 50.88 100.00

Frequency Missing = 5

p-valor=0.5063 (Qui-quadrado) Tempo de DM nova

fc_endoc N média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Kruskal-Wallis)

Hipergl 5 81.4 85.4 3.0 36.0 180.0

Intolerante 7 48.3 43.8 16.0 36.0 144.0

NL 11 66.0 40.4 6.0 60.0 156.0 0.4701

Quadro 12 – Análise descritiva e comparação da albumina entre presença ou não de

complicações peri-operatórias.

COMPLIC_

periop n Média dp Mínimo Mediana Máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N 46 4.0 0.8 2.2 4.0 6.4

S 21 3.6 0.8 1.9 3.8 4.9 0.1651

Quadro 13 – Análise descritiva e comparação da albumina entre presença ou não de

infecção.

Infecção n Média dp Mínimo Mediana Máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N 56 3.9 0.7 2.2 4.0 6.4

S 11 3.5 1.0 1.9 3.6 4.9 0.1187

Quadro 14 – Análise descritiva e comparação da albumina entre presença ou não de fístula.

fistula n Média dp Mínimo Mediana Máximo p-valor (Mann-

Whitney)

N 62 3.8 0.8 1.9 3.9 6.4

S 5 4.0 0.2 3.8 4.0 4.3 0.4514

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233

Quadro 15 – Análise descritiva e comparação da albumina entre presença ou não de

complicação tardia.

Complic_ n Média dp Mínimo Mediana Máximo p-valor

(Mann-Whitney)

tard

N 58 3.8 0.8 1.9 3.9 6.4

S 9 4.2 0.9 2.2 4.3 5.2 0.0326

Quadro 16 – Análise descritiva e relação entre Wirsung, DM nova e Insuficiência exócrina

nova.

DM_nova n média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Kruskal-Wallis

N 34 8.5 2.1 5.0 8.0 15.0

S 22 7.9 1.6 5.0 8.0 12.0

X 11 10.0 3.1 6.0 9.0 15.0 0.1351

p-valor=0.3696 (Mann-Whitney) comparando S e N INSUF_

EXOCRINA_

n N média dp mínimo mediana máximo p-valor

(Mann-Whitney)

N 44 8.8 2.2 5.0 8.0 15.0

S 25 8.1 2.2 5.0 8.0 15.0 0.1189 Coeficientes de correlação de Spearman

TEMPO_ TEMPO_

IE_n DM_n

WIRSUNG -0.11234 -0.24862 coeficiente

0.6012 0.2645 p-valor

24 22 n

Quadro 17 – Análise descritiva e comparação entre imc pré e da última avaliação.

Variável n média dp mínimo mediana máximo p-valor*

IMCpre 35 19.03 2.50 14.40 19.38 23.88

IMC_ULTIMO 35 22.63 3.19 14.17 22.68 30.46

Difimc** 35 3.60 2.44 -3.37 3.68 7.91 <0.0001

*p-valor referente ao teste de Wilcoxon para amostras relacionadas comparando o imc entre os

2 momentos

**diferença calculada pela subtração (imc_ultimo – imcpre)

Houve diferença significativa, porém deve ser observado que os tempos de seguimento são

diferentes:

Variável n média dp mínimo mediana máximo

seguimento 35 98.06 64.67 4.00 90.00 204.00

Quadro 19 - Resultados da análise de Kaplan-Meier para estudo do tempo de sobrevida.

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234

Surv ival Table

4,000 NL . . 0 69

4,000 NL . . 0 68

5,000 NL . . 0 67

5,000 N . . 0 66

6,000 N . . 0 65

7,000 NL . . 0 64

8,000 NL . . 0 63

8,000 NL . . 0 62

9,000 N . . 0 61

10,000 NL . . 0 60

12,000 N . . 0 59

12,000 NL . . 0 58

20,000 NL . . 0 57

21,000 S ,982 ,017 1 56

25,000 NL . . 1 55

27,000 S ,965 ,025 2 54

30,000 N . . 2 53

31,000 N . . 2 52

33,000 NL . . 2 51

37,000 NL . . 2 50

38,000 N . . 2 49

46,000 N . . 2 48

46,000 N . . 2 47

47,000 N . . 2 46

47,000 NL . . 2 45

50,000 S ,943 ,032 3 44

52,000 NL . . 3 43

56,000 NL . . 3 42

59,000 NL . . 3 41

59,000 N . . 3 40

61,000 NL . . 3 39

62,000 N . . 3 38

64,000 S ,918 ,040 4 37

72,000 S ,894 ,046 5 36

74,000 N . . 5 35

79,000 S ,868 ,051 6 34

84,000 S ,842 ,056 7 33

87,000 NL . . 7 32

89,000 N . . 7 31

89,000 NL . . 7 30

90,000 N . . 7 29

103,000 N . . 7 28

108,000 N . . 7 27

108,000 NL . . 7 26

108,000 N . . 7 25

114,000 S ,809 ,063 8 24

117,000 N . . 8 23

120,000 NL . . 8 22

123,000 N . . 8 21

123,000 N . . 8 20

125,000 N . . 8 19

126,000 N . . 8 18

132,000 NL . . 8 17

135,000 N . . 8 16

135,000 N . . 8 15

139,000 N . . 8 14

139,000 NL . . 8 13

139,000 NL . . 8 12

141,000 NL . . 8 11

150,000 N . . 8 10

161,000 N . . 8 9

166,000 N . . 8 8

181,000 N . . 8 7

183,000 N . . 8 6

186,000 N . . 8 5

192,000 N . . 8 4

195,000 N . . 8 3

198,000 N . . 8 2

202,000 S ,404 ,288 9 1

204,000 N . . 9 0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

45

46

47

48

49

50

51

52

53

54

55

56

57

58

59

60

61

62

63

64

65

66

67

68

69

70

Time Status Estimate Std. Error

Cumulative Proportion

Surviving at the TimeN of

Cumulative

Events

N of

Remaining

Cases

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235

Means and Medians for Survival Time

177,479 8,238 161,333 193,626 202,000 62,599 79,307 324,693

Estimate Std. Error Lower Bound Upper Bound

95% Conf idence Interv al

Estimate Std. Error Lower Bound Upper Bound

95% Conf idence Interv al

Meana

Median

Estimation is limited to the largest surv ival time if it is censored.a.

250200150100500

Tempo (meses)

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Pro

ba

bilid

ad

e a

cu

mu

lad

a

Figura 1 – Curva de sobrevida global estimada por Kaplan-Meier.

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236

Quadro 20 – Curvas de sobrevida para a recidiva do álcool.

Case Processing Summary

47 2 45 95,7%

23 7 16 69,6%

70 9 61 87,1%

ALCOOL_recidiva

N

S

Overall

Total N N of Events N Percent

Censored

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237

Surv ival Table

4,000 NL . . 0 46

4,000 NL . . 0 45

5,000 NL . . 0 44

6,000 N . . 0 43

7,000 NL . . 0 42

8,000 NL . . 0 41

8,000 NL . . 0 40

9,000 N . . 0 39

10,000 NL . . 0 38

12,000 N . . 0 37

12,000 NL . . 0 36

20,000 NL . . 0 35

25,000 NL . . 0 34

30,000 N . . 0 33

31,000 N . . 0 32

33,000 NL . . 0 31

37,000 NL . . 0 30

38,000 N . . 0 29

46,000 N . . 0 28

46,000 N . . 0 27

47,000 N . . 0 26

47,000 NL . . 0 25

52,000 NL . . 0 24

56,000 NL . . 0 23

64,000 S ,957 ,043 1 22

74,000 N . . 1 21

87,000 NL . . 1 20

89,000 N . . 1 19

89,000 NL . . 1 18

90,000 N . . 1 17

108,000 N . . 1 16

114,000 S ,897 ,070 2 15

117,000 N . . 2 14

120,000 NL . . 2 13

123,000 N . . 2 12

125,000 N . . 2 11

126,000 N . . 2 10

132,000 NL . . 2 9

135,000 N . . 2 8

139,000 N . . 2 7

139,000 NL . . 2 6

141,000 NL . . 2 5

150,000 N . . 2 4

183,000 N . . 2 3

186,000 N . . 2 2

192,000 N . . 2 1

195,000 N . . 2 0

5,000 N . . 0 22

21,000 S ,955 ,044 1 21

27,000 S ,909 ,061 2 20

50,000 S ,864 ,073 3 19

59,000 NL . . 3 18

59,000 N . . 3 17

61,000 NL . . 3 16

62,000 N . . 3 15

72,000 S ,806 ,088 4 14

79,000 S ,748 ,099 5 13

84,000 S ,691 ,107 6 12

103,000 N . . 6 11

108,000 NL . . 6 10

108,000 N . . 6 9

123,000 N . . 6 8

135,000 N . . 6 7

139,000 NL . . 6 6

161,000 N . . 6 5

166,000 N . . 6 4

181,000 N . . 6 3

198,000 N . . 6 2

202,000 S ,345 ,250 7 1

204,000 N . . 7 0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

45

46

47

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

ALCOOL_recidiva

N

S

Time Status Estimate Std. Error

Cumulative Proportion

Surviving at the TimeN of

Cumulative

Events

N of

Remaining

Cases

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238

Means and Medians for Survival Time

184,462 7,118 170,511 198,413 . . . .

158,239 15,436 127,985 188,494 202,000 85,405 34,606 369,394

177,479 8,238 161,333 193,626 202,000 62,599 79,307 324,693

ALCOOL_recidiva

N

S

Overall

Estimate Std. Error Lower Bound Upper Bound

95% Conf idence Interv al

Estimate Std. Error Lower Bound Upper Bound

95% Conf idence Interv al

Meana

Median

Estimation is limited to the largest surv ival time if it is censored.a.

Teste para igualdade das distribuições:

Pr >

Test Chi-Square DF Chi-Square

Wilcoxon (Breslow) 5.3282 1 0.0210

Figura 2 – Curvas de sobrevida estimadas por Kaplan-Meier para a recidiva

do álcool. Houve diferença significativa entre as distribuições, p-

valor=0.0210 (teste de Breslow).

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239

Observação: Para a interpretação da magnitude das correlações pode ser adotada a

seguinte classificação: coeficientes de correlação < 0,4 (correlação de fraca magnitude), >

0,4 a < 0,5 (de moderada magnitude) e > 0,5 (de forte magnitude).

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240

Anexo 7 - Parecer de aprovação do estudo pelo Comitê de Ética em pesquisa.

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241