TRATAMENTO DE EFLUENTES FRIGORIFICO E MATADOURO BOVINOS

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    RECIFE - PEJUNHO 2004

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPECENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCINCIAS - DEPARTAMENTO DE

    ENGENHARIA CIVIL - PROGRAMA DE PS-GRADUAO - MESTRADODOUTORADO - REA DE CONCENTRAO EM TECNOLOGIA

    AMBIENTAL E RECURSOS HDRICOS

    VALMIR CRISTIANO MARQUES DE ARRUDA

    TTRRAATTAAMMEENNTTOOAANNAAEERRBBIIOODDEEEEFFLLUUEENNTTEE

    GGEERRAADDOOSSEEMMMMAATTAADDOOUURROOSSDDEEBBOOVVIINNOOSS

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    TRATAMENTO ANAERBIO DE EFLUENTES GERADOSEM MATADOUROS DE BOVINOS

    Recife, 01 de junhoDepartamento de Engenharia Civil da UFPE2004

    Dissertao apresentada ao Curso de Ps-Graduao doDepartamento de Engenharia Civil da UniversidadeFederal de Pernambuco como requisito parcial obtenodo ttulo de Mestre em Engenharia Civil.

    rea de Concentrao: Tecnologia Ambiental eRecursos Hdricos.Orientador: Mario Takayuki Kato.

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    A779t Arruda, Valmir Cristiano Marques deTratamento anaerbio de efluentes gerados em matadouros

    de bovinos / Valmir Cristiano Marques de Arruda; Orientador:Mario Takayuki Kato. Recife : O Autor , 2004.

    ix, 128 p. : il. ; fig., tab. grficos

    Dissertao (mestrado) Universidade Federal dePernambuco. CTG. Engenharia Civil, 2004.

    Inclui bibliografia e anexo.

    1. Bioreatores- Reator UASB - EGSB. 2. Tratamentoanaerbio - Matadouro de bovinos 3. Engenharia sanitria I.Ttulo.

    UFPE628.16 CDD (21.ed.) BCTG/2004-38

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    Dar e Receber

    Desde o momento em que o homem nasce nestemundo, so-lhe asseguradas duas felicidades: a

    felicidade de dar e a de receber.Essas duas felicidades so como as rodas de umveculo: sozinhas no conseguem se movimentar.

    Se no existissem pessoas para receber, no

    poderamos desfrutar a alegria de dar.Se no existissem pessoas dadivosas, que nos

    beneficiam, no conseguiramos desfrutar a alegria dereceber.

    Por isso, quem d deve agradecer a quem recebe, equem recebe deve agradecer aquele que d, porque,

    para Deus, a pessoa que d e a pessoa que recebe so,desde o princpio, uma nica vida.

    Do livro Viver junto com DeusA verdade em 365 preceitos, pp. 97-98.

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    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a DEUS, pelo conforto e paz concedidos durante os momentos em que orecorri.

    As minhas queridas me e irm, Maria do Socorro Marques de Siqueira e Vnia CristinaMarques de Arruda, pelo valioso exemplo de obstinao pela vida e amor familiar.

    Com amor a Rosngela Gomes Tavares, pelo companheirismo, dedicao, amizade e apoioem todos os momentos de nossa convivncia harmoniosa.

    meu pai Albertino Juventino de Arruda pelo apoio, Jardecira de Lima Luckwu pelosmomentos de alegria e a constante preocupao com meu bem-estar.

    Especialmente ao Profs. Mario Takayuki Kato, pela oportunidade de trabalhar com ele e pelogrande exemplo de dedicao e sabedoria.

    Ao grande amigo, Andr Felipe de Melo Sales Santos pelo exemplo de intelectualidade eextrema inteligncia, dedicao, companheirismo, e comportamento resoluto. inigualvelamiga Maria Clara Mavia de Mendona, pessoa dedicada que tanto contribuiu e apoiou nosgrandes momentos de decises.

    A todos os colegas e amigos: Andr Luiz Pereira da Silva, Denise de Oliveira Cysneiros,ster Oliveira Santos, Flvio Jos D`castro, Jos Armando de Torres Moreno, Gilvanildo deOliveira, Lucola Peres, Ktia Cristina G. Guimares, Kenia Kelly Barros, Maria da PenhaStanford, Marlia Lyra, Mauro Floriano de S. Cartaxo, Petronildo Bezerra da Silva, RonaldoFaustino da Silva, Vicente de Paula e em especial Ana Maria Bastos Silva e MariaAparecida Guilherme da Rocha pela amizade e boa vontade em ensinar e ajudar, dando assimtodo o apoio tcnico necessrio para a concluso desse trabalho.

    Aos engenheiros Aubeci Davi dos Reis, Antnio Carlos Galdino da Silva Sobrinho, NilsonPereira de Freitas Filho e Carlcio Magno Holanda Macedo, pela ajuda no desenvolvimentode alguns trabalhos e os bons momentos de descontrao.

    Ao senhor Arlindo Campelo de Oliveira seu Arlindo, pela extrema simplicidade evoluntariedade no desenvolvimento das atividades rotineiras na estao piloto.

    Coordenao do Mestrado em Engenharia Civil pela oportunidade de desenvolver estetrabalho.

    Ronaldo Melo Fonseca, tcnico do Laboratrio de Saneamento Ambiental pelo bom humor,amizade e competncia tcnica, qualidades sempre presentes, durante toda a parteexperimental dessa dissertao.

    Aos bolsista que de alguma forma contriburam durante as atividade no laboratrio em

    especial a Airton Maciel e Fabiana Rocha.

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    Suzana Pedroza da Silva e Diogo Sebastio Santana, pela grande contribuio cientficaprestada.

    Aos demais professores que compem o grupo de ps-graduao em engenharia civil. Aos

    dedicados funcionrios do Departamento de Engenharia Civil em especial a LaudeniceBezerra pela ajuda em vrias ocasies.

    Ao CNPq pela bolsa de auxlio concedida (CT-Hidro), sem a qual a realizao desse trabalhono seria possvel.

    empresa Maranho comrcio de carnes LTDA, em nome de Cludio Zaidan, pelaacessibilidade e concesso para a realizao desse trabalho.

    CPRH atravs de Gilson Lima da Silva, Maria das Graas Cruz Mota e Carlos EduardoXavier, pela extrema ateno e esclarecimentos iniciais prestados.

    Secretaria de Produo Rural e Reforma Agrria, pelas informaes valiosas, necessriaspara a compreenso desse trabalho.

    s valorosas funcionrias da Biblioteca do CTG, Lindalva Pereira de Lima, Maria daConceio Vieira da Silva e Rosa Maria Gomes, pela ateno e dedicao.

    A toda minha famlia e as pessoas que de alguma forma contriburam ou participaram dessalonga caminhada.

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    SUMRIO

    Pgina

    LISTA DE FIGURAS iLISTA DE TABELAS v

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS

    RESUMO

    vii

    viii

    ABSTRACT ix

    CAPTULO 1.0

    INTRODUO

    1.1 - Apresentao do tema da dissertao 1

    1.2 - Objetivos 3

    1.2.1 - Objetivo Geral 3

    1.2.2 - Objetivos Especficos 3

    1.3 - Organizao da dissertao 4

    CAPTULO 2.0

    REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 - A bovinocultura industrial 5

    2.1.1 - A origem das raas 5

    2.1.2 - A bovinocultura brasileira 6

    2.1.3 - Bovinos de corte 7

    2.1.4 - Origem do Zeb 13

    2.1.5 - O panorama da bovinocultura nacional 14

    2.1.5.1- Balana comercial do setor 16

    2.1.5.2 - Segmento de abate e industrializao 18

    2.1.6 - A bovinocultura em Pernambuco 18

    2.2 - Matadouros 19

    2.2.1 - Definio 19

    2.2.2 - Ocorrncia no Estado 20

    2.3 - Descrio do processo e operaes industriais 20

    2.3.1 - Descarga e inspeo nos currais 21

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    2.3.2 - Banho 22

    2.3.3 - Insensibilizao e iagem 23

    2.3.4 - Sangria 24

    2.3.5 - Esfola 25

    2.3.6 - Eviscerao 26

    2.3.7 - Manipulao das vsceras 26

    2.3.8 - Lavagem e inspeo 27

    2.3.9 - Graxaria 28

    2.3.10 - Refrigerao e transporte 28

    2.4 - Aproveitamento de subprodutos 31

    2.5 - Despejos 352.6 - Impactos 37

    2.7 - Tratamentos de guas residurias de matadouros 38

    2.7.1 - Tratamento anaerbio 39

    2.7.1.1 - Reator Anaerbio de Manta de Lodo (UASB) 41

    2.7.1.2 - Critrios e parmetros de projeto de reatores UASB 44

    2.8 - Ps-tratamento de efluentes de reatores anaerbios 44

    2.8.1 - Ps-tratamento em reator com biofilme (EGSB) 45

    CAPTULO 3.0

    METODOLOGIA

    3.1 - Generalidades 47

    3.2 - Levantamento dos matadouros na Regio Metropolitana do Recife (RMR) 47

    3.3 - Amostragem no matadouro municipal de Jaboato dos Guararapes 48

    3.3.1 - Gerao e destinao dos resduos 483.3.2 - Descrio do sistema de tratamento existente 49

    3.3.3 - Coleta de amostras 54

    3.3.4 - Caracterizaes 55

    3.4 - Estao Piloto 55

    3.4.1 - Partida e operao do sistema de tratamento 58

    3.4.2 - Partida e operao do sistema de ps-tratamento 60

    3.4.3 - Coletas e procedimentos analticos 623.5 - Avaliao da tratabilidade anaerbia do efluente 63

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    3.5.1- Atividade metanognica especfica (AME) 63

    3.5.2- Biodegradabilidade anaerbia 65

    CAPTULO 4.0

    RESULTADOS E DISCUSSES

    4.1 - Matadouros da Regio Metropolitana do Recife (RMR) 68

    4.2 - Caracterizao dos efluentes do matadouro de Jaboato dos Guararapes 79

    4.3 - Monitoramento da Estao Piloto 85

    4.3.1 - Pr-tratamento 85

    4.3.2 - Etapa biolgica 86

    4.3.3 - Ps-tratamento 1054.4 - Avaliao da tratabilidade anaerbia do efluente 109

    4.4.1 - Atividade metanognica 109

    4.4.2 - Biodegradabilidade anaerbia 112

    CAPTULO 5.0

    CONCLUSES GERAIS

    5.1 - Matadouros da Regio Metropolitana do Recife (RMR) 115

    5.2 - Caracterizao dos efluentes do matadouro de Jaboato dos Guararapes 116

    5.3 - Monitoramento da estao piloto 117

    5.3.1 - Pr-tratamento 117

    5.3.2 - Etapa biolgica 117

    5.3.3 - Ps-tratamento 118

    5.4 - Avaliao da tratabilidade anaerbia do efluente 118

    5.4.1 - Atividade metanognica 118

    5.4.2. Biodegradabilidade anaerbia 119

    CAPTULO 6.0

    SUGESTES 120

    CAPTULO 7.0

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 121

    CAPTULO 8.0

    APNDICE 126

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    CAPTULO 9.0

    CURRICULUM VITAE 128

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    i

    LISTA DE FIGURAS

    Pgina

    Figura 2.1 - Raa Gir. 8

    Figura 2.2 - Raa Guzer. 9

    Figura 2.3 - Raa Indubrasil. 10

    Figura 2.4 - Raa Nelore. 11

    Figura 2.5 - Raa Tabapu. 12

    Figura 2.6 - Raa Bubalina. 13

    Figura 2.7 - Principal caracterstica do Zeb. 14

    Figura 2.8 - Percentual de efetivos da pecuria no Brasil em 1990. 16

    Figura 2.9 - Desembarque dos animais. 21

    Figura 2.10 - Currais de chegada e seleo. 22

    Figura 2.11 - Banheiro de asperso. 22

    Figura 2.12 - Boxe de atordoamento. 24

    Figura 2.13 - Iagem. 24

    Figura 2.14 - Sangria. 25

    Figura 2.15 - Serragem dos Chifres. 25

    Figura 2.16 - Retirada do couro. 25

    Figura 2.17 - Extrao das vsceras torcicas. 26

    Figura 2.18 - Manipulao das vsceras. 27

    Figura 2.19 - Serragem da carcaa. 27

    Figura 2.20 - Digestores para resduo grosseiro. 29

    Figura 2.21 - Compartimento de carga do caminho. 29

    Figura 2.22 - Fluxograma de processamento de bovinos em matadouros. 30Figura 2.23 - Manipulao do couro. 32

    Figura 2.24 - Vsceras no comestveis. 32

    Figura 2.25 - Graxaria. 32

    Figura 2.26 - Farinha de carne e osso. 32

    Figura 2.27 - Gordura extrada. 33

    Figura 2.28 - Esterco. 33

    Figura 2.29 - Despejo. 35Figura 2.30 - Converso biolgica nos sistemas aerbios e anaerbios. 42

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    ii

    Figura 2.31 - Desenho esquemtico de um reator UASB. 43

    Figura 3.1 - ayout da rea do sistema de tratamento de efluentes, indicando as

    unidades de tratamento e os pontos de coletas utilizados para a

    caracterizao e o monitoramento. 50

    Figura 3.2 - Vista da estao de tratamento de efluentes do matadouro de

    Jaboato dos Guararapes.51

    Figura 3.3 - Caixa de areia e ponto de coleta P2. 51

    Figura 3.4 - Sistema de gradeamento e ponto de coleta P3. 51

    Figura 3.5 - Descarte inadequado de material retirado da caixa de areia. 52

    Figura 3.6 - Primeira lagoa com material flotante, formando uma espessa e densacamada em sua superfcie, a segunda lagoa ao fundo seguida da

    terceira lagoa desativada. 53

    Figura 3.7 - Detalhe da sada de efluente tratado da segunda lagoa anaerbia,

    ponto P4 e da caixa de recebimento com efluente percolando ao lado. 53

    Figura 3.8 - Riacho Suassuna afluente do rio Jaboato. 54

    Figura 3.9 - Peneira esttica para a remoo de slidos suspensos do afluente do

    reator UASB (A), e detalhe da peneira em operao (B). 56Figura 3.10 - Desenho esquemtico do reator UASB em escala piloto utilizado na

    pesquisa. 57

    Figura 3.11 - Sistema de tratamento e ps-tratamento de efluente de matadouro.

    Reator UASB (A) e reator EGSB (B). 58

    Figura 3.12 - Configurao do sistema de medio de gs, alimentao e

    recirculao de efluente do reator UASB. 60

    Figura 3.13 - Configurao do sistema de tratamento e ps-tratamento de efluentede matadouro durante a quinta fase (V). 61

    Figura 3.14 - Montagem do aparato experimental do teste de AME e BIO 1. 65

    Figura 3.15 - Equipamento utilizado para o teste de biodegradabilidade anaerbia

    (BIO 2). 66

    Figura 3.16- Esquema de funcionamento do reator utilizado no teste de

    biodegradabildade (BIO 2). 67

    Figura 4.1 - Condies imprprias de trabalho (matadouro de Ipojuca). 70

    Figura 4.2 - Presena de crianas trabalhando (matadouro Ipojuca). 70

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    iii

    Figura 4.3 - Captao de gua do riacho Suassuna (matadouro de Jaboato dos

    Guararapes). 71

    Figura 4.4 - Estao de tratamento de gua desativada (matadouro de Jaboato

    dos Guararapes). 72

    Figura 4.5 - Dispositivo simplificado de reteno de slidos e material flotante

    danificado (matadouro de So Loureno). 73

    Figura 4.6 - Vala de coleta e destinao de efluente da sala de manipulao de

    vsceras diretamente para o rio Ipojuca (matadouro de Ipojuca). 73

    Figura 4.7 - Dispositivo para reteno de slidos e materiais flotantes (matadouro

    de Paulista). 73

    Figura 4.8 - Dispositivo de reteno de slidos e materiais flutuantes (matadourode Iguarassu). 74

    Figura 4.9 - Lagoa de estabilizao (matadouro de Jaboato dos Guararapes) 74

    Figura 4.10 - Equipamento para beneficiamento de sangue (matadouro de So

    Loureno). 76

    Figura 4.11 - Descarte de vsceras e esterco a cu aberto na rea do matadouro de

    Ipojuca. 77

    Figura 4.12 - Descarte a cu aberto de ossos e chifres prximo ao setor industrialdo matadouro de Jaboato dos Guararapes. 77

    Figura 4.13 - Presena constante de urubus em locais de descarte de resduos. 78

    Figura 4.14 - Pessoas coletando restos de vsceras e pelancas no efluente do

    matadouro de Jaboato dos Guararapes. 78

    Figura 4.15 - Comportamento da temperatura (A), e do pH (B) nos pontos de

    coleta. 80

    Figura 4.16 - Principais parmetros da caracterizao realizada nos pontos decoleta: DQO e DBO (A), srie de slidos totais (B) e srie de slidos

    suspensos (C). 81

    Figura 4.17 - Principais parmetros destacados nas caracterizaes realizadas para

    o ponto P3: DQO e DBO (A), srie de slidos totais (B) e srie de

    slidos suspensos (C). 84

    Figura 4.18 - Parmetros de monitoramento do reator UASB, durante as fases de

    operao. Temperatura (A), pH (B) , cor (C) e turbidez (D). Afluente

    (azul) e efluente (rosa). 88

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    iv

    Figura 4.19 - Aspecto do resduo na entrada e sada do reator UASB, durante a

    segunda fase (A) e a quinta fase (B). 90

    Figura 4.20 - Parmetros de monitoramento do reator UASB durante as fases de

    operao. DQO bruta (A), DQO filtrada (B), alcalinidade (C) e AGV

    (D). Afluente (azul) e efluente (rosa). 91

    Figura 4.21 - Parmetros de monitoramento do reator UASB durante as fases de

    operao. Carga orgnica volumtrica (A), carga orgnica aplicada

    ao lodo (B), velocidade ascensional (C) e tempo de deteno

    hidrulica (D). 94

    Figura 4.22 - Correlaes dos principais parmetros de monitoramento do reator

    UASB, durante as fases de operao. Eficincia de remoo de DQObruta e filtrada (A), eficincia de remoo de DQO bruta e

    velocidade ascensional (B), e eficincia de remoo de DQO bruta e

    carga orgnica volumtrica (C). 98

    Figura 4.23 - Correlaes dos principais parmetros de monitoramento e produo

    de metano do reator UASB, durante as fases de operao. Eficincia

    de remoo de DQO filtrada e velocidade ascensional (A), eficincia

    de remoo de DQO filtrada com os parmetros de TDH e cargaorgnica volumtrica (B), e produo de metano (C). 102

    Figura 4.24 - Parmetros de eficincias do monitoramento do sistema de

    tratamento e ps-tratamento, durante as principais fases de operao

    da estao piloto. Remoo de DQO do reator EGSB (A), remoo

    de DQO bruta do reator UASB e sistema global (B), remoo de

    DQO filtrada do reator UASB e sistema global (C). 107

    Figura 4.25 - Fotografias realizadas em microscpio esterioscpico dos lodosanaerbios da industria alimentcia (A) e de usina de acar (B)

    utilizados no esperimento de AME 1 e AME 2. 109

    Figura 4.26 - Curvas de converso de DQO a metano acumulada durante os testes

    de Atividade Metanognica. 111

    Figura 4.27 - Percentagem de remoo de DQO em funo do tempo, nos testes de

    biodegradabilidade anaerbia esttico (BIO 1) e agitado (BIO 2). 113

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    v

    LISTA DE TABELAS

    PginaTabela 2.1 - Rebanho bovino brasileiro (efetivo por estado). 17

    Tabela 2.2 - Valores mdios de alguns parmetros obtidos nos despejos brutos

    (fezes e urina) dos animais confinados. 34

    Tabela 2.3 - Valores mdios de alguns parmetros obtidos nos efluentes gerados

    em currais de confinamento. 34

    Tabela 2.4 - Caractersticas das guas residurias de matadouros. 36

    Tabela 2.5 - Caracterizao de efluentes de matadouros realizadas por outrosautores. 36

    Tabela 2.6 - Principais pesquisas realizadas com efluentes de matadouros. 38

    Tabela 2.7 - Vantagens e desvantagem dos processos anaerbios. 41

    Tabela 2.8 - Principais parmetros de projetos de reatores, sua formulao

    matemtica e seu significado. 44

    Tabela 3.1 - Fases propostas de operao e monitoramento do reator UASB. 59

    Tabela 3.2 - Operao e monitoramento do reator EGSB. 61

    Tabela 3.3 - Lista de equipamentos utilizados nas anlises fsico-qumicas. 63

    Tabela 3.4 - Detalhes operacionais dos testes de AME realizados. 64

    Tabela 3.5 - Detalhes operacionais dos testes de biodegradabilidade realizados. 67

    Tabela 4.1 - Principais caractersticas operacionais dos matadouros da Regio

    Metropolitana do Recife. 69

    Tabela 4.2 - Caracterizao dos principais pontos do sistema de tratamento de

    efluentes existente no matadouro de Jaboato dos Guararapes. 79

    Tabela 4.3 - Caracterizao dos efluentes do ponto P3 em amostragem simples e

    composta. 83

    Tabela 4.4 - Mdia dos principais parmetros de importncia operacional no

    decorrer das cinco fases de operao do reator UASB. 87

    Tabela 4.5 - Mdia dos principais parmetros de importncia operacional no

    decorrer da fase de operao do reator EGSB. 105

    Tabela 4.6 - Comparao das mdias de eficincias do reator UASB e sistema de

    tratamento global (UASB + EGSB). 106

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    vi

    Tabela 4.7 - Resultados dos testes de atividade AME 1, AME 2 e AME 3. 110

    Tabela 4.8 - Aspectos observados entre os testes de biodegradabilidade anaerbia

    BIO 1 e BIO 2. 113

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    vii

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOS

    AGV cidos graxos volteisAME Atividade metanognica especfica

    CH4 Frmula qumica do metano

    CO2 Frmula qumica do gs carbnico

    CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

    CONSEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente

    COL Carga orgnica aplicada ao lodo

    COV Carga orgnica volumtrica

    CPRH Agncia Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hdricos

    CRMV Conselho Regional de Medicina Veterinria

    DBO Demanda bioqumica de oxignio

    DQO Demanda qumica de oxignio

    EGSB Expanded Granular Sludge Bed (Reator de leito de lodo granular

    expandido)

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    LSA Laboratrio de Saneamento Ambiental

    NaOH Frmula qumica do hidrxido de sdio

    pH Potencial hidrogeninico

    RMR Regio Metropolitana do Recife

    SPRRA Secretaria de Produo Rural e Reforma Agrria

    SST Slidos suspensos totais

    SSF Slidos suspensos fixos

    SSV Slidos suspensos volteis

    ST Slidos totais

    STF Slidos totais fixos

    STV Slidos totais volteis

    TDH Tempo de deteno hidrulica

    UASB Upflow anaerobic sludge blanket (Reator anaerbio de fluxo ascendente

    e manta de lodo)

    UFPE Universidade Federal de Pernambuco

    Vas Velocidade ascensional

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    viii

    TRATAMENTO ANAERBIO DE EFLUENTES GERADOS

    EM MATADOUROS DE BOVINOS

    RESUMO

    Nas atividades agroindustriais, a gerao de resduos mostra-se bastante expressiva, entre asquais se destacam os matadouros. Em Pernambuco, essas atividades contribuem de maneirasignificativa para a crescente poluio dos corpos receptores, uma vez que tecnologias detratamento de seus despejos, mesmo existentes, so pouco empregadas. O presente trabalhoavalia os principais aspectos dos matadouros de bovinos da Regio Metropolitana do Recife, eestuda a tratabilidade das guas residurias geradas no matadouro municipal de Jaboato dos

    Guararapes, atravs de caracterizaes fsico-qumicas e da utilizao da tecnologiaanaerbia, empregando um reator anaerbio de fluxo ascendente e manta de lodo (UASB),instalado em uma estao piloto montada no prprio matadouro, e monitorado durante 460dias. O monitoramento foi efetuado em 5fases distintas, onde foram observadas as eficinciasde tratamento do reator em estudo, em funo dos efeitos de diferentes valores de velocidadeascensional, variando o tempo de deteno hidrulica (TDH) e recirculao do efluente. Nasfases propostas, foram obtidas eficincias de remoo mdia de DQO bruta na ordem de 76%,

    para uma velocidade mdia ascensional entre 0,08 e 0,50 m/h, com um TDH de 25 horas ecarga orgnica volumtrica (COV) de 3,64 kg DQO/m3.d; 63% para uma velocidadeascensional entre 0,50 e 1,00 m/h, TDH de 22 horas e COV de 4,26 kg DQO/m3.d; 52% parauma velocidade ascensional entre 0,50 e 1,00 m/h, TDH de 12 horas e COV de 4,74 kg

    DQO/m3.d. Durante a ltima fase com a reduo do TDH para 6 horas, o reator atingiu amenor mdia de eficincia com o valor de 33%, para uma velocidade ascensional variandoentre 0,50 e 1,00 m/h e COV de 7,45 kg DQO/m3.d. Durante esta ltima fase foi realizado umestudo de ps-tratamento, utilizando um reator de leito de lodo granular expandido (EGSB),onde foi verificado um ganho na eficincia de remoo de DQO bruta do sistema global(UASB + EGSB), da ordem de 20%, considerando que nesta fase, foram aplicados valores decarga orgnica volumtrica de at 31,3 kg DQO/m3.d.

    PALAVRAS-CHAVE: matadouro de bovinos, gesto, tratamento anaerbio, reator UASB,reator EGSB

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    ix

    ANAEROBIC TREATMENT OF EFFLUENTS FROM

    SLAUGHTERHOUSES

    ABSTRACT

    Generation of wastes in the agroindustrial activities is very significant, especially in the caseof the slaughterhouses. In Pernambuco, the slaughterhouses are considered as an importantcontributor for the growing pollution of the receiving water bodies. Despite the availabletechnology for effluents treatment, they are seldom used. The present work evaluates the mainaspects of bovine slaughterhouses management in Metropolitan Region of Recife (RMR),especially concerning the water use and the wastes disposal; and the feasibility of the

    anaerobic treatment for the wastewater generated at the municipal slaughterhouse of Jaboatodos Guararapes. A physico-chemical characterization and the use of a upflow anaerobicsludge blanket (UASB) reactor, installed in a pilot plant in that slaughterhouse, were studied.The pilot plant was monitored during 460-days. The monitoring activities were conducted in 5different phases. The reactor performance was followed by changing the upflow velocities(Vup) by varying the hydraulic retention time (HRT) and using effluent recirculation. Theresults showed reactor efficiencies in terms of COD removal about 76%, when the upflowvelocity was maintained between 0.08 and 0.50 m/h, with a HRT of 25 hours and an organicloading rate OLR of 3.64 kg COD/m3.d; 63% for Vup between 0.50 and 1.00 m/h, HRT of 22hours and OLR of 4.26 kg COD/m3.d; 52% for Vup between 0.50 and 1.00 m/h, HRD of 12hours and OLR of 4.74 kg COD/m3.d. During the last phase by decreasing the HRT to 6

    hours, the reactor efficiency was the lowest, of only 33%, for Vup between 0.50 and 1.00 m/hand OLR of 7.45 kg COD/m3.d During this last phase a post-treatment study wasaccomplished, using an granular expanded sludge bed (EGSB) reactor. The efficiency ofCOD removal in the system (UASB + EGSB) increased about 20%, even considering that anOLR of up to 31.3 kg COD/m3.d. was applied.

    KEY-WORDS: bovine slaughterhouse, water and wastewater management, anaerobictreatment, UASB reactor, EGSB reactor.

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    1

    CAPTULO 1.0

    INTRODUO

    1.1 - Apresentao do tema da dissertao

    Com o crescimento populacional, o consumo de carne e seus derivados passaram a

    incorporar valores considerveis, que resultou no acrscimo da produo nacional das

    indstrias do setor frigorfico, trazendo paralelamente preocupaes de carter ambiental.

    De acordo com BRAILE (1993), os matadouros de modo geral, utilizam grande quantidade

    de gua em todo processo industrial, podendo chegar a 2.500 litros por animal abatido,

    gerando com isso grande quantidade de guas residurias. Estas so caracterizadas por

    elevadas cargas orgnicas e concentraes de slidos em suspenso, provenientes dos

    processos de abate, lavagem de pisos e equipamentos. elevada tambm, a produo de

    resduos slidos, tanto do confinamento em currais com a deposio fecal dos bovinos

    durante a espera, quanto dos subprodutos no comestveis provenientes do processo

    industrial. Entretanto, as caractersticas dos efluentes lquidos variam entre indstrias,

    dependendo do processo industrial e do consumo de gua por animal abatido.

    Dono do maior rebanho comercial de gado bovino do mundo, com mais de 160

    milhes de cabeas, cerca de 750 frigorficos e quase 100 mil pontos de vendas (aougues

    e supermercados), o Brasil ainda no conseguiu controlar o abate. Metade da carne

    consumida no pas vem de matadouros clandestinos (BEZERRA, 2001). Pernambuco

    possui um rebanho bovino efetivo de pouco mais de 1,6 milho de cabeas (IBGE, 2001),

    registrando um potencial considervel de abate e comercializao de carne em seu mercadointerno.

    A Secretaria de Produo Rural e Reforma Agrria do Estado de Pernambuco,

    atravs de seu Departamento de Inspeo e Fiscalizao Agropecuria DEFIS, divulgou

    no primeiro semestre de 2000 um diagnstico dos matadouros municipais do Estado de

    Pernambuco, totalizando 170 matadouros avaliados. Segundo o diagnstico, 93% dos

    estabelecimentos vistoriados no atenderam as exigncias mnimas de funcionamento, e o

    mesmo documento apontou a inexistncia de um sistema de tratamento de resduos em

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    98% dos estabelecimentos (SPRRA, 2000). J o Conselho Regional de Medicina

    Veterinria (CRMV), apresentou ao CONSEMA (Conselho Estadual do Meio Ambiente),

    em junho de 2001, um estudo realizado em 48 matadouros municipais do Estado, atravs

    do qual a problemtica citada no diagnstico anterior confirmada (FOERSTER, 2001).

    O gerenciamento desses estabelecimentos, que na maioria dos municpios

    realizado pela prpria prefeitura, torna-os vulnerveis a um total descaso com relao

    disposio de seus resduos, provocando assim impactos ambientais considerveis. J os

    matadouros da RMR (Regio Metropolitana do Recife), que por sua vez possuem a

    iniciativa privada como gestor, no apresentam nenhuma melhoria, em relao

    preocupao com a destinao correta de seus resduos; os problemas so similares aos

    administrados pelas prefeituras, do interior.Os aspectos sanitrios observados nas visitas realizadas apontam grande indiferena

    com as normas tcnicas de inspeo, regidas pelo Departamento de Inspeo de Produtos

    de Origem Animal (DIPOA), do Ministrio da Agricultura, refletindo na falta de higiene e

    de racionalizao das operaes de abate dos bovinos; conseqentemente, interferindo nas

    concentraes de seus efluentes e nas caractersticas sanitrias ideais do produto final.

    Para o abate caracterstico desses matadouros, se utiliza o mtodo de

    insensibilizao antecedendo a sangria, atravs de atordoamento por concusso cerebral,empregando-se marreta. Segundo NAZARETH (1992), nesse mtodo onde o animal sofre

    dor e medo, ocorre a formao de toxinas no seu organismo, principalmente uria na

    corrente sangnea. Existem estudos relacionando o consumo desta carne com alguns tipos

    de cncer e reumatismo no ser humano. Destaca NAZARETH (1992) que, quando o

    animal morto atravs de sofrimento e fadiga, seu organismo tende a possuir pouco

    glicognio. Por esse motivo, ocorre formao de cido ltico, o pH no cai como deveria

    e os microrganismos em pH mais elevado se desenvolvem mais facilmente, resultando emum produto final que se apresenta inadequado para o consumo.

    Como toda indstria, os matadouros mais do que nunca, necessitam tratar seus

    efluentes, procurando com isso, garantir a adequao aos padres previstos pela legislao

    (de acordo com a Resoluo n 20/86 do CONAMA, que trata dos limites das

    concentraes nos efluentes e nos corpos receptores em funo de sua classe). As guas

    residurias oriundas de matadouros de bovinos so de natureza orgnica, tornando-se

    favorveis ao tratamento biolgico, sendo possvel a utilizao de qualquer processo. A

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    limitao da escolha do processo ficar por conta da disponibilidade de rea, custos de

    construo e operao, e padres de lanamento previstos.

    Em funo das caractersticas dessas guas residurias e conseqentes problemas

    associados ao seu lanamento, a inexistncia de tecnologia para o tratamento das guas

    residurias provenientes de estruturas tpicas de pequeno porte, instaladas em todo Estado,

    torna-se fundamental o estudo de tecnologias de tratamento, adequando-o s caractersticas

    regionais.

    1.2 - Objetivos

    1.2.1 - Objetivo Geral

    Avaliar a situao atual dos matadouros da Regio Metropolitana do Recife e

    identificar um estabelecimento mais apropriado para os estudos de caracterizao e

    tratabilidade. O tratamento proposto, em instalao piloto, foi a utilizao do processo

    anaerbio, com um reator do tipo UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket), visando

    obter parmetros de projeto e operao mais adequados para a realidade do Estado.

    1.2.2 - Objetivos Especficos

    Os objetivos especficos da pesquisa foram:

    a) Fazer o levantamento geral da situao dos matadouros existentes na Regio

    Metropolitana do Recife;b) Com o matadouro identificado para o estudo, caracterizar seus efluentes, a fim de

    identificar suas caractersticas fundamentais ao desenvolvimento da pesquisa;

    c) Avaliar a alternativa de tratamento anaerbio para os efluentes de matadouros de

    pequeno e mdio porte (inferior a 70 bois/dia);

    d) Avaliar a alternativa de ps-tratamento como estudo complementar.

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    4

    1.3 - Organizao da dissertao

    No Captulo 2 apresenta-se uma reviso bibliogrfica relacionada com a

    bovinocultura industrial no Brasil, alm da descrio detalhada do processo e operao nos

    matadouros. O Captulo tambm trata dos impactos no meio ambiente, causados pelos

    efluentes gerados nos matadouros, e as formas de tratamento por via anaerbia destes.

    O Captulo 3 descreve toda a metodologia utilizada nessa pesquisa.

    No Captulo 4 so apresentados e discutidos os resultados sobre a caracterizaodos efluentes originrios no matadouro de bovinos de Jaboato dos Guararapes, localizado

    na Regio Metropolitana do Recife. Tambm so vistos os resultados do tratamento e ps-

    tratamento anaerbio, instalados no mesmo matadouro, onde foram realizadas as

    pesquisas.

    No Captulo 5, apresentam-se as concluses gerais da dissertao e no Captulo 6 as

    sugestes para novas pesquisas sobre o tema. No Captulo 7 encontram-se listadas as

    referncias bibliogrficas presentes nesta dissertao.

    Nos Captulos 8 e 9 tm-se os anexos e o apndice, respectivamente. Os anexos se

    referem a determinaes analticas ou procedimentos empregados para ensaios, utilizados

    como metodologia. No apndice se encontram os resultados. E por ltimo no Captulo 10 o

    curriculum vitaeresumido do autor.

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    CAPTULO 2.0

    REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 - A bovinocultura industrial

    2.1.1 - Origem das raas

    As teorias mais aceitas, segundo JARDIM (1973), atribuem a origem dos atuais

    bovinos domsticos s cinco formas primitivas destacadas a seguir:

    O Boi Pr imignio: possua grande porte, linhas cranianas retangulares, fronte plana

    ocupando 50% do crnio, chifres grandes de seco circular, perfil retilneo. Os tipos mais

    puros so representados pelo boi das estepes da Ucrnia, pelos Highlands da Esccia e

    algumas raas da Pennsula Ibrica. J as raas Holandesa, Flamenga e Normanda tambm

    derivam do Primignio, sofrendo influncia do Braqucero.

    O Boi Braqucero: com a estrutura menor que a do precedente, apresenta linhas do

    crnio sinuosas, fronte cncava ocupando 47% do crnio, larga entre os olhos e estreita

    entre os chifres, que so finos. Seus representantes mais prximos so: o gado comum dos

    Blcs, Carpatos, Polnia, Litunia e Rssia. A Jersey, a Bret, a Angler, a Kerry e a

    Schwyz podem ser mencionadas, como um aperfeioamento deste tipo.

    O Boi de Fronte Grande: possua estrutura intermediria, linhas do crnio

    salientes, fronte abaulada, marrafa elevada, ocupando mais de 50% do crnio, larga entre

    os chifres. Este tipo deu formao, com a fuso de formas anteriores, s raas Simental,

    Limusiana, Caracu e outros.

    O Boi Mcho: sua estrutura era relativamente pequena, possua fronte escavada,

    marrafa saliente e desprovida de chifres. Era identificado como uma mutao do

    Braqucero por apresentar semelhana com este tipo. As principais raas includas neste

    tipo so: o Mcho Nacional, o Red Polled, oPolled Angus, o Fjll da Sucia e o

    Mcho do Norte da Rssia.

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    O Boi Braquicfalo: de porte pequeno, crnio curto e largo, fronte larga e plana,

    focinho curto, que tido como uma mutao e que deu origem aos Dexter-Kerry e

    Tuxer.

    Das cinco formas bovinas mencionadas, a Braqucera foi a primeira domesticada,

    na sia, sendo depois levada por invasores arianos para as palafitas da Sua. Na poca

    neoltica, os habitantes da Europa seguiram o exemplo dos asiticos e domesticaram o Boi

    Primignio, que chamavam de Urus e que viviam em estado selvagem em diversas partes

    do territrio europeu. Quanto aos bois de Fronte Grande, Mcho e Braquicfalo, no foram

    conhecidos em estado selvagem, razo pela qual so tidos como derivados dos anteriores,

    mediante mutao e recombinao gentica sob o influxo do ambiente. Finalmente, os

    cruzamentos ao longo dos sculos, plasmaram a enorme gama de tipos encontrados nosagrupamentos raciais da atualidade.

    2.1.2 - A bovinocultura brasileira

    JARDIM (1973), destaca que na poca do descobrimento o Brasil no tinha gado

    bovino. A primeira introduo foi feita por Tom de Sousa, que trouxe de Cabo Verde para

    a Bahia gado de origem ibrica. No decorrer do tempo, as criaes aumentaram e foram

    expandindo para o interior, chegando em Minas Gerais, Pernambuco, Paraba, Cear,

    Piau, e at a regio amaznica atravs de Gois.

    O gado dos Aores, tambm foi introduzido na Capitania de So Vicente por

    Martim Afonso de Sousa. A expanso deste ncleo se fez rumo ao Sul, atravessando o

    Paran, Santa Catarina e chegando ao Rio Grande do Sul aps algum tempo. Logo depois

    foram introduzidos pelos jesutas no territrio do Rio Grande, bovinos tambm de origem

    ibrica, provenientes do Peru e do Paraguai.

    A regio central do Brasil foi povoada gradativamente, com os bovinos que

    partiram inicialmente da Bahia e de So Vicente, alcanando os campos de Minas Gerais,

    Gois e Mato Grosso.

    No fim do sculo XIX, iniciou a importao de raas nobres europias para o Rio

    Grande do Sul, Rio de Janeiro e So Paulo, assim como de zebunos para Bahia, Rio de

    Janeiro e Minas Gerais.

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    No sculo passado, aumentou a importao de bovinos europeus de raas

    especializadas leiteiras, de corte e mistas, ao mesmo tempo em que a introduo do gado

    indiano alcanou maior vulto.

    2.1.3 - Bovinos de corte

    As informaes desse item correspondem aquelas cedidas pelas associaes de

    criadores de diversas raas no Brasil (VIVER NO CAMPO, 2003).

    Existem bovinos especializados para as produes de carne, de leite e os de raas

    mistas, para ambas as produes. Gado de corte significa o conjunto de raas bovinas

    destinadas ao abate, para a produo de carne e de seus derivados, alm de alguns sub-produtos. Essas raas devem ser precoces, bem desenvolvidas, resistentes e ter um bom

    rendimento lquido de carne, no mnimo, 45%. A carne bovina muita empregada tambm

    na produo e na fabricao de produtos em conserva.

    Muitas so as raas bovinas destinadas ao corte, principalmente europias, como as

    inglesas Hereford, Hereford mcho, Duhan, Duhan mcho, Aberdeen Angus,

    Galloway e Sussex e as francesas , Charolesa e Limousine.

    Com o correr dos anos, atravs de uma seleo rigorosa, elas foram melhorando

    bastante, atingindo um elevado nvel zootcnico, com uma alta produo percentual de

    carne de primeira qualidade e de grande valor nutritivo. Alm disso, seu grau de

    conversibilidade tambm, muito elevado, com um excelente aproveitamento das

    forragens que lhes so fornecidas, normalmente, na alimentao diria.

    No Brasil temos tambm como excelentes produtoras de carne, as raas zebunas,

    originrias da ndia, Nelore, Guzer e Gir, existindo tambm, a Gir leiteira, de alta

    produo. Alm de elevada produo de carne, so de grande rusticidade, podendo ser

    criadas soltas, em regime extensivo de pastagens, em todo o territrio brasileiro, desde os

    Estados do Norte at o Rio Grande do Sul.

    Em levantamento realizado nos matadouros da Regio Metropolitana do Recife

    (RMR), verificou-se a ocorrncia das principais raas de bovinos de corte, sendo tambm

    comum em menor proporo, a ocorrncia de bfalos. Ambos sero comentados a seguir:

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    Gir: A raa Gir que temos hoje no Brasil corresponde fielmente ao gado Gir

    encontrado ao sul da pennsula de Catiavar na ndia, de onde procede. uma raa de dupla

    aptido, voltada ao mercado de carnes e produo de leite. Selees vm sendo feitas,

    dando resultados timos na produo de leite. No passado, muitos criadores deram

    importncia exclusiva a caracteres raciais, de menor importncia econmica; depois,

    evoluram para a seleo de rebanhos e linhagens com maior capacidade produtiva, tanto

    para carne como para leite. Quando adulto, atinge cerca de 500 kg nas fmeas e 800 kg nos

    machos, como mostra a Figura 2.1.

    Figura 2.1 - Raa Gir.

    Fonte - VIVER NO CAMPO, 2003.

    Guzer:O gado Guzer j esteve a ponto de desaparecer no Brasil, mas graas a

    alguns criadores que acreditaram em seu potencial, tomou foras, sendo hoje a terceira raa

    zebuna com maior nmero de animais no Brasil. O Guzer natural da ndia,

    principalmente ao norte da pennsula de Catiavar. A raa desenvolveu-se em terras

    humosas e frteis, de clima extremamente quente e mido. uma das maiores raas

    indianas. Caracteriza-se por ser uma raa produtora de carne, mas tambm se mostra bem

    adaptado como gado de trabalho e de leite.

    Como os demais zebus introduzidos no Brasil, a finalidade do Guzer foi a

    produo de carne. Tem a pelagem cinzenta prateada, quase preta com vrias tonalidades e

    peso adulto em torno de 600 kg nas fmeas e 900 kg nos machos. Apresentam boa

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    rusticidade, resistncia a parasitas, alta capacidade de caminhar longas distncias em busca

    de gua e de alimentos. Podem ser criados em pastagens relativamente grosseiras, como

    mostra a Figura 2.2.

    Figura 2.2 - Raa Guzer.

    Fonte - VIVER NO CAMPO, 2003.

    Indubrasil: O Indubrasil surgiu na regio do Tringulo Mineiro, resultado docruzamento quase que espontneo das raas Gir, Guzer e, em menor proporo, Nelore. A

    idia principal era de unir as boas qualidades de cada, numa nica raa nacional. O gado

    Indubrasil ocupa atualmente, o quarto lugar entre as principais raas de origem indiana

    criadas no Brasil. Teve a sua poca urea entre os anos 1920 e 1935. A partir de 1940 os

    criadores voltaram suas criaes para as raas puras indianas e o gado Indubrasil comeou

    a perder terreno at se encontrar no atual estgio. A aptido econmica desse gado a

    produo de carne.

    As aptides e qualidades se assemelham muito s das outras raas zebunas.

    Todavia, como uma raa originria de cruzamentos relativamente recentes, sem muita

    homogeneidade, no apresentam os mesmos resultados de produo. Se os criadores

    cessarem os cruzamentos e fizerem uma seleo bem orientada, possvel que se torne

    uma raa altamente produtiva. um gado pesado chegando a 700 kg nas fmeas e 1.000 kg

    nos machos mais fortes, como mostra a Figura 2.3.

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    Figura 2.3- Raa Indubrasil.Fonte - VIVER NO CAMPO, 2003.

    Nelore:Originrio da ndia constitudo por um importante grupo de raas, dentre

    as quais se sobressaem a Hariana e a Ongole. O bero da raa Ongole a regio do mesmo

    nome, no Estado de Madras. Esta regio compreende Ongole, Guntur, Nelore, Venukonda

    e Kandantur. Um grande nmero de animais puro encontrado nessa regio. No passado o

    Ongole foi exportado em grande escala para a Amrica tropical e outros pases, com a

    finalidade de melhorar o gado nativo, atravs de cruzamentos.

    A raa Nelore essencialmente produtora de carne. Dentre as variedades trazidas

    da ndia, a que vem sofrendo mais seleo, objetivando a obteno de novilhos para

    corte. Tem a seu favor uma boa conformao, cabea pequena e leve, ossatura fina e leve,

    e alcana bom desenvolvimento. Experimentos demonstraram que o Nelore pode oferecer

    carcaas com 16,5 arrobas, aos 26 meses de idade e rendimento de 50 a 55%, quando

    alimentado em pastagem, como mostra a Figura 2.4.

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    Figura 2.4- Raa Nelore.

    Fonte- VIVER NO CAMPO, 2003.

    Tabapu: Esse gado se assemelha bastante ao Brahman quanto sua composio

    racial. predominantemente Nelore, com algumas caractersticas do Guzer. Recebeu seu

    nome devido ao municpio em que se formou. a primeira variedade zebuna mcha.

    crescente o aumento do interesse pelo gado mocho em face s vantagens que

    apresenta na estabulao e transporte. Os criadores no esto preocupados comcaractersticas raciais super valorizadas, como ocorreu com outras raas. Por isso, seu

    melhoramento tem carter estritamente econmico, ou seja, preocupa-se apenas em

    desenvolver um animal com maior precocidade, ganho de peso e rendimento de carcaa.

    Alguns criadores procuram orientar a seleo visando uma raa de dupla aptido. Como

    produtor de carne, o mocho j tem demonstrado seu potencial nas provas de ganho de peso.

    Como produtor de leite, vem respondendo de maneira surpreendente aos estmulos da

    seleo zootcnica, como mostra a Figura 2.5.

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    Figura 2.5 - Raa Tabapu.

    Fonte - VIVER NO CAMPO, 2003.

    Bfalo: Na maioria dos pases onde o bfalo criado, a produo de carne

    considerada fator secundrio. Nos pases do Oriente, preconceitos ou motivos religiosos

    dificultam o abate deste animal para o consumo de sua carne. No entanto, o bfalo foi

    utilizado durante muitos sculos como animal de trao, o que fez com que essa espcie

    desenvolvesse grande massa muscular.

    O bubalino por natureza, mais precoce que o bovino. Assim, os bfalos

    tm exibido maior ganho de peso do que os zebunos e competido com as melhores raas

    europias de corte, apresentando valores muito semelhantes em performance (CRIAR E

    PLANTAR, 2003).

    O bfalo capaz de se manter em boas condies, mesmo quando somente

    forragem de baixa qualidade est disponvel ou quando criado em rea onde o bovino

    mal conseguiria sobreviver, como mostra a Figura 2.6.

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    Figura 2.6- Raa Bubalina.

    Fonte -CRIAR E PLANTAR, 2003.

    2.1.4 - Origem do Zeb

    uma espcie de bovino caracterizada por trazer no dorso uma salincia muscular

    (msculo rombide), como mostra a Figura 2.7, entremeada de gordura, denominada

    cupim ou giba. A espcie zebuna est dividida em mais de 50 raas. Hoje o zeb est

    presente em todos os continentes, predominando na ndia e no Brasil, que detm o maior

    rebanho comercial do mundo, com mais de 170 milhes de cabeas (PLANETA TERRA,

    2003).JARDIM (1973), destaca que todas as raas zebunas tiveram sua origem no incio

    do Quaternrio, como demonstram fsseis encontrados na regio norte da ndia, habitat dos

    grupos tnicos Branco-Cinza, Gir e Myrose.

    Com base nos conhecimentos atuais, o norte da ndia pode ser considerado como o

    centro de origem e distribuio tanto do boi zeb como do boi domstico primitivo.

    A ndia tem um plantel superior a 270 milhes de cabeas, mas no o utiliza com

    objetivos especificamente comerciais. Dentre outros pases, os Estados Unidos tm um

    rebanho de zebunos em evoluo, com mais de 2 milhes de animais.

    Na ndia, o zeb idolatrado e por este motivo no abatido, sendo utilizado

    apenas para produo de leite e como animal de trao. No Brasil, os zebunos so

    amplamente utilizados para produo de carne, leite e seus subprodutos, constituindo-se

    num dos pilares da economia do pas. O gado zeb foi introduzido no Brasil no incio do

    sculo passado. Foram trazidos exemplares das raas Nelore, Gir e Guzer, alm do Sindi e

    Kangayam que no tiveram expressividade em nmero de plantis em nosso pas.

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    A partir desses animais, cujo sangue est hoje em 80% do rebanho nacional, foram

    desenvolvidas no Brasil outras raas, como Tabapu e Indubrasil, sendo esta ltima,

    originalmente, a raa denominada de Induberaba por ter sido produzida por criadores no

    municpio de Uberaba - MG.

    Figura 2.7- Principal caracterstica do Zeb.

    Fonte - PLANETA TERRA, 2003.

    2.1.5 - Panorama da bovinocultura nacional

    A economia brasileira tem passado por rpidas transformaes nos ltimos anos.

    Instituies e comportamentos tpicos de um ambiente inflacionrio, fechado

    concorrncia internacional e marcado pela politizao do sistema de preos, vm sendo

    rapidamente modificados pelas reformas em curso na economia desde o incio dos anos 90.

    Nesse novo contexto, ganham espao novas concepes, aes e atitudes, e a

    produtividade, custo e eficincia se impem como regras bsicas para sobreviver em um

    mercado cada vez mais competitivo e globalizado.

    A pecuria de corte no Brasil pode ser analisada a partir de duas caractersticas

    bsicas: diversidade e descoordenao. H diversidade de raas, de sistemas de criao, de

    condies sanitrias de abate e de formas de comercializao. E h descoordenao, por

    causa da baixa estabilidade nas relaes entre criadores, frigorficos, atacadistas e

    varejistas.

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    A diversidade expressa a variedade de rotas tecnolgicas, especialmente no campo.

    Diferentemente da avicultura, em que a pesquisa gentica levou a uma convergncia em

    torno de poucas linhagens, na bovinocultura as opes genticas so muito mais abertas.

    Na escolha da linhagem, os prprios produtores tm muita influncia, podendo optar por

    diferentes combinaes de raas tendo em vista condies particulares de clima, regio,

    sistemas de produo, etc.

    A existncia de um grande nmero de abatedouros clandestinos, a maioria em

    condies inteiramente inadequadas, em paralelo a frigorficos alinhados com padro

    tecnolgico internacional, outro indicador da diversidade de situaes do setor (FNP,

    1997 e MORICOCHI et al, 1995).

    Embora o Brasil seja o detentor do maior rebanho comercial do mundo, a nossapecuria de corte ainda , em mdia, muito atrasada. Na sua maioria, os animais so

    abatidos com cerca de quatro anos de idade, o que determina um desfrute anual de 22% do

    rebanho.

    O aproveitamento do rebanho brasileiro apresentou aumento nos ltimos anos, j

    que no final da dcada de 80 o desfrute era de somente 16%. O crescimento do desfrute

    deveu-se combinao de reduo do rebanho e aumento do abate. No h base suficiente

    ainda para determinar se isso configura uma tendncia de longo prazo, fruto doaprimoramento da pecuria, ou se resulta de aumento no abate de fmeas, o que

    configuraria a preparao de uma oscilao dos preos, reedio do tradicional ciclo de

    preos. Apesar do aumento, taxa de desfrute ainda considerada baixa para nveis

    internacionais, que se situam na faixa de 32% na Unio Europia, 38% nos Estados

    Unidos, 41% na Austrlia e 31% na China.

    A Figura 2.8 mostra o percentual de efetivos da pecuria no Brasil, e a Tabela 2.1

    detalha o efetivo bovino nos estados brasileiros.

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    Figura 2.8- Percentual de efetivos da pecuria no Brasil em 1990.

    Fonte - IBGE, 1990.

    2.1.5.1 - Balana comercial do setor

    A produo do setor tem-se destinado basicamente ao mercado interno (96% em

    1996). Mesmo assim, o Brasil um importante exportador, foi o quinto maior em 1996,

    detendo cerca de 6% do comrcio mundial de carne. A exportao caiu entre 1992, quando

    foram comercializadas 434 mil toneladas, e 1996, quando foram exportadas somente 232

    mil toneladas. As importaes, por sua vez, vm crescendo desde 1992, passando de 10 mil

    toneladas para 90 mil toneladas em 1996, patamar ainda inferior a 1990 (120 mil

    toneladas).

    Note-se que em outros setores pode ser visto como sinal de contradio entre

    mercado interno e externo, nesse caso minimizado pelo fato de apenas certas partes dos

    animais serem exportadas, sob a forma de cortes (traseiro) ou de industrializados

    (dianteiro). Assim, o crescimento das exportaes no inteiramente contraditrio com o

    abastecimento do mercado interno.

    A balana comercial do setor sempre foi positiva, no s pelas quantidades

    envolvidas, sempre maiores para exportao, como tambm pelo tipo de carne

    comercializada: a carne exportada na sua maior parte processada e a importada

    predominantemente de carcaas e quartos, sendo a picanha o nico corte de importncia na

    importao (cerca de 10% de toda a importao nos primeiros anos da dcada de 90 e 28%

    em 1996) (FNP, 1997).

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    Tabela 2.1- Rebanho bovino brasileiro (efetivo por estado).

    REGIES 1998 1999 2000 2001

    NORTE 21.098.665 22.430.811 24.517.612 27.284.210RO 5.104.233 5.441.734 5.664.320 6.605.034AC 906.881 929.999 1.033.311 1.672.598AM 809.302 826.025 843.254 863.736RR 424.700 480.500 480.400 438.000PA 8.337.181 8.862.649 10.271.409 11.046.992AP 74.508 76.734 82.822 87.197TO 5.441.860 5.813.170 6.142.096 6.570.653

    NORDESTE 21.980.699 21.875.110 22.566.644 23.414.017MA 3.936.949 3.966.430 4.093.563 4.483.209

    PI 1.750.936 1.756.268 1.779.456 1.791.817CE 2.114.079 2.167.525 2.205.954 2.194.489RN 793.361 754.965 803.948 788.314PB 928.508 886.349 952.779 918.262PE 1.470.370 1.420.449 1.515.712 1.672.634AL 899.744 815.472 778.750 843.240SE 918.270 936.972 879.730 866.224BA 9.168.482 9.170.680 9.556.752 9.855.828

    SUDESTE 37.073.604 36.898.631 36.851.997 37.118.765MG 20.501.132 20.082.067 19.975.271 20.218.911ES 1.938.100 1.881.831 1.825.283 1.664.993RJ 1.881.342 1.866.061 1.959.497 1.976.909SP 12.753.030 13.068.672 13.091.946 13.257.952

    SUL 26.599.844 26.189.653 26.297.970 26.784.435PR 9.766.594 9.472.808 9.645.866 9.816.547SC 3.090.120 3.052.952 3.051.104 3.096.275RS 13.743.130 13.663.893 13.601.000 13.871.613

    CENTRO OESTE 56.401.545 57.226.833 59.641.301 61.787.299MS 21.421.567 21.576.384 22.205.408 22.619.950MT 16.751.508 17.242.935 18.924.532 19.921.615GO 18.118.412 18.297.357 18.399.222 19.132.372

    DF 110.058 110.157 112.139 113.362BRASIL 163.154.357 164.621.038 169.875.524 176.388.726

    Fonte: IBGE, 2003.

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    2.1.5.2 - Segmento de abate e industrializao

    A indstria de desmontagem e processamento tem passado por vrias

    transformaes ao longo das ltimas dcadas, que vo desde a desativao da maioria da

    rede dos matadouros municipais nacionalizao do setor e, nos ltimos anos, ao declnio

    dos grandes frigorficos.

    Uma das mudanas estruturais o deslocamento das unidades de abate para a

    regio Centro-Oeste. Em 1996, o Centro-Oeste concentrava 29% dos frigorficos em

    atividade registrados no Servio de Inspeo Federal (SIF), enquanto, em 1983, eram

    apenas 17%. Tal deslocamento deve-se prpria migrao da produo primria e

    modernizao da bovinocultura nos estados do Brasil Central, aumentando a oferta de boi

    gordo e possibilitando a criao de uma logstica mais eficiente e o aproveitamento de

    incentivos fiscais.

    As indstrias ligadas ao segmento de exportao apresentam elevado nvel

    tecnolgico, em linha com os padres internacionais de competio, podendo, portanto,

    responder s demandas tanto de aumento das exportaes brasileiras como de elevao do

    nvel de exigncia do consumidor (FNP, 1997 e MORICOCHI et al., 1995).

    2.1.6 - A bovinocultura em Pernambuco

    Dados de 2000 indicam uma participao da pecuria da Zona da Mata no conjunto

    do Estado relativamente significativa quanto a bovinos (11% do total do setor), caprinos

    (6%) e principalmente aves (22%).

    No que diz respeito pecuria destaca-se, o crescimento considervel da

    bovinocultura de leite e de corte, o que tem contribudo para o surgimento de

    estabelecimentos de industrializao leiteira na rea. Esse segmento tem se apresentado

    como um setor com potencial de crescimento, constituindo-se como gerador de emprego e

    renda para a Zona da Mata pernambucana, inclusive contando com grande vantagem

    comparativa, que a proximidade do importante mercado consumidor da Regio

    Metropolitana do Recife (PROMATA, 2002).

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    O Agreste possui uma agricultura caracterizada por uma policultura intensiva no

    uso de mo-de-obra familiar, pouco intensiva em tecnologia de emprego de insumos, de

    baixa produtividade, e uma pecuria que, apesar de apresentar grande potencial produtivo,

    tambm exibe, em geral, baixos ndices zootcnicos. A exceo fica por conta da

    avicultura, cujas atividades, tanto no Agreste, como na zona da Mata, j respondem por

    cerca de 4% do PIB do Estado.

    O Serto constitui a parte do semi-rido pernambucano com as condies mais

    adversas ao desenvolvimento da agropecuria tradicional, de cultivo com base no regime

    de chuvas.

    A atividade pecuria, tanto bovina como de caprinos e ovinos, sempre

    predominante, desenvolvida de forma extensiva, base de pastos naturais, cultivo dapalma forrageira e com pouca tecnologia de manejo (IPA, 2002).

    Apesar de possuir um rebanho efetivo de mais de 1,6 milhes de cabeas,

    Pernambuco se qualifica como um estado altamente importador de animais de corte,

    chegando a 95% dos animais destinados aos principais matadouros (FOERSTER, 2001).

    2.2 - Matadouros

    2.2.1 - Definio

    Segundo o Decreto n 30.691/52, tendo em vista o que dispe a Lei Federal n

    1.283/50, que especifica a inspeo industrial e sanitria dos produtos de origem animal,

    atravs do Art. 21 o qual define matadouro como o estabelecimento dotado de

    instalaes adequadas para a matana de quaisquer das espcies de aougue, visando o

    fornecimento de carne em natureza ao comrcio interno, com ou sem dependncias para

    industrializao; dispor obrigatoriamente, de instalaes e aparelhagem para o

    aproveitamento completo e perfeito de todas as matrias-primas e preparo de subprodutos

    no comestveis (MA, 2001).

    O atendimento correto da disposio dos resduos, as fases do processo tecnolgico

    do abate e a rigorosa observncia da higiene, antes, durante e aps os seus trabalhos, so

    princpios bsicos, cujo respeito constitui a garantia da obteno de um produto

    mercadologicamente valioso, higienicamente idneo e ecologicamente correto.

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    2.2.2 - Ocorrncia no Estado

    Segundo a SPRRA (2000), Pernambuco conta com um nmero expressivo de

    matadouros municipais, totalizando 170 estabelecimentos, com um potencial de abate de

    mais de 3.760 animais por dia, operando em condies precrias, principalmente nos

    aspectos sanitrios e ambientais. Do total dos estabelecimentos, 139 no utilizam gua

    tratada nas operaes industriais, 159 no atendem as especificaes de instalaes e

    equipamentos, 167 no possuem sistema de tratamento de resduos, e 10 foram fechados s

    no ano de 2001, por apresentarem condies precrias de higiene e controle de poluio. O

    Conselho Regional de Medicina Veterinria (CRMV-PE), confirmou a problemtica citada

    no diagnstico anterior, com um estudo realizado em 48 matadouros municipais do Estado,

    onde nenhum desses estabelecimentos possui gua tratada, to pouco sistema de tratamento

    de efluentes, e apenas 8 estabelecimentos apresentam condies de funcionamento aps

    uma ampla reforma, (JC, 2001). J um estudo realizado pela Agncia Estadual de Meio

    Ambiente e Recursos Hdricos (CPRH) e a Secretaria de Produo Rural e Reforma

    Agrria (SPRRA), publicado em 2002 aponta a existncia de 185 matadouros em todo

    estado, onde 170 foram visitados e constatados a precariedade nas instalaes, em 90%

    desses estabelecimentos. O mesmo estudo fez parte do Projeto Ambiental Nordeste(PAN), que contemplava 40 matadouros em Pernambuco no plano de recuperao, com

    investimento do Banco Mundial, (JC,2002). Tais nmeros comprovam a fragilidade do

    setor que parece no ter soluo, apesar dos avanos tecnolgicos compatveis com esta

    realidade.

    A Regio Metropolitana do Recife conta com 5 matadouros, situados nos

    municpios de Jaboato dos Guararapes, Igarass, Paulista, Ipojuca e So Loureno da

    Mata, onde apenas 4 encontram-se em operao, devido a interdio do matadouro dePaulista em 10 de dezembro de 2001.

    2.3 - Descrio do processo e operaes industriais

    As figuras seguintes se referem aos matadouros visitados em pesquisas preliminares

    nas suas respectivas datas, so: MARANHO COMRCIO DE CARNES LTDA.,

    Jaboato dos Guararapes (26/04/01), MATADOURO INDUSTRIAL DE IGARASSU

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    LTDA., Igarass (08/11/01) e COMERCIAL DISTRIBUIDORA DE DERIVADOS

    BOVINOS LTDA., Paulista (08/11/01).

    2.3.1 - Descarga e inspeo nos currais

    O desembarque ou movimentao dos animais deve proceder de maneira tranqila,

    evitando-se o uso de instrumentos pontiagudos ou de quaisquer outros que possam lesar o

    couro ou a musculatura. Os mesmos devem permanecer nos currais 24 horas a partir do

    desembarque. Este perodo destinado ao descanso, jejum e dieta hdrica. Tal

    procedimento permite maior facilidade no processo de eviscerao e diminui o risco de

    contaminao microbiana devido s fezes. O perodo de repouso pode ser reduzido, quandoo tempo de viagem no for superior a 2 horas; o repouso, porm, em hiptese alguma, deve

    ser inferior a 6 horas.

    Por ocasio da chegada de animais, a inspeo local dever verificar os documentos de

    procedncia e julgar das condies de sade do lote. Qualquer caso suspeito implica no

    exame clnico do animal ou animais incriminados, procedendo-se, quando necessrio, ao

    isolamento de todo o lote e aplicando-se medidas prprias de poltica sanitria animal, que

    cada caso exige. Tais procedimentos, especificados como inspeo ante-mortem, so

    necessrios e devem ser aplicados rigorosamente, nesta fase preliminar, de todo processo

    industrial (MA, 2001). As Figuras 2.9 e 2.10, mostram o desembarque e a espera dos

    animais, nos currais.

    Figura 2.9- Desembarque dos animais.

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    Figura 2.10-Currais de chegada e seleo.

    2.3.2 - Banho

    O banho tem carter sanitrio, devendo ser seguidas as normas estabelecidas por

    lei. O local do banho de asperso dever dispor, de um sistema tubular de chuveiros

    dispostos transversal, longitudinais e lateralmente. Recomenda-se a hiperclorao da gua

    utilizada a 15 ppm. Antes de atingir a sala de matana, os animais devem passar por um

    pedelvio. A Figura 2.11 ilustra o banho de asperso (MA, 2001).

    Figura 2.11-Banheiro de asperso.

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    2.3.3 - Insensibilizao e iagem

    A insensibilizao tambm influencia o seu estado de tenso. Basicamente, so

    empregados os seguintes mtodos (FEALQ, 1989):

    Concusso cerebral (leso enceflica);

    Enervao (seco da medula);

    Degola;

    Choque eltrico (sunos);

    Dixido de carbono (sunos).

    Uma insensibilizao imperfeita aumenta o estado de tenso do animal podendo

    diminuir o valor comercial da carne.

    O mtodo mais utilizado nos matadouros pesquisados o da concusso cerebral,

    provocada pela compresso das meninges como conseqncia de violento golpe sobre o

    encfalo. O instrumento mais comum a marreta. A execuo rpida, deixando o animal

    inconsciente, porm com atividade cardaca e respiratria. Este fator importante, pois

    auxilia o processo da sangria, como mostra a Figura 2.12.

    Destaca FELCIO E SILVA (2000), que para matadouros participantes de projetos

    de certificao do produto, o boxe de atordoamento dever ser equipado com pistola de ar-

    comprimido para um abate humanizado.

    A enervao usada com menos freqncia, sendo mais utilizada em bfalos.

    Trata-se do rompimento da conexo encfalo-medular e exige grande habilidade do

    executor. usada em bfalos devido alta resistncia da pele e calota craniana dessesanimais, sendo quase impossvel a inconscientizao por outros processos mecnicos.

    Aps o atordoamento, o animal iado pelos membros traseiros e encaminhados

    atravs de trilhos, para a rea de sangria, como mostra a Figura 2.13.

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    Figura 2.12- Boxe de atordoamento. Figura 2.13- Iagem.

    2.3.4 - Sangria

    Nos processos convencionais de abate a primeira etapa, aps a sensibilizao do

    animal, a sangria. A sangria necessria por dois motivos bsicos: (a) o sangue um

    excelente meio de cultura de microorganismos de deteriorao e, portanto, um teor altodiminuiria a vida-de-prateleira do produto; (b) alm disso, existe o aspecto visual.

    Normalmente a carne com alto teor de sangue rejeitada pelo consumidor (FEALQ, 1989).

    A sangria realizada pela seco dos grandes vasos do pescoo, a altura da entrada

    do peito, depois de aberta sagitalmente a barbela pela lnea alba. A mesma dever ser

    completa e de preferncia realizada com o animal suspenso. O sangue dever ser recolhido

    em canaleta prpria (MA, 2001). A Figura 2.14 mostra esse processo.

    FOERSTER (2001), destaca que em mdia, um bovino descarta neste processo, de15 a 20 litros de sangue.

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    Figura 2.14- Sangria.

    2.3.5 - Esfola

    A esfola consiste nas operaes de retirada de couro, eviscerao e todos os

    processos at a toilete final da carcaa. As patas dianteiras so desarticuladas, sem

    desprend-las totalmente; cortam-se os chifres, para em seguida, iniciar a retirada do

    couro, como mostra as Figuras 2.15 e 2.16.

    Figura 2.15- Serragem dos chifres. Figura 2.16- Retirada do couro.

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    2.3.6 - Eviscerao

    Aps a retirada do couro, as carcaas sofrem um corte no abdmen para a extrao

    das vsceras torcicas. Um cuidado a ser tomado durante essa etapa, o de se amarrar as

    duas partes do intestino grosso, por ocasio da separao destes com o estmago, para

    evitar a contaminao microbiana (FEALQ, 1989). A Figura 2.17 mostra esse processo.

    Figura 2.17- Extrao das vsceras torcicas.

    2.3.7 - Manipulao das vsceras

    Esta etapa responsvel pela separao, inspeo e limpeza dos rgos

    correspondentes.

    Se rejeitadas, as vsceras so enviadas a graxaria, para transformao em farinha decarne e ossos e em sebo, aps cozimento. Ver Figura 2.18.

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    Figura 2.18- Manipulao das vsceras.

    2.3.8 - Lavagem e inspeo

    As carcaas, contendo apenas rins e o rabo, so divididas por meio de serras,

    novamente so inspecionadas e seguem para o toilete final, para posterior remoo dos

    rins, rabo, gordura e medula, como mostra a Figura 2.19.

    A seguir, as meias carcaas levam o carimbo do Servio de Inspeo Federal (SIF),

    so pesadas e sofrem uma lavagem para completa limpeza (FEALQ, 1989).

    Figura 2.19- Serragem da carcaa.

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    2.3.9 - Graxaria

    Graxaria a seo destinada ao aproveitamento de matrias-primas gordurosas e

    subprodutos no comestveis (MA, 2001). Uma graxaria compreende:

    Seo de produtos gordurosos comestveis;

    Seo de produtos gordurosos no comestveis;

    Seo de subprodutos no comestveis.

    Os produtos gordurosos comestveis so genericamente denominados de

    gorduras, ou leos quando esto em estado lquido.

    Os produtos gordurosos no comestveis so todos aqueles obtidos pela fuso de

    partes e tecidos no utilizados na alimentao humana, bem como de carcaas, partes de

    carcaa, rgos e vsceras, que forem rejeitadas pela inspeo.

    Entende-se por subproduto no comestvel, todo e qualquer resduo devidamente

    elaborado, proveniente do processamento de todos os produtos destinados a graxaria.

    utilizado, no processamento autoclave que faz a separao da gordura em forma

    lquida, e digestores que fazem o cozimento do resduo grosseiro do autoclave, dando

    origem farinha, como mostra a Figura 2.20.

    Trs dos cinco matadouros da RMR possuem graxaria: Maranho Comrcio de

    Carnes Ltda., em Jaboato dos Guararapes, Comercial Distribuidora de Derivados Bovinos

    Ltda., em Paulista e FRIDUSAM, em So Loureno da Mata.

    2.3.10 - Refrigerao e transporte

    Imediatamente aps o abate, a carcaa precisa ser resfriada para impedir adeteriorao, uma vez que a temperatura interna normalmente gira em torno de 38 C.

    As cmeras de resfriamento so mantidas temperaturas entre 4 e 0 C, sendo

    que a temperatura da cmera sempre dever ser menor que 3 C.

    O transporte compe a parte final do processo industrial de abate, devendo ser

    realizado em caminhes, devidamente equipados e adequados para a funo, como mostra

    a Figura 2.21.

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    Figura 2.20- Digestores para resduo grosseiro.

    Figura 2.21- Compartimento de carga do caminho.

    A Figura 2.22 mostra detalhadamente todo processo em fluxograma.

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    GADO CURRAIS ATORDOAMENTO SANGRIA DECAPITAO REMOOCOUROS

    VSCERAS

    LAVAGEM REFRIGERAO

    GUAS DELAVAGEM

    Figura 2.22- Fluxograma processamento de bovinos em matadouros.Fonte:Adaptado de BRAILE (1993).

    CARNEVERDEPARA

    O

    MERCADO

    SANGUE P/SEO DE

    DESIDRATAO

    L NGUA P/COMERCIOVAREJISTA

    CABEA

    OSSOS P/SEO DE

    OSSOS

    TECIDOSCOMESTVEIS P/

    SALSICHARIA

    COUROSLAVAGEMAMOLECIMENTOCURTUMES

    CORA ESFGADOSPULMESSALSICHARIA

    MERCADO

    INTESTINOS LIMPEZA

    GRAXARIA

    GORDURASE O DE

    BANHA

    OSSOS SE ODE OSSOS

    VSCERAS

    SALSICHARIA

    DESPEJOS INDUSTRIAISTratamento dos despejos industriais

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    2.4 - Aproveitamento de subprodutos

    Os subprodutos ou resduos de matadouros correspondem a todos os produtos que

    no sejam pronta ou diretamente destinados ao consumo e uso humano. De acordo com

    FOERSTER (2001), os subprodutos gerados em todo processo de abate podem

    corresponder, a 40 kg por animal abatido. importante destacar que a grande maioria dos

    matadouros do Estado descartam esses resduos no meio ambiente.

    A recuperao dos subprodutos, via de regra, se faz em locais separados, isolados

    fisicamente das instalaes e reas de manipulao de produtos comestveis.

    Quando o aproveitamento adotado pelo matadouro, proporciona uma reduo

    significativa da poro residual dos despejos.

    Quase a totalidade dos resduos de matadouros tornam-se subprodutos industriais,

    embora nem sempre a recuperao seja economicamente vivel.

    Os principais subprodutos industrialmente aproveitveis so:

    Couros - Os couros retirados das carcaas, so vendidos diretamente para

    curtumes, podendo ser fresco (logo aps sua retirada) ou verde (aps repouso em

    soluo de cloreto de sdio), (Figura 2.23). Sangue - O sangue dos animais abatidos constitui um volume considervel de

    resduo. NEMEROW (1977), afirma que a recuperao de sangue implica em

    diminuir de at 42% da carga orgnica total dos despejos de matadouros, pois a

    DBO do sangue bruto est em torno de 162.000 mg/L. O sangue pode ter dois

    destinos: venda direta in natura para indstrias que se dedicam ao seu

    beneficiamento, ou seu processamento no prprio matadouro. No caso da venda

    direta, esta dever ocorrer no mesmo dia do abate, para evitar a deteriorao doproduto. O sangue ser processado para a obteno de farinha de sangue,

    albuminas, sangue solvel em p e corante.

    Vsceras no comestveis e pedaos condenados - Ao longo da linha de trabalho,

    um grande nmero de pequenas partculas de carcaas atinge o piso e por essa

    razo so condenadas para o consumo humano (Figura 2.24). Esses resduos,

    somados s peas ou cortes condenados por razes sanitrias e as peas

    tradicionalmente no utilizadas como produtos comestveis, so destinados

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    graxaria, constituindo a matria-prima para a produo de graxas e farinhas

    (Figuras 2.25 e 2.26).

    Figura 2.23- Manipulao do couro. Figura 2.24- Vsceras no comestveis.

    Figura 2.25- Graxaria. Figura 2.26- Farinha de carne e osso.

    Ossos - Os ossos constituem subproduto de valor quando desengordurados e secos.

    Essa preparao feita por via mida, sendo os ossos submetidos a um cozimento,

    para separao de gorduras e resduos carnosos aderentes. A gordura extrada destinada a indstrias de sabo (Figura 2.27).

    Cascos e chifres - Os cascos e chifres so recuperados de forma simples, por via

    mida. Tanto os cascos como os chifres so submetidos a um aquecimento em gua

    fervente. Esse aquecimento facilita a separao dos sabugos ou suportes sseos.

    Os sabugos entraro na composio de produtos graxos e farinhas. Os chifres e

    cascos, depois de secos, podem ser vendidos in natura ou convertido em farinha.

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    Figura 2.27- Gordura extrada.

    Esterco - CAMPOS et al.(2002) afirma, que a contaminao do solo, lagos e riospelos resduos animais, a infiltrao de guas residurias no lenol fretico e o

    desenvolvimento de moscas e gases mal-cheirosos, so alguns dos problemas de

    poluio ambiental provocados pelos dejetos animais. Segundo ALVIM (1999),

    dentre os animais domsticos, os ruminantes so os que produzem maior

    quantidade de dejetos, devido quantidade e natureza de seus alimentos (Figura

    2.28). Isso equivale a uma produo diria de aproximadamente 27 40 kg por

    animal, contendo 14% de matria seca, 18% de cinzas, 26% de fibra bruta e 15,6%

    de protena bruta. Possuindo esse potencial, os estercos so recuperados para

    aplicaes no solo, para correo de reas degradadas e tm utilizao como rao

    animal e criao de minhocas.

    As Tabelas 2.2 e 2.3 destacam as principais caractersticas fsico-qumicas dos

    dejetos, assim como os efluentes gerados em currais de confinamento.

    Figura 2.28- Esterco.

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    Tabela 2.2 - Valores mdios de alguns parmetros obtidos nos dejetos brutos (fezes e

    urina) dos animais confinados.

    Parmetros Resultado

    pH 7,21

    DBO5 (5 dias, 20C), mg/L 18.028

    DQO, mg/L 51.776

    Slidos Totais (ST), mg/L 148.550

    Slidos Fixos Totais, cinzas (SFT), mg/L 41.650

    Slidos Volteis Totais, MO (SVT), mg/L 106.900

    Umidade (%) 85,15

    Nitrognio Amoniacal (N-NH4), mg/L 209

    Nitrognio Kjeldahl Total (NKT), mg/L 3.021

    Fsforo Total, (P) mg/L 1.152

    Fonte: Adaptado de CAMPOS et al, 2002.

    Tabela 2.3 - Valores mdios de alguns parmetros obtidos nos efluentes gerados em

    currais de confinamento.

    Parmetros Resultado

    pH 7,40

    DBO5 (5dias, 20C), mg/L 4.024

    DBO Solvel, mg/L 1.019

    DQO, mg/L 18.050

    DQO Solvel, mg/L 3.275

    Slidos Totais (ST), mg/L 62.110

    Slidos Fixos Totais, cinzas (SFT), mg/L 11.970

    Slidos Volteis Totais ou MO (SVT), mg/L 50.140

    Slidos Suspensos Totais (SST), mg/L 20.350Slidos Sedimentveis (SP), ml/L 550

    Slidos Suspensos Fixos (SSF), mg/L 4.390

    Slidos Suspensos Volteis (SSV), mg/L 15.960

    Nitrognio Amoniacal (N-NH4), mg/L 688

    Nitrognio Kjeldahl Total (NKT), mg/L 1.672

    Fsforo Total, mg PO4-/L 305

    Fonte: Adaptado de CAMPOS et al., 2002.

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    2.5 - Despejos

    Para BRAILE (1993), a anlise das caractersticas dos despejos dos matadouros,

    no to simples. Devido a muitos fatores operacionais, difcil caracterizar uma

    instalao tpica e seus despejos. Esses despejos possuem valores altos de DBO, slidos

    em suspenso, material flotvel, nutrientes, componentes lignocelulsicos e graxos. Alm

    disso, esses despejos apresentam-se com temperatura elevada e contm sangue, pedaos de

    carne, gorduras, entranhas, vsceras, contedo estomacal e intestinal, esterco, fragmentos

    de ossos.

    Os despejos tm grande carga de slidos em suspenso, nitrognio orgnico e a

    DBO oscila entre 800 e 32000 mg/L, em funo do grau de reaproveitamento e cuidados

    na operao.

    Esses despejos so altamente putrescveis, entrando em decomposio poucas horas

    depois do seu aparecimento, liberando cheiro caracterstico dos matadouros de higiene

    deficiente. Os slidos sedimentveis podem chegar a vrias dezenas de mL/L ou at 15

    g/L. O aspecto dessas guas residurias desagradvel, tendo cor avermelhada, pelancas e

    pedaos de gordura em suspenso (Figura 2.29); so praticamente opacas e em sua parte

    coloidal contam com a presena de microrganismos patognicos, sempre que animaisabatidos no estiverem em perfeito estado de sade.

    Figura 2.29- Despejo.

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    As principais caractersticas das guas residurias provenientes de matadouros,

    esto descritas na Tabela 2.4, relacionando os principais parmetros com pontos de gerao

    de resduos, e a Tabela 2.5 apresenta as principais caractersticas encontradas por outros

    autores.

    Tabela 2.4- Caractersticas das guas residurias de matadouros.

    Procedncia Slidos Suspensosmg/L

    Nitrognio Orgnicomg/L

    DBOmg/L pH

    Sala de matana 220 134 825 6,6

    rea de sangria 3.690 5.400 32.000 9,0

    Cortes das peas 610 33 520 7,4

    Manipulao de barrigada 15.120 643 13.200 6,0Subprodutos 1.380 186 2.200 6,7

    Fonte: NEMEROW, 1977.

    Tabela 2.5- Caracterizao de efluentes de matadouros realizadas por outros autores.

    PARMETRO UNIDADE Sayed(1987)

    Borja et.al. (1995)

    Manjunath et. al.(1999)

    Nez(1999)

    Pozoet. al.(1999)

    Caixeta et.al. (2002)

    Torkianet. al.(2003)

    pH - 6.8-7.1 6.3 6.5-7.3 6.8 - 6.3-6.6 6.8-7.8

    Temperatura C 20 - - - - - 27-36

    D.Q.O mg/L O2 1500-2200

    2450 1100-7250

    2500 2100 2000-6200

    3265-14285

    D.B.O mg/L O2 490-650

    1550 600-3900 1400 1200 1300-2300

    914-1917

    Slidos S. Totais mg/L - 130 300-2300 530 950 850-6300 -

    leos e Graxas mg/l - - 125-400 150 110 40-600 -Alcalinidade mgCaCO3/

    L- 210 - 740 - - 1208-

    1713Nitrognio (N) Kjedahl mg/L 120-

    180150 90-150 - 220 - -

    Fsforo (P) Total mg/L 12-20 6 8-15 - - 15-40 -

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    2.6 - Impactos

    Para DIAS (1999), os principais impactos ambientais negativos esto relacionados

    com a gerao de efluentes lquidos que podem provocar a contaminao do solo e dasguas superficiais e subterrneas, alm de gerar odor indesejvel na decomposio da

    matria orgnica.

    Podemos destacar tambm a contaminao atmosfrica, atravs de odores

    desagradveis provenientes dos resduos gerados e poluio sonora que ocorre nas diversas

    unidades, principalmente nos currais e abastecimento de animais (descarregamento), rea

    de abate e nas reas de processos mecanizados.

    O lanamento de despejos orgnicos pode causar dois tipos de influncias qumicasnocivas sobre o ambiente e os organismos: primeiro, o efeito direto, txico; segundo, a

    influncia indireta, atravs da criao de condies anaerbias ou pelo menos, de

    deficincia de oxignio livre (BRANCO, 1986). Por qualquer dos dois caminhos

    geralmente por ambos simultaneamente a poluio orgnica pode alterar as

    caractersticas do ciclo biodinmico de uma massa dgua. Por outro lado, a poluio

    orgnica pode constituir fonte de compostos micronutrientes, essenciais a certos tipos de

    microrganismos aquticos.A poluio ocorr